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Introdução ..................................................................................................................... 1
3. Bibliografia .......................................................................................................... 10
Introdução
Neste trabalho contextualizamos a descentralização e também seu tipos bem como as
vantagens e desvantagens da mesma, é importante ainda salientar que a descentralização
tem sido objecto de vários estudos tanto a nível nacional como internacional e é
amplamente reconhecida como um fator essencial para o desenvolvimento económico e
social sustentável.
Em Moçambique a Descentralização teve o seu início no alvor da IIª República, na
sequência da abertura política operada no País, assim sendo pode se dizer que a opção
por um Estado de Direito Democrático e descentralizado consolidou-se com a
institucionalização das Autarquias Locais, realização de eleições livres, justas e
democráticas, posteriormente com a aprovação de um pacote legislativo, incorporando a
transferência para os Municípios de um conjunto de atribuições e competências, recursos
humanos, financeiros e materiais.
Contudo, com as alterações políticas operadas em 1991 e o consequente início do
processo de descentralização, na sequência da realização das primeiras eleições
autárquicas, os eleitos municipais têm vindo a reclamar uma justa e equitativa distribuição
dos recursos públicos entre a Administração Central e Local.
Desta forma podemos ainda dizer que a descentralização vem sendo uma construção
coletiva, funcionando como o principal promotor e dinamizador do desenvolvimento
local, pelo que constitui um fator determinante de desenvolvimento do país.
Nesse sentido é necessário uma comunhão entre o Governo e as Autarquias, junto das
comunidades locais, de forma a criar condições tanto financeiras como humanas, capaz
de dar respostas aos problemas que irão surgindo nos municípios, de forma a garantir um
desenvolvimento social e económico sustentável, problemas esses oriundos na sua
maioria do sector primário e secundário.
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1. DESCENTRALIZAÇÃO EM MOÇAMBIQUE
1.1.Conceito de descentralização
O processo de descentralização, segundo Nijenhuis (2002) é a transferência de autoridade
e responsabilidade pelas funções públicas do governo central para os níveis subordinados
e inferiores de instituições governamentais ou para o sector privado.
1.2.Contextualização
A constatação do fracasso e incapacidade do Estado centralizador em promover o
desenvolvimento socioeconómico e a modernização política funcionou em parte como
catalisador para relançar a questão da descentralização. O modelo centralizador da
administração e o carácter marcadamente intervencionista do Estado acabaram por ter
efeitos contraproducentes na sociedade e na administração moçambicanas, levando a uma
certa letargia política, a diferenças regionais cada vez mais acentuadas, ao regionalismo,
à paralisação da administração que em algumas zonas do país era incapaz de prestar
mesmo os serviços mais básicos, ao subdesenvolvimento económico, à evasão fiscal e,
em última análise, ao descrédito, senão mesmo perda de legitimidade do Estado.
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Foi em decremento dessa situação que muitos actores sociais e o próprio governo
constataram que, o rápido e harmonioso desenvolvimento económico e social do país
exige uma gestão descentralizada cada vez mais criativa e flexível que prime pela
simplicidade na organização, por uma maior adequação às necessidades e realidade do
terreno, por uma delimitação clara da jurisdição e autoridade entre órgãos locais e
centrais, pela informação, diálogo e transparência na tomada e implementação de
decisões, e a prestação periódica de contas.
O acordo de paz entre a Frelimo e a Renamo, assinado em 1992 em Roma, assinalou um
ponto de viragem na situação de Moçambique, confirmando e consolidando mudanças
económicas e políticas fundamentais em curso já desde finais de 80. Em 1987,
Moçambique iniciou um programa de reabilitação económica. Em 1990, a reforma da
Constituição introduziu o pluralismo e a democracia multipartidária e em 1994 tiveram
lugar as primeiras eleições presidenciais e gerais multipartidárias
No mesmo ano e pouco antes das eleições gerais, foi aprovada pela assembleia mono-
partidária a primeira lei da descentralização -- a lei 3/94 --, no âmbito do programa de
reforma dos órgãos locais (PROL) em curso desde 1991, que criava o quadro legal e
institucional de reforma dos órgãos locais.
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Cfr. artigo 139 da Constituição da República de Moçambique -2004
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A concentração ou desconcentração têm como pano de fundo a organização vertical dos
serviços públicos, consistindo basicamente na ausência ou na existência de distribuição
vertical de competência entre os diversos graus ou escalões da hierarquia.
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Segundo Canhanga (2007), no Estado moçambicano, os seus incentivos institucionais são
operados nos diferentes níveis da administração do Estado, uma vez que estes foram
estimulados através da criação de regras, procedimentos que viabilizam o processo de
construção de novas relações politicas, sociais e económicas para a consolidação da acção
governativa.
Baseando-se nas ideias de Osório & Cruz(2009) citados por Canhanga, Fuel eNhatha as
reformas de descentralização e desconcentração datam de 1990 com à aprovação pela
Assembleia Mon partidária da constituição da República de Moçambique, que consagra
os princípios de separação de poderes e pluralismo político, que institucionalizou no
quadro da consagração de um Estado de Direito democrático, os princípios da
desconcentração e descentralização.
Rosário (2011),alega que a primeira fase do projecto de descentralização foi marcada pela
Lei n˚3/94 teve seu início em 1994 com a elaboração pelo governo do Programa de
Reforma dos Órgãos Locais (PROL), cujo objectivo centrava-se na reformulação do
sistema administrativo centralizado, fracamente eficiente e desequilibrado então em
vigor. A perspectiva era estabelecer 23 distritos municipais urbanos nas principais cidades
e vilas do país e 128 distritos municipais rurais. A lei dos quadros dos distritos municipais
foi aprovada por unanimidade não consensual, por causa de grandes objecções por parte
de alguns quadrantes, preocupados com a possível fragmentação do Estado e uma
eventual perda de controlo sobre o rendimento económico.
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A autonomia na gestão dos recursos locais podia aumentar a competição entre as
estruturas do partido a nível central e as elites do poder local, e no plano das finanças
locais, os distritos municipais beneficiariam de um regime financeiro e patrimonial
próprio. De seguida, surgiu uma nova fase em 1996 com a Lei n˚9/96, que trouxe algumas
modificações na constituição no que tange o “respeito do poder local” e com aLei n˚2/97
que aprova a lei das autarquias locais e que revoga a Lei n˚3/94 que consagra que nos
lugares dos quadros municipais, faz necessário a criação das autarquias locais em vilas e
cidades de forma gradual.
De acordo com Canhanga, Fuel&Nhatha (2009), consideram que as leis n˚ 2/97, n˚ 10/97,
n˚11/97garantiram a extinção sequencial de números de municípios e transferência
gradual de competências para as autarquias. Mais tarde, surgiram as primeiras 33
autarquias instituídas em 1998. Portanto, em 2008 foi criada a Lei n˚8/2003 que consagra
a criação de mais 10 municípios totalizados em 43 autarquias existentes. O objectivo
dessa legislação era gerar o desenvolvimento económico, social, do meio ambiente com
vista a garantir um saneamento básico e qualidade de vida, saúde, educação, cultura,
tempos livres e desporto, polícia da autarquia, urbanização, construção e habilitação.
Tudo isso, tinha em vista consolidar o processo de desenvolvimento local e garantir a
redução da pobreza ao nível dos espaços descentralizados.
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1.5.Avanços e Retrocessos das reformas de descentralização
Na perspectiva de ILAL (2008), sustenta que as dificuldades encaradas no âmbito da
governação local e das relações intergovernamentais, enquadra-se no contexto da herança
histórica, caracterizado pelo centralismo do poder criada pelo colonialismo português e
cultivada pelo regime mono partidário adoptado após a conquista da independência
nacional.
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Envolve a devolução do poder Envolve a distribuição de
de decisões e competências, no âmbito da
Relação com o poder central.
responsabilidades às própria estrutura
subunidades do governo, à administrativa, com a
nivel local. É uma relação de finalidade de tornar mais ágil e
cooperação e necessária. Não eficiente a prestação dos
dependem hierarquicamente serviços. Há uma relação de
do poder central. subordinação, isto é,
dependem hierarquicamente
do poder central.
Promove a simplificação dos Há distanciamento, na medida
procedimentos administrativos em que opera-se sempre no
e a aproximação dos serviços âmbito interno de uma mesma
Ligação com o cidadão aos cidadãos. No entanto, a pessoa jurídica, constituíndo
descentralização se inscreve uma simples distribuição
como condição necessária mas interna de competências dessa
não suficiente para pessoa.
desenvolver a participação.
Ha maior probabilidade de Por se tratar de órgãos
prestação de contas dos nomeados, a sua legitimidade e
dirigentes aos eleitores, visto o seu poder, do ponto de vista
que os dirigentes são eleitos e democrático, são limitados. E
Accountability uma vez eleitos, quererão como não têm uma relação
renovar os mandatos, o que directa com o eleitorado, é
passa necessáriamente por óbvio que tendem a prestar
prestar contas, pois os contas a quem os nomeou, pois
resultados das políticas sabem que é dele que
públicas são mais facilmente dependem para a sua
avaliados à nível local. continuidade no cargo que
ocupa, ao invés do cidadão
eleitor.
Sumário realizado pelo autor com base nos autores Wunsch(2001); Boone(2003); Ribot(2002);
Tobar(1991); e Souza(2011).
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2. Conclusão
Findo a apresentação do trabalho o grupo pode constatar que a trajectória histórica do
pais ficou marcada pela vigência provisória de um sistema socialista, com um Estado de
economia centralmente planificada a nível da capital do país. Sistema que culminou no
fracasso por diversos motivos, e foi dentro desta perspectiva que iniciou na primeira
metade da década de 80 um conjunto de reformas político- administrativo, que
determinou uma nova forma de olhar o Estado na sua relação com a sociedade. O conjunto
de reformas introduzidas no contexto da transição, apareciam associadas à redução da
pobreza, essas reformas cristalizavam-se sobretudo no processo de descentralização, que
se propunha a criar um conjunto de instituições com vista a uma melhor governação a
nível local. A descentralização propunha-se a dotar o Estado da capacidade política,
institucional e técnica à altura de responder as demandas sociais por bens e serviços
públicos, através da ampliação da expansão do bem-estar das comunidades, assegurar a
inclusão dos grupos pobres e vulneráveis no acesso a renda e no processo do
desenvolvimento assente nos padrões de eficácia e eficiência que deficientemente foram
providos durante a vigência de um modelo de administração pública de orientação
socialista.
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3. Bibliografia
CANHANGA, N., (2009), Descentralização fiscal, transferência intergovernamentais e
dinâmicas da pobreza nas autarquias locais. Istituto de Estudos Sociais e Economicos
(IESE). II Conferencia, Maputo;
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