UFCD 3544 – Saúde da Pessoa Idosa – Prevenção de Problemas
Índice
Introdução ............................................................................ 3
1. Promoção da saúde ........................................................... 5
1.1 Conceito de saúde ............................................................................................................. 6
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Introdução
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1. Promoção da saúde
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Segundo a Organização Mundial de Saúde, saúde é “um estado positivo de completo bem-
estar físico, mental e social”, esta definição contraria a do modelo médico que associa a
saúde à “ausência de doença” ou de qualquer tipo de distúrbio biológico.
A doença tem repercussões nas várias dimensões do indivíduo (física, psicológica e social)
despoletando um estado de desequilíbrio. Desta forma, o contexto familiar, laboral e outros
aos quais o indivíduo pertence é afetado, daí decorre a necessidade que o tratamento da
doença não se circunscreva apenas ao indivíduo. A saúde é assim um recurso da vida
quotidiana e não apenas um objectivo a atingir, trata-se de um conceito positivo que
valoriza os recursos sociais e individuais, assim como as capacidades físicas.
Através dos censos 2011 estima-se que em Portugal existam 2,023 milhões de pessoas
com idade igual ou superior a 65 anos de idade, representando cerca de 19% da população
total e que mais de 1 milhão e 200 mil idosos vivem sós ou em companhia de outros
idosos.
O envelhecimento saudável enfatiza uma abordagem que reconhece os direitos à igualdade
de oportunidades e de tratamento. Esta abordagem promove uma atitude positiva para
envelhecer, procura quebrar estereótipos e mudar as atitudes face ao envelhecimento e
assim promover o entendimento entre gerações.
A atividade física, por exemplo, apresenta diversos benefícios para a saúde. Ao comparar
idosos sedentários com idosos fisicamente ativos estes últimos apresentam menos taxas de
mortalidade, doença coronária, hipertensão arterial (HTA), acidente vascular cerebral,
diabetes tipo II, cancros do cólon e mama e maior nível de capacidade cardiorrespiratória,
saúde funcional, diminuição do risco de queda, melhor função cognitiva e menor risco de
depressão. Assim, naturalmente, a falta de atividade física contribui para muitas doenças
crónicas que afetam esta população, como doenças cardíacas e pulmonares, diabetes,
doença de Alzheimer, HTA e cancro. A diminuição da força muscular inerente à idade pode
levar à perda de autonomia e aumentar a incapacidade. Em adultos com idade igual ou
superior a 65 anos a atividade física pode incluir atividades de lazer como caminhar,
dançar, jardinar, nadar e andar de bicicleta, tarefas domésticas ou mesmo exercício físico
planeado, no contexto das atividades de vida diária, família e comunidade.
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Com o intuito de cuidar corretamente da higiene de um idoso, com respeito pela sua
autonomia, pode seguir algumas destas dicas:
• Opte pela colocação de portas de correr, assim o acesso à casa de banho/banheiro
é mais prático;
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Frutos e Legumes
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Pão e cereais
Os laticínios constituem uma boa fonte de proteína de elevado valor biológico, cálcio,
fósforo e vitaminas A e B2. Este grupo de alimentos faz parte da alimentação dos povos
mediterrânicos desde há milénios, nas diferentes civilizações e são representados no
modelo alimentar mediterrânico, primordialmente sob a forma de queijo e iogurte. O seu
consumo é recomendado em quantidade e frequência moderada e privilegiando a
alternativa com teor de gordura reduzido, visando um maior controlo do aporte de gordura
de origem animal. Estudos indicam que o consumo de lacticínios com baixo teor de gordura
está associado a uma menor incidência de síndrome metabólico, particularmente em
indivíduos com risco acrescido de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Tendo em conta a elevada quantidade de gordura de origem animal que possuem devem
ser consumidas em pequena quantidade e frequência, dando preferência a partes mais
magras das carnes de porco, bovino, ovino e caprino ou dos seus derivados processados
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(fiambre, chouriços, salpicão). As carnes vermelhas não devem aparecer mais do que duas
vezes por semana e as carnes processadas não mais do que uma vez por semana.
Água
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Em resumo:
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Ocasionalmente,
• No vértice da pirâmide estão representados os alimentos ricos em gorduras e
açúcares. Açúcar, doces, bolos e bebidas, tais como sumos de frutas açucaradas e
refrigerantes, devem ser consumidos em pequenas quantidades.
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• Luta contra a depressão. O exercício físico pode muito bem ser um dos melhores
remédios contra a depressão, a tristeza e a falta de rumo, que afeta muitos idosos
nesta fase das suas vidas. A prática regular de uma atividade física produz
endorfinas, as “hormonas da felicidade” que desencadeiam sentimentos de bem-
estar e autoconfiança.
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clareza de mente num idoso pode ainda incentivá-lo a fazer outras coisas como
manter os hábitos de leitura e escrita, entre outras atividades.
• Menos doença, mais saúde. Praticar exercício regularmente é ainda crucial para
todos os idosos porque reduz o impacto das doenças crónicas e não crónicas a que
podem ser suscetíveis. Alguns dos benefícios de saúde que a ginástica traz aos
idosos incluem o fortalecimento do sistema imunitário e digestivo, um coração e
uma tensão arterial mais saudáveis, ossos mais fortes e resistentes. Os idosos que
praticam algum tipo de atividade física têm um risco menor de virem a sofrer de
osteoporose, diabetes, obesidade, doenças cardíacas, Alzheimer, e alguns tipos de
cancro como o do cólon e da mama.
• Um sono melhor. A idade traz muitas vezes com ela perturbações de sono que
afetam as noites dos idosos. A prática de exercício físico regular contribui
substancialmente para um sono melhor, mais profundo, mais regenerador e que
chega mais depressa. Resultando num idoso que acorda com mais energia.
• Garante uma autoestima elevada. É certo e sabido que quem pratica exercício
físico regularmente sente-se muito melhor com a sua imagem física e isso é
importante para qualquer pessoa, independentemente da sua idade. Sentirmo-nos
bem connosco próprios é meio-caminho andado para nos sentirmos bem com a vida
e com as pessoas que nos rodeiam.
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Os idosos tornam-se muitas vezes mais vulneráveis a hábitos tóxicos, como o uso de álcool
e tabaco, por via da perda de papéis, solidão, etc.
Nesta faixa etária é especialmente complicada a gestão, pois os idosos usualmente
apresentam outros problemas de saúde e uso de muitos medicamentos, que, combinados
com as substâncias nocivas presentes no fumo e álcool, tornam os idosos mais susceptíveis
a interações, agravamento do quadro instalado, dificuldade de recuperação e interação
social.
Abuso de Álcool
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porém podem dar pistas se o idoso faz uso crónico de álcool, e conseguem dar uma ideia
aproximada do grau de lesão de alguns órgãos devido aos efeitos tóxicos do álcool, como
por exemplo, no fígado. Existem ainda alguns sinais e sintomas são úteis na identificação
desta patologia. Sintomas físicos a nível neuromusculares (tremores, cãibras e parestesias)
e neurovegetativos (suores, taquicardia e hipertensão) e sintomas psicológicos (ansiedade,
humor depressivo, irritabilidade, insónias, alteração de comportamento face ao álcool,
desejo obsessivo de álcool).
Não existe um tratamento ideal e generalizado para o alcoolismo, por isso os casos devem
ser considerados individualmente, a partir de um bom exame clínico, deve-se indicar o
tratamento mais apropriado para cada pessoa de acordo com o grau de dependência e do
ponto de desenvolvimento da doença em que se encontra a pessoa, o suporte familiar e a
rede social que esta possui.
É preciso lembrar também que as recaídas são comuns nos pacientes com diagnóstico de
alcoolismo e que na grande maioria dos casos, o próprio paciente não consegue perceber o
quanto está dependente, tendendo a negar o uso ou mesmo. Nestes casos, pode-se
começar o tratamento ajudando o idoso a reconhecer o seu problema e a necessidade de
tratar-se e de tentar abster-se do álcool.
No processo de recuperação de uma pessoa que sofre de alcoolismo é muito importante
envolver a família, quer na fase inicial de ajuda na tomada de decisão, quer depois no
processo de manutenção da abstinência, para ajudar a lidar com os vários sentimentos e
dificuldades que vão surgindo ao longo do processo de reabilitação.
Existem algumas barreiras que dificultam a identificação e consequentemente o tratamento
dos problemas de alcoolismo nos idosos, entre elas é importante assinalar que muitas
vezes o estigma de os idosos consumirem álcool porque “ele sempre bebeu”, dificulta o
tratamento, também surgem dificuldades na identificação pois certos comportamentos ser
associados como deverem-se simplesmente à idade e não ao consumo de álcool, levando a
uma má classificação de sintomas, como défice cognitivo ou transtornos do humor, se
dever à idade do paciente ou atribuir os efeitos físicos do abuso a traços de personalidade
como “ele sempre dormiu/comeu mal”. Assim torna-se importante estar atento a questões
como a deterioração lenta dos cuidados pessoais e das atividades domésticas que, na
ausência de doença que justifique estes sintomas podem significar o abuso/dependência de
álcool. Estas questões levam a uma menor qualidade de vida, não só pelas quedas
evidentes que podem surgir mas também por outros factores, como as desnutrição e
quadros depressivos/demenciais que podem surgir, como foi descrito acima.
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Tabagismo
É uma das principais causas de morte, pelas doenças a que está associado – bronquite
crónica, cancro de pulmão, doenças cardiovasculares, etc…
A prevalência média do tabagismo em idosos é de 26%. Diversos fatores já foram citados
como facilitadores do tabagismo, como a convivência com outros fumadores, estar sem
emprego, alcoolismo, depressão, baixa participação em atividades lúdicas, maior risco de
baixo grau de satisfação nos relacionamentos sociais e outros achados negativos
relacionados à qualidade de vida.
Entre os benefícios obtidos com a cessação em idosos destacam-se a redução do risco de
adoecer, melhor controle da evolução de doença pré-existente, melhoria na qualidade de
vida e aumento da expectativa de vida.
A abordagem terapêutica deve ser adaptada às características desta população, a
aprendizagem é mais lenta, o que requer reforço e detalhe nas intervenções.
Os idosos costumam ter menos laços sociais, por isso, deve-se preferir a abordagem
em grupo, ampliando a rede de relacionamentos, os vínculos afetivos e as relações de
interdependência. Não há evidência de que os grupos compostos exclusivamente por
idosos apresentem benefícios, deve-se por isso apoiar a participação de outras faixas
etárias, favorecendo a dinâmica e enriquecendo o repertório temático.
Com relação ao tratamento medicamentoso, o uso da terapia de reposição com nicotina
através de adesivos transdérmicos não aumenta a incidência de efeitos adversos, nem o
risco de complicações cardíacas, mesmo em portadores de doença coronáriana crónica. A
rotação do local de aplicação de adesivos deve ser reforçado pelo relato mais comum de
lesões cutâneas (pele mais seca e com menor elasticidade). Quanto às pastilhas, lembrar
que as próteses dentárias podem dificultar o seu uso e, consequentemente, a aderência à
proposta terapêutica.
A motivação do idoso fumador para deixar de fumar pode ser reforçada pela
conscientização da sociedade contemporânea sobre a importância do seu papel saudável
na família como reservatório de sabedoria e refúgio afetivo para crianças e jovens,
assumindo, assim, a função de modelo de conduta para futuros adultos.
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À medida que a idade avança a morte celular progressiva leva a um desgaste tanto
anatómico como fisiológico que, em termos práticos, se traduz por uma diminuição do
funcionamento dos vários órgãos e sistemas do organismo, os músculos perdem
elasticidade, os reflexos ficam mais lentos, os ossos mais frágeis, mesmo a visão e audição
ficam prejudicadas. Além disso, muitas pessoas idosas podem sentir tonturas, alergias,
cãibras e desequilíbrios, devido à medicação que tomam, principalmente a para dormir, os
antidepressivos e os calmantes. Por esses motivos, os idosos podem sofrer diversos tipos
de acidentes quer em casa, quer na rua ou nas instituições que frequentam/onde vivem.
Muitos idosos vivem em ambientes desadaptados às suas necessidades, por exemplo vivem
em prédios antigos, com muitas escadas, por vezes sem ou com pouca iluminação, moram
nos arredores dos centros de comércio e não têm meios de transporte adequados ou vivem
em casas grandes demais para apenas uma pessoa. O ambiente é pois muito importante
para as pessoas de idade. Por vezes quedas anteriores são importantes indicadores de
alterações na saúde e declínio funcional, pelo que deve ter em atenção em que contexto
aconteceram, se detectar algum factor precipitante e/ou sintomas físicos antes da queda
devem ser referidos ao médico.
A expressão “lar, doce lar”, parece perder algum sentido quando se verifica que todos os
anos, aproximadamente 30% das pessoas com 65 ou mais anos sofre de quedas em casa e
que estes valores sobem para 50% a partir dos 80 anos, aumentando também a gravidade
das consequências deste tipo de acidentes. As quedas são a principal causa de acidentes
nos idosos, ocorrem maioritariamente em casa e são responsáveis por 70% das mortes
acidentais neste grupo etário, sendo as consequências das quedas a 6ª causa de morte nos
idosos.
Atualmente compreende-se a etiologia dos acidentes como as interações entre o Homem e
o Ambiente, podendo existir fatores de risco inerentes a cada um. Transpondo este
princípio para as quedas em casa, existem fatores de risco relacionados com o idoso,
fatores de risco no ambiente, nomeadamente a sua casa, e fatores resultantes da interação
de ambos. Estes fatores ao serem identificados permitem a previsão e prevenção de
algumas situações que podem propiciar uma queda.
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Fatores Intrínsecos:
• Diminuição das capacidades sensoriais, psíquicas e intelectuais;
• Obesidade;
• Nutrição deficiente em cálcio, vitaminas A, C e D;
• Amputações;
• Fadiga;
• Sedentarismo.
Fatores Extrínsecos
• Pisos lisos, húmidos, escorregadios e de má iluminação;
• Escadas com corrimões de apoio baixos e não seguros ou ausentes;
• Camas demasiado altas;
• Ambiente estranho.
A casa onde o idoso mora ou permanece frequentemente, pode ser um campo cheio de
armadilhas que devem ser identificadas. São aqui descritas algumas pistas para prevenir
acidentes em casa:
Chão: Olhe para o chão em todas as divisões, quando o idoso anda pela casa, tem de
contornar móveis? Então deve mudar a mobília de forma a desimpedir o caminho. Tem
tapetes no chão? Então retire-os se estes não tiverem superfície anti-derrapante, de forma
a não escorregar ou tropeçar neles. As carpetes devem também ter base anti-derrapante e
se estiverem enroladas ou rasgadas, o melhor é retirá-las, se tiver alcatifas certifique-se
que não têm pontas soltas. Tem papéis, revistas, livros, sapatos, caixas, cobertores,
toalhas ou outros objetos no chão? Retire-os e mantenha-os fora do chão, pois podem ser
a causa de uma queda, tenha especial cuidado quando há crianças em casa devido aos
brinquedos que deixam espalhados. Tem de passar sobre ou à volta de fios, como
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extensões eléctricas, fios de telefone ou fios de candeeiros? Deve fixar os fios na parede de
forma a não tropeçar sobre eles. Tenha ainda em atenção se existem superfícies
irregulares, como por exemplo tacos levantados. Na necessidade de encerar a casa faço-o
com cera anti-derrapante.
Escadas e degraus: Observe as escadas dentro e fora da sua casa. Tem papéis, sapatos,
livros, vasos, ou outros objetos nas escadas? Retire-os e mantenha-os longe das escadas
(e do chão). Tem apenas uma lâmpada nas escadas? É aconselhável pedir a um eletricista
que coloque iluminação no topo e no fundo das escadas e que sejam colocados
interruptores em ambos locais. Como estão os corrimões? Estão soltos ou partidos? Existe
apenas corrimão de um dos lados da escada? Certifique-se que tem corrimão dos dois
lados da escada, que estes são firmes e tão longos como as escadas. As maçanetas no final
do corrimão são úteis como aviso do final das escadas, para os idosos com visão diminuída.
Se tem carpete nas escadas certifique-se que está bem fixa a todos os degraus, ou retire a
carpete e aplique tiras de borracha anti-derrapantes. Uma vez que muitas quedas são
devidas à não percepção do último degrau, se as tiras colocadas tiverem cores vivas e
contrastantes, poderá prevenir essa situação.
Quarto: Olhe para os quartos, a luz mais próxima da cama é de difícil alcance? Tente
colocar um interruptor perto da cama que seja fácil de alcançar. O caminho da cama até à
casa de banho é escuro? Pode ser útil utilizar uma luz de presença durante a noite. Existem
luzes de presença no mercado que se ligam automaticamente após escurecer. A cama
deverá ser firme e de altura adequada que permita a entrada e saída sem grande
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dificuldade. Os cobertores ou colchas não devem vem ser muito compridos pois o idoso
pode enrolar-se e/ou tropeçar ao tentar levantar-se.
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Mobília: Não deve ter rodas nem arestas aguçadas. Os sofás, cadeiras e cama não devem
ser demasiado baixos, altos ou moles para que o idoso possa se levantar com facilidade.
Todas as cadeiras devem ter braços laterais de apoio e encosto. As portas dos armários e
gavetas devem estar sempre fechadas.
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ou auditórios municipais, por exemplo. Neste caso, deve haver a preocupação de informar
os residentes sobre a hora, o local e os transportes disponíveis. Aos residentes com
dificuldade de mobilidade, que desejem deslocar-se ao exterior, deve ser assegurada
companhia. Em todo o caso, deve imperar o princípio de que a participação dos residentes
em qualquer atividade deve ser voluntária. Devemos motivar, não impor, pois podemos
desfrutar de uma atividade que à partida encarámos com relutância, mas não
desfrutaremos certamente de algo a que somos levados a praticar contra a nossa vontade.
Uma boa forma também de motivar os residentes a participar é envolvê-los no
planeamento e avaliação das atividades.
A oferta deve ser tão variada quanto possível e deve haver informação afixada sobre as
atividades desenvolvidas, quer pela residência, quer pela comunidade, esclarecendo as
condições de participação e sempre que possível, a comunidade deve igualmente ser
convidada a participar em atividades organizadas pela estrutura residencial.
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1.7 Vacinas
As vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças. Mesmo
quando a imunidade não é total, quem está vacinado tem maior capacidade de resistência
na eventual idade da doença surgir. Não basta vacinar-se uma vez para ficar devidamente
protegido. Em geral, é preciso receber várias doses da mesma vacina para que esta seja
eficaz. Outras vezes é também necessário fazer doses de reforço, nalguns casos ao longo
de toda a vida.
A vacinação, além da proteção pessoal, traz também benefícios para toda a comunidade,
pois quando a maior parte da população está vacinada interrompe-se a transmissão da
doença.
Os idosos são um grupo particular da população no qual as doenças infeciosas podem
causar elevadas taxas de morbilidade e mortalidade. De um modo geral, o indivíduo idoso
torna-se mais frágil e menos capaz de se adaptar às agressões do meio ambiente. O
sistema imunitário, responsável pela defesa do organismo contra infeções, perde alguma
eficácia pelo que o idoso é mais suscetível às patologias. Esta perda de eficácia pode ser
pouco importante num idoso saudável, mas pode ser grave num idoso previamente doente.
Qualquer patologia infeciosa altera o equilíbrio interno do indivíduo, podendo agravar ou
descompensar uma doença crónica anteriormente controlada, levando a situações
complicadas e por vezes fatais.
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2.Problemas de saúde
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Sexo: Os homens têm maior hipóteses de ter um ataque cardíaco e os seus ataques
ocorrem numa faixa etária menor. Mesmo depois da menopausa, quando a taxa das
mulheres aumenta, nunca é tão elevada como a dos homens.
Idade: Quatro entre cincos pessoas acometidas de doenças cardiovasculares estão acima
dos 65 anos. Entre as mulheres idosas, aquelas que tiverem um ataque cardíaco terão o
dobro do risco de repetirem o evento.
Tabagismo: Considerado o factor de risco mais importante, está relacionado com cerca de
50% das causas de morte evitáveis. Os efeitos nocivos do tabaco são cumulativos, quer no
que se refere ao seu consumo diário quer ao tempo de exposição. Os fumadores de mais
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de um maço de cigarros por dia têm quatro vezes mais episódios de enfarte agudo do
miocárdio do que os não fumadores, contudo, até o fumo de poucos cigarros por dia
aumenta esse risco. Os fumadores passivos também têm o risco aumentado
comparativamente com os não fumadores, que quando têm episódios de enfarte, têm-nos
geralmente dez anos mais tarde. O tabagismo ainda favorece o aparecimento de angina de
peito e doença arterial periférica. O risco de acidente vascular cerebral (AVC) também
aumenta nos fumadores de modo proporcional ao número de cigarros fumados por dia. A
cessação do hábito tabágico é isoladamente a medida preventiva mais importante para
prevenir as doenças cardiovasculares.
Hipertensão: Para manter a pressão elevada, o coração realiza um trabalho maior, com isso
vai hipertrofiando o músculo cardíaco, que se dilata e fica mais fraco com o tempo,
aumentando os riscos. Também aumenta o risco de um acidente vascular cerebral, de
lesão nos rins e de insuficiência cardíaca. O risco de um ataque cardíaco num hipertenso
aumenta várias vezes, junto com o tabaco, a diabetes, a obesidade e o colesterol elevado.
Este factor será abordado mais detalhadamente em seguida.
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Vida sedentária: A falta de atividade física é outro fator de risco para doença das
coronárias. Exercícios físicos regulares, moderados a vigorosos tem um importante papel
em evitar doenças cardiovasculares, mesmo exercícios moderados, desde que feitos com
regularidade são benéfico. A atividade física também previne a obesidade, a hipertensão, a
diabetes e baixa os níveis de colesterol.
Existem outros fatores que são citados como podendo influenciar negativamente os fatores
já citados. Por exemplo, estar constantemente sob stresse pode fazer com que uma pessoa
coma mais, fume mais e tenha a sua pressão elevada. Certos medicamentos podem ter
efeitos semelhantes, por exemplo, a cortisona, os anti-inflamatórios, hormonas sexuais
masculinas e seus derivados e anticoncepcionais orais.
A pressão arterial é a medida da força exercida pelo sangue contra as paredes dos vasos. É
medida habitualmente através de um aparelho denominado esfigmomanómetro, e tem
como referência padrão o manómetro de mercúrio. A hipertensão, ou pressão arterial alta,
afeta aproximadamente 20% da população, tendo uma incidência maior nas pessoas
idosas.
Normalmente, uma pessoa é considerada hipertensa se as suas pressões, sistólica (pressão
máxima) e diastólica (pressão mínima), forem superiores a 140mmHg e 90mmHg
respetivamente. No entanto estes limites têm que ser combinados com a idade da pessoa e
a sua tensão habitual. Para muitas pessoas idosas uma tensão arterial de 160mmHg,
90mmHg é uma tensão normal.
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A hipertensão crónica, tem um efeito adverso sobre a função do coração e dos vasos
sanguíneos, pois obriga o coração a trabalhar mais do que o normal, provocando uma
hipertrofia do seu músculo. A hipertensão favorece também o desenvolvimento da
artereosclerose, que por sua vez aumenta a probabilidade de formação de trombo-embolias
e a ruptura de vasos sanguíneos. Se estas situações se verificarem ao nível do cérebro,
teremos então um AVC, do qual falaremos mais à frente.
Inicialmente, o tratamento poderá consistir apenas numa dieta (para reduzir o peso, se
necessário, e para restringir a ingestão de sal) e sabe-se que existe um enorme potencial
para reduzir a incidência de doença e de morte se a HTA for detectada precocemente e
controlada de forma adequada e em exercício físico. Se estas medidas não forem
suficientes para baixar a tensão, ser-lhe-ão receitados diuréticos (medicamentos que
aumentam a eliminação de urina). Se a tensão arterial se mantiver alta, é possível que o
médico acrescente ao seu tratamento medicamentos que reduzem diretamente a tensão
arterial. Existem diversos medicamentos para o efeito. O médico irá escolher o mais
apropriado para o caso e decidir a posologia. É muito importante que se sigam
rigorosamente as suas instruções.
Desde que colabore no sentido de controlar a sua tensão arterial, fazendo dieta,
caminhando, tomando os medicamentos e submetendo-se periodicamente a exames, o
idoso será capaz de prosseguir com as suas atividades e gozar a sua autonomia. Mas, se
não for tratada nem controlada, a tensão alta pode dar origem a complicações. A tensão
alta em si não causa, na maioria dos casos, quaisquer problemas ou sintomas, mas tem
várias doenças associadas. As principais doenças, e por ela causadas, são o AVC, a
cardiopatia isquémica, incluindo angina de peito, o enfarte agudo do miocárdio e a morte
súbita.
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Quando estiver a fazer algum esforço como, por exemplo, caminhar num terreno íngreme
ou subir escadas, poderá ter falta de ar, traduzida por uma sensação de peso, aperto ou
opressão por detrás do esterno, que por vezes se estende até ao pescoço ou braço
esquerdo. Em repouso, esta sensação, diminui gradualmente de intensidade, a esta
sintomatologia é chamada angina de peito.
O seu médico irá, provavelmente, receitar-lhe medicamentos que, engolidos ou colocados
sob a língua, farão com que este desconforto desapareça rapidamente. Poderá,
igualmente, tomar o medicamento, preventivamente, antes de fazer esforço. Se sofrer de
angina é aconselhável organizar as suas atividades, em casa ou fora dela, de forma a
reduzir o esforço necessário e fixar mais períodos de repouso.
O enfarte agudo do miocárdio é uma urgência médica na qual parte do fluxo sanguíneo
que chega ao coração se vê reduzida ou interrompida de maneira brusca e grave e, como
consequência, produz-se uma destruição (morte) do músculo cardíaco – miocárdio, por
falta de oxigénio, é popularmente conhecido por ataque cardíaco.
Ocorre geralmente quando a obstrução de uma artéria coronária restringe gravemente ou
interrompe o fornecimento de sangue a uma região do coração. Se o fornecimento é
interrompido ou reduzido significativamente durante mais do que alguns minutos, o tecido
cardíaco é destruído. A capacidade do coração para continuar a bombear depois de um
ataque cardíaco depende diretamente da extensão e da localização do tecido lesionado, e
devido ao facto de cada artéria coronária alimentar uma determinada secção do coração, a
localização da lesão depende da artéria obstruída. Se a lesão afecta mais de metade do
tecido cardíaco, o coração, geralmente, não pode funcionar e é provável que se verifique
uma incapacidade grave ou a morte. Mesmo quando a lesão é menos extensa, o coração
pode não ser capaz de bombear adequadamente, produz-se então uma insuficiência
cardíaca. O coração lesionado pode dilatar-se, em parte para compensar a diminuição da
capacidade de bombeamento (um coração maior bate mais energicamente). Quando,
depois de um enfarte, o coração se dilata, o prognóstico é pior do que quando o coração
conserva o seu tamanho normal.
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A dor pode aparecer numa ou em várias destas localizações e, pelo contrário, não no peito.
A dor de um enfarte é semelhante à da angina de peito, mas é, geralmente, mais intensa,
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dura mais tempo e não diminu com o repouso ou com a administração de nitroglicerina.
Com menos frequência, a dor sente-se no abdómen e pode confundir-se com uma
indigestão, sobretudo porque o arroto pode aliviá-la de forma parcial ou transitória.
Outros sintomas incluem uma sensação de desfalecimento e de um forte martelar do
coração. Os batimentos irregulares (arritmias) podem interferir gravemente com a
capacidade de bombeamento do coração ou provocar a interrupção do mesmo, conduzindo
à perda de consciência ou à morte.
Durante um enfarte, o doente pode sentir-se inquieto, suado, ansioso e experimentar uma
sensação de morte iminente. Há casos em que os lábios, as mãos ou os pés se tornam
ligeiramente azuis (cianose). Também pode observar-se desorientação nos idosos.
Apesar de todos estes possíveis sintomas, uma em cada cinco pessoas que sofrem um
enfarte até têm sintomas ligeiros ou mesmo absolutamente nenhum. Pode acontecer que
este enfarte só seja detectado algum tempo depois, ao efetuar-se um electrocardiograma
(ECG) por qualquer outro motivo.
Um ECG e certas análises de sangue confirmam, de um modo geral, o diagnóstico de
enfarte em algumas horas, quando não proporcionam informação suficiente, pode efetuar-
se um ecocardiograma. Os ecocardiogramas podem mostrar uma redução da mobilidade de
uma parte da parede ventricular esquerda (a cavidade do coração que bombeia o sangue
para o corpo), o que sugere uma lesão por enfarte.
Um enfarte agudo do miocárdio é uma urgência médica, pois metade das mortes por
enfarte ocorrem nas primeiras 3 ou 4 horas após o começo dos sintomas. Quanto mais
cedo se iniciar o tratamento, maiores serão as probabilidades de sobrevivência. Qualquer
pessoa que tenha sintomas que sugiram um enfarte deverá chamar a equipa de
emergência imediatamente.
De modo geral, a pessoa com um presumível enfarte costuma entrar num hospital
equipado com uma unidade coronária. A frequência cardíaca, a pressão arterial e o
oxigénio no sangue são atentamente vigiados para avaliar o grau de dano ao coração. O
pessoal de enfermaria destas unidades está especialmente treinado para assistir os doentes
com perturbações cardíacas e para tratar as urgências cardíacas.
Administra-se, geralmente, de imediato aspirina, que aumenta as probabilidades de
sobrevivência ao reduzir o coágulo. Devido ao facto de a diminuição do trabalho do coração
contribuir também para limitar a lesão, administra-se um medicamento para diminuir a
frequência cardíaca e, ao mesmo tempo, conseguir que o coração tenha de se esforçar
menos para bombear o sangue para todo o organismo.
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No AVC, existe um bloqueio parcial (se AVC transitório), ou total de uma veia ou artéria do
cérebro. Esse entupimento, tem como consequência, a não irrigação com sangue das
células cerebrais, que deste modo morrem, não sendo substituídas. Pode também
acontecer um AVC hemorrágico, em que a parede de uma artéria se rompe, este tipo de
AVC, é mais comum em indivíduos com hipertensão arterial.
O diagnóstico é feito a partir dos sintomas do doente. Perante a suspeita de AVC, deverá
ser feita uma tomografia axial computorizada (TAC), para saber se este é isquémico ou
hemorrágico. Se for um AVC isquémico, e caso o doente não tenha contraindicações para o
tratamento, deve fazer-se trombólise (procedimento que visa fragmentar ou desfazer o
trombo que está a obstruir a artéria), de modo a permitir o restabelecimento do
suprimento sanguíneo ao cérebro, o mais rápido quanto for possível, para evitar sequelas.
Tendo em conta a zona do cérebro onde se dá, bem como a sua extensão, poderá o
indivíduo ficar por exemplo com hemiparésia (dificuldade no controlo dos movimentos de
um lado do corpo), com dificuldades na fala, dificuldades de compreensão, etc..
Nesta situação, a pessoa que acompanha a pessoa idosa, deverá ter em atenção as suas
limitações e privilegiar a autonomia, deverá observar atentamente de forma a perceber se
há alguma alteração nas atividades e expressões, ou no comportamento da pessoa idosa.
Se tal acontecer, deverá chamar um técnico de saúde. No cuidado diário deverá incentivar
sempre o autocuidado, ajudando apenas no que a pessoa idosa não consegue fazer
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A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença crónica das vias respiratórias
caraterizada por uma limitação à saída do ar dos pulmões (obstrutiva) que não é
completamente reversível e que agrava progressivamente ao longo do tempo. O conceito
inclui duas entidades que frequentemente coexistem: a bronquite crónica – inflamação dos
brônquios, e o enfisema – lesão das pequenas vias aéreas e dos alvéolos dos pulmões.
Os principais sintomas da DPOC são a dispneia com cansaço fácil, tosse e expetoração com
evolução arrastada. Habitualmente, o “catarro do fumador” costuma ser a queixa inicial e
depois, ao longo do tempo, assiste-se a uma sensação de falta de ar de agravamento
progressivo para esforços cada vez menores. Há também a tendência para as infeções
respiratórias serem mais frequentes.
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Para viver melhor o doente com DPOC deve aprender ginástica respiratória, praticar
exercício de acordo com as suas capacidades e ter uma dieta equilibrada. Estas medidas
visam o fortalecimento dos músculos, sobretudo os respiratórios, de forma a evitar a
deterioração da qualidade de vida que resulta da incapacidade de realização das atividades
de vida diária.
A terapia medicamentosa visa principalmente aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de
vida. Broncodilatadores inalatórios ajudam a diminuir a obstrução dos brônquios
temporariamente, facilitando o fluxo de ar dentro das vias respiratórias. Durante períodos
de exacerbação da doença, como há grande inflamação das vias aéreas, o uso de
corticóides por via oral ou endovenosa durante alguns dias é útil para ajudar na reversão
da crise. Fora das crises os corticóides só estão indicados naqueles casos com pouca
resposta aos broncodilatadores, e mesmo assim, são administrados apenas por via
inalatória.
Nos casos mais avançados, quando o paciente já apresenta hipoxemia persistente, o uso
de oxigénio suplementar está indicado. A quantidade e o período em que o paciente deve
ficar com oxigénio suplementar é decisão médica, podendo ser indicado algumas horas por
dia, ao dormir, durante esforços ou ininterruptamente nos casos mais graves.
O papel do cuidador demarca-se por encontrar mecanismos para o idoso com DPOC
permanecer ativo, com o mínimo desconforto possível. Pode ser necessária a aquisição
de dispositivos de ajuda à mobilidade, tal como canadianas e andarilhos. Muitas pessoas
com DPOC grave conseguem realizar algum grau de locomoção, se puderem apoiar-se em
algo, caso a mobilidade já esteja quase totalmente limitada, existe a opção de adquirir uma
cadeira de rodas ou scooters elétricas. Mentalizar a pessoa sobre a necessidade de cumprir
a terapêutica prescrita, ajudando a superar qualquer constrangimento sobre o uso de
oxigénio em público. Escolher locais mais indicados para levar o seu familiar ou doente
a exercitar, por exemplo os centros comerciais são um dos locais ideais, porque são planos
e estão climatericamente protegidos, com muitos lugares para sentar e descansar. Mudar
para uma cama ajustável e/ou elevar a cabeceira da cama, ajuda no alivio da sensação de
dispneia.
Estar em alerta para o surgimento de depressão. Como a DPOC é progressiva e provoca
limitação nas atividades diárias, muitas pessoas sofrem de tristeza, frustração e depressão,
por não conseguirem lidar com a situação. Noutros casos, o síndrome depressivo pode se
manifestar como mau humor ou raiva. Pode falar com ele/a, ajudando a motivar, e
esclarecendo quaisquer medos ou frustrações, mas não tente ser um terapeuta. Fale
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sempre com o médico assistente do doente sobre estes sintomas, pois a ajuda profissional
é o mais indicado para ajudar a pessoa de quem cuida a superar esta fase.
Tuberculose
A tuberculose é uma doença infecciosa causada por um micróbio chamado bacilo de Koch.
É uma doença contagiosa, que se transmite de pessoa para pessoa pelo ar e que atinge
sobretudo os pulmões, mas pode também atingir outros órgãos e outras partes do nosso
corpo, como os gânglios, os rins, os ossos, os intestinos e as meninges.
Nem todas as pessoas que entram em contacto com doentes com tuberculose são
contagiadas, geralmente o organismo resiste e a pessoa não adoece. Contudo, por vezes, o
organismo resiste no momento, mas continua a albergar o bacilo, motivo pelo qual quando
fragilizado por outra doença, acaba por não resistir. Bem como nem todos os portadores de
tuberculose transmitem a doença, pois só na fase bacilifera é contagiosa. Idosos
institucionalizados estão mais expostos ao risco de contrair a doença e há certas condições
que aumentam esse risco como a desnutrição, a diabetes mellitus, o tabagismo, o
alcoolismo, a existência de neoplasias ou outras doenças graves e debilitantes.
Na faixa etária geriátrica, os sintomas costumam ser vagos e inespecíficos como fraqueza,
emagrecimento e tosse, outros sintomas mais comuns são a febre, existência e persistência
de suores noturnos, dores no tórax, perda de apetite, com anorexia e apatia completa para
com quase tudo o que está à volta.
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2.3.Problemas gastrointestinais
Obstipação
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Quando a pessoa idosa está com obstipação, ela elimina fezes endurecidas, através de
grande esforço para evacuar, numa frequência inferior a 3 vezes por semana.
São muitas as causas da obstipação intestinal, mas frequentemente não é provocada por
doença grave. Na maior parte das vezes, a obstipação é provocada por erros alimentares,
por alimentação pobre em fibras ou baixo consumo de água.
Alguns sinais de alerta devem ser procurados pelo cuidador de uma pessoa idosa com
obstipação, principalmente se for de início recente:
• Alteração do calibre das fezes (fezes mais finas);
• Dor ao evacuar;
• Sangramento nas fezes;
• Dor abdominal intensa;
• Aumento do tamanho do abdómen;
• Náuseas ou vómitos.
Hemorróidas
São veias dilatadas ou varicoses no canal anal e na parte inferior do reto. No idoso a
fragilidade das paredes venosas e a obstipação crónica são as causas mais comuns.
Detectam-se quando há eliminação de sangue vermelho vivo nas fezes. Sofre graus
variados de desconforto durante a defecação. A dor é aumentada se a hemorróida tornar-
se trombosada. Neste caso, o sangue, dentro da veia dilatada coagula-se. Outro sintoma
de hemorróida é prurido no ânus.
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O tratamento comum da hemorróida é sua remoção por cirurgia. Se o caso for ligeiro, pode
necessitar apenas tratamento sintomático, com a aplicação local de uma pomada para
retrair a membrana mucosa (prescrito pelo médico). Para aliviar o desconforto da
evacuação de aumento da ingestão líquida, ter hábitos intestinais diários e uma dieta rica
em fibras (germens de trigo, farelos, verduras, frutas).
Disfagia
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para manutenção da massa corporal e para obtenção de energia. Uma das maiores
preocupações em relação à disfagia é sua capacidade de comprometer ainda mais outros
quadros clínicos do idoso, que normalmente já convive com doenças crónicas. A
desnutrição e desidratação decorrentes desse problema aumentam o risco de necessidade
de internamento hospitalar, além de prolongarem o tempo de permanência nesse tipo de
intervenção.
Outro agravante é que a ingestão de líquidos requer maiores cuidados em pacientes com
disfagia, pois como esses alimentos passam mais rapidamente pela garganta, têm maior
risco de serem aspirados para os pulmões. A entrada de alimentos e líquidos no pulmão é
extremamente perigosa, podendo originar pneumonias, graves infecções respiratórias ou
até mesmo asfixia. Isso significa que até mesmo um simples copo de água pode ser um
desafio para o idoso com disfagia.
Pacientes com disfagia precisam ter a dieta adaptada para reduzir tanto o desconforto ao
deglutir, quanto os riscos de broncoaspiração. A alteração da textura dos alimentos é um
dos principais passos. A adoção de uma dieta pastosa e o uso de espessantes para
“engrossar” e dar mais viscosidade aos alimentos líquidos são medidas que podem ajudar,
facilitando a ingestão e minimizando o risco da broncoaspiração. Também devem fazer
parte da rotina do idoso comer e engolir vagarosamente, manter a postura durante a
alimentação e atentar-se a higiene oral. É importante que cuidadores e familiares
supervisionem a alimentação de idosos, mesmo que eles tenham independência para se
alimentar sozinhos, afim de auxiliar em qualquer dificuldade.
Quando a situação é mais delicada e o idoso encontra-se acamado, o cuidador deve ter
sempre o cuidado de deixar o idoso em posição reclinada durante as refeições afim de
evitar complicações.
O tratamento da disfagia depende muito das suas causas, por isso, mesmo diante dos
sinais mais brandos, é fundamental recorrer à um profissional de saúde para investigar a
origem do problema. Normalmente, esse processo envolve uma equipe multidisciplinar que,
em conjunto, vai indicar a forma mais adequada de reverter o problema ou amenizar os
transtornos e prover mais qualidade de vida quando a situação é permanente.
Os cuidados com a saúde e higiene da boca são indispensáveis, próteses mal adaptadas e
problemas de dentição podem agravar a perda do apetite. Alimentos pastosos e bebidas
espessas reduzem a chances de engasgamento, porém alterações drásticas dieta devem
ser orientadas por um nutricionista e deve adequar a consistência da dieta de acordo com a
aceitação do idoso sob orientação de um profissional da saúde.
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Anemia
Leucemia
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Cancro
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Os tumores malignos são cancro ou neoplasias, regra geral são mais graves que os
tumores benignos e por isso podem colocar a vida em risco. Muitas vezes podem ser
removidos, embora possam voltar a crescer. As células dos tumores malignos podem
invadir e danificar os tecidos e órgãos circundantes, podem, ainda, libertar-se do tumor
primitivo e entrar na corrente sanguínea ou no sistema linfático - este é o processo de
metastização das células cancerígenas, a partir do cancro original, formando novos tumores
noutros órgãos.
Existem muitos factores de risco já identificados, sendo o mais importante o
envelhecimento. A maioria dos casos ocorre em pessoas com mais de 65 anos. No entanto,
o cancro pode surgir em pessoas de todas as idades.
O tempo é determinante no combate ao cancro, quanto mais cedo for detetado um cancro,
maiores serão as probabilidades de o tratar. Todas as pessoas que cuidam de idosos em
casa devem estar particularmente atentas aos seus sinais e comportamentos.
Se detetar que a pessoa de quem cuida tem alguns destes sintomas, deve consultar o
médico de família. Inicialmente, o cancro não causa qualquer tipo de dor, por isso, não
espere muito tempo, pois poderá ser tarde demais.
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Diabetes
A diabetes mellitus (DM) é hoje um problema de saúde pública, pela elevada incidência e
prevalência que apresenta, afetando em especial os mais idosos. O aumento no número de
casos de diabetes, por um lado deve-se às mudanças sociais e culturais ocorridas nas
últimas décadas que levaram a alterações de estilos de vida e a comportamentos de risco,
por outro lado também devido ao envelhecimento da população, o que pode agravar o
problema, sendo de esperar que aumentem os números atuais, à medida que aumentar na
população a faixa etária dos idosos. Mais de um quarto da população entre os 60-79 anos
tem diabetes, existindo correlação direta entre o aumento da prevalência da diabetes e o
envelhecimento. Existem vários tipos de diabetes, a diabetes tipo 1, a diabetes tipo 2,
diabetes gestacional, ainda existem outros tipos de diabetes, mas esses ocorrem com
muito menor frequência.
A diabetes tipo 2 é, sem dúvida, o tipo mais comum de diabetes, e tem como
principais fatores de risco a obesidade, o sedentarismo e a predisposição genética.
Na DM tipo 2 há um desequilíbrio no metabolismo da insulina, existe um défice e/ou
resistência a esta, significa isto que, é necessária uma maior quantidade de insulina para a
mesma quantidade de glicose no sangue. Por isso as pessoas com maior resistência à
insulina podem, numa fase inicial, apresentar valores mais elevados de insulina e valores
de glicose normais. À medida que o tempo passa, o organismo vai tendo maior dificuldade
em compensar este desequilíbrio e os níveis de glicose sobem.
No nosso organismo as células utilizam a glicose como fonte de energia, no entanto para
que a glicose seja capaz de entrar para as células, ela precisa de insulina, a insulina liga-se
à célula permitindo a abertura de uma espécie de porta por onde entra a glicose.
Num organismo saudável a insulina é produzida nas quantidades necessárias face à
quantidade de glicose em circulação. Por exemplo, após uma refeição completa, os níveis
de glicemia (glicose no sangue) aumentam, quando isto acontece o pâncreas liberta
insulina para que a glicose possa entrar nas células e ser utilizada como energia. Na
diabetes há uma incapacidade do organismo produzir insulina ou de utilizá-la
adequadamente, e pela presença de concentrações elevadas de glicose no sangue, uma
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vez que a insulina é a "chave" que abre a "porta" por onde a glicose entra nas células. Se
houver falta de insulina, a glicose permanece no sangue em vez de fornecer energia às
células. A diabetes constitui um sério risco para a doença cardiovascular. Na presença de
diabetes, os outros factores de risco tornam-se mais significativos e ameaçadores uma vez
que a diabetes interfere significativamente em muitos aspectos. Além de frequente, é uma
doença que afeta vários órgãos e está associada a muitas complicações.
As alterações extremas dos níveis de glicemia são prejudiciais ao organismo. A baixa taxa
de glicose no sangue (hipoglicemia) é tão perigosa quanto o excesso dela, pois leva a
complicações em vários órgãos e até situações de emergência e risco de morte.
A hiperglicemia pode prejudicar as artérias e os nervos, resultando em um menor fluxo
sanguíneo para mãos e pés, rins e outros órgãos vitais, como coração e o cérebro. Pouco
fluxo de sangue para estas áreas aumenta o risco de infeções, problemas cardíacos,
derrame, cegueira, amputações de pé ou perna e doença renal. Além disso, pode ocorrer
diminuição da sensação nos pés e sem que se perceba, pode haver danos a partir de
ferimentos leves.
Por todas estas razões, deve-se fazer grandes esforços para evitar altos níveis de glicose
no organismo. Além destas complicações, o aumento rápido da glicose no sangue pode
causar desidratação aguda, alteração da consciência, confusão mental e até o coma.
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Entre os primeiros os mais frequentes são visão turva, tonturas, fraqueza, dor de cabeça,
pensamento lento, formigamentos, sensação de fome, dificuldade de concentração,
irritabilidade, alterações de comportamento e, em casos mais graves, convulsão e coma.
Entre os sintomas causados pela liberação de adrenalina os mais frequentes são: o excesso
de suor, tremores e palpitações. Os sintomas variam de acordo com a pessoa e nas
pessoas idosas é comum a queixa de pesadelos noturnos, distúrbio do sono e confusão
mental aguda.
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É importante ressalvar que muitas vezes a pessoa idosa pode ter hiperglicemia sem
qualquer queixa ou alteração visível, por isso, a importância do controle regular da glicose
(tanto em jejum quanto após as refeições). Pode ocorrer nas pessoas com a diabetes mal
controlada ou quando existe ingestão de uma grande quantidade de hidratos de carbono.
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Causas frequentes:
• Problemas na função ou na anatomia do trato genito-urinário;
• Incontinência urinária;
• Imobilidade;
• Pouca ingestão de líquidos ou desidratação;
• Deficiências nutricionais;
• Hábitos precários de higiene;
• Presença de outras doenças como, por exemplo, diabetes;
• Presença de algálias, uso de fraldas, absorventes ou calças plásticas;
• Presença de cálculos renais (pedras nos rins) ou na bexiga;
• Deformidades na bexiga;
• Uso prévio ou irregular de antibióticos (favorecem o aparecimento de infeções
causadas por germes mais resistentes);
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A pessoa idosa pode não apresentar os sintomas típicos da doença. Na verdade, muitas das
vezes, as pessoas idosas apresentam outros sintomas que não são observados com
frequência em jovens, como mal-estar indefinido, falta de apetite, fraqueza, calafrios ou
até confusão mental.
O tratamento é feito com antibióticos, definidos pelo médico, e adequados para cada
infecção e para cada paciente, e é sempre importante ter em mãos uma lista com nomes
de antibióticos já utilizados pelo idoso durante os últimos meses e principalmente se
ocorreu algum episódio de alergia à medicação.
Para prevenir é importante ingerir bastantes líquidos, em média de 2 litros por dia, evitar
reter a urina, urinando sempre que a vontade surgir e evitar o uso indiscriminado de
antibióticos, sem indicação médica.
Incontinência Urinária
Algumas questões em que o cuidador deve prestar atenção quando estiver diante de uma
pessoa idosa com incontinência urinária, para respondê-las ao médico.
1. Ocorre a perda de urina todos os dias ou só de vez em quando?
2. Acontece apenas quando tosse, espirra ou aperta a barriga?
3. A pessoa idosa sente vontade, mas não consegue chegar a tempo à casa de
banho?
4. A pessoa idosa tem dificuldade de tirar a roupa para urinar?
5. Na incontinência, a urina sai ou fica pingando na roupa?
6. A pessoa idosa perde-se e não encontra a casa de banho?
7. Ocorre apenas de dia ou só à noite?
8. Quais os medicamentos que a pessoa idosa toma?
9. A pessoa idosa relata dor ao urinar, urina muitas vezes ao dia?
10. A urina está com a cor mais escura ou o cheiro forte?
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Para responder estas perguntas com maior fidelidade, o cuidador deverá, durante alguns
dias, fazer um relatório, um diário sobre a incontinência, ou seja, registar todas as vezes
que a pessoa idosa urinar, na sanita ou como incontinência, para poder entender um
possível padrão, qualificando melhor esta intercorrência. Assim, o médico poderá fazer um
correto diagnóstico e terá melhores condições de indicar os meios para solucionar este
problema, de maneira mais eficaz.
O problema agrava-se quando os idoso por embaraço, medo ou por vergonha, ou mesmo
por achar que se trata de uma inevitabilidade do avançar da idade, não procuram ajuda
médica, e muitas vezes da família, e preferem isolar-se acabando em complicados estados
depressivos e pode até constituir um motivo para a institucionalização.
Para além do impacto direto na qualidade de vida, a incontinência urinária, predispõe a
dermatoses genitais, úlceras de pressão, infecções do trato urinário, quedas e fracturas
ocorridas, frequentemente, no caminho para a casa de banho.
É certo que com a idade surgem naturalmente alterações que por si só não provocam
incontinência mas podem predispor para ela. Podem ser tão simples como a diminuição da
mobilidade, a qual, associada a uma dificuldade em retardar a micção - urgência miccional
- relativamente frequente no idoso, impede que a pessoa se desloque até à casa de banho
a tempo. Com a idade perde-se também a destreza manual e o simples ato de desapertar
os botões das calças pode tornar-se numa complicada e morosa tarefa. A bexiga do idoso
perde algumas propriedades tornando-se frequentemente hiperactiva, isto é, obriga a
micções mais frequentes, de pequeno volume e acompanhadas de urgência miccional.
Com o avançar da idade são também muito frequentes as micções noturnas. São várias as
causas desta situação que designamos por noctúria. Em condições normais os rins não
produzem urina durante o sono graças à secreção de uma hormona (hormona anti-
diurética), mas com a idade ou por interação de algumas doenças como a obstrução
causada pelo aumento da próstata, infecções urinárias, a insuficiência cardíaca, a diabetes,
entre outras, esta situação altera-se e as pessoas idosas têm que se levantar 2 ou 3 vezes
durante a noite. Se estiverem a tomar comprimidos para dormir têm mais dificuldade em
despertar para urinar.
Um outro factor importante, e que pode ser contornado, é a ação de alguns medicamentos,
que podem tornar o idoso menos reativo ao ponto de não se aperceber da vontade de
urinar.
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Existem ainda factores mais complicados como as alterações do estado mental, em que o
grau de consciência se vai deteriorando, começando por poder causar uma falta de
motivação até chegar à completa perda do controlo voluntário da micção.
Existem diferentes tidos de incontinência, mas os tipos de incontinência que afectam
essencialmente a população idosa classificam-se essencialmente em dois tipos: transitória
ou crónica.
Transitória
Normalmente é reversível, mas tudo depende das causas que estão na sua origem, de um
modo geral, fora do aparelho urinário. Contudo, embora chamada transitória, esta forma
de incontinência pode tornar-se definitiva, se não for tratada.
Existe uma mnemónica, "DIAPPERS", para descrever as causas da incontinência transitória
e cujo significado, em português, é fraldas. Cada letra é a inicial de uma possível causa:
D - Delirium (Delírio);
I - Infection (Infecção);
A - Atrophic urethritis/vaginitis (Vaginite ou uretrite atrófica);
P - Pharmacologic (Farmacológica);
P - Psychologic (Psicológica);
E - Excess urine output (Excesso de produção de urina);
R - Restricted mobility (Mobilidade restringida);
S - Stool impactation (Fecalomas);
Crónica
Hiperactividade do detrusor
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se descreve como uma vontade de urinar súbita e irreprimível que os impele a dirigirem-se
rapidamente ao WC, e a perda involuntária que se segue se não chegam a tempo.
A imperiosidade é causada por um contração forte ou muito forte do detrusor e que ocorre
sem que a bexiga ainda esteja cheia, esta contração leva a um aumento da pressão intra
vesical e, se esta for superior à pressão de encerramento uretral, dará origem a
incontinência.
Pode ser parte de doenças que afectam o sistema nervoso central em que este não
consegue inibir sinais sensoriais provenientes da bexiga dando-se, por isso uma contração
involuntária. Há ainda outras situações, em que, embora não exista qualquer deficiência do
sistema nervoso central, o mesmo não é capaz de inibir, de maneira eficaz, os sinais
vesicais por estes serem em número muito superior ao normal como, por exemplo, nos
casos de cistites, uretrites atróficas ou prolapsos uterinos, na mulher, e hipertrofia benigna
da próstata, no homem.
Por esforço
Por regurgitação
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Este fenómeno pode ser causado por obstrução uretral com origem numa hipertrofia
benigna da próstata, em neoplasias da próstata ou da uretra, estenoses da uretra, grandes
prolapsos uterinos, fecalomas, ou então por hipocontratilidade do detrusor resultante de
neuropatias diabéticas ou alcoólicas, lesões da medula, ou uso de medicamentos com
efeito anticolinérgicos como alguns neurolépticos, narcóticos, antidepressivos e relaxantes
musculares.
Funcional
A incontinência funcional é a que tem por causa dificuldades crónicas das funções
cognitivas e/ou da mobilização e que interferem nos hábitos normais de higiene. Ou seja,
estes doentes, em princípio, são continentes mas, devido a essas dificuldades, não
conseguem alcançar o quarto de banho a tempo. A dificuldade de mobilização pode ser
devida a artrites graves, a contracturas musculares, ou mesmo a debilidade generalizada.
As perturbações cognitivas podem ser devidas a medicação tomada pelos doentes ou
resultante de estados de delírio ou demência. Normalmente estes doentes não têm
qualquer tipo de alteração no seu aparelho urinário e a incontinência é resultante de
factores externos.
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As causas são diversas, visto o amplo número de doenças que o reumatismo engloba.
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Artrite reumatoide
Ocorre quando há uma alteração do sistema imunológico, que ataca as articulações, dos
dois lados do corpo, principalmente mãos, punho e pés. Os sintomas mais comuns são:
dor, inchaço, calor, vermelhidão, rigidez matinal e deformidade das articulações. A doença
não tem cura e nem prevenção, mas pode ser controlada e quanto mais cedo começar o
tratamento, melhor.
Osteoartrite
Osteoporose
A osteoporose é uma doença no esqueleto que se caracteriza por um osso mais fraco e
quebradiço. Isso acontece devido a muitos fatores, como a idade, alimentação, baixa
exposição solar, menopausa, imobilização, uso de álcool ou tabagismo.
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Doença de Parkinson
A Doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, que afeta
os movimentos corporais, levando a tremores, rigidez, lentificação dos movimentos
corporais, instabilidade postural e alterações da marcha.
A doença surge quando os neurónios de uma determinada região cerebral “morrem”, sendo
que, quando surgem os primeiros sintomas, já há perda de 70 a 80% destas células. Em
condições normais, estas células produzem dopamina, um neurotransmissor que ajuda a
transmitir mensagens entre as diversas áreas do cérebro que controlam o movimento
corporal. Assim, quando estas células morrem, os níveis de dopamina tornam-se
anormalmente baixos, o que leva a dificuldades no controlo do tónus muscular e
movimentos musculares, afectando os músculos quer durante o repouso quer quando em
atividade. Até agora, a razão porque algumas pessoas desenvolvem a doença e outras não,
não foi determinada.
A manifestação inicial da doença é, geralmente, um tremor ligeiro numa mão, braço ou
perna. Tipicamente, o tremor melhora quando o doente move voluntariamente a
extremidade afectada e pode desaparecer durante o sono. À medida que a doença
progride, o tremor torna-se mais difuso, acabando por afectar extremidades de ambos os
lados do corpo.
Para além do tremor, surgem ainda outros sintomas, como a rigidez das extremidades,
lentificação dos movimentos corporais voluntários (bradicinesia), instabilidade postural e
alterações da marcha.
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Quando a bradicinésia afecta os músculos faciais, leva a que o doente se babe, perturba o
piscar dos olhos e interfere com a mímica facial, podendo acabar por originar uma face
semelhante a uma máscara, isto é, inexpressiva. Quando atinge outros músculos, a
bradicinésia pode afectar a capacidade de cuidar de si próprio, como de se lavar e vestir,
utilizar os talheres ou de realizar as normais tarefas domésticas, como lavar a loiça ou a
roupa.
Os problemas com o equilíbrio e a instabilidade postural podem tornar muito difíceis atos
tão simples quanto o sentar-se ou levantar-se de uma cadeira e o andar pode implicar
pequenos passos, arrastados, geralmente, sem o normal movimento pendular dos braços.
Nalguns pacientes surgem, ainda, alterações da escrita, sendo que a letra se torna
pequena, tremida e, muitas vezes, ilegível.
Para além de tudo isto, ainda estão associados à doença outros sintomas como a
depressão, ansiedade, alterações do sono, perda de memória, discurso indistinto,
dificuldades de mastigação e deglutição, obstipação, perda do controlo vesical, regulação
anormal da temperatura corporal, aumento da sudação, disfunção sexual, cãibras,
entorpecimento, formigueiros (parestesias) e dores nos músculos.
Apesar de não haver, atualmente, uma cura, os sintomas podem ser controlados através de
diversos tipos de medicação. Há que referir que medidas como a prática regular de
exercício físico e uma dieta equilibrada podem contribuir para melhorar o bem estar destes
pacientes e também o controlo corporal.
É importante nos cuidados prestados a estes doentes a incentivação para a manutenção da
sua independência, bem como para o autocuidado.
Demência
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As causas de demência podem ser várias, pode ocorrer após traumatismo, pode estar
associada a lesões cerebrais, ou pode secundar a arteriosclerose e hábitos tóxicos como o
alcoolismo e a adição de drogas.
Estes doentes, para além de terem necessidade de ter um acompanhamento médico, não
deverão ser deixados sozinhos. No caso das pessoas idosas, muitas vezes, podem ocorrer
situações graves, como por exemplo esquecerem-se de apagar o lume, saírem para a rua e
perderem-se, ou ingerirem medicamentos em quantidade excessiva. O acompanhamento
por uma pessoa de família ou quem a substitua é, portanto, indispensável.
Muito embora seja difícil e por vezes impossível ter uma conversa dita “normal” com uma
pessoa demente, deve-se ter o cuidado de não alimentar o discurso incoerente que
apresenta. Assim, deve-se sempre tentar trazer a pessoa para a realidade, explicando o
que efetivamente se passa.
Doença de Alzheimer
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• Imprevisibilidade emocional.
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No entanto, o certo é que vai existir uma deterioração ao longo do tempo. A doença de
Alzheimer é progressiva e degenerativa. Apesar de não existir atualmente cura, existem
medicamentos que permitem alguma estabilização do funcionamento cognitivo nas pessoas
com a doença, nas fases ligeira e moderada. Os medicamentos também podem ser
prescritos para sintomas secundários, como a intranquilidade e depressão, ou para ajudar a
pessoa com a dormir melhor.
Os idosos podem mostrar comportamentos desadequados como acusações de que
membros da família os estão a roubar e comportamentos hipercríticos e hostis dirigido
contra determinados membros da família, mas em fases posteriores, os idosos precisam de
uma figura de autoridade, constante e solícita, cuja atenção pode ter efeitos positivos,
aliviando a ansiedade e elevando o humor. Deve haver disseminação de conselhos práticos
para a família e para os cuidadores, sendo essencial que estes possam exprimir emoções e
temores relacionados com a doença. Com a progressão da doença tornam-se incapazes de
realizar a mais pequena tarefa, deixam de reconhecer os rostos familiares e até a si
mesmos quando colocados frente a um espelho, ficam incontinentes e acabam, quase
sempre, acamados.
Não há tratamento específico para esta doença. O médico vai acompanhando a situação de
forma a minorar ao máximo a sintomatologia presente. É fundamental o acompanhamento
destes doentes, em todas as atividades de vida diária, não descurando nunca a atenção
afetiva, extremamente importante para a não agudização da doença.
• Esteja próximo e olhe bem para o idoso, olhos nos olhos, quando conversam;
• Permaneça calmo e sereno. Fale clara e pausadamente, num tom de voz nem
demasiado alto nem demasiado baixo;
• Evite ruídos (rádio, televisão ou conversas próximas);
• Se for possível, segure na mão ou ponha a sua mão no ombro dele. Demonstre-lhe
carinho e apoio;
• Previna acidentes, o doente deve trazer sempre algo que o identifique, por
exemplo, uma pulseira com o nome, morada e telefone, previna vizinhos e
comerciantes próximos do estado do doente. Estes podem ajudá-lo em qualquer
momento caso se perca e peça informações;
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• Mantenhas as portas de saída para a rua fechadas, para evitar que vá para o
exterior sem que se dê por isso e tenha uma fotografia atualizada, para o caso
deste se perder e precisar de pedir informações;
• Se o idoso quiser sai, não deve impedi-lo de o fazer. É preferível acompanhá-lo ou
vigiá-lo à distância e, depois, distraí-lo e convencê-lo a voltar a casa;
• Pode ser necessário pedir aconselhamento ao médico assistente e deve certificar-se
que o idoso toma a medicação;
• Enquanto o idoso tiver autonomia, deixe-o atuar conforme as suas possibilidades,
sempre que necessário substituir o idoso, na higiene corporal;
• Evite discutir, repreender ou fazer qualquer coisa que se assemelhe a um castigo;
• Não force contactos físicos e deixe-lhe bastante espaço livre;
• Não seja demasiado exigente com a rotina diária do doente, mas deve supervisionar
a alimentação e a eliminação;
• Ajude, mas de forma a não parecer estar a dar ordens;
• Procure que o idoso faça atividades que lhe interessem;
• Assegure-se de que o idoso faz exercício físico suficiente;
• Esteja atento a sinais que possam indiciar crise iminente e procure distrair a
atenção do idoso nessa situação.
PATOLOGIA SENSORIAL
Em função da idade, são detectadas diversas mudanças nas funções perceptivas dos
idosos. Podemos destacar como consequência dessas alterações, uma deterioração
progressiva no desempenho motor especializado.
A visão, considerada por muitos como o órgão do sentido mais essencial, é prioritariamente
afectada.
A diminuição da capacidade auditiva é considerada por muitos estudiosos da área como um
importante motivo da exclusão social do idoso. A maior dificuldade auditiva da pessoa idosa
é na detecção de sons de alta frequência e no aumento do tempo de reação aos sons.
O olfacto também é afectado, ocorrendo uma queda gradual na capacidade de identificar
corretamente os odores.
O tacto, responsável pela informação ao sistema nervoso da temperatura do ambiente
externo, sensações de dor e de toque, é sensivelmente diminuído.
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2.9.Problemas dermatológicos
O início das úlceras é evidenciado por manchas vermelhas ou roxas que não desaparecem
após a mudança de posição, bolhas que vão escurecendo ou até mesmo perda da pele ou
uma crosta preta. Também a pele mais quente ou mais endurecida nestes locais pode
evidenciar o início de uma lesão e se não tratada, a ferida pode atingir até os ossos.
Se a pessoa não tem controlo da urina e fezes e tem dificuldades para ter uma boa
alimentação o problema pode se agravar. No entanto, certas medidas podem ser usadas
para diminuir o problema. Para a prevenção das úlceras é preciso saber que o fator
principal é o excesso de pressão local. Assim, as pessoas têm que ser mudadas
frequentemente de posição, não podem ficar deitadas ou sentadas em superfícies duras,
devendo-se usar colchão e/ou almofada adequadas para que as proeminências ósseas
estejam protegidas. Também a forma inadequada de movimentar a pessoa contribui para o
surgimento da úlcera. Deve-se evitar arrastá-la ou deixar que a pele se esfregue contra os
lençóis, causando fricção.
O uso de um forro sobre o lençol debaixo do doente permite que este seja levantado
durante a mudança de posição e não arrastado, porém a movimentação precisa ser feita
por pelo menos duas pessoas. Recomenda-se também evitar que as costuras de lençóis
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fiquem em contacto com a pele, assim como dobras de forros de cama e botões nas
roupas.
O exame diário e frequente da pele auxilia a identificar o início da úlcera precocemente e a
avaliar o que precisa ser mudado no cuidado para que a úlcera não ocorra ou que seja
resolvida antes do seu agravamento.
A pele demasiado seca ou húmida pelo suor ou urina facilita o desenvolvimento da úlcera.
Deve-se diminuir o uso de sabonetes na higiene corporal, não usar água quente e passar
creme hidratante no corpo todo, diariamente. A troca frequente das roupas pessoais e da
cama também auxiliam na diminuição da humidade da pele e a prevenir as úlceras.
Se observar que mesmo seguindo estas recomendações a úlcera se desenvolver ou se
agravar, procure um profissional de saúde para orientações quanto ao tratamento.
Uma alimentação e hidratação adequadas, uma boa higiene corporal e ambiental e
atividade física são alguns dos factores que ajudam a manter a pele saudável.
O aumento da esperança de vida e o progresso da medicina, trazem como consequência
uma multiplicidade de factores intrínsecos e extrínsecos ao doente que muitas vezes são
difíceis de controlar, são exemplo a imunodepressão, tratamentos de quimioterapia,
radioterapia, estádios avançados de doença oncológica, instabilidade hemodinâmica, etc.
Assim, o aparecimento de úlcera de pressão não deve ser considerado, necessariamente,
sinónimo de incapacidade dos cuidadores.
As regiões do corpo com proeminências ósseas, podem sofrer grandes pressões, por
descuido ou falta de informação. Estas regiões têm de ser protegidas, usando-se artifícios
para distribuir o peso exercido sobre estas regiões, ou seja, fazer uma distribuição do peso.
Caso uma força fique concentrada num ponto, o peso exercido é intenso. Esta
concentração de carga provoca pressão da pele, músculos e gorduras sobre os ossos,
diminuindo ou interrompendo o fluxo sanguíneo nesta região. Desta forma, o sangue não
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Existem cinco estadios de classificação, que variam de acordo com a gravidade da úlcera
de pressão:
• Rubor branqueável e calor local;
• Rubor não branqueável, calor e dor (Úlcera de Estágio 1 ou Grau I);
• Destruição parcial da pele envolvendo a epiderme, derme ou ambas. Pode
apresentar-se como flictena serosa ou sero-hemática intacta ou que rompeu (Úlcera
de Estágio 2 ou Grau II);
• Destruição total da pele envolvendo necrose do tecido subcutâneo, pode estender-
se até à fáscia subjacente, não a ultrapassando, e/ou perda parcial e total e/ou
camadas de tecidos ocultas pelo tecido de granulação (Úlcera de Estágio 3 ou Grau
III);
• Destruição extensa, necrose tecidular ou dano muscular, ósseo ou das estruturas de
suporte com ou sem destruição total da pele (Úlcera de Estágio 4 ou Grau IV);
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Existem vários fatores precipitantes de úlceras de pressão, que por sua vez estão divididos
em dois grandes grupos – intrínsecos/internos ou extrínsecos/externos. De forma geral,
cada um destes fatores isolados, não causa, só por si uma úlcera de pressão, no entanto o
conjunto destas condições pode ser um veículo célere e fatal para o desenvolvimento de
uma lesão na pele.
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Glaucoma
O glaucoma é um problema de visão que provoca danos no nervo ótico do olho e pode
conduzir à cegueira total. Trata-se de uma doença que ocorre quando a pressão do líquido
que preenche o globo ocular se encontra muito elevada, mais do que aquela que o olho
pode tolerar. Inicialmente, não apresenta sintomas mas, com o passar do tempo, a doença
vai progredindo. Os idosos que sofrem de glaucoma devem saber gerir corretamente os
seus medicamentos. Existem colírios (gotas oculares) e comprimidos que ajudam a tratar o
problema, no entanto, deve informar o seu médico sobre a sua medicação atual para que
não exista qualquer tipo de incompatibilidade.
A maioria das pessoas não tem problemas com a medicação indicada para tratar o
glaucoma, contudo, alguns medicamentos podem causar dores de cabeça ou outros efeitos
colaterais.
Cataratas
O olho humano tem uma lente, conhecida como cristalino, e esta tem a capacidade de
focar e captar imagens. A retina transmite ao cérebro a imagem que, através do cristalino,
é focada pelo olho. Para uma visão perfeita, é preciso que o cristalino seja transparente,
para que os raios de luz entrem e sejam captados pela retina. A catarata é uma opacidade
do cristalino, que impede de uma forma total ou parcial que os raios de luz cheguem à
retina, prejudicando a visão.
As pessoas que sofrem de cataratas ficam com uma visão muito turva, o que as impede de
ver o brilho das lâmpadas e do sol, e este é um estado que não melhora com a utilização
de óculos, apenas com cirurgia.
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À medida que o corpo envelhece, maiores são as hipóteses de uma pessoa sofrer de
cataratas, pois as células do cristalino também envelhecem, no entanto, existem outros
aspetos que devem ser levados em conta, como por exemplo:
• A exposição prolongada à luz solar;
• O facto de ser ou não fumador;
• A existência de determinadas doenças na família como, por exemplo, a diabetes;
• O consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
• A realização de uma má alimentação.
Retinopatia Diabética
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Pneumonia
As doenças pulmonares ocorrem em todas as idades, mas as pessoas idosas são as que
sofrem os quadros mais graves com maior risco à vida. A pneumonia é uma das principais
causas de óbito entre as pessoas idosas, sendo a quinta causa de morte mais comum nesta
população. Existe um aumento de casos de pneumonia durante o outono e inverno,
principalmente durante os períodos de epidemia de gripe. E pacientes em instituições têm
um risco maior de contrair infecções pulmonares quando comparados com aqueles que
vivem nos seus domicílios.
Certos hábitos de vida como fumar, ser dependente de bebidas alcoólicas, sofrer de
desnutrição, ter doenças pulmonares crónicas (como enfisema, bronquite e fibrose cística)
e outras doenças como cancro, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, insuficiência
hepática, diabetes, doença de Alzheimer e doenças do sistema imunológico (como SIDA)
têm mais facilidade de ter pneumonia. Pessoas idosas hospitalizadas e institucionalizadas
também são mais suscetíveis à pneumonia.
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A pneumonia não dá sintomas particularmente específicos, que permitam desde logo fazer
o diagnóstico, ou seja, os sintomas que normalmente se observam são comuns a muitas
outras doenças do aparelho respiratório. De qualquer forma os sintomas mais comuns
surgem agudamente, cerca de algumas horas a dias, como:
• Tosse;
• Expetoração, em geral com catarro espesso de coloração amarelada/esverdeada;
• Falta de ar;
• Respiração rápida (maior que 16 movimentos respiratórios por minuto);
• Dor no peito, dor de cabeça ou musculares;
• Febre ou temperatura baixa;
• Arrepios de frio, entre outros.
Sempre que houver esses sintomas, o médico deverá ser consultado. O profissional pode
encontrar ao exame, o aumento da frequência cardíaca e respiratória e sons típicos de
pneumonia (conhecidos como roncos e estertores) através da escuta dos pulmões.
O diagnóstico de pneumonia é feito pela auscultação dos pulmões e radiografia ao tórax. O
seu tratamento requer geralmente o uso de antibióticos, o internamento hospitalar por
pneumonia pode ser necessário quando a pessoa é idosa, tem febre alta ou apresenta
alterações clínicas decorrentes da própria pneumonia, tais como comprometimento da
função dos rins e da pressão arterial, dificuldade respiratória caracterizada pela baixa
oxigenação do sangue.
A principal prevenção é a vacinação contra a gripe e contra pneumonia, comprovadamente
eficazes em diminuir casos de pneumonia e reduzir o número de casos graves. Todas as
pessoas idosas devem receber a vacina contra pneumonia a cada 5 anos.
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Para prevenção de pneumonias aspirativas, é importante uma boa higiene oral, com
escovagem dos dentes após as refeições, uso de antissépticos e o tratamento dentário das
cáries. A alimentação, principalmente em idosos acamados, deve ser em posição adequada
com o tronco ereto, para evitar o desvio do alimento para as vias aéreas. Nos casos mais
graves deve-se elevar a cabeceira da cama, mesmo durante o sono.
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O conhecimento prévio e uniformizado das necessidades das pessoas idosas, permite aos
sistemas de apoio oferecer melhores respostas. Daí a pertinência dos sistemas de avaliação
compreensivos e multidimensionais das necessidades de pessoas idosas. Neste contexto, a
literatura recomenda o uso de avaliações simples, individuais, compreensivas e
multidimensionais que facilitem respostas individualizadas e a adequação dos sistemas de
saúde e ação social.
Para operacionalizar a avaliação multidimensional é necessário recorrer a metodologias,
estratégias e instrumentos de natureza diversa, numa perspetiva multi e interdisciplinar,
que apenas o trabalho em equipa pode descodificar, de forma a encontrar a melhor
resposta para cada caso. Através da avaliação, ocorre a análise do estado de saúde do
idoso, assim como dos problemas sociais, económicos, familiares, que influenciem o seu
comportamento e condicionem a sua independência e, consequentemente, a sua qualidade
de vida.
Depois de realizada a avaliação e identificação das necessidades e potenciais do idoso,
procede-se à elaboração do Plano Individual (PI). O PI é um instrumento formal que visa
organizar, operacionalizar e integrar todas as respostas às necessidades e aos potenciais de
desenvolvimento identificados pelos diferentes profissionais em conjunto com o idoso. A
elaboração e gestão do PI têm em consideração as especificidades biopsicossociais do
indivíduo, ou seja a sua dimensão holística.
A personalização do PI pretende respeitar os objetivos, valores e interesses, bem como as
idiossincrasias da pessoa idosa. A sua elaboração pode começar por ser discutida em
reunião de equipa técnica, no entanto só deve ser efetivada em conjunto com o idoso e/ou
significativos, sendo este(s) o(s) principal(is) agente(s) decisor(es)
Este plano individual de cuidados é essencial pois permite a partilha de informação de
âmbito clínico e psicossocial entre os profissionais, a fim de promover a continuidade dos
cuidados.
Assim, a avaliação e a intervenção geriátrica asseguram a integralidade e a
multidisciplinaridade na atenção ao idoso, promovendo o seu bem-estar e qualidade de
vida, não se restringindo à detecção e tratamento clínico mas à otimização do
funcionamento global.
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Entende-se por Paliação o alívio do sofrimento do doente. Por ação Paliativa, qualquer
medida terapêutica, sem intuito curativo, que visa minorar, em internamento ou no
domicílio, as repercussões negativas da doença sobre o bem-estar global do doente. As
ações paliativas são parte integrante da prática profissional, qualquer que seja a doença ou
a fase da sua evolução. Por futilidade diagnostica e terapêutica, entende-se os
procedimentos diagnósticos e terapêuticos que são desadequados e inúteis, face à situação
evolutiva e irreversível da doença, e que podem causar sofrimento acrescido ao doente e à
família. Em linha com a OMS, podem definir-se os Cuidados Paliativos como uma
abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos doentes – e suas famílias – que
enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave e com prognóstico
limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento, da preparação e gestão do fim de
vida e do apoio no luto, com recurso à identificação precoce e tratamento rigoroso dos
problemas não só físicos mas também psicossociais e espirituais. Os Cuidados Paliativos
são cuidados intensivos de conforto. São prestados de forma multidimensional e
sistemática por uma equipa multidisciplinar, cuja prática e método de tomada de decisões
são baseados na ética clínica.
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Os Cuidados Paliativos não são determinados pelo diagnóstico mas pela situação e
necessidades do doente. No entanto, as doenças que mais frequentemente necessitam de
cuidados paliativos organizados são as oncológicas, a SIDA, algumas doenças
cardiovasculares e algumas doenças neurológicas e outras insuficiências terminais de
órgãos, rapidamente progressivas. As características próprias destas doenças tornam mais
frequente a existência de sintomas e de necessidades que, pela sua intensidade,
mutabilidade, complexidade e impactos individual e familiar, são de muito difícil resolução,
quer nos serviços hospitalares em geral, quer na Rede Nacional de Cuidados Continuados
Integrados, se não houver intervenção especializada. Os Cuidados Paliativos dirigem-se não
só ao doente mas também à sua família e aos mais próximos. Estes devem ser apoiados
através de cuidados planeados e estruturados, durante a vida do doente e também na fase
de luto. Os cuidadores devem também ser ativamente envolvidos nos planos de apoio e de
tratamento, integrando-se numa perspectiva de equipa mais alargada. O papel dos
cuidadores ativos na fase final da vida de um doente deve ser reconhecido como uma
contribuição individual e social essencial, em muito semelhante à que os pais prestam após
o nascimento. Neste sentido, devem ser promovidos os mecanismos de apoio legal e social
que facilitam o seu esforço e disponibilidade efetiva
No processo inicial de desenvolvimento do Plano Nacional de Cuidados Paliativos serão
definidos os critérios e características que irão direcionar a admissão de utentes nas
diferentes tipologias de unidades e equipas de Cuidados Paliativos, assim como os
mecanismos de articulação e registo que deverão permitir a sua adequada referenciação e
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O tratamento de qualquer sintoma deve-se iniciar pela explicação das razões que justificam
os sintomas, de forma a reduzir o seu impacto psicológico e, sempre que possível, deve-se
incluir o doente no processo de decisão terapêutica, fazendo com que este se sinta
respeitado, aumentando a sua autoestima
A monitorização dos sintomas permite sistematizar o seguimento, clarificar os objetivos e
validar os resultados das terapêuticas instituídas, de modo a promover a reavaliação
contínua das intervenções utilizadas.
Esta reavaliação constante permite não só avaliar a eficácia terapêutica mas também
identificar a progressão da doença, desenvolvimento da tolerância aos fármacos e o
aparecimento de efeitos adversos dos mesmos.
Para minimizar a dor, que é o sintoma mais referido, poderão ser apresentadas ao doente
estratégias farmacológicas e não farmacológicas, sendo que a importância de cada uma
delas deverá ser adequada às necessidades de cada doente.
Abordagem farmacológica
O controlo da dor aguda ou crónica é uma das maiores preocupações, pois debilita a
pessoa até esta já não conseguir executar as suas tarefas diárias. Muitas vezes, o doente
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pode estar a sofrer desnecessariamente, o que pode ter um efeito negativo na sua luta
pela vida. Ter qualidade de vida até ao final de uma doença terminal é fulcral, por isso, é
necessário averiguar e experimentar quais os medicamentos e/ou tratamentos que possam
controlar essa dor.
Mantenha um historial sobre todos os medicamentos que o doente toma e possíveis
reações, assim como uma análise sobre quais os tratamentos mais efetivos ou não, para
poder informar o médico. O mesmo aplica-se às consultas – manter um registo sobre os
motivos das consultas, a opinião do médico e os medicamentos ou tratamentos receitados.
Existem vários sintomas igualmente preocupantes que devem ser minimizados, para que o
doente possa viver o mais confortavelmente possível:
• Perda de apetite – sirva as refeições do doente quando ele tiver fome, mesmo que
não seja dentro do horário “normal”; um pouco de exercício (como um pequeno
passeio a pé) estimula o apetite; varie as refeições e sirva-as de forma apelativa;
utilize temperos como sumo de limão, menta, coentros e outras especiarias para
conferir aos alimentos sabores e cheiros estimulantes; as suas atenções e reparos
devem limitar-se àquilo que o doente conseguiu comer e não no que deixou no
prato.
• Náuseas e vómitos – o doente deve ingerir líquidos uma hora antes ou depois da
refeição para não se sentir muito cheio; comer alimentos ricos em hidratos de
carbono (como tostas ou torradas), especialmente logo de manhã; deve comer
sempre devagar, mastigando bem a comida; descansar após as refeições para
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• Diarreia – o doente deve comer várias refeições ao longo do dia, em vez das
habituais três principais; evitar alimentos gordos e fritos; eliminar temporariamente
da sua dieta os produtos lacticínios se forem estes a causa da diarreia; beber
muitos líquidos para repor rapidamente aqueles que perdeu.
• Prisão de ventre – o doente deve seguir uma dieta rica em fibras (cereais, arroz e
massas integrais, fruta e vegetais frescos), beber muitos líquidos e fazer algum tipo
de exercício regular; se o doente tiver dificuldades em engolir, deve cozer ou passar
a fruta e os vegetais.
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4.1 A higiene
4.2 O conforto
4.3 O apoio
4.4 Atuação após a morte
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4.1 A higiene
O doente pode e deve preocupar-se com a sua aparência – a perda de cabelo, peso, as
olheiras e a mudança de cor da sua pele são alterações físicas significativas e, por vezes,
chocantes. O cuidador pode ajudar o doente a sentir-se melhor com a compra de alguns
chapéus divertidos ou lenços bonitos para cobrir a cabeça.
Os cuidados às mucosas, como a humidificação e limpeza da boca, nariz e olhos, são
fundamentais. Se o doente mantém a capacidade de deglutição, devem oferecer-se líquidos
frios, sumos de fruta, gelados, gelatinas, pedaços de ananás de acordo com o gosto
pessoal.
Se a deglutição não está presente, pequenas porções água semilíquida, gelo, uma gaze
húmida ou, em alternativa, o uso de um humidificador ou de um nebulizador, poderão ser
uma opção viável. Pode recorrer-se à aplicação de lágrimas artificiais para minimizar o
desconforto ocular. Estes cuidados deverão ter lugar idealmente a cada 2 horas
No caso de incontinência podem usar-se fraldas, com o inconveniente da necessidade de
substituição frequente. Em situações especiais, as sondas urinárias ou rectais são uma
opção.
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4.2 O conforto
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O medo do abandono, do desconhecido, de deixar aqueles que mais amam e até o medo
da vida para além da morte são emoções reais que devem ser identificadas, reconhecidas e
expressas. Pode não saber o que dizer, mas talvez, nesta altura, o que o doente terminal
mais precise é alguém que esteja ao seu lado e que o ouça. Disponibilize-se para ouvir
e/ou falar sempre que ele quiser, sem forçar essas conversas. Às vezes, nem é preciso
falar, basta um forte abraço ou estarem de mãos dadas enquanto partilham uma outra
atividade, como ver um filme ou dar um passeio. O conforto físico é muito importante e,
alguns estudos mostram que as expectativas e os pensamentos positivas podem trazer
grandes benefícios físicos para um doente terminal.
Os doentes em fase terminal levantam muitas questões espirituais ao fazerem um balanço
da sua existência. Questionam-se sobre as mais variadas coisas: Porque estou aqui?
Porque é que isto me aconteceu? Que significado teve a minha vida? A minha existência
contribuiu para alguma coisa? Vivi uma boa vida? Consegui concretizar todos os meus
objectivos? O que me vai acontecer depois da morte?
Ao colocarem estas questões, as pessoas com doenças terminais não procuram respostas
concretas, querem apenas desabafar e expressar os seus pensamentos, numa tentativa de
procurar as suas próprias respostas. Dê ao doente terminal a oportunidade de falar sobre a
sua vida, de refletir sobre as suas realizações pessoais e de partilhar consigo os seus
arrependimentos e remorsos. Nestes momentos, é muito importante que seja um bom
ouvinte.
O doente terminal precisa de saber e de ouvir que a sua vida foi e continua a ser relevante
e notável para todos aqueles com quem lidou e lida. Enquanto seu cuidador, diga e mostre-
lhe o quanto ele significa para si pessoalmente.
As pessoas em fase terminal preocupam-se ainda com outras questões: quem vai cuidar da
minha família quando eu morrer? Quem vai dar continuidade ao meu trabalho? O que vai
acontecer aos meus bens pessoais? Ao procurarem algum sinal da continuidade da sua
existência para além da morte física, o conforto e a segurança que isso acontecerá pode
acontecer através da entrega dos seus pertences aos familiares e amigos; o ter a certeza
que o trabalho da sua vida vai ser continuado por outros; ou simplesmente ver as suas
qualidades, talentos ou até parecenças físicas patentes nos seus filhos.
Responder a questões espirituais não é fácil. Se o doente encontrar as respostas que
procura na sua fé ou religião, deve respeitá-las; para aqueles que se debatem com dúvidas
e incertezas, pode ajudar se o cuidador revelar as suas próprias questões e preocupações,
mostrando assim que as inquietações e receios do doente são perfeitamente normais.
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4.3 O apoio
O doente tem necessidades especiais e particulares. Pode estar calmo, orientado e capaz
de participar nas decisões e no planeamento dos cuidados, ou, pelo contrário, pode estar
com dores, ter medo e ser incapaz de comunicar pelas vias normais. Em qualquer dos
casos, têm necessidades sociais, espirituais e religiosas. Isto assume particular importância
nesta fase da vida, sobretudo quando a morte é entendida como mais um momento de
passagem. As emoções sucedem-se, acrescentando à realidade descrita sentimentos de
perda, medo, ansiedade e incerteza, à medida que todo o processo evolui – o que leva a
que a situação do doente em fase terminal seja única e singular. Por esse motivo, requer
também cuidados correspondentes no sentido de ir ao encontro das necessidades do
doente.
As necessidades do doente em fase terminal são tão específicas quanto singular é cada
pessoa. O doente terminal é um doente com necessidades multifatoriais, o que implica um
trabalho em equipa e uma atenção continuada e individualizada.
Algumas atitudes e cuidados são importantes nas pessoas que acompanham o idoso em
fase terminal:
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7. A família e peça chave, por isso e preciso prepará-la para enfrentar as diversas
fases do processo de morrer.
Um doente terminal pode sentir-se preocupado em ser abandonado por aqueles que o
rodeiam ou assustado ao pensar na possibilidade de ser separado do seu quotidiano.
Quando se fala em manter a vida de um doente terminal o mais “normal” possível, isto
significa que se deve integrar as suas necessidades pessoais na rotina diária de uma forma
natural. O doente pode requerer cuidados específicos ao longo do dia e da noite mas, se a
pessoa está habituada a cozinhar e a fazer as suas próprias compras, por exemplo, deve
permitir que continue a fazê-lo (enquanto tiver capacidades).
O cuidador tem de ser a pessoa com o qual o doente deve poder sempre contar, ou seja,
deve estar ao seu lado para o ouvir e apoiá-lo naquilo que for preciso. Não deve, porém,
tentar assumir o controlo total da sua vida e das suas coisas, o doente sentir-se-ia
desacreditado ou rebaixado. É essencial deixar o doente tomar o máximo de decisões
possíveis, assim ele sentir-se-á em controlo de pelo menos uma parte da sua vida.
Se o doente assim o desejar, ajude-o a resolver assuntos pendentes. Pode querer preparar
ou alterar o seu testamento, ou deixar indicações para o seu funeral. Pode ainda ser da sua
vontade organizar as suas finanças ou entregar, a familiares ou amigos, alguns dos seus
bens pessoais. Fazer as pazes com alguém ou esclarecer um mal entendido do passado,
serão outras questões que essa pessoa poderá ter necessidade de resolver.
É fundamental que ajude o doente terminal a concretizar os seus desejos finais, mesmo
que seja um assunto simples como visitar um velho amigo, realizar uma viagem a um local
especial ou fazer uma coisa que sempre quis, mas nunca teve a oportunidade.
Acima de tudo, e porque estão preocupados com o papel que agora desempenham na
família, no trabalho e na comunidade, um doente terminal quer manter vivas as relações
que tem com as pessoas mais chegadas e especiais da sua vida. Desfrutar do tempo que
resta, na companhia daqueles que lhe são mais queridos, é tudo aquilo que uma pessoa
com uma doença terminal mais precisa. Sentir que ainda está cá e que quem o rodeia
também continua presente, é o conforto necessário para quem se aproxima do final da sua
vida.
Quem enfrenta uma doença terminal, retira especial prazer dos “pequenos nadas” que
preenchem o nosso quotidiano, como saborear a sua refeição preferida, ouvir a música que
mais aprecia, ter o filho ou o neto ao colo, ver um filme que sempre gostou, apreciar a
natureza ou estar numa festa de família.
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4.4.1 Corpo
Princípios gerais:
• Os cuidados após a morte devem ser realizados com respeito pelo corpo;
• É importante tornar o ambiente à volta do falecido o mais estético possível para a
família;
• Devem ser retirados quaisquer tubos como sondas, cateteres venosos, entre outros;
• O corpo deve ser colocado numa cama limpa, em posição natural;
• Devem ser tapados com compressas ou algodão os orifícios naturais do corpo para
prevenir a saída de fluidos;
• A melhor posição é o decúbito dorsal, com os braços ao longo do corpo ou cruzados
sobre ele. As pernas devem estar unidas paralelamente;
• Os olhos devem ser fechados e a dentadura colocada se ainda não houver rigidez
do maxilar;
• O maxilar inferior deve ser também fixado de uma forma natural com uma ligadura
abaixo do queixo. Este posicionamento deve ser efetuado antes de se instalar o
rigor mortis ou o endurecimento do cadáver (surge primeiro nos músculos do
maxilar e progride de uma forma descendente até ás pernas).
• Outro processo que ocorre após a morte é o livor mortis, que é o aparecimento de
manchas arroxeadas em determinadas zonas do corpo entre 20 a 30 minutos após
a morte, o posicionamento imediato do cadáver em decúbito dorsal, com uma
almofada debaixo da cabeça previne o livor mortis na face e dá uma aparência de
conforto aos membros da família.
4.4.2 Família
No cuidado ao doente em fim de vida é importante perceber, numa fase inicial, que
informações foram transmitidas ao doente e família, para que depois seja possível planear
a forma como serão comunicadas novas informações. À medida que o estado do doente se
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vai deteriorando vão sendo mais frequentes as questões colocadas por familiares e pessoas
significativas.
Quando o doente está em agonia, os familiares devem estar informados da situação da
morte iminente, bem como da forma como desejam ser informados, em caso de
agravamento ou quando o doente falecer (quem, em que intervalo de tempo). Havendo
essa hipótese, deve ser criada a possibilidade de pernoitar junto do doente, sempre que
possível.
Quando o familiar não se encontra presente no momento da morte, é importante informá-
lo de forma presencial. Ao usar o telefone é difícil perceber de que rede familiar ou de
amigos o receptor da mensagem pode dispor. Devem ser transmitidas todas as
informações relativas a normas da instituição referentes ao tratamento e encaminhamento
do corpo, bem sobre todas as questões legais, se possível escritas.
A comunicação de uma má notícia deve seguir guias de orientação, começando por
providenciar um local tranquilo e perceber que tipo de informação a pessoa dispõe e quer
saber, relativamente à situação de morte iminente do seu familiar. De seguida, o
profissional deve utilizar uma afirmação que permita que o familiar se aperceba que vai
receber uma má notícia. Nesta altura, pode comunicar-se o falecimento do doente,
evitando o recurso a eufemismos, ou seja, utilizando uma linguagem direta e o mais
objetiva possível.
Depois de responder a todas as questões colocadas pelo familiar, é importante concluir a
intervenção com um plano referente à forma como todas as diligências se vão processar.
Nesta altura deve ser disponibilizado apoio para o luto, fornecendo informações, se possível
escritas, sobre o modo como esse apoio vai decorrer.
4.4.3 Formalidades
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A estrutura residencial deverá ainda assegurar o apoio na gestão do luto aos familiares/
significativos que tenham tido uma estreita vinculação afetiva ao idoso que faleceu.
Na situação do falecimento ocorrer na estrutura residencial, os cuidados post-mortem são
assegurados pela organização em estreita colaboração com os significativos. Se não
existirem referências de pessoas próximas e/ou significativos, deve a entidade assegurar-se
do cumprimento das últimas vontades do idoso, caso tenham sido expressas e providenciar
os procedimentos inerentes ao ato fúnebre e zelar pela dignidade do ato.
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