Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Inamovibilidade
––––––
1. Os magistrados judiciais são inamovíveis, não po-
Lei nº 1/VIII/2011 dendo ser suspensos, transferidos, aposentados compul-
de 20 de Junho sivamente, demitidos ou por qualquer forma mudados
de situação senão nos casos especialmente previstos no
Por mandato do povo, a Assembleia Nacional decreta,
presente Estatuto.
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição,
o seguinte: 2. Em caso algum os juízes podem ser transferidos
para circunscrição judicial diversa daquela em que
CAPÍTULO I
desempenhem funções, salvo se nisso expressamente
Disposições gerais consentirem, por escrito, ou a transferência assentar
Artigo 1º
em razões ponderosas de interesse público, de natureza
excepcional, devidamente perceptíveis e explicitadas em
Objecto comunicação prévia.
A presente lei aprova o Estatuto dos Magistrados CAPÍTULO II
Judiciais.
Designação, nomeação, carreira e posse dos
Artigo 2º
magistrados judiciais
Âmbito
Secção I
A presente lei aplica-se a todos os magistrados judi- Carreira dos magistrados judiciais
ciais, qualquer que seja a situação em que se encontrem. Artigo 8º
Artigo 3º
Categorias da carreira da magistratura judicial
Magistratura judicial
Os magistrados judiciais classificam-se nas categorias
1. Os juízes formam um corpo único, autónomo e e ascendem na carreira pela sua antiguidade e mérito,
independente de todos os outros órgãos de soberania, e nos termos seguintes:
regem-se pelo presente Estatuto.
a) Juízes de Direito de 3ª classe;
2. A magistratura judicial é constituída por Juízes Con-
b) Juízes de Direito de 2ª classe;
selheiros, Juízes Desembargadores e Juízes de Direito.
Artigo 4º
c) Juízes de Direito de 1ª classe;
Os juízes de direito são nomeados definitivamente 4. O regulamento do concurso é aprovado por delibe-
segundo a graduação obtida no estágio em exercício. ração do Conselho Superior da Magistratura Judicial e
publicado na II Série do Boletim Oficial.
Secção III
Artigo 18º
Colocação
Acesso ao Tribunal da Relação
Artigo 13º
1. O provimento de vagas de Juiz da Relação faz-se
Regime geral
por promoção, mediante concurso público curricular, com
1. A colocação dos juízes deve fazer-se com prevalência prevalência do critério do mérito.
das necessidades de serviço e o mínimo de prejuízo para
2. O concurso curricular referido no número anterior
a vida pessoal e familiar dos interessados.
é aberto por deliberação do Conselho Superior da Ma-
2. Sem prejuízo do disposto número anterior consti- gistratura Judicial quando se verifique a existência e
tuem factores atendíveis nas colocações dos juízes, por necessidade de provimento de vagas de juiz da Relação.
ordem decrescente de preferência, a classificação de Artigo 19°
serviço e a antiguidade.
Concurso para o acesso ao Tribunal da Relação
Artigo 14º
1. Com a antecedência mínima de noventa dias re-
Colocação dos Juízes de Direito
lativamente à data previsível de abertura de vagas ou
1. Quando nomeados pela primeira vez, os juízes de nos oito dias posteriores a ocorrência destas, o Conselho
direito são colocados nos tribunais classificados, nos Superior da Magistratura Judicial, por aviso publicado
termos da lei, como tribunais de ingresso. no Boletim Oficial, declara aberto concurso curricular de
acesso ao Tribunal da Relação.
2. Os juízes de direito não podem ser colocados, pre-
ferencialmente, em lugares de acesso final sem terem 2. São concorrentes necessários os Juízes de Direito
exercido funções em lugares de acesso. de primeira classe com a classificação igual ou superior
a Bom.
3. Na falta de juízes de direito que preencham os requi-
sitos necessários, o Conselho Superior da Magistratura 3. Na falta de classificação referida no número an-
Judicial pode efectuar a colocação em lugares de acesso terior, o interessado pode requerer a sua avaliação de
final de juízes de direito com menos de três anos de exer- desempenho que é obrigatoriamente realizada no prazo
cício de funções em lugares de primeiro acesso. de trinta dias.
740 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE JUNHO DE 2011
2. São concorrentes necessários os Juízes Desembarga- O prazo para a tomada de posse é de trinta dias a contar
dores, com a classificação mínima de Bom com Distinção e da data da publicação do acto de nomeação ou designação
com mais de cinco anos de serviço efectivo e ininterrupto no Boletim Oficial, salvo fixação de prazo especial pelo
na categoria. empossante.
2. Nos demais casos, a falta não justificada de posse é b) Guardar segredo profissional, nos termos da lei;
equiparada a abandono de lugar.
c) Comportar-se na vida pública e privada de
3. A justificação deve ser apresentada no prazo de cinco acordo com a dignidade e o prestígio do cargo
dias a contar da cessação da causa justificativa. que desempenham;
CAPÍTULO III d) Tratar com urbanidade e respeito todos os
intervenientes nos processos, nomeadamente
Incompatibilidades, impedimentos, deveres, o representante do Ministério Público, os
direitos, regalias e garantias profissionais do foro e os funcionários;
Secção I
e) Comparecer pontualmente às diligências
Incompatibilidades e impedimentos marcadas, pronunciar despachos e lavrar
Artigo 28º
sentenças e acórdãos nos prazos legalmente
estabelecidos;
Incompatibilidades
f) Abster-se de manifestar por qualquer meio,
1. Os magistrados judiciais em efectividade de funções opinião sobre processo pendente de
não podem exercer qualquer outra função pública ou julgamento seu ou de outrem, ou fazer juízo
privada, salvo as funções docentes ou de investigação sobre despachos, votos ou sentença de órgãos
científica de natureza jurídica. Judiciais, ressalvada a crítica nos autos no
2. O exercício de funções docentes ou de investigação exercício da judicatura ou em obras técnicas;
científica de natureza jurídica carece de autorização do g) Abster-se de aconselhar ou instruir as partes em
Conselho Superior da Magistratura Judicial e não pode qualquer litígio e sob qualquer pretexto, salvo
causar prejuízo para o serviço. nos casos permitidos pela lei processual;
Artigo 29º h) O mais que lhes for estabelecido por lei.
Garantias de imparcialidade
2. O incumprimento dos deveres enunciados no número
É vedado aos magistrados judiciais: anterior implica, além de outras medidas previstas na
lei, responsabilidade disciplinar.
a) Exercer funções em juízo em que sirvam juízes de
Artigo 32º
direito, magistrados do Ministério Público ou
funcionários de justiça, a que estejam ligados Dever de reserva
por casamento ou união de facto, parentesco
1. Os magistrados judiciais não podem prestar decla-
ou afinidade em qualquer grau da linha recta
rações nem fazer comentários relativos a processos, salvo
ou até ao segundo grau da linha colateral;
para a defesa da sua honra ou para a realização de outro
b) Servir em tribunal pertencente a comarca direito ou interesse legítimo.
em que, nos últimos cinco anos, tenham 2. As declarações prestadas nos termos do número
desempenhado funções de Ministério Público anterior não podem violar o segredo de justiça ou o sigilo
ou que pertençam à comarca em que, em igual profissional e carecem de autorização prévia do Conselho
período, tenham tido escritório de advogado. Superior da Magistratura Judicial.
c) Exercer a advocacia por um período de cinco anos Artigo 33º
na comarca em que tenham desempenhado
Formação contínua
funções nos dois últimos anos.
Artigo 30º
1. Os magistrados judiciais em exercício de funções
têm o direito e o dever de participar em acções de for-
Impedimentos mação contínua, organizadas pelo Conselho Superior da
Os magistrados judiciais em efectividade de funções Magistratura Judicial.
não podem estar filiados em partidos ou associações po- 2. Os magistrados judiciais em exercício de funções
líticas, nem dedicar-se, de qualquer forma, à actividade devem participar anualmente em, pelo menos, uma acção
político-partidária. de formação contínua.
Secção II 3. A frequência e o aproveitamento dos magistrados
Deveres judiciais nas acções de formação contínua são tidos em
conta para efeitos de promoção.
Artigo 31º
Deveres especiais
4. A participação dos magistrados judiciais em acções
de formação contínua fora da comarca onde se encontrem
1. Os magistrados judiciais têm, especialmente, os colocados confere-lhes o direito a abono de ajudas de custo
seguintes deveres: e despesas de deslocação, nos termos da lei.
a) Desempenhar a sua função com integridade, 5. Os direitos previstos no número anterior são conferidos se
seriedade, imparcialidade, igualdade, as acções a frequentar não forem disponibilizadas por meios
dignidade, competência e diligência; técnicos que permitam a sua frequência à distância.
742 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE JUNHO DE 2011
Artigo 34º Artigo 39º
1. Os magistrados judiciais não podem residir fora da 1. Os magistrados judiciais em efectividade de funções
sede da área da jurisdição do tribunal, salvo em casos têm direito aos seguintes suplementos:
devidamente justificados e fundamentados, mediante
a) Subsídio de exclusividade, salvo quando exerçam
autorização prévia do Conselho Superior da Magistra-
funções de docência ou de investigação
tura Judicial.
científica de natureza jurídica, por conta de
2. Quando a autorização a que se refere o número outrem;
anterior é concedida não há lugar a quaisquer subsídios
b) Subsídio de renda de casa.
de deslocação, ajudas de custo ou similar.
Artigo 35º
2. Os suplementos referidos nas alíneas do número
anterior são isentos de tributação e são processados
Ausências conjuntamente com o vencimento mensal.
1. É vedado aos magistrados judiciais de comarca 3. Os juízes assistentes apenas beneficiam do subsídio
ausentarem-se da ilha da área de jurisdição do tribunal previsto na alínea b) do número 1.
sem prévia autorização do Conselho Superior da Magis-
Artigo 40º
tratura Judicial, a não ser em exercício de funções, por
motivo de licença, nas férias judiciais, sábados, domingos Direitos especiais
e feriados e em caso ponderoso ou de extrema urgência
1. Os magistrados judiciais em efectividade de funções
que não permita a obtenção prévia de autorização.
têm direito a:
2. No caso referido no número anterior, os magistra-
a) Foro e processo especial em causas criminais
dos judiciais devem comunicar e justificar a ausência ao
em que sejam arguidos e nas acções de
Conselho Superior da Magistratura Judicial o mais cedo
responsabilidade civil por factos praticados
possível e pela via mais rápida.
no exercício das suas funções ou por causa
3. A ausência dos magistrados judiciais da área da sua delas;
jurisdição não pode prejudicar a realização de serviço b) Uso, porte e manifesto gratuito de arma
urgente. de defesa e a aquisição das respectivas
4. Em caso de ausência, os magistrados judiciais devem munições desde que devidamente
indicar o local onde pode ser encontrado. justificadas, independentemente de licença
ou participação, podendo requisitá-las aos
5. A ausência ilegítima implica, além de responsabili- serviços do Ministério da Justiça, através do
dade disciplinar, a perda de vencimento durante o período Conselho Superior da Magistratura Judicial;
em que se tenha verificado.
c) Livre-trânsito nas gares, cais de embarques,
Artigo 36º aeroportos e demais locais públicos de acesso
Traje nas audiências condicionado ou reservado, mediante simples
exibição de cartão especial de identificação;
Os magistrados judiciais devem usar beca nas audi-
ências públicas de discussão e julgamento, de formato a d) A protecção especial da sua pessoa, família e
regulamentar pelo Conselho Superior da Magistratura bens, que deve ser requerida pelo Conselho
Judicial. Superior da Magistratura Judicial à entidade
competente ou, em caso de urgência, pelo
Secção III
magistrado ao comando da força policial
Direitos e regalias da área da sua residência, sempre que
ponderosas razões de segurança o exijam;
Artigo 37º
j) Acesso gratuito às bases de dados de legislação e científico de interesse para o exercício da magistratura,
jurisprudência do Ministério da Justiça; no País ou no estrangeiro, autorizada pelo Conselho
Superior da Magistratura Judicial, mediante análise do
k) Isenção de preparos e custas em qualquer correspondente projecto de formação devidamente vali-
acção em que o juiz seja parte principal ou dado pelo estabelecimento de ensino universitário ou de
acessória, em razão ou por causa do exercício investigação a ser frequentado.
das suas funções, incluindo as de membro do
Conselho Superior da Magistratura Judicial 2. No período da licença referida no número anterior, os
ou de inspector judicial; magistrados mantêm os seus direitos, regalias e imunida-
des previstos na lei com excepção do suplemento previsto
l) Passaporte de serviço nas deslocações em missão na alínea a) do número 1 do artigo 39º e dos subsídios de
oficial ao estrangeiro; representação ou comunicação, conforme couber.
m) Quaisquer outros direitos e regalias consagrados 3. O gozo da licença referida no número 1 pode ser
na lei. protelado no seu início ou suspenso a todo o tempo no
2. Os magistrados judiciais que não estejam em efecti- período do seu decurso, sempre que o Conselho Superior
vidade de funções mantêm os direitos e regalias previstos da Magistratura Judicial assim o deliberar fundado em
nas alíneas a), b), d) e k) do número 1. ponderosas razões da conveniência do serviço.
3. O juiz de Direito tem direito à percepção, por uma 4. Os beneficiários da licença referida no número 1
única vez, de um subsídio especificamente consignado à devem assegurar a sua permanência na efectividade
aquisição de mobiliário destinado ao apetrecho da sua de funções na carreira da magistratura judicial por um
habitação, nos termos a regular por despacho conjunto período de cinco anos imediatamente subsequentes.
dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Artigo 43º
Finanças e da Justiça. Despesas de deslocação
Artigo 41º
1. Os magistrados judiciais têm direito ao reembolso,
Aquisição de viatura se não optarem pelo recebimento adiantado das despesas
resultantes da sua deslocação e do seu agregado familiar
1. Os magistrados judiciais gozam de isenção de direi-
e transporte de bagagens, qualquer que seja o meio de
tos aduaneiros, na importação de um veículo automóvel
transporte utilizado, quando colocados, transferidos ou
ligeiro, em estado novo, para uso pessoal desde que es-
promovidos em cargo ou lugar diverso do da sua residência.
tejam em efectividade de funções.
2. Não é devido reembolso quando a mudança de situ-
2. A isenção referida no número anterior só é concedida
ação se verifique a pedido do magistrado judicial.
desde que, à data do pedido desse benefício, o requerente
provar não possuir outro veículo automóvel e não pode Artigo 44º
ser repetida antes de decorrido um mínimo de seis anos Direitos e regalias especiais do Presidente do Supremo
sobre a última concessão. Tribunal de Justiça
3. O veículo adquirido nos termos do número 1 não pode 1. O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça tem
ser alienado, transferido ou cedido a outrem, antes de direito a:
decorridos seis anos sobre a data da concessão da isenção,
a) Residência oficial;
sob pena de pagamento dos direitos aduaneiros devidos.
b) Viatura oficial;
4. Não se considera ter havido cedência a outrem nos
casos da utilização ocasional desta pelo cônjuge, descen- c) Subsídio mensal de representação e comunicações
dentes, irmãos ou ascendentes do magistrado judicial correspondente a 20% da remuneração base;
beneficiário da isenção.
d) Pagamento pelo Estado das despesas de
5. No caso de cessação da efectividade de funções antes consumo de água e electricidade na respectiva
de decorridos seis anos, por facto dependente da sua ex- residência, nos termos da lei.
clusiva vontade, o beneficiário da isenção deve pagar as e) O mais favorável regime de previdência social
imposições referidas no número 1, salvo nas situações de estabelecido para titulares de cargos políticos
investidura como titular de órgão de soberania previstas sobre que tenha precedência protocolar;
no presente Estatuto.
f) O mais favorável regime de ajudas de custo
Artigo 42º
estabelecido para titulares de cargos políticos
Licença sabática sobre que tenha precedência protocolar;
1. Os magistrados judiciais providos definitivamente g) Precedência e tratamento protocolares, nos
num lugar do quadro da Magistratura Judicial com termos da lei;
quinze anos de exercício efectivo e ininterrupto das suas
funções, e com classificação mínima de BOM na última h) Utilização das salas VIP dos aeroportos
avaliação a que tiverem sido submetidos, podem bene- nacionais;
ficiar de uma licença sabática, de um ano, destinada ao i) Passaporte diplomático para si, seu cônjuge e
aprofundamento ou extensão de conhecimentos em ramo descendentes, nos termos da lei.
744 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE JUNHO DE 2011
Artigo 45º Artigo 49º
4. A busca na residência do Magistrado é, sob pena de Salvo ponderosas razões, a colocação, transferência e
nulidade, presidida pessoalmente pelo juiz competente permuta dos magistrados judiciais deve ser decretada
na presença do Presidente do Conselho Superior da Ma- pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial até o
gistratura Judicial ou de membro do membro conselho mês de Julho para produzir os seus efeitos a contar de
para aquele designado para o efeito. 16 de Setembro do mesmo ano.
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE JUNHO DE 2011 745
CAPÍTULO V CAPÍTULO VI
Comissão de serviço Classificação
Artigo 55º Artigo 57º
Nomeação em comissão de serviço Classificação de magistrados judiciais
Os magistrados judiciais só podem ser nomeados para Os magistrados judiciais são classificados pelo Con-
o exercício de cargos em comissões de serviço, mediante selho Superior da Magistratura Judicial, de acordo com
prévia autorização do Conselho Superior da Magistratura o seu mérito, de Muito Bom, Bom com distinção, Bom,
Judicial. Suficiente e Medíocre.
Artigo 56º Artigo 58°
Comissões de serviço
Critérios e efeitos da classificação
1. São comissões de natureza judicial ou judiciária as 1. A classificação deve atender ao modo como os ma-
respeitantes aos cargos seguintes: gistrados judiciais desempenham a função, ao volume e
a) Presidente do Conselho Superior da Magistratura dificuldades do serviço a seu cargo, às condições do traba-
Judicial; lho prestado, à preparação técnica, categoria intelectual,
trabalhos jurídicos publicados e idoneidade cívica.
b) Procurador-Geral da República;
2. A classificação de medíocre implica a suspensão
c) Nos serviços de Inspector Judicial; do exercício de funções e a instauração de inquérito
d) Juiz em tribunal não judicial; destinado à aferição de adaptação para o exercício da
magistratura judicial.
e) Assessor no Supremo Tribunal de Justiça, no
Tribunal Constitucional ou no Conselho 3. Se, em processo disciplinar instaurado com base
Superior da Magistratura Judicial; no inquérito, se concluir pela inaptidão do magistrado
judicial, mas pela possibilidade da sua permanência na
f) Exercício de funções de direcção superior Função Pública podem, a requerimento do interessado,
de órgãos de Investigação Criminal e de substituir-se as penas de aposentação compulsiva e de-
Inspecção Superior das Polícias; missão pela de exoneração.
g) Exercício de funções em órgãos independentes, Artigo 59º
encarregues de zelar pela observância da
Periodicidade de classificação
legalidade e dos princípios constitucionais
para as quais a lei impõe o seu desempenho 1. Os magistrados judiciais são classificados pelo menos
por magistrado judicial; de quatro em quatro anos.
h) O exercício de funções no país ou no estrangeiro, 2. Considera-se desactualizada a classificação atribu-
no âmbito do cumprimento de tratados ou ída há mais de quatro anos, salvo se a desactualização
de acordos internacionais que directamente for imputável ao magistrado judicial.
digam, respeito à justiça, validamente
aprovados e ratificados nos termos da 3. Na falta de classificação referida no número an-
Constituição. terior, o interessado pode requerer a sua avaliação de
desempenho que é obrigatoriamente realizada no prazo
2. Os magistrados judiciais em comissão de serviço de trinta dias.
de natureza judicial ou judiciária mantêm os direitos,
regalias e deveres previstos para a efectiva actividade Artigo 60º
na função. Elementos a considerar
3. O tempo de exercício de funções em comissão de ser- 1. Nas classificações são considerados os resultados das
viço de natureza judicial ou judiciária é considerado para inspecções anteriores, inquéritos, sindicâncias ou pro-
todos os efeitos como de efectiva actividade na função. cessos disciplinares, tempo de serviço, relatórios anuais
4. O magistrado judicial regressado da situação referi- e quaisquer elementos complementares que estejam na
da no artigo anterior quando não exista vaga no quadro posse do Conselho Superior da Magistratura Judicial.
da magistratura judicial, fica na situação de disponi- 2. São igualmente tidos em conta o volume de serviço a
bilidade, podendo desempenhar quaisquer actividades cargo do magistrado judicial e as condições de trabalho.
que lhe forem destinadas pelo Conselho Superior da
Magistratura Judicial. 3. O magistrado é obrigatoriamente ouvido sobre o
relatório de inspecção e pode fornecer os elementos que
5. Todos os encargos concernentes à remuneração e entender convenientes.
à concessão dos demais direitos e regalias devidos aos
magistrados judiciais são suportados integralmente por 4. As considerações que o inspector eventualmente
verbas orçamentais do organismo onde os mesmos pas- produza sobre a resposta do inspeccionado não podem
sam a prestar funções, quando colocados em regime de referir a factos novos que o desfavoreça e delas dá-se
comissão de serviço. conhecimento ao inspeccionado.
746 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE JUNHO DE 2011
2. A suspensão preventiva é executada de forma a fica- Terminada a produção da prova, o instrutor elabora,
rem salvaguardados o prestígio da função e a dignidade no prazo de quinze dias, um relatório, do qual devem
do magistrado judicial. constar os factos cuja existência considere provada, a
3. A suspensão preventiva não pode exceder cento e sua qualificação e a pena aplicável.
vinte dias, prorrogáveis mediante justificação por mais Artigo 103º
trinta e não prejudica quaisquer direitos dos magistrados.
Decisão do processo disciplinar
Artigo 97º
O processo disciplinar instaurado contra um magistra-
Acusação
do judicial é apreciado e decidido pelo Conselho Superior
1. Concluída a instrução e junto o registo disciplinar do da Magistratura Judicial.
arguido, o instrutor deduz acusação no prazo de dez dias,
Artigo 104º
articulando discriminadamente os factos constitutivos da
infracção disciplinar e os que integram circunstâncias Notificação da deliberação ou decisão
agravantes ou atenuantes, que repute indiciados, indi-
cando os preceitos legais no caso aplicáveis. A deliberação ou decisão finais, acompanhadas de
cópia do relatório final do instrutor e, quando as haja,
2. Se não se indiciarem suficientemente factos consti- das propostas que se lhe tenham seguido, são notificadas
tutivos da infracção ou da responsabilidade do arguido, ao arguido.
750 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE JUNHO DE 2011
Artigo 105º 4. Se o Conselho Superior da Magistratura Judicial
Início da produção de efeitos das penas decidir pela revisão, é nomeado novo instrutor para o
processo.
A decisão que aplique a pena não carece de publicação,
começando a pena a produzir os seus efeitos no dia se- Artigo 110º
guinte ao da notificação ao arguido, nos termos do número Procedência da revisão
1 do artigo 98º ou quinze dias após a afixação do edital a
que se refere o número 2 do mesmo artigo. 1. Se o pedido de revisão for julgado procedente, revoga-
se ou altera-se a decisão proferida no processo revisto.
Artigo 106º
Nulidades e irregularidades 2. Sem prejuízo de outros direitos legalmente previstos,
o interessado é indemnizado pelas remunerações que
1. Constitui nulidade insuprível a falta de audiência tenha deixado de receber em razão da decisão revista.
do arguido com possibilidade de defesa e a omissão de
diligências essenciais para a descoberta da verdade que Artigo 111º
ainda possam utilmente realizar-se. Prazos para a revisão
2. As restantes nulidades e irregularidades consi-
A revisão pode apenas ser requerida decorridos os
deram-se sanadas se não forem arguidas na defesa ou
seguintes prazos sobre o cumprimento da pena:
quando ocorra posteriormente, no prazo de cinco dias
contados da data do seu conhecimento. a) Três anos, nos casos de multa;
Artigo 107º
b) Cinco anos, nos casos de suspensão de exercício
Processo por abandono do lugar e de inactividade;
1. Quando um magistrado judicial deixe de exercer
c) Sete anos, nos casos de aposentação compulsiva
funções durante dez dias, manifestando expressamente
e de demissão.
a intenção de abandonar o lugar, ou faltar injustificada-
mente durante trinta dias seguidos, é-lhe instaurado um Secção VII
processo disciplinar por abandono de lugar.
Inquéritos e sindicâncias
2. A ausência injustificada durante trinta dias seguidos Artigo 112º
constitui presunção de abandono de lugar.
Inquéritos e sindicâncias
3. A presunção de abandono pode ser ilidida em pro-
cesso disciplinar, através de qualquer meio de prova. 1. Os inquéritos têm por finalidade a averiguação de
Secção VI factos determinados.
Revisão de decisões disciplinares 2. As sindicâncias têm lugar quando haja notícia de
Artigo 108º factos que exijam uma averiguação geral acerca do fun-
cionamento dos serviços.
Revisão
Artigo 113º
1. As decisões condenatórias proferidas em processo
disciplinar podem ser revistas quando se verifiquem Instrução
circunstâncias ou meios de prova susceptíveis de de-
monstrar a inexistência dos factos que determinaram a São aplicáveis à instrução dos processos de inquérito
punição e que não puderam ser oportunamente utilizados e de sindicância, com as necessárias adaptações, as dis-
pelo arguido. posições relativas a processos disciplinares.
Artigo 114º
2. A revisão não pode, em caso algum, determinar o
agravamento da pena. Relatório
Artigo 109º
Terminada a instrução, o inquiridor ou sindicante ela-
Processo bora relatório, propondo o arquivamento ou a instauração
1. A revisão da deliberação ou decisão disciplinar e a de procedimento, conforme o caso.
reabilitação são requeridas pelo interessado ao Conselho Artigo 115º
Superior da Magistratura Judicial que decide.
Conversão em processo disciplinar
2. O requerimento, autuado por apenso ao processo
disciplinar, deve conter os fundamentos do pedido e a 1. Quando, através de inquérito ou sindicância, se
indicação dos meios de prova que devam ser produzidos apurar a existência de infracção, o Conselho Superior
e é instruído com os documentos que o interessado tenha da Magistratura Judicial pode deliberar que o respectivo
podido obter. processo em que o arguido tenha sido ouvido constitua a
parte instrutória do processo disciplinar.
3. Recebido o requerimento para revisão da deliberação
ou decisão disciplinar, o Conselho Superior da Magistra- 2. No caso referido no número anterior, a data da
tura Judicial decide, no prazo de trinta dias, se deve ou instauração do inquérito ou sindicância fixa o início do
não ser concedida a revisão. processo disciplinar.
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE JUNHO DE 2011 751
CAPÍTULO IX CAPÍTULO X
Disponibilidade, suspensão e cessação Aposentação e jubilação
de funções Artigo 119º
Artigo 116º
Estatuto
Disponibilidade
Aplica-se à aposentação dos magistrados judiciais o
1. Considera-se em situação de disponibilidade o ma- regime geral estabelecido para os funcionários vinculados
gistrado judicial que aguarda colocação em vaga da sua à Administração directa do Estado, em tudo quanto não
categoria: estiver regulado no presente Estatuto.
a) Por ter regressado à actividade após o cumpri- Artigo 120º
mento da pena; Jubilação
b) Por ter sido extinto o lugar que ocupava; 1. Os magistrados judiciais que se aposentem nos
termos do presente Estatuto e com classificação de Bom
c) Por ter terminado a comissão de serviço em que
com Distinção na última avaliação inspectiva são consi-
se encontrava;
derados jubilados, desde que o requeiram ao Conselho
d) Nos demais casos previstos na lei. Superior da Magistratura Judicial na data da desligação
do serviço para efeitos de aposentação.
2. A situação de disponibilidade não implica perda de
antiguidade, de vencimentos ou de remuneração, salvo 2. Os magistrados judiciais jubilados continuam vin-
nos casos especialmente previstos na lei. culados aos deveres estatutários e ligados ao tribunal de
que faziam parte, conservam dos títulos, honras, regalias
Artigo 117º
e imunidades correspondentes à sua categoria e podem
Suspensão de funções assistir de traje profissional às cerimónias solenes que
se realizem no referido tribunal, tomando lugar à direita
1. Os magistrados judiciais suspendem as suas funções:
dos magistrados em serviço activo.
a) No dia em que forem notificados do despacho de
3. Os magistrados judiciais jubilados podem ser de-
pronúncia ou do despacho que designa dia
signados mediante seu consentimento para o serviço de
para julgamento por crime doloso praticado
assessoria do Supremo Tribunal de Justiça ou de coad-
no exercício das suas funções;
juvação da Inspecção Judicial.
b) No dia em que lhes for notificada suspensão
4. A actividade de coadjuvação na inspecção judicial é
preventiva por motivo de procedimento
compensada com senhas de presenças pelas sessões de
disciplinar ou aplicação de pena que importe
trabalho em que participarem os respectivos juízes, nos
afastamento do serviço;
mesmos termos atribuídos aos membros do Conselho
c) No dia em que lhes for notificada suspensão nos Superior da Magistratura Judicial.
termos do artigo 96º;
5. A actividade de assessoria ao Supremo Tribunal de
d) No dia em que lhes for notificada a deliberação Justiça é compensada com importância nunca superior
que lhes atribua a classificação referida no a 1/3 da respectiva pensão.
número 2 do artigo 58º.
6. O magistrado judicial nas condições previstas no
2. Fora dos casos referidos na alínea a) do número an- número 1 pode fazer declaração de renúncia à condição de
terior, a suspensão pela prática de crime doloso por força jubilado, ficando sujeito, em tal caso, ao regime geral de
da designação de dia para julgamento fica dependente de aposentação dos funcionários da Administração directa
decisão do Conselho Superior da Magistratura Judicial. do Estado.
Artigo 118º 7. Considera-se tácita a renúncia, a aceitação de qual-
Cessação de funções quer cargo público incompatível com o exercício da magis-
tratura judicial ou sem a prévia autorização do Conselho
1. Os magistrados judiciais cessam as suas funções: Superior da Magistratura Judicial, quando exigível, e a
inscrição na Ordem dos Advogados de Cabo Verde.
a) No dia em que completem a idade que a lei prevê
para a aposentação de funcionários públicos; 8. O estatuto de jubilado é retirado sempre que decor-
rente do respectivo procedimento legal resulte condena-
b) No dia em que for publicado o despacho da sua
ção do magistrado judicial com qualquer pena disciplinar
desligação de serviço;
ou criminal.
c) No dia imediato ao da publicação no Boletim
9. Para efeitos do disposto no número 1, é classificado
Oficial do acto que define a sua nova situação.
de Bom com Distinção, o desempenho por cinco anos
2. No caso previsto na alínea c) do número anterior, ininterruptos, das funções de Presidente do Conselho
os magistrados judiciais que tenham iniciado qualquer Superior da Magistratura Judicial, Juiz do Tribunal
julgamento prosseguem os seus termos até final, salvo Constitucional e Tribunal de Contas, sem condenação em
se a mudança de situação resultar de acção disciplinar. processo disciplinar ou criminal de qualquer natureza.
752 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE JUNHO DE 2011
Artigo 121º Artigo 126º
Os magistrados judiciais na situação de aposentados É fixado em dez o número de vagas para o primeiro
conservam os direitos especiais previstos nas alíneas a), concurso para juízes conselheiros.
b) e k) do número 1 do artigo 40º do presente Estatuto. Artigo 127º
CAPÍTULO XI Transição
Revogação Extinção
1. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, é É extinta a categoria de Procurador da República Aju-
revogado o Estatuto dos Magistrados Judiciais aprovado dante do Procurador-Geral da República.
pela Lei nº 135/IV/95, de 3 de Julho, na redacção dada
pela Lei nº 64/V/98, de 17 de Agosto. Artigo 4º