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1 | 2007 :
Número 1
A paisagem e o geossistema
como possibilidade de leitura da
expressão do espaço sócio-
ambiental rural
D J S L
Entradas no índice
Index de mots-clés : paysage
Index by keywords : Landscape
Índice geográfico : Curitiba, Paraná
Texto integral
1 A Geografia como ciência de caráter eminentemente ambientalista permite no estudo
da relação entre os homens e o meio natural a análise da expansão dos sítios urbanos e
rurais, instalação de núcleos de colonização, implantação de sistemas produtivos
tecnificados e suas inter-relações com os demais componentes do estrato geográfico.
2 Desde o sucesso da Teoria Geral dos Sistemas, de Bertanlanffy, no início dos anos
1950 do século XX, a análise sistêmica extravasara todas as disciplinas. O trabalho de
Jean Tricart (1965), com a sua classificação ecodinâmica dos meios ambientes, já
assinala o aparecimento da teoria sistêmica na Geografia.
3 Tricart (1977) define um sistema como um conjunto de fenômenos que se processam
mediante fluxos de matéria e energia. Esses fluxos originam relações de dependência
mútua entre os fenômenos. Surge daí uma entidade global nova, mas dinâmica. Para o
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autor, esse conceito permite adotar uma atitude dialética entre a necessidade da análise
e a necessidade de uma visão de conjunto, capaz de ensejar uma atuação eficaz sobre
esse meio ambiente. Através da análise de um sistema, reconhecem-se conceitualmente
as suas partes interativas, o que torna possível captar a rede interativa sem ter de
separá-las. “O conceito de sistema é, atualmente, o melhor instrumento lógico de que
dispomos para estudar os problemas do meio ambiente” (Tricart, 1977).
4 A polissemia da noção de paisagem apresenta a possibilidade de leitura da expressão
da interação sistemas naturais-sociais através da abordagem sistêmica. Essa proposta
desempenha um papel epistemológico, prático e de grande importância na análise da
construção da paisagem.
5 A evolução da “ciência da paisagem” no âmbito da Geografia conduziu a melhor
definição do conceito a partir do questionamento da dicotomia entre paisagem humana
e paisagem natural embora a visão da paisagem natural predominasse como elemento
ideográfico e descritivo. As escolas alemãs e russas se desenvolveram em torno dessa
discussão originalmente e interagiram posteriormente com a escola francesa que se
desenvolvia paralelamente. Esta última trouxe várias contribuições a Geografia
brasileira, fornecendo suporte teórico a metodologia. A discussão da noção de paisagem
e sua evolução na Geografia e a sistematização do conceito de geossistema para compor
o método de análise da paisagem foram a base, no Brasil, para os esforços de análises
integradas na tentativa de articular o maior número possível de correlações dos
diferentes atributos na estrutura de uma paisagem (Monteiro, 2001). O fato da análise
integrada da paisagem considerar a dimensão natural e social dos sistemas paisagísticos
possibilita avaliar como acontece a interação sociedade-ambiente nos diferentes
espaços.
6 Neste estudo apresentou-se o resultado da aplicação da análise integrada da paisagem
por meio do método de análise geossístêmico, como contribuição da Geografia para o
trabalho interdisciplinar da linha de pesquisa dos “Sistemas Sociais, Técnicos e
Recursos Naturais de Áreas Rurais” do Doutorado em Meio Ambiente e
Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná (2002-2006). A pesquisa teve por
objetivo de compreender os processos que conformam o espaço rural da Região
Metropolitana de Curitiba (RMC) e as diferenciações do quadro social-ambiental de
seus municípios “rurais”. Neste contexto, a análise da paisagem teve como finalidade
identificar os possíveis conflitos entre ambiente e sociedade.
7 A RMC é marcada pela heterogeneidade social, econômica e físico-natural. Os
municípios de São José dos Pinhais, Mandirituba, e Tijucas do Sul apresentam
dinâmicas diferenciadas no espaço rural quanto às políticas públicas; sistemas
produtivos; condicionantes ambientais e história de ocupação. Sendo assim, definiu-se
os três municípios como ilustrativos desse universo rural da RMC e seus limites
administrativos como escala de desenvolvimento da pesquisa (Mapa 1).
Paisagem e geossistema
8 Admitindo-se que a noção de paisagem seja uma interpretação social da interface da
terra, mesmo que não-apreendida pela pesquisa científica, seria muito significativa a
aproximação da noção de paisagem da noção de meio ambiente. O meio ambiente
consiste no conjunto dos elementos externos que envolvem a sociedade e interagem
com ela; a paisagem é, ao contrário, uma produção interna, nascida da sociedade e
confere uma existência social àquilo que se encontra em contato com o envoltório
externo, ou seja, a interface sociedade-natureza.
9 Bertrand (1968) definiu a paisagem como uma entidade global, que possibilita a visão
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... a paisagem é vista de um modo bem mais dinâmico porquanto não ignora as
relações, seus feed-backs e interações, de modo a configurar um verdadeiro
“sistema” onde as áreas pertinentes a ela estão muito além das formas e aparências
assumidas pelos elementos, sendo capazes, até mesmo de provocar importantes
reações em áreas distantes. Isso decorre do fato: o homem é considerado na
paisagem como qualquer outro elemento ou fator constituinte do sistema
paisagem (geossistema) por que ele desempenha aqui um papel realmente ativo
(Monteiro, 2001, p. 97).
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Mapa 2. Mapa base da área total dos municípios de Mandirituba, São José dos Pinhais e
Tijucas do Sul
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Quadro 2 Quadro de descrição dos elementos formadores da paisagem para cada unidade
de paisagem
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Notas
1 Como: Monteiro, Martinelli, Pedrotti, Ferreira, Lopez e Lopez.
URL http://confins.revues.org/docannexe/image/10/img-4.jpg
Ficheiro image/jpeg, 388k
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URL http://confins.revues.org/docannexe/image/10/img-7.jpg
Ficheiro image/jpeg, 116k
Quadro 2 Quadro de descrição dos elementos formadores da paisagem
Título para cada unidade de paisagem
URL http://confins.revues.org/docannexe/image/10/img-8.png
Ficheiro image/png, 388k
Autores
Dias Janise
Bolsista pós-doutorado júnior pelo Cnpq do departamento de Geografia do Instituto de
Geociências IGC-UFMG, janisebruno@yahoo.com.br
Santos Leonardo
Professor Adjunto do Departamento de Geografia da UFPR, santos@ufpr.br
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