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DIREITO PENAL GERAL: EVANDRO GUEDES

ART.1º - ANTERIORIDADE, LEGALIDADE E RESERVA LEGAL


Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Questões
1. Acerca dos princípios que regem a aplicação da lei penal, julgue o item a seguir. No enunciado "não há crime
sem lei anterior que o defina, não há pena sem prévia cominação legal", estão contidos tanto o princípio da
legalidade quanto o princípio da anterioridade da lei penal.
2. O princípio da legalidade, que é desdobrado nos princípios da reserva legal e da anterioridade, não se aplica às
medidas de segurança, que não possuem natureza de pena, pois a parte geral do Código Penal apenas se refere
aos crimes e contravenções penais.
3. Quanto ao princípio da legalidade penal pode-se dizer que do princípio da legalidade decorrem, ao menos, três
acepções, quais sejam, reserva legal, anterioridade da lei e taxatividade.
4. Uma das funções do princípio da legalidade refere-se à proibição de se realizar incriminações vagas e
indeterminadas, visto que, no preceito primário do tipo penal incriminador, é obrigatória a existência de definição
precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com base em tal princípio, a criação de tipos que
contenham conceitos vagos e imprecisos.
5. Carlos, primário e de bons antecedentes, subtraiu, para si, uma mini barra de chocolate avaliada em R$ 2,50 (dois
reais e cinquenta centavos). Denunciado pela prática do crime de furto, o defensor público em atuação, em sede
de defesa prévia, requereu a absolvição sumária de Carlos com base no princípio da insignificância. De acordo
com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o princípio da insignificância afasta a tipicidade material do fato.
GABARITO: 1C – 2E – 3C – 4C- 5C

ART. 2, 3 E 4 DA LEI PENAL NO TEMPO

LEI PENAL NO TEMPO


Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda
que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
TEMPO DO CRIME
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.

SÚMULA 711 - STF


A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à
cessação da continuidade ou da permanência.

Questões
1. De acordo com o CP, com relação à sucessão das leis penais no tempo, não se aplicam as regras gerais da
irretroatividade da lei mais severa, tampouco a retroatividade da norma mais benigna, bem como não se aplica o
preceito da ultra-atividade à situação caracterizada pela chamada lei penal em branco.
2. Suponha que Leôncio tenha praticado crime de estelionato na vigência de lei penal na qual fosse prevista, para
esse crime, pena mínima de dois anos. Suponha, ainda, que, no transcorrer do processo, no momento da prolação
da sentença, tenha entrado em vigor nova lei penal, mais gravosa, na qual fosse estabelecida a duplicação da
pena mínima prevista para o referido crime. Nesse caso, é correto afirmar que ocorrerá a ultratividade da lei
penal.
3. Considerando os princípios informativos da retroatividade e ultratividade da lei penal, a lei nova mais benéfica
será aplicada mesmo quando a ação penal tiver sido iniciada antes da sua vigência.
4. Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor,
prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço. Nessa situação hipotética,
a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da nova
legislação, antes da cessação da permanência do crime.
GABARITO: 1E– 2C- 3C- 4C

ART. 5, 6 E 7 DA LEI PENAL NO ESPAÇO


TERRITORIALIDADE
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves
e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

EXTRATERRITORIALIDADE
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município,
de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em
território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo
a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Questões
1. Considere que tenha sido cometido um homicídio a bordo de um navio petroleiro de uma empresa privada
hondurenha ancorado no porto de Recife – PE. Nessa situação hipotética, caberá à autoridade policial brasileira
instaurar, de ofício, o inquérito policial para investigar a materialidade e a autoria do delito, que será punido
conforme as leis brasileiras.
2. Segundo o princípio da territorialidade, a lei penal brasileira poderá ser aplicada no exterior quando o sujeito
ativo do crime praticado for brasileiro.
3. No Código Penal brasileiro, adota-se a teoria da ubiquidade, conforme a qual o lugar do crime é o da ação ou da
omissão, bem como o lugar onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
4. A lei penal brasileira aplica-se ao crime perpetrado no interior de navio de guerra de pavilhão pátrio, ainda que
em mar territorial estrangeiro, dado o princípio da territorialidade.
GABARITO: 1C-2E – 3C -4C

ART. 13 DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-
se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA INDEPENDENTE


§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

RELEVÂNCIA DA OMISSÃO
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de
agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Questões
1. De acordo com preceito expresso no CP, a relação de causalidade limita-se aos crimes materiais.
2. O nexo causal consiste em mera constatação acerca da existência de relação entre conduta e resultado, tendendo
a sua verificação apenas às leis da física, mais especificamente, da causa e do efeito, razão pela qual a sua aferição
independe de qualquer apreciação jurídica, como a verificação da existência de dolo ou culpa por parte do agente.
3. Considere que Márcia, com intenção homicida, apunhale as costas de Sueli, a qual, conduzida imediatamente ao
hospital, faleça em consequência de infecção hospitalar, durante o tratamento dos ferimentos provocados com o
punhal. Nesse caso, Márcia responderá por tentativa de homicídio.
4. O estudo do nexo causal nos crimes de mera conduta é relevante, uma vez que se observa o elo entre a conduta
humana propulsora do crime e o resultado naturalístico.
5. Como a relação de causalidade constitui elemento do tipo penal no direito brasileiro, foi adotada como regra, no
CP, a teoria da causalidade adequada, também conhecida como teoria da equivalência dos antecedentes causais.
GABARITO: 1C- 2C- 3E- 4E- 5E

ART.14 CRIME CONSUMADO E TENTADO

CRIME CONSUMADO
Art. 14 - Diz-se o crime:
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

TENTATIVA
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.

PENA DE TENTATIVA

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
diminuída de um a dois terços.

Questões
1. A tentativa perfeita ou crime falho é aquela na qual o agente interrompe a atividade executória e não consuma o
crime por circunstâncias alheias à sua vontade.
2. O crime tentado é punido da mesma forma que o crime consumado, pois o que vale é a intenção do agente.
3. É possível a consumação do furto em estabelecimento comercial, ainda que dotado de vigilância realizada por
seguranças ou mediante câmara de vídeo em circuito interno.
4. Se um indivíduo desferir cinco tiros em direção a seu desafeto, com intenção apenas de o lesionar, e, no entanto,
por má pontaria, nenhum projétil atingir a vítima, ocorrerá a denominada tentativa cruenta.
5. Admite-se a tentativa nos crimes:
a) unissubsistentes.
b) culposos.
c) preterdolosos.
d) complexos.
e) omissivos próprios.

GABARITO: 1E – 2E-- 3C- 4C- 5C


ART. 15 - DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
ART. 16 - ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

Questões
1. Conforme previsto no CP, a consequência penal do arrependimento eficaz é a mesma do arrependimento
posterior.
2. Em se tratando do delito de furto, havendo subsequente arrependimento do agente e devolução voluntária da res
substracta antes do oferecimento da denúncia, fica caracterizado o arrependimento eficaz, devendo a pena, nesse
caso, ser reduzida de um a dois terços.
3. A voluntariedade e a espontaneidade da interrupção da execução do crime são requisitos caracterizadores
fundamentais das hipóteses de desistência voluntária.
4. Configura-se a desistência voluntária ainda que não tenha partido espontaneamente do agente a ideia de
abandonar o propósito criminoso, com o resultado de deixar de prosseguir na execução do crime.
GABARITO: 1E-2E-3E-4C

ART. 17 – CRIME IMPOSSÍVEL


Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime.
Questões
1. Configura o crime impossível, quando por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto,
a finalização e consumação do ato típico, antijurídico e culpável é afetada.
2. Configura crime impossível a tentativa de subtrair bens de estabelecimento comercial que tem sistema de
monitoramento eletrônico por câmeras que possibilitam completa observação da movimentação do agente por
agentes de segurança privada.
3. Nos termos da legislação penal vigente há crime impossível quando o agente objetiva praticar determinado crime
e não alcança sua meta por ineficácia absoluta do meio empregado ou impropriedade absoluta do objeto.
4. O Brasil adota, em relação ao crime impossível, a teoria objetiva temperada, segundo a qual os meios empregados
e o objeto do crime devem ser absolutamente inidôneos a produzir o resultado idealizado pelo agente.
GABARITO: 1C-2E-3C-4C

ART. 18 – CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO


ART. 19 – CRIME PRETERDOLOSO

Art. 18 - Diz-se o crime:


CRIME DOLOSO
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
CRIME CULPOSO
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão
quando o pratica dolosamente.
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos
culposamente.
Questões
1. O crime é doloso quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
2. Diz-se que o crime é doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo, e que o crime é
culposo, quando o agente deu causa a resultado previsível por imprudência, negligência ou imperícia. Sobre o
tema, é correto afirmar que o dolo direto de segundo grau também é conhecido como dolo de consequências
necessárias.
3. Caracteriza-se o dolo eventual no caso de um caçador que, confiando em sua habilidade de atirador, dispara
contra a caça, mas atinge um companheiro que se encontra próximo ao animal que ele desejava abater.
4. Ricardo, com o objetivo de matar Maurício, detonou, por mecanismo remoto, uma bomba por ele instalada em
um avião comercial a bordo do qual sabia que Maurício se encontrara, e, devido à explosão, todos os passageiros
a bordo da aeronave morreram. Nessa situação hipotética, Ricardo agiu com dolo direto de primeiro grau no
cometimento do delito contra Maurício e dolo direto de segundo grau no do delito contra todos os demais
passageiros do avião.
GABARITO: 1E- 2C- 3E- 4C

ART. 20 - ERRO SOBRE O ELEMENTO DO TIPO


Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por
crime culposo, se previsto em lei.
DESCRIMINANTES PUTATIVAS
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se
existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
ERRO SOBRE A PESSOA
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Questões
1. O erro do tipo exclui o dolo, tendo em vista que o autor da conduta desconhece ou se engana em relação a um
dos componentes da descrição legal do crime, seja ele descritivo ou normativo.
2. O erro do tipo exclui a culpabilidade do agente pela ausência e impossibilidade de conhecimento da
antijuridicidade do fato que pratica.
3. O erro inescusável sobre elementos do tipo exclui o dolo e a culpa, se essencial.
4. Motorista que, em estacionamento, se apodera de veículo pertencente a terceiro supondo-o seu, em decorrência
de absoluta semelhança entre os automóveis, incide em erro do tipo.
GABARITO: 1C- 2E- 3E- 4C

ART. 21 - ERRO DE PROIBIÇÃO

ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO


Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Questões
1. Depois de haver saído do restaurante onde havia almoçado, Tício, homem de pouco cultivo, percebeu que lá
havia esquecido sua carteira e voltou para recuperá-la, mas não mais a encontrou. Acreditando ter o direito de
fazer justiça pelas próprias mãos, tomou para si objeto pertencente ao dono do referido restaurante, supostamente
de valor igual ao seu prejuízo. Esse fato pode configurar erro de proibição.
2. O erro de proibição é aquele que incide sobre a ilicitude do fato.
3. Alícia, estrangeira, grávida de três meses e proveniente de país que não coíbe o aborto, ingeriu substância
abortiva acreditando não ser proibido fazê-lo no Brasil. Nessa situação, o fato descrito poderá configurar erro de
proibição, ou sobre a ilicitude do fato.
4. O erro inescusável sobre a ilicitude do fato constitui causa de diminuição da pena.
5. A depender das circunstâncias pessoais do autor do crime, o desconhecimento da lei pode ser escusado.

GABARITO: 1C- 2C- 3C- 4C- 5E

Art. 22 – COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA

COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA


Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal,
de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Questões
1. São expressamente previstas no CP duas situações que excluem a culpabilidade, dada a inexigibilidade de
comportamento diverso: a um empregado de banco privado, por exemplo, que tiver praticado condutas
delituosas em estrita e integral obediência às ordens não manifestamente ilegais emanadas de superior
hierárquico poderá beneficiar-se da excludente de culpabilidade por obediência hierárquica.
2. Só é possível a ocorrência da excludente de culpabilidade denominada obediência hierárquica nas estruturas de
direito público, pois o tipo não se refere à subordinação existente nas relações privadas entre patrão e empregado.
3. A coação moral irresistível e a obediência à ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico são causas
de exclusão da culpabilidade.
4. São causas excludentes de culpabilidade, a obediência hierárquica e a coação moral irresistível.
5. A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o crime.
GABARITO: 1E- 2C- 3C- 4C- 5C
ART. 23 - EXCLUDENTES DE ILICITUDE

EXCLUSÃO DE ILICITUDE
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
EXCESSO PUNÍVEL
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou
culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ESTADO DE NECESSIDADE
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou
por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois
terços.
LEGÍTIMA DEFESA
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Questões
1. Não será punível o excesso de legítima defesa se a pessoa usar energia exagerada para repelir uma agressão atual
ou iminente, porque, em tais casos, não se pode exigir do homem médio agir moderadamente quando tomado de
violenta emoção
2. São exemplos de excludentes de ilicitude a coação moral irresistível, a legítima defesa, o estado de necessidade
e o exercício regular de um direito.
3. Diz-se antijurídica e, portanto, punível a título doloso toda conduta contrária ao direito, ainda que praticada na
crença sincera de se estar agindo com amparo em causa excludente de ilicitude.
4. Há excludente de ilicitude em casos de estado de necessidade, legítima defesa, em estrito cumprimento do dever
legal ou no exercício regular do direito.
5. De acordo com o CP, constituem hipóteses de exclusão da antijuridicidade
a) o estrito cumprimento do dever legal e o estado de necessidade.
b) a insignificância da lesão e a inexigibilidade de conduta diversa.
c) a legítima defesa putativa e o estrito cumprimento do dever legal.
d) o estado de necessidade e a coação moral irresistível.
e) o exercício regular de direito e a inexigibilidade de conduta diversa.
GABARITO: 1E- 2E- 3E- 4C- 5A
ART. 26 – IMPUTABILIDADE

INIMPUTÁVEIS
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
REDUÇÃO DE PENA
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
MENORES DE DEZOITO ANOS
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas
na legislação especial.
EMOÇÃO E PAIXÃO
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
EMBRIAGUEZ
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Questões
1. Um dos elementos da culpabilidade, a imputabilidade será excluída no caso de o agente atuar sob o estado de
embriaguez completa
a) intencional.
b) fortuita.
c) culposa.
d) preordenada.
e) voluntária.

2. São excludentes de culpabilidade: inimputabilidade, coação física irresistível e obediência hierárquica de ordem
não manifestamente ilegal.
3. Se ordem não manifestamente ilegal for cumprida por subordinado e resultar em crime, apenas o superior
responderá como autor mediato, ficando o subordinado isento por inexigibilidade de conduta diversa.
4. Emoção e paixão são causas excludentes de culpabilidade.
5. Para a avaliação da imputabilidade penal, o Código Penal brasileiro adota o critério biopsicológico. No que se
refere à imputabilidade penal, julgue o item a seguir. A avaliação da imputabilidade é sempre retroativa.
GABARITO: 1B- 2E- 3C- 4E- 5C
ART. 29 – CONCURSO DE PESSOAS
ART. 30 - ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS
ART. 31 - CASOS DE IMPUNIBILIDADE

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de
sua culpabilidade.
§1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do
crime.
CASOS DE IMPUNIBILIDADE
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
Questões
1. Hugo e Ivo planejaram juntos o furto de uma residência. Sem o conhecimento de Hugo, Ivo levou consigo um
revólver para garantir o sucesso da empreitada criminosa. Enquanto Hugo subtraia os bens do escritório, Ivo foi
surpreendido na sala por um morador e acabou matando-o com um tiro. Nessa situação hipotética, Ivo responderá
por latrocínio, e Hugo, apenas pelo crime de furto.
2. Em relação ao concurso de pessoas, o CP adota a teoria monista, segundo a qual todos os que contribuem para a
prática de uma mesma infração penal cometem um único crime, distinguindo-se, entretanto, os autores do delito
dos partícipes.
3. No concurso de pessoas, a caracterização da coautoria fica condicionada, entre outros requisitos, ao prévio ajuste
entre os agentes e à necessidade da prática de idêntico ato executivo e crime.
4. Considere que Joana, penalmente imputável, tenha determinado a Francisco, também imputável, que desse uma
surra em Maria e que Francisco, por questões pessoais, tenha matado Maria. Nessa situação, Francisco e Joana
deverão responder pela prática do delito de homicídio, podendo Joana beneficiar-se de causa de diminuição de
pena.
GABARITO: 1C- 2C- 3E- 4E

ART. 69-70-71 - CONCURSO DE CRIMES

CONCURSO MATERIAL
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa
de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa,
por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem
compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
CONCURSO FORMAL
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de
um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
CRIME CONTINUADO
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie
e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos
como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à
pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
Questões
1. O concurso formal próprio distingue-se do concurso formal impróprio pelo elemento subjetivo do agente, ou
seja, pela existência ou não de desígnios autônomos.
2. Se uma pessoa com um único disparo de arma de fogo matar duas pessoas, poderá responder por concurso formal
impróprio de crimes.
3. Considere a seguinte situação hipotética. Juca, maior, capaz, na saída de um estádio de futebol, tendo encontrado
diversos desafetos embarcados em um veículo de transporte regular, aproveitou-se da oportunidade e lançou uma
única bomba incendiária contra o automóvel, causando graves lesões em diversas vítimas e a morte de uma delas.
Nesse caso, Juca será apenado com base no concurso formal imperfeito ou impróprio.
4. No caso de concurso material de delitos, quando os crimes forem praticados, mediante mais de uma ação ou
omissão, e resultarem na aplicação cumulativa de penas de reclusão e detenção, o agente deverá cumprir,
primeiramente, a pena de detenção.
GABARITO: 1C- 2C- 3C- 4E
DIREITO ADMINISTRATIVO: THÁLLIUS MORAES

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO
1) PODER HIERÁRQUICO  A característica marcante é o grau de subordinação entre órgãos e agentes sempre
dentro da estrutura da mesma pessoa jurídica.

2) PODER DISCIPLINAR  Aplicação de penalidades à servidores e à particulares que possuam algum vínculo
jurídico com a Administração Pública.

3) PODER DE POLÍCIA  É o poder que possui a Administração de limitar e condicionar a forma pela qual os
particulares irão exercer seus direitos, bens e liberdades, objetivando a proteção do interesse público.

ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA


 Discricionariedade: O poder de polícia em regra é discricionário, pois da margem de liberdade dentro dos
parâmetros legais ao administrador público para agir, contudo, se a lei exigir o poder de polícia pode ser
vinculado.
 Autoexecutoriedade: As ações da Administração pública podem ser tomadas sem a obrigatoriedade de
autorização do poder judiciário, ou seja, a Administração age independentemente de aprovação prévia do poder
judiciário (não está sempre presente).
 Coercibilidade: Esse atributo informa que as determinações da Administração podem ser impostas
coercitivamente ao administrado, ou seja, o particular é obrigado a observar os ditames da administração,
independentemente de sua anuência.

4) PODER REGULAMENTAR  Com base nesse poder a Administração irá editar atos normativos que irão
complementar e regulamentar a lei, de modo a dar fiel execução à mesma. Esses atos não podem inovar no ordenamento
jurídico.

ABUSO DE PODER
Quando determinado ato for praticado com abuso de poder, o mesmo é ilegal, devendo ser, como regra geral, anulado.
Encontramos três modalidades de abuso de poder:
1) Excesso de Poder - ocorre quando o agente atua fora ou além de suas esfera de competências.
2) Desvio de Poder - ocorre quando o agente, embora agindo dentro de sua esfera de competências, pratica o ato com
finalidade diversa do interesse público ou da prevista em lei.
3) Omissão de Poder - ocorre quando o agente público permanece inerte em situações em que possui o dever de agir.

EXERCÍCIOS
1) Em regra, o poder regulamentar é dotado de originariedade e, por conseguinte, cria situações jurídicas
novas, não se restringindo apenas a explicitar ou complementar o sentido de leis já existentes.

2) O fato de a administração pública internamente aplicar uma sanção a um servidor público que tenha
praticado uma infração funcional caracteriza o exercício do poder de polícia administrativo.

3) Por meio do poder regulamentar, a administração pública poderá complementar e alterar a lei a fim de permitir
a sua efetiva aplicação.
4) A coercibilidade, uma característica do poder de polícia, evidencia-se no fato de a administração não
depender da intervenção de outro poder para torná-lo efetivo.

5) O DF não pode delegar o poder de polícia administrativa a pessoas jurídicas de direito privado, a exemplo
das sociedades de economia mista, mesmo que embasado no princípio da eficiência e limitado à competência
para a aplicação de multas.

6) O poder administrativo disciplinar consiste na possibilidade de a administração pública aplicar punições aos
agentes públicos e aos particulares em geral que cometam infrações.

7) O abuso do poder se configura apenas quando a autoridade pratica o ato, embora não possua competência
para tal.

8) Considere que determinado agente público detentor de competência para aplicar a penalidade de suspensão
resolva impor, sem ter atribuição para tanto, a penalidade de demissão, por entender que o fato praticado se
encaixaria em uma das hipóteses de demissão. Nesse caso, a conduta do agente caracterizará abuso de poder, na
modalidade denominada excesso de poder.

9) As sanções impostas pela administração a servidores públicos ou a pessoas que se sujeitem à disciplina interna
da administração derivam do poder disciplinar. Diversamente, as sanções aplicadas a pessoas que não se sujeitem
à disciplina interna da administração decorrem do poder de polícia.

10) O excesso de poder relaciona-se à competência, uma vez que resta configurado quando o agente
público extrapola os limites de sua atuação ou pratica ato que é atributo legal de outra pessoa.

11) O poder disciplinar consiste em distribuir e escalonar as funções, ordenar e rever as atuações e
estabelecer as relações de subordinação entre os órgãos públicos, inclusive seus agentes.

12) Constitui exemplo de poder de polícia a interdição de restaurante pela autoridade administrativa de
vigilância sanitária.

13) A relação entre a administração direta e as entidades que integram a administração indireta pressupõe
a existência do poder hierárquico entre ambas.

14) Situação hipotética: Um secretário municipal removeu determinado assessor em razão de


desentendimentos pessoais motivados por ideologia partidária. Assertiva: Nessa situação, o secretário agiu com
abuso de poder, na modalidade excesso de poder, já que atos de remoção de servidor não podem ter caráter
punitivo.

15) O abuso de poder pelos agentes públicos pode ocorrer tanto nos atos comissivos quanto nos
omissivos.

16) Os atos decorrentes do poder regulamentar têm natureza originária e visam ao preenchimento de
lacunas legais e à complementação da lei.

17) A aplicação de sanção administrativa contra concessionária de serviço público decorre do exercício
do poder disciplinar.
18) Constitui manifestação do poder disciplinar da administração pública a aplicação de sanção a
sociedade empresarial no âmbito de contrato administrativo.

19) O exercício do poder de polícia é delegável a pessoas jurídicas de direito privado.

20) O poder de polícia do Estado pode ser delegado a particulares.

21) Ainda que não lhe seja permitido delegar o poder de polícia a particulares, em determinadas situações,
faculta-se ao Estado a possibilidade de, mediante contrato celebrado, atribuir a pessoas da iniciativa privada o
exercício do poder de polícia fiscalizatório para constatação de infrações administrativas estipuladas pelo próprio
Estado.

22) Caracteriza desvio de finalidade, espécie de abuso de poder, a conduta do agente que, embora dentro
de sua competência, se afasta do interesse público, que deve nortear todo o desempenho administrativo, para
alcançar fim diverso daquele que a lei lhe permitiu.

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