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023146andré PDF
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mas o método geral é válido para funções de mais variáveis também. Sejam f(x,y) um
campo escalar e (x0, y0) = (x + ∆x, y + ∆y) um ponto desse campo. A fórmula de Taylor nos
fornece, então:
∂f ( x 0 , y 0 ) ∂f ( x 0 , y 0 )
f ( x, y ) = f ( x 0 , y 0 ) + ∆x + ∆y +
∂x ∂y
1 ∂ 2 f ( x0 , y 0 ) 2 ∂ 2 f ( x0 , y0 ) ∂ 2 f ( x0 , y 0 )
∆ x + 2 ∆ x ∆ y + ∆y 2 + R
2 ∂x 2
∂x∂y ∂y 2
onde R representa o resto (às vezes chamado de erro) da aproximação.
Essa fórmula permite que relacionemos a matriz Hessiana (matriz das segundas
derivadas da função) com a determinação dos pontos críticos. Neles, a primeira derivada é
nula, portanto os valores da função nas proximidades dependem basicamente dos termos
entre os colchetes. Podemos realizar as seguintes substituições:
∂ 2 f ( x0 , y0 ) 2 ∂ 2 f ( x0 , y0 ) ∂ 2 f ( x0 , y 0 ) 2
a= ∆x , b= ∆x∆y , c = ∆y
∂x 2 ∂x∂y ∂y 2
nos pontos críticos, onde a primeira derivada é nula. Podemos escrever essa
expressão na forma matricial:
a b ∆x
Q(∆x, ∆y ) = [∆x ∆y ]
b c ∆y
∂2 f ∂2 f
a b ∂x 2 ∂x∂y
b c = ∂ 2 f ∂2 f
∂x∂y ∂y 2
Portanto, para a análise dos pontos críticos, é necessário que as segundas derivadas
da função existam e sejam diferentes de zero (nesse último caso, a matriz Hessiana, embora
existente, não fornece as informações que procuramos).
Podemos relacionar a matriz Hessiana com uma cônica em um plano; é possível
diagonalizá-la, e para tal usamos um processo idêntico ao da rotação de uma cônica. Outra
semelhança entre a forma da matriz e a característica do ponto crítico pode ser vista quando
desenhamos as curvas de nível da função: quando o ponto é de sela, geralmente obtemos
hipérboles; quando é de máximo ou mínimo, costumamos ter elipses ou círculos. Uma
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Exemplo 1:
g ( x, y ) = sin x cosh y
Como a função cosseno é periódica, temos infinitos pontos críticos; plotamos então
um trecho no intervalo -2π ≤ x ≤ 2π, -2 ≤ y ≤ 2:
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Há quatro pontos críticos nesse intervalo, sendo todos pontos de sela. Podemos
confirmar que são pontos críticos traçando retas tangentes à função nos pontos (que
representam as derivadas parciais); devem ser paralelas aos eixos x e y. Pode-se confirmar
isso mudando o ângulo de visão do gráfico. Abaixo, a visão do plano xz:
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Essas retas, traçadas no ponto (-π/2, 0, -1), mostram que as derivadas parciais nesse
ponto são nulas. Assim, ele é um ponto crítico.
Como sabemos da existência de pontos críticos no campo escalar, calculemos a
matriz Hessiana:
∂2g ∂2g
2
∂x2 ∂x∂y − sin x cosh y cos x sinh y
=
∂ g ∂ 2 g cos x sinh y sin x cosh y
∂x∂y ∂y 2
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λ1 = 1
λ 2 = −1
Analisando a expressão dos autovalores, percebemos que eles são os mesmos para
todos os pontos críticos. Assim, provamos que os pontos são de sela, pois os autovalores
têm sinais contrários. Não precisaríamos ter plotado os gráficos para descobrir isso, e essa é
uma das grandes vantagens do método.
Nota: a função do campo escalar bidimensional foi plotada como se fosse uma
função tridimensional. É muito mais revelador que um gráfico do campo. A figura a seguir
mostra as curvas de nível. Certamente torna mais difícil identificar onde estão os pontos
críticos e de que tipo são.
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Exemplo 2:
g ( x, y ) = x 3 + y 3 − 3 xy
∂g ∂g
Passo 2: Resolver o sistema = =0
∂x ∂y
S = {(0,0), (1,1)}
(O sistema possui soluções complexas, mas estamos nos restringindo ao espaço real,
por isso elas foram descartadas.)
Em P1: Em P2:
λ1 = −3 λ1 = 3
λ2 = 3 λ2 = 9
Assim, temos que P1 é um ponto de sela e P2 é um ponto de mínimo (local ou
absoluto).
Como a função é de duas variáveis, poderíamos tentar usar o método do
determinante para obter o mesmo resultado. Na Hessiana em P1, temos det = -9 (ponto de
sela). Na Hessiana em P2, temos det = 25 e H1,1 > 0 (ponto de mínimo).
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Exemplo 3:
g ( x, y , z ) = ( x − 2) 2 + ( y − 3) 2 + ( z − 1) 2
∂g ∂g ∂g
Passo 2: Resolver o sistema = = =0
∂x ∂y ∂z
S = ( 2,3,1)
Hessiana
Como a Hessiana é constante nesse caso, ela tem esse valor no ponto P.
λ1 = λ 2 = λ3 = 2
Esse resultado indica que o ponto P é um ponto de mínimo do campo g(x, y, z). De
fato, o campo é nulo somente nesse ponto, e positivo em qualquer outro ponto do espaço
(pode-se ver isso analisando a função do campo, que é a de esferas centradas em P; apenas
uma tem raio zero – o próprio ponto. Não há esferas com raio negativo, portanto em P há
um mínimo, tanto local como global).