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RELATÓRIO FINAL
PROJETO:
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Estudo do Efeito Magnetocalórico em Compostos FeMnP0,45As0,55
O nosso projeto
O efeito magnetocalórico
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Estudo do Efeito Magnetocalórico em Compostos FeMnP0,45As0,55
Esta seção dividirei em três partes. Nas duas primeiras apresentarei as duas
diferentes técnicas que utilizamos para sintetizar as amostras, assim como as
análises das amostras obtidas. Na última farei uma comparação entre ambas,
tentando apresentar os prós e contras de cada uma.
3
Estudo do Efeito Magnetocalórico em Compostos FeMnP0,45As0,55
C3
Temperature x Long Moment
0,25
0,20
Long Moment (EMU)
0,15
0,10
0,05
0,00
4
Estudo do Efeito Magnetocalórico em Compostos FeMnP0,45As0,55
C3'
0,004
0,002
0,000
dµ/dT
-0,002
-0,004
-0,006
260,4
-0,008
0 50 100 150 200 250 300 350
Temperature (K)
Uma outra parte da amostra foi embutida em resina e polida para posterior análise
metalográfica.
Amostra tratada
Cerca de dois terços do restante foi moído e prensado (6 ton) na forma de uma
pequena pastilha para que fosse feito um tratamento térmico, com o objetivo de
elevar um pouco a temperatura de Curie do material.
O tratamento foi feito com a pastilha dentro de uma folha de tântalo que, por sua
vez, foi selada sob atmosfera de argônio dentro de um tubo de quartzo, como feito
para o primeiro tratamento. Este durou 3 dias a 700oC.
A amostra já tratada apresentou-se “esfarelenta”, o que indica que não ocorreu
uma boa sinterização, certamente devido à baixa temperatura do tratamento. Nova
análise foi feita no SQUID, em torno da temperatura de Curie encontrada
anteriormente. Utilizamos os mesmos parâmetros da análise anterior com exceção
da massa, que desta vez é de 28 mg. Nesta nova análise obtivemos o seguinte
gráfico e sua derivada (figuras 3 e 4):
5
Estudo do Efeito Magnetocalórico em Compostos FeMnP0,45As0,55
C3
Temperature x Long Moment
0,25
(amostra tratada)
0,20
Long Moment (EMU)
0,15
0,10
0,05
0,00
6
Estudo do Efeito Magnetocalórico em Compostos FeMnP0,45As0,55
C3'6
Temperature x Long Moment derivative
(amostra tratada)
0,000
-0,001
dµ/dT
-0,002
-0,003
-0,004
274,5
Temperature
Da análise metalográfica dos compostos obtidos, vemos duas fases, uma mais
abundante e outra, mais clara, em menor quantidade, provavelmente
paramagnética.
Da primeira amostra, que não passou pelo tratamento de três dias, temos duas
imagens. Na figura 5 vemos pontos de óxido em forma de círculo e, em seu
interior uma fase branca diferente da matriz, que apareceu em apenas dois pontos
da amostra analisada. Na figura 6, vemos uma terceira fase, diferente da matriz,
mais abundante que a fase branca, e que se espalha por todo o material.
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Estudo do Efeito Magnetocalórico em Compostos FeMnP0,45As0,55
Também foram feitas análises de difração de raios-X das amostras. Para estes
obtivemos os gráficos apresentados nas figuras 8 e 9 para a amostra preparada e
para a tratada, nesta ordem. Da análise em si, encontramos o composto Mn2P,
que era desejado por apresentar efeito magnetocalórico e manganês não reagido,
como assinalado nos gráficos.
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Estudo do Efeito Magnetocalórico em Compostos FeMnP0,45As0,55
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Estudo do Efeito Magnetocalórico em Compostos FeMnP0,45As0,55
Mas, também existem uma série de desvantagens nessa técnica. Uma delas é
que tivemos de pensar em um modo de manter os elementos voláteis controlados
para que a reação desejada ocorresse. Para isto, completamos o cadinho utilizado
na síntese com óxido de boro (B2O3), que tem ponto de fusão mais baixo que os
elementos do composto em questão, e assim formando um selo sobre o composto
antes que os elementos com maior pressão de vapor mudassem de estado.
Também controlamos a pressão, mantendo-a alta para nos certificarmos de que
os elementos mais voláteis, fósforo e arsênico, ficassem junto com os outros do
composto. Existem outras desvantagens, assim como vantagens, que
apresentarei durante a descrição dos procedimentos, pois foi quando foram
percebidas.
Antes de sintetizarmos qualquer amostra fizemos dois testes com o forno vazio,
apenas com a atmosfera de argônio, a qual utilizamos se não para todas, para a
grande maioria das sínteses, por ser inerte. Foi nestes testes que aprendemos a
relação entre a taxa em que aumenta a temperatura e a potência aplicada, além
de como a pressão influencia no limite de temperatura a que se pode chegar, o
que é de grande importância, já que queríamos chegar a temperaturas de quase
1500oC. Foi então que estabelecemos alguns parâmetros dos quais falo no
relatório, como por exemplo, a pressão de 60 bar que é mantida em quase todo o
processo. Também percebemos que não é necessária uma potência muito alta
para que temperaturas como 1500oC sejam atingidas, na verdade basta cerca de
30% da potência total que o forno é capaz de fornecer.
Segunda amostra
Bem, vamos à descrição do procedimento em si, onde as maiores diferenças com
a primeira técnica ficarão claras.
Continuamos com as mesmas proporções da primeira amostra sintetizada, não só
para podermos comparar os resultados dos dois métodos, mas porque não
ficamos completamente satisfeitos com os resultados já obtidos. Assim temos as
seguintes massas:
Fe 1,688 g
Mn 1,681 g
10
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P 0,447 g
As 1,288 g
Massa total 5,104 g
Da mesma forma que na primeira amostra, o ferro e o fósforo foram colocados em
pó, e o manganês e o arsênico em pedaços, dessa vez menores para que a
reação fosse mais completa.
Tudo foi colocado dentro de um pequeno cadinho de alumina, pois a alumina é
bastante inerte, mesmo em altas temperaturas. Os materiais em pedaços no fundo
e o que estava em pó por cima. O espaço restante foi preenchido com óxido de
boro, o qual tivemos de nos certificar que estava seco, para que a água não
reagisse com o fósforo e o restante do composto, por isso colocamos o óxido de
boro em um outro forno e o aquecemos a pouco mais de 100oC enquanto vácuo
era feito, para nos livrarmos de toda a água. Este processo acabou levando mais
de um dia, bem mais do que esperávamos.
O cadinho de alumina, por sua vez, foi colocado dentro de um cadinho de grafite
pouco maior, e evitamos que os dois entrassem em contato colocando uma
pequena folha de tântalo entre eles. Isto foi feito simplesmente para evitar
qualquer eventual reação que pudesse ocorrer, por mais que a alumina seja
bastante estável.
Neste caso faz parte descrever as etapas em que a síntese foi feita.
Primeiramente, após colocar a amostra preparada como descrito dentro do forno e
lacrá-lo, foi feito vácuo (2.10-1 mbar) e em seguida, após fechar a câmara ao
sistema de vácuo, injetei 49 bar de argônio, ou seja, como feito na primeira
amostra, utilizamos uma atmosfera inerte, com a diferença de que agora a
pressão é maior. A temperatura foi lentamente aumentada desde a ambiente até
cerca de 600oC, temperatura em que o óxido de boro já está fundido. A
temperatura foi mantida em torno dos 600oC por dez minutos, para que o óxido
fundisse completamente. A essa altura, a temperatura fez o resto do serviço e
elevou a pressão para o valor desejado, em torno de 60 bar, onde foi mantida a
maior parte do tempo, liberando um pouco de gás quando necessário, pois
descobrimos em um teste preliminar com o forno, tendo-o vazio, que se a pressão
estiver muito alta fica quase impossível subir a temperatura ao nível desejado.
Novamente a temperatura foi elevada, até cerca de 830oC onde foi mantida por
mais dez minutos, pois esta é a temperatura em que o arsênico funde, devido à
alta pressão como um metal qualquer, sem a ocorrência de sublimação. O tempo
de espera foi para que o arsênico impregnasse bem a amostra. Então a
temperatura foi elevada para que chegasse ao ponto de fusão mais alto dos
materiais envolvidos. Então o sistema de aquecimento foi desligado e o sistema
deixado esfriar para que pudesse ser aberto e retirada a amostra.
Após este processo, foi feito vácuo novamente e injetado argônio, para que a
atmosfera fosse trocada, pois o arsênico é bastante venenoso. Todo o gás retirado
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O segundo tratamento foi capaz de fundir a amostra, mas nos deparamos com
algo inesperado. O óxido de boro havia se transformado em uma espécie de vidro,
impossibilitando a retirada da amostra de dentro do cadinho, pelo menos
mantendo este último intacto. No final, após muitas tentativas, tivemos que
quebrar o cadinho para que a amostra fosse liberada. Como este material é
bastante poroso, sua parte externa acabou ficando com um pouco do vidro
grudado na amostra em si.
Retirei o que pude do vidro sem danificar a amostra, para poder pesá-la. Ainda
com o vidro do óxido havia grande diferença entre a massa inicial colocada para
fundir e a obtida. A massa final obtida foi: 4,444 g.
Por essa amostra estar, quase que certamente, fora de estequiometria, nenhuma
outra análise a não ser a metalográfica foi feita.
Primeiramente (figura 10) temos uma visão geral da microestrutura, com muitos
poros, como já apresentados na amostra anterior, assim como uma fase num tom
de cinza mais escuro, diferente da matriz:
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Nas figuras 12 e 13 vemos duas imagens de uma mesma região da amostra, uma
com luz normal, outra com luz polarizada. Vemos uma fase que polariza
fortemente:
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Figura 12: luz normal 500X Figura 13: luz polarizada 500X
Terceira amostra
Desta vez, conhecendo melhor o funcionamento do forno e com algumas
mudanças no procedimento, fundimos uma terceira amostra, novamente, com a
mesma estequiometria. As massas utilizadas:
Fe 1,692g
Mn 1,665g
P 0,441g
As 1,213g
Massa total 5,011 g
A amostra foi preparada da mesma forma que descrevi para a segunda. O que
houve de diferente foi a seqüência utilizada no forno.
O processo foi praticamente o mesmo, com exceção de que a temperatura foi
mantida entre 800oC e 900oC por 3 horas, para que os materiais que não fundem
a esta temperatura ficassem realmente impregnados pelos que fundem.
Uma “descoberta” feita neste ponto é que, com este material dentro do forno, é
quase impossível estabilizar a temperatura em um dado valor com uma potência
fixa, implicando que a temperatura teve que ser monitorada constantemente
durante três horas.
Finalmente, elevamos a temperatura a um valor superior ao da amostra anterior,
até 1452oC, além do que mantivemos a temperatura acima dos 1400oC por mais
tempo, cerca de dez minutos.
Dessa forma a amostra foi fundida. Mas retornamos ao problema de como retirá-la
do cadinho, pois a reação entre a alumina e o óxido de boro ocorreu mais uma
vez, mas em maior quantidade, pois quase todo o óxido havia reagido. Assim,
mais uma vez, tivemos que quebrar o cadinho.
Também houve perda de massa, se bem que menor. A massa final foi 4,665g.
Todas as análises devidas foram feitas, SQUID, difração de raios-X e
metalográfica.
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saturação do material. De resto a rotina foi a mesma. A temperatura foi feita subir
desde 5 K até 400 K e depois descer.
Os parâmetros utilizados na medida: 27,7 mg
Intervalo de temperatura: 5-400 K
Campo magnético: 200 Oe
Taxa de variação da temperatura: 4K/min
0,18
Long Moment (EMU)
0,16
0,14
0,12
0,10
0,08
0,06
Por ter sido feita uma medida a 5K, o material pode ter adquirido memória
magnética, fazendo com que a intensidade tenha se deslocado fazendo com que
as curvas se cruzassem. Além da própria histerese do material.
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M B
subidadaM Polynomial Fit of descidadados_B
0,20 0,22
Segunda amostra feita no forno de Segunda amostra feita no forno de
crescimento de cristais: subida da 0,20
crescimento de cristais: descida
0,18
temperatura no SQUID de temperatura no SQUID
0,18
0,16
Long Moment (EMU)
0,08
0,08
0,06 0,06
B'
Pky
M'
0,000
-0,002
dµ/dT
-0,004
-0,006
-0,008
250,002
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descidadB'
subidadaM'
0,0010
0,0000
383,31753
28,69759
-0,0005
-0,0010
241 267
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2,4
2,2
2,0
Long Moment (EMU)
1,8
1,6
1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
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A figura 21 mostra a região mais porosa sob luz normal e a figura 22 sob luz
polarizada:
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Na figura 23 a microestrutura da região menos porosa sob luz normal, onde vemos
grande quantidade da fase branca mencionada anteriormente. E, na figura 24 a
mesma região sob luz polarizada, onde vemos que a fase branca polariza
fortemente. Essa fase não aparece em toda a parte menos porosa da amostra,
pois além de termos observado regiões sem esta fase, quando incidimos luz
polarizada sobre estas não observamos atividade óptica.
Figura 23: região menos porosa, fase branca ( luz normal 125X)
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Figura 24: região menos porosa, fase branca ( luz polarizada 125X)
Por último, temos a análise de difração de raios-X, mostrada na figura 25, na qual
percebemos a linha mais intensa que corresponde ao Mn2P, que é o composto
desejado por apresentar efeito magnetocalórico. Também temos uma linha pouco
menos intensa que corresponde a manganês, provavelmente material não
reagido. Como pode ser percebido, o composto ainda não está homogêneo, mas
este gráfico tem bem menos picos que os das amostras anteriores, assim
indicando que esta amostra está pouco mais homogênea que as outras, apesar de
ainda não ser o ideal.
I
160
39,48045 Difração de raios-X
Mn2P
140 amostra 3
120
100
80 43,26053
counts
60 Mn
40
20
-20
20 30 40 50 60 70 80
2θ
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Observações
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