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Onde se pensa o próprio pensamento

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dezembro 2017
5. O Texto e o Conhecimento
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5. O Texto e o Conhecimento
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No começo de Introdução ao Estudo do Texto dissemos que: “o homem pensa e 18 19 20 21 22 23 24
ao pensar adquire consciência de si próprio e do mundo, desenvolve a 25 26 27 28 29 30 31
« nov
memória, a realidade, a sociedade e a cultura, bem como a capacidade de criar
novos signos e, com isso, novas manifestações da linguagem, desenvolvendo
Pesquisar
assim a própria linguagem com a qual faz evoluir a sua inteligência e tudo que
dela decorre”. Dito em outras palavras: o homem, a partir da linguagem, produz
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA
constantemente novas realidades e conhecimentos. Pois bem, em termos
LINGUAGEM
linguísticos, isto é feito a partir de textos, pois não nos comunicamos através de
signos esparsos ou palavras “jogadas ao vento”, mas através de sistemas A. SEMIÓTICA E FILOSOFIA

coesos e coerentes de linguagem ligados a contextos e que representam 1. A Importância da Linguagem

realidades complexas e o modo como elas se formam e se desenvolvem. 2. O que é a Linguagem

3. Saussure – Uma Teoria da


As dissertações, que são textos voltados sobretudo para o conhecimento, Linguagem

surgem basicamente da seguinte forma: os homens observam os fenômenos 4. Saussurre – Enfoque Científico da
Língua
naturais e culturais, criam ou adaptam os conceitos para defini-los, levantam
hipóteses e problemas, elaboram teses e buscam explicações para as mesmas 5. Questões de Semântica:
Sinonímia, Possemía, Homonímia,
e, a partir daí, formam teorias que, publicadas através de textos, servem de
Conotação
base para a análise e para a criação de novos textos. Assim, vão construindo e
6. A Significação, o Texto e o
redimensionando o conhecimento, de tal forma que, nos dias de hoje, é Contexto
praticamente impossível criar novos conhecimentos sem que se parta de teorias 6.1. Significação, Contexto e
antes publicadas e avaliadas (textos), graças à amplitude que o ¨Processo de Comunicação. As
desenvolvimento intelectual humano já alcançou. Funções da Linguagem

7. Variações e Registros Sociais da


Sobre a elaboração e os tipos de textos científicos, usaremos um estudo à parte Língua

a tratar do exercício da dissertação e argumentação. Neste vamos relatar B. ESTUDOS DE GRAMATICA


teoricamente do modo como o conhecimento é construído pelos seres 1. Introdução
humanos. Pascal ide[1], com base no livro da Física de Aristotélico, resumiu em
2. Princípios de Concordância Verbal
4 leis o modo como os homens constroem o conhecimento. Notaremos que o
3. Concordância, Pronomes e
relato de tais leis se dá em paralelo ao desenvolvimento textual, servindo como Conjunções
introdução a este. Vejamos.
4. Concordância e Verbos
Impessoais

5 Concordância Verbal e Expressões


Quantitativas
1ª lei: Proceder do conhecido para o desconhecido. 6. Concordância Verbal e Infinitivo

7. Concordância e Voz Passiva


A inteligência naturalmente apoia-se num conhecimento que ela tem certeza ou, Pronominal
pelo menos, convicção e a partir daí ela elabora novos conhecimentos. 8. Concordância Verbal – Questões
de Concurso Comentadas
Um bom exemplo disto está no surgimento da psicanálise como ciência. 9 . Concordância Verbal – Adendos
Sigmund Freud tomou por base os conhecimentos adquiridos no curso de 10. Concordância Nominal
medicina e de neurologia, considerou então a teoria evolucionista de Darwin e
11. Regência
os métodos de alguns de seus mestres (a linha fisicalista da Fisiologia de 12. Regência (Continuação) Os
Brücke; a hipnose de Charcot etc.) para assim desenvolver um novo método de Verbos
cura de desequilíbrios mentais que se manifestavam inclusive a partir de 13. Regência Nominal
sintomas fisiológicos. Com isso, teve que desenvolver e adaptar novos 14. Regência – Questões de
conceitos, testar hipóteses e elaborar teorias que acabaram formando uma nova Concurso Público
ciência, a psicanálise, que, por sua vez, vem sendo constantemente 15. Crase
redimensionada. Ele partiu, portanto, de teorias conhecidas para o 16. Sintaxe de Colocação – A
desconhecido. Ordenação dos Elementos da Frase

17.Pontuação e Organização do
Este caminho traçado pelo médico e pensador austríaco nos revela, portanto, Período
que só podemos escrever bons textos científicos a partir da leitura e análise de C. METODOLOGIA CIENTÍFICA E
bons livros e com a observância do trabalho dos grandes mestres de um PRODUÇÃO TEXTUAL
determinado ramo científico. Antes mesmo de começar a escrever, temos que 0.1. O que é o Conhecimento –
conhecer quais os conceitos e teorias que estão integrados ao assunto que Resumo

vamos tratar em nossa produção textual. Em suma, bons redatores (e 0.2 As Etapas da Pesquisa Científica

pensadores) se fazem com boa leitura e na companhia de grandes mestres( ​1. Introdução ao Estudo do Texto
grandes leitores). 2 Do Assunto à Tese

3. O Texto e o Parágrafo
Outra consequência desta primeira lei é que, se queremos atingir
4. Argumentação e Raciocínio
satisfatoriamente determinado público com nossos textos, naturalmente
5. O Texto e o Conhecimento
devemos nos certificar que os receptores de nossas mensagens conhecem algo
6. Coesão e Coerência Textual
sobre o tema que iremos tratar, isto é, se estão preparados para adquirir
conhecimento e só então lançar algo novo. Ou seja: devemos partir daquilo que D. ESTUDOS DE TEORIA LITERÁRIA
o nosso interlocutor sabe para algo que ele não sabe. Por isso, inclusive, é GREGÓRIO DE MATOS E A
DUALIDADE
bastante difícil ensinar alguém a escrever textos científicos bons se este alguém
não tem alguma formação científica, boas leituras em determinada área. 1. A Arte no Horizonte da Cultura

2. Literatura e Teoria

E. ETC.

Módulos de Aprendizagem da UniMSB


2ª lei: A Inteligência vai do mais universal ao mais particular.
0.1. O que é o Conhecimento – Resumo

O que é o Conhecimento – Resumo


Como nota Ide[2], esta segunda lei torna mais precisa a primeira lei: o
conhecido é normalmente o mais universal e o desconhecido o mais particular,
RICARDO VIGNA
ou seja, o caminho que percorremos para chegar a um conhecimento vai
primeiro do inteligir de conjuntos mais amplos para chegar a algo mais Home wp.me/P1e2VJ-2N via
específico. Por exemplo: se nosso automóvel para de funcionar em meio a uma @wordpressdotcom 5 years ago

estrada e não temos experiência em mecânica, no mais das vezes abrimos o RT @AndreaCDias: Alô, Anatel!!! Cadê
capô do carro e observamos o motor como um todo para depois verificar a multa na OI pelos péssimos serviços
de telefonia e internet prestados aos
elementos específicos ( se alguma mangueira está solta ou entupida, se alguma
moradores do Alto da Bo ... 6 years ago
correia arrebentada etc.). Pensamos no funcionamento do carro como um todo,
Oi, confira o meu blog sobre Estudos de
para depois buscar problemas específicos de uma ou outra peça. Da mesmo Linguagem e de Gramática!
forma, se vamos a um restaurante a procura de uma pessoa, normalmente o ricardovigna.wordpress.com 6 years ago
nosso olhar se dirige à totalidade do local e depois para aquele tipo de pessoa
específica à qual estamos procurando ( homem ou mulher, cabelos de tal cor
etc.). Análise do Texto
Literário Direito Oficina de
É por esta razão também que, antes de estudar profundamente determinado Interpretação Textual
assunto, buscamos textos introdutórios, que esclareçam as teorias e os Discurso da Crítica
conceitos básicos daquela área de conhecimento. Estudos da Linguagem
Metodologia Científica Modernas
Tendências da Crítica Música e
Literatura Notícias e política
3ª Lei: A Inteligência tem 3 atos Oficina de
Argumentação Oficina de
1º passo da Inteligência: a Intuição ou abstração – perceber um objeto (ser, fato, Interpretação Textual
etc.) no mundo real, “extrair”, “desconstruir” este objeto através da inteligência, Oficina de Textos
ao mesmo tempo, “construí-lo” na mente através das palavras; O que é a Linguagem? O que é
Signo? Recepção do Texto Literário Sem
Intuir é perceber, deduzir ou concluir (algo) por intuição, sem recorrer ao categoria Semiótica e Filosofia
raciocínio; captar algo e representá-lo (pensar) mentalmente.
exemplo, uma flor e atribuímos a ela o nome de rosa.
Vemos, por
Após a intuição,
Teoria Literária
atribuímos à rosa um conceito em que discernimos o que ela tem em comum
com outras espécies e sobre o que ela tem de diferente. Assim, definindo-a,
criamos um conceito de Rosa. O fruto da intuição é o CONCEITO.

2º passo:

O Juízo – afirmar (positiva ou negativamente) algo de verdadeiro ou falso a


respeito do objeto. Nos juízos, relacionamos um conceito a outro e, assim,
criamos problemas.

Ex: As rosas não falam. Por que elas não falam?

As rosas murcham rapidamente após serem cortadas das roseiras. Por quê?

3º passo: O raciocínio – ele verifica se o juízo está de acordo com a


realidade ou não, ou se há vínculos lógicos entre os conceitos. O raciocínio é o
esclarecimento da obscuridade do juízo e a solução do problema. O fruto do
raciocínio é a VERDADE ou a FALSIDADE da relação entre dois ou mais
conceitos e de acordo com um determinado contexto científico ou cultural.

Raciocínio: as rosas não falam porque não possuírem um aparelho fonador por
não possuírem inteligência, por isso o juízo acima citado é verdadeiro.

Através de um tipo de raciocínio chegamos a conclusão que as rosas não falam.

O raciocínio dedutivo é aquele que busca estabelecer a causa pela qual um


fenômeno acontece ou não no que diz respeito a determinado ramo da ciência.
No caso do raciocínio acima, foi no contexto científico da Fisiologia, ramo da
biologia e da medina, estudo das funções e do funcionamento normal dos seres
vivos, esp. dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos,
órgãos e sistemas dos seres vivos sadios, que estabelecemos uma verdade que
pode ser verificada na realidade.

Observação importante: os conceitos servem para definir os fenômenos, isto é,


captar os elementos da realidade e nomeá-los especificamente, mas o
pensamento não evolui a partir de conceitos isolados e sim quando
relacionamos dois ou mais conceitos. O juízo é o ato central da inteligência, é
ali que a inteligência funciona com vigor, pois busca relacionar entre muitos
apenas dois elementos da realidade e os inter-relaciona. Com o juízo a mente
tenta estabelecer uma verdade ou falsidade e então apela para a razão e passa
a decidir pela validade das afirmações e pela solução dos problemas. Nisto, o
raciocínio vai servir para confirmar a validade do juízo.

Pascal Ide[3], com base nisso, resume assim as três operações da inteligência
para que ela construa o conhecimento em textos:

Os Instrumentos da Razão

1ª Operação: A Definição – laranja é o fruto da laranjeira (designação comum a


diversas plantas do gênero Citrus, da fam. das rutáceas).

Questões primordiais do conhecimento: O Que é isso?

Assim, nos textos definimos o que são os fenômenos e de que forma eles se
estruturam. É certo que, quando cremos que os nossos interlocutores já
conhecem o assunto e dominam os conceitos de uma ciência, então não há
necessidade de definir o que são os elementos a serem tratados.
2ª Operação: A enunciação

Enunciar é unir ou separar dois conceitos e elaborar problemas

A laranja é benéfica à saúde (?)

3ª Operação: A Demonstração ( A Argumentação)

Demonstrar = A razão resolve o problema e determina a causa da união dos


2 conceitos. A laranja é rica em vitamina C, nutriente que aumenta a
capacidade imunológica do corpo.

Em termos gramaticais, com a palavra fazemos a definição, com a frase


fazemos a enunciação e com o parágrafo fazemos a argumentação.

Note que estas três oper

Observações:

1) Note que estas operações da inteligência servem tanto para redigir quanto
para interpretar textos científicos. Na interpretação, por exemplo, diante do
texto, devemos nos perguntar: 1) quais os conceitos que ele está relacionando?
Estes conceitos estão de acordo com qual teoria científica? 2)Que juízo ele
está formando? Enfim que problema ele levanta?; 3) O texto consegue provar
que o juízo é válido? Ele resolve o problema a que se propõe? O seu raciocínio
é válido em relação à ciência em que ele se situa e em relação à realidade?

2) Vale esclarecer que: a Inteligência é uma faculdade dos seres humanos,


uma capacidade inata do homem. Ela se divide em dois momentos na busca do
conhecimento:

1) Inteligência Operacional: realiza as Intuições e os Juízos (percebe e cria


conceitos ; elabora problemas);

2) Razão : raciocínio= ir de um objeto inteligido a outro a fim de estabelecer


a verdade (levanta hipótese e resolve os problemas).

Em resumo, produzimos textos científicos ao observar alguma realidade ou ao


analisar algum contexto científico (ambos demarcados pela nossa inteligência);
usamos assim a Intuição para o estabelecimento de conceitos (com base em
alguma ciência e em contexto determinado); e então enunciamos juízos ou
problemas dos quais queremos tratar. A partir daí , ao iniciar os texto, citamos
os conceitos e os esclarecemos se necessário, ou mesmo enunciamos, logo de
início, o juízo. Segue-se que, usando a razão, relatamos a solução dos
problemas, usando argumentos elaborados a partir do raciocínio (veremos em
breve quais os tipos de raciocínio). A dissertação, portanto, serve para explicar
o que é um fenômeno ou para formular um juízo e levantar um problema e para
resolvê-lo enumerando argumentos.

Nos meios acadêmicos atuais, no mais das vezes, os textos científicos não
descrevem puramente as pesquisas de campo, eles partem de teorias já
estabelecidas por pesquisadores, ou seja, o conhecimento vem através de
textos (ou de mestres) que, analisados e verificados os seus conceitos e
raciocínios, servem de base para a construção de outros textos e novos
conhecimentos. Só depois de elaborados teoricamente os projetos de pesquisa
é que se parte para a pesquisa de campo ou diretamente para a redação do
texto.
4ª lei: Tal inteligência, tal é o método.

A inteligência adapta seu método ao objeto que estuda. Ex.: a matemática é um


método de mensurar elementos da realidade. Este método não serve para
obter todos os tipos de conhecimento. Assim, afirmar que a distância entre um
bairro e o centro da cidade é igual a 38 Km é válido para tomar ciência
matemática da distância. Se queremos, porém, conhecer a realidade das
pessoas que percorrem tal distância em um ônibus lotado, devemos usar outro
método. Se queremos implantar uma empresa que pense no bem-estar de
quem usa tal transporte é preciso usar vários métodos. Cada situação,
portanto, deve ser analisada por diferentes métodos e dependem dos resultados
que queremos obter.

Bibliografia

ARISTÓTELES. Órganon. Trad. de P. GOMES. Lisboa: Guimarães Editores,


1987. 174p. VOL. III. pp. 10-253: Analíticos anteriores

HOUAISS, Antônio. DicionárioEletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. São


Paulo, Objetiva, 2001

IDE, Pascal. A Arte de Pensar. São Paulo: Martins Fontes, 2000

[1] Ide (2000, p. 1 a 20).

[2] Idem (p. 5)

[3] Idem ( p. 14)


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