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11 – INVESTIMENTO EM COLIGADA

O CPC 18/IAS 28 (Investimento em Coligada e em Controlada)


determina o tratamento a ser dado aos investimentos em
coligadas associadas. Os principais problemas identificados
referem-se basicamente a quais investimentos serão
avaliados pelo método de equivalência patrimonial e qual a
forma de mensuração daqueles que não são avaliados por tal
método.
O CPC 18/IAS 28 (Investimento em Coligada e em Controlada)
trata de todas as participações em empresas coligadas,
excetuando os investimentos em coligadas mantidos por meio
de sociedades de capital de risco (venture capital), fundos
mútuos e entidades similares. Esses investimentos são
reconhecidos inicialmente ao valor justo com os efeitos em
resultados ou são classificados como mantidos para
negociação e contabilizados de acordo com o CPC 38/IAS 39
(Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração).
Obs1.: Venture capital ou capital de risco ou capital de
investimentos são empreendimentos que exigem investimento
de risco, mas que oferecem lucros potenciais acima da
média. Entre os setores que se destacam na atuação com
esses empreendimentos destacam-se os de crescimento
emergente e os de alta tecnologia.
Obs2.: Fundos mútuos são fundos administrados por uma
sociedade de investimento que mediante determinada taxa
arrecada recursos dos investidores e investe em ações,
opções, commodities, entre outros títulos de mercado.
Associadas ou coligada: é a entidade na qual o investidor
exerce influência significativa e que não é nem uma
controlada nem uma joint venture do investidor.
Influência significativa: é o poder de participar das
decisões sobre as políticas operacionais e financeiras da
investida, sem controlar, individualmente ou conjuntamente,
tais políticas.
Métodos de equivalência patrimonial (MEP): método no qual o
investimento é inicialmente registrado ao custo e ajustado
posteriormente pelas alterações correspondentes à
participação do investidor no patrimônio líquido da
investida. Os lucros ou perdas do investimento na coligada
são contabilizados como resultados pelo investidor.
A definição de coligada e a aplicação do método de
equivalência patrimonial, depende da existência de
influência significativa, e esta é presumida se o
investidor possui, direta ou indiretamente (por meio de
outras coligadas), 20 % ou mais do capital votante da
investida (sem atingir o controle), a menos que, apesar de
atingir o percentual, seja claramente demonstrado que a
influência não se configura. Da mesma forma, presume-se que
uma participação abaixo de 20% não configura influência, a
menos que tal influência possa ser comprovada por outros
meios, como nos casos de:
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a) representação no conselho de administração ou na


diretoria da investida;
b) participação nos processos de elaboração de
políticas, incluindo participação nas decisões sobre
dividendos e outras distribuições;
c) transações materiais entre o investidor e a
investida;
d) intercâmbio de diretores ou gerentes; ou
e) fornecimento de informação técnica essencial.

De forma similar à verificação de controle, também deverão


ser considerados na avaliação da influência significativa
os potenciais direitos de voto, ou seja, a existência de
títulos conversíveis em ações ordinárias, como ações com
opções de compra e bônus de subscrição. Assim, para atender
o percentual de 20% de participação no capital votante
também devem ser considerados os títulos que poderão se
converter em ações ordinárias possuídos por qualquer
investidor, desde que não haja restrição a essa conversão.
A influência significativa deixa de existir quando o
investidor perde o poder de participar das decisões sobre
as políticas operacionais e financeiras da investida,
independentemente da redução no percentual de participação.
Quando a influência significativa deixa de existir, o uso
do método de equivalência patrimonial deverá ser
descontinuado e o investimento deverá ser contabilizado
usando o CPC 38/IAS 39 (Instrumentos Financeiros:
Reconhecimento e Mensuração), a não ser que a investida
tenha se tornado uma controlada ou uma joint venture.
O valor contábil do investimento na data em que a investida
deixa de ser considerada uma coligada deverá ser tratado
como o custo inicial do ativo financeiro.
Todos os investimentos em coligadas deverão ser ajustados
usando o método de equivalência patrimonial, exceto quando:

a) o investimento é classificado como mantido para venda,


de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31/IFRS 5 (Ativo
Não Circulante Mantidos para Venda e Operação
Descontinuada);
b) a investidora não tem de apresentar demonstrações
consolidadas de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC
36/IAS 27 (Demonstrações Consolidadas); ou
c) todas as seguintes condições estão presentes:

• a investidora é uma subsidiária integral ou parcial de


outra entidade e seus acionistas não têm objeção a não
aplicação do Método de Equivalência Patrimonial;
• os instrumentos de dívida ou de capital não são
negociados em um mercado público (nacional ou estrangeiro);
• a investidora não está registrada nem em processo de
registro em uma comissão de valores mobiliários;
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• a controladora final ou intermediária da investidora


publica demonstrações de acordo com os Pronunciamento do
Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC e as IFRS.

Sob o método de equivalência patrimonial, o investimento em


coligadas é mensurado inicialmente ao custo e
posteriormente seu valor é atualizado para refletir a
participação da investidora no resultado daquela coligada.
A contrapartida dos aumentos ou reduções do valor do
investimento é contabilizada pela investidora como receita
ou despesa. O valor contábil do investimento deve ser
ajustado por qualquer alteração na participação da
investidora e por modificações no patrimônio líquido da
investida, como as oriundas de distribuição de dividendos,
reavaliação de ativos e variações cambiais de investimentos
estrangeiros. Adicionalmente, os seguintes procedimentos
devem ser observados na adoção do Método de Equivalência
Patrimonial:

a) a participação do investidor nos lucros e prejuízos


resultantes de transações ascendentes (da associada para o
investidor) e descendentes (do investidor para a
associada), entre um investidor e sua coligada deve ser
eliminada;

b) na aquisição do investimento, de acordo com o CPC


15/IFRS 3 (Combinações de Negócios), qualquer goodwill é
incluído no valor do investimento e não é amortizado;
qualquer excesso da participação do investidor nos valores
justos dos ativos e passivos da coligada sobre o valor pago
(goodwill negativo) é como receita no cálculo da
participação do investidor no resultado da coligada no
período em que o investimento é adquirido;

Obs.: a investidora não reconhece em suas demonstrações


contábeis os valores justos de ativos e passivos da
coligada. A coligada não é consolidada e não têm seus
ativos e passivos somados aos valores correspondentes da
investidora, não tendo como reconhecer seus valores justos.

c) se as práticas contábeis da coligada são de datas


diferentes daquelas do investidor, ajustes deverão ser
feitos para refletir os efeitos de eventos e transações
significativos ocorridos entre as duas datas. A defasagem
das datas não poderá superar três meses;

d) se as práticas contábeis forem diferentes as


demonstrações contábeis da coligada deverão ser ajustadas;

e) se a coligada tem ações preferenciais cumulativas em


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circulação mantidas por outros investidores, no cálculo de


sua participação no resultado da coligada, o investidor
deverá considerar os dividendos independentemente de terem
sido declarados ou não;

f) quando a participação do investidor no prejuízo da


coligada se iguala ou excede o valor da participação
naquela entidade, o investidor descontinua o uso do Método
de Equivalência Patrimonial, ou seja, o investimento não
assume valor negativo. A participação do investidor é o
valor contábil do investimento atualizado pelo Método de
Equivalência Patrimonial acrescido de outras participações
de longo prazo que em essência formam parte do investimento
na coligada.

g) após a participação do investidor ser reduzida a zero,


qualquer perda adicional somente deverá ser reconhecida
como passivo pelo investidor se este tiver uma obrigação,
legal ou estrutural, ou assumiu responsabilidades em nome
da coligada; a participação nos lucros obtidos
posteriormente pela coligada somente é reconhecida pelo
investidor após a compensação das perdas não reconhecidas.
A investidora deverá observar a existência de indicadores
que podem determinar a redução ao valor recuperável
(impairment) dos investimentos em coligadas e reconhecer as
perdas em resultados, se pertinentes. Como o goodwill é
contabilizado juntamente com o valor do investimentos, o
teste por impaiment somente poderá ser feito pelo valor
total (investimento + goodwill), comparando o seu valor
recuperável (maior entre valor em uso e valor justo líquido
dos custos de vendas) com seu valor contábil, conforme o
Pronunciamento Técnico CPC 01/IAS 36 (Redução ao Valor
Recuperável de Ativos).
Cada investimento deverá ser testado por impairment
individualmente.
O Pronunciamento Técnico CPC38/IAS 39 (Instrumentos
Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) permite o
reconhecimento dos instrumentos financeiros pelo valor de
custo, custo amortizado ou valor justo, dependendo da
classificação estabelecida pela empresa com base em sua
intenção quanto ao instrumento financeiro.
As seguintes divulgações deverão ser feitas para os
investimentos em coligadas:

a) o valor justo dos investimentos para os quais existem


cotações de preço publicadas;

b) informações resumidas das associadas, incluindo valores


agregados de ativos, passivos, receitas e resultado;

c) as justificativas para a aplicação do Método de


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Equivalência Patrimonial em investimentos com menos de 20%


do capital votante e para a não aplicação do método em
investimentos com 20% ou mais do capital votante;

d) a data dos relatórios das coligadas, quando diferente


dos da investidora e as razões da diferença;

e) a natureza e extensão das restrições significativas para


a transferência de recursos da coligada para a investidora;

f) a participação não reconhecida sobre os prejuízos da


coligada, do período e acumuladas, quando o investidor
descontinua o reconhecimento da sua participação sobre tais
prejuízos.

g) a exceção utilizada para não aplicação do Método de


Equivalência Patrimonial;

h) informações resumidas das associadas em que o Método de


Equivalência Patrimonial não foi aplicado, incluindo
valores agregados de ativos, passivos, receitas e
resultado;

i) investimentos avaliados pelo Método de Equivalência


Patrimonial deverão ser apresentados no grupo dos ativos
não correntes e a participação do investidor no resultado
de tais coligadas, bem como o valor contábil do
investimento, deverão ser divulgados separadamente;

j) a participação do investidor sobre as alterações


reconhecidas diretamente no patrimônio líquido pela
coligada deverá ser reconhecida pelo investidor também no
patrimônio líquido.

k) A participação do investidor nos passivos contingentes


da coligada incorridos juntamente com outros investidores e
aqueles passivos contingentes surgidos em função de o
investidor ter-se comprometido seriamente com todo ou parte
do passivo da coligada.

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