EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DO JÚRI DA
COMARCA DE SÃO PAULO – SP.
AUTOS DE nº 0004406-49.2016.8.26.0052 ACUSADO: MARCOS ANTONIO DE OLIVEIRA
Marcos Antonio de Oliveira, já qualificado nos autos em
epígrafe, representado pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, vem, respeitosamente perante a Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, incisos LXV e LXXVIII, da Constituição Federal, requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir aduzidas.
O réu foi denunciado como incurso no artigo 121, §2º, I e IV
do Código Penal, porque teria, no dia 21 de agosto de 2016, por volta das 21h33, na Rua Barão de Iguape, nº 724, Liberdade, nesta cidade e comarca, por motivo torpe e por meio de recurso que dificultou a defesa da vítima, matado Renato Ribeiro de Almeidas, mediante disparos de arma de fogo.
A denúncia foi recebida no dia 24 de Julho de 2017, sendo
decretada a prisão preventiva do réu (240/242), com fundamento na garantia da ordem pública, considerando que o crime teria ocorrido em local público em meio a transeuntes, e que o réu teria uma condenação de 31/05/2017 a pena de 3 anos
Regional Criminal da Capital – 1º Tribunal do Júri
1 Av. Dr. Abraão Ribeiro, 313, Barra Funda, São Paulo – SP, CEP: 01133-020 [2º andar, sala 2-065– Telefone: (11) 3392-6952] de reclusão em regime fechado como incurso no art. 16 da Lei 10.826/03, o que segundo a r. decisão, demonstraria potencial de reiteração delitiva.
O réu, preso, foi citado em 25/08/2017 (fls. 256), no CDP de
Belém II e em 23/11/2017, após três meses, foi designada audiência de instrução e julgamento para o dia 09/01/2018.
Embora houvesse um mês e meio para a r. serventia
providenciar as intimações necessárias a fim de realizar o ato, verificou-se que audiência não foi finalizada porque sequer houve a expedição de intimação das testemunhas protegidas pelo Provimento 32/2000.
Apesar de o cartório ter remetido ofício solicitando os
endereços das testemunhas protegidas ao DHPP (fls. 285), não houve cobrança de seu cumprimento ou qualquer outra providência para obtenção dessa informação essencial à expedição de intimação para comparecimento à audiência.
Por essa razão, ouviu-se tão-somente uma testemunha não-
presencial, que não conhecia o acusado e nem ao menos tinha a possibilidade de proceder um reconhecimento.
O réu permaneceu preso, sem nova data de audiência
designada.
Patente a ilegalidade da prisão em razão do excesso do
encarceramento, penalizando o réu por circunstância a que não deu causa. Afinal, o artigo 400 do Código de Processo Penal determina que a audiência de instrução e julgamento deve ser realizada no prazo máximo de 60 dias, em conformidade com Regional Criminal da Capital – 1º Tribunal do Júri 2 Av. Dr. Abraão Ribeiro, 313, Barra Funda, São Paulo – SP, CEP: 01133-020 [2º andar, sala 2-065– Telefone: (11) 3392-6952] a garantia fundamental da razoável duração do processo, prevista no artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição. O excesso de prazo da prisão cautelar viola, flagrantemente, o status libertatis de quem se encontra preso cautelarmente.
Ademais, o Código de Processo Penal em seu artigo 412 fixa
que o prazo máximo para a duração da instrução no procedimento do júri é de 90 dias. Assim, a medida cautelar não pode subsistir se o prazo legal para a conclusão da instrução é excedido sem que possa imputar a responsabilidade pelo atraso à defesa e sem que haja alguma excepcionalidade no caso, como ocorre quando há elevado número de testemunhas em processos com muitos réus ou quando há necessidade de oitivas por meio da carta precatórias.
O réu encontra-se preso e ainda não houve o encerramento
da instrução criminal, restando caracterizado o constrangimento ilegal devido à displicência da r. serventia, por não ter intimado as testemunhas protegidas arroladas até a data da audiência.
DO PEDIDO
Diante o exposto, requer-se o relaxamento da prisão, tendo
em vista o manifesto excesso de prazo, expedindo-se o competente alvará de soltura em seu favor.
São Paulo, 12 de janeiro de 2018.
CRISTINA EMY YOKAICHIYA
Defensora Pública do Estado de São Paulo Regional Criminal da Capital – 1º Tribunal do Júri 3 Av. Dr. Abraão Ribeiro, 313, Barra Funda, São Paulo – SP, CEP: 01133-020 [2º andar, sala 2-065– Telefone: (11) 3392-6952] FELIPE LUCENA SARAIVA Estagiário da Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Regional Criminal da Capital – 1º Tribunal do Júri
4 Av. Dr. Abraão Ribeiro, 313, Barra Funda, São Paulo – SP, CEP: 01133-020 [2º andar, sala 2-065– Telefone: (11) 3392-6952]