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Introdução ao Estudo do

Direito

Prof.: Rhêmora Ferreira da Silva Urzêda


Brasília - DF, 2018.
O homem especialmente por sua natureza necessita
relaciona-se com seus semelhantes, por ser dotado de
sentimentos e razão (troca de experiências).

Para Orlando de Almeida Secco (2007) o homem está


vinculado a dois mundo:
1) Mundo natural (animal, vegetal e mineral) – o homem
está congregado ao mundo natural – caráter dominador;
2) Mundo cultural (ser humano e coisas) – elaborado pelo
homem, fruto de sua inteligência e trabalho (relações
humanas).

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Contexto das relações humanos no tempo:
1) Conflitos de interesses;
2) Relações de dominação;
3) Submissão dos mais fracos aos mais fortes;
4) Desigualdade de forças.

Para minimizar os efeitos das relações humanas


desproporcionais, passou-se a exigir a criação de normas a
serem seguidas por todos os indivíduos (voluntariamente ou
coercitivamente).

Surgimento de procedimentos e regras para coibir


temperamentos em benefício de toda a coletividade.

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“Onde quer que se observe o homem, seja qual for
a época e por mais rude e selvagem que possa ser
sua origem, ele sempre é encontrado em estado de
convivência com os outros”(Betioli, 2015, p.43).

 Grupos sociais pequenos – família, clã e tribos.


 Grupos sociais grandes – aldeia, cidade e Estado.

Homem “ser social” e “ser político”.

Enquanto “ser político”, e “membro de uma polis,


de uma cidade, de um Estado, e, como membro de
tal organismo, adquire certos direitos e assume
determinados deveres.”(Betioli, 2015, p.44)
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Interpretações da dimensão social

 Platão (428-348 A.C.) – “o homem é


essencialmente alma”; (...) não necessita de
ninguém; cada alma existe e se realiza por
conta própria, independentemente das
outras”. Devido a uma grande culpa as almas
para se purificarem, foram obrigadas a
assumirem um corpo, que necessita da ajuda
de outros para satisfação de suas
necessidades (sociabilidade).

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Interpretações da dimensão social

Aristóteles (384-322 A.C) – “...vê o homem


como constituído essencialmente de alma e
corpo, e, movido por tal constituição, é
necessariamente ligado aos vínculos sociais.
(...) O homem é, por natureza, um animal
político.” O homem é considerado um ser
naturalmente sociável.

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Interpretações da dimensão social

Santo Tomás de Aquino (1225-1274 D.C) –


afirma que a vida solitária é uma exceção e
pode ser enquadrada em três situações:
Mala fortuna – por infortúnio o indivíduo se
isola;
Corruptio naturae – casos de anomalia ou
alienação mental; desprovido de razão;
Excellentia naturae – indivíduo virtuoso, com
grande espiritualidade que se isola para “viver
em comunhão com a própria divindade”.

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Interpretações da dimensão social
Hobbes (1588-1679) e Rousseau (1712-1778) –
CONTRATUALISTAS – “sustentam que a sociedade, como o
direito, é tão só o produto de um acordo de vontades, ou
seja, de um contrato hipotético celebrado entre os homens.”
HOBBES – o homem é um ser mau, antissocial e encara o seu
semelhante como um adversário (estado de guerra). Para
colocar fim a esta brutalidade os homens firmaram um
contrato social, “pelo qual cada um transferia seu poder de
governar a si próprio a um terceiro, o Estado, para que este
governasse a todos, impondo ordem e segurança à vida
social.”(Leviatã)
ROUSSEAU – o homem é bom e livre, mas o aparecimento da
propriedade privada traz males e guerras (divisão entre
pobres e ricos). Firmou-se um contrato social para surgimento
do Estado (vontade geral) que tem como função garantir aos
cidadãos “o uso dos verdadeiros direitos naturais, como
liberdade e igualdade...”.
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Interpretações da dimensão social

Paulo Nader (contemporâneo) – entende a


sociedade e o Estado como “realidades
históricas resultantes da natureza social do
próprio indivíduo”. “Passando a viver em
sociedade, o homem se viu forçado a modificar
os seus hábitos e adotar normas de conduta
adequadas à nova forma de vida. Sem
cooperação para satisfação das necessidade
comuns, a vida social acabaria na desordem, na
anarquia, na guerra de todos contra todos.”

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SOCIEDADE E DIREITO

O Direito como instrumento de controle


(harmonia da vida em sociedade) é apoiado
pela religião, pela moral e pelas regras de trato
social.
Nas palavras de Paulo Nader (2017) o direito
vem para “regrar a conduta social, com vistas à
ordem e à justiça, e somente os fatos sociais
mais importantes para o convívio social é que
são juridicamente disciplinados.”

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Nas palavras de Orlando de Almeida Secco (2007),
“O ordenamento social se caracteriza por métodos e
conjuntos de preceitos prescritos pelo grupo sempre
buscando padronizar as condutas individuais dos
membros que o constituem, num processo constante
de socialização destes. É na realidade uma forma
típica de controle social, partindo da uniformização
das atitudes de cada indivíduo voltada para o
benefício de todos. A socialização nada mais é do
que uma forma de adaptação de cada indivíduo ao
seu grupo.”

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Classificação das normas:

1) Normas técnicas: são normas destinadas ao


estabelecimento do domínio do homem sobre a natureza, e
voltadas à obtenção de melhores condições de segurança,
de conforto, maior rendimento na produção de bens, no
trabalho, na atividade individual e coletiva (engenharia,
arquitetura, medicina, economia e educação).

2) Normas éticas: são estabelecidas para determinarem um


tipo de comportamento individual uniforme e adequado ao
interesse e bem estar da coletividade. Asseguram direitos,
impõe, deveres, atribuem responsabilidades e cominam
sanções (religião e moral).

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DEVER-SER CONTROLE COERCIBILIDADE
SOCIAL

BEM COMUM
INSTITUIÇÕES

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FAMÍLIA

PROPRIEDADE

ESTADO

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Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção
do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a
comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes.
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.

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CNJ - RESOLUÇÃO Nº 175, DE 14 DE
MAIO DE 2013

Dispõe sobre a habilitação, celebração


de casamento civil, ou de conversão de
união estável em casamento, entre
pessoas de mesmo sexo.

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§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e
da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre
decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e científicos para o exercício desse direito,
vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições
oficiais ou privadas.
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de
cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a
violência no âmbito de suas relações.

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Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos
minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem
propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou
aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao
concessionário a propriedade do produto da lavra.
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada
pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,
obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o
instrumento básico da política de desenvolvimento e de
expansão urbana.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade
expressas no plano diretor.
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com
prévia e justa indenização em dinheiro. 18
Na concepção de Orlando de Almeida
Secco (2007), “ Estado é a
centralização dos poderes político,
administrativo, legislativo, judiciário,
econômico, financeiro, orçamentário e
militar de um povo, com território
próprio e dentro do qual prevalece a
sua soberania, que deve ser respeitada
pelos demais povos.”

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POVO
(POPULAÇÃO)

ESTADO

GOVERNO TERRITÓRIO
(VÍNCULO POLÍTICO) (ESPAÇO FÍSICO)

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Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático
de direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

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Interação social – cooperação, competição e
conflito (direito como garantia ou
instrumento que apoia as dinâmicas das
ações).

Solidarismo social – divisão do trabalho e


conjugação de esforços para concretização
de um objetivo (Ex: comissão de juristas para
elaboração de um Código).

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BETIOLI, Bento Antônio. Introdução ao
Direito. São Paulo: Saraiva, 2015, p.43-54.

NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do


Direito. Rio de Janeiro: Ed. Forense. 2017.

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