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Anexo G

ANEXO G
MAIS-VALIAS E OUTROS INCREMENTOS PATRIMONIAIS
CATEGORIA G

Este anexo não é individual, pelo que deverá incluir as mais-valias e outros incrementos
patrimoniais auferidos, em território português, por todos os membros do agregado familiar,
tal como são definidos nos artigos 9.º e 10.º do Código do IRS, e deve ser apresentado
pelos sujeitos passivos nos prazos e locais previstos para a apresentação da declaração
de rendimentos modelo 3 do IRS, da qual faz parte integrante.

As mais-valias não sujeitas a imposto relativas à alienação de direitos reais sobre bens
imóveis (art.º 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88) não devem ser declaradas neste anexo G,
mas sim no anexo G1.

Relativamente ao ano de 2014, e de acordo com o prescrito no artigo 9.º do Código do


IRS, constituem incrementos patrimoniais, desde que não considerados rendimentos
de outras categorias:
- As mais-valias, tal como são definidas no artigo seguinte;
- As indemnizações que visem a reparação de danos não patrimoniais, excetuadas
as fixadas por decisão judicial ou arbitral ou resultantes de acordo homologado
judicialmente, de danos emergentes não comprovados e de lucros cessantes,
considerando-se neste último caso como tais apenas as que se destinem a ressarciar
os benefícios líquidos deixados de obter em consequência de lesão;
- Importâncias auferidas em virtude da assunção de obrigações de não concorrência,
independentemente da respetiva fonte ou título;
- Acréscimos patrimoniais não justificados, determinados nos termos dos artigos 87.º,
88.º ou 89.º-A da Lei Geral Tributária.
Tenha-se em conta que, segundo o disposto no artigo 42.º do Código do IRS, e sem prejuízo
do disposto relativamente às mais-valias, não são feitas quaisquer deduções relativamente
aos restantes rendimentos qualificados como incrementos patrimoniais.

QUADROS 1, 2 e 3

1 Categoria G 2 Ano dos rendimentos Reservado à leitura óptica

MAIS-VALIAS
E OUTROS 01 |2_|__|__|__|
MODELO 3 INCREMENTOS
Anexo G PATRIMONIAIS

3 Identificação do(s) sujeito(s) passivo(s)


Sujeito passivo A NIF 02 |__|__|__|__|__|__|__|__|__| Sujeito passivo B NIF 03 |__|__|__|__|__|__|__|__|__|

No quadro 3, a identificação dos sujeitos passivos (campos 02 e 03) deve respeitar à


posição assumida para cada um no quadro 3A da declaração de rendimentos modelo 3.

318 IRS 2014


Anexo G

QUADRO 4

4 Alienação Onerosa de Direitos Reais sobre Bens Imóveis - artigo 10.º, n.º 1, alínea a) do CIRS
Realização Aquisição Despesas e
Titular encargos
Ano Mês Valor Ano Mês Valor
401 | | | | | . . , | | | | | . . , . . ,
402 | | | | | . . , | | | | | . . , . . ,
403 | | | | | . . , | | | | | . . , . . ,
404 | | | | | . . , | | | | | . . , . . ,
405 | | | | | . . , | | | | | . . , . . ,
406 | | | | | . . , | | | | | . . , . . ,
407 | | | | | . . , | | | | | . . , . . ,
Soma . . , . . , . . ,
Identificação Matricial dos Bens Quota-Parte
%
Campos Freguesia (código) Tipo Artigo Fração / Secção
Campo 401 | | | | | | | | | | | | | | |
Campo 402 | | | | | | | | | | | | | | |
Campo 403 | | | | | | | | | | | | | | |
Campo 404 | | | | | | | | | | | | | | |
Campo 405 | | | | | | | | | | | | | | |
Campo 406 | | | | | | | | | | | | | | |
Campo 407 | | | | | | | | | | | | | | |

A alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS, para além da afetação de quaisquer
bens do património particular à atividade empresarial e profissional exercida em nome
individual do seu proprietário, compreende todos os ganhos obtidos através da alienação
onerosa dos seguintes direitos reais sobre bens imóveis (ainda que se trate de direitos
reais menores):

- direito de propriedade (previsto nos art.ºs 1302.º a 1438.º do Código Civil);


- direito de usufruto (previsto nos art.ºs 1439.º a 1483.º do Código Civil);
- direito de superfície (previsto nos art.ºs 1529.º a 1542.º do Código Civil); e
- direito real de habitação periódica (cujo regime jurídico se encontra consagrado no Decreto-
Lei n.º 275/93, de 5/8, com as alterações introduzidas por diversos diplomas posteriores).

Assim, a alienação onerosa de qualquer uma destas figuras, quando não considerados
rendimentos empresariais e profissionais, deve constar do Quadro 4 do anexo G da
declaração de rendimentos modelo 3 do IRS, salvo se não estiverem sujeitos a IRS por
força do disposto no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30/11, caso em que serão
de levar ao anexo G1.

Lembramos que neste Quadro 4 do anexo G passa agora a ser discriminada unicamente
a alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis, prevista na alínea a) do n.º 1 do
artigo 10.º do Código do IRS.

IRS 2014 319


Anexo G

Quando esteja em causa a afetação de bens móveis ou imóveis à atividade empresarial


e profissional exercida em nome individual pelo sujeito passivo seu proprietário, também
prevista na mesma norma, deve ser feita a respetiva indicação no Quadro 4B.

Dito isto, e para salientarmos algumas notas que pretendemos acrescentar, insistimos em
dizer que este Quadro 4 se destina a declarar a alienação onerosa de direitos reais
sobre bens imóveis (direito de propriedade, e direitos reais menores, como o de usufruto,
de superfície, de uso e habitação, incluindo o direito real de habitação periódica).

Em relação aos rendimentos obtidos com a alienação onerosa de direitos reais menores
(usufruto, direito de superfície, e direito real de habitação periódica) há que considerar o
seguinte:

a) Quando se trate de rendimentos que resultam da sua constituição por tempo


determinado (ainda que vitalício), os mesmos são havidos como rendas, e como tal
integrados na categoria F, devendo ser declarados no quadro 4 do anexo F [cfr. alínea
f) do n.º 2 do art.º 8.º do CIRS];

b) Nos restantes casos os rendimentos obtidos com a alienação onerosa daqueles direitos
são qualificados como mais-valias tributadas na categoria G, e por isso devem ser
declarados no anexo G [cfr. alínea a) do n.º 1 do art.º 10.º do CIRS].

O usufruto é um direito real menor (ou direito real limitado) que não é transmissível "mortis
causa" porque não pode exceder a vida do usufrutuário (cfr. art.º 1443.º do Código Civil). É
no entanto alienável "inter vivos" (cfr. art.º 1444.º, n.º 1 do Código Civil) mas extingue-se
quando o transmitente falecer (cfr. A. Santos Justo, em "Direitos Reais", Coimbra Editora,
edição de 2007, pág. 30).

Tal como já antes se disse, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-Lei
n.º 442-A/88, de 30/11, os ganhos que não eram sujeitos ao imposto de mais-valias,
criado pelo Código aprovado pelo Decreto-Lei n.º 46 673, de 9 de junho de 1965, bem
como os derivados da alienação a título oneroso de prédios rústicos afetos ao exercício
de uma atividade agrícola ou da afetação destes a uma atividade comercial ou industrial,
exercida pelo respetivo proprietário, só ficam sujeitos a IRS se a aquisição dos bens ou
direitos a que respeitam tiver sido efetuada depois da entrada em vigor do Código do IRS
(01/01/1989).

Na coluna TITULAR deve ser identificado o titular ou titulares do direito, com a utilização
dos códigos abaixo definidos conforme se exemplifica:

A = Sujeito Passivo A (incluindo os casos de compropriedade dos dois cônjuges no


ano do óbito de um deles)
B = Sujeito Passivo B
C = Se o bem alienado pertencer em comum aos sujeitos passivos A e B.

Os dependentes devem ser identificados conforme a seguir se exemplifica, tendo


em conta a posição assumida para cada um nos quadros 3B ou 3C da declaração
modelo 3 de IRS (rosto).

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Anexo G

D1 = Dependente não deficiente DD1 = Dependente deficiente


D2 = Dependente não deficiente DD2 = Dependente deficiente

F = Falecido (no ano do óbito, caso exista sociedade conjugal, havendo rendimentos
auferidos em vida pelo falecido, deve o titular desses rendimentos ser identificado
com a letra "F", cujo número de identificação fiscal deve constar no quadro
7A do rosto da declaração de rendimentos modelo 3).

Na coluna REALIZAÇÃO deve ter-se em conta que a data de realização é a do ato ou


contrato de alienação, tendo a mesma natureza, para este efeito, o contrato-promessa de
compra e venda com tradição do imóvel. No caso da afetação prevista na alínea a) do n.º
1 do artigo 10.º do Código do IRS, a declaração deve ser efetuada no ano em que ocorrer
a alienação onerosa dos bens em causa ou outro facto que determine o apuramento de
resultados em considerações análogas.

Na determinação do valor de realização, sempre que os valores por que os bens imóveis
houverem sido considerados para efeitos de liquidação do Imposto Municipal sobre as
Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT), ou devessem ser considerados no caso de não
haver lugar a liquidação, forem superiores aos valores declarados de venda, consideram-
-se aqueles como os valores de realização para efeitos de tributação (cfr. n.º 2 do art.º 44.º
do CIRS). Este caso pode implicar a alteração de rendimentos já declarados, devendo,
para esse efeito, os sujeitos passivos apresentar a respetiva declaração nos termos do
n.º 2 do artigo 60.º do Código do IRS.

O que se considera valor de realização para a determinação dos ganhos sujeitos a IRS,
encontra-se vertido no artigo 44.º do CIRS.

Na coluna AQUISIÇÃO deve ter-se em conta que a data de aquisição corresponde àquela
em que foi realizado o ato ou contrato de aquisição. O valor de aquisição é determinado
de harmonia com as regras previstas nos artigos 45.º a 47.º do Código do IRS.

Na coluna DESPESAS E ENCARGOS são inscritos os encargos com a valorização dos


bens comprovadamente realizados nos últimos cinco anos e as despesas necessárias
e efetivamente praticadas, inerentes à aquisição e à alienação do bem transmitido (cfr.
art.º 51.º do Código do IRS).

A liquidação automática do imposto, efetuada pelos Serviços Centrais da


Administração Tributária, assegura a consideração de apenas 50% do saldo entre
as mais-valias e as menos-valias realizadas respeitantes a transmissões efetuadas por
residentes em território nacional, nos termos do n.º 2 do artigo 43.º do Código do IRS, bem
como a aplicação do coeficiente de correção monetária ao valor de aquisição. Assim,
todos os valores devem ser inscritos no quadro 4 do anexo G pela totalidade, dentro
das regras anteriormente referidas.

IRS 2014 321


Anexo G

Na IDENTIFICAÇÃO MATRICIAL, dos bens alienados, que se efetuará em correspondência


com os respetivos campos, deve ter-se em atenção as seguintes regras de preenchimento:

- A identificação da freguesia deve ser efetuada através da inscrição do respetivo


código, composto por seis dígitos.

Este código consta dos Documentos de Cobrança do Imposto Municipal sobre


Imóveis (IMI), podendo também ser obtido em qualquer Serviço de Finanças ou
através da Internet, na consulta à identificação do património, para a qual terá
que se dispor de senha pessoal de acesso à consulta de qualquer informação
tributária, podendo a mesma ser solicitada no endereço www.portaldasfinancas.
gov.pt;

- A identificação do tipo de prédio deverá efetuar-se através da inscrição das


seguintes letras:

U - urbano
R - rústico
O - omisso

- A identificação do artigo deve efetuar-se através da inscrição do respetivo número,


devendo ter-se em atenção que a aposição dos algarismos, caso a declaração seja
entregue em suporte papel, se deve efetuar da esquerda para a direita, de modo
que, existindo casas vazias, estas estejam colocadas sempre à direita do número
inscrito. Se a declaração for enviada pela Internet, esta regra não tem aplicação;

- Também a coluna destinada à identificação da fração/secção se deverá ter em


atenção que a aposição das letras e números (alfanuméricos), que identificam a
fração ou secção, deve efetuar-se da esquerda para a direita, de modo que, existindo
casas vazias, estas fiquem situadas sempre à direita dos carateres inscritos, exceto
no envio pela Internet, em que esta regra não tem aplicação;

Exemplo:

4 Rendimentos englobados
Identificação Matricial dos Bens Quota-
Freguesia Parte
Campos Tipo Artigo Fração / Secção
(código) %
401 0|4|0|8|1|0 R 1|5|5| | | G| | | | | | 100
402 0|4|0|8|1|0 U 3|8|5|0| | M| | | | | | 100

- Na coluna (Quota-parte) destinada à indicação da contitularidade (art.º 19.º do


CIRS) será indicada a quota-parte (percentagem) que, na propriedade, pertence ao
titular dos rendimentos.

Segundo o disposto em tal normativo, «os rendimentos que pertençam em comum a


várias pessoas são imputados a estas na proporção das respetivas quotas, que se
presumem iguais quando indeterminadas».

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Anexo G

Alienação onerosa de bens imóveis integrados em massa insolvente


(enquadramento)

1 - Tendo em consideração o estabelecido nos artigos 1.º e 2.º, n.º 1, alínea a)


do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), o processo
de insolvência é um processo de execução universal que tem como finalidade
a liquidação do património de um devedor insolvente e, designadamente, a
repartição do produto obtido pelos credores, podendo ser objeto de tal processo
quaisquer pessoas singulares ou coletivas.

2 - De acordo com o conceito dado pelo artigo 46.º, n.º 1, do acima citado
diploma legal, a massa insolvente destina-se à satisfação dos credores da
insolvência, depois de pagas as suas próprias dívidas, e, salvo disposição
em contrário, abrange todo o património do devedor à data da declaração de
insolvência, bem como os bens e direitos que ele adquira na pendência do
processo, competindo, todavia, os poderes de administração e de disposição
dos respetivos bens integrantes ao administrador da insolvência.

3 - Procedendo o administrador da insolvência, na qualidade de fiel depositário


dos bens do devedor, como representante da massa insolvente, e não em
nome próprio, à alienação onerosa de bens imóveis na mesma integrados, não
poderá tal situação ser confundida com as mais-valias realizadas por efeito das
figuras jurídicas da dação em cumprimento de bens do devedor (realização de
uma prestação, diferente da que é devida, com o fim de extinguir imediatamente
a obrigação) e da cessão de bens aos credores (em que o devedor encarrega
os credores de liquidar o seu património ou parte dele e de repartirem entre si
o respetivo produto para satisfação dos seus créditos) a que, expressamente,
se refere o artigo 268.º, n.º 1, do CIRE.

4 - Do que decorre que, não se aplicando a tais casos, o acima referido artigo
268.º, n.º 1, do CIRE, se deva, de facto, considerar que a alienação onerosa
de bens imóveis integrados na massa insolvente, desde que não geradora
de rendimentos empresariais e profissionais, de capitais ou prediais,
constitui uma mais-valia prevista no artigo 10.º, n.º 1, alínea a), do Código do
IRS, a sujeitar a tributação com base nas disposições legais, expressamente,
estabelecidas para o efeito.
(Informação vinculativa, Proc. 5957/2010, com despacho concordante da Senhora Subdiretora-
Geral de 01/10/2010)

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (adquiridos por


doação com reserva de usufruto em datas distintas)

1 - Em exposição dirigida ao Exm.º Senhor Diretor-Geral, vem F ... solicitar


um pedido de informação vinculativa, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral
Tributária, no âmbito das mais-valias, mencionando para o efeito a situação
que infra se expõe:

- Por escritura de doação celebrada em 28 de novembro de 1974, com reserva

IRS 2014 323


Anexo G

de usufruto vitalício a favor dos doadores, seus pais, adquiriu um prédio


misto denominado "Quinta de Vilar".

- Em 19 de novembro de 1981 faleceu seu pai, donatário, extinguindo-se


assim 1/2 do usufruto do referido prédio;

- Em 28 de fevereiro de 1990 faleceu sua mãe, donatária, pelo que se extinguiu


a outra metade do usufruto, consolidando-se assim a propriedade plena.

Ora, atenta a data de aquisição da nua-propriedade do referido prédio, solicita


que seja esclarecido se os ganhos obtidos com a sua alienação estão ou
não sujeitos a tributação de IRS, nomeadamente, mais-valias, considerando
o regime transitório da categoria G, consagrado no artigo 5.º do Decreto-Lei
n.º 442-A/88, de 30/11.

Expostos os factos, cumpre informar:

2 - Caberá em primeiro lugar, ressalvar o caráter não vinculativo da presente


informação, por falta de elementos confirmativos dos factos descritos no
presente processo.

3 - Ora, considerando o entendimento desta Direção de Serviços, haverá, no


caso, de atender às datas de aquisição de cada um dos direitos reais menores:
a nua-propriedade que foi um direito adquirido em 1974, logo, terá que se
considerar como adquirido em data anterior à da entrada em vigor do Código
do IRS (CIRS), e o usufruto que foi adquirido em duas datas distintas, isto é,
1/2 do usufruto em 1981, e a outra 1/2 em 1990, por conseguinte, uma parte
foi adquirida antes de 01/01/1989, e a outra, em plena vigência do CIRS.

4 - Nesta conformidade, e de acordo com o disposto no artigo 10.º, n.º 1,


alínea a) do CIRS, constituem mais-valias os ganhos obtidos que, não sendo
considerados rendimentos empresariais e profissionais, de capitais ou prediais,
designadamente, da alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis.

5 - Porém, por força do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30 de


novembro, os ganhos que não eram sujeitos ao imposto de mais-valias, criado
pelo Decreto-Lei n.º 46 673, de 9 de junho de 1965, só ficam sujeitos ao IRS
se a aquisição dos bens ou direitos a que respeitam tiver sido efetuada depois
da entrada em vigor deste Código.

6 - Ora, o n.º 1 do artigo 1.º do Código das Mais-Valias previa apenas a


tributação dos ganhos realizados com a transmissão onerosa de terrenos
para construção, qualquer que fosse o título que se operasse, sendo havidos
como tal os situados em zonas urbanizadas ou compreendidos em planos de
urbanização já aprovados e os assim declarados.

7 - Partindo do pressuposto de que estamos perante ganhos que advêm


da alienação de um prédio misto, adquirido gratuitamente em momentos

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Anexo G

diferentes, em 1974 a nua-propriedade; em 1981 1/2 do usufruto (por óbito


do pai) e em 1990 a outra 1/2 do usufruto (por óbito da mãe), a confirmar-se
que não se tratou da alienação de terrenos para construção, verificar-se-á
que só o ganho imputável à alienação da 1/2 do usufruto (adquirido em
1990) está sujeito a tributação de mais-valias, por ter sido adquirido após a
entrada em vigor do Código do IRS, ficando o ganho obtido com a alienação
da nua-propriedade, bem como da outra 1/2 do usufruto adquirido em 1981
excluído de tributação.

8 - Assim sendo, terá que se considerar para apuramento da mais-valia o valor


da nua-propriedade e 1/2 do valor do usufruto, mas porque o CIRS é omisso
no que se refere à determinação dos valores a atribuir a direitos reais menores,
por força da alínea b) do artigo 2.º da Lei Geral Tributária, aplica-se o critério
previsto nas regras 4ª e 5ª do artigo 31.º do Código da Sisa e do Imposto sobre
as Sucessões e Doações.

9 - Quanto ao ganho sujeito a tributação é o mesmo constituído, ao abrigo da


alínea a) do n.º 4 do mesmo artigo, pela diferença entre o valor de realização
e o valor de aquisição, procedendo a Administração Tributária à correção
monetária sempre que entre aqueles dois eventos haja decorrido mais de 24
meses, mediante aplicação de coeficientes aprovados e constantes de portaria
do Ministro das Finanças, nos termos do artigo 50.º do CIRS.

10 - Ao valor da aquisição acrescem ainda, de harmonia com o estipulado na


alínea a), do artigo 51.º do mesmo Código, os encargos com a valorização
dos bens, comprovadamente realizadas nos últimos 5 anos, e as despesas
necessárias e efetivamente praticadas, inerentes à aquisição e alienação.

11 - Contudo, a mais-valia encontrada apenas é considerada em 50% do seu


valor, por força do n.º 2 do artigo 43.º do CIRS.

12 - A entender-se de conformidade, deverá, além de ser dado conhecimento


ao interessado, remeter-se, para os devidos efeitos, cópia da presente
informação à Direção de Finanças de Braga.
(Informação nº 1926/03, de 20/10/2003, sancionada por despacho, de 09/01/2004, do Senhor
Subdiretor-Geral, António Luís Esteves Gil)

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (forma de imputar


o valor de realização, quando a nua-propriedade e o usufruto foram adquiridos
em datas distintas)

Em janeiro de 1985, "A" adquiriu a "B", a título oneroso, a raiz ou nua-propriedade


de um prédio rústico, ficando "B" como usufrutuário enquanto viver.

Em março de 2004, "B" vendeu a "A" o usufruto do prédio em causa, dando-se


assim a consolidação da propriedade plena.

IRS 2014 325


Anexo G

Em maio do ano findo, "A" vendeu o referido prédio em propriedade plena.

A alienação onerosa que "A" fez, beneficia, na totalidade ou em parte, da não


tributação das mais-valias geradas, prevista no n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-
Lei n.º 442-A/88, de 30/11?

De acordo com o disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do


IRS, os rendimentos obtidos com a alienação onerosa de direitos reais sobre
bens imóveis encontram-se sujeitos a tributação em sede de IRS, por fazerem
parte dos rendimentos da categoria G (mais-valias) quando não considerados
rendimentos empresariais e profissionais, de capitais ou prediais, salvo se
aos mesmos for aplicável a exclusão prevista no n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-
Lei n.º 442-A/88, de 30 de novembro, onde se diz que «os ganhos que não
eram sujeitos ao imposto de mais-valias, criado pelo Código aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 46 373, de 9 de junho de 1965, ... só ficam sujeitos a IRS se a
aquisição dos bens ou direitos a que respeitam tiver sido efetuada depois da
entrada em vigor deste Código».

Ora, no caso exposto, verifica-se que se trata da alienação de um prédio em


que o alienante adquiriu, em janeiro de 1985, a título oneroso, a raiz ou nua-
propriedade (um direito real menor), e o usufruto (igualmente um direito
real menor) em março de 2004, ou seja, em datas diferentes para efeitos de
tributação em sede de IRS.

Assim sendo, o valor de realização terá que ser imputado a cada uma
daquelas figuras através de uma proporção em que se faz a imputação do
mesmo segundo as respetivas quotas-partes obtidas através de uma regra
de três simples, tendo como ponto de partida, o valor que servir de base à
liquidação da Sisa (ou do IMT, ou mesmo do Imposto do Selo caso a aquisição
tivesse sido a título gratuito) relativo à aquisição da nua-propriedade e do
usufruto.

No caso concreto, os valores obtidos desta proporção terão então tratamento


diferente em sede de tributação em IRS, ou seja, ao valor de alienação
correspondente à raiz ou nua-propriedade (cuja aquisição ocorreu antes da
entrada em vigor do CIRS) será aplicável o regime transitório (não sujeição)
previsto no n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30 de novembro,
enquanto que ao valor de alienação correspondente ao usufruto (cuja
aquisição ocorreu na vigência do CIRS) será tributado por se lhe aplicar a
alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS.

Por último, e quanto ao preenchimento dos respetivos anexos, diremos que


os valores (aquisição e de realização) imputados ao usufruto deverão constar
do anexo G enquanto que aos valores imputados à raiz ou nua-propriedade
deverão constar do anexo G1.

Exemplificando:
Partindo do princípio que a nua-propriedade custou 70, que o usufruto custou

326 IRS 2014


Anexo G

30 e que o valor da alienação da propriedade plena foi de 120, teríamos:

100 (70 + 30) .............. 120


70 ................. X
X = 70 x 120 : 100 = 84 valor da alienação a imputar à raiz ou nua-propriedade,
não sujeito a IRS, a levar ao anexo G1.

100 (70 + 30) .............. 120


30 ................. X
X = 30 x 120 : 100 = 36 valor da alienação a imputar ao usufruto, sujeito a
IRS. A levar ao anexo G.

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (ganho sujeito a


IRS)

No caso previsto na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS, o ganho


sujeito a IRS é constituído pela diferença entre o valor de realização e o
valor de aquisição [cfr. alínea a) do n.º 4 do art.º 10.º do CIRS].

Para o efeito, considera-se valor de realização o valor que os bens houverem


sido considerados para efeitos de liquidação de Imposto Municipal sobre as
Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT), e por valor de aquisição, caso o
imóvel tenha sido adquirido a título oneroso, o que tiver servido para efeitos
liquidação de IMT, ou, no caso dos bens terem sido adquiridos a título gratuito,
o valor que serviu de base à liquidação do Imposto do Selo.

Caso o imóvel alienado tenha sido construído pelo próprio sujeito passivo,
o valor de aquisição corresponde ao valor patrimonial inscrito na matriz
ou ao valor do terreno, acrescido dos custos de construção devidamente
comprovados, se superior àquele (cfr. art.ºs 44.º, 45.º e 46.º do CIRS).

De harmonia com o disposto no n.º 2 do artigo 43.º do Código do IRS, o saldo


positivo ou negativo apurado entre as mais-valias e as menos-valias respeitante
às transmissões efetuadas por residentes em território nacional, previstas nas
alíneas a), c) e d) do n.º 1 do artigo 10.º, será considerado apenas por 50% do
seu valor.

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (herança indivisa)

Certo casal, em que vigorava o regime de comunhão geral de bens, após a sua
morte deixou apenas como herança um prédio urbano. Ele (pai), que faleceu
em 15 de julho de 2001, tinha 3 filhos. Ela (mãe), que faleceu em 27 de agosto
de 2006, tinha 4 filhos (três filhos do marido falecido em 15/07/2001 e um outro
que teve antes do casamento).

IRS 2014 327


Anexo G

No ano em curso, e ainda com a herança indivisa (quer pela morte do pai quer
pela morte da mãe), os herdeiros venderam o prédio em causa.

Como deve cada um preencher o anexo G?

A figura da herança indivisa é considerada, para efeitos de IRS, uma situação


de compropriedade entre várias pessoas singulares.

Para melhor compreensão da situação exposta apresenta-se o seguinte


quadro, designando a mãe pela letra A, e os 3 filhos do casal pelas letras B,
C e D.

Percentagem que cada um dos interessados recebeu por morte do pai,


falecido em julho de 2001
A A B C D
(meação) (herdeira) (herdeiro) (herdeiro) (herdeiro)
50% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5%

Nesta altura, o prédio ficou a pertencer:


À viúva, representada pela letra A 62,5% (50% + 12,5)
Ao filho representado pela letra B 12,5%
Ao filho representado pela letra C 12,5%
Ao filho representado pela letra D 12,5%
Total ............................................. 100%

Percentagem que cada um dos interessados recebeu por morte da mãe,


falecida em agosto de 2006, dos 62,5% que ela possuía

B C D E
15,625% 15,625% 15,625% 15,625%

Como se vê do quadro apresentado, a parte da viúva foi dividida pelos seus 4


filhos, agora representados pelas letras B, C, D e E, em que:

B recebeu 15,625%
C recebeu 15,625%
D recebeu 15,625%
E recebeu 15,625%
Total ........ 62,5%

Após o falecimento dos dois cônjuges, no prédio em causa, cada um dos


herdeiros passou a ser titular da percentagem a seguir indicada, parte esta
que cada um vendeu:
Herdeiro B 28,125% (12,5% + 15,625%)

328 IRS 2014


Anexo G

Herdeiro C 28,125% (12,5% + 15,625%)


Herdeiro D 28,125% (12,5% + 15,625%)
Herdeiro E 15,625%
Total ........ 100%

Logo, os herdeiros B, C e D devem cada um preencher o anexo G indicando


que adquiriram 12,5% do prédio em 2001 e 15,625 % em 2006. Por sua vez,
o herdeiro E, deve preencher o anexo G indicando que adquiriu a sua parte
(15,625%) em 2006.

A discriminação (no anexo G) dos anos de aquisição é necessária devido à


aplicação do respetivo coeficiente de correção monetária a aplicar nos termos
do artigo 50.º do Código do IRS.

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (nua-propriedade


e usufruto)

Nos termos do artigo 10.º, n.º 1, alínea a), do Código do IRS (CIRS), constituem
mais-valias os ganhos obtidos que, não sendo considerados rendimentos
empresariais e profissionais, de capitais ou prediais, resultem da alienação
onerosa, designadamente de direitos reais sobre bens imóveis.

Para este efeito releva também a alienação de direitos reais menores, como
sejam, a nua-propriedade e o usufruto.

Dado que estes, por princípio, são adquiridos em datas distintas, deve aferir-
-se antes de mais, da percentagem imputável a cada um desses direitos (v.g.
art.º 13.º do Código do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de
Imóveis), bem assim como das respetivas datas de aquisição.

Essa percentagem será imputável aos valores de realização, para efeitos de


determinação de ganhos sujeitos e não sujeitos a tributação.
(Informação vinculativa, Proc. 2168/2009, com despacho concordante do Subdiretor-Geral, de
24/06/2009)

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (prédios adquiridos


por um casal antes da entrada em vigor do CIRS, em que um dos cônjuges
faleceu, ficando como herdeiros o outro cônjuge e uma filha)

Certo contribuinte, que era casado sob o regime de comunhão geral de bens,
faleceu em 2008 e deixou como herdeiros o cônjuge sobrevivo e uma filha.

A herança, que ainda está indivisa, é constituída pelos seguintes bens imóveis:

- Uma casa, construída em 1960 e nesse ano registada em nome do casal;

IRS 2014 329


Anexo G

- Um terreno, herdado pelo cônjuge sobrevivo em 1987 pelo falecimento de


seus pais.

A casa e o terreno foram vendidos no ano em curso.

Qual a percentagem da herança que cabe a cada um dos herdeiros, cônjuge


sobrevivo e filha?

Que percentagem da mais-valia obtida está sujeita a IRS e que percentagem


beneficia da não sujeição?

Como o regime de casamento era o de comunhão geral de bens, cada um dos


cônjuges era proprietário de 50%, quer da casa construída pelos próprios quer
do terreno herdado pelo cônjuge sobrevivo.

Assim, por óbito de um dos cônjuges a herança é constituída por 50% dos
referidos imóveis, cabendo a cada um dos herdeiros - cônjuge sobrevivo e
filha - 25% da herança.

Para efeitos de tributação em sede de IRS em resultado da alienação dos


imóveis, temos que a mais-valia correspondente aos 50% da casa (meação do
cônjuge sobrevivo) está excluída de tributação uma vez que a inscrição na
matriz é anterior a 1 de janeiro de 1989, e como tal é-lhe aplicável o disposto
no regime transitório previsto no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30
de novembro.

Quanto aos restantes 50% da casa, pertencentes (por herança) 25% ao


cônjuge sobrevivo e 25% à filha, a mais-valia apurada é tributada, dado que
a data de aquisição correspondente é a data do óbito.

No que respeita ao terreno herdado em 1987, pelo cônjuge sobrevivo, caso


seja um terreno para construção, toda a mais-valia está sujeita a tributação,
já que a este tipo de imóveis não é aplicável a disposição transitória acima
referida, correspondendo (por meação e como herdeira) 75% ao cônjuge
sobrevivo e 25% (como herdeira) à filha.

Caso não se tratasse de um terreno para construção mas antes de um


prédio rústico, então a meação do cônjuge sobrevivo não estava sujeita a
mais-valias, por beneficiar do já citado artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88,
de 30/11, mas apenas a parte (25%) que herdou.

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (prédio adquirido


parte como quota hereditária e a outra parte quando da partilha através de
pagamento de tornas)

Em dezembro de 2006, por óbito da mãe, que faleceu no estado de viúva, o


sujeito passivo Y herdou, juntamente com o irmão X, um imóvel.

330 IRS 2014


Anexo G

Na altura do óbito, aquele imóvel tinha o valor patrimonial de € 38 660, ao


qual, na escritura de partilhas feita em junho de 2008, foi atribuído o valor de
€ 80 000.

Em tal escritura, ao irmão Y foi adjudicada, não só a sua quota ideal na


herança, mas também a parte do irmão X, pagando na altura tornas no valor
de € 40 000, ficando o imóvel a pertencer-lhe na totalidade.

Porém, o irmão Y, em março de 2014, vendeu o referido imóvel por € 77.000


a um terceiro.

Como deve, o irmão Y, preencher o quadro 4 do anexo G, quer quanto ao valor


de realização, quer quanto ao valor e data de aquisição?

De acordo com os elementos expostos, o imóvel alienado em março de 2014


foi adquirido de duas formas distintas:

- 50% por óbito da mãe, ocorrido em dezembro de 2006, sendo o valor de


aquisição 50% do Valor Patrimonial Tributário, ou seja, € 19 330 (38.660 : 2)

- Os restantes 50% foram adquiridos a título oneroso por € 40 000.

Assim, para efeitos de tributação em sede de IRS em resultado da alienação


do imóvel, o quadro 4 do anexo G deve ser preenchido em duas linhas,
cada uma delas com os elementos relativos a 50% do imóvel, considerando
os valores de aquisição acima referidos e como valor de realização 50% de
€ 77 000, para cada uma das partes individualmente identificadas.

Concretamente, e em conformidade com o disposto nos artigos 44.º e 45.º do


Código do IRS, teremos os seguintes valores a levar ao quadro 4 do anexo G:

Campo Valor de realização Valor de aquisição


401 € 38 500 € 19 330
402 € 38 500 € 40 000
€ 77 000 € 59 330

No que se refere à data de aquisição dos bens imóveis recebidos em ato


de divisão ou partilha, por sucessão "mortis causa", de que se pagou tornas
por se receber valor superior à quota ideal, encontramos a resposta no n.º 3
da Informação vinculativa, Proc. 1866/2008, com despacho concordante do
Senhor Subdiretor-Geral, de 01/07/2008, à frente transcrita, onde se diz que
«Quanto a tudo o que o herdeiro vier a adquirir para além da sua quota ideal
na herança com o pagamento das respetivas tornas, e porque o pagamento
das mesmas consubstancia, em verdade, um negócio de alienação do direito
real a um bem ou parte dele, ter-se-á de considerar como data de aquisição
do excedente a do facto jurídico que legitima esse negócio, equiparando-
-se, assim, a escritura de partilhas a um contrato de compra e venda e as
respetivas tornas ao correspondente valor de aquisição».

IRS 2014 331


Anexo G

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (prédio construído


pelo próprio de que já não existem as faturas comprovativas dos custos de
construção - valor de aquisição a considerar)

Qual o valor de aquisição a considerar por um sujeito passivo que vendeu


um imóvel (prédio urbano), mandado construído pelo próprio que o utilizava
como sua habitação própria e permanente, mas que na altura da venda já não
possui os documentos relacionados com as despesas de construção?

De acordo com o disposto no n.º 3 do artigo 46.º do Código do IRS, «o


valor de aquisição de imóveis construídos pelos próprios sujeitos passivos
corresponde ao valor patrimonial inscrito na matriz ou ao valor do terreno,
acrescido dos custos de construção devidamente comprovados, se superior
àquele».

Assim, no caso concreto, dado que o sujeito passivo já não possui os


documentos relacionados com as despesas de construção, o valor de
aquisição a levar ao quadro 4 do anexo G é o valor pelo qual o imóvel se
encontra inscrito na matriz após a realização das obras, salvo se o valor
de aquisição do terreno for superior, o que provavelmente não será.

Contudo, se o imóvel foi construído antes da entrada em vigor do Código


do IRS (01/01/89), a mais-valia realizada não é tributada, conforme previsto
no regime transitório constante do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de
30/11.

Os ganhos provenientes da transmissão onerosa de imóveis destinados


a habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado
familiar, podem ainda não serem tributados caso se verifiquem reunidas as
condições previstas no n.º 5 do artigo 10.º do Código do IRS.

Quando não haja lugar a reinvestimento, nem a operação beneficie do regime


transitório (não sujeição) constante do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-
A/88, de 30/11, caso se trate de sujeitos passivos residentes em território
nacional, o saldo obtido entre as mais-valias e as menos-valias, tal como se
encontra previsto no n.º 2 do artigo 43.º do CIRS, é apenas de englobar 50%
do seu valor aos restantes rendimentos das diversas categorias, auferidos
pelo agregado familiar, e como tal sujeito a IRS pelas taxas gerais constantes
da tabela prevista no n.º 1 do artigo 68.º do CIRS.

Tenha-se em atenção que a operação do englobamento dos 50% é feita pela


Administração Tributária quando proceder à liquidação do imposto que se
mostre devido. Por isso, o valor de realização a levar ao quadro 4 do anexo
G é o valor total da transmissão do imóvel.

Antes, porém, caso já tenham decorridos mais de 24 meses entre a data


da aquisição e a data da alienação, o valor de aquisição ou equiparado é
corrigido pela aplicação do coeficiente de desvalorização da moeda constante
de portaria do Ministro das Finanças (cfr. art.º 50.º do CIRS), correção esta
que igualmente é feita pela Administração Tributária quando da liquidação do
imposto que se mostre devido.

332 IRS 2014


Anexo G

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (prédio construído


pelo próprio - valor de aquisição a considerar, tendo em conta que houve,
posteriormente à sua inscrição na matriz, atualizações do VPT)

Certo sujeito passivo construiu para sua habitação uma vivenda que vai alienar.
Qual o valor de aquisição que deve considerar quando do preenchimento do
anexo G, sabendo-se que na altura em que o prédio foi concluído o valor
patrimonial tributável inscrito na matriz foi 144.000 euros e atualmente é de
580.000 euros?

Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS, os ganhos


resultantes da alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis são
enquadráveis na Categoria G como rendimentos de mais-valias.

O ganho sujeito a tributação é calculado pela diferença entre o valor de


realização e o valor de aquisição, determinados de acordo com as regras
constantes dos artigos 43.º a 51.º do CIRS.

No caso de alienação de um imóvel construído pelo próprio o valor de


aquisição corresponde ao valor patrimonial pelo qual o imóvel foi inscrito na
matriz quando foi concluído (144.000 euros), não relevando atualizações que
entretanto tenham ocorrido, ou ao valor do terreno, acrescido dos custos de
construção devidamente comprovados, se superior àquele, conforme n.º 3 do
artigo 46.º do CIRS.

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (taxa a aplicar aos
não residentes em território nacional)

Tratando-se de sujeitos passivos não residentes em território nacional, o saldo


positivo entre as mais-valias e as menos-valias é de englobar pela totalidade
(100%), já que não tem aqui aplicação o disposto no n.º 2 do artigo 43.º do
Código do IRS, e está sujeito à taxa especial de 28%, nos termos do n.º 1
do artigo 72.º do CIRS, com a redação dada pela Lei n.º 66-B/2012, de 31/12.

Contudo, os residentes noutro Estado membro da União Europeia ou no


Espaço Económico Europeu, desde que, neste último caso, exista intercâmbio
de informações em matéria fiscal, podem optar pela tributação desses
rendimentos à taxa que, de acordo com a tabela prevista no n.º 1 do artigo 68.º
do Código do IRS, seria aplicável no caso de serem auferidos por residentes
em território português, tendo-se presente que para efeitos de determinação
da taxa em causa (a constante da citada tabela) são tidos em consideração
todos os rendimentos, incluindo os obtidos fora do território português, nas
mesmas condições que são aplicáveis aos residentes em território nacional
(cfr. n.ºs 9 e 10 do art.º 72.º do CIRS).

Não esquecer que, os não residentes em território nacional, caso obtenham


rendimentos desta natureza, deverão nomear um representante, nos
termos do artigo 130.º do Código do IRS, o qual deverá proceder à entrega

IRS 2014 333


Anexo G

da declaração de rendimentos modelo 3 do IRS, acompanhada do anexo G,


indicando os elementos necessários ao cálculo das mais-valias, como seja:
o valor e a data de aquisição, o valor e a data de alienação, bem como os
encargos que sejam dedutíveis ao valor de aquisição, nos termos do artigo
51.º do CIRS.

A designação de representante é no entanto meramente facultativa, em


relação a não residentes de, ou a residentes que se ausentem para, Estados
membros da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu, neste
último caso desde que esse Estado membro esteja vinculado a cooperação
administrativa no domínio da fiscalidade equivalente à estabelecida no âmbito
da União Europeia (cfr. n.º 2 do art.º 130.º do CIRS).

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (taxa a aplicar


aos residentes em território nacional)

Constituem mais-valias tributadas pelas regras da categoria G do IRS, os


ganhos obtidos que, não sendo considerados rendimentos empresariais
e profissionais, de capitais ou prediais, resultem de alienação onerosa de
direitos reais sobre bens imóveis (cfr. n.º 1 do art.º 10.º do CIRS).

Tais operações, para efeitos de tributação, quando não haja lugar a


reinvestimento nem beneficiem do regime transitório (não sujeição) previsto
no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30/11, caso se trate de sujeitos
passivos residentes em território nacional, o saldo obtido entre as mais-
-valias e as menos-valias, tal como se encontra previsto no n.º 2 do artigo 43.º
do Código do IRS, é apenas considerado em 50% do seu valor, e englobado
aos restantes rendimentos das diversas categorias, auferidos pelo agregado
familiar, e sujeito a IRS pelas taxas gerais constantes da tabela prevista no
n.º 1 do artigo 68.º do CIRS.

Contudo, no quadro 4 do anexo G, os valores de realização e de aquisição


dos bens que geraram as mais-valias e as menos-valias são indicados na
totalidade. Aquela percentagem é aplicada pela Administração Tributária
quando proceder à liquidação do imposto que se mostre devido.

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (valor aplicado


totalmente na amortização do empréstimo que entretanto havia contraído)

Em abril do ano findo vendi um apartamento que era a minha habitação própria
e permanente, cujo valor da venda foi integralmente aplicado na amortização
do empréstimo que havia contraído para o efeito.

A que anexo devo levar tal alienação, e se adquirir uma nova habitação com
o mesmo fim se se considera reinvestimento?

334 IRS 2014


Anexo G

Na situação em causa diz-se que foi vendido um apartamento em abril do


ano findo que era a habitação própria e permanente do alienante. Também
se indica que o alienante utilizou todo o montante do preço da venda para
amortizar o empréstimo que entretanto havia contraído quando da compra
da habitação agora alienada.

Desde logo, importa saber se a aquisição do apartamento ocorreu antes de


1 de janeiro de 1989. Se for o caso, a mais-valia eventualmente obtida na
venda desse imóvel não fica sujeita a IRS, ao abrigo do disposto no artigo
5.º do Decreto-Lei n.º 442-B/88, de 30/11, devendo o valor da mesma ser
levado ao quadro 5 do anexo G1 da declaração de rendimentos modelo
3 do IRS. Não sendo essa a situação, deverá declarar tal alienação no
quadro 4 do anexo G, indicando o valor de aquisição e respetiva data, o
valor de realização, e os encargos devidamente comprovados realizados
com a valorização do imóvel nos últimos 5 anos, se os houver.

No que respeita a um possível reinvestimento na compra de uma nova


habitação para o mesmo fim, concretamente os efeitos previstos no n.º 5 do
artigo 10.º do Código do IRS, o mesmo não se verifica nestas situações,
na medida em que todo o valor realizado com a venda foi aplicado na
amortização do empréstimo que entretanto havia contraído para a compra
do apartamento agora vendido.

Assim sendo, e no pressuposto de que se trata de uma pessoa residente


no território nacional, e que a aquisição ocorreu na vigência do CIRS,
50% do valor da mais-valia obtida será tributado (cfr. n.º 2 do art.º 43.º
do CIRS), sendo englobado juntamente com os restantes rendimentos
obtidos no mesmo ano. A taxa de tributação aplicável é a que resultar
desse englobamento.

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (venda de um


imóvel ao cônjuge com quem está casado segundo o regime de separação
de bens)

Certo sujeito passivo procedeu à venda de um seu bem imóvel ao seu


cônjuge, com quem está casado segundo o regime de separação de bens.

A operação em causa está sujeita a IRS?

Tal como se encontra previsto no artigo 1735.º do Código Civil, «se o


regime de bens imposto por lei ou adotado pelos esposados for o da
separação, cada um deles conserva o domínio e fruição de todos os seus
bens presentes e futuros, podendo dispor deles livremente».

Consequentemente, a alienação de um imóvel por um cônjuge ao outro


(casados segundo o regime de separação de bens) é, para efeitos de IRS,

IRS 2014 335


Anexo G

uma operação que tem o mesmo enquadramento que teria se fosse realizada
entre estranhos.

Assim sendo, em termos declarativos, tem que ser junto à declaração de


rendimentos modelo 3 do IRS o anexo G, com o preenchimento do quadro 4
de forma a permitir o cálculo da mais-valia, a qual será tributada nos termos
gerais, salvo se ao caso puder ser aplicado o regime transitório previsto no
artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30/11, em que será junto o anexo
G1, com o preenchimento do quadro 5, situação em que a alienação fica
excluída da tributação.

Bens imóveis adquiridos em ato de divisão ou partilha, por sucessão


"mortis causa" (o momento da aquisição é o da abertura da herança)

Tornando-se necessário esclarecer o alcance do artigo 2119.º do Código Civil e


fixar doutrina uniforme sobre o enquadramento jurídico-tributário da sujeição a
IRS dos rendimentos obtidos com a alienação de bens adquiridos por partilha,
quando nesta são adjudicados bens de valor superior à quota ideal e a sentença
adjudicatória tenha transitado em julgado após a vigência do Código do IRS,
foi o assunto submetido à apreciação de Sua Excelência o Subsecretário de
Estado Adjunto da Secretaria de Estado Adjunta e do Orçamento que, por
despacho de 22/09/1992, sancionou o seguinte entendimento:

O momento de aquisição dos bens por sucessão "mortis causa" é o da


abertura da herança, ainda que na partilha sejam adjudicados aos herdeiros
bens de valor superior ao da quota ideal (a).
(Circular n.º 21/92, de 10/10/1992, da DGCI)

(a) - Quanto à segunda parte deste parágrafo, ver doutrina em contrário na


Informação Vinculativa à frente transcrita com o título "Data de aquisição dos
bens imóveis recebidos em ato de divisão ou partilha, por sucessão "mortis
causa", de que se pagou tornas por se receber valor superior à quota ideal (é
a data do facto jurídico que legitima o negócio de aquisição do excedente)".

NOTA:
Retroatividade da partilha
Feita a partilha, cada um dos herdeiros é considerado, desde a abertura da
herança, sucessor único dos bens que lhe foram atribuídos, sem prejuízo do
disposto quanto a frutos.
(artigo 2119.º do Código Civil)

Bens imóveis adquiridos em ato de divisão ou partilha, por sucessão


"mortis causa" (exemplo prático dos efeitos da retroatividade da partilha)

"A" e "B" eram casados em comunhão de adquiridos, e tinham como único


herdeiro o filho "C".

336 IRS 2014


Anexo G

O património do casal era constituído por dois prédios urbanos destinados a


habitação, que passamos a designar pelas letras "Y" e "Z".

Em 1987, "A" faleceu.

Em 10/01/2014 é feita a escritura de partilha entre "B" e "C", por morte de "A",
através da qual "B" ficou usufrutuária dos dois prédios em causa e "C" herdeiro
da nua-propriedade.

Em 12/06/2014 "B" e "C" vendem o prédio "Y" (usufruto e nua-propriedade) por


100.000 euros, recebendo "B" 10.000 euros correspondentes ao seu usufruto
e "C" 90.000 euros relativos à nua-propriedade.

Em 20/08/2014, "B" faleceu e em setembro do mesmo ano "C" vende o prédio


"Z" por 120.000 euros.

As mais-valias obtidas por "B" relativamente à venda do usufruto do prédio "Y"


e as mais-valias obtidas por "C" pela venda dos dois imóveis "Y" e "Z" estão
sujeitas a IRS?

De acordo com o disposto no artigo 2119.º do Código Civil, «Feita a partilha,


cada um dos herdeiros é considerado, desde a abertura da herança, sucessor
único dos bens que lhe foram atribuídos, sem prejuízo do disposto quanto a
frutos».

Por sua vez, a Administração Tributária, através da Circular n.º 21/92, de


19/10/1992, esclareceu que «O momento de aquisição dos bens por
sucessão "mortis causa" é o da abertura da herança, ainda que na partilha
sejam adjudicados aos herdeiros bens de valor superior ao da quota ideal».

Assim sendo verifica-se que, no caso aqui exposto, se considera que tanto
a mãe ("B") como o filho ("C") adquiriram o prédio "Y" em 1987 (data do
falecimento de "A" e não na data da escritura de partilhas), ou seja em data
anterior à entrada em vigor do Código do IRS (01/01/1989).

Também em relação ao prédio "Z" se considera que o filho ("C") o tinha adquirido
em 1987, data do falecimento do pai ("A"), dado que na respetiva escritura de
partilhas lhe tinha sido adjudicada a respetiva nua-propriedade.

Consequentemente, podemos concluir que, quer em relação à mãe ("B"), quer


em relação ao filho ("C"), as mais-valias obtidas não estão sujeitas a IRS, por
se verificar a não sujeição prevista no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88,
de 30/11.

Daqui resulta que as transmissões em causa (transmissões onerosas) não


devem figurar do anexo G, mas sim do quadro 5 do anexo G1 (imóveis
alienados excluídos ou isentos da tributação).

IRS 2014 337


Anexo G

Bens imóveis penhorados e vendidos em processo de execução fiscal


(mais-valias obtidas)

Certo sujeito passivo adquiriu, na vigência do Código do IRS, um prédio urbano


que, por dívidas que não conseguiu pagar ao Estado, lhe foi penhorado e
vendido em processo de execução fiscal pelo Serviço de Finanças respetivo.

No ano em que a venda "forçada" se realize, o sujeito passivo terá que entregar
o anexo G da declaração de rendimentos modelo 3 do IRS, e fazer constar do
mesmo a operação em causa?

A realização da venda dos bens penhorados em processo de execução fiscal


é feita, como modalidade regra, por meio de leilão eletrónico ou, na sua
impossibilidade, por propostas em carta fechada, nos termos do artigo 248.º
do Código de Procedimento e de Processo Tributário e Portaria n.º 219/2011,
de 1/7.

E, se de facto o regime regra é o da venda nas condições anteriormente


indicadas, também é verdade que, em determinadas circunstâncias, o
legislador previu ainda a hipótese da venda se realizar também por outra
modalidade prevista no Código de Processo Civil, caso em que especificou de
forma restrita as condições em que tal se pode verificar (cfr. n.º 5 do art.º 248.º
e n.º 1 do art.º 252.º, ambos do CPPT).

De qualquer forma, a venda por qualquer uma daquelas modalidades de bens


imóveis pelos Serviços de Finanças, é sempre uma das formas de alienação
onerosa de direitos reais sobre bens imóveis, com enquadramento pleno na
alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS.

Assim sendo, o executado, relativamente ao ano em que a venda se realize,


terá que juntar à sua declaração de rendimentos modelo 3 do IRS o anexo
G, do qual deve fazer constar, entre outros elementos, o valor de realização
(valor pelo qual o imóvel foi vendido) e o valor de aquisição, ou o anexo G1,
com o preenchimento do quadro 5, situação em que a alienação fica excluída
da tributação, caso fosse de aplicar o regime transitório previsto no artigo 5.º
do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30/11.

Sempre que tenham decorridos mais de 24 meses entre a data da aquisição


e a data da alienação, o valor de aquisição ou equiparado é corrigido pela
aplicação do coeficiente de desvalorização da moeda constante de portaria do
Ministro das Finanças (cfr. art.º 50.º do CIRS), correção esta que é feita pelos
Serviços da Administração Tributária quando da liquidação do imposto que se
mostre devido.

Havendo lugar a tributação (categoria G), o ganho sujeito a IRS é constituído


pela diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição, tal como se
encontra previsto na alínea a) do n.º 4 do artigo 10.º do Código do IRS.

Contudo, tratando-se de sujeitos passivos residentes em território nacional, o


valor dos rendimentos qualificados como mais-valias é o correspondente ao

338 IRS 2014


Anexo G

saldo apurados entre as mais-valias e as menos-valias realizadas no mesmo


ano, o qual, para efeitos de tributação, é considerado apenas em 50% do seu
valor (cfr. n.ºs 1 e 2 do art.º 43.º do CIRS).

Coeficientes de desvalorização da moeda a aplicar aos bens e direitos


alienados durante o ano de 2014 (Portaria n.º 281/2014, de 30/12)

Os artigos 47.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas


Coletivas (CIRC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 442-B/88, de 30 de novembro,
republicado pela Lei n.º 2/2014, de 16 de janeiro, e o artigo 50.º do Código do
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (CIRS), aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30 de novembro, preveem a atualização anual dos
coeficientes de desvalorização da moeda para efeitos de correção monetária
dos valores de aquisição de determinados bens e direitos.

Por sua vez, o n.º 2 do artigo 138.º do Código do Imposto Municipal sobre
Imóveis (IMI), aprovado pelo Determos previstos no anexo ao Decreto-Lei n.o
287/2003, de 12 de novembro, prevê que os valores patrimoniais tributários
dos prédios urbanos comerciais, industriais ou para serviços são atualizados
anualmente com base em factores correspondentes aos coeficientes de
desvalorização da moeda fixados anualmente por portaria do membro do
Governo responsável pela área das finanças.

Assim:
Manda o Governo, pelo Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, nos termos
do artigo 47.º do Código do IRC, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 442-B/88, de
30 de novembro, republicado pela Lei n.º 2/2014, de 16 de janeiro, do artigo
50.º do Código do IRS, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30 de
novembro, e do n.º 2 do artigo 138.º do Código do IMI, aprovado pelo Decreto-
-Lei n.º 287/2003, de 12 de novembro, o seguinte:

Artigo 1.º
Coeficiente de desvalorização da moeda a aplicar aos bens
e direitos alienados durante o ano de 2014

Os coeficientes de desvalorização da moeda a aplicar aos bens e direitos


alienados durante o ano de 2014, cujo valor deva ser atualizado nos termos
dos artigos 47.º do Código do IRC e 50.º do Código do IRS, para efeitos de
determinação da matéria coletável dos referidos impostos, são os constantes
do quadro anexo.

Artigo 2.º
Prédios urbanos comerciais, industriais ou para serviços

O coeficiente de desvalorização da moeda a aplicar aos valores patrimoniais


tributários dos prédios urbanos comerciais, industriais ou para serviços, com
referência a 31 de dezembro de 2014, nos termos do n.º 2 do artigo 138.º do
Código do Imposto Municipal sobre Imóveis, corresponde ao coeficiente de

IRS 2014 339


Anexo G

desvalorização da moeda fixado pela presente portaria para o ano de 2013,


constante do quadro referido no artigo anterior.

ANEXO

Quadro de atualização dos coeficientes de desvalorização da moeda a que se


referem os artigos 47.º do Código do IRC e 50.º do Código do IRS.
Anos Coeficientes Anos Coeficientes
Até 1903 4 631,11 1979 11,66
1904 a 1910 4 311,02 1980 10,51
1911 a 1914 4 134,75 1981 8,60
1915 3 678,66 1982 7,13
1916 3 011,00 1983 5,71
1917 2 403,68 1984 4,43
1918 1 714,96 1985 3,71
1919 1 314,32 1986 3,35
1920 868,45 1987 3,07
1921 566,63 1988 2,76
1922 419,64 1989 2,49
1923 256,81 1990 2,22
1924 216,18 1991 1,96
1925 a 1936 186,33 1992 1,81
1937 a 1939 180,95 1993 1,68
1940 152,26 1994 1,60
1941 135,24 1995 1,54
1942 116,76 1996 1,50
1943 99,42 1997 1,48
1944 a 1950 84,40 1998 1,43
1951 a 1957 77,43 1999 1,41
1958 a 1963 72,80 2000 1,38
1964 69,58 2001 1,29
1965 67,02 2002 1,24
1966 64,04 2003 1,20
1967 a 1969 59,89 2004 1,18
1970 55,46 2005 1,16
1971 52,79 2006 1,12
1972 49,35 2007 1,10
1973 44,86 2008 1,07
1974 34,41 2009 1,08
1975 29,39 2010 1,07
1976 24,62 2011 1,03
1977 18,88 2012 1,00
1978 14,78 2013 1,00

NOTA:
Embora se transcreva a Portaria de atualização dos coeficientes de
desvalorização da moeda a aplicar aos bens e direitos alienados durante o ano
respetivo, quando do preenchimento da declaração de rendimentos modelo 3
do IRS e do respetivo anexo, os sujeitos passivos não tem que indicar o
coeficiente que vai ser aplicado ao valor de aquisição dos bens alienados. A

340 IRS 2014


Anexo G

transcrição da respetiva Portaria é uma mera informação para os interessados


poderem, se assim o desejarem, conferir a liquidação feita pela Administração
Tributária.

Coeficientes de desvalorização da moeda a aplicar aos bens e direitos


alienados (modo como se conta o tempo para se saber se já passaram ou não
24 meses entre a data de aquisição e a data de alienação ou afetação)

Certo sujeito passivo adquiriu um apartamento por morte de seu pai, falecido
em 11/11/2012, que alienou em 14/11/2014.

Como se conta o tempo para se saber se já passaram os 24 meses entre


a data de aquisição e a data de alienação, com vista à aplicação ou não do
coeficiente de correção monetária ao imóvel alienado?

Nos termos do n.º 1 do artigo 50.º do Código do IRS, o valor de aquisição


do imóvel alienado é corrigido pela aplicação de coeficientes de correção
monetária para o efeito aprovados mediante portaria do Ministro das Finanças,
sempre que tenham decorrido mais de 24 meses entre a data de aquisição e
a data de alienação ou afetação.

A redação da norma levanta a questão de se saber quando é que se consideram


decorridos mais de 24 meses, sendo que a posição da Administração Fiscal é
de que os 24 meses devem ser entendidos como meses de calendário e
como tal, na situação concreta em análise, a correção monetária só se aplicaria
se a aquisição do imóvel alienado em novembro de 2014 tivesse ocorrido em
outubro de 2012. Esta posição levou mesmo a que, já há alguns anos, o campo
de data do quadro 04 do anexo G deixasse de fazer referência ao dia da compra
e ao dia da venda.

Coleção de quadros de grande valor, que faz parte do património particular


de uma pessoa singular (mais-valias ocorridas quando da sua venda)

Uma pessoa singular, ao longo da sua vida, juntou uma apreciável coleção de
quadros de grande valor, que pretende agora leiloar ou vender diretamente a
uma galeria de arte.

O resultado desse leilão ou venda constitui rendimento tributável em sede de


IRS?

Segundo o disposto no n.º 1 do artigo 1.º do Código do IRS, o Imposto sobre


o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) incide sobre o valor anual dos
rendimentos das categorias seguintes, mesmo quando provenientes de atos
ilícitos, depois de efetuadas as correspondentes deduções e abatimentos:

IRS 2014 341


Anexo G

Categoria A - Rendimentos do trabalho dependente;


Categoria B - Rendimentos empresariais e profissionais;
Categoria E - Rendimentos de capitais;
Categoria F - Rendimentos prediais;
Categoria G - Incrementos patrimoniais;
Categoria H - Pensões.

Ora, o resultado da venda dos bens em causa, pertencendo ao património


particular de uma pessoa singular, não constitui um rendimento tributável em
sede de IRS por falta de norma que o enquadre em qualquer das categorias
citadas.

De facto, o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, assenta no


designado princípio da tipificidade, à luz do qual só está sujeito a tributação
o rendimento resultante de situações ou factos objetivamente referidos nas
normas de incidência, eliminando-se desta forma a possibilidade de recorrer a
qualquer norma de natureza residual para abarcar rendimentos não tipificados.

Assim, na situação descrita, seja a venda das obras de arte efetuada através
de leilão ou seja feita a uma galeria de arte, tratar-se-á sempre de uma
operação cujo ganho resultante não é tributável em sede de IRS.

Também, quanto a nós, não colhe a possibilidade de enquadramento


destas operações no conceito de ato isolado de natureza comercial, por
não se considerarem enquadradas em qualquer das situações previstas nas
alíneas h) e i) do n.º 2 do artigo 3.º do Código do IRS, onde apenas estão
incluídos os atos isolados referentes a atividades abrangidas pelas alíneas a)
e b) do n.º 1 do mesmo normativo, o que nos parece não ser o caso.

Comissões pagas às empresas imobiliárias pela intermediação na venda


de bens imóveis (consideram-se despesas ou encargos para efeitos do art.º
51.º do CIRS)

1 - Nos termos do artigo 51.º, alínea a), do Código do IRS, para determinação
das mais-valias sujeitas a imposto, ao valor de aquisição acrescem os encargos
com a valorização dos bens, comprovadamente realizados nos últimos 5 anos,
e as despesas necessárias e efetivamente praticadas, inerentes à aquisição e
alienação de direitos reais sobre imóveis.

A expressão "despesas necessárias" constante da alínea a) do artigo 51.º


encerra alguma margem de indeterminação, pelo que cabe à Administração
Tributária proceder ao seu preenchimento, para o que terá de fazer apelo a,
pelo menos três tipos de considerações fundamentais:

I - o rendimento a tributar como mais-valia deve ser, sempre que possível um


rendimento líquido:
II - dever-se-á evitar a dupla tributação económica; e

342 IRS 2014


Anexo G

III - ter-se-ão de acautelar eventuais esquemas de fraude fiscal.

À luz destas considerações, as despesas indissociáveis da operação de


venda de um imóvel que o alienante comprovadamente suportou para a sua
realização, deverão, em princípio, ser tidas em conta na determinação das
mais-valias.

Assim, uma vez preenchidos todos os requisitos necessários para


demonstrar de forma inequívoca a conexão do montante pago ao mediador
imobiliário com a transação concreta que originou a mais-valia tributável e
estando devidamente documentada a intervenção do respetivo mediador
nos termos legais aplicáveis, poderá considerar-se a comissão de
intermediação como "despesa necessária" para efeitos da alínea a) do
artigo 51.º do CIRS.

2 - O entendimento sancionado é aplicável às situações tributárias que se


constituam para o futuro, bem como, aquelas que ainda sejam passíveis de
decisão por parte da Administração Tributária incluindo-se, nestas últimas
quer as situações objeto de um litígio pendente, quer as situações que ainda
possam ser objeto de reclamação graciosa ou impugnação judicial, nos termos,
respetivamente, dos artigos 70.º e 102.º do Código de Procedimento e de
Processo Tributário.
(Informação vinculativa, Proc. 12/2008, com despachos concordantes do Substituto Legal do
Senhor Diretor-Geral dos Impostos, de 14/07/2008 e 12/08/2008)

Dação em cumprimento de bens imóveis (mais-valias obtidas)

A dação em cumprimento de bens imóveis a um credor para pagamento de


uma dívida, considera-se uma alienação onerosa sujeita a IRS?

A dação em cumprimento ocorre quando o credor aceita que o devedor dê


fim à relação de obrigação existente entre eles pela substituição do objeto
da prestação, ou seja, o devedor realiza o pagamento na forma de algo que
não estava originalmente na obrigação estabelecida, mas que extingue-a da
mesma forma.

A dação é, portanto, uma forma de extinção obrigacional, e a sua principal


caraterística é a natureza diversa da nova prestação perante a anterior, por
exemplo, substituindo-se dinheiro por coisa, uma coisa por outra ou mesmo
uma coisa por uma obrigação de fazer.

Consequentemente, a dação em cumprimento de bens imóveis configura


uma alienação onerosa de direitos reais susceptível de gerar ganhos (mais-
valias) abrangidos pela alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS,
que deve ser levada ao anexo G da declaração de rendimentos modelo 3 do
IRS, quando não se considerem rendimentos empresariais, profissionais, de
capitais ou prediais.

IRS 2014 343


Anexo G

Quanto ao ganho sujeito a tributação (categoria G) é o mesmo constituído, ao


abrigo da alínea a) do n.º 4 do artigo 10.º do CIRS, pela diferença entre o valor
de realização e o valor de aquisição, determinados de acordo com as regras
constantes dos artigos 43.º a 51.º do CIRS.

Por sua vez, e tal como se prevê no artigo 50.º do CIRS, o valor de aquisição
ou equiparado é corrigido pela aplicação do coeficiente de desvalorização da
moeda constante de portaria do Ministro das Finanças, sempre que tenham
decorridos mais de 24 meses entre a data da aquisição e a data da alienação,
correção esta que é feita pelos Serviços da Administração Tributária quando
da liquidação do imposto que se mostre devido.

Ao valor de aquisição acrescem ainda, de harmonia com o estipulado na alínea


a) do artigo 51.º do mesmo Código, os encargos com a valorização do imóvel,
comprovadamente realizados nos últimos 5 anos, bem como as despesas
necessárias e efetivamente praticadas inerentes à aquisição.

Tratando-se de operações efetuadas por sujeitos passivos residentes em


território nacional, o valor dos rendimentos qualificados como mais-valias é
o correspondente ao saldo apurados entre as mais-valias e as menos-valias
realizadas no mesmo ano, o qual, para efeitos de tributação, é considerado
apenas em 50% do seu valor (cfr. n.ºs 1 e 2 do art.º 43.º do CIRS).

Caso o prédio, que foi objeto da dação em cumprimento, tenha sido adquirido
antes da entrada em vigor do Código do IRS, o respetivo ganho (mais-valia)
beneficia da não tributação prevista no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88,
de 30/11, salvo se se tratar de terreno para construção, que neste caso, para
beneficiar da não tributação, terá que ter sido adquirido antes da entrada em
vigor do abolido Código do Imposto de Mais-Valias, aprovado pelo Decreto-Lei
n.º 46 373, de 9 de junho de 1965.

Se a operação beneficiar da não tributação de IRS, nesse caso não deve ser
levada ao anexo G mas sim ao anexo G1, referente ao ano em que se verificou
a dação em pagamento, do qual deve constar, além da identificação matricial
e da data de aquisição do imóvel, o valor de aquisição e o valor considerado
como de realização.

Data de aquisição dos bens imóveis recebidos em ato de divisão ou


partilha, por sucessão "mortis causa", de que se pagou tornas por se
receber valor superior à quota ideal (é a data do facto jurídico que legitima
o negócio de aquisição do excedente)

1 - O objetivo último da Circular n.º 21/92, de 10 de outubro, da Direção de


Serviços do IRS, foi o de esclarecer que, caso a abertura da herança ocorresse
antes de 01/01/89, se verificaria uma situação de exclusão tributária, atendendo

344 IRS 2014


Anexo G

a que, de acordo com o estatuído no artigo 2119.º do Código Civil, a partilha


retroage os seus efeitos à data da abertura da herança.

2 - De facto, antes da partilha, cada herdeiro já detém o direito a uma determinada


quota ideal da herança, podendo afirmar-se que a mesma, a partilha, se limita
a concretizar, em bens certos e determinados, o direito já existente e a fazer
com que esse direito retroaja à data da abertura da herança.

3 - Quanto a tudo o que o herdeiro vier a adquirir para além da sua quota ideal
na herança com o pagamento das respetivas tornas, e porque o pagamento
das mesmas consubstancia, em verdade, um negócio de alienação do direito
real a um bem ou parte dele, ter-se-á de considerar como data de aquisição
do excedente a do facto jurídico que legitima esse negócio, equiparando-
se, assim, a escritura de partilhas a um contrato de compra e venda e as
respetivas tornas ao correspondente valor de aquisição.
(Informação vinculativa, Proc. 1866/2008, com despacho concordante do Senhor Subdiretor-
Geral, de 01/07/2008)

Direito Real de Habitação Periódica (alienação a título oneroso)

A alienação onerosa de um Direito Real de Habitação Periódica, feita por um


sujeito passivo, pessoa singular, está sujeita a IRS?

O Direito Real de Habitação Periódica consiste no "direito de usar, por um ou


mais períodos certos, em cada ano, para fins habitacionais, de uma unidade de
alojamento integrada num empreendimento turístico, mediante o pagamento
de uma prestação periódica ao proprietário do empreendimento ou a quem o
administre" (A. Santos Justo, em "Direitos Reais", Coimbra Editora, edição de
2007, pág. 429/430).

Tratando-se de um direito real menor (ou limitado) sobre bens imóveis, a


sua alienação a título oneroso, quando não origine ganhos considerados
rendimentos empresariais e/ou profissionais, deve constar do Quadro 4 do
Anexo G da declaração de rendimentos modelo 3 do IRS, por enquadramento
na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS, salvo se puder beneficiar
da não sujeição prevista no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30/11,
caso em que deve então ser levado ao Quadro 5 do Anexo G1.

Quanto ao ganho sujeito a tributação é o mesmo constituído, ao abrigo da


alínea a) do n.º 4 do artigo 10.º do CIRS, pela diferença entre o valor de
realização e o valor de aquisição.

Caso o alienante seja um sujeito passivo residente em território nacional, o


valor dos rendimentos qualificados como mais-valias é o correspondente ao
saldo apurados entre as mais-valias e as menos-valias realizadas no mesmo
ano, o qual, para efeitos de tributação, é considerado apenas em 50% do seu
valor (cfr. n.ºs 1 e 2 do art.º 43.º do CIRS).

IRS 2014 345


Anexo G

Direito de superfície (alienação a título oneroso)

As mais-valias obtidas com a alienação, a título oneroso, do direito de superfície


sobre bens imóveis estão sujeitas a IRS?

O direito de superfície consiste na faculdade de constituir ou manter, perpétua


ou temporariamente, uma obra em terreno alheio, ou de nele fazer ou manter
plantações (art.º 1524.º do Código Civil).

Tratando-se de um direito real menor (ou limitado) sobre bens imóveis, a


sua alienação a título oneroso, quando não origine ganhos considerados
rendimentos empresariais ou profissionais, deve constar do Quadro 4 do
Anexo G da declaração de rendimentos modelo 3 do IRS, por enquadramento
na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS, salvo se puder beneficiar
da não sujeição prevista no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30/11,
caso em que deve então ser levado ao Quadro 5 do Anexo G1.

Quando a alienação esteja enquadrada no âmbito de uma atividade geradora


de rendimentos empresariais, os ganhos obtidos serão de considerar como
rendimentos da categoria B, conforme alínea c) do n.º 2 do artigo 3.º do CIRS.

Direito de superfície (valor de realização a considerar em caso de alienação


onerosa)

A venda do direito de superfície de um imóvel por parte de três herdeiros foi


efetuada pelo montante de 18.000 euros.

O valor patrimonial do mesmo é cerca de 80.000 euros.

No preenchimento do anexo G do IRS deverá ser considerado como valor de


realização o montante efetivo da venda (18.000 €) ou o VPT?

O direito de superfície é um direito real sobre um bem imóvel, pelo que o ganho
que resultar da sua alienação é considerado uma mais-valia, nos termos da
alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS.

Para determinação da mais-valia, o valor de realização corresponde à


contraprestação recebida [alínea f) do n.º 1 do art.º 44.º do CIRS] ou, se
superior, ao valor que for considerado para efeito de Imposto Municipal sobre
as Transmissões Onerosas de Imóveis - IMT (n.º 2 do mesmo artigo).

O valor tributável do direito de superfície para efeitos de IMT é determinado de


acordo com as regras previstas nas alíneas f) a j) do artigo 13.º do Código do
IMT, sendo que para a sua aplicação é necessário saber se estamos perante
um direito de superfície perpétuo ou temporário e neste caso qual a sua
duração e o número de anos que falta para que se extinga.

Em conclusão, o valor tributável determinado nos termos referidos é comparado


com o montante recebido e é o maior dos dois que deve ser considerado como
valor de realização no cálculo da mais-valia.

346 IRS 2014


Anexo G

Encargos com Certificação Energética (no âmbito da Categoria G, acrescem


ao valor de aquisição)

Nos termos da alínea a) do artigo 51.º do Código do IRS, para a determinação


das mais-valias sujeitas a imposto, ao valor de aquisição acrescem os encargos
com a valorização dos bens, comprovadamente realizados nos últimos cinco
anos, e as despesas necessárias e efetivamente praticadas, inerentes à
aquisição e alienação de direitos reais sobre imóveis.

Atendendo às obrigações resultantes da legislação relativa à Certificação


Energética (nomeadamente, Decreto-Lei n.º 78/2006, de 4 de abril, Portaria
n.º 461/2007, de 5 de junho, e Portaria n.º 835/2007, de 7 de agosto), a partir
de 2009 é obrigatória a obtenção do certificado energético pelos proprietários
dos edifícios no ato de compra e venda, o qual implica um determinado custo,
ficando sujeitos a penalizações no caso de incumprimento.

Assim, para o apuramento da mais-valia resultante da alienação do imóvel,


é aceite para efeitos do disposto na alínea a) do artigo 51.º do Código
do IRS as despesas efetuadas com a certificação energética prevista no
Decreto-Lei n.º 78/2006, de 4 de Abril.

A prova do encargo deverá ser efetuada através de recibo de pagamento


da respetiva certificação, devendo do mesmo constar os elementos que
inequivocamente associam a despesa com o imóvel alienado.

Caso tenha sido obtido pelo proprietário mais do que um certificado


energético relativamente ao mesmo imóvel, apenas é de aceitar a despesa
realizada com a obtenção do certificado que esteja ainda válido e seja
apresentado aquando da celebração da escritura de venda.
(Informação vinculativa, Proc. 3089/10, com despacho concordante da Sra. Subdiretora-Geral,
de 2010/07/08)

Encargos notariais e de registo predial (encargos dedutíveis)


Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT)
(encargo dedutível)
Indemnizações pagas pelos senhorios aos inquilinos (encargo não
dedutível)
Processo judicial de despejo de ocupantes de um imóvel (encargos não
dedutíveis)

Nos termos do artigo 51.º do Código do IRS, para a determinação das mais-
valias sujeitas a imposto, ao valor de aquisição acrescem os encargos com
a valorização dos bens, comprovadamente realizados nos últimos 5 anos, e
as despesas necessárias e efetivamente praticadas, inerentes à aquisição e
alienação, de direitos reais sobre bens imóveis.

Os encargos dizem respeito à valorização do próprio bem imóvel, isto é, são


despesas que, por natureza, trazem ao imóvel um valor adicional, como por
exemplo as obras de beneficiação.

IRS 2014 347


Anexo G

O pagamento de uma indemnização ao inquilino, possibilita que se


disponha do imóvel em melhores condições, mas não faz aumentar o seu
valor intrínseco, embora o valor de mercado possa vir a ser superior.

A Administração Fiscal tem vindo a considerar, como despesas necessárias e


inerentes à aquisição e alienação, o Imposto Municipal sobre Transmissões
e os encargos notariais e de registo predial, por, sem elas, a operação não
se poder vir a realizar.

Este assunto foi analisado pela Direção de Serviços Jurídicos e do Contencioso


nas informações n.ºs 173/0304 e 8/04, sobre as quais foi exarado o despacho do
Exm.º Diretor-Geral, de 03/11/2003 e 04/03/2004, respetivamente, no sentido
de que, os encargos com o processo judicial de despejo de ocupantes
de um imóvel não são dedutíveis na determinação do rendimento coletável
(mais-valias) em IRS a título de despesas necessárias inerentes à aquisição e
alienação, bem, como não o são, a título de encargos com a valorização
nos termos do art.º 51.º do CIRS.
(Informação vinculativa, Proc. nº 2483/2004, sancionada por despacho da Senhora Diretora
de Serviços de 04/03/2005)

Expropriação de bens imóveis (mais-valias obtidas)

A expropriação de bens imóveis, quer amigável quer litigiosa, considera-se


uma alienação onerosa sujeita a IRS?

Tal como se encontra previsto no artigo 1.º do Código das Expropriações,


«Os bens imóveis e os direitos a eles inerentes podem ser expropriados por
causa de utilidade pública compreendida nas atribuições, fins ou objeto da
entidade expropriante, mediante o pagamento contemporâneo de uma justa
indemnização nos termos do mesmo Código».

A expropriação, tanto amigável como litigiosa, implica a extinção do direito


de propriedade sobre o imóvel em que recaia e constitui um direito a favor da
pessoa que tem a seu cargo a prossecução do fim de utilidade pública que se
teve em vista.

Em termos de IRS, a expropriação de bens imóveis configura uma alienação


onerosa de direitos reais susceptível de gerar ganhos (mais-valias) abrangidos
pela alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS, que deve ser levada
ao Anexo G da declaração de rendimentos modelo 3 do IRS, quando não se
considerem rendimentos empresariais, profissionais, de capitais ou prediais,
ou ao Anexo G1 caso se verifique a não sujeição a imposto prevista no artigo
5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30/11 (diploma que aprovou o CIRS).

Quanto ao ganho sujeito a tributação (categoria G) é o mesmo constituído,


ao abrigo da alínea a) do n.º 4 do artigo 10.º do CIRS, pela diferença entre o
valor de realização (i.e., o valor da indemnização) e o valor de aquisição, tendo
presente o que se considera como tal na alínea b) do n.º 1 do artigo 44.º, n.º 1
do artigo 45.º e n.ºs 1 e 2 do artigo 46.º do CIRS.

348 IRS 2014


Anexo G

Sempre que tenham decorridos mais de 24 meses entre a data da aquisição


e a data da alienação, o valor de aquisição ou equiparado é corrigido pela
aplicação do coeficiente de desvalorização da moeda constante de portaria do
Ministro das Finanças (cfr. art.º 50.º do CIRS), correção esta que é feita pelos
Serviços da Administração Tributária quando da liquidação do imposto
que se mostre devido.

Ao valor de aquisição acrescem ainda, de harmonia com o estipulado na alínea


a) do artigo 51.º do mesmo Código, os encargos com a valorização do imóvel,
comprovadamente realizados nos últimos 5 anos, bem como as despesas
necessárias e efetivamente praticadas inerentes à aquisição.

Caso o proprietário do prédio expropriado seja um sujeito passivo residente


em território nacional, o valor dos rendimentos qualificados como mais-valias
é o correspondente ao saldo apurados entre as mais-valias e as menos-valias
realizadas no mesmo ano, o qual, para efeitos de tributação, é considerado
apenas em 50% do seu valor (cfr. n.ºs 1 e 2 do art.º 43.º do CIRS).

Ganhos provenientes da transmissão onerosa de imóveis destinados a


habitação própria e permanente (reinvestimento na aquisição de arrumos,
despensas ou garagens constituindo frações autónomas)

1 - Prevê o corpo do n.º 5 do artigo 10.º do Código do IRS, a exclusão de


tributação, desde que reunidos os demais requisitos estabelecidos para o
efeito, dos ganhos provenientes da alienação onerosa de imóveis destinados a
habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar.

2 - Na norma de não sujeição acima referida não se encontram, todavia incluídos


os arrumos, despensas ou garagens constituindo frações autónomas ou
integrados em prédio distinto do da habitação, mesmo quando desempenhem
funções complementares da habitação.
(Informação vinculativa, Proc. 6833/2010, com despacho concordante da Senhora Subdiretora-
Geral de 06/12/2010)

Herança indivisa (valor de aquisição de um imóvel que vai ser alienado)

Certo sujeito passivo comprou, em outubro de 1997, um apartamento pelo


valor de 90.000 euros, e em agosto de 2008 faleceu.

Existem 4 herdeiros, e ainda com a herança indivisa, um deles pretende


comprar o imóvel.

O valor patrimonial tributável (VPT) do imóvel é de 75.640 euros.

Para efeitos de preenchimento do anexo G, qual o ano e o valor de aquisição a


considerar pelos herdeiros que vão alienar a sua quota hereditária no imóvel?

Como ainda não foi efetuada a escritura de partilha estamos perante uma

IRS 2014 349


Anexo G

herança indivisa no âmbito da qual vai ocorrer a alienação do imóvel a um dos


herdeiros. Nestes termos, cada um dos outros herdeiros está a alienar a sua
quota hereditária no imóvel.

Admitindo que cada um deles possui 25% do imóvel (divisão do imóvel em


partes iguais pelos 4 herdeiros), para efeito de determinação da mais-valia,
cada um dos herdeiros alienantes deve preencher o quadro 4 do anexo G
com a indicação dos valores de aquisição e de realização proporcionais à sua
quota, bem como as respetivas datas.

Neste caso, o ano de aquisição é o ano do falecimento do autor da herança,


ou seja, no caso concreto, 2008.

Por sua vez, o valor de aquisição, tal como se encontra determinado na alínea
a) do n.º 1 do artigo 45.º do Código do IRS, corresponde à parte proporcional
do valor que foi considerado para efeitos de liquidação do imposto do selo na
data do óbito (2008).

O valor de realização é o proporcional ao valor que for atribuído ao imóvel na


venda ou, se superior, do VPT à data da venda.

Jóias, objetos de arte e colecionismo, que fazem parte do património


particular de uma pessoa singular (mais-valias ocorridas quando da sua
venda)

Não são tributados, por via de regra, os ganhos resultantes de alienação de


bens ou direitos não previstos no artigo 10.º do CIRS (ou em qualquer outra
norma de incidência) ou previstos mas excluídos por uma norma de segundo
grau. No primeiro caso estão as mais-valias decorrentes da alienação de
bens móveis não previstos no artigo, que não são tributadas. Isto decorre
quer do facto de, antes do CIRS, as mais-valias apenas serem tributadas
excecionalmente e se ter optado por um sistema de tributação parcial das
mais-valias realizadas (não só para minimizar o impacto da nova tributação
junto do sujeito passivo, mas também por razões atinentes à dificuldade do
controlo administrativo), quer do facto de, normalmente, os bens móveis não
valorizarem com o decurso do tempo.

Há, contudo, o caso das jóias, de certos vinhos, de objetos de arte e de


colecionismo que, normalmente, valorizam com o tempo e os seus proprietários
obtêm ganhos na sua alienação, ou seja, realizam mais-valias. São mais-
-valias que o sistema optou por não tributar, quer na categoria G quer em
qualquer outra categoria. Sublinhe-se, no entanto que, se um sujeito passivo
praticar com regularidade atos que dêem origem a tais ganhos, estes vão ser
tributados na categoria B enquanto ganhos empresariais ou comerciais.
(J. L. Saldanha Sanches, em Manual de Direito Fiscal, 3ª edição, Coimbra Editora, 2007, pág.
315/316)

350 IRS 2014


Anexo G

Lease-Back (mais-valias obtidas)

Certo sujeito passivo, pessoa singular, tinha uma dívida com um Banco. Como
não tinha condições financeiras para a pagar, fez um contrato de Lease-
-Back com uma sociedade de locação financeira, entregando-lhe a casa onde
vive como habitação própria e permanente, que havia adquirido em 2002 a
título gratuito, tendo o dinheiro que recebeu sido integralmente para pagar a
dívida, continuando no entanto a ocupar a casa, mas agora na qualidade de
"inquilino", ficando a pagar por mês, durante o período de tempo que negociou,
uma importância substancialmente mais pequena e agora dentro das suas
possibilidades financeiras. Findo o contrato, o imóvel regressa ao dono original.

A passagem "temporária" do prédio para a sociedade de locação financeira


considera-se uma alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis com
enquadramento na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS?

O "Lease-Back" é um caso particular de locação financeira onde coincidem as


figuras do fornecedor e do locatário, ou seja, um bem é adquirido pela sociedade
de locação financeira para ser objeto de um contrato de locação entre esta e
o próprio fornecedor ou transmitente do bem, que, tratando-se de um imóvel,
se encontra sujeito a Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de
Imóveis (IMT) segundo as regras gerais de incidência, já que neste caso a
locadora compra ao locatário o prédio para lho locar financeiramente.
Com a operação apenas se transmite a propriedade e se modifica o título de
posse.

Consequentemente, a operação em causa, tem perfeito cabimento na alínea


a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS, que deve ser levada ao quadro 4
do anexo G da declaração de rendimentos modelo 3 do IRS do ano em que se
verifique, quando não se considerem rendimentos empresariais, profissionais,
de capitais ou prediais, com todos os elementos necessários para o efeito.

Quanto ao ganho sujeito a tributação (categoria G) é o mesmo constituído,


ao abrigo da alínea a) do n.º 4 do artigo 10.º do CIRS, pela diferença entre o
valor de realização e o valor de aquisição, tendo presente que, quanto àquele,
prevalecerá, quando superior, o valor por que o imóvel for considerado para
efeitos de liquidação do IMT, conforme determina o n.º 2 do artigo 44.º do
Código do IRS.

Como, no caso concreto, decorreram mais de 24 meses entre a data da


aquisição e a data da alienação, o valor de aquisição ou equiparado é corrigido
pela aplicação do coeficiente de desvalorização da moeda constante de
portaria do Ministro das Finanças (cfr. art.º 50.º do CIRS), correção esta que
é feita pelos Serviços da Administração Tributária quando da liquidação
do imposto que se mostre devido.

Para efeitos de tributação, sendo o interessado um sujeito passivo residente


em território nacional, o valor dos rendimentos qualificados como mais-valias,
correspondente ao saldo apurados entre as mais-valias e as menos-valias

IRS 2014 351


Anexo G

realizadas no mesmo ano, é apenas considerado em 50% do seu valor (cfr.


n.ºs 1 e 2 do art.º 43.º do CIRS).

Caso o sujeito passivo não tivesse que aplicar o valor obtido no pagamento
da dívida ao Banco, mas sim o reinvestisse na aquisição de outro imóvel
destinado à sua habitação própria e permanente ou do seu agregado familiar,
no prazo de 36 meses, o ganho proveniente da operação seria excluído da
tributação, nos termos do n.º 5 do artigo 10.º do Código do IRS.

Locação financeira de bens imóveis (valor de aquisição a considerar nos


casos de bens imóveis adquiridos através do exercício do direito de opção de
compra no termo da vigência do contrato)

Nos casos de bens imóveis adquiridos através do exercício do direito de opção


de compra no termo da vigência do contrato de locação financeira, considera-
se valor de aquisição o somatório do capital incluído nas rendas pagas durante
a vigência do contrato e o valor pago para efeitos de exercício do direito de
opção, com exclusão de quaisquer encargos.
(n.º 5 do artigo 46.º do CIRS, aditado pela Lei n.º 55-A/2010, de 31/12)

Partilha de bens imóveis em caso de divórcio (implicações fiscais e


obrigações declarativas em sede de IRS)

Quais as implicações fiscais e obrigações declarativas em sede de IRS


decorrentes da partilha de bens imóveis em caso de divórcio de um casal que
havia casado sob o regime da comunhão de adquiridos, e de cujo património
fazia parte um bem imóvel?

O divórcio é a forma de extinção do casamento em vida de ambos os


cônjuges, introduzida no direito português pelo Decreto de 03/11/1910, e tem
juridicamente os mesmos efeitos da dissolução por morte, salvas as exceções
consagradas na lei (cfr. art.º 1788.º do Código Civil).

Caso um divórcio implique a partilha de bens imóveis e se verifique que a


totalidade de um imóvel fica na titularidade de apenas um dos sujeitos passivos,
considera-se que estamos perante uma transmissão onerosa da quota-parte
daquele imóvel pertencente ao outro sujeito passivo.

Assim, o sujeito passivo que transmitiu a respetiva quota-parte deverá declarar


tal facto no Anexo G da sua declaração de rendimentos modelo 3 do IRS, ou
no anexo G1 caso seja de aplicar a não sujeição prevista no artigo 5.º do
Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30/11.

Caso seja apurada uma mais-valia (e não seja aplicável a não sujeição referida
anteriormente), estando em causa um sujeito passivo residente em Portugal,
apenas 50% do valor do ganho estará sujeito a tributação em sede de IRS às
taxas marginais aplicáveis, em conformidade com o determinado no n.º 2 do
artigo 43.º do Código do IRS.

352 IRS 2014


Anexo G

Permuta de bens imóveis e reinvestimento com recurso ao crédito


(valores a mencionar nos quadros 4 e 5 do anexo G)

Certo sujeito passivo solicitou esclarecimento à Administração Tributária da


seguinte situação:

Em 1994 adquiriu uma habitação pelo montante de € 55.865,36, recorrendo


então ao crédito bancário, de que deve atualmente € 43.705,06.

Pretende no decorrer do ano de 2002 permutar o imóvel acima referido por outro
destinado a habitação permanente, sendo atribuído os valores de € 109.735,00
ao imóvel a entregar e € 199.519,00 ao imóvel a receber.

Para a futura permuta pretende ainda, além de liquidar o empréstimo bancário


a que recorreu para aquisição da 1ª habitação no montante de € 43.705,06,
recorrer a um crédito bancário no valor de € 149.639,37 para aquisição do
novo imóvel que recebe em permuta.

Requer, assim, o contribuinte que seja informado de quais os valores a


mencionar na declaração de rendimentos do ano de 2002.
Expostos os factos, cumpre informar:
1 - De harmonia com o estipulado no n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS,
constituem mais-valias os ganhos obtidos que, não sendo considerados
rendimentos empresariais e profissionais, de capitais ou prediais, resultem
da alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis.

2 - Quanto ao ganho sujeito a tributação é o mesmo constituído, ao abrigo


da alínea a) do n.º 4 do mesmo artigo 10.º, pela diferença entre o valor de
realização e o valor de aquisição, procedendo-se à correção monetária sempre
que entre aqueles dois eventos haja decorrido mais de 24 meses, mediante
aplicação de coeficientes aprovados e constantes de portaria do Ministro das
Finanças, nos termos do artigo 50.º do CIRS.

3 - Ao valor de aquisição acrescem ainda, de harmonia com o estipulado na


alínea a) do artigo 51.º do mesmo Código, os encargos com a valorização
dos bens, comprovadamente realizados nos últimos 5 anos, e as despesas
necessárias e efetivamente praticadas, inerentes à aquisição e alienação.

4 - No entanto, e de harmonia com o disposto na alínea a) do n.º 5 do artigo


10.º, serão excluídos de tributação os ganhos provenientes da transmissão
onerosa de imóveis destinados à habitação própria e permanente do sujeito
passivo e do seu agregado familiar, se no prazo de 24 (atualmente 36)
meses da data de realização, o valor de realização, deduzido da amortização
do empréstimo contraído para a aquisição do imóvel, for reinvestido,
designadamente na aquisição da propriedade de outro imóvel, exclusivamente
com o mesmo destino.

5 - A questão submetida a análise, envolve, a permuta de um imóvel destinado


a habitação por outro com o mesmo destino.

IRS 2014 353


Anexo G

6 - A permuta é um contrato de compra, distinguindo-se desta,


fundamentalmente, porque aqui se observa a troca de uma coisa por
dinheiro e ali a troca de uma coisa por outra.

7 - Ora, considerando o referido pelo consulente, que vai adquirir por permuta
um imóvel destinado a habitação permanente, com recurso ao crédito bancário,
considera-se apenas reinvestido o valor da diferença entre o crédito
concedido e o valor de aquisição do novo imóvel (199.519,00 - 149.639,00 =
49.879,63).

8 - Assim sendo, aquando do preenchimento do respetivo anexo G, deverá o


sujeito passivo inscrever os valores abaixo mencionados:

No quadro 4
- o valor de aquisição - € 55.865,3
- o valor de realização - € 109.735,00
- despesas com a aquisição (valor da Sisa paga em 1994, bem como os
registos notariais).

No quadro 5
- campo 505 - € 43.705,06 (valor da dívida do empréstimo à data da alienação)
- campo 506 - € 49.879,63 (valor de realização que pretende reinvestir -
€ 199.519,00 - 149.639,37)
- campo 508 - € 49.879,63 (valor reinvestido no ano da alienação).

9 - Salienta-se, ainda, que a verificar-se uma situação de reinvestimento


parcial do valor de realização, que parece ser o caso, e verificadas as
mesmas condições, o benefício acima referido, donde a exclusão tributária
face ao reinvestimento parcial da realização, respeitará unicamente à parte
proporcional dos ganhos correspondente ao valor reinvestido, nos termos do
n.º 7 do artigo 10.º do CIRS.

10 - Contudo, a mais-valia encontrada apenas é considerada em 50% do


seu valor, por força do n.º 2 do artigo 43.º do CIRS.

11 - Por último, convém salientar que não haverá lugar a benefício se o


adquirente não afetar o novo imóvel à sua habitação permanente até decorrido
seis meses após o termo do prazo em que o reinvestimento deva ser efetuado.

12 - A entender-se de conformidade, deverá, para conhecimento do


interessado, proceder-se à remessa de cópia da presente informação à
Direção de Finanças respetiva.
(Informação nº 637/2003, de 18/03/2003, da Direção de Serviços do IRS, sancionada por
despacho de 22/05/2003)

Prédios urbanos transformados em regime de propriedade horizontal (a


modificação do regime não determina a alteração da titularidade do direito de
propriedade)

354 IRS 2014


Anexo G

Tendo surgido dúvidas sobre a tributação em sede de IRS dos ganhos


resultantes da alienação onerosa de frações autónomas de prédio adquirido
antes da entrada em vigor do Código do IRS (01/01/89), e que foi objeto
depois desta data da constituição em regime de propriedade horizontal
e de obras de beneficiação e ampliação, foi, por despacho de 15/12/92, de
Sua Excelência o Subsecretário de Estado Adjunto da Secretaria de Estado
Adjunta e do Orçamento, sancionado o seguinte entendimento:

1 - A constituição do regime de propriedade horizontal sobre um prédio não


determina modificação na titularidade do direito de propriedade, pelo que
se este (direito) se constituiu antes da entrada em vigor do Código do IRS, a
alienação onerosa de qualquer fração não está sujeita a tributação no âmbito
da categoria G.

2 - As obras de reparação e as benfeitorias efetuadas no imóvel pelo seu


proprietário não alteram o conteúdo do seu direito de propriedade nem modificam
a respetiva titularidade. Nestes termos, a posterior alienação onerosa do
prédio reparado ou beneficiado não integra a previsão normativa da alínea
a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS, desde que a sua aquisição se
tenha verificado antes da entrada em vigor deste Código e a sua alienação não
estivesse já sujeita a tributação em Mais-Valias, atento o disposto no n.º 1 do
artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30 de novembro.

3 - Apenas as obras de ampliação ou outras que originem uma parte de


prédio suscetível de utilização independente e de inscrição matricial
separada nos termos do n.º 2 do artigo 13.º do Código da Contribuição
Autárquica, deverão ser consideradas como factos modificativos, não
apenas do conteúdo originário do direito, como também da titularidade da parte
ampliada suscetível de utilização independente, a qual se reportará à data
relevante para efeitos de inscrição matricial e de sujeição a tributação.

4 - Em consequência, sempre que a data relevante para efeitos de inscrição


matricial e de sujeição a tributação da parte ampliada de um prédio, suscetível de
utilização independente, tenha ocorrido após a entrada em vigor do Código do
IRS, a posterior alienação onerosa daquela parte, separada ou conjuntamente
com o prédio, em que se integra, é abrangida pela previsão normativa da
alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS, não lhe podendo aproveitar
a exclusão tributária prevista no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30
de novembro.

5 - O presente entendimento é de aplicação exclusiva às situações em que


a alienação onerosa de bens imóveis não gere rendimentos fiscalmente
qualificáveis como comerciais ou industriais.
(Circular n.º 8/92, de 03/06/1992, do SAIR)

Promessa de compra e venda ou de troca, com tradição ou posse dos


bens ou direitos objeto de contrato (momento em que se considera obtido
o ganho)

IRS 2014 355


Anexo G

Os ganhos resultantes da alienação onerosa de direitos reais sobre imóveis


consideram-se, em regra, obtidos no momento dessa alienação. Porém, nos
casos de promessa de compra e venda ou de troca (permuta) presume-se
que o ganho é obtido logo que verificada a tradição ou posse dos bens ou
direitos objeto do contrato.
[cfr. alínea a) do n.º 3 do artigo 10.º do CIRS]

Separação judicial de pessoas e bens (consequências, em sede de IRS,


resultantes da partilha de bens imóveis)

Certo casal, que havia casado sob o regime da comunhão de adquiridos,


e de cujo património fazia parte um bem imóvel, por decisão já transitada
em julgado, foi decretada a separação de pessoas e bens, tendo o respetivo
imóvel sido atribuído na totalidade a um deles.

Que consequências tem esta atribuição em sede de IRS?

A separação judicial de pessoas e bens não dissolve o vínculo conjugal, mas,


relativamente aos bens do casal, a separação produz os efeitos que produzia
a dissolução do casamento (cfr. art.º 1795.º-A do Código Civil).

Em sede de IRS, a situação pessoal e familiar dos sujeitos passivos a considerar


para efeitos de tributação, e consequente cumprimento da obrigação de
entrega da declaração de rendimentos, é aquela que se verificar no último dia
do ano (31 de dezembro) a que o imposto respeita [cfr. n.º 7 (atual n.º 8) do
art.º 13.º do CIRS].

Se, nesta data, já transitou em julgado a decisão que decretou a separação


judicial de pessoas e bens, cada um dos sujeitos passivos deve entregar a
sua declaração de rendimentos modelo 3 do IRS assinalando aí o campo 2
(separado judicialmente) do quadro 6.

No que respeita às consequências fiscais resultantes da partilha dos bens


imóveis, em que um dos sujeitos passivos fica com a propriedade do imóvel
numa quota-parte superior à que detinha, o que acontece, por exemplo, se o
imóvel era propriedade de ambos e passa a ser apenas de um deles, como é
no caso citado, considera-se que se trata da sua alienação onerosa (na parte
correspondente ao excesso da quota-parte) que contudo não está sujeita a IMT,
face à redação do n.º 6 do artigo 2.º do Código do IMT, dada pela Lei n.º 64-
A/2008, de 31/12.

Na perspetiva do sujeito passivo que transmite a favor do outro a sua parte


no imóvel (no caso 50%), dado que esta transmissão é considerada a título
oneroso, configura uma operação suscetível de determinar o apuramento
de um ganho tributado como mais-valia, na categoria G de IRS, nos termos
do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do respetivo Código, que
deve ser levada ao quadro 4 do anexo G, salvo se puder aproveitar da não

356 IRS 2014


Anexo G

sujeição prevista no n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30/11,


que aprovou o Código do IRS, que estabelece encontrarem-se excluídos de
tributação, no âmbito das mais-valias, os ganhos obtidos com a alienação de
imóveis rústicos e/ou urbanos (com exceção de terrenos para construção),
adquiridos antes de 01/01/1989, que nesse caso deverá ser levado ao quadro
5 do anexo G1.

Caso haja lugar ao preenchimento do anexo G, o valor de aquisição


a considerar deve ser o valor que serviu de base à liquidação do IMT, ou
da SISA, quando o prédio foi adquirido (cfr. artigo 46.º do CIRS), na parte
proporcional ao excesso da quota-parte (50%), e como valor de realização o
valor patrimonial ou, se superior, o valor atribuído na partilha (cfr. art.º 44.º do
CIRS).

Tornas recebidas em ato de divisão ou partilha por sucessão "mortis


causa", da qual faziam parte bens imóveis (incidência)

"A" faleceu em janeiro de 2012 tendo deixado como únicos herdeiros seus
filhos "B" e "C", e como bens apenas um prédio urbano destinado a habitação.

A partilha da herança foi feita extrajudicial, por escritura lavrada em maio do
ano findo, e por acordo entre os herdeiros estes decidiram que o prédio era
adjudicado, na sua totalidade, ao filho "B", pagando este as tornas devidas ao
seu irmão "C".

A cedência em causa está enquadrada no conceito de alienação onerosa


prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS?

Quando na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS se diz que


«constituem mais-valias os ganhos obtidos que, não sendo considerados
rendimentos comerciais, industriais, agrícolas ou de capitais, resultem de
alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis ...» pretende-se
abranger não só as transmissões onerosas resultantes dos normais contratos
de compra e venda mas também a cedência em ato de divisão ou partilha de
direitos reais sobre bens imóveis.

Daqui resulta que o herdeiro que cedeu a sua quota ideal, pela qual recebeu
tornas, deverá, no ano seguinte ao da escritura de partilhas, para efeitos
de tributação em sede de IRS, entregar a declaração de rendimentos modelo
3 do IRS e juntar, além de outros (na hipótese de haver mais rendimentos
sujeitos a englobamento), o anexo G, onde irá fazer constar, como valor de
realização, o montante das tornas que recebeu, salvo se aos rendimentos
em causa for aplicável a não sujeição a imposto prevista no artigo 5.º do
Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30/11, que estabelece encontrarem-se excluídos
de tributação, no âmbito das mais-valias, os ganhos obtidos com a alienação
de imóveis rústicos e/ou urbanos (com exceção de terrenos para construção),
adquiridos antes de 01/01/1989. Neste caso, o anexo a juntar será o G1.

IRS 2014 357


Anexo G

Na situação exposta, porque o prédio não era a habitação própria e permanente


do sujeito passivo ou do seu agregado familiar (fazia parte da herança indivisa),
mesmo que o valor recebido seja reinvestido na aquisição de uma habitação
própria e permanente do sujeito passivo em causa ou do seu agregado familiar,
não há lugar ao benefício previsto no n.º 5 do artigo 10.º do Código do IRS.

Tenha-se presente que, o herdeiro que pagar as respetivas tornas pelo excesso
da quota-parte que adquire, nos bens imóveis, em ato de divisão ou partilhas,
fica sujeito a Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis
(IMT), em conformidade com o disposto na alínea c) do n.º 5 do artigo 2.º do
mesmo diploma.

Tornas recebidas em ato de divisão ou partilha por sucessão "mortis


causa", da qual faziam parte bens imóveis (valor de aquisição e de
realização)

Dois irmãos fizeram no ano findo a partilha dos imóveis deixados pelos seus
pais ambos falecidos na vigência do Código do IRS.

O valor total dos imóveis a partilhar ascendeu a 1 380 000 euros, sendo que o
valor adjudicado a um dos irmãos foi de 558 000 euros e ao outro de 822 000
euros.

O irmão que recebeu imóveis no valor de 558 000 euros recebeu ainda tornas
no valor de 132 000 euros, para igualar o quinhão hereditário.

Dado que se trata do pagamento de tornas apenas para igualar o quinhão


hereditário, o mesmo está sujeito a mais-valias por parte daquele que as
recebeu?

Em caso afirmativo, qual o valor de aquisição e de realização a fazer constar


do anexo G?

Quando num processo de partilha há atribuição de tornas relativas a bens


imóveis, considera-se que se trata de um negócio de alienação/aquisição do
direito real dos imóveis, sendo que as tornas são consideradas, para quem as
recebe, sujeitas a IRS como mais-valias. Para quem as paga são consideradas
como se de uma aquisição se tratasse.

Assim, se na escritura de partilha ficou determinado que haveria lugar a


tornas deve-lhes ser dado o enquadramento acima indicado que é aquele que
corresponde à posição da Administração Fiscal sobre esta matéria.

Nesta perspetiva, o "alienante" (aquele que recebeu as tornas) deve considerar


no preenchimento do anexo G (quadro 4) da declaração de rendimentos
modelo 3 do IRS como valor de aquisição o valor que foi atribuído para efeitos
de imposto de selo aos bens imóveis partilhados e como valor de realização
as tornas recebidas.

358 IRS 2014


Anexo G

Troca (ou permuta) de bens imóveis (valor de realização a constar do


anexo G)

Um casal possuía um prédio urbano, a que corresponde a fração C, com o


Valor Patrimonial Tributável (VPT) de 28.000 euros, que permutou com uma
sociedade imobiliária que possuía um outro prédio urbano a que corresponde
a fração A, com o valor atribuído de 150.000 euros.

Da escritura de permuta e mútuo de hipoteca consta: "Os 2.ºs outorgantes


cedem a fração A aos 1.ºs outorgantes no valor atribuído de 150.000 euros e
os 1.ºs cedem à sociedade imobiliária a fração C no valor de 50.000 euros e a
quantia em dinheiro no montante de 100.000 euros".

Qual o valor de realização que o casal, proprietário da fração C, deve mencionar


no anexo G?

Na questão colocada, o aspeto essencial é definir qual o valor de realização a


considerar para efeitos de mais-valias relativamente à fração C que é permutada
pela fração A, já que quanto ao valor de aquisição não há quaisquer dúvidas
de que é de 28.000,00 euros.

No caso de troca, para a determinação dos ganhos sujeitos a IRS, tal como
determina a alínea a) do n.º 1 do artigo 44.º do Código do IRS, considera-se
valor de realização o valor atribuído no contrato aos bens ou direitos
recebidos, ou o valor de mercado, quando aquele não exista ou este for
superior, acrescido ou diminuído, um ou outro, da importância em dinheiro a
receber ou a pagar.

Na situação exposta, o valor atribuído aos bens recebidos - fração A - é de


150.000 euros, e os proprietários da fração C, para além da entrega desta
fração, pagam ainda à imobiliária a importância de 100.000 euros, pelo que, de
acordo com as regras da alínea a) do n.º 1 do artigo 44.º do Código do IRS, o
valor de realização da fração C é de 50.000 euros (150.000 - 100.000).

Note-se que, caso o valor da avaliação que venha a ser feita à fração C for
superior, este prevalecerá sobre o valor indicado.

Usucapião (aquisição de bens imóveis por esta forma)

As aquisições por usucapião são consideradas originárias e por esse motivo


não são juridicamente transmissões.

O usucapiente não sucede nos direitos do anterior titular do direito de


propriedade ou outro direito real de gozo sobre o bem adquirido por esta figura
jurídica.

Assim, os pressupostos da constituição do direito do usucapiente são


independentes dos direitos do anterior titular deste direito. Na verdade,

IRS 2014 359


Anexo G

a aquisição por usucapião resulta da posse do adquirente e não de


qualquer negócio jurídico oneroso ou gratuito celebrado com o anterior
proprietário.
(n.º 1 da Circular n.º 19/2009, de 21/7, da DGCI)

Usucapião (data da aquisição do direito de propriedade)

Cabe a esta Direção de Serviços informar sobre a matéria constante do


presente e-mail, na qual se coloca a questão de saber qual o momento da
aquisição do direito de propriedade em caso de usucapião.

Cumpre informar:

O entendimento que tem sido seguido nesta Direção de Serviços consta da


Informação n.º 338/94, sancionada por despacho do Senhor Subdiretor-Geral
dos Impostos, datado de 05/02/94, que é o seguinte:

"Nos termos do artigo 1316.º do Código Civil, o direito de propriedade adquire-


-se por diversas formas, entre as quais avulta, no que ao caso interessa, a
usucapião;

A lei civil admite que a mera posse constitua um mecanismo criador de


direitos, capaz de gerar a aquisição da propriedade, constituindo a usucapião
um dos modos por que se opera tal aquisição, embora, por razões que se
compreendem, o lapso temporal envolvido seja variável consoante a natureza
da posse;

O primeiro requisito da usucapião é a posse, embora para além desta se exija


que transcorra um dado lapso temporal;

O possuidor adquire o direito correspondente à sua atuação, ou seja,


quem possui como proprietário só pode adquirir por usucapião o direito de
propriedade;

Nos termos do artigo 1317.º do Código Civil, o momento da aquisição do


direito de propriedade é, no que à usucapião respeita, o momento do início
da posse.

Além disso, dispõe o artigo 1288.º do mesmo normativo, que a invocação da


usucapião determina a retroatividade dos seus efeitos à data do início
da posse, tudo se passando para o direito como se a propriedade houvesse
originariamente sido adquirida, não relevando para o efeito o momento da
celebração formal do título notarial.

O Direito Fiscal não criou conceitos próprios sobre a matéria, parecendo


razoável concluir que se terá de socorrer dos conceitos da lei civil, para o qual
o possuidor é havido como proprietário desde o início da posse."
(Inf. n.º 2171/2002, datada de 26/12/2002, sancionada por Desp. do Subdiretor-Geral, datado de
03/01/2003, que acompanhou o Ofício n.º 1003, de 03/01/2003, da Direção de Serviços do IRS)

360 IRS 2014


Anexo G

NOTA:
Sobre esta matéria, ver ainda a parte final do Parecer n.º 452, da então DGCI
- DSJC -, de 03/10/2003, a seguir transcrito com o título "Usucapião (valor de
aquisição)".

Usucapião (noção)

A posse do direito de propriedade ou de outros direitos reais de gozo, mantida


por certo lapso de tempo, faculta ao possuidor, salvo disposição em contrário,
a aquisição do direito a cujo exercício corresponde a sua atuação: é o que se
chama usucapião.
(artigo 1287.º do Código Civil)

Usucapião (valor de aquisição)

Determinado contribuinte adquiriu, em janeiro de 1973, um terreno por 3.000,00


euros, que na altura não conseguiu legalizar por a Câmara Municipal respetiva
ter informado o adquirente que não podia fazer ali qualquer obra.

Porém, em 2004 o interessado conseguiu legalizar o terreno através de


aquisição por usucapião, pois nessa data já tinham falecido os vendedores.

Na escritura está escrito: sic "Que em janeiro de 1973, por compra meramente
verbal, adquiriram o referido lote a ..., já falecidos. Que, desde essa data possuem
e mantêm o referido lote, sem violência e sem oposição, ostensivamente, com
conhecimento de toda a gente, em nome próprio e com aproveitamento de
todas as utilidades, agindo sempre por forma correspondente ao exercício do
direito de propriedade, quer usufruindo como tal, quer suportando os respetivos
encargos. Que, dadas as enunciadas caraterísticas de tal posse, não é
suscetível de ser comprovado pelos meios normais".

Não menciona, portanto, o valor de aquisição.

O atrás descrito implicou a entrega de uma declaração modelo 1 de IMI, da


qual resultou uma avaliação por parte da Administração Fiscal que lhe atribui o
valor de 101 000,00 euros.

Dado que o interessado vai agora vender o terreno em causa, qual o valor e
data de aquisição a considerar para o cálculo da mais-valia?

Nos termos da alínea a) do n.º 3 do artigo 1.º do Código do Imposto do Selo, é


considerada transmissão a título gratuito, a aquisição por usucapião.

A aquisição por usucapião está sujeita a imposto do selo, 10% sobre o valor -
-verba 1.2 da Tabela Geral do Imposto do Selo.

IRS 2014 361


Anexo G

Tratando-se de pessoa singular agindo no âmbito da vida particular, o valor


de aquisição, de bens ou direitos adquiridos a título gratuito, para efeitos de
determinação das mais-valias, é, nos termos do disposto no artigo 45.º do
Código do IRS, o que tiver sido considerado para efeitos de liquidação do
imposto do selo, que no caso concreto é o valor resultante da avaliação, ou
seja 101 000,00 euros (categoria G).

A data da aquisição é a data em que ocorreu a transmissão civil e fiscal que


corresponde ao momento do início da posse, e que no caso concreto é 1973.
(cfr. Parecer n.º 452, da DGCI - DSJC -, de 03/10/2003)

NOTA:
Sobre a data da aquisição do direito de propriedade por usucapião, ver ainda
a doutrina constante da Inf. n.º 2171/2003, que acompanhou o Ofício n.º 1003,
de 03/01/2003, da Direção de Serviços do IRS, antes transcrita com o título
"Usucapião (data de aquisição do direito de propriedade)".

Usufruto (alienação a título oneroso)

A alienação a título oneroso, do usufruto num prédio urbano, a que anexo deve
ser levada para efeitos de tributação em sede de IRS?

O usufruto é um direito real menor (ou limitado) que não é transmissível


"mortis causa" porque não pode exceder a vida do usufrutuário (cfr. art.º
1443.º do Código Civil). É no entanto alienável "inter vivos" (cfr. art.º
1444.º, n.º 1 do Código Civil), mas extingue-se quando o transmitente falecer.
Entende-se que o usufrutuário não transmite o direito de usufruto, mas sim
o seu exercício (cfr. A. Santos Justo, em "Direitos Reais", Coimbra Editora,
edição de 2007, pág. 30).

Tratando-se de um direito real menor (ou limitado) sobre bens imóveis, a


sua alienação a título oneroso, deve constar do Quadro 4 do Anexo G da
declaração de rendimentos modelo 3 do IRS, salvo se puder beneficiar da não
sujeição prevista no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30/11, caso em
que deve então ser levado ao Quadro 5 do Anexo G1.

Quando a alienação esteja enquadrada no âmbito de uma atividade geradora


de rendimentos empresariais, os ganhos obtidos serão de considerar como
rendimentos da categoria B, conforme alínea c) do n.º 2 do artigo 3.º do Código
do IRS.

Usufruto (constituição e extinção)

A constituição e a extinção do usufruto de um prédio está sujeita a tributação


em sede de IRS?

362 IRS 2014


Anexo G

De acordo com o estatuído na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do


IRS, só a alienação onerosa do usufruto gerará, em caso disso, mais-valias
tributáveis.

Situação a todos os títulos diferente é a inicial constituição, à custa do direito


de propriedade plena, dos direitos reais de conteúdo menor.

De acordo com o pensamento a este respeito dominante na doutrina, a


constituição dos direitos reais menores materializa-se apenas numa oneração
temporária dos poderes do proprietário pleno. O direito de propriedade contrai-
-se para dar lugar ao exercício dos poderes atribuídos ao titular do direito real
menor, situação esta que sendo temporária, cessa quando estes se extinguem,
motivando, em consequência, a expansão do direito contraído.

A ideia subjacente é a de que o direito de propriedade é um direito elástico mas


não um direito suscetível de fracionamento, desmembramento ou divisibilidade.

Neste contexto é obrigatória a conclusão de que a constituição de direitos


reais menores à custa do direito progenitor não pode ser considerada como
qualquer forma de alienação onerosa de direitos reais, da mesma forma que
a extinção dos mesmos direitos em benefício daquele direito matriz não deve
também ser tomada como alienação.
(cfr. Maria Odete Oliveira, economista/jurista, e Severino Duarte, economista, em "Tudo sobre
IRS e IRC", pág. 433)

Usufruto (noção)

Usufruto é o direito de gozar temporária e plenamente uma coisa ou direito


alheio, sem alterar a sua forma ou substância.
(artigo 1439.º do Código Civil)

Valor de aquisição de um imóvel adquirido em datas faseadas, parte a


título gratuito e parte a título oneroso

Certo contribuinte vai vender um imóvel que adquiriu da seguinte forma:

- Em 1988 faleceu o seu pai, tendo deixado como herdeiros a viúva e 4 filhos,
um dos quais é o interessado;
- Em 1995 faleceu a mãe, ficando como herdeiros os 4 filhos antes referidos;
- Em 1996 é feita a escritura de partilhas, em que o herdeiro em causa comprou
a parte dos outros irmãos, pagando-lhes as respetivas tornas.

Qual o valor de aquisição que deve fazer constar dos anexos G e G1?

Estamos perante uma situação em que o imóvel chegou à posse do atual

IRS 2014 363


Anexo G

proprietário de forma faseada ao longo do tempo, pelo que no preenchimento


da declaração de rendimentos modelo 3 do IRS (anexos G e G1) há que levar
em consideração esse aspeto.

A aquisição de uma parte do imóvel remonta à data em que ocorreu o óbito do


pai em 1988. Nessa altura, considerando que o regime de casamento era o de
comunhão geral de bens, 50% do imóvel (meação) era propriedade da viúva
e os restantes 50% (quota parte da herança) passaram a ser propriedade dos
herdeiros, viúva incluída.

De acordo com o estipulado no n.º 1 do artigo 2139.º do Código Civil, «a


partilha entre o cônjuge e os filhos faz-se por cabeça, dividindo-se a herança
em tantas partes quantos forem os herdeiros; a quota do cônjuge, porém,
não pode ser inferior a uma quarta parte da herança».

Assim, à viuva (agora como herdeira) pertenciam 25% dos 50% partilhados
(ou seja 12,5%) e os restantes 37,5% (50% - 12,5%) eram divididos pelos
4 filhos em partes iguais, ficando cada filho na posse de 9,375% do total do
imóvel.

Por sua vez, quando ocorreu o óbito da mãe em 1995, cada herdeiro ficou com
mais 15,625% (62,5% : 4), ou seja, cada herdeiro ficou proprietário de 25% do
imóvel.

A aquisição dos 75% aos outros herdeiros ocorre com a realização da escritura
de partilhas feita em 1996.

Há, pois, três momentos na aquisição de diferentes partes do imóvel as quais


são relevantes para cálculo da respetiva mais-valia, devendo ser distribuídos
em função das percentagens de aquisição efetuadas ao longo do tempo.

Relativamente à mais-valia associada à parte adquirida em 1988, por óbito


do pai, está afastada de tributação, face ao disposto no artigo 5.º do Decreto-
Lei n.º 442-A/88, de 30/11, devendo ser declarada no anexo G1 da declaração
de rendimentos modelo 3. O valor de aquisição a fazer constar do quadro 5
do anexo G1 é o que tenha sido considerado para efeitos de liquidação do
Imposto do Selo - na altura Imposto Sucessório (cfr. n.º 1 do art.º 45.º do
CIRS).

A mais-valia correspondente à parte adquirida em 1995, por óbito da mãe,


será tributada e no seu cálculo o valor de aquisição a considerar corresponde
ao valor atribuído a essa parte para efeitos de Imposto Sucessório, valor este
a indicar no quadro 4 do anexo G (cfr. n.º 1 do art.º 45.º do CIRS).

Por último, relativamente à parte adquirida aos outros irmãos, porque, neste
caso, a data de aquisição é a data da realização da escritura de partilhas feita
em 1996 (cfr. n.º 3 da Informação vinculativa, Proc. 1866/2008, com despacho
concordante do Senhor Subdiretor-Geral, de 01/07/2008), o valor de aquisição
a fazer constar do quadro 4 do anexo G é o que serviu de base para efeitos de
liquidação de sisa - atualmente IMT (cfr. n.º 1 do art.º 46.º do CIRS).

364 IRS 2014


Anexo G

Valor de aquisição de um imóvel adquirido a título gratuito que


posteriormente foi reconstruído

Determinado contribuinte adquiriu por herança um imóvel em 2009, que tinha


na altura o valor patrimonial de 148 euros.

Em 2012 reconstruiu o imóvel e foi-lhe então atribuído um novo valor patrimonial


de 37.000 euros.

Se no ano em curso o contribuinte vender o imóvel em causa, qual o valor de


aquisição que deve fazer constar do anexo G?

Para efeitos de determinação da mais-valia resultante da alienação de um


imóvel que tenha sido adquirido a título gratuito - p. ex. por herança, como
ocorreu na situação em análise - estabelece o artigo 45.º do Código do IRS
que o valor de aquisição a considerar corresponde ao valor que tiver sido
considerado para efeitos de liquidação do imposto do selo, ou não tendo
havido liquidação desse imposto (p. ex. por se aplicar uma isenção) o valor
que seria considerado caso a mesma ocorresse.

Do que fica referido conclui-se que o valor de aquisição na situação em análise


é de 148 euros.

Contudo, há no entanto que considerar outros aspetos relevantes para o


cálculo da mais-valia.

Desde logo, caso decorram mais de 24 meses entre a data da aquisição e a


data da alienação do imóvel, há lugar à correção monetária a que se refere
o artigo 50.º do Código do IRS, correção esta que é feita pelos Serviços da
Administração Tributária quando da liquidação do imposto que se mostre
devido.

Por outro lado, nos termos do artigo 51.º do mesmo Código, ao valor de aquisição
acrescem os encargos com a valorização dos bens, comprovadamente
realizados nos últimos cinco anos, e as despesas necessárias e efetivamente
praticadas, inerentes à aquisição e alienação do imóvel (a fazer constar em
coluna própria do anexo G).

Assim, as obras de recuperação realizadas nos últimos cinco anos, desde


que devidamente documentadas, são de considerar no apuramento da mais-
-valia, devendo para isso constar da coluna própria (Despesas e encargos) do
quadro 4 do anexo G.

Valor de aquisição de um imóvel adquirido a título oneroso por dois


sujeitos passivos em comum e em partes iguais (com protocolo de
entendimento celebrado fora da escritura de aquisição onde acordaram que o
pagamento não era feito em partes iguais)

IRS 2014 365


Anexo G

Dois sujeitos passivos adquiriram, na vigência do Código do IRS, em


comum e partes iguais, através de escritura pública, um imóvel por € 80 000.
Simultaneamente, celebraram um acordo, reconhecido notarialmente, onde
consta que um deles iria pagar € 28 000 e o outro € 60 000.

Dado que no ano em curso venderam o referido imóvel, qual o valor de


aquisição que cada um deles deve levar ao quadro 4 do anexo G, o valor de
aquisição que consta do título de compra e venda (em comum e partes iguais)
ou o que consta do protocolo de entendimento?

Se a aquisição do imóvel foi feita em comum e partes iguais significa que


cada um dos intervenientes é proprietário de 50% do imóvel. O facto de terem
celebrado um acordo paralelo em que um deles paga mais do que o outro, não
altera a propriedade que cada um deles detém.

Este acordo pode, por sua vez, configurar uma de duas situações com
relevância para efeitos fiscais:

- Trata-se de um empréstimo, se aquele que pagou menos ficou com a


obrigação de pagar ao outro a diferença para 50% do preço de compra.
Sendo um empréstimo (mútuo) presume-se, nos termos do n.º 2 do artigo 6.º
e do n.º 1 do artigo 40.º, ambos do CIRS, que é remunerado à taxa de juro
legal ou;

- Trata-se de uma doação em dinheiro que aquele que pagou mais de metade
do preço fez ao outro interveniente. Esta doação está sujeita a imposto de
selo nos termos da alínea c) do n.º 3 do artigo 1.º do Código do Imposto do
Selo, podendo contudo beneficiar da isenção da alínea e) do artigo 6.º do
mesmo Código, caso os donatários sejam os ali previstos.

Relativamente à venda, em concordância com o que ficou referido, cada um dos


intervenientes aliena 50% do imóvel, considerando como custo de aquisição,
a levar ao quadro 4 do anexo G, 50% do valor considerado para efeitos de
IMT aquando da aquisição. Isto mesmo se encontra vertido no n.º 1 do artigo
46.º do Código do IRS, onde se diz que, no caso da alínea a) do n.º 1 do artigo
10.º (alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis), se o bem em
causa houver sido adquirido a título oneroso, considera-se valor de aquisição
o que tiver servido para efeitos de liquidação do Imposto Municipal sobre as
Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT).

QUADRO 4A

4A Imóveis Recuperados ou Objeto de Ações de Reabilitação

Mencione os campos do Quadro 4 respeitantes a imóveis recuperados ou objeto de ações de reabilitação com
comprovação emitida por entidade competente, nos termos dos n.ºs 5 e 23 do art.º 71.º do EBF:

1 |__|__|__| 2 |__|__|__| 3 |__|__|__| 4 |__|__|__| 5 |__|__|__|

Opta pelo englobamento dos rendimentos relativos a estes imóveis? SIM 6 |__| NÃO 7 |__|

366 IRS 2014


Anexo G

Os campos do quadro 4 através dos quais foram identificados imóveis alienados situados
em área de reabilitação urbana, recuperados nos termos das respetivas estratégias de
reabilitação ou passíveis de atualização faseada das rendas nos termos dos artigos 27.º e
seguintes do NRAU, que foram objeto de ações de reabilitação [alíneas a) e b) do n.º 6 do
art.º 71.º do EBF] devem ser identificados, neste quadro 4A, nos campos 1 a 5 através da
indicação dos códigos dos campos do quadro 4.

A opção pelo englobamento ou pela tributação autónoma deve ser formalizada assinalando
o campo 6 ou 7.

Reabilitação urbana (taxa de tributação autónoma das mais-valias)

5 - As mais-valias auferidas por sujeitos passivos de IRS residentes em território


português são tributadas à taxa autónoma de 5%, sem prejuízo da opção
pelo englobamento, quando sejam inteiramente decorrentes da alienação de
imóveis situados em 'áreas de reabilitação urbana', recuperados nos termos
das respetivas estratégias de reabilitação.

6 - Os rendimentos prediais auferidos por sujeitos passivos de IRS residentes


em território português são tributados à taxa de 5%, sem prejuízo da opção
pelo englobamento, quando sejam inteiramente decorrentes do arrendamento
de:

a) Imóveis situados em 'área de reabilitação urbana', recuperados nos termos


das respetivas estratégias de reabilitação;
b) Imóveis arrendados passíveis de atualização faseada das rendas nos
termos dos artigos 27º e seguintes do NRAU, que seja objeto de ações de
reabilitação.

23 - A comprovação do início e da conclusão das ações de reabilitação é da


competência da câmara municipal ou de outra entidade legalmente habilitada
para gerir um programa de reabilitação urbana para a área da localização do
imóvel, incumbindo-lhe certificar o estado dos imóveis, antes e após as obras
compreendidas na ação de reabilitação.
(n.ºs 5, 6 e 23 do artigo 71.º do EBF, aditado pela Lei n.º 64-A/2008, de 31/12)

QUADRO 4B

4B Afetação de bens móveis e de bens imóveis à atividade empresarial e profissional - Art.º 10º, n.º 1, alín. a)
Bens Afetação Aquisição
Titular
Móveis Imóveis Ano Mês Valor Ano Mês Valor
490 | | | | . . , | | | | . . ,
Quota Parte
Identificação matricial dos bens imóveis %
Campo Freguesia (código) Tipo Artigo Fração /Secção
Campo 490 | | | | | | | | | | | | | | |

IRS 2014 367


Anexo G

Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS, os ganhos resultantes da
afetação de quaisquer bens do património particular à atividade empresarial e profissional,
constituem mais-valias sujeitas a IRS na categoria G.

Neste quadro deve ser indicada a afetação de bens (móveis e imóveis) do património
particular à atividade empresarial e profissional exercida em nome individual pelo seu
proprietário [alínea a) do n.º 1 do art.º 10.º do CIRS], a qual deve ser declarada no ano em
que ocorreu a alienação onerosa dos bens em causa ou de outro facto que determine
o apuramento de resultados em condições análogas.

De facto, a mais-valia, determinada pela diferença entre o valor de mercado à data da


afetação do bem e o seu valor de aquisição, só fica sujeita a imposto, categoria G, quando
este bem for vendido, destruído (sinistro ou abate) ou regressar de novo ao património
particular do empresário. Ou seja, a tributação é adiada para o momento da efetiva
alienação do bem, ou da ocorrência de outro facto que determine o apuramento de
resultados em condições análogas. Só no ano em que ocorrer um destes factos é que se
deverá então fazer constar do anexo G (quadro 4B) a respetiva mais-valia ou menos-
-valia, que entretanto ficou suspensa até esse momento.

Nesse ano, haverá que proceder então à tributação de "duas" mais-valias (a serem feitas
segundo regras diferentes, respetivamente as das categorias G e B): a gerada enquanto o
bem esteve no património particular do sujeito passivo (categoria G), e a gerada enquanto
esteve afeto à sua atividade empresarial ou profissional (categoria B).

Porém, relativamente à maioria dos bens móveis (desde logo, os corpóreos), a primeira
(das mais-valias) não é tributável, uma vez que o imposto, por regra, não incide sobre os
ganhos obtidos na sua alienação por particulares.

Assim, parece que o interesse da ficção como alienação da afetação ao ativo empresarial de
um bem móvel cuja alienação por um particular não gera uma mais-valia tributável residirá,
essencialmente, na quantificação do seu valor de mercado à data, pois será este um dos
elementos a partir dos quais se calculará a mais-valia sujeita a tributação na categoria B
(cfr. Dr. Prof. Rui Duarte Morais, em "Sobre o IRS", 3ª edição, Almedina 2014, pág. 142).

O valor de afetação corresponde ao valor de mercado dos bens à data da afetação [alínea
c) do n.º 1 do art.º 44.º do CIRS], o qual pode ser substancialmente diferente do valor de
aquisição, não obstante a Administração Fiscal reservar para si a possibilidade de proceder
à sua correção quando considere, fundamentadamente, que o mesmo não corresponde ao
que seria praticado por pessoas independentes (cfr. n.ºs 2 e 4 do art.º 29.º do CIRS).

Exemplo:
Manuel, afetou um bem imóvel do seu património particular à sua atividade
empresarial e profissional.

O imóvel, adquirido em 2006 por 50 000 euros, foi afetado em 2010 à sua atividade
e contabilizado no imobilizado pelo valor de 80 000 euros (valor de mercado à data
da afetação).

No ano em curso operou-se a alienação onerosa por 100 000 euros.

368 IRS 2014


Anexo G

É neste ano que se fará a tributação da mais-valia das duas transmissões, ou seja:

1ª transmissão - Categoria G:
MV = 80 000 € - 50 000 €

2ª transmissão - Categoria B:
MV = 100 000 € - 80 000 €

Como da "afetação" (1ª transmissão) não resultou a realização efetiva de ganhos,


a tributação é diferida para o momento da alienação do bem. É nesse ano que o
contribuinte deve fazer constar tal afetação no quadro 4B do anexo G e é devedor
do imposto que se mostra devido relativo à "Mais-Valia privada" (Categoria G) e à
"Mais-Valia empresarial" (Categoria B).

De referir ainda que o ganho resultante da afetação (categoria G), é apenas


considerado em 50% do seu valor, tal como se encontra previsto no n.º 2 do artigo
43.º do Código do IRS. Por sua vez o ganho (mais-valia) obtido na categoria B não
beneficia de tal benefício.

O valor de aquisição é constituído pelo valor documentalmente provado se adquiridos a


título oneroso (art.º 46.º do VIRS) ou o valor considerados para efeitos de Imposto sobre as
Sucessões e Doações ou Imposto do Selo se adquirido a título gratuito (art.º 45.º do CIRS).

No campo 490 deve assinalar se a afetação respeita a bens móveis ou imóveis. No caso de
respeitar a bens imóveis deve proceder à respetiva identificação matricial.

Afetação de bens do património particular à atividade empresarial ou


profissional (documento de suporte para efeitos de registo ou contabilísticos)

Que tipo de documento deve servir de suporte à afetação de quaisquer bens,


móveis ou imóveis, do património particular do sujeito passivo à sua atividade
empresarial e profissional, consignada na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do
Código do IRS?

Tal afetação deve ter como suporte, para efeitos de registo ou contabilísticos,
um vulgar documento (que pode ser feito em papel que não necessita de ser
timbrado), do qual conste, pelo menos, os seguintes elementos:
- a identificação do sujeito passivo (nome e número de identificação fiscal);
- a data (dia, mês e ano) da afetação dos bens à atividade empresarial ou
profissional;
- a quantidade e denominação usual dos bens afetados;
- o valor de mercado à data da afetação de tais bens.

IRS 2014 369


Anexo G

Afetação de bens do património particular à atividade empresarial ou


profissional (momento em que o ganho se considera obtido)

Nos casos de afetação de quaisquer bens do património particular a atividade


empresarial e profissional exercida pelo seu proprietário, o ganho só se
considera obtido no momento da ulterior alienação onerosa dos bens em causa
ou da ocorrência de outro facto que determine o apuramento de resultados em
condições análogas.
[alínea b) do n.º 3 do artigo 10.º do CIRS]

Afetação de bens do património particular à atividade empresarial ou


profissional (valor de aquisição a considerar na empresa)

No caso de afetação de quaisquer bens, móveis ou imóveis, do património


particular do sujeito passivo à sua atividade empresarial e profissional, o valor
de aquisição pelo qual esses bens são considerados (no âmbito da categoria
B) corresponde ao valor de mercado à data da afetação [cfr. n.º 2 do art.º
29.º, do CIRS].

O valor de mercado, atribuído pelo sujeito passivo no momento da afetação


ou da transferência dos bens, pode ser objeto de correção sempre que a
Autoridade Tributária e Aduaneira considere, fundamentadamente, que o
mesmo não corresponde ao que seria praticado entre pessoas independentes.
(cfr. n.º 4 do art.º 29.º do CIRS). Nestes casos, o valor resultante de tal
correção prevalecerá a qualquer outro (cfr. n.º 4 do art.º 44.º do CIRS).

Afetação de bens do património particular à atividade empresarial ou


profissional (valor de realização a considerar)

Para a determinação dos ganhos sujeitos a IRS (categoria G), o valor de


realização a considerar no caso de afetação de quaisquer bens do património
particular do titular de rendimentos da categoria B à atividade empresaria e
profissional, é o valor de mercado à data da afetação [cfr. alínea c) do n.º 1
do artigo 44.º do CIRS].

Neste caso, tal valor (de mercado), atribuído pelo sujeito passivo no momento
da afetação ou da transferência dos bens, pode ser objeto de correção sempre
que a Autoridade Tributária e Aduaneira considere, fundamentadamente, que o
mesmo não corresponde ao que seria praticado entre pessoas independentes
(cfr. n.º 4 do art.º 29.º do CIRS).

Em tal situação prevalecerá, se o houver, o valor resultante da correção a que


se refere o n.º 4 do artigo 29.º (cfr. n.º 4 do art.º 44.º do CIRS).

370 IRS 2014


Anexo G

QUADRO 5

5 Reinvestimento do valor de realização de imóvel destinado a habitação própria e permanente


Campo do Campo do
Ano 501 |_|_|_|_| Quadro 4 502 |_|_|_|_| 503 |_|_|_|_| 504 |_|_|_|_| Ano 521 |_|_|_|_| Quadro 4 522 |_|_|_|_| 523 |_|_|_|_| 524 |_|_|_|_|

Intenção de reinvestimento Intenção de reinvestimento


Valor em dívida do empréstimo à data da alienação do bem Valor em dívida do empréstimo à data da alienação do bem
referido nos campos 502, 503 ou 504 referido nos campos 522, 523 e 524
525 . . ,
505 . . ,

Valor de realização que pretende reinvestir (sem recurso ao Valor de realização que pretende reinvestir (sem recurso
crédito) ao crédito)
526 . . ,
506 . . ,

Concretização do reinvestimento antes da alienação Concretização do reinvestimento antes da alienação


Valor reinvestido nos 24 meses anteriores (sem recurso ao Valor reinvestido nos 24 meses anteriores (sem recurso ao
crédito) crédito)
527 . . ,
507 . . ,

Concretização do reinvestimento após a alienação Concretização do reinvestimento após a alienação


Valor reinvestido no ano da alienação (sem recurso ao Valor reinvestido no ano da alienação (sem recurso ao
crédito) crédito)
528 . . ,
508 . . ,

Valor reinvestido no primeiro ano seguinte (sem recurso ao Valor reinvestido no primeiro ano seguinte (sem recurso
crédito) ao crédito)
529 . . ,
509 . . ,

Valor reinvestido no segundo ano seguinte (sem recurso ao Valor reinvestido no segundo ano seguinte (sem recurso
crédito) ao crédito)
530 . . ,
510 . . ,

Valor reinvestido no terceiro ano seguinte dentro dos 36 Valor reinvestido no terceiro ano seguinte dentro dos 36
meses (sem recurso ao crédito) meses (sem recurso ao crédito)
531 . . ,
511 . . ,

São excluídas da tributação as mais-valias provenientes da alienação onerosa de imóveis


(ou fração autónoma) destinados a habitação própria e permanente do sujeito passivo
ou do seu agregado familiar, se o produto da alienação (valor de realização) for utilizado
na aquisição de outro imóvel, de terreno para construção de imóvel, ou na construção,
ampliação ou melhoramento de outro imóvel exclusivamente com o mesmo destino, situado
em território português, na União Europeia ou no Espaço Económico Europeu, desde que
cumpridas as condições estabelecidas nos n.ºs 5 e 6 do artigo 10.º do Código do IRS.

A declaração de rendimentos modelo 3 do IRS em que deve ser mencionada a intenção


de efetuar o reinvestimento do produto da alienação onerosa de direitos reais sobre bens
imóveis é a declaração do ano de realização [cfr. alínea a) do n.º 4 do art.º 57.º do CIRS].

Campos 501 a 511

Os sujeitos passivos que pretendam beneficiar da exclusão da tributação devem indicar:

- No campo 501, o ano em que ocorreu a alienação;


- No campo 502, o campo do quadro 4 correspondente ao imóvel alienado cujo valor de
realização se pretende reinvestir;
- Nos campos 503 e 504 - se o imóvel alienado tiver sido adquirido em datas diferentes (ex:
divórcio, partilha, herança) poderão ser utilizados os campos 503 e 504 para referenciar
os diferentes campos do Quadro 4 correspondentes a cada uma dessas datas;

IRS 2014 371


Anexo G

Intenção de reinvestimento

- No campo 505 deve ser indicado o valor do capital em dívida do empréstimo contraído
para a aquisição do bem alienado (excluem-se os juros e outros encargos, bem como
os empréstimos para obras) que se encontra em dívida à data da alienação do imóvel
(só tem aplicação para as alienações efetuadas nos anos de 2002 e seguintes);

- No campo 506 deve ser indicado o valor de realização que o sujeito passivo pretende
reinvestir na aquisição de habitação própria e permanente, excluindo a parte do valor
de aquisição a efetuar com recurso ao crédito;

Concretização do reinvestimento antes da alienação

- No campo 507 deve ser indicado o valor que foi reinvestido nos 24 meses anteriores,
excluindo a parte do valor de aquisição efetuada com recurso ao crédito;

Este campo deve ser utilizado para os casos em que a compra do imóvel em que é
concretizado o reinvestimento é efetuada antes da venda, devendo ser incluídos todos
os valores despendidos até esta última data.

Concretização do reinvestimento após a alienação

- No campo 508 deve ser indicado o valor que foi reinvestido no ano da alienação,
excluindo a parte do valor de aquisição com recurso ao crédito;

Este campo só deve ser utilizado para os casos em que a compra do imóvel em que é
concretizado o reinvestimento é efetuado após ou em simultâneo (ex. permuta) com a
venda.

- No campo 509 deve ser indicado o valor reinvestido no primeiro ano seguinte ao da
alienação do bem imóvel, excluindo a parte do valor de aquisição efetuada com recurso
ao crédito;

- No campo 510 deve ser indicado o valor reinvestido no segundo ano seguinte ao da
alienação do bem imóvel, excluindo a parte do valor de aquisição efetuada com recurso
ao crédito;

- No campo 511, deve ser indicado o valor reinvestido no terceiro ano seguinte ao da
alienação do bem imóvel, mas dentro dos 36 meses contados da data da alienação,
excluindo a parte do valor de aquisição efetuada com recurso ao crédito.

De notar que, no ano da alienação, só podem ser preenchidos os campos 501 a 506 e 507
ou 508.

No ano seguinte só devem ser preenchidos os campos 501 a 504 e 509 (reinvestimento
feito nesse ano).

372 IRS 2014


Anexo G

No segundo ano seguinte só devem ser preenchidos os campos 501 a 504 e 510
(reinvestimento feito nesse ano a contar da data da alienação do imóvel).

No terceiro ano seguinte só devem ser preenchidos os campos 501 a 504 e 511
(reinvestimento feito nesse ano mas dentro dos 36 meses a contar da data da alienação do
imóvel).

Nos três anos seguintes ao da alienação, o anexo G não deve ser apresentado se não
tiver havido qualquer reinvestimento.

Excecionalmente poderá haver necessidade de fornecer, no mesmo ano, informação sobre


o reinvestimento de imóveis diferentes, estando os campos 521 a 531 preparados para
receber, de forma semelhante, a informação anteriormente referida, relativamente aos
campos 501 a 511.

Se o imóvel não for afeto à habitação permanente até seis meses após o termo do prazo
para reinvestir (n.º 6 do art.º 10.º do CIRS), a exclusão fica sem efeito, devendo os
sujeitos passivos apresentar uma declaração de substituição referente ao ano da
alienação, retirando os valores declarados no quadro 5 deste anexo.

Tenha-se presente que se o valor de realização que se pretende reinvestir não for
concretizado na totalidade até ao fim do prazo legal, haverá lugar à liquidação do imposto
que deixou de ser cobrado, acrescido dos respetivos juros compensatórios (cfr. n.º 1 do
art.º 91.º do CIRS).

Direito de superfície (reinvestimento do valor de realização proveniente da


alienação onerosa do direito de superfície detido sobre bem imóvel afeto a
habitação própria e permanente na aquisição da propriedade plena de um outro
imóvel com o mesmo destino)

1 - Nos termos do estatuído na alínea a) do n.º 5 do artigo 10.º do Código do IRS,


são excluídos de tributação os ganhos provenientes da transmissão onerosa de
imóveis destinados a habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do
seu agregado familiar, se, no prazo de 36 meses contados da data da alienação,
o produto da realização, deduzido da amortização de eventual empréstimo
contraído para a aquisição do imóvel, for reinvestido, designadamente, na
aquisição da propriedade de um outro imóvel, exclusivamente, com o mesmo
destino.

2 - Uma vez que, no caso do Direito de Superfície, o superficiário detém,


simultaneamente, dois direitos de natureza diferente, o direito de superfície que
incide sobre o solo e lhe permite construir em terreno alheio e o direito sobre a
coisa implantada/obra, entende-se, porque equiparável a um verdadeiro direito
de propriedade, que se trata do direito de propriedade no conceito dado pelo
artigo 1305.º do Código Civil.

3 - Para efeitos de aplicação da exclusão tributária consagrada no n.º 5 do


artigo 10.º do Código do IRS, os ganhos advenientes da alienação onerosa

IRS 2014 373


Anexo G

do direito de superfície detido sobre imóvel afeto a habitação própria e


permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar poderão ser
considerados reinvestimento na aquisição da propriedade de um outro
imóvel com o mesmo destino desde que reunidos os demais requisitos
estabelecidos para o efeito.
(Informação vinculativa, Proc. 3919/2008, com despacho concordante do Substituto Legal do
Senhor Diretor-Geral, de 16/12/2009)

Locação financeira de bens imóveis (reinvestimento do valor de realização


na aquisição de um imóvel destinado a habitação própria e permanente através
de contrato de locação financeira imobiliária)

Sobre esta matéria, ver à frente o que se diz com o título "Reinvestimento do
valor de realização na aquisição de um imóvel destinado a habitação própria e
permanente (através de contrato de locação financeira imobiliária)".

Reinvestimento não concretizado do valor de realização de um imóvel


destinado a habitação própria e permanente (não implica a entrega de uma
declaração de substituição)

Certo sujeito passivo vendeu a casa que era a sua habitação própria e
permanente, a qual havia adquirido já na vigência do Código do IRS.

No ano da alienação fez constar, do anexo G da declaração de rendimentos


modelo 3 do IRS, que pretendia reinvestir o valor de realização.

Como não conseguiu fazer o reinvestimento no prazo estipulado no n.º 5 do


artigo 10.º do Código do IRS, terá que entregar uma declaração modelo 3 de
substituição?

A não concretização, total ou parcial, do reinvestimento cuja intenção foi


manifestada no ano da alienação do imóvel que se destinava a habitação
própria e permanente do sujeito passivo, permitindo assim, nos termos do n.º 5
do artigo 10.º do CIRS, que a mais-valia apurada não tivesse sido tributada, não
implica a entrega de uma declaração de substituição, dado que, pela análise
do quadro 5 do anexo G dos anos do período em que o reinvestimento podia
ter sido efetuado, a Administração Tributária dispõe da informação necessária
para proceder à liquidação do imposto em falta.

A disposição que impunha a entrega da declaração de substituição era a alínea


d) do n.º 5 do citado artigo 10.º do CIRS, disposição esta que foi revogada pelo
Decreto-Lei n.º 211/2005, de 7/12.

Há lugar agora sim ao pagamento do imposto que na altura própria deixou de


ser liquidado, bem como, de acordo com o artigo 91.º do Código do IRS, dos
juros compensatórios que se mostram devidos nos termos do artigo 35.º da

374 IRS 2014


Anexo G

Lei Geral Tributária, cuja liquidação, quer do imposto quer dos juros, será feita
pela Administração Tributária e Aduaneira.

Reinvestimento parcial do valor de realização de um imóvel destinado a


habitação própria e permanente (com recurso ao crédito para a aquisição
apenas da nova habitação)

Em abril de 2003, certo sujeito passivo adquiriu, para sua habitação própria
e permanente, um apartamento pelo valor de 110.000 euros, sem recorrer ao
crédito bancário.

Em junho de 2014 vendeu esse apartamento por 140.000 euros.

Em outubro de 2014, o mesmo sujeito passivo adquiriu, novamente para sua


habitação própria e permanente, um outro apartamento, por 200.000 euros,
tendo agora, para este novo apartamento, recorrido a empréstimo bancário no
valor de 80.000 euros.

Sobre que mais-valias irá pagar IRS e quais os campos dos quadros 4 e 5 do
anexo G que deve preencher, quando em 2015 tiver que entregar a declaração
de rendimentos modelo 3 do IRS com o anexo G, relativa ao ano de 2014?

Se não houvesse lugar a reinvestimento na aquisição de outro imóvel para


o mesmo fim, a mais-valia apurada resultaria da diferença entre o valor de
venda (140.000 euros) e o valor de aquisição (110.000 euros) corrigido pelo
coeficiente de desvalorização da moeda respetivo, ou seja, neste caso, 1,20
(Portaria n.º 281/2014, de 30/12, donde:

MV = 140.000 - (110.000 x 1,20) = 140.000 - 132.000 = 8.000 euros

Contudo, nos termos do n.º 2 do artigo 43.º do Código do IRS, desta mais-valia
apenas se tributaria 50%, ou seja 4.000 euros.

De notar que, os valores de realização e de aquisição, a fazer constar do


campo 401 do quadro 4 do anexo G, seriam, para este caso, respetivamente,
de 140.000 euros e 110.000 euros, sem se ter em conta, quer a aplicação
do coeficiente de desvalorização da moeda, quer o valor da mais-valia não
sujeito a tributação (50%), uma vez que a liquidação automática asseguraria
os valores corretos a ter em consideração, bem como a aplicação do
respetivo coeficiente de desvalorização da moeda.

Como, porém, houve lugar a reinvestimento, embora parcial, de 120.000 euros


(200.000 - 80.000), valor aquele a indicar nos campos 506 e 508 do quadro 5
do anexo G, a mais-valia a tributar (cfr. n.º 7 do art.º 10.º do CIRS) seria apenas

IRS 2014 375


Anexo G

a correspondente ao valor não reinvestido (140.000 - 120.000 = 20.000 euros),


ou seja:
140.000 8 000
20.000 X

X = € 20.000 x 8.000 : 140.000 = € 1.142,86 x 50% (a) = € 571,43

(a) - n.º 2 do art.º 43.º do CIRS

Para que esta mais-valia fosse excluída de tributação na totalidade, deveriam


ser reinvestidos 140.000 euros.

Reinvestimento parcial do valor de realização de imóvel destinado a


habitação própria e permanente (com recurso ao crédito para a aquisição
quer da velha quer da nova habitação)

Em setembro de 2014, certo sujeito passivo vendeu uma habitação própria e


permanente, que havia adquirido na vigência do Código do IRS com recurso
ao crédito bancário, cujo valor de realização foi de 100.000 euros.

Na data da alienação faltava-lhe ainda pagar a importância de 10.000 euros do


empréstimo contraído quando da aquisição do imóvel agora alienado.

Na altura própria, tinha igualmente contraído empréstimo para obras de


beneficiação do imóvel agora alienado, do qual, na data da venda, ainda lhe
faltava pagar 5.000 euros;

Do valor de realização do imóvel alienado (€ 100.000), o contribuinte diz


pretender reinvestir apenas 70.000 euros. Para não haver lugar a tributação
precisava de reinvestir 90.000, ou seja 100.000 - 10.000.

Em janeiro de 2015, o mesmo sujeito passivo adquiriu uma outra habitação,


igualmente para habitação própria e permanente, por 120.000 euros, com
recurso ao crédito de 80.000 euros.

No anexo G referente ao ano da venda (2014) deve preencher os seguintes


campos do quadro 5:
- Campo 501 = 2014
- Campo 502 = campo que lhe corresponda no quadro 4, p.e. 401
- Campo 505 = € 10.000 (o empréstimo para obras não releva para este
efeito)
- Campo 506 = € 70.000

Nesse ano (2014), na liquidação do imposto vai ser incluída na base tributável a
parte proporcional da mais-valia correspondente à parte do valor de realização
que não pretende reinvestir.

376 IRS 2014


Anexo G

Valor do reinvestimento que seria necessário declarar para a exclusão da


totalidade da mais-valia fiscal € 100 000 - 10 000 = € 90 000. Como declarou
que apenas iria reinvestir € 70 000, há uma diferença de € 20.000 euros.

Supondo que a mais-valia fiscal era de 36 000,00 euros, a parte proporcional


a tributar no ano de 2014 seria:

90.000 36.000
20.000 X

X = € 20.000 x 36.000 : 90.000 = 8.000 x 50% = 4.000.

No ano seguinte (2015), devem ser preenchidos os seguintes campos do


quadro 5 do anexo G:
- Campo 501 = 2014
- Campo 502 = campo que lhe corresponda no quadro 4, p.e. 401
- Campo 509 - 40.000 (correspondente a 120.000 - 80.000).

Se considerarmos que o contribuinte não alterou o montante que pretendia


reinvestir, no ano de 2016 seria feita uma liquidação adicional ao ano
de 2014 (na altura declarou que ia reinvestir € 70.000 quando acabou por
reinvestir apenas € 40.000) sujeitando a imposto a parte proporcional da mais-
-valia correspondente à diferença entre o que foi declarado como intenção de
reinvestir e a concretização do reinvestimento (€ 70.000 - € 40.000 = € 30.000),
da seguinte forma:

90.000 36.000
30.000 X

X = € 30.000 x 36.000 : 90.000 = 12.000 x 50% = € 6.000

Valor este (€ 6.000) que seria adicionado aos restantes rendimentos, e sobre
o imposto que gerasse acresceriam juros compensatórios, contados dia a dia.

Se o contribuinte em 2014 tivesse declarado logo que em 2015 apenas ia


reinvestir € 40.000 (e não € 70 000 como fez), o rendimento a tributar seria o
mesmo que acabou por ser tributado, ou seja:

90.000 36.000
50.000 (a) X

X = € 50.000 x 36.000 : 90.000 = 20.000 x 50% = 10.000

Tal como fez, foram tributados € 4.000 em 2014 e € 6.000 em 2015.

(a) - Valor que não foi reinvestido (90.000 - 40.000).

IRS 2014 377


Anexo G

Reinvestimento parcial do valor de realização de imóvel destinado a


habitação própria e permanente (momento em que é devida a liquidação do
imposto relativo ao valor não reinvestido)

Existindo dúvidas quanto ao momento em que é devida a liquidação do imposto


pelas mais-valias que resultem da alienação onerosa de direitos reais sobre
bens imóveis, quando ocorra o reinvestimento parcial do produto da alienação
nas condições previstas no n.º 5 do artigo 10.º do Código do IRS, sancionei,
por despacho de 07/02/2001, o seguinte entendimento:

Nos termos do disposto na alínea c) do n.º 5 do artigo 10.º, os sujeitos


passivos que pretendam beneficiar da exclusão de tributação das mais-
-valias obtidas com a alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis,
devem manifestar a intenção de efetuar o reinvestimento, total ou parcial,
do produto da alienação, na declaração de rendimentos correspondente
ao ano em que ocorreu a alienação [cfr. alínea a) do n.º 4 do art.º 57.º do
CIRS].

Quando a intenção de reinvestir respeite, apenas, a parte do produto da


alienação, será de imediato liquidado o imposto relativo à parte do produto
da alienação que exceda o valor manifestado para reinvestimento. Não se
verificando suspensão da liquidação, não são devidos juros compensatórios.

Findo o prazo estabelecido na alínea a) do n.º 5 do artigo 10.º, para a


suspensão da liquidação do imposto sobre o produto da alienação ou a parte
dele, de acordo com o manifesto da intenção de reinvestimento, proceder-
-se-á à liquidação do imposto, com juros compensatórios, sobre a parte
não reinvestida do que foi declarado nos termos da alínea c).

Verificando-se, pelo contrário, que no fim do mesmo prazo, o sujeito passivo


reinvestiu mais do que aquilo que havia declarado como intenção, deverá
requerer a revisão da liquidação através dos procedimentos próprios.

Fica, deste modo, prejudicado o entendimento expresso no ponto 4 do Ofício-


-Circulado n.º 9/93, de 12/07/1993.
(Ofício-Circulado n.º 20 054, de 11/10/2001, da Direção de Serviços do IRS)

Reinvestimento total do valor de realização de um imóvel destinado a


habitação própria e permanente (com recurso ao crédito para a aquisição
quer da velha quer da nova habitação)

Em julho de 2012, certo sujeito passivo comprou, para sua habitação própria
e permanente, um apartamento por 150.000 euros, tendo para tal obtido um
empréstimo bancário no valor de 130.000 euros.

Em maio de 2014 vendeu esse apartamento por 160.000 euros, devendo ao


Banco, na altura da venda, a importância de 128.000 euros.

Em agosto de 2014, o mesmo sujeito passivo adquiriu, novamente para sua


habitação própria e permanente, um outro apartamento por 180.000 euros,

378 IRS 2014


Anexo G

tendo agora, para esta aquisição, recorrido a um empréstimo bancário no


valor de 140.000 euros.

Há lugar a tributação da mais-valia apurada? Houve ou não reinvestimento


total?

Neste caso a mais-valia apurada é de 10.000 euros (160.000 - 150.000) uma


vez que, nesta hipótese concreta, não há lugar à aplicação do coeficiente da
correção monetária prevista no artigo 50.º do Código do IRS, dado que não
decorreram ainda mais de 24 meses entre a data da aquisição (julho de 2012)
e a data da alienação (maio de 2014).

Se não houvesse lugar a reinvestimento, 50% daquele valor (10.000 x 50%


= 5.000 euros) seriam englobados para efeitos de tributação em sede de IRS
(cfr. n.º 2 do art.º 43.º do CIRS).

Como reinvestiu 40.000 euros (180.000 - 140.000) e só era obrigado a


reinvestir 32.000 euros (160.000 - 128.000), não há lugar à tributação da
mais-valia obtida, por beneficiar do disposto na alínea a) do n.º 5 do artigo 10.º
do CIRS, observados que sejam os restantes condicionalismos.

De qualquer maneira, teria sempre de juntar à declaração de rendimentos


modelo 3 do IRS o anexo G e preencher o campo 401 do quadro 4 , bem como
os campos 501 (ano da alienação), 502 (campo do quadro 4), 505 (128.000
euros), 506 (32.000 euros) e 508 (40.000 euros) do quadro 5.

Reinvestimento do valor de realização na aquisição de um imóvel


destinado a habitação própria e permanente (através de contrato de
locação financeira imobiliária)

Os ganhos provenientes da transmissão onerosa de imóveis destinados a


habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar
podem ser excluídos da tributação se foram reinvestidos, através de Leasing
Imobiliário, na compra de um outro imóvel também destinado a habitação
própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar?

O Código do IRS prevê, no n.º 5 do seu artigo 10.º, uma exclusão da tributação
nos ganhos resultantes da transmissão onerosa de imóveis destinados a
habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado
familiar, desde que os valores recebidos na transmissão sejam utilizados
para a aquisição, construção ou beneficiação de outro imóvel com o mesmo
fim, localizado em território nacional, no território de outro Estado membro da
União Europeia ou do Espaço Económico Europeu.

A primeira, e essencial condição será, então, de que se trate, efetivamente, da


alienação da habitação própria do sujeito passivo ou do seu agregado familiar,
não sendo esta exclusão tributária aplicável a nenhum outro imóvel alienado
que não o que cumpra este requisito. No entanto, apesar de essencial, esta
não é condição única. Existem outras condições estipuladas no Código que
devem ser cumpridas, para que se verifique esta não tributação das mais-
-valias obtidas.

IRS 2014 379


Anexo G

Nestas outras condições enquadramos a aquisição através do leasing


imobiliário.

De facto, o reinvestimento pressupõe a aquisição jurídica da propriedade do


imóvel, o que pode excluir o caso do leasing imobiliário. Não já raras vezes,
ocorre a aquisição de imóveis através deste produto financeiro existente no
mercado (leasing imobiliário). Este tipo de produto carateriza-se pelo facto da
propriedade do imóvel se manter na locadora até ao final do contrato, altura em
que o locatário poderá exercer a opção de compra do bem objeto de locação.

Ora, dado que, só com o exercício da opção de compra a propriedade do imóvel


se transfere para o locatário, apenas se este facto ocorresse no prazo previsto
para o reinvestimento ficaria afastada a tributação da mais-valia anteriormente
obtida. Como dificilmente uma operação deste tipo se concretiza nestes prazos,
poderemos concluir que, no que respeita ao IRS, não pode considerar-se
concretizado o reinvestimento do produto da venda de imóvel destinado à
habitação no pagamento das rendas de locação financeira, porque não existe
por esse facto qualquer aquisição jurídica da propriedade.

Valor de realização para efeitos de reinvestimento (o que se considera


como tal)

De acordo com o disposto na alínea f) do n.º 1 e n.º 2 do artigo 44.º do Código


do IRS, considera-se valor de realização o maior dos valores, o da respetiva
contraprestação ou o valor que tiver sido considerado para efeitos de liquidação
de Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT).

Assim, no que concerne ao valor a reinvestir para efeitos de exclusão tributária


consagrada no n.º 5 do artigo 10.º do CIRS, considera-se, como tal, o valor de
realização ou o valor patrimonial definitivo que serviu para efeitos de liquidação
de IMT, se superior.

Quanto ao valor considerado reinvestido, existindo recurso ao crédito para


aquisição do novo imóvel, será a diferença entre o valor patrimonial definitivo,
quando superior ao valor efetivo de aquisição, e o valor do empréstimo
bancário contraído para o efeito.
(Informação vinculativa, Proc. 5310/2008, com despacho concordante do substituto legal do
Senhor Diretor-Geral dos Impostos, de 27/04/2009)

Venda de um terreno e reinvestimento do dinheiro realizado na compra


de um apartamento que vai ser utilizado como habitação própria e
permanente do sujeito passivo e do seu agregado familiar

No ano em curso vendi um terreno cujo dinheiro realizado vou utilizar na


aquisição de um apartamento que vou utilizar como minha habitação própria
e permanente, bem como do meu agregado familiar.

380 IRS 2014


Anexo G

O reinvestimento em causa é considerado como tal para efeitos do n.º 5 do


artigo 10.º do CIRS?

Tal como se encontra previsto no corpo do n.º 5 do artigo 10.º do Código do


IRS, apenas os ganhos (mais-valias) provenientes da transmissão onerosa de
imóveis destinados à habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do
seu agregado familiar, podem beneficiar da exclusão da tributação ali prevista
em caso de reinvestimento.

Assim, tratando-se da venda de um terreno, a exclusão da tributação do


ganho realizado não tem aqui aplicação.

Logo, tratando-se de um terreno (prédio rústico) adquirido na vigência do


Código do IRS, ou de um terreno para construção adquirido após a entrada
em vigor do Código do Imposto de Mais-Valias, aprovado pelo Decreto-Lei
n.º 46 673, de 09/06/1965, caso se trate de um sujeito passivo residente em
território nacional, 50% do valor da mais-valia apurada (cfr. n.º 2 do art.º 43.º do
CIRS) fica sujeito a tributação, em sede de IRS, às taxas marginais aplicáveis,
juntamente com os restantes rendimentos, se os houver, auferidos pelo sujeito
passivo durante o mesmo ano.

Consequentemente, tal alienação não pode ser levada ao quadro 5 do anexo


G, mas sim apenas ao seu quadro 4.

QUADRO 5A

5A Identificação matricial do imóvel objeto de reinvestimento (no território nacional)


Freguesia
Campos Titular (código) Tipo Artigo Fração Quota-Parte %
Campos 507 ou 508 a 511 | | | | | | | | | | | | | |
Campos 527 ou 528 a 531 | | | | | | | | | | | | | |

Se o reinvestimento ocorreu em território da União Europeia ou no Espaço Económico Europeu, indique o país |__|__|__|
(ver instruções)

Destina-se este quadro à identificação do imóvel em que foi concretizado o reinvestimento,


quando efetivado em território português, devendo no seu preenchimento seguir as
regras já indicadas no quadro 4, quer para a identificação matricial dos bens alienados,
quer no que se refere à forma como devem ser identificados os respetivos titulares.

Se o reinvestimento se concretizou em território de outro Estado membro da União


Europeia ou do Espaço Económico Europeu, deve indicar o respetivo código do país de
acordo com a tabela que se encontra transcrita em anotação à quarta coluna do quadro 7 do
Anexo H, com o título "Lista dos países que fazem parte do Espaço Económico Europeu".

IRS 2014 381


Anexo G

Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis (comprovação


do reinvestimento em imóvel situado no território de outro Estado membro da
União Europeia ou no Espaço Económico Europeu)

Com a nova redação dada pelo Decreto-Lei n.º 361/2007, de 2/11, à alínea a)
do n.º 5 do artigo 10.º do Código do IRS, passou a ser também possível fazer
o reinvestimento do valor de realização resultante da alienação de imóveis
destinados a habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu
agregado familiar, na aquisição da propriedade de outro imóvel, de terreno
para a construção de imóvel, ou na construção, ampliação ou melhoramento
de outro imóvel, exclusivamente com o mesmo destino, situado no território de
outro Estado membro da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu,
desde que, neste último caso, exista intercâmbio de informações em matéria
fiscal.

Para tal, os sujeitos passivos devem comprovar, quando solicitado pelos


Serviços, a afetação do imóvel à sua habitação permanente ou do seu agregado
familiar, através de declaração emitida por entidade oficial do outro Estado.
[cfr. alínea a) do n.º 5 do artigo 10.º e alínea b) do n.º 4 do artigo 57.º, ambos do CIRS]

QUADRO 6

6 Alienação onerosa da propriedade intelectual - Artigo 10.º, n.º 1, alínea c) do CIRS


Identificação do bem Titular Valor de realização Valor de aquisição Despesas e encargos
601 . . , . . , . . ,
602 . . , . . , . . ,
Soma . . , . . , . . ,

Neste quadro, devem ser declarados os ganhos obtidos com atos de alienação onerosa
da propriedade intelectual ou industrial ou de experiência adquirida no setor comercial,
industrial ou científico, quando o transmitente não seja o titular originário.

Se o transmitente for o titular originário, o rendimento será tributado na categoria B, sendo,


por isso, de incluir no anexo B ou C, conforme o interessado esteja a ser tributado pelo
regime simplificado ou pelo regime de contabilidade organizada, respetivamente.

A liquidação automática do imposto, que é feita pelos Serviços Centrais da Administração


Tributária, assegura a consideração de apenas 50% das mais-valias obtidas, respeitantes
a transmissões efetuadas por sujeitos passivos residentes, nos termos do n.º 2 do artigo
43.º do Código do IRS. Assim, todos os valores devem ser inscritos neste quadro pela
totalidade.

No espaço reservado à identificação do bem deve indicar-se o direito objeto de transmissão.

Para identificação do titular do rendimento, devem ser utilizados os códigos que foram
definidos para o quadro 4.

382 IRS 2014


Anexo G

As despesas a indicar na coluna própria, são as necessárias e efetivamente praticadas,


inerentes à alienação [cfr. alínea b) do art.º 51.º do CIRS].

Alienação onerosa da propriedade intelectual ou industrial ou de


experiência adquirida no setor comercial, industrial ou científico, quando
o transmitente não seja o seu titular originário (ganho sujeito a IRS)

Constituem mais-valias os ganhos obtidos que, não sendo considerados


rendimentos empresariais, profissionais, de capitais ou prediais, resultem da
alienação onerosa da propriedade intelectual ou industrial ou de experiência
adquirida no setor comercial, industrial ou científico, quando o transmitente não
seja o seu titular originário [alínea c) do n.º 1 do art.º 10.º do CIRS].

Neste caso, o ganho sujeito a IRS é constituído pela diferença entre o valor de
realização e o valor de aquisição [alínea a) do n.º 4 do art.º 10.º do CIRS].

De harmonia com o disposto no n.º 2 do artigo 43.º do Código do IRS, o saldo


positivo ou negativo apurado entre as mais-valias e as menos-valias respeitante
às transmissões efetuadas por residentes em território nacional, previstas na
alínea c) do n.º 1 do artigo 10.º do mesmo diploma, será considerado apenas
por 50% do seu valor.

Contudo, todos os valores devem ser inscritos neste quadro 6 pela totalidade,
já que a liquidação automática do imposto, que é feita pelos Serviços da
Administração Tributária, assegura a aplicação daquela percentagem.

Alienação onerosa da propriedade intelectual ou industrial ou de


experiência adquirida no setor comercial, industrial ou científico, quando
o transmitente não seja o seu titular originário (taxa a aplicar)

Constituem mais-valias tributadas pelas regras da categoria G do IRS, os ganhos


obtidos que, não sendo considerados rendimentos empresariais, profissionais,
de capitais ou prediais, resultem de alienação onerosa da propriedade intelectual
ou industrial ou de experiência adquirida no setor comercial, industrial ou
científico, quando o transmitente não seja o seu titular originário [cfr. alínea c)
do n.º 1 do art.º 10.º do CIRS].

No caso concreto, tratando-se de sujeitos passivos residentes em território


nacional, o saldo obtido entre as mais-valias e as menos-valias, tal como se
encontra previsto no n.º 2 do artigo 43.º do CIRS, é de englobar apenas 50%
aos restantes rendimentos das diversas categorias, auferidos pelo agregado
familiar, e como tal sujeitos a IRS pelas taxas gerais constantes da tabela
prevista no n.º 1 do artigo 68.º do CIRS.

Tratando-se de sujeitos passivos não residentes em território nacional, as


mais-valias, que não sejam imputáveis a estabelecimento estável nele situado,

IRS 2014 383


Anexo G

são sujeitas a tributação autónoma à taxa de 28%, em conformidade com o


n.º 1 do artigo 72.º do CIRS.

Contudo, os residentes noutro Estado membro da União Europeia ou no


Espaço Económico Europeu, desde que, neste último caso, exista intercâmbio
de informações em matéria fiscal, podem optar pela tributação desses
rendimentos à taxa que, de acordo com a tabela prevista no n.º 1 do artigo 68.º
do Código do IRS, seria aplicável no caso de serem auferidos por residentes
em território português, tendo-se presente que para efeitos de determinação da
taxa em causa (a constante da citada tabela) são tidos em consideração todos
os rendimentos, incluindo os obtidos fora do território português, nas mesmas
condições que são aplicáveis aos residentes em território nacional (cfr. n.ºs 8 e
9 do art.º 72.º do CIRS).

Não esquecer que, os não residentes em território nacional, caso obtenham


aqui rendimentos desta natureza, deverão nomear um representante, nos
termos do artigo 130.º do Código do IRS, o qual deverá proceder à entrega
da declaração de rendimentos modelo 3 do IRS, acompanhada do anexo G,
indicando os elementos necessários ao cálculo das mais-valias, como seja:
o valor e a data de aquisição, o valor e a data de alienação, bem como os
encargos que sejam dedutíveis ao valor de aquisição, nos termos do artigo 51.º
do CIRS.

Tal designação é no entanto meramente facultativa, em relação a não


residentes de, ou a residentes que se ausentem para, Estados membros da
União Europeia ou do Espaço Económico Europeu, neste último caso desde
que esse Estado membro esteja vinculado a cooperação administrativa no
domínio da fiscalidade equivalente à estabelecida no âmbito da União Europeia
(cfr. n.º 2 do art.º 130.º do CIRS).

QUADRO 7

7 Cessão onerosa de posições contratuais ou outros direitos relativos a Bens Imóveis


Artigo 10.º, n.º 1, alínea d) do CIRS
Valor de realização do Valor de aquisição do
Identificação do contrato Titular
direito direito
701 . . , . . ,
702 . . , . . ,
Soma . . , . . ,

Destina-se este quadro à declaração da cessão onerosa de posições contratuais ou outros


direitos inerentes a contratos relativos a bens imóveis, a que se refere a alínea d) do n.º 1
do artigo 10.º do Código do IRS.

Estão aqui em causa situações relativamente frequentes como, p. ex., alguém celebra um
contrato-promessa de aquisição de um apartamento em construção e, antes da celebração

384 IRS 2014


Anexo G

da escritura, cede a um terceiro a sua posição contratual em troca de um valor superior ao


das quantias já pagas ao vendedor a título de sinal.

O ganho sujeito a IRS é constituído pela importância recebida pelo cedente, deduzida do
preço por que eventualmente tenha obtido os direitos e bens objeto de cessão [alínea b) do
n.º 4 do art.º 10.º do CIRS].

A liquidação automática do imposto, que é feita pelos Serviços Centrais da Administração


Tributária, assegura a consideração de apenas 50% do saldo entre as mais-valias e as
menos-valias obtidas, respeitantes a transmissões efetuadas por residentes no território
nacional, nos termos do n.º 2 do artigo 43.º do Código do IRS. Assim, todos os valores (de
realização ou aquisição) devem ser inscritos neste quadro pela totalidade.

Para identificação do «Titular» do rendimento devem ser utilizados os códigos que foram
definidos para o quadro 4, ou seja:

A = Sujeito Passivo A
B = Sujeito Passivo B
C = Se o bem alienado pertencer em comum aos sujeitos passivos A e B.

Os dependentes devem ser identificados conforme se exemplifica, tendo em conta


a posição assumida para cada um nos quadros 3B ou 3C da declaração modelo 3 de
IRS (rosto).

D1 = Dependente não deficiente DD1 = Dependente deficiente


D2 = Dependente não deficiente DD2 = Dependente deficiente

F = Falecido (no ano do óbito, caso exista sociedade conjugal, havendo rendimentos
auferidos em vida pelo falecido, deve o titular desses rendimentos ser identificado
com a letra "F", cujo número de identificação fiscal deve constar no quadro 7A
do rosto da declaração de rendimentos modelo 3).

Cessão onerosa de posições contratuais ou outros direitos inerentes a


contratos relativos a bens imóveis (incidência)

Constituem mais-valias os ganhos obtidos que, não sendo considerados


rendimentos empresariais e profissionais, de capitais ou prediais, resultem de
cessão onerosa de posições contratuais ou outros direitos inerentes a contratos
relativos a bens imóveis.

O ganho sujeito a IRS é constituído pela importância recebida pelo cedente,


deduzida do preço por que eventualmente tenha obtido os direitos e bens
objeto de cessão.
[cfr. alínea d) do n.º 1 e alínea b) do n.º 4 do artigo 10.º do CIRS]

IRS 2014 385


Anexo G

Cessão onerosa de posições contratuais ou outros direitos inerentes a


contratos relativos a bens imóveis (taxa a aplicar)

Constituem mais-valias tributadas pelas regras da categoria G do IRS, os


ganhos obtidos que, não sendo considerados rendimentos empresariais e
profissionais, de capitais ou prediais, resultem da cessão onerosa de posições
contratuais ou outros direitos inerentes a contratos relativos a bens imóveis
(cfr. art.º 10.º, n.º 1, alínea d), do CIRS).

No caso concreto, caso se trate de sujeitos passivos residentes em território


nacional, o saldo obtido entre as mais-valias e as menos-valias, tal como
se encontra previsto no n.º 2 do artigo 43.º do Código do IRS, para efeitos
de tributação, é de considerar apenas em 50% do seu valor, ao qual, com
os restantes rendimentos das diversas categorias, auferidos pelo agregado
familiar, se aplicam as taxas gerais constantes da tabela prevista no n.º 1 do
artigo 68.º do CIRS.

Tratando-se de sujeitos passivos não residentes em território nacional, o


saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias, é sujeito a tributação
autónoma à taxa de 28%, em conformidade com o n.º 1 do artigo 72.º do
CIRS.

Contudo, os residentes noutro Estado membro da União Europeia ou no


Espaço Económico Europeu, desde que, neste último caso, exista intercâmbio
de informações em matéria fiscal, podem optar pela tributação desses
rendimentos à taxa que, de acordo com a tabela prevista no n.º 1 do artigo
68.º do CIRS, seria aplicável no caso de serem auferidos por residentes em
território português, tendo-se presente que para efeitos de determinação da
taxa em causa (a constante da citada tabela) são tidos em consideração todos
os rendimentos, incluindo os obtidos fora do território português, nas mesmas
condições que são aplicáveis aos residentes em território nacional (cfr. n.ºs 8
e 9 do art.º 72.º do CIRS).

Não esquecer que, os não residentes em território nacional, caso obtenham


aqui rendimentos desta natureza, deverão nomear um representante, nos
termos do artigo 130.º do CIRS, o qual deverá proceder à entrega da declaração
de rendimentos modelo 3 do IRS, acompanhada do anexo G, indicando os
elementos necessários ao cálculo das mais-valias, como seja: o valor e a data
de aquisição, o valor e a data de alienação, bem como os encargos que sejam
dedutíveis ao valor de aquisição, nos termos do artigo 51.º do CIRS.

Tal designação é no entanto meramente facultativa, em relação a não


residentes de, ou a residentes que se ausentem para, Estados membros da
União Europeia ou do Espaço Económico Europeu, neste último caso desde
que esse Estado membro esteja vinculado a cooperação administrativa
no domínio da fiscalidade equivalente à estabelecida no âmbito da União
Europeia (cfr. n.º 2 do art.º 130.º do CIRS).

386 IRS 2014


Anexo G

QUADRO 8

8 Alienação onerosa de partes sociais e outros valores mobiliários - Artigo 10.º, n.º 1, alínea b) do Código
do IRS
Realização Aquisição Despesas
Titular Entidade emitente Códigos
Ano Mês Valor Ano Mês Valor e encargos
801 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
802 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
803 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
804 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
805 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
806 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
807 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
808 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
809 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
810 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
811 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
812 | | | | | | | | | | | | . . , | | | . . , . . ,
Soma . . , . . , . . ,

Destina-se este quadro a declarar a alienação onerosa de partes sociais (quotas e ações),
e outros valores mobiliários (v.g. obrigações e outros títulos de dívida), com exceção das
partes sociais e outros valores mobiliários cuja titularidade o alienante tenha adquirido até
31 de dezembro de 1988 (cfr. art.º 5.º do Dec. Lei n.º 442-A/88, de 30/11).

No seu preenchimento deverá proceder-se da seguinte forma:

- Na segunda coluna «Entidade emitente» deve ser identificada com o número de


identificação fiscal a entidade que emitiu os títulos alienados.

- Na terceira coluna devem ser indicados os códigos dos valores mobiliários alienados, de
acordo com a seguinte tabela:

Códigos Valores Mobiliários


01 Ações
02 Quotas
03 Obrigações e outros títulos de vida
04 Outros valores mobiliários

- As operações de alienação podem ser declaradas agregando os valores mobiliários por


ano de aquisição. Quando o número de campos se mostre insuficiente para se poder
indicar cada uma das alienações deve ser entregue declaração global, caso em que se
deve indicar como data de aquisição a mais antiga e como data de realização a mais
moderna;

- O valor de realização é determinado de acordo com as regras estabelecidas no artigo


44.º do Código do IRS;

- O valor de aquisição é determinado nos termos dos artigos 45.º e 48.º do Código do
IRS, quando se trate, respetivamente, de aquisições a título gratuito ou a título oneroso;

IRS 2014 387


Anexo G

- Na coluna «Despesas e encargos» apenas poderão ser inscritas as despesas


necessárias e efetivamente praticadas inerentes à alienação [cfr. alínea b) do art.º 51.º
do CIRS].

Para identificação do «Titular» do rendimento, devem ser utilizados os códigos que foram
definidos para o quadro 4, ou seja:

A = Sujeito Passivo A
B = Sujeito Passivo B
C = Se o bem alienado pertencer em comum aos sujeitos passivos A e B.

Os dependentes devem ser identificados conforme se exemplifica, tendo em conta


a posição assumida para cada um nos quadros 3B ou 3C da declaração modelo 3 de
IRS (rosto).

D1 = Dependente não deficiente DD1 = Dependente deficiente


D2 = Dependente não deficiente DD2 = Dependente deficiente

F = Falecido (no ano do óbito, caso exista sociedade conjugal, havendo rendimentos
auferidos em vida pelo falecido, deve o titular desses rendimentos ser identificado
com a letra "F", cujo número de identificação fiscal deve constar no quadro 7A do
rosto da declaração de rendimentos modelo 3).

Optando-se pelo englobamento, deve ser assinalado o campo SIM 1 do quadro 9, ou, caso
não se pretenda optar pelo englobamento, deve-se assinalar o campo NÃO 2, do mesmo
quadro.

Ações resultantes da transformação de uma sociedade por quotas em


sociedade anónima (data de aquisição a considerar)

Numa sociedade por quotas transformada em sociedade anónima, se as ações


forem entretanto alienadas, qual a data de aquisição das mesmas a considerar?

Tal como se encontra previsto na alínea b) do n.º 6 do artigo 43.º do Código


do IRS, a transformação de uma sociedade por quotas em sociedade anónima
não determina alteração na data de aquisição das partes sociais.

Assim sendo, a data de aquisição das ações resultantes da transformação de


uma sociedade por quotas em sociedade anónima é a data de aquisição das
quotas que lhe deram origem.

Alienação onerosa de partes sociais (ações alienadas em Portugal por um


residente na Suíça)

As mais-valias obtidas por um sujeito passivo residente na Suíça, resultantes

388 IRS 2014


Anexo G

da venda de ações em Portugal, detidas em sociedades portuguesas, devem


ser levadas ao anexo G da declaração de rendimentos modelo 3 do IRS?

Nos termos do n.º 1 do artigo 27.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais, as mais-
-valias realizadas por um não residente que em território nacional não possua
um estabelecimento estável a que possam ser imputadas, resultantes da
transmissão onerosa de ações emitidas por entidades residentes em território
português e negociadas em mercados regulamentados de bolsa, estão isentas
de IRS e nessa medida não têm que ser declaradas no anexo G da declaração
de rendimentos modelo 3.

Esta isenção fica contudo sem efeito caso se verifique alguma das situações
previstas nos n.ºs 2 e 3 do mesmo artigo.

Por outro lado, nos termos do n.º 3 do artigo 13.º da Convenção para evitar a
dupla tributação internacional celebrada entre Portugal e a Suíça, os ganhos
provenientes da alienação de ações só podem ser tributados no Estado
Contratante (neste caso Suíça) de que o alienante é residente.

O artigo 27.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais tem a seguinte redação, dada
pela Lei n.º 64-B/2011, de 30/12:

«1 - Ficam isentas de IRS e IRC as mais-valias realizadas com a transmissão


onerosa de partes sociais, outros valores mobiliários, warrants autónomos
emitidos por entidades residentes em território português e negociados em
mercados regulamentados de bolsa, e instrumentos financeiros derivados
celebrados em mercados regulamentados de bolsa, por entidades ou pessoas
singulares que não tenham domicílio em território português e aí não possua
estabelecimento estável ao qual as mesmas sejam imputáveis.

2 - O disposto no número anterior não é aplicável:


a) A entidades não residentes e sem estabelecimento estável em território
português que sejam detidas, direta ou indiretamente, em mais de 25%,
por entidades residentes;
b) A entidades não residentes e sem estabelecimento estável em território
português que sejam domiciliadas em país, território ou região sujeitas a
um regime fiscal claramente mais favorável, constante de lista aprovada
por portaria do Ministro das Finanças;
c) Às mais-valias realizadas por entidades não residentes com a
transmissão onerosa de partes sociais em sociedades residentes
em território português cujo ativo seja constituído, em mais de 50%,
por bens imóveis aí situados ou que, sendo sociedades gestoras
ou detentoras de participações sociais, se encontrem em relação de
domínio, tal como esta é definida no artigo 13.º do Regime Geral das
Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, aprovado pelo Decreto-
-Lei n.º 298/92, de 31 de dezembro, a título de dominantes, com
sociedades dominadas, igualmente residentes em território português,
cujo ativo seja constituído, em mais de 50%, por bens imóveis aí
situados.

IRS 2014 389


Anexo G

3 - O disposto no n.º 1 não é ainda aplicável:

a) As pessoas singulares não residentes e sem estabelecimento estável


em território português que sejam domiciliadas em país, território ou
região sujeitas a um regime fiscal claramente mais favorável, constante
de lista aprovada por portaria do Ministro das Finanças;
b) Às mais-valias realizadas por pessoas singulares com a transmissão
onerosa de partes sociais em sociedades residentes em território
português cujo ativo seja constituído, em mais de 50%, por bens
imóveis aí situados ou que, sendo sociedades gestoras ou detentoras
de participações sociais, se encontrem em relação de domínio, tal como
esta é definida no artigo 13.º do Regime Geral das Instituições de Crédito
e Sociedades Financeiras, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 298/92, de
31 de dezembro, a título de dominantes, com sociedades dominadas,
igualmente residentes em território português, cujo ativo seja constituído,
em mais de 50%, por bens imóveis aí situados».

Declaração de aquisição e ou alienação de valores mobiliários (controlo


cruzado e consequente avaliação da veracidade das declarações dos sujeitos
passivos)
Paralelamente ao preenchimento do anexo G, lembramos que os sujeitos
passivos que alienarem ou adquirirem ações e outros valores mobiliários, sem
a intervenção das entidades referidas nos artigos 123.º e 124.º do Código
do IRS, ou seja, dos notários, conservadores e oficiais de justiça, ou das
instituições de crédito e sociedades financeiras, são obrigados a entregar, à
Administração Tributária, por transmissão eletrónica de dados, a declaração
modelo 4, a que se refere a Portaria n.º 54/2009, de 21 de janeiro, nos 30 dias
subsequentes à realização das operações, obrigação esta que constitui um
instrumento de controlo cruzado e consequente avaliação da veracidade das
declarações dos sujeitos passivos.
(cfr. n.º 1 do artigo 138.º do CIRS)

Micro ou pequena empresa (definição)


Tendo sido suscitadas dúvidas sobre a aferição dos pressupostos do conceito
de micro e pequenas empresas, para efeitos do disposto nos n.ºs 3 e 4 do
artigo 43.º do Código do IRS (CIRS), na redação dada pela Lei n.º 15/2010,
de 26 de julho, foi por despacho do Diretor-Geral de 24/04/2014, sancionado o
entendimento que a seguir se divulga.
1 - O n.º 3 do artigo 43.º do CIRS, na redação dada pela Lei n.º 15/2010,
de 26 de julho, prevê que o saldo apurado entre as mais-valias e as menos-
-valias realizadas no mesmo ano, respeitante às transmissões onerosas de
partes sociais de micro e pequenas empresas não cotadas nos mercados
regulamentado ou não regulamentado da bolsa de valores, quando positivo,
seja considerado apenas em 50% do seu valor.
2 - Por remissão expressa do n.º 4 do artigo 43.º do CIRS, entende-se por

390 IRS 2014


Anexo G

micro e pequenas empresas as entidades definidas nos termos do anexo


ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro (alterado pelo Decreto-
- Lei n.º 143/2009, de 16 de julho), diploma que define o procedimento de
certificação por via eletrónica de micro, pequena e média empresas (PME),
da competência do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à
Inovação, I.P. (IAPMEI).

3 - O Decreto-Lei em referência não contém no seu articulado uma definição


de PME, dispondo apenas que os conceitos e os critérios a utilizar, para aferir
o respetivo estatuto de PME para efeitos de certificação, constam do anexo ao
diploma legal, que dele faz parte integrante.

4 - Nos termos do artigo 2.º deste anexo, verifica-se que a qualidade de


PME depende, essencialmente, da verificação de um conjunto de requisitos
materiais - (i) os efeitos e (ii) os limiares financeiros - tendo como referência
os dados do último exercício contabilístico encerrado, calculados numa base
anual (cfr. artigo 4.º do anexo ao Decreto-Lei n.º 373/2007).

5 - Assim, a qualificação de micro ou pequena empresa para efeitos de


aplicação dos n.ºs 3 e 4 do artigo 43.º do CIRS, deve assentar na realidade
material das entidades cujas partes sociais foram objeto de transmissão
onerosa, com base na verificação dos requisitos materiais vertidos no anexo ao
Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, à data da alienação, impendendo
sobre os sujeitos passivos o respetivo ónus da prova, nos termos do n.º 1 do
artigo 74.º da Lei Geral Tributária.

6 - Por conseguinte:

a) A existência de Certificação emitida pelo IAPMEI, válida à data da alienação


das partes sociais, faz presumir a verificação dos requisitos materiais
constantes do anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro,
pelo que releva como prova bastante do estatuto de micro ou pequena
empresa para efeitos do regime previsto nos n.ºs 3 e 4 do artigo 43.º do
CIRS.
b) Caso a empresa não seja detentora de Certificação como micro ou pequena
empresa, nos termos antes referidos, cumpre, ainda assim, aferir se a
entidade, à data da alienação das partes sociais, preenchia os requisitos
constantes do anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, com
a consequente e eventual qualificação da entidade como micro ou pequena
empresa para efeitos do n.º 3 do artigo 43.º do CIRS.
(Circular n.º 7/2014, de 29 de julho, do Gabinete do Diretor-Geral da Autoridade Tributária e
Aduaneira)

Valores mobiliários (noção)


São valores mobiliários, além de outros que a lei como tal qualifique:
a) As ações;
b) As obrigações;

IRS 2014 391


Anexo G

c) Os títulos de participação;
d) As unidades de participação em instituições de investimento coletivo;
e) Os warrants autónomos;
f) Os direitos destacados dos valores mobiliários referidos nas alíneas a) a d),
desde que o destaque abranja toda a emissão ou série ou esteja previsto
no ato de emissão.
g) Outros documentos representativos de situações jurídicas homogéneas,
desde que sejam suscetíveis de transmissão em mercado.
(nº 1 do artigo 1.º do Código dos Valores Mobiliários, aprovado pelo Dec. Lei n.º 486/99, de 13/11, com a
redação dada pelo Dec. Lei n.º 66/2004, de 24/3)

QUADRO 8A

8A Alienação onerosa de partes sociais de micro e pequenas empresas


Campo do Campo do Campo do
Q. 8 NIPC da Sociedade Q. 8 NIPC da Sociedade Q. 8 NIPC da Sociedade
|__|__|__| | | | | | | | | | | |__|__|__| | | | | | | | | | | |__|__|__| | | | | | | | | | |

Este quadro destina-se a identificar os campos do quadro 8 onde foram inscritos os valores
relativos à alienação onerosa de partes sociais de micro ou pequenas empresas, definidas
nos termos do artigo 2.º do anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, e
certificadas como tal pelo IAPMEI, I.P., não cotadas nos mercados regulamentado ou não
regulamentado da bolsa de valores. Estas empresas devem ser identificadas através do
NIPC, sendo o saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias considerado em 50%
do seu valor, de acordo com o n.º 3 do artigo 43.º do Código do IRS.
Considera-se pequena empresa aquela que emprega menos de 50 pessoas e cujo volume
de negócios anual ou balanço total anual não excede 10 milhões de euros (cfr. n.º 4 do art.º
43.º do CIRS, e n.º 2 do art.º 2.º do Anexo ao Dec. Lei n.º 372/2007, de 6/11).
Por sua vez, uma micro empresa é aquela que emprega menos de 10 pessoas e cujo
volume de negócios anual ou balanço total anual não excede 2 milhões de euros (cfr. n.º 4
do art.º 43.º do CIRS, e n.º 3 do art.º 2.º do Anexo ao Dec. Lei n.º 372/2007, de 6/11).

QUADRO 9

9 Instrumentos financeiros derivados, warrants autónomos e certificados - Art.º 10.º, n.º 1, alíneas e) a g) do CIRS
Titular Rendimento líquido
Operações relativas a instrumentos financeiros derivados 901 . . ,
Operações relativas a warrants autónomos 902 . . ,
Operações relativas a certificados que atribuam direito a receber valor de ativo subjacente 903 . . ,
Contratos de futuro e operações celebrados em Bolsa de Valores (2002) 904 . . ,
Contratos de futuro e operações celebrados em Bolsa de Valores - EBF (só para 2001) 905 . . ,
Soma . . ,

Opta pelo englobamento dos rendimentos incluídos nos quadros 8 e 9? SIM 1 |__| NÃO 2 |__|

Este quadro destina-se à declaração de operações relativas a instrumentos financeiros


derivados, referidos nas alíneas e), f) e g) do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRS, com

392 IRS 2014


Anexo G

exceção dos ganhos decorrentes de operações de swaps, previstas na alínea q) do n.º 2


do artigo 5.º do Código do IRS, que serão de declarar no anexo E.

Para identificar o «Titular» devem-se utilizar os códigos que foram definidos para o quadro
4, ou seja:

A = Sujeito Passivo A
B = Sujeito Passivo B
C = Se o bem alienado pertencer em comum aos sujeitos passivos A e B.

Os dependentes devem ser identificados conforme se exemplifica, tendo em conta


a posição assumida para cada um nos quadros 3B ou 3C da declaração modelo 3 de
IRS (rosto).

D1 = Dependente não deficiente DD1 = Dependente deficiente


D2 = Dependente não deficiente DD2 = Dependente deficiente

F = Falecido (no ano do óbito, caso exista sociedade conjugal, havendo rendimentos
auferidos em vida pelo falecido, deve o titular desses rendimentos ser identificado
com a letra "F", cujo número de identificação fiscal deve constar no quadro 7A
do rosto da declaração de rendimentos modelo 3).

O saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias, de acordo com o disposto no n.º 4 do


artigo 72.º do Código do IRS [atual alínea c) do n.º 1 do mesmo artigo com a redação dada
pela Lei n.º 82-E/2014, de 31/12], fica sujeito a tributação autónoma à taxa de 28%.

No entanto, o sujeito passivo pode optar pelo seu englobamento, nos termos do atual
n.º 8 do artigo 72.º do mesmo diploma.

Na parte final deste quadro 9 encontra-se um espaço reservado à formalização da opção


pelo englobamento dos rendimentos inscritos nos quadros 8 e 9, caso os sujeitos passivos
assinalem o campo 1. Neste caso, os rendimentos ficam sujeitos às taxas gerais.

A opção pelo englobamento determina também a sujeição ás taxas gerais dos rendimentos
de aplicação de capitais referidos no quadro 4B do anexo E.

Se for assinalado o campo 2, o saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias será


tributado, autonomamente, à taxa antes referida, ou seja 28%.

Instrumentos financeiros derivados (definição)

Os instrumentos financeiros derivados consistem numa nova forma de


utilização dos instrumentos financeiros clássicos, que se carateriza pela
sua definição através da referência a um ativo subjacente, do qual derivam.
Consequentemente, a valorização do produto financeiro derivado é determinada
em função da variação do valor corrente do elemento com o qual estão
relacionados, o que permite às partes obter lucros ou evitar perdas através de
uma aposta na variação do valor do elemento subjacente.

IRS 2014 393


Anexo G

Os instrumentos financeiros derivados são por isso contratos através dos


quais se criam direitos e obrigações relativos ao pagamento de quantias
monetárias específicas em períodos de tempo determinados, expressando
as condições desse pagamento os riscos e as contrapartidas aceites por
cada uma das partes do contrato.

Um instrumento financeiro derivado carateriza-se por os direitos e


obrigações das partes relativos a esse pagamento (e o consequente valor do
contrato) derivarem do valor subjacente de um específico ativo monetário ou
físico ou de um específico índice ou combinação de índices financeiros.

Ao contrários dos instrumentos financeiros clássicos, que representam


essencialmente meios de financiamento, os instrumentos financeiros
derivados são apenas negócios relativos à distribuição de um risco. Num
financiamento clássico uma das partes transfere à outra quantias em dinheiro
para que esta a possa usar em seu benefício, assumindo em contrapartida
a outra parte a promessa do seu pagamento numa data futura, acrescida de
uma remuneração pela utilização do capital. O financiamento implica por isso
o surgimento de dois fluxos financeiros em direções opostas, sendo certo que
apenas terá um ganho líquido a entidade que financia. Pelo contrário, num
instrumento financeiro derivado, ocorre apenas uma mudança de posições
de risco que pode ou não envolver a transferência de quantias em dinheiro.
O fluxo financeiro principal apenas se verificará no futuro, e o ganho líquido
pode ocorrer a favor de qualquer das partes.

Como exemplos de produtos financeiros derivados podem indicar-se os


futuros, os forwards, as opções e os swaps, e os caps, floors e collars.
(Prof. Luís Manuel Teles de Menezes Leitão, em CTF n.º 401, janeiro/março de 2001, pág.
10/11)

Instrumentos financeiros derivados (funções que podem assumir)

Qualquer destes novos instrumentos financeiros pode vir a assumir diversas


funções, como seja as de cobertura de risco, especulação e arbitragem.
Vamos examinar com mais detalhe estas funções.

A primeira função que pode ser desempenhada pelos instrumentos


financeiros derivados é a função de cobertura (hedging) do risco de uma
variação desfavorável dos preços, ou das taxas de juro ou de câmbio, objetivo
prosseguido por alguns intervenientes no mercado dos derivados, normalmente
designados por hedgers. Assim, imagine-se que alguém pretende vender
dentro de um determinado prazo uma quantidade de um ativo de que virá a
ser titular (posição longa no mercado desse ativo), mas pretende acautelar-
- se contra o risco de uma queda do preço do ativo subjacente. Poderá, no
imediato, celebrar um contrato de futuro ou uma opção de venda desse ativo
à sua cotação atual, anulando assim o risco de variação do preço, através
da assunção de uma posição curta no mercado dos derivados. A venda do

394 IRS 2014


Anexo G

ativo tornar-se-á assim uma operação sem risco, uma vez que, mesmo que
qualquer valorização ou desvalorização do ativo subjacente será compensada
com uma variação de sinal inverso do valor do instrumento financeiro derivado.
Dá-se assim o que se denomina a cobertura de uma posição longa.

A mesma situação pode ocorrer de forma inversa através do que se denomina


a cobertura de uma posição curta. Imagine-se de que determinado investidor
tem que vender no imediato determinada quantidade de um ativo subjacente
(posição curta nesse mercado), mas suspeita vir com essa alienação a perder
os eventuais ganhos resultantes de uma futura valorização desse ativo. Para
evitar esse risco pode vir a assumir uma posição de compra nos contratos
de futuro, ou celebrar uma opção de compra desse ativo à sua cotação
atual, beneficiando assim, através do mercado dos derivados de eventuais
valorizações do preço do ativo subjacente. Caso, pelo contrário, esse ativo se
venha a desvalorizar, os ganhos da venda imediata compensarão as perdas
registadas no mercado dos derivados, sendo assim eliminado o risco do
contrato.

As operações em que se pretende eliminar apenas o risco da variação de


um único ativo subjacente são designadas como operações de micro-
cobertura. É, porém, possível que a operação tenha um alcance mais vasto,
procurando acautelar o risco de variação do valor de um contrato variado de
posições credoras e devedoras. Neste caso, a operação é designada como
de macrocobertura, e não tem por efeito uma eliminação total do risco, dada a
grande variabilidade das diversas posições envolvidas, embora possa reduzi-
- lo substancialmente durante o período de tempo considerado.

Outra função que pode ser desempenhada pelos instrumentos financeiros


derivados é a de especulação (trading). Esse objetivo é prosseguido por
outro tipo de intervenientes no mercado de derivados, os denominados
especuladores (traders), que procuram assim posições descobertas para
obterem ganhos com eventuais variações de preços do ativo subjacente,
sem deterem qualquer posição no mercado desse ativo. Estas operações de
especulação são importantes para garantir a liquidez do mercado de derivados,
que falharia se todas as operações praticadas fossem de cobertura.

Finalmente, uma terceira função desempenhada pelos instrumentos


financeiros derivados é a função de arbitragem. Esta consiste numa intervenção
nos dois mercados, o mercado à vista e o mercado dos derivados por forma
a tirar partido de variações momentâneas dos preços nesses dois mercados.
Assim, por exemplo, quando o preço de um ativo subjacente se encontra
mais baixo no mercado à vista do que no mercado de futuros, certos agentes,
denominados de arbitragistas, podem comprar o ativo subjacente nesse
mercado à vista e vendê-lo no mercado de futuros. Inversamente, quando
o preço do ativo é mais baixo no mercado de futuros do que no mercado à
vista, os arbitragistas podem vender o ativo no mercado à vista e comprá-lo a
futuro. As operações de arbitragem são geralmente isentas de risco, uma vez
que a realização simultânea dos negócios nos dois mercados permite fixar
imediatamente os ganhos averbados. Justamente por esse motivo, qualquer
diferença momentânea do preço dos dois mercados desencadeia de imediato

IRS 2014 395


Anexo G

a intervenção dos arbitragistas, que acaba por eliminar essa divergência.


(Prof. Luís Manuel Teles de Menezes Leitão, em CTF n.º 401, janeiro/março de 2001, pág.
26/28)

Warrants autónomos (noção)

1 - Warrants autónomos são valores mobiliários que, em relação a um ativo


subjacente, conferem algum dos seguintes direitos:

a) Direito a subscrever, a adquirir ou a alienar o ativo subjacente, mediante


um preço, no prazo e demais condições estabelecidas na deliberação
de emissão;
b) Direito a exigir a diferença entre um valor do ativo subjacente fixado na
deliberação de emissão e o preço desse ativo no momento do exercício.

2 - Em condições estabelecidas em regulamento, a Comissão do Mercado de


Valores Mobiliários (CMVM) pode permitir que o preço de exercício seja fixado
em momento posterior ao determinado no número anterior.
(artigo 2.º do Dec. Lei n.º 172/99, de 20/5, com a redação dada pelo Dec. Lei n.º 70/2004, de
25/3)

QUADRO 10

10 Outros incrementos patrimoniais - alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 9.º do CIRS


Natureza dos incrementos Titular Rendimento ilíquido Retenções
Indemnizações por: danos patrimoniais, danos não patrimoniais e
lucros cessantes 1001 . . , . . ,
Importâncias auferidas em virtude da assunção de obrigações de não
concorrência 1002 . . , . . ,
Soma . . , . . ,
Identificação das entidades que efetuaram as retenções e respetivos valores
Valor Valor
NIF 1003 |__|__|__|__|__|__|__|__| . . , NIF 1005 |__|__|__|__|__|__|__|__| . . ,

NIF 1004 |__|__|__|__|__|__|__|__| . . , NIF 1006 |__|__|__|__|__|__|__|__| . . ,

Destina-se este quadro à declaração dos incrementos patrimoniais, de conformidade com o


previsto nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 9.º do Código do IRS, ou seja:

b) As indemnizações que visem a reparação de danos não patrimoniais, excetuadas


as fixadas por decisão judicial ou arbitral ou resultantes de acordo homologado
judicialmente, de danos emergentes não comprovados e de lucros cessantes,
considerando-se neste último caso como tais apenas as que se destinem a ressarciar
os benefícios líquidos deixados de obter em consequência de lesão;

396 IRS 2014


Anexo G

Nesta matéria, veja-se, por exemplo, o caso de um trabalhador dependente que


durante o ano em curso sofreu um acidente de trabalho, tendo o tribunal decidido
atribuir-lhe uma incapacidade e uma indemnização a receber.

Neste caso, porque a indemnização em causa foi fixada por decisão judicial está
excluída de tributação e como tal não tem que ser indicada em qualquer campo do
anexo G nem em qualquer outro anexo. Já se a indemnização fosse acordada entre
a entidade patronal e o trabalhador, sem a intervenção do tribunal, então sim, tal
indemnização seria considerada um incremento patrimonial a levar ao campo 1001 do
quadro 10 do anexo G.

c) Importâncias auferidas em virtude da assunção de obrigações de não concorrência,


independentemente da respetiva fonte ou título.

No que se refere ao ano em que deve ser imputada a sua tributação, lembramos que
tais incrementos patrimoniais constituem rendimento do ano em que são pagos ou
colocados à disposição (cfr. n.º 4 do art.º 9.º do CIRS).

Para identificar o «Titular» devem-se utilizar os códigos que foram definidos para o quadro
4, ou seja:

A = Sujeito Passivo A
B = Sujeito Passivo B
C = Se o bem alienado pertencer em comum aos sujeitos passivos A e B.

Os dependentes devem ser identificados conforme se exemplifica, tendo em conta a


posição assumida para cada um nos quadros 3B ou 3C da declaração modelo 3 de
IRS (rosto).

D1 = Dependente não deficiente DD1 = Dependente deficiente


D2 = Dependente não deficiente DD2 = Dependente deficiente

F = Falecido (no ano do óbito, caso exista sociedade conjugal, havendo rendimentos
auferidos em vida pelo falecido, deve o titular desses rendimentos ser identificado
com a letra "F", cujo número de identificação fiscal deve constar no quadro 7A do
rosto da declaração de rendimentos modelo 3).

Existindo valores de retenções mencionados nos campos 1001 e 1002, deve proceder-se
à identificação das entidades que efetuaram as retenções de IRS através da indicação do
respetivo número de identificação fiscal nos campos 1003 a 1006, bem como o valor das
respetivas importâncias retidas.

A retenção de imposto relativo a incrementos patrimoniais previstos nas alíneas b) e c) do


n.º 1 do artigo 9.º do Código do IRS, é feita à taxa de 16,5%, e obrigatória para as entidades
que disponham ou devam dispor de contabilidade organizada [cfr. alínea a) do n.º 1 do art.º
101.º do CIRS, com a redação dada pela Lei n.º 66-B/2012, 31/12].

IRS 2014 397


Anexo G

Danos emergentes não comprovados (indemnização recebida por atraso na


entrega do imóvel ao senhorio)

Certa empresa não entregou ao senhorio (pessoa singular) o imóvel no fim do


contrato de arrendamento que na devida altura haviam celebrado, originando
assim que este lhe movesse um processo judicial.

Neste processo, o tribunal condenou a empresa a pagar uma indemnização,


por se verificar um facto ilícito em que houve detenção sem título do imóvel.

Assim, a empresa irá pagar uma indemnização, em conformidade com o n.º 2 do


artigo 1045.º do Código Civil, que se eleva para o dobro das rendas que eram
entretanto pagas.

Para efeitos de IRS, esta indemnização deve ser levada ao anexo F ou G, e há


ou não lugar a retenção na fonte de IRS?

Em nossa opinião, a importância recebida pelo senhorio a título de indemnização


pela não entrega pelo inquilino do imóvel arrendado no momento em que o
contrato de arrendamento terminou, não tem a natureza de renda, uma vez
que findo o contrato não eram devidas rendas.

A importância em causa, para efeitos de tributação em sede de IRS, deve


ser considerada como uma indemnização por danos emergentes não
comprovados, constituindo assim um rendimento do senhorio enquadrado na
categoria G de IRS, de acordo com o disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo
9.º do respetivo Código, a fazer constar do campo 1001 do quadro 10 do anexo
G da declaração de rendimentos modelo 3.

No que respeita à retenção na fonte, desde que a entidade pagadora disponha


ou deva dispor de contabilidade organizada esta é obrigada a reter o imposto
que se mostre devido, à taxa de 16,5%, em obediência ao disposto na alínea
a) do n.º 1 do artigo 101.º do Código do IRS.

Danos emergentes não comprovados (indemnização recebida por um


inquilino para deixar a casa que habita)

Uma empresa adquiriu um imóvel e acordou com o inquilino dar-lhe uma


indemnização de € 30.000 para que deixe a casa livre.

O inquilino está sujeito a IRS pelo valor da indemnização que vai receber?
Se sim, em que categoria se enquadra e se está ou não sujeito a retenção na
fonte?

A importância recebida por um inquilino a título de indemnização para que


desocupe o imóvel configura, para quem recebe, uma indemnização por danos
emergentes.

Este tipo de indemnização constitui um rendimento da categoria G de IRS,


nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 9.º do Código do IRS, se não forem

398 IRS 2014


Anexo G

comprovados os prejuízos sofridos, isto é, se quem recebe não fizer a prova


dos custos/encargos incorridos pelo facto de deixar o imóvel devoluto.

Se esta prova não for efetuada, para efeito de tributação a indemnização deve
ser declarada no campo 1001 do quadro 10 do anexo G da declaração de
rendimentos modelo 3 do IRS.

Este rendimento está sujeito a retenção na fonte à taxa de 16,5%, se a entidade


pagadora tiver ou for obrigada a ter contabilidade organizada, nos termos do
disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 101.º do Código do IRS.

Danos emergentes não comprovados (perda de sinal por incumprimento


num contrato promessa de compra e venda)

Certo sujeito passivo, pessoa singular, fez, na sua esfera pessoal, um contrato
promessa de compra e venda para a venda de um apartamento que faz parte
do seu património particular, de que recebeu como sinal 25 000 euros.

A escritura estava acordado ser efetuada até final do ano que findou. Contudo,
a mesma não se chegou a fazer por o promitente comprador declarar agora
que não tem condições para tal, o que originou a perda do sinal que entretanto
entregou.

O valor da perda do sinal tem de ser declarado em sede de IRS pelo promitente
vendedor como rendimento da categoria G?

A importância recebida a título de sinal num contrato de promessa de compra


e venda, que não chegou a concretizar-se, e em que não houve devolução do
sinal ao promitente comprador, constitui um rendimento sujeito a tributação
com a natureza de indemnização que visa reparar danos emergentes não
comprovados.

Como tal constitui um rendimento sujeito a tributação em sede de IRS, categoria


G, por enquadramento na alínea b) do n.º 1 do artigo 9.º do Código do IRS, que
deve ser levado ao campo 1001 do quadro 10 do anexo G da declaração de
rendimentos modelo 3.

Dado que, nestes casos, no apuramento do rendimento tributável, de acordo


com o artigo 42.º do Código do IRS, não são efetuadas quaisquer deduções ao
valor destas indemnizações, no caso exposto o rendimento sujeito a tributação
será os 25.000 euros.

Danos não patrimoniais (caso em que as indemnizações desta natureza


estão excluídas da incidência)

As indemnizações por danos não patrimoniais, ou morais, visam reparar


prejuízos que não atingem o património, não o fazendo diminuir nem frustrando

IRS 2014 399


Anexo G

o seu acréscimo, há, antes, a ofensa de bens de caráter imaterial, como por
exemplo, a integridade física, a saúde, a liberdade, a honra e a reputação.

Nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 9.º do Código do IRS, excluem-se


da incidência as indemnizações desta natureza quando fixadas por decisão
judicial ou arbitral ou resultantes de acordo homologado judicialmente.
(cfr. Manual do IRS, editado em 2007 pela então DGCI, pág. 91)

Importâncias auferidas em virtude da assunção de obrigações de não


concorrência (tributação)

Consideram-se incrementos patrimoniais as importâncias auferidas em virtude


da assunção de obrigações de não concorrência, independentemente da
respetiva fonte ou título, fazendo por isso parte dos rendimentos da categoria
G, tal como consta da alínea c) do n.º 1 do artigo 9.º do Código do IRS, que
devem ser levadas ao campo 1002 do anexo G da declaração de rendimentos
modelo 3 do IRS.

De acordo com o artigo 42.º do mesmo Código, tais importâncias não beneficiam
de quaisquer deduções para efeitos de determinação do rendimento tributável.

Quando estes rendimentos são pagos a sujeitos passivos residentes em


território nacional, por entidades que disponham ou devam dispor de
contabilidade organizada, é obrigatório proceder à retenção na fonte à taxa de
16,5%, nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 101.º do CIRS.

Tratando-se de sujeitos passivos não residentes, a retenção na fonte é feita a


título definitivo, à taxa liberatória de 25%, de acordo com a alínea d) do n.º 4
do artigo 71.º do CIRS.

Atente-se que tais importâncias não são rendimentos profissionais, nem


empresariais, nem do trabalho dependente, pois a sua causa é justamente o
não exercício de atividades produtoras desses rendimentos. Nunca poderiam
assim ser tributados àquele título (José Guilherme Xavier de Basto, em "IRS
Incidência Real e Determinação dos Rendimentos Líquidos", Coimbra Editora,
edição de 2007, pág. 363).

Exemplo de um caso de assunção de obrigação de não concorrência:


Ana, sócia de uma empresa de consultoria, rescindiu o seu contrato, recebendo
100 000 euros como pagamento da obrigação de não prestar serviços de
consultoria na mesma área a uma série de empresas constante de uma lista.

O valor recebido é tributado na categoria G, apesar de estar relacionado com


a prestação de serviços (no passado) e com a não prestação de serviços (no
futuro) (cfr. J. L. Saldanha Sanches, em Manual de Direito Fiscal, 3ª edição,
Coimbra Editora, 2007, pág. 322).

400 IRS 2014


Anexo G

Indemnizações pagas pelos inquilinos aos senhorios por resolução do


contrato de arrendamento antes do prazo previsto (incidência)

Na qualidade de senhorio (pessoa singular) celebrei, há algum tempo atrás, um


contrato de arrendamento de um prédio urbano de que sou proprietário, o qual,
por acordo com o inquilino (pessoa coletiva), vai agora ser resolvido antes do
prazo previsto, tendo ficado acordado que o inquilino me irá pagar uma certa
importância a título de indemnização.

Esta indemnização que vou receber está sujeita a IRS? Em caso afirmativo, em
que categoria se integra?

A indemnização paga pelo inquilino ao senhorio, por resolução do contrato de


arrendamento que entretanto celebraram, destina-se a compensar rendimentos
que o senhorio deixa de auferir e nesta medida é uma indemnização a título
de lucros cessantes, como tal tributada como incremento patrimonial
(categoria G), nos termos do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 9.º do
Código do IRS, dado que, neste caso concreto, não se verifica a exceção
constante de tal normativo, ou seja, a indemnização não foi fixada por decisão
judicial ou arbitral ou resultante de acordo homologado judicialmente.

Assim sendo, a mesma deve ser levada ao campo 1001 do quadro 10 do


anexo G.

Lembramos ainda que, de acordo com a alínea a) do n.º 1 do artigo 101.º do


Código do IRS, tal indemnização está sujeita a retenção na fonte à taxa de
16,5% se a entidade devedora possuir ou for obrigada a possuir contabilidade
organizada.

Indemnizações que visem a reparação de lucros cessantes (incidência)

Segundo o disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 9.º do Código do IRS,


constituem incrementos patrimoniais (enquadrados na categoria G), desde
que não considerados rendimentos de outras categorias, as indemnizações
que visem a reparação de lucros cessantes, considerando-se como tais
apenas as que se destinem a ressarciar os benefícios líquidos deixados de
obter em consequência de lesão.

Trata-se aqui de acréscimos patrimoniais líquidos, já que são ganhos que


substituem outros ganhos, os quais teriam por certo enquadramento em
outra categoria do IRS. Claro que, em alguns casos, tais indemnizações são
auferidas nos quadros de uma atividade profissional e empresarial e, nestas
circunstâncias, ao abrigo do princípio da preponderância, tomam então a
natureza de rendimentos profissionais e empresariais, da categoria B.

IRS 2014 401


Anexo G

ASSINATURAS

Data O(s) Declarante(s), Representante legal ou Gestor de negócios

Assinaturas

___/___/___ A) ______________________________ B) _______________________________

Este anexo deve ser assinado pelos sujeitos passivos ou por um seu representante, legal
ou voluntário, ou gestor de negócios, devidamente identificados (cfr. n.º 1 do art.º 146.º do
CIRS).

A falta de assinatura é motivo de recusa da receção da declaração, sem prejuízo das


sanções estabelecidas para a falta da sua apresentação (cfr. n.º 2 do art.º 146.º do CIRS).

402 IRS 2014

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