Você está na página 1de 22

Tudo o que Sempre Procurou Saber Sobre Módulos e

Nunca Tinha Percebido Até Hoje


João Araújo

20 de Novembro de 2011

1 Equações
Suponha que tem de resolver uma equação do tipo

|f1 (x)| + |f2 (x)| + . . . + |fk (x)| = m.

Como se faz? Uma vez que nós só sabemos resolver equações que não têm o sinal de
módulo, o objectivo é fazer desaparecer os módulos. Mas como?

1. Determina os zeros de f1 (x), f2 (x), ..., fk (x);

2. verifica se algum dos zero é solução da equação;

3. identifica os intervalos onde cada uma daquelas funções toma valores positivos e
onde cada uma delas toma valores negativos;

4. para cada x em particular, se f1 (x) > 0, pode tirar o módulo sem mais complicações;
se f1 (x) < 0 substitui |f1 (x)| por −f1 (x). E faz o mesmo para as restantes fi .

Exemplo 1 Resolva a seguinte equação:

|x − 1| + |x − 2| = 3.

R Antes de começar a aplicar as regras acima, vamos tomar um minuto para ver o que
significa aquela equação. |x − 1| é a distância de x a 1; analogamente |x − 2| é a distância
de x a 2. Portanto o que queremos é determinar todos os pontos x cuja distância a 1 mais
a distância a 2 seja 3. Claro que mesmo de cabeça conseguimos resolver essa equação:
um dos ponto é 0 (porque a distância de zero a 1 é 1, e a distância de zero a 2 é 2, e
1 + 2 = 3). O outro ponto é 3 porque a distância de 3 a 1 é 2, e a distância de 3 a 2 é 1.
Agora vamos resolver a equação metodicamente.

1
1. Determina os zeros de f (x) = x − 1 e g(x) = x − 2.
Claramente, x − 1 = 0 implica x = 1; já x − 2 = 0 implica x = 2. Os zeros são 1 e
2.

2. verifica se algum dos zero é solução da equação;


Os zeros são 1 e 2. Vamos ver: para x = 1, temos |x − 1| + |x − 2| = |1 − 1| + |1 − 2| =
0+|−1| = 1 6= 3. Para x = 2, temos |x−1|+|x−2| = |2−1|+|2−2| = 1+0 = 1 6= 3.
Nenhum dos zeros é solução da equação.

3. Identifica os intervalos onde cada uma daquelas funções toma valores positivos e
onde cada uma delas toma valores negativos.
O zero de x − 1 é 1 e portanto os intervalos relevantes são ] − ∞, 1[ e ]1, ∞[. Se
tomarmos um valor do primeiro intervalo (eg, x = 0) vemos que f (x) = x − 1 =
0 − 1 < 0; portanto, para a esquerda da raiz f (x) toma valores negativos; para a
direita da raiz toma valores positivos. E faz-se o mesmo para g(x) = x − 2.
Normalmente estes factos são recolhidos (ordenados, arrumados) numa tabela do
seguinte tipo (onde as raı́zes são dispostas por ordem crescente):

1 2
x−1 − 0 + + +
x−2 − − − 0 +

4. Para cada x em particular, se f (x) > 0, tira-se o módulo; se f (x) < 0 substitui
|f (x)| por −f (x). E faz o mesmo para g.
Da tabela acima sabemos que há três intervalos a considerar: ]−∞, 1[, ]1, 2[ e ]2, ∞[.
Assim, se x ∈] − ∞, 1[, temos (pela tabela) que tanto x − 1 como x − 2 são menores
que zero. Por isso, para retirar os módulos, temos de multiplicar por −1 e resolver:
para x ∈] − ∞, 1[,

|x − 1| + |x − 2| = −(x − 1) + (−(x − 2)) = −x + 1 − x + 2 = −2x + 3.

Portanto, para x ∈] − ∞, 1[, temos

3 = |x − 1| + |x − 2| = −2x + 3 ⇒ −2x = 0 ⇒ x = 0.

Como 0 ∈] − ∞, 1[, está encontrada uma das soluções da nossa equação original.

2
Se x ∈]1, 2[, temos (pela tabela) que x − 1 > 0 e x − 2 < 0. Por isso, para retirar os
módulos, temos de multiplicar por −1 o x − 2 e deixar intacto x − 1: para x ∈]1, 2[,

|x − 1| + |x − 2| = x − 1 + (−(x − 2)) = x − 1 − x + 2 = 1.

Portanto, para x ∈]1, 2[, temos

3 = |x − 1| + |x − 2| = 1 ⇒ 3 = 1.

Como isto é impossı́vel, não existe nenhuma solução da equação no intervalo ]1, 2[.
Finalmente, se x ∈]2, ∞[, temos (pela tabela) que tanto x − 1 como x − 2 são
positivos. Por isso, para retirar os módulos, basta retirá-los: para x ∈]2, ∞[,

|x − 1| + |x − 2| = (x − 1) + (x − 2) = 2x − 3.

Portanto, para x ∈]2, ∞[, temos

3 = |x − 1| + |x − 2| = 2x − 3 ⇒ 2x = 6 ⇒ x = 3.

Como 3 ∈]2, ∞[, está encontrada a outra das soluções da nossa equação original.
Em suma, as soluções da equação original são x = 0 e x = 3.

Foi fácil?!!

Exemplo 2 Resolva a seguinte equação:

|x + 1| + | − 2x + 4| = 7.

R Vamos resolver seguindo os passos descritos acima.

1. Determina os zeros de f (x) = x + 1 e g(x) = −2x + 4.


Claramente, x + 1 = 0 implica x = −1; já −2x + 4 = 0 implica x = 2. Os zeros são
−1 e 2.

2. verifica se algum dos zero é solução da equação;


Os zeros são −1 e 2. Vamos ver: para x = −1, temos |x + 1| + | − 2x + 4| =
| − 1 + 1| + |2 + 4| = 0 + |6| = 6 6= 7. Para x = 2, temos |x + 1| + | − 2x + 4| =
|2 + 1| + | − 4 + 4| = 3 6= 7. Nenhum dos zeros é solução da equação.

3
3. Identifica os intervalos onde cada uma daquelas funções toma valores positivos e
onde cada uma delas toma valores negativos.
O zero de x + 1 é −1 e portanto os intervalos relevantes são ] − ∞, −1[ e ] − 1, ∞[.
Se tomarmos um valor do primeiro intervalo (eg, x = −2) vemos que f (x) = x + 1 =
−2 + 1 < 0; portanto, para a esquerda da raiz f (x) toma valores negativos; para a
direita da raiz toma valores positivos.
O zero de −2x + 4 é 2 e portanto os intervalos relevantes são ] − ∞, 2[ e ]2, ∞[. Se
tomarmos um valor do primeiro intervalo (eg, x = 0) vemos que g(x) = −2x + 4 =
4 > 0; portanto, para a esquerda da raiz g(x) toma valores positivos; para a direita
da raiz toma valores negativos.

−1 2
x+1 − 0 + + +
−2x + 4 + + + 0 −

Nota quando temos f (x) = ax + b, para a direita do zero f (x) tem o mesmo sinal
de a e para a esquerda tem o sinal oposto a a. Por exemplo, se f (x) = 2x − 5,
para a direita do zero a função toma valores positivos. Já em g(x) = −x + 3, para
a direita do zero a função toma valores negativos. A partir de agora usarei semrpe
esta regra.

4. Para cada x em particular, se f (x) > 0, tira o módulo apenas; se f (x) < 0 substitui
|f (x)| por −f (x). E faz o mesmo para g(x).
Da tabela acima sabemos que há três intervalos a considerar: ] − ∞, −1[, ] − 1, 2[ e
]2, ∞[.
Assim, se x ∈] − ∞, −1[, temos (pela tabela) que x + 1 é negativo e −2x + 4 é
positivo. Por isso, para retirar os módulos, temos de multiplciar x + 1 por −1: para
x ∈] − ∞, −1[,

|x + 1| + | − 2x + 4| = −(x + 1) + (−2x + 4) = −3x + 3.

Portanto, para x ∈] − ∞, −1[, temos

7 = |x − 1| + |x − 2| = −3x + 3 ⇒ −3x = 4 ⇒ x = −4/3.

Como −4/3 ∈] − ∞, −1[, está encontrada uma das soluções da nossa equação origi-
nal.

4
Se x ∈] − 1, 2[, temos (pela tabela)

|x + 1| + | − 2x + 4| = x + 1 + (−2x + 4) = −x + 5.

Portanto, para x ∈ [−1, 2[, temos

7 = |x + 1| + | − 2x + 4| = −x + 5 ⇒ −x = 7 − 5 ⇒ x = −2.

Acontece que −2 6∈] − 1, 2[ pelo que neste intervalo a equação não tem soluções.
Finalmente, se x ∈]2, ∞[, temos (pela tabela)

|x + 1| + | − 2x + 4| = x + 1 + (−(−2x + 4)) = x + 1 + 2x − 4 = 3x − 3.

Portanto, para x ∈]2, ∞[, temos

7 = |x + 1| + | − 2x + 4| = 3x − 3 ⇒ 3x = 10 ⇒ x = 10/3.

Como 10/3 ∈]2, ∞[, está encontrada a outra das soluções da nossa equação original.
Em suma, as soluções da equação original são −4/3 e 10/3.

Exemplo 3 Resolva a seguinte equação:

|x2 + x − 2| + |6 − 2x| = 10.

R Vamos resolver seguindo os passos descritos acima.

1. Determina os zeros de f (x) = x2 + x − 2 e g(x) = 6 − 2x.


Claramente, x2 + x − 2 = 0 implica x = 1 ou x = −2; já 6 − 2x = 0 implica x = 3.
Os zeros são 1, −2 e 3.

2. verifica se algum dos zero é solução da equação;


Os zeros são 1, −2 e 3. Vamos ver: para x = 1, temos |x2 + x − 2| + |6 − 2x| =
|12 + 1 − 2| + |6 − 2| = 0 + |4| = 4 6= 10. Para x = −2, temos |x2 + x − 2| + |6 − 2x| =
|(−2)2 −2−2|+|6+4| = 0+|10| = 10. Logo x = −2 é uma das soluções da equação.
Finalmente, para x = 3 temos |x2 + x − 2| + |6 − 2x| = |32 + 3 − 2| + |6 − 6| =
|9 + 1| + |0| = 10. Logo x = 3 é outra das soluções da equação.

3. Identifica os intervalos onde cada uma daquelas funções toma valores positivos e
onde cada uma delas toma valores negativos.

5
Os zeros de f (x) = x2 + x − 2 são 1 e −2. Como o coeficiente de x2 é 1(> 0), temos
que a parábola está virada para cima. Portanto, f (x) é negativa entre as raı́zes e é
positiva fora das raı́zes.
O zero de g(x) = 6 − 2x é 3 e portanto os intervalos relevantes são ] − ∞, 3[ e ]3, ∞[.
Como a = −2 < 0, para a esquerda da raiz g(x) toma valores positivos; para a
direita da raiz toma valores negativos.

−2 1 3
2
x +x−2 + 0 − 0 + + +
6 − 2x + + + + + 0 −

4. Para cada x em particular, se f (x) > 0, tira o módulo apenas; se f (x) < 0 substitui
|f (x)| por −f (x). E faz o mesmo para g(x).
Da tabela acima sabemos que há quatro intervalos a considerar: ] − ∞, −2[, ] − 2, 1[,
]1, 3[ e ]3, ∞[.
Assim, se x ∈] − ∞, −2[, temos (pela tabela) que x2 + x − 2 é positivo e 6 − 2x
é positivo. Por isso, para retirar os módulos, basta retirar os módulos!: para x ∈
] − ∞, −2[,

|x2 + x − 2| + |6 − 2x| = x2 + x − 2 + 6 − 2x = x2 − x + 4.

Portanto, para x ∈] − ∞, −2[, temos

10 = |x2 + x − 2| + |6 − 2x| = x2 − x + 4 ⇒ x2 − x − 6 = 0 ⇒ x = 3 ∨ x = −2.

Como já sabemos que estes dois valores são soluções da equação, a consideração
deste intervalo não acrescentou nada.

Se x ∈] − 2, 1[, temos (pela tabela)

|x2 + x − 2| + |6 − 2x| = −(x2 + x − 2) + 6 − 2x = −x2 − 3x + 8.

Portanto, para x ∈] − 2, 1[, temos


√ √
2 2 3 + 17
2 3 − 17
10 = |x +x−2|+|6−2x| = −x −3x+8 ⇒ −x −3x−2 = 0 ⇒ x = ∨x = .
−2 −2

3+ 17
Como −2
∼ −7/2 6∈] − 2, 1[, a única raiz que é solução da equação neste intervalo

3− 17
é x = −2
.

6
Se x ∈]1, 3[, temos (pela tabela)

|x2 + x − 2| + |6 − 2x| = x2 + x − 2 + 6 − 2x = x2 − x + 4.

Portanto, para x ∈]1, 3[, temos

10 = |x2 + x − 2| + |6 − 2x| = x2 + x − 2 + 6 − 2x ⇒ x2 − x − 6 = 0 ⇒ x = 3 ∨ x = −2,

pelo que não temos soluções novas.

Finalmente, x ∈]3, ∞[, temos (pela tabela)

|x2 + x − 2| + |6 − 2x| = x2 + x − 2 − (6 − 2x) = x2 + 3x − 8.

Portanto, para x ∈ [3, ∞[, temos

10 = |x2 + x − 2| + |6 − 2x| = x2 + 3x − 8 ⇒ x2 + 3x − 18 = 0 ⇒ x = 3 ∨ x = −6.

Como −6 6∈]1, 3[, e 3 já sabiamos ser uma raiz, este intervalo também nada a
crescentou.

Em suma, as soluções da equação original são: x = −2, 3, 3−−217 .

Exercicio 4 Determine os valores de x tais que |x − 10| = −3.

R Vamos tomar um minuto para pensar o que é pedido. A expressão |x−10| representa
a distância de x a 10. Mas a distância é sempre um valor positivo. Por isso é impossı́vel
ter um número x a distar −3 do número 10.
Imaginemos agora que eu era muito distraı́do e nem reparava nesse pormaior. Antes
sequer de pensar, desatei a aplicar o algoritmo. O que acontece?
Vamos determinar as raı́zes de f (x) = x − 10. Assim, x − 10 = 0 implica x = 10.
Será que a raiz é solução da equação |x − 10| = −3? Quando x = 10 temos |x − 10| =
|10 − 10| = 0 6= −3. Portanto, a raiz não é solução.
Fazemos o quadro, como habitualmente, e temos:

10
x − 10 − 0 +

Se x < 10, então x − 10 < 0 e portanto |x − 10| = −(x − 10) = −x + 10. Logo

|x − 10| = −3 ⇒ −x + 10 = −3 ⇒ −x = −13 ⇒ x = 13.

7
Contudo 13 6∈] − ∞, 10[ pelo que 13 não é solução da nossa equação.
Se x > 10, então x − 10 > 0 e portanto |x − 10| = x − 10. Logo

|x − 10| = −3 ⇒ x − 10 = −3 ⇒ x = 7.

Contudo 7 6∈]10, ∞[ pelo que 7 não é solução da nossa equação, e está provado que esta
equação não tem soluções. Enfim, deu mais trabalho, mas cheguei à mesma conclusão!

Exercicio 5 Resolva a seguinte equação: |x + 1| = |x − 3|.

R Evidentemente, |x + 1| = |x − 3| é equivalente a |x + 1| − |x − 3| = 0. Agora


aplicamos o nosso algoritmo.
Os zeros são x = −1 e x = 3. Será que algum dos zeros é solução? Se x = −1 temos

|x + 1| − |x − 3| = | − 1 + 1| − | − 1 − 3| = 0 − | − 4| = −|4| = −4 6= 0.

Se x = 3 temos

|x + 1| − |x − 3| = |3 + 1| − |3 − 3| = 4 − |0| = 4 6= 0.

Em suma, nenhuma das raı́zes é solução da equação, e podemos avançar para a tabela
dos intervalos:

−1 3
x+1 − 0 + + +
x+3 − − − 0 +
Se x < −1, então

|x + 1| − |x + 3| = −(x + 1) − (−(x − 3)) = −x − 1 + x − 3 = −4.

Daqui resulta, para x < −1,

|x + 1| − |x − 3| = 0 ⇔ −(x + 1) − (−(x − 3)) = 0 ⇔ −4 = 0,

impossı́vel, pelo que para x < −1 a equação não tem soluções.


Se −1 < x < 3, então

|x + 1| − |x − 3| = x + 1 − (−(x − 3)) = x + 1 + x − 3 = 2x − 2.

Daqui resulta, para x tal que −1 < x < 3 temos

|x + 1| − |x − 3| = 0 ⇔ 2x − 2 = 0 ⇔ x = 1.

8
Como 1 ∈] − 1, 3[, está encontrada uma das soluções da equação.
Se x > 3, então

|x + 1| − |x − 3| = x + 1 − (x − 3) = x + 1 − x + 3 = 4.

Daqui resulta, para x ≥ 3 temos

|x + 1| − |x + 3| = 0 ⇔ 4 = 0,

o que é impossı́vel.
Em suma, a única solução da equação é x = 1.

Exercicio 6 Determine as soluções da seguinte equação |(x − 1)(x + 1)| = 2.

R Para determinar as soluções de |(x − 1)(x + 1)| = 2 vamos usar o algoritmo tradi-
cional. Primeiro calculamos as raı́zes de (x − 1)(x + 1):

(x − 1)(x + 1) ⇔ x − 1 = 0 ∨ x + 1 = 0 ⇔ x = 1 ∨ x = −1.

Vamos agora verificar se alguma das raı́zes é solução da equação. Para x = −1 temos

|(x − 1)(x + 1)| = 2 ⇔ |(−1 − 1)(−1 + 1)| = 2 ⇔ 0 = 2,

o que é impossı́vel. De igual modo vamos chegar a 0 = 2, se fizermos x = 1 (porque 1 é


raiz de (x − 1)(x + 1)).
Vamos agora fazer a tabela. Como (x − 1)(x + 1) = x2 − 1 é uma parábola virada para
cima, toma valores negativos no intervalo das raı́zes, e toma valores positivos fora desse
intervalo:
−1 1
(x − 1)(x + 1) + 0 − 0 +
Assim, seja x < −1. Então

|(x − 1)(x + 1)| = (x − 1)(x + 1),

pelo que

|(x − 1)(x + 1)| = 2 ⇔ (x − 1)(x + 1) = 2 ⇔ x2 − 1 = 2 ⇔ x2 = 3 ⇔ x = ± 3.

Como apenas − 3 < −1, está encontrada uma das soluções da equação.
Seja −1 < x < 1. Então

|(x − 1)(x + 1)| = −(x − 1)(x + 1),

9
pelo que

|(x − 1)(x + 1)| = 2 ⇔ −(x − 1)(x + 1) = 2 ⇔ −x2 − 1 = 2 ⇔ x2 = 3 ⇔ x = ± 3,

o que é impossı́vel porque ambos valores estão for do intervalo ] − 1, 1[.


Finalmente, seja x > 1. Então

|(x − 1)(x + 1)| = (x − 1)(x + 1),

pelo que

|(x − 1)(x + 1)| = 2 ⇔ (x − 1)(x + 1) = 2 ⇔ x2 − 1 = 2 ⇔ x2 = 3 ⇔ x = ± 3.

Como apenas 3 > 1, está encontrada outra das soluções da equação.
√ √
Em suma, as soluções da equação dada são − 3 e 3.

Exercicio 7 Determine as soluções da seguinte equação |(x − 1)(x − 2)| = 2.

R Para determinar as soluções de |(x − 1)(x − 1)| = 2 vamos usar o algoritmo tradi-
cional. Primeiro calculamos as raı́zes de (x − 1)(x − 2):

(x − 1)(x − 2) ⇔ x − 1 = 0 ∨ x − 2 = 0 ⇔ x = 1 ∨ x = 2.

Já sabemos que se substituirmos (em |(x − 1)(x − 2)| = 2) o valor de x por qualquer
uma das raı́zes chegamos a 0 = 2. Portanto nenhuma das raı́zes de (x−1)(x−2) é solução
da equação.
Vamos agroa fazer a tabela. Como (x − 1)(x − 2) = x2 − 3x + 2 é uma parábola virada
para cima, toma valores negativos no intervalo das raı́zes, e toma valores positivos fora
desse intervalo:
−2 −1
(x − 1)(x − 2) + 0 − 0 +
Assim, seja x < −2. Então

|(x − 1)(x − 2)| = (x − 1)(x − 2),

pelo que

|(x−1)(x−2)| = 2 ⇔ (x−1)(x−2) = 2 ⇔ x2 −3x+2 = 2 ⇔ x2 −3x = 0 ⇔ x = 0∨x = 3.

Como nem 0 nem 3 são menores que −2, não existem soluções da equação neste intervalo.
Seja −2 < x < −1. Então

|(x − 1)(x − 2)| = −(x − 1)(x − 2),

10
pelo que

|(x − 1)(x − 2)| = 2 ⇔ −(x − 1)(x − 2) = 2 ⇔ x2 − 3x + 2 = −2 ⇔ x2 − 3x + 4 = 0,

o que é impossı́vel porque x2 − 3x + 4 não tem raı́zes.


Finalmente, seja x > −1. Então

|(x − 1)(x − 2)| = (x − 1)(x − 2),

pelo que

|(x−1)(x−2)| = 2 ⇔ (x−1)(x−2) = 2 ⇔ x2 −3x+2 = 2 ⇔ x2 −3x = 0 ⇔ x = 0∨x = 3.

Como 0 e 3 são maiores que −1, ambas são soluções da equação neste intervalo.
Em suma, as soluções da equação dada são 0 e 3.

11
2 Inequações
Suponha que tem de resolver uma inequação do tipo

|f1 (x)| + |f2 (x)| + . . . + |fk (x)| < m ou ≤ m ou ≥ m ou < m.

Como se faz? Uma vez que nós só sabemos resolver inequações que não têm o sinal de
módulo, o objectivo é fazer desaparecer os módulos. Mas como? O processo é exatamente
igual ao das equações descrito acima.

1. Determina os zeros de f1 (x), f2 (x), ..., fk (x);

2. verifica se algum dos zero é solução da inequação;

3. identifica os intervalos onde cada uma daquelas funções toma valores positivos e
onde cada uma delas toma valores negativos;

4. para cada x em particular, se f1 (x) > 0, pode tirar o módulo sem mais complicações;
se f1 (x) < 0 substitui |f1 (x)| por −f1 (x). E faz o mesmo para as restantes fi .

Exemplo 8 Resolva a seguinte inequação:

|x − 1| + |x − 2| ≤ 3.

1. Determina os zeros de f (x) = x − 1 e g(x) = x − 2.


Claramente, x − 1 = 0 implica x = 1; já x − 2 = 0 implica x = 2. Os zeros são 1 e
2.

2. verifica se algum dos zero é solução da inequação;


Os zeros são 1 e 2. Vamos ver: para x = 1, temos |x − 1| + |x − 2| = |1 − 1| + |1 − 2| =
0+|−1| = 1 ≤ 3. Para x = 2, temos |x−1|+|x−2| = |2−1|+|2−2| = 1+0 = 1 ≤ 3.
Portanto, os dois zeros são solução da inequação.

3. Identifica os intervalos onde cada uma daquelas funções toma valores positivos e
onde cada uma delas toma valores negativos.

1 2
x−1 − 0 + + +
x−2 − − − 0 +

12
4. Para cada x em particular, se f (x) > 0, tira-se o módulo; se f (x) < 0 substitui
|f (x)| por −f (x). E faz o mesmo para g.
Da tabela acima sabemos que há três intervalos a considerar: ]−∞, 1[, ]1, 2[ e ]2, ∞[.
Assim, se x ∈] − ∞, 1[, temos (pela tabela) que tanto x − 1 como x − 2 são menores
que zero. Por isso, para retirar os módulos, temos de multiplicar por −1 e resolver:
para x ∈] − ∞, 1[,

|x − 1| + |x − 2| = −(x − 1) + (−(x − 2)) = −x + 1 − x + 2 = −2x + 3.

Portanto, para x ∈] − ∞, 1[, temos

3 ≥ |x − 1| + |x − 2| = −2x + 3 ⇒ −2x ≤ 0 ⇒ x ≥ 0.

As soluções (para este intervalo) serão os x reais tais que x ≥ 0 e x ∈] − ∞, 1[, ou


seja, é o intervalo [0, 1[.

Se x ∈]1, 2[, temos (pela tabela) que x − 1 > 0 e x − 2 < 0. Por isso, para retirar os
módulos, temos de multiplicar por −1 o x − 2 e deixar intacto x − 1: para x ∈]1, 2[,

|x − 1| + |x − 2| = x − 1 + (−(x − 2)) = x − 1 − x + 2 = 1.

Portanto, para x ∈]1, 2[, temos

3 ≥ |x − 1| + |x − 2| = 1 ⇒ 3 ≥ 1,

uma condição universal. Está provado que todos os valores do intervalo ]1, 2[ são
solução da nossa inequação.
Finalmente, se x ∈]2, ∞[, temos (pela tabela) que tanto x − 1 como x − 2 são
positivos. Por isso, para retirar os módulos, basta retirá-los: para x ∈ [2, ∞[,

|x − 1| + |x − 2| = (x − 1) + (x − 2) = 2x − 3.

Portanto, para x ∈]2, ∞[, temos

3 ≥ |x − 1| + |x − 2| = 2x − 3 ⇒ 2x ≤ 6 ⇒ x ≤ 3.

As soluções (para este intervalo) serão os x reais tais que x ∈]2, ∞[ e x ∈]3, ∞[, ou
seja, é o intervalo ]3, ∞[.
Em suma, as soluções da inequação original são

{1, 2} ∪ [0, 1[∪]1, 2[∪]3, ∞[= [1, 2]∪]3, ∞[.

13
Exemplo 9 Resolva a seguinte inequação:

|x + 1| + | − 2x + 4| ≥ 7.

R Vamos resolver seguindo os passos descritos acima.

1. Determina os zeros de f (x) = x + 1 e g(x) = −2x + 4.


Claramente, x + 1 = 0 implica x = −1; já −2x + 4 = 0 implica x = 2. Os zeros são
−1 e 2.

2. verifica se algum dos zero é solução da inequação;


Os zeros são −1 e 2. Vamos ver: para x = −1, temos |x + 1| + | − 2x + 4| =
| − 1 + 1| + |2 + 4| = 0 + |6| = 6 6≥ 7. Para x = 2, temos |x + 1| + | − 2x + 4| =
|2 + 1| + | − 4 + 4| = 3 6≥ 7. Nenhum dos zeros é solução da inequação.

3. Identifica os intervalos onde cada uma daquelas funções toma valores positivos e
onde cada uma delas toma valores negativos.

−1 2
x+1 − 0 + + +
−2x + 4 + + + 0 −

4. Para cada x em particular, se f (x) > 0, tira o módulo apenas; se f (x) < 0 substitui
|f (x)| por −f (x). E faz o mesmo para g(x).
Da tabela acima sabemos que há três intervalos a considerar: ] − ∞, −1[, ] − 1, 2[ e
]2, ∞[.
Assim, se x ∈] − ∞, −1[, temos (pela tabela) que x + 1 é negativo e −2x + 4 é
positivo. Por isso, para retirar os módulos, temos de multiplciar x + 1 por −1: para
x ∈] − ∞, −1[,

|x + 1| + | − 2x + 4| = −(x + 1) + (−2x + 4) = −3x + 3.

Portanto, para x ∈] − ∞, −1[, temos

7 ≤ |x − 1| + |x − 2| = −3x + 3 ⇒ −3x ≥ 4 ⇒ x ≤ −4/3.

As soluções (para este intervalo) serão os x reais tais que x ∈] − ∞, −1[ e x ∈


] − ∞, −4/3], ou seja, é o intervalo ] − ∞, −4/3]. Está encontrado o primeiro
conjunto de soluções.

14
Se x ∈] − 1, 2[, temos (pela tabela)

|x + 1| + | − 2x + 4| = x + 1 + (−2x + 4) = −x + 5.

Portanto, para x ∈ [−1, 2[, temos

7 ≤ |x + 1| + | − 2x + 4| = −x + 5 ⇒ −x ≥ 7 − 5 ⇒ x ≤ −2.

As soluções (para este intervalo) serão os x reais tais que x ∈]−∞, −2] e x ∈]−1, 2[,
ou seja, neste intervalo a inequação não tem soluções.
Finalmente, se x ∈]2, ∞[, temos (pela tabela)

|x + 1| + | − 2x + 4| = x + 1 + (−(−2x + 4)) = x + 1 + 2x − 4 = 3x − 3.

Portanto, para x ∈]2, ∞[, temos

7 ≤ |x + 1| + | − 2x + 4| = 3x − 3 ⇒ 3x ≥ 10 ⇒ x ≥ 10/3.

As soluções (para este intervalo) serão os x reais tais que x ∈]2, ∞[ e x ∈ [10/3, ∞[,
ou seja, é o intervalo [10/3, ∞[.
Em suma, as soluções da inequação original são ] − ∞, −4/3] ∪ [10/3, ∞[.

Exemplo 10 Resolva a seguinte inequação:

|x2 + x − 2| + |6 − 2x| < 10.

R Vamos resolver seguindo os passos descritos acima.

1. Determina os zeros de f (x) = x2 + x − 2 e g(x) = 6 − 2x.


Claramente, x2 + x − 2 = 0 implica x = 1 ou x = −2; já 6 − 2x = 0 implica x = 3.
Os zeros são 1, −2 e 3.

2. verifica se algum dos zero é solução da inequação;


Os zeros são 1, −2 e 3. Vamos ver: para x = 1, temos |x2 + x − 2| + |6 − 2x| =
|12 + 1 − 2| + |6 − 2| = 0 + |4| = 4 < 10. Portanto x = 1 é uma das soluções. Para
x = −2, temos |x2 + x − 2| + |6 − 2x| = |(−2)2 − 2 − 2| + |6 + 4| = 0 + |10| <
6 10.
Logo x = −2 não é uma das soluções da inequação. Finalmente, para x = 3 temos
|x2 + x − 2| + |6 − 2x| = |32 + 3 − 2| + |6 − 6| = |9 + 1| + |0| = 10 6< 10. Logo x = 3
também não é solução da inequação.

15
3. Identifica os intervalos onde cada uma daquelas funções toma valores positivos e
onde cada uma delas toma valores negativos.
Os zeros de f (x) = x2 + x − 2 são 1 e −2. Como o coeficiente de x2 é 1(> 0), temos
que a parábola está virada para cima. Portanto, f (x) é negativa entre as raı́zes e é
positiva fora das raı́zes.
O zero de g(x) = 6 − 2x é 3 e portanto os intervalos relevantes são ] − ∞, 3[ e ]3, ∞[.
Como a = −2 < 0, para a esquerda da raiz g(x) toma valores positivos; para a
direita da raiz toma valores negativos.

−2 1 3
x2 + x − 2 + 0 − 0 + + +
6 − 2x + + + + + 0 −

4. Para cada x em particular, se f (x) > 0, tira o módulo apenas; se f (x) < 0 substitui
|f (x)| por −f (x). E faz o mesmo para g(x).
Da tabela acima sabemos que há quatro intervalos a considerar: ] − ∞, −2[, ] − 2, 1[,
]1, 3[ e ]3, ∞[.
Assim, se x ∈] − ∞, −2[, temos (pela tabela) que x2 + x − 2 é positivo e 6 − 2x
é positivo. Por isso, para retirar os módulos, basta retirar os módulos!: para x ∈
] − ∞, −2[,

|x2 + x − 2| + |6 − 2x| = x2 + x − 2 + 6 − 2x = x2 − x + 4.

Portanto, para x ∈] − ∞, −2[, temos

10 > |x2 +x−2|+|6−2x| = x2 −x+4 ⇒ x2 −x+4−10 < 0 ⇒ x2 −x−6 < 0 ⇒ x = 3∨x = −2,

porque uma parábola com a > 0 é negativa no intervalo definido pelas raı́zes.
As soluções (para este intervalo) serão os x reais tais que x ∈]∞, −2[ e x ∈] − 2, 3[,
ou seja, é o intervalo vazio.

Se x ∈] − 2, 1[, temos (pela tabela)

|x2 + x − 2| + |6 − 2x| = −(x2 + x − 2) + 6 − 2x = −x2 − 3x + 8.

Portanto, para x ∈] − 2, 1[, temos


√ √
2 2 2 3 + 17 3 − 17
10 > |x +x−2|+|6−2x| = −x −3x+8 ⇒ −x −3x−2 < 0 ⇒ x > ∨x < ,
−2 −2

16
porque uma parábola com a < 0 é negativa fora do intervalo definido pelas raı́zes.

3+ 17
Como ∼ −7/2 6∈] − 2, 1[, as únicas raı́zes que são solução desta inequação são
√ −2 √
x 3− 17
∈] −2 , ∞[∩] − 2, 1[=] 3−−217 , 1[.

Se x ∈]1, 3[, temos (pela tabela)

|x2 + x − 2| + |6 − 2x| = x2 + x − 2 + 6 − 2x = x2 − x + 4.

Portanto, para x ∈]1, 3[, temos

10 > |x2 + x − 2| + |6 − 2x| = x2 + x − 2 + 6 − 2x ⇒ x2 − x − 6 < 0 ⇒ x < 3 ∨ x > −2,

porque uma parábola com a > 0 é negativa no intervalo definido pelas raı́zes.
As soluções (para este intervalo) serão os x reais tais que x ∈] − 2, 3[∩]1, 3[=]1, 3[.

Finalmente, x ∈]3, ∞[, temos (pela tabela)

|x2 + x − 2| + |6 − 2x| = x2 + x − 2 − (6 − 2x) = x2 + 3x − 8.

Portanto, para x ∈ [3, ∞[, temos

10 > |x2 + x − 2| + |6 − 2x| = x2 + 3x − 8 ⇒ x2 + 3x − 18 < 0 ⇒ x < 3 ∨ x > −6.

As soluções (para este intervalo) serão os x reais tais que x ∈] − 6, 3[∩]3, ∞[ (que
dá o vazio).
Em suma, as soluções da inequação original são:
# √ " # √ "
3 − 17 3 − 17
{1} ∪ , 1 ∪]1, 3[= ,3 .
−2 −2

Exercicio 11 Determine os valores de x tais que |x − 10| > −3.

R A questão é saber quando é que um número positivo é maior que −3. A resposta,
evidentemente, é sempre. Mas vamos resolver usando o algoritmo geral.
Vamos determinar as raı́zes de f (x) = x − 10. Assim, x − 10 = 0 implica x = 10.
Será que a raiz é solução da inequação |x − 10| > −3? Quando x = 10 temos |x − 10| =
|10 − 10| = 0 > −3. Portanto, a raiz é solução.

17
Fazemos o quadro, como habitualmente, e temos:

10
x − 10 − 0 +

Se x < 10, então x − 10 < 0 e portanto |x − 10| = −(x − 10) = −x + 10. Logo

|x − 10| > −3 ⇒ −x + 10 > −3 ⇒ −x > −13 ⇒ x < 13.

Logo as soluções estão em ] − ∞, 10[∩] − ∞, 13[=] − ∞, 10[.


Se x > 10, então x − 10 > 0 e portanto |x − 10| = x − 10. Logo

|x − 10| > −3 ⇒ x − 10 > −3 ⇒ x > 7.

Logo as soluções estão em ]10, ∞[∩]7, ∞[=]10, ∞[.


Em suma, as soluções são

{10}∪] − ∞, 10[∪]10, ∞[= R.

Exercicio 12 Resolva a seguinte inequação: |x + 1| ≤ |x − 3|.

R Evidentemente, |x + 1| ≤ |x − 3| é equivalente a |x + 1| − |x − 3| ≤ 0. Agora


aplicamos o nosso algoritmo.
Os zeros são x = −1 e x = 3. Será que algum dos zeros é solução? Se x = −1 temos

|x + 1| − |x − 3| = | − 1 + 1| − | − 1 − 3| = 0 − | − 4| = −|4| = −4 ≤ 0.

Se x = 3 temos

|x + 1| − |x − 3| = |3 + 1| − |3 − 3| = 4 − |0| = 4 6< 0.

Em suma, −1 é solução do problema. Podemos avançar para a tabela dos intervalos:

−1 3
x+1 − 0 + + +
x+3 − − − 0 +
Se x < −1, então

|x + 1| − |x + 3| = −(x + 1) − (−(x − 3)) = −x − 1 + x − 3 = −4.

Daqui resulta, para x < −1,

|x + 1| − |x − 3| ≤ 0 ⇔ −(x + 1) − (−(x − 3)) ≤ 0 ⇔ −4 ≤ 0,

18
pelo que para x < −1 a inequação é sempre verdadeira.
Se −1 < x < 3, então

|x + 1| − |x − 3| = x + 1 − (−(x − 3)) = x + 1 + x − 3 = 2x − 2.

Daqui resulta, para x tal que −1 < x < 3 temos

|x + 1| − |x − 3| ≤ 0 ⇔ 2x − 2 ≤ 0 ⇔ x ≤ 1.

As soluções serão x ∈] − 1, 3[∩] − ∞, 1] = [−1, 1[.


Se x > 3, então

|x + 1| − |x − 3| = x + 1 − (x − 3) = x + 1 − x + 3 = 4.

Daqui resulta, para x > 3 temos

|x + 1| − |x + 3| ≤ 0 ⇔ 4 ≤ 0,

o que é impossı́vel.
Em suma, as soluções são

{−1}∪] − ∞, −1[∪] − 1, 1[=] − ∞, 1[.

Exercicio 13 Determine as soluções da seguinte inequação |(x − 1)(x − 2)| > 2.

R Para determinar as soluções de |(x − 1)(x − 1)| > 2 vamos usar o algoritmo tradi-
cional. Primeiro calculamos as raı́zes de (x − 1)(x − 2):

(x − 1)(x − 2) ⇔ x − 1 = 0 ∨ x − 2 = 0 ∨ x = 1 ∨ x = 2.

Já sabemos que se substituirmos (em |(x − 1)(x − 2)| = 2) o valor de x por qualquer
uma das raı́zes chegamos a 0 > 2. Portanto nenhuma das raı́zes de (x−1)(x−2) é solução
da inequação.
Vamos agora fazer a tabela. Como (x − 1)(x − 2) = x2 − 3x + 2 é uma parábola virada
para cima, toma valores negativos no intervalo das raı́zes, e toma valores positivos fora
desse intervalo:
−2 −1
(x − 1)(x − 2) + 0 − 0 +
Assim, seja x < −2. Então

|(x − 1)(x − 2)| = (x − 1)(x − 2),

19
pelo que

|(x−1)(x−2)| > 2 ⇔ (x−1)(x−2) > 2 ⇔ x2 −3x+2 > 2 ⇔ x2 −3x > 0 ⇔ x < 0∨x > 3.

As soluções serão ] − ∞, −2[∩] − ∞, 0[=] − ∞, −2[.


Seja −2 < x < −1. Então

|(x − 1)(x − 2)| = −(x − 1)(x − 2),

pelo que

|(x − 1)(x − 2)| > 2 ⇔ −(x − 1)(x − 2) > 2 ⇔ x2 − 3x + 2 < −2 ⇔ x2 − 3x + 4 < 0,

o que é impossı́vel porque x2 − 3x + 4 é uma parábola virada para cima e não tem raı́zes.
Finalmente, seja x > −1. Então

|(x − 1)(x − 2)| = (x − 1)(x − 2),

pelo que

|(x−1)(x−2)| > 2 ⇔ (x−1)(x−2) > 2 ⇔ x2 −3x+2 > 2 ⇔ x2 −3x > 0 ⇔ x < 0∨x > 3.

As soluçãoes serão ] − 1, ∞[∩]3, ∞[=]3, ∞[.


Em suma, as soluções da inequação são ] − ∞, −2[∪]3, ∞[.

Exercicio 14 Determine x tal que |x + 1| ≤ 3.

R Em palavras, a questão é esta: determine os valores de x tais que a distãncia de x


a −1 seja no máximo 3. E mesmo de cabeça sabemos dizer que a resposta será [−4, 2].
Vamos lá resolver este exercı́cio metodicamente. A raiz de f (x) = x + 1 é x = −1.
Será que a raiz é solução da inequação |x + 1| ≤ 3? Quando x = −1 temos | − 1 + 1| =
|0| = 0 ≤ 3. Portanto, a raiz é solução.
Fazemos o quadro, como habitualmente, e temos:

−1
x+1 − 0 +

Se x < −1, então x + 1 < 0 e portanto |x + 1| = −(x + 1) = −x − 1. Logo

|x + 1| ≤ 3 ⇒ −x − 1 ≤ 3 ⇒ −x ≤ 4 ⇒ x ≥ −4.

Logo as soluções estão em ] − ∞, −1[∩[−4, ∞ = [−4, −1[.

20
Se x > −1, então x + 1 > 0 e portanto |x + 1| = x + 1. Logo

|x + 1| ≤ 3 ⇒ x ≤ 2.

Logo as soluções estão em ] − ∞, 2]∩] − 1, ∞[=] − 1, 2].


Em suma, as soluções são

{−1}∪] − 1, 2] ∪ [−4, −1[= [−4, 2].

Exercicio 15 Determine os valores de x tais que |x − 3| ≤ |2x − 5|.

R Para determinar as soluções de |x−3| ≤ |2x−5| vamos usar o algoritmo tradicional.


Primeiro calculamos as raı́zes de (x − 3) e de (2x − 5), o que dá x = 3 e x = 5/2
respetivamente.
Claramente, 3 é solução da inequação, mas 5/2 não é.
Vamos agora fazer a tabela:

5/2 3
x−3 − − − 0 +
2x − 5 − 0 + + +

Assim, seja x < 5/2. Então

|x − 3| ≤ |2x − 5| ⇔ −(x − 3) ≤ −(2x − 5) ⇔ −x + 3 ≤ −2x + 5 ⇔ x ≤ 2.

As soluções serão ] − ∞, 2[∩] − ∞, 5/2[=] − ∞, 2[.


Seja 5/2 < x < 3. Então

|x − 3| ≤ |2x − 5| ⇔ −(x − 3) ≤ 2x − 5 ⇔ −x + 3 ≤ 2x − 5 ⇔ x ≥ 8/3.

As soluções serão ]5/2, 3[∩]8/3, ∞[= [8/3, 3[.


Finalmente, seja x > 3. Então

|x − 3| ≤ |2x − 5| ⇔ x − 3 ≤ 2x − 5 ⇔ 3x ≥ 2 ⇔ x ≥ 2/3.

As soluções serão [2/3, ∞[∩]3, ∞[= [3, ∞[.


Em suma, as soluções da inequação são

{3}∪] − ∞, 2] ∪ [8/3, 3[∪[3, ∞[=] − ∞, 2] ∪ [8/3, ∞[= R \ [2, 8/3[.

E assim resolvemos todos os exercı́cios de inequações do teste 2 das funções.

21
3 Plano de trabalho
1. Resolva o primeiro exercı́cio de cada secção e tente resolver por si os seguintes (antes
de ver a resolução).

2. Invente outros exercı́cios e resolva-os. No final faça a prova real para verificar se fez
bem.

3. Quando tiver praticado, resolva o teste de módulos que estará disponı́vel até sexta
feira 17-12-2010.

22

Você também pode gostar