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MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM

ESTRUTURAS DE CONCRETO
Edificação

• Possui um ciclo de vida útil


• Apelo visual (estética);
• Funcionalidade;
• Estabilidade;
• Durabilidade;
GERAL
DESTAQUE

• Não existe projeto menos ou mais importante. O que


existem são estruturas grandes e pequenas. Todos
devem ser tratados com os mesmos requisitos de
segurança, qualidade e utilização.

• Projeto de engenharia envolve não só as disciplinas


tradicionais, mas também fatores como meio
ambiente, estética, custos, impacto social, evolução
tecnológica e otimização devem ser considerados.
Edificação

• Fatores que prolongam a vida útil:


– Um bom desenvolvimento do projeto;
– Correto planejamento da execução;
– Qualidade dos materiais e da mão de obra;
– Manutenção periódica;
– Adaptações planejadas;
Significado de Patologia

• Dicionário MICHAELIS:
– Med.: Ciência que estuda a origem, os sintomas e
a natureza das doenças.
– Geral: A que define os termos, fixa-lhes as
significações, determina as leis dos fenômenos
mórbidos, investiga e classifica as causas, os
processos, os sintomas, etc.
Significado de Patologia

• Ocorrências durante a vida útil da edificação


que prejudicam o desempenho esperado;
• Estudo:
– Manifestação;
– Mecanismo de ocorrência;
– Causa;
– Natureza;
– Origens;
– Consequências;
Patologias

• Podem se apresentar em qualquer elemento:


fundação, estrutura, vedação, instalações,
etc.;
Patologias
As manifestações patológicas são evidenciadas por alguns sinais
que, embora muitas vezes apareçam em alguns componentes,
podem ter origem em outros componentes.

De acordo com Pedro (2002), a origem das patologias pode ser classificada
em:

Congênitas - São aquelas originárias da fase de projeto, em função da não


observância das Normas Técnicas, ou de erros e omissões dos profissionais,
que resultam em falhas no detalhamento e concepção inadequada.
Patologias
Construtivas - Sua origem está relacionada à fase de execução da
obra, resultante do emprego de mão-de-obra despreparada,
produtos não certificados e ausência de metodologia adequadas.
Patologias
Adquiridas - Ocorrem durante a
vida útil, sendo resultado da
exposição ao meio em que se
inserem, podendo ser naturais,
decorrentes da agressividade do
meio ou decorrentes da ação
humana.

Acidentais – Caracterizadas pela


ocorrência de algum fenômeno
atípico, resultado de uma
solicitação incomum.
Patologias – Agentes causadores

• Mecânicos: Abalos sísmicos, alterações na


configuração do terreno, sobrecarga na estrutura.
• Químicos: Maresia, poluição do ar, acúmulo de
água na estrutura, variação de temperatura,
umidade relativa do ar, radiação solar incidente,
chuva.
• Biológicos: Fungos e bactérias.
• Físicos (do material): escolha errada, incorreto
dimensionamento.
Patologias - Identificação
• Etapa de levantamento de subsídios
– Vistoria do local;
– Determinação da existência e da gravidade do
problema patológico;
– Caracterização do “objeto” sujeito à manifestação
patológica;
– Definição e comparação com o desempenho
esperado;
– Definição de medidas de segurança;
Patologias - Identificação
• Exemplo de ficha com levantamento visual
Patologias - Identificação
• Exemplo de ficha com levantamento visual
Patologias - Identificação

• Etapa de Investigação
– Entrevista com pessoas envolvidas no processo
produção, vizinhos, usuários, etc.;
– Ensaios no local (destrutivos ou não).
– Ensaios laboratoriais;
Patologias - Ensaios
• Exemplo de ensaios
Carbonatação
A carbonatação é um dos mecanismos mais
correntes de deterioração do concreto armado.
O dióxido de carbono presente no ar penetra nos poros
do concreto e reage com o hidróxido de cálcio formando
carbonato de cálcio e água.
A carbonatação progride com a frente paralela à
superfície. Quando a frente de carbonatação atravessa o
cobrimento das armaduras, estas ficam despassivadas
(devido à perda de alcalinidade), permitindo o início da
sua corrosão (desde que existam água e oxigénio),
comprometendo, deste modo, a durabilidade do
concreto.
*Indicador da fenolftaleína
Profundidade
Ultra-som
Esclerometria
Esclerometria
Patologias - Pesquisa
• Etapa de Pesquisa
– Bibliográfica, tecnológica ou científica.
– Geração de hipóteses efetivas que visam esclarecer as
origens, causas e mecanismos de ocorrência que
estejam promovendo uma queda, de desempenho de
um dado elemento, componente ou subsistema;
– Necessidade ou não de intervir no problema
patológico;
– Alternativas de intervenção e definição da terapia a
ser indicada. Através do prognóstico levantam-se as
alternativas de intervenção, que são escolhidas;
– Grau de incerteza sobre os efeitos.
Patologias - Causas
• Projeto
Projetar uma estrutura significa resolver por completo os
itens de segurança, funcionalidade e durabilidade

– Uso inadequado dos materiais empregados (ex.: aço sem


proteção em ambiente marinho, madeira em regiões com
grande umidade);
– Premissas de projeto (carregamentos, relação
água/cimento, cobrimentos);
– Verificações em relação a fadiga, fissuração e
deslocamentos (flechas);
– Detalhamento (falta de informações, especificações
equivocadas)
Patologias - Causas
Patologias - Causas
Patologias - Causas
Patologias - Causas
Patologias - Causas
• Execução

– Falta de controle de qualidade do concreto e outros


materiais;
– Correto cobrimento;
– Mão de obra sem qualificação;
– Consultor geotécnico (recalques);
– Projeto de escoramento;
– Falta de fiscalização;
– Sabotagem;
Patologias - Causas
Patologias - Causas
Patologias - Causas
Patologias - Causas
Patologias - Causas
Patologias - Causas
Patologias - Causas

• Manutenção
Conforme a NBR5674, a responsabilidade pela
manutenção de uma edificação é atribuída ao
proprietário ou por algum contratado.
– Todos os materiais possuem uma vida útil;
– Garantir a sobrecarga de projeto;
– Intemperes – impermeabilização, corrosão da
armadura;
– Infiltrações – Instalações;
Patologias - Causas
Patologias - Causas
Patologias - Custos
Terapia

• Terapia é palavra de origem grega (therapeía)


e significa "método de tratar doenças e
distúrbios
Terapia

• Estuda-se as correções e soluções das


patologias
• Diagnóstico deve ser bem conduzido, conhecendo as
características e funcionalidades do local a ser
tratado;
• Escolha dos materiais e técnicas a serem utilizados;
• Programa de manutenção periódica
ACIDENTES
Edifício Palace 2, construído pela empresa do
deputado Sérgio Naya, que desabou em 1998
Edifício de 22 andares e 174 apartamentos

Hipóteses:

• Falta de manutenção;
• Material e execução (pilares e vigas segregados)
de baixa qualidade;
• “Erro” de projeto (subdimensionamento de
pilares);
• Deficiência no cobrimento, que protege o
concreto da corrosão;
• Ausência de estribos suplementares;

Obs.: Segundo relatos da imprensa, a empresa já havia


sido processada quatro vezes antes do desabamento pela
má construção, que impediu a obra de receber o habite-se
da prefeitura
ACIDENTES
Desabamento do Pavilhão da
Gameleira
04/02/1971 – Belo Horizonte
Houve uma dificuldade na retirada
do cimbramento das escoras
centrais. Imaginou-se que seria
devido ao recalque das fundações
e iniciou-se a retirada
primeiramente junto aos apoios e
caminhando para o centro.
Surgimento de fissuras junto a V103 e V203, mas manteve-se a orientação de retirada das
escoras do apoio para o centro. Vistoria identificou que o recalque nas fundações eram
insignificantes.
Pouco tempo ocorreu o desabamento das vigas, sem aviso prévio. Os recalques
insignificantes tornaram-se a causa do acidente (depois corrigido)
Constatou-se que no topo dos pilares havia uma grande concentração de barras, principal
indicio da causa do acidente.
As barras estavam limpas e o concreto esmigalhado, não formando o chamado “concreto
armado”.
ACIDENTES
Desabamento do Pavilhão da
Gameleira
04/02/1971 – Belo Horizonte

Juntamente com a falta de detalhe de fretagem, agravada pela variação da temperatura


referente a uma viga de 65m.
A análise do projeto indicou tensões excessivas em serviço na região onde não observou-se
aderência na vistoria.

Atenções especiais para novos projetos:


-A concepção é fundamental;
-A certos casos de deixar a estrutura se movimentar é preferível do que liga-la fortemente;
-O detalhamento da armadura é tão ou mais importante que o dimensionamento;
-A sequência de retirada do escoramento é importante;
-Não se deve realizar ajustes de projeto na obra, sem o consentimento prévio do projetista;
-O excesso de armadura não é a favor da segurança se não ajustada as ancoragens,
alojamentos e interferências;
-Flechas devem ser verificadas em todas as etapas da construção e da utilização;
-O efeito térmico deve ser sempre verificado;
Patologias

Figura 1: Corrosão nas armaduras e infiltrações


próximas as tubulações

Figura 2: Corrosão nas armaduras, lixiviação


do concreto provocado pela água
Patologias

Figura 3 e 4: Exemplos típicos de corrosão de


armaduras em pilares
Patologias

Figura 5: Rigidez inadequada de elementos


estruturais

Figura 6: Caso típico de impermeabilização


mal feita
Patologias

Figura 9: Cobrimento da armadura inadequado


gerando corrosão

Figura 10: Espessura excessiva de revestimento


Patologias - Revestimento

As manifestações patológicas são evidenciadas por alguns sinais


que, embora muitas vezes apareçam em alguns componentes,
podem ter origem em outros componentes de revestimento.

Quando há destacamento da placa cerâmica, isto não significa


necessariamente que o problema foi causado pela própria placa,
o problema pode ter sido causado, por exemplo, por falta de
treinamento de mão-de-obra, que não respeitou o tempo em
aberto da massa colante (FONTENELLE & MOURA, 2004).
Patologias

Figura 11: Ausência de detalhes construtivos


(contraverga)

Figura 12: Movimentação da estrutura


Patologias

Figura 11: Má execução do revestimento

Figura 12: Recalque de fundação


Patologias
Trincas, gretamento e fissuras em cerâmica

Estas patologias aparecem por causa da perda de integridade da superfície,


que pode ficar limitada a um defeito estético ou não.

As trincas são rupturas provocadas por esforços mecânicos, que causam a


separação em partes, com aberturas superiores a 1 mm.

As fissuras são rompimentos com aberturas inferiores a 1 mm.

Uma classificação será vista a seguir.

O gretamento em placas cerâmicas é uma série de aberturas inferiores a 1


mm e que ocorrem na superfície esmaltada das placas, dando a ela uma
aparência de teia de aranha.
Patologias
Variações de temperatura também podem provocar o aparecimento de fissuras.

Estas patologias ocorrem normalmente nos primeiros e últimos andares do edifício,


geralmente pela falta de especificação de juntas de movimentação e detalhes
construtivos adequados.

Eflorescência

É evidenciado pelo surgimento na superfície no revestimento, de depósitos cristalinos


de cor esbranquiçada, comprometendo a aparência do revestimento.

Estes depósitos surgem quando os sais solúveis nas placas de cerâmicas, nos
componentes na alvenaria, nas argamassas de emboço, de fixação ou de
rejuntamento, são transportados pela água utilizada na construção, ou vinda de
infiltrações, através dos poros dos componentes de revestimento (placas cerâmicas
não esmaltadas, rejuntes). Estes sais em contato com o ar solidificam, causando
depósitos.
Patologias

Figura 16: Ausência de detalhes construtivos


(juntas de movimentação)

Figura 17 : Ocorrência de Eflorescência em


fachadas
Patologias
Destacamentos ou descolamentos em Placas Cerâmicas

Os destacamentos são caracterizados pela perda de aderência das placas cerâmicas do


substrato, ou da argamassa colante, quando as tensões surgidas no revestimento
cerâmico ultrapassam a capacidade de aderência das ligações entre a placa cerâmica e
argamassa colante e/ou emboço.

O primeiro sinal desta patologia é a ocorrência de um som cavo (oco) nas placas
cerâmicas (quando percutidas), ou ainda nas áreas em que se observa o estufamento
da camada de acabamento (placas cerâmicas e rejuntes), seguido do destacamento
destas áreas, que pode ser imediato ou não.

Geralmente estas patologias ocorrem nos primeiros e últimos andares do edifício,


devido ao maior nível de tensões observados nestes locais.
Patologias

Figura 20: Descolamento de revestimento


cerâmico na interface entre argamassa de
assentamento e a peça cerâmica. Figura 23: Descolamento de revestimento
cerâmico na interface entre argamassa de
assentamento e a peça cerâmica.
Patologias
Deterioração das juntas

Apesar de afetar diretamente as argamassas de preenchimento das juntas de


assentamento (rejuntes) e de movimentação, este tipo de problema compromete o
desempenho dos revestimentos cerâmicos como um todo, já que estes componentes
são responsáveis pela estanqueidade do revestimento cerâmico e pela capacidade de
absorver deformações.

Bolor

O termo bolor ou mofo é entendido como a colonização por diversas populações de


fungos filamentosos sobre vários tipos de substrato, citando-se inclusive as
argamassas inorgânicas (SHIRAKAWA, 1995). O termo emboloramento, de acordo com
Allucci (1988) constitui-se numa “alteração observável macroscopicamente na
superfície de diferentes materiais, sendo uma consequência do desenvolvimento de
microorganismos pertencentes ao grupo dos fungos”.
Patologias

Figura 25: Infiltração de água em pintura


Estruturas Metálicas

Nas estruturas metálicas podemos citar como causas principais de patologias


as seguintes:

• Falhas de projeto e de detalhamento


• Falhas nos processos e detalhes construtivos
• Qualidade ou utilização inadequada dos materiais
• Falhas de manutenção ou ausência de manutenção preventiva
• Utilização indevida da estrutura
Estruturas Metálicas
A falta de um bom detalhamento impede e dificulta a manutenção. Segundo
MESEGUER (1991), a origem das falhas em edificações é distribuída conforme a Figura
28 abaixo:

Figura 28: Média geral das falhas em edificações


Fonte: MESSEGER 1991
Estruturas Metálicas
As patologias mais comuns em estruturas de aço são:

• Corrosão localizada: causada por deficiência de drenagem das águas pluviais e


deficiências de detalhes construtivos, permitindo o acúmulo de umidade e de
agentes agressivos.
• Corrosão generalizada: causada pela ausência de proteção contra o processo de
corrosão.
• Deformações excessivas: causadas por sobrecargas ou efeitos térmicos não
previstos no projeto original, ou ainda, deficiências na disposição de
travejamentos.
• Flambagem local ou global: causadas pelo uso de modelos estruturais incorretos
para verificação da estabilidade, ou deficiências no enrijecimento local de chapas,
ou efeitos de imperfeições geométricas não consideradas no projeto e cálculo.
• Fratura e propagação de fraturas: Falhas estas iniciadas por concentração de
tensões, devido a detalhes de projeto inadequados, defeitos de solda, ou variações
de tensão não previstas no projeto.
Patologias – Estruturas Metálicas

Figura 30: Outro exemplo de falha no gabarito de furação


Patologias – Estruturas Metálicas

Figura 32: Exemplo de falha no Figura 33: Exemplo de incoerência entre


dimensionamento projetos
Patologias – Estruturas Metálicas

Figura 34: Exemplo de falha na


ligação de duas peças

Figura 35: Exemplo de ajuste de erro de


detalhamento na obra
Estruturas de Madeira
Os fatores que causam as patologias em construções de madeiras são divididos em
dois grupos: os agentes abióticos e bióticos.

Agentes abióticos
Os agentes abióticos são: a água: produz fendilhação, retrações, empolamentos,
empenamento e putrefação da madeira. O sol: é o fenômeno que se designa por foto-
degradação. O fogo: que destrói progressivamente o alburno e o cerne.

Agentes mecânicos, físicos e químicos


Os agentes abióticos, na maior parte das vezes causam danos leves sobre a madeira, à
exceção do fogo prolongado. O perigo destes reside no fato de que em muitas
ocasiões são a via de entrada de agentes bióticos tais como fungos ou insetos como
podemos ver nas Figura 38e Figura 37 a seguir:
Estruturas de Madeira
• Danos causados pela água

• Danos produzidos pelo sol

• Danos produzidos por variações de temperatura

• Danos produzidos pelo fogo

• Danos causados por fungos

• Danos produzidos por insetos xilófagos


Estruturas de Madeira

Figura 39: Exemplo de fendas por


perda de umidade.
Figura 34: danos causados por intempéries e
consequentemente o ataque por fungos e
insetos comprometendo assim estrutura.
Estruturas de Madeira
Cupins de madeira seca
Geralmente atacam peças e estruturas de madeira como telhados causando grandes
prejuízos; vivem em colônias sem qualquer contato com o solo e não necessitam de
fonte externa de umidade.

Cupins subterrâneos
Alimentam-se de madeira e para atingir a sua fonte de alimento atacam edificações,
vindos do solo espalhando-se pela construção. Utiliza-se de vãos existentes na
alvenaria ou aproveitam os caminhos de passagem de conduítes de energia e
telefonia. Suas colônias são construídas em locais escuros e escondidos. Disseminam-
se na época da primavera e verão e são atraídos pela luz durante o ciclo reprodutivo e
podem ser vistos circulando lâmpadas e postes de iluminação pública em noites
quentes (cupins alados ou siriris como são conhecidos popularmente).
Estruturas de Madeira

Figura 40: Cupins.

Figura 41: Ninho de cupins.


Fotos retiradas das apostilas:
• Patologia nas Edificações – Prof. Dalmo – Universidade Federal de Minas Gerais –
Belo Horizonte, 2009.

• Patologia nas Edificações – Prof. Anderson Claro – Universidade Federal de Santa


Catarina – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Florianópolis, 2009.

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