INTRODUÇÃO
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ANATOMIA DOS RINS
Os rins possuem a forma de um grão de feijão, com uma borda lateral convexa e
uma medial côncava, onde se observa uma depressão denominada hilo (Figura 1).
O hilo renal se abre no seio renal, onde estão localizados os vasos renais e a pelve
renal, além de pequena quantidade de gordura. No hilo renal, identifica-se a veia
renal, ventralmente; a artéria renal em posição intermediária e a pelve renal
dorsalmente.
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Figura 1. Vista anterior do rim esquerdo.
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As áreas renais em contato com esses órgãos sem revestimento peritoneal são
chamadas “áreas desnudas”.
2. Relações posteriores: aproximadamente 2/3 de cada rim repousam sobre o
músculo quadrado lombar. O restante do hilo renal é formado medialmente pelo
músculo psoas maior e lateralmente pela aponeurose do músculo transverso do
abdome.
FÁSCIA RENAL
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Figura 2. Rim e fáscia renal.
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Na estrutura interna dos rins há três regiões distintas, o córtex renal, a medula renal
e a pelve renal.
O córtex renal corresponde à camada externa localizada logo inferiormente à
cápsula fibrosa do rim. Expansões do córtex, as chamadas colunas renais projetam-
se para a medula renal (Figura 3).
As pirâmides são separadas entre si pelas colunas renais. As estrias radiais visíveis
em cada pirâmide e acentuadas próximo da papila renal representam os túbulos
coletores, que se esvaziam em pequenos poros na superfície papilar, gotejando para
o interior de uma câmara em forma de funil, denominada cálice menor. Há,
normalmente, uma, duas ou três papilas renais projetando-se em cada cálice renal.
Dois ou quatro cálices renais menores se unem para formar um cálice renal maior.
Existem geralmente dois ou três cálices maiores e oito a treze cálices menores em
cada rim.
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Figura 3. Vista interna do rim.
Dois ou três cálices maiores juntam-se para formar a pelve renal - que se afunila e
se transforma no ureter. O ureter é responsável pelo transporte da urina dos rins
para a bexiga urinária.
1. Corpúsculo Renal
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É formado pelo glomérulo (rede capilar) e pela cápsula de Bowman, que envolve o
glomérulo. A pressão sanguínea no interior do glomérulo é de aproximadamente 60
mmHg, possibilitando que grande quantidade do líquido filtrado dos capilares
glomerulares flua para a cápsula de Bowman. Neste filtrado glomerular encontra-se
a maioria dos produtos finais do metabolismo, que deve ser eliminada dos fluídos
orgânicos. O filtrado glomerular sai da cápsula de Bowman por meio do túbulo renal.
2. Túbulo Renal
O túbulo renal recebe a urina primária, que é uma substância que será reabsorvida e
transporta para o sangue. Para este processo ser compreendido serão divididos em
quatro segmentos sequenciais:
• O túbulo proximal é um segmento contorcido que faz com que o líquido
da cápsula de Bowman flua;
• A alça de Henle se aprofunda no interior da medula sendo formada por
um ramo descendente e um ramo ascendente. As paredes do ramo
descendente e a parte inferior do ramo ascendente são denominadas
segmento fino da alça de Henle, pois suas paredes são muito finas.
Após a porção ascendente da alça ter retornado parcialmente ao
córtex, as paredes tornam-se espessas, sendo denominado segmento
espesso do ramo ascendente. No final do segmento espesso do ramo
ascendente há uma placa na parede do túbulo, conhecida como
mácula densa;
• O túbulo distal, também situado no córtex renal, assim como o túbulo
proximal;
• O tubo coletor, que drena para os túbulos coletores corticais, que
levam ao ducto coletor cortical – juntam-se para formar um único ducto
coletor medular, que se une para formar ductos profundamente
maiores que se esvaziam através das extremidades das papilas renais
nos cálices menores.
FILTRAÇÃO PLASMÁTICA
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A filtração de plasma no túbulo renal é o primeiro passo para a formação da urina. O
filtrado tem uma composição semelhante à do plasma e é composto apenas de água
e solutos dissolvidos. Não apresenta proteína.
O filtrado glomerular que penetra nos túbulos do néfron flui por um túbulo proximal,
pela alça de Henle, pelo túbulo distal, pelo ducto coletor cortical e ducto coletor para
o interior da pelve renal. Ao longo desse trajeto, as substâncias são reabsorvidas ou
secretadas seletivamente pelo epitélio tubular e o líquido resultante desse
processamento penetra na pelve renal sob a forma de urina. A reabsorção
desempenha papel muito mais importante do que a secreção na formação da urina,
porém o processo de secreção é especialmente relevante no sentido de determinar
as quantidades de íons-potássio, íons-hidrogênio e outras substâncias na urina. Em
geral, mais de 99% da água existente no filtrado glomerular são reabsorvidos
quando esse filtrado é processado nos túbulos.
À medida que o filtrado glomerular passa por este sistema tubular, as substâncias
essenciais ao organismo (glicose, H2O e a maior parte dos íons) são absorvidas dos
túbulos, voltando para os capilares peritubulares, situados em torno dos túbulos; as
que não são necessárias são eliminadas pela urina.
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E os néfrons justamedulares (localizados perto da medula renal) possuem alças de
Henle longas que mergulham profundamente no interior da medula, em direção às
papilas renais (constituem aproximadamente 20% a 30% de todos os néfrons). Estes
néfrons são supridos por estruturas vasculares diferentes, denominadas “vasa reta”,
e que se estendem para o interior da medula, acompanhando paralelamente as
alças de Henle. Esta rede capilar medular (“vasa reta”) possui um papel importante
na formação da urina concentrada.
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arteríolas aferentes ou eferentes. A maior parte da regulação ocorre na arteríola
aferente. Se a pressão arterial média cair abaixo de 80mmmHg, a TFG diminuirá
para diminuir a quantidade de plasma filtrado e a consequente perda de líquido.
MECANISMO DE REABSORÇÃO
O sódio entra através de canais abertos na célula do túbulo proximal e passa para o
LEC através de bomba de Na+K+ ATPase.
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A reabsorção de glicose e aminoácidos no túbulo proximal ocorre por meio do co-
transporte; o sódio e a glicose ou aminoácidos entram na célula do túbulo proximal.
A glicose e os aminoácidos passam para o LEC através de difusão facilitada e o
sódio através de bomba de Na+K+ ATPase
Reabsorção de ureia:
Reabsorção de proteínas:
Reabsorção da água:
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Em condições de equilíbrio dinâmico, como as exigidas para a homeostasia, o
volume total dos líquidos corporais e as quantidades totais de solutos e suas
concentrações permanecem relativamente constantes. A ingestão de água deve ser
cuidadosamente contrabalançada pelas perdas diárias que ocorrem a partir do
organismo.
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organismo. A membrana celular mantém uma composição líquida no interior das
células que é semelhante para as diferentes células do organismo.
A osmose refere-se à difusão efetiva de água de uma região onde ela exista em alta
concentração, para uma região em que esta concentração de água for menor. O
número total de partículas numa solução é medido em termos de osmols. Um osmol
é igual a 1 mol de partículas de soluto. Se uma molécula sofrer dissociação em dois
íons, como ocorre com o cloreto de sódio ao sofrer ionização, uma solução contendo
1 mol/litro terá uma concentração osmótica de 2 osm/litro.
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concentração ou isotônica, o volume da célula permanece inalterado. Quando uma
célula é colocada numa solução de menor concentração, o volume da célula
aumenta. Quando uma célula é colocada numa solução de maior concentração, o
volume da célula diminui.
O fluxo sanguíneo renal para os dois rins corresponde a 22% do débito cardíaco ou
1.110 ml de sangue por minuto.
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Figura 4. Parte abdominal da artéria aorta e veia cava inferior. Observar a artéria
renal acessória.
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Os capilares peritubulares esvaziam-se nos vasos do sistema venoso que correm
paralelamente aos vasos arteriolares e progressivamente formam a veia interlobular,
a veia arqueada, a veia interlobular e a veia renal, que deixa o hilo renal e
desemboca na veia cava inferior.
URETERES
A urina é transportada para a bexiga urinária pelos ureteres (Figura 5), um para cada
rim. São estruturas tubulares, retroperitoneais, que descem e se dirigem
medialmente, penetrando nas faces posterolaterais da bexiga, através do músculo
detrusor, abrindo-se nos óstios ureterais localizados na região do trígono vesical. A
contração da musculatura da bexiga comprime os ureteres prevenindo contra o
refluxo vesico ureteral. As contrações peristálticas ureterais são aumentadas pela
estimulação parassimpáticas e inibidas pela estimulação simpática.
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Figura 5. Rim e ureter.
BEXIGA URINÁRIA
A bexiga urinária (Figura 6) é uma câmara de músculo fino que tem como função
armazenar provisoriamente urina. Está localizada no assoalho da cavidade pélvica e
é um órgão retroperitoneal composto por duas partes, o corpo, no qual fica
armazenada a urina; e o colo, extensão afunilada do corpo que se conecta à uretra.
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Figura 6. Bexiga urinaria masculina e estruturas circunvizinhas.
URETRA
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É um tubo muscular que sai da face inferior da bexiga urinária e transporta a urina
desta para o meio externo. Na junção do ureter com a bexiga, a musculatura lisa da
bexiga circunda a uretra e abre como esfíncter (esfíncter interno da bexiga)
tendendo a mantê-la fechada.
No sexo feminino a uretra é curta, medindo aproximadamente 4 cm de comprimento,
situando-se no exterior através do óstio externo da uretra que fica entre o clitóris e
óstio vaginal.
No sexo masculino a uretra possui aproximadamente 20 cm de comprimento e se
dirige ao óstio externo da uretra, localizado no ápice do pênis. É dividida em três
porções, a parte prostática, que atravessa a próstata e recebe os ductos
ejaculatórios; a parte membranácea curta, que atravessa o diafragma urogenital; a
parte esponjosa, porção mais longa, que se estende desde o diafragma urogenital
até o óstio externo da uretra, situado na glande peniana. Recebe o conteúdo das
glândulas bulbouretrais do tecido erétil que formam o órgão. A fossa navicular da
uretra é uma pequena dilatação da uretra esponjosa no interior da glande.
MICÇÃO
A urina formada nos rins é transportada dos cálices renais até a uretra; entre essas
estruturas temos os ureteres e a bexiga. Os ureteres são os responsáveis por
conduzir a urina, por meio de uma dilatação distal e uma contração proximal, até a
bexiga. Esta é considerada como um reservatório. Quando este processo falha, o
volume pode refluir causando patologias que poderão ser investigadas em exames
contrastados específicos.
A bexiga pode conter de 600 a 800 ml de urina. À medida que esta se enche, as
paredes são distendidas, estimulando receptores a transmitir impulsos para a região
sacral da medula (S2 e S3). Fibras sensoriais detectam o grau de distensão da
parede iniciando reflexos que produzem seu esvaziamento. O sinal volta à bexiga
através de fibras neurais parassimpáticas pelos músculos neurais pélvicos (S2 e
S3).
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Como consequência, quando aproximadamente 300 ml de urina são acumuladas na
bexiga, os músculos pélvicos na parede se contraem, o esfíncter externo da uretra
relaxa e a bexiga esvazia (micção).
O reflexo da micção é totalmente autônomo, mas pode ser inibido ou facilitado por
centros localizados no tronco cerebral e no córtex cerebral. Como resultado, a
micção pode ser voluntariamente induzida ou transferida para um momento
oportuno. O indivíduo pós-miccional raramente, em condições fisiológicas, excede 5
a 10 mililitros.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
REFERÊNCIAS:
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1. AIRES, Margarida M. Fisiologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2008.
5. ELIS, H., LOGAN, B., DIXON, A. Anatomia Seccional Humana. São Paulo,
Editora Santos, 2001.
7. GUYTON AC, Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. 11ed. Rio de Janeiro:
Elsevier; 2006.
9. MOORE, K.L., DALLEY, A.F. Anatomia orientada para a clínica. 5ª. Edição.
Editora Guanabara Koogan 2007.
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12. SOBOTTA. Atlas de anatomia humana. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan,
2006.
13. SPENCE, A. P. Anatomia Humana Básica. 2° ed. São Paulo: Manole, 1991.
15. Van de Graaff KM. Anatomia humana. 6a ed. São Paulo: Manole, 2003.
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