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SUMARIO Apresentacao . vit Prefécio .. ix Prefacio da 1* edicéo .. XI Capitulo 1. introdugao 1.1. A Profisséio do Engenheiro Quimico 1.2. Alguns Conceitos Bésicos da Engenharia Quimica 1.2.1. Operagao continua e operacdo descontinua 1.2.2, VaZBO vesssseeeceseessssseesivnsssese 1.2.3. Escoamento paralelo e contracorrente 1.2.4. Operagées unitérias e processos unitérios 1.2.5. 0 Processo Quimico Capitulo 2. Sistemas de Unidades - Conversdes de Unidades ...... 2.1. Dimensées © Unidades .. = 2.2. Sistemas de Unidades .........--....., — 2.2.1. O Sistema Intemacional de Unidades (SI) seeseer osteo 2.3, Relagdo entre o SI e os Outros Sistemas (Gravitacionsis & oe oe Engenharia) 33 2.4. Operagdes com Grandezas .. 2.4.1. Célculos aritméticos — 2.5. Algumas Grandezas da Quimica e da Engenharia Guimiog 2.5.1. Quantidade de matéria (NW) 2.8.2. Massa molar (M) -sssesessenes, = 2.5.3. Massa especifica (p) e volume espectfico (v) 2.8.4. Volume molar (V>) . i 2.5.5. Vazio ou taxa de escoamento 2.5.6. Fluxo de material 2.5.7. Temperatura (7) ..... 2.5.8. Pressio (p) jerasseesrries sseesesnssanneentscettnsesseetes 2.5.9. Peso espectfico (7) ........ sitet BB 2.5.10. Viscosidade absoluta (y) © viscosidade cinematioa (0) 57 2.5.11, Energia (E) ceeeessseecens er 59 2.6.12. Energia térmica ou calor (0) .... : 62 2.8. Conversio de Unidades entre o SI e outros Sistemas 65 2.6.1. Conversao de valores de grandezas 65 2.6.2. Conversio de equacdes 66 2.7, NOtAGBO vasssesseescscsee 73 2.8. Exercicios Propostos 75 xv Sumério. Capitulo 3. Materiais Gasosos e Liquidos . 85 8.1. Relagdes entre Grandezas 86 3.1.1. Composi 87 3.1.2. Teores expressos como ppm, ppb e ppt - 90 3.1.3. Concentragao 1 3.2. Gases Ideais ou Perteitos ...... 94 3.2.1. As condigdes-padréo 95 3.2.2. 0 volume molar ...-+- 96 3.2.3. Massa especifica e densidade . 98 3.2.4. Mistura de gases ideais .. . 101 3.3. Materiais Liquidos . 107 3.3.1. Massa especitica e densidade . 107 3.3.2. Mistura de liquidos ideais 110 3.3.3. Relagées entre composigées de misturas 113 3.3.4. Misturas e solugdes no ideais ....... 115 3.4. Diferenca entre Gases e Vapores 117 3.4.1. Pressdo de vapor .. fi 119 3.4.2. Materiais gasosos saturados com vapores 123 3.5. Notaco .. 127 3.6. Exercicios Propostos 128 Capitulo 4. Balanco Material 137 4.1. Escolha da Base de Calculo .. 138 4.2. Equagao de Balango ne sees 139) 4.2.1. Problemas com processos fisicos eee 141 4.2.2. Problemas com processos quimicos ..... - 153 4.2.3, Problemas com processos compostos de varios elementos . 167 4.2.4. Problemas com processos de vaporizagao @ condensacao parcial 4.3. Notagdo sesso 4.4. Exercicios Propostos Capitulo 5. Balango de Energia 4A de materiais gasosos «...... - 169 . Problemas com processos com reciclo e purge 17 181 181 2. 201 1. Conceitos Bésicos .. 201 5.1.1. Sistema 7 201 5.1.2. Propriedades ou varidveis de um sistema - 202 5.1.3, Estado de um sistema 202 5.1.4. Propriedades ou fungdes de estado « 203 ‘as de Energia 204 2.1. Energias armazenadas « a 204 5.2.2. Energias em transi¢o . 211 .¢0 Macroscépico .. 214 3.1. Balango de energia om sistemas fechados 216 3.2. Balango de energia em sistemas abertos ¢ sem reaoao quimica .... 217 uulos de Entalpia 222 235 239 239 5.5.2 246 5.6. Entalpia de Reagao Ny ieee, treet 256 , £.6.1. Medigao e calculous ai sttesseeese 259 : _ — 262 264 - 265 273 273 ' : ; eeeeeessnee setesseentenee QB 5.10. Exercicios Propostos = tcctinananmnnnnn 283 © Combustion 7 « Poder caloritico dos combustiveis ..,. 295 297 299 311 - 313 319 323 333 - 337 343 347 Respostas dos Exercicios a 349 indice Remissivo F 365 1 INTRODUGAO 1.1. A Profissao do Engenheiro Quimico © objetivo de toda profissdo deve ser o de aplicar 0 conhecimento cientifico adquirido na melhoria da qualidade de vida da humanidade. A engenharia quimica serve a humenidade através da pesquisa, do desenvolvimento de novos processos & produtos, do projeto, da construgdo e da operacao de plantas industriais para fabricagao de produtos quimicos de utilidade para as pessoas. A engenharia quimica é uma especialidade da engenharia com forte dependéncia na quimica, bem como na fisica e na matemética. Como seré a engenharia quimica nos préximos vinte ou trinta anos? E dificil responder a esta pergunta, mas, com certeza, pode-se afirmar que, independente de qualquer coisa, a engenharia quimica deveré obedecer as leis da fisica e da quimica. 0 objetivo deste livro discutir pelo menos algumas destas leis, aplicar os seus prin- cipios e praticar técnicas que darao ao futuro profissional habilidades para melhor de- sempenhar a profissdo que abragou. ‘Como néo poderia deixar de ser, 0 profissional de engenharia quimica esté vol- tado de alguma forma para as atividades de uma indistria quimica. E em que consiste uma indistria quimica? A indistria quimica, em geral, converte as matérias-primas no seu estado natural em uma forma mais Util. Por exemplo, a industria do petréleo transforma esta matéria bru- ta, sem aplicagdo comercial nesta forma, em diversos combustiveis (GLP, gasolina, quero- sene de aviagio e dleo diesel, entre outros}, dleos lubrificantes @ muitos outros derivados. Outras indistrias transformam, por exemplo, madeira em papel, enxofre em dcido sulfiri co, gases efluentes da indistria do petréleo em materiais plésticos etc. Nesta pequena lis- ta de exemplos, observa-se a presenca de alguns produtos (combustiveis, por exempio) que serio usados pelo consumidor final e outros (papel, Acido sulftrico ¢ plésticos) que ainda sofrerdo algum processamento antes de serem atrativos para o consumidor final. Os primeiros tipos so clasificados como bens de consumo e os titimos como bens de pro- dugdo. A inddstria quimica abrange a produgao de ambos 0s tipos. ‘A transformagao de uma dada matéria-prima em um ou mais bens de consumo, ou bens de produgo, de utilidade para o homem consiste, de uma forma geral, de um con- junto de etapas que envolvem alteragées na composico quimica e/ou alteragGes fisicasy no material que esté sendo preparado, ou separado ou purificado. A esse conjunto de etapas denominamos de proceso quimico, ¢ 0 trabalho de um grande niimero de enge- nheiros quimicos envolvides na escolha das etapas ¢ na ordem adequada 6, com muita proptiedade, denominado de engenharia de processos ou engenharia de processamento. Em virtude de cada etapa do proceso estar sujeita a variagdes, 0 engenheiro de proces: ae 2 Introdugao ~ Capitulot semento, além de definir qusis as etapas envolvidas ¢ em que ordem elas devem estar configuradas, deve também especificar es condigdes exatas para a realizagfio de cada etapa. Célculos de balangos de massa e de energia do proceso global, bem como das etapas envolvidas, serdo necessérios e exercem um papel fundamental na definieso da capacidade da planta industrial e no tamanho dos equipamentos. Na maioria dos processos conduzidos em larga escala, além das reagées quimi- cas envolvidas, as modificacdes fisicas, associadas @ preparacdo das misturas reacio- nais e & purificago dos produtos finais, tim um papel preponderante na anélise dos processos e exigem um estudo consideravelmente mais amplo que a prépria reagao quimica. E indispensdvel a aplicacdo freqiente dos principios da fisica e da fisico- quimica nas etapas do processo que envolvem separagées fisicas, como a destilagdo, a cristalizagao, a adsorgao etc E fundamental o conhecimento dos equipamentos de processo envoividos na produgao, na separagéo e no transporte dos produtos. Cabe ao engenheiro de proces- samento dimensionar estes equipamentos, ou seja, definir as suas dimensdes, especi- ficar os seus acessérios internos, caracterizar corretamente as caracteristicas dos ma- teriais quimicos quanto & ado corrosiva para a escolha adequada do material do equipamento, especificar a poténcia dos equipamentos de transporte dos fluides en- volvidos (como a bomba para os liquidos ¢ 0 compressor para os gases) etc. Neste ponto, 0 trabalho do engenheiro quimico apresenta uma grande interface com o tra- balho de engenheiros de outras especialidades, como o mecénico, principalmente, além do eletricista e do civil. ‘A matemidtica sempre foi uma ferramenta fundamental para o engenheiro, de- vido & natureza quantitativa do seu trabalho. Atualmente, aumentou muito a impor- tancia da matemética na engenharia quimica, com a evolugao da informatica, @ qual facilitou sobremaneira a solucdo das equacées diferenciais e dos problemas comple: xos que exigem procedimentos iterativos e tediosos para solugéo manual. A modela: gem matemdtica dos processos quimicos 6 essencial para 0 conhecimento dos pro- cessos, pois com ela podemos analisar répida e precisamente a influéncia das varié- veis do processo no desempenho dos equipamentos e, também, prever novas situa- gdes de operagao que seriam caras ou imposstveis de serem verificadas com os equi- pamentos em operacao. Para a modelagem matemiética representar bem 0 processo necessaria a escatha adequada do modelo termodinamico ¢ do método numérico para ‘a solugao dos modelos. Com a evolugao da informética e, em especial, dos computa- dores pessoais, ocorreu uma grande evolugao na engenharia de processamento, a partir do final da década de 80, em fungao do surgimento dos simuladores de proces- 505, hoje disponiveis comercialmente por varios concorrentes. © engenheiro quimico atual usa e 0 do futuro, com certeza, usaré com muito mais intensidade simuladores estéticos (ndo levam em conta a varidvel tempo) para a andlise @ projeto basico (dimensionamento) de processos. Os simuladores dindmicos que levam em conta a variével tempo), até a década de 90, eram dispontveis para al gumas aplicagdes e restritos aos computadores de grande porte. Com a crescente evo- ‘ugo dos computadores pessoais, tanto em meméria como em velocidade, neste final de ilénio, esses simuladores comegaram a surgir no mercado para uso em computado- res vessoais. Este fato ajudaré, com certeza, 0 desenvolvimento de modelos mais srecisos que permitiréo representar melhor alguns processos quimicos, hoje simulados Capitulo ~ introducéo 3 por modelos mais simplificados. Estes simuladores dinamicos so titeis para a andlise de problemas operacionais tanto em emergéncias quanto em partidas (inicio da operagao) e paradas dos processos, 0 que os torna uma ferramenta util para 0 treinamento dos ope- radores das plantas industriais. Com certeza 6 uma ferramenta util no estudo do com- portamento dinémico dos processos, quando expostos a perturbagées externas de al- guma varidvel. A anélise do comportamento dindmico de um processo permite projetar adequadamente o melhor sistema de controle de processos com o fim de obter a melhor qualidade dos produtos ¢ com a maxima rentabilidade @ seguranca operacional. ‘A existéncia de um processo industrial implica na necessidade de um produto a ser fabricado, pelo qual existem consumidores dispostos a compré-lo. O produto deve ser fabricado em uma certa quantidade, satisfazendo exigéncias de qualidade e a um reco aceito pelo consumidor. £ claro que para a industria ser rentavel o prego do produto deve ser superior 4 soma dos custos das matérias-primas, da méo-de-obra & dos equipamentos, para que haja um certo lucro. Uma andlise econdmica juntamente com um planejamento da producéo e das vendas séo fundamentais para a sobrevi- vencia da inddstria Enquanto, um cientista pode realizar as suas pesquisas sem uma preocupaggo imediata com a aplicagao e com os resultados econémicos, 0 engenheiro deve estar resolvendo problemas dentro de um prazo determinado. Ele deve ser e estar sempre motivado para atingir objetivos especificos e alcangé-los de uma forma mais econé- mica e consistente com todos os aspectos da situagéo particular. Ele deve perceber que uma solucdo razodvel do problema em um tempo permissivel 6 mais importante do que um perfeito entendimento de todas as facetas do problema. Em outras pala- vras: “E melhor fazer algo bom funcionar do que sonhar com 0 étimo” ou “O étimo pode nao ser obtido em um curto prazo, mas o bom é possivel”. ‘Assim, para ter sucesso, 0 engenheiro quimico deve possuir algumas caracte- risticas fundamentais, dentre as quais podemos citar: 1) Habilidade - para realizar o trabalho, 0 que freqiientemente consiste em defi- nit 0 problema e esquematizar a solucdo. Um trabalho na industria nem sem- pre é bem definido e nem sempre esto disponiveis todos os dados necessé- rios para a sua solucdo, como so em um livro-texto ou em uma prova de avaliagao de conhecimentos. Para definir 0 problema e obter os dados, pode ser necessério consulter muitos outros profissionais na Organizacéo, inclusive 08 operadores. Obter a cooperacao dos outros uma parte essencial do tra- batho. E extremamente importante cultivar o espirito de equipe. 2) Comunicabilidade ~ RelacGes interpessoais. Nao basta ter habilidade para ob- ter ajuda na resolugao do problema, 6 necessério, geralmente, ter habilidade para convencer outros que as suas decisGes sao corretas. O engenheiro é ha- bitualmente instado a tomar decisées sem ter disponiveis todas as informa- bes que gostaria. Quando limitagdes de tempo impedem a obten¢io'de to- das informagées desejadas, ele deve fazer algumas estimativas, analisar os seus efeitos na sua decisao e estar preparado para defender légica clara- mente os seus métodos e resultados. Comunicages pessoais, escritas ou orais torniam-se uma de suas ferramentas bésicas. Os fracassos de engenhei- ros iniciantes provocados por problemas pessoais séio muito mais freqientes 4 Introdugao ~ Capitulot do que os décorrentes de um treinamento técnico deficiente. Informagdes va- Tiosas so obtidas com os operadores das plantas, pois eles tém vivéncia da ‘operagdo, uma vez que observaram e aprenderam métodos de controle pri S08 que dificilmente so abordados ou descritos na teoria formal. A partida da operago de um proceso novo ou a modificagéo em um proceso existente seré muito mais tranqtila ¢ muito mais barata se o pessoal da operac&io com- preender 0s objetivos visados @ estiver convencide dos seus principios. As relagdes pessoais séo fundamenteis para conseguir este objetivo. 3) Iniciative. Nao é suficiente desempenhar bem as tarefas que Ihe so atri- buidas. O engenheiro quimico bem-sucedido esté atento para encontrar e sugerir novas tarefas que vao contribuir para o sucesso da organizacao. Ele nao deve esperar que Ihe digam tudo 0 que fazer; ele deve procurar 0 que pode ser melhorado no desempenho dos equipamentos e do processo como um todo e propor solugdes, mesmo que Ihe digam que a sua proposigéo osté fora das suas atribuigdes. Fle deve defender as suas idéias ¢ sugestdes até que seja convencido de que esta no caminho errado. 4) Vontade de manter-se atualizado com os novos desenvolvimentos tecnolé- gicos de processos e com as novas ferramentas. Ele deve pesquisar novas © titeis téonicas na literatura, em encontros profissionais e mesmo entre os colegas mais jovens recém-egressos da Universidade ¢ que est&o atualiza- dos com as novas técnicas e ferramentas. Novamente nota-se aqui uma forte importancia das relagdes pessoais. 1.2. Alguns Conceitos Basicos da Engenharia Quimica 1.2.1. Operagdo continua e operagao descontinua Na maior parte das operagdes de processamento é economicamente vantajoso manter 0 equipamento em operacao continua e permanente, com um minimo de perturba- ‘96es ou de paradas, principalmente nos processos de grande escala. Isto se dé em virtude da maior produtividade do equipamento que opera continuamente ¢ do conseqliente me or prego unitério do produto. Neste tipo de operagao, o tempo nao é uma varidvel na anélise do proceso, exceto durante o periodo de partida do processo, desde o momento de introdugao da carga (matéria-prima) até a completa estabilizacao do processo, ou no periodo de parada, que é a situagao inversa. Nos processos de operagao continua se espe- ra que 0 desempenho do proceso seja o mesmo em qualquer momento, seja hoje, ama: nh’ ou no préximo ano, se as condigdes operacionais permanecerem as mesmas. As con: dices operacionais ndo séio constantes ao longo do processo, em nenhum momento, mas as condigdes em um dado ponto do processo deverdo ser constantes com 0 tempo. E cla- ro que para isto ocorrer & necessério que néo ocorram perturbagdes no processo, mas, no entanto, elas existem. Para contorné-las € necessério que se instalem adequados sistemas de controle de processos que, apesar das perturbagdes, conduzirfio © proceso a estabili dade das condicdes operacionais, mantendo a qualidade do(s) produto(s). Capitulo — Introdugéio. Em operagées de pequena escala (produgao de pequenas quentidades de pro- dutos), ou onde 0 proceso corrosivo 6 muito acentuado, ou por alguma outra razao particular, nem sempre 6 conveniente manter operagdes continuas. Nestes casos, 0 Bquipamento é carregado com toda a carga (matéria-prima) necessérie, é efetuado © processamento e S80 removidos os produtos. Esta é uma operagao descontinua u “em batelada”, como & mais conhecida ‘Uma operagéo continua, onde as condigdes operacionais em um dado ponto ndo variam com 0 tempo, é dita estar em regime permanente ou em estado estacio- nario. Em contraste, a operagéo descontinua é dita estar em regime transiente (ou ndo-permanente) ou em estado néo-estaciondria. A anélise des operagées transientes é usualmente mais complicada do que a das operagées em regime permanente. Neste livro abordaremos exclusivamente as operagdes em regime permanente, que sio as mais frealientes e, também, a partir das quais se faz 0 dimensionamento dos equipamentos de processo, que sao estudados nas disciplinas de operagées uni- tarias da inddstria quimica. As operagdes em regime transiente, que ocorrem durante © efsito das perturbagdes nos processos, sio analisadas na modelagem matemética de processos e no comportamento dinamico de processos, 0 qual 6 um estudo neces: sério para 0 projeto do sistema de controle de processes. 1.2.2, Vazao Pode-se definir vazéo como a razo entre a quantidade que escoa de uma corren- te! de fluido (liquide ou g4s) e 0 tempo gasto. Portanto, para ficar claro, devemos defi- ir ge esta quantidade é em volume, em massa ou em quentidade de matéria, Alguns dutores usam o termo taxa para designer vazo, mas usaremos neste livro o termo va~ 340, como é mais usual na industria. Normaimente, © termo taxa & mais empregado quando @ grandeza transportade ¢ a energia, @ neste caso fala-se de taxa de energia, {que corresponde a energia transportada ou transferida em um dado tempo. Nos processos continuos, as vazGes dos fluidos em escoamento, seja da carga {matéria-prima) do processo ou dos produtos, so continuamente medidas. Normal- monte, pela facilidade da medigéo, a vaza0 medida é a vaz0 em volume (vazd0 vo- umétrica). A vazio em massa (vazd0 méssica) e a vazdo em quantidade de matéria (vazBo molar), ambas necessérias para os balangos materiais, séo celculadas a partir da vazio volumétrica, como veremos nos capitulos 2, 3 ¢ 4. 1.2.3. Escoamento paralelo e contracorrente Em muitas operagdes de transferéncia de massa ou de energia é necessério colo- car em contato duas correntes de fluidos, seja diretamente — no caso de transferéncia Ge masse — ov indiretamente, através de uma superficie de contato — no caso de transforéncia de energia — para que possa ocorrer a modificagao desejada. A transfe~ réncia pode ser realizada com as duas correntes escoando na mesma diregao ou em di recdes contrérias. Quando 0 escoamento ocorre com os fiuidos na mesma ciregao diz~ stra, 6 comum designar como corrente de fluido ou corrente de processo 0 fluido ou a mistura 98 que escoam através de tubvagdos ou dutos. Introdugao ~ Capitulo se que 0 escoamento é em paralelo (ver figura 1.14), e quando em direcdes contrérias diz-se que é em contracorrente (ver figure 1.1b). 0 escoamento em contracorrente & 0 mais usual na engenharia quimica, pois com ele se consegue uma transferéncia de mas- sa ou energia muito maior do que com 0 escoamento em paralelo. conante Af > Coren A }—___+ Corente "| * I corene 8 Figura 1.12. Escoamento paralelo Figura 1.18. Escoamento contracorrente 1.2.4, Operagées unitarias e processos unitdrios Qualquer que seja a indéstria quimica em consideragao, existiréo etapas seme- Ihantes entre elas, que podem ser estudadas a luz dos principios fisicos e quimicos en- volvides, independentemente do material que est4 sendo manufaturado. As etapas na producao de qualquer produto quimico podem ser divididas em trés grandes grupos: 1) Com raras excegées, a parte principal de qualquer Unidade de produgao é 0 reator quimico, onde ocorre a transformagao dos reagentes em produtos. As reagSes quimicas podem ser agrupadas como reacées de hidrogenacao, nitragao, sulfonagao, oxidagao etc. Esses grupos de reagdes estudadas sob © mesmo enfoque sao conhecidos como processos unitérios da indistria quimica. 2) Antes de entrarem no reator, os reagentes passam através de varios equi- pamentos, onde a pressdo, a temperatura, a composicao e a fase séo ajus- tadas para que sejam alcancadas as condigdes em que acorrem as reacées quimicas, ou soja, sd as etapas de preparacao da carga para o reator, 3) Os efluentes do reator sdo, em geral, uma mistura de produtos, contami- nantes e reagentes ndo convertidos em produtos que devem ser separados em equipamentos apropriados para se obter o(s) produto(s) na pureza ade quada para ser(em) colocado|s) no mercado. Em geral, em todos os equipamentos usados antes e epés 0 reator ocorrem apenas mudangas fisicas no material, tais como: elevacdo da press#o (em bombas e compressores), aquecimento ou resfriamento (em ttocadores de calori, mistura, sepa- ragdo etc. Estas varias operacdes que envolvem mudaneas fisicas no material, inde- pendentemente do material que esté sendo processado, so charradas de operacdes unitérias da industria quimica e so agrupadas em cinco grandes div'sdes: © mecénica dos fluidos — 0 primeiro assunto normalmente estudado nos cursos de operagées unitérias. Em toda planta industrial é necessério trans- portar reagentes e produtos para diferentes pontos da planta. Na maioria dos casos, os materiais so fluidos (gases ou liquidos) e 0 engenheiro quimico precisaré determinar os tamanhos e os tipos de tubulagdes, acessérios Capitulo — introducao 2 bombas (ou compressores) para movimenté-los. A figura 1.2 mostra uma bomba centrifuga Figura 1.2. Bomba centrifuga ‘+ transmissao de calor — 6 0 assunto normalmente estudado apés a mecéni- ca dos fluidos. A maioria das reacdes quimicas no ocorre a temperaturas ambientes e, portanto, os reagentes e produtos devem ser aquecidos ou resfriados. Algumas reagées so exotérmicas, o calor deve ser removido; outras sao endotérmicas, 0 calor deve ser fornecido. O engenheiro quimico deverd ser capaz de calcular as taxas de calor envolvidas ¢ dimensionar os equipamentos (trocadores de calor) necessérios. A figura 1.3 mostra um trocador de calor tipo casco e tubo. No capitulo 5, sero discutidos balan- Gos de energia em processos, onde veremos exemplos de célculos de taxas de calor. Figura 1.3. Trocador de calor tipo casco e tubo + operagdes de agitago e mistura — sao operacées normais na engenharia quimica para homogeneizar a composicao da mistura formada por diferen- tes componentes. A figura 1.4 mostra um vaso com agitador. 8 Introdugao ~ Capitulot Nivel de ‘superficie ‘Agitador \_saiaa, Figura 1.4. Vaso com agitador * operacées de separagao — com certeza 6 0 maior grupo de operagdes uni- ‘arias. Este grupo inclui: processes fisicos em que se permite a soparacio de duas fases (sdlido-liquido e liquido-liquido), como a filtragaio, @ decanta. 30 @ a centrifugacéo — processos em que ocorrem a transferéncia de ‘massa de uma fase para outra, pela afinidade do material para a segunda fase, como a absoreao (do gas para o liquido), a extragao (de liquido para outro liquido), a adsor¢ao (de uma mistura gasosa ou ligquida para um séli- do}, a secagem etc. —processos em que ocorrem a transferéncia de mate lade uma fase para outra pela influéncia da troca de calor, como a evapo- ragio, a destilagao, a cristalizacéo etc. * operagGes de manuseio de sélidos, tais como a moagem, o peneiramento e a fluidizagao, As operacdes de separagdo so as que mais envolvem célculos de balango de massa, também chamado de balango material. Em alguns casos, além do balango ma- torial 6 necessério realizar balango de energia. Todas as operagoes de separacao ocor- Fem no interior de um equipamento especialmente projetado para se conseguir o efei- to desejado. No capitulo 4, muitas destas operacées sero estudadas sob 0 ponto de vista do balanco material com a técnica da caixa-preta, 0 que nao exige 0 conheci mento detalhado dos equipamentos envolvidos. No entanto, para ir acostumando o Novo profissional com estas operagdes seus equipamentos, vamos analisar sucin. tamente algumas delas, incluindo 0 equipamento normalmente usado na sua realiza- oo. A filtragio 6 usada para remover sdlidos de um fluido, seja gés ou lquido. 0 fluido permeia através de um leito contendo material filtrante que retém as particulas SOlidas dispersas no fluido. A figura 1.5 mostra um filtro de areia. Capitulo = Introdugaio 9 Enirade re ne exer t—Solvente oy ; = BS Rediatibuid de auido __Mistura ‘ose Mistura Solugio Figura 1.68, Torre ou coluna absorvedora _Figura 1.6b. Representagdo esquemética ‘A absorgéio gasosa ¢ usada quando se deseja remover de uma mistura gasosa um ou mais componentes, através do contato direto com um liquido ou uma solugdo Iiquida que tem afinidade por estes componentes e no tem com os demais. Nesta operagdo, uma cortente gasosa (por exemplo, ar contendo um vapor condensével 10 Introdupao ~ Cepitulot como a acetona) é alimentada continuamente pela parte inferior de um equipamento absorvedor (uma torre contendo no seu interior um leito de recheios, que podem ser pequenos cilindros ocos conhecidos como anéis de Raschig ou os anéis de Pall) ¢ es- coa em contracorrente com um liquido solvente (égua, por exemplo) que & admitido pelo topo da torre. O ar efluiré da torre com um teor menor de acetona e no fundo da torre sairé uma solugao aquosa de acetona, As figuras 1.62 e 1.6b mostram uma tor- re absorvedora A extragao liquido-liquido é usada quando se deseja remover de uma mistura de iquidos um ou mais componentes, denominado{s) soluto(s), através do contato direto com um liquide conhecido como solvente, que é imiscivel com a mistura original (a carga) © remove parcialmente os componentes desejados da carga. Duas misturas Ii- quidas imisciveis so efluentes do proceso: uma, rica no solvente e contendo parte do(s) soluto(s}, denominada de extrato, e outra, contendo o restante da carga e parte do solvente, denominada de rafinado. A figura 1.7 mostra uma coluna de extragao Ii quido-liquido do tipo dispersao Sotvonte —-Ratinado [ || Fase dispersa _-Dispersor carga Tiquiaor \ UC _extato Figura 1.7. Coluna de extragao do tipo dispersio A adsorcéio é usada quando se deseja remover de uma mistura de liquidos ou de gases um ou mais componentes através do contato direto com um sélido. Nesta operagao, a carga a ser tratada escoa através dos espacos vazios entre as particulas do sélido adsorvente, colocado no interior do vaso. Por exemplo, carvao pode ser usado para adsorver vapores de benzeno e/ou outros gases presentes em misturas Capitulot ~ introducao u com ar. Parte do benzeno fica presa (adsorvida) na superficie do sélido, ou seja, nos Sus poros € 0 ar com menor teor de benzeno eflui pelo topo de vaso. Quando o sé do adsorvente se satura do componente adsorvido, ele 6 removido e substituldo por um sdlido reativado. As figuras 1.8a e 1.8b mostram um adsorvedor de carvao ativo usado para remover um ou mais componentes de ume mistura Ifquida Carge (liquide) Boteal da) para o ativado Bocal de sala : Carga para o carvio CL cage, ative Figura 1.8a. Adsorvedor de carvao ativo Figura 1.8b. Representaco esquematica A secagem 6 usada para reduzir 0 teor de liquide (normalmente égua) de um séli- do Gmido, usualmente pela recirculacao de ar sobre 0 sdlido, de modo a carrear a agua ‘em forma de vapor. O tipo mais simples de secador é 0 secador de bandejas (ou tabulei ros), que opera em batelada e 6, normaimente, usado para operaces em pequena es- cala (ver figura 1.9). Os secadores de bandeja podem tornar-se continuos através da montagem das bandejas em correias transportadoras, por exemplo. ‘Venezianas| sjustévels Enade de Salda de artresco. ar oid Vapor d'agui He Condensado, Figura 1.9. Secador de bandejas descontinuo com aque’ jento a vapor d’égua Introducao ~ Capitulot ‘A umidificago 6 uma operacao inversa & da secagem. Ela pode ser usada para controlar a umidade de um ambiente, ao se promover a evaporagdo da agua para o ar. Um uso importante desta operaco ¢ feito no equipamento conhecido como torre de resfriamento de agua (ver figura 1.10), de onde a gua sai frie, se aquece restri- ando produtos da planta industrial e retorna a torre de restriamento, fechando o ciclo: Na torre, a dgua quente é pulverizada e entra em contato com ar succionado por ven- tiladores: ume pequena parcela da dgua se evapora e sai junto com o ar, permitindo 0 resfriamento do restante da 4gua. Para manter constante a vazdo de dgua de resfria- mento, uma vazdo de égua de reposigo é injetada na torre para compensar as perdas da gua evaporada a Ar dmido quente aA _Agua quente raat to Ces < Aqua de restriamento Figura 1.10. Torre de resfriamento de égua (representacao esquemética) Aqua de restriamento we Para sistema, Fran aa OT a view Aqua do mar casa Vapor agua Mi m Sameva — [Salmoura ’ Condensedo Agua Avo Agus fresca froecn acd samoura Figura 1.11. Evaporador de triplo efeito para obtencao de égua potdvel Capitulo — Introdugao. 13 A evaporacao 6 usada para a remogao de solvente de uma solucdo tiquida, através de aquecimento da solugao e/ou reducao da pressaio de operagao. Por exem- plo, a agua do mar pode ser usada como carga em um evaporador de trés estagios (evaporador de triplo efeito), onde por aquecimento com vapor d’sgua no primeiro es- tagio @ redugao de pressio nos estagios seguintes se consegue produzir dgua potével e uma salmoura concentrada em sais, como mostra a figura 1.11 ‘A destilaco 6 usada quando se deseja separar uma mistura (Ifquide, parcial- mente liquida ou vapor) em dues outras misturas, utilizando calor como um agente de separagdo. A mistura rica no(s} componente(s) mais leve(s) (de menor ponto de ebuli- do) 6 chamada de destilado, ou produto de topo, ¢ a rica nols) componente(s) mais, pesado(s) 6 chamada de residuo, ou produto de funda. Ague de restriamento | condnsador Vapor) }— Retluxo carga, Tht Vapor < | netonedor 070" sue woul Gee Lt Lccondensado Produto de fundo ou residua Figura 1.12a, Torre ou coluna de destilacdo 0 destilado 6 normalmente uma mistura Iiquida e o residuo é sempre uma mistura liquida. O equipamento onde ocorre a destilagao ¢ uma torre (ou coluna}, cujo interior 6 dotado de pratos (ou bandejas) ou rechefos (como nas torres absorvedoras) — ver figu- ra 1.122. O liquido que desce por gravidade da parte superior entra em contato intimo com 0 vapor que sobe da parte inferior da coluna, em cada um dos pratos (ou ao longo dos recheios). O vapor que vem do fundo da coluna é gerado por um trocador de calor Introdugao ~ Capitulot chemado de refervedor, onde um fluido com maior energia (vapor d’4gua, por exemplo) fornece calor ao liquide que sai pelo fundo da torre, vaporizando-o total ou parcialmen- te; 0 liquido residual efluente deste equipamento 0 produto de fundo, ou residuo. 0 Ii- guido que entra no topo da coluna, chamado de refluxo, é gerado por um trocador de calor chamado de condensador, que usa um fluido de resfriamento (normalmente égua ou ar) para a condensagao do vapor efluente do topo da coluna. 0 condensado 6 nor- malmente acumulado em um equipamento denominado de vaso ou tambor de topo, de onde uma parte retorna a torre como refluxo @ a outra parte é removida como 0 destila- do. A destilaco combina as operagdes unitérias de escoamento de fluidos, transferén. cia de calor, condensagao e ebulicdo. Condensador f_ Tambor de Tope Aguade — ( ) resfriamonto Destilado, Rotiaxe Carga, Thy C _ a Retervedor Vapor d'égua Figura 1.12b. Representagio esquematica da torre de destilago A cristalizagéo 6 usada quando se deseja remover de uma solugéo liquide o componente dissolvido (soluto) em forma de cristais. Por muitos anos, a prética co- mum na producao de cristais era aquecer uma solugéo até uma condi¢a0 proxima da saturagdo e colocé-la em tanques retangulares abertos, onde a solugao era resfriada e os cristals depositados. Entre as vérias opgdes mais atuais, a cristalizagéo a vacuo eM operaco continua é uma delas (ver figura 1.13); neste caso, a solugao salina aquecida € enviada a um vaso que opera sob vécuo, onde ocorre a evaporacéo da agua (pela reducao da pressao) e a conseqiiente queda de temperatura — dessa for ma, cristais de sais so produzidos tanto pelo aumento da concentracao de sais como pela redugao da temperatura. Capitulot ~ Introdugo 18 Vapor d'égua,. Para sistema ‘de vacuo cf Solugéo salina Figura 1.13. Cristalizador a vacuo 1.2.5. O Processo Quimico Um processo quimico & formado por um conjunto de processos unitérios interli- gados entre si, de acordo com uma seqiiéncia légica. Assim, por exemplo, 6 mostrado na figura 1.14 um diagrama simplificado do processo de produgao de aménia, a partir de uma mistura gasosa de nitrogénio e hidrogénio. ‘A mistura gasosa de nitrogénio e hidrogénio, que € enviada continuamente 20 processo, é conhecida como corrente de entrada, ou carga do processo. Esta carga, além dos gases reagentes (nitrogénio e hidrogénio), contém impurezas, ou seja, ou- tros materiais gasosos (argénio, por exemplo) que nao participam da reagdo quimica €, portanto, so considerados como inertes do proceso. A carga é fornecida com uma vazo constante e misturada com uma corrente gasosa de reciclo de baixa pres 8&0, comprimida e novamente misturada com outra corrente gasosa de reciclo, porém de alta pressio, Estas correntes de reciclo obtidas em pontos diferentes do proceso 0, basicamente, parte dos componentes da carga que no reagiram e que sdo envia dos de volta a0 inicio do processo, com 0 objetivo de aumentar 0 rendimento do pro- cesso. No reator ocorre a reagdo quimica: No + 3Hz —> 2NHs, na presenga de um ca- talisador especial. Como na reagdo quimica hd liberacaio de energia em forma de ca. lor, 0 gases efluentes do reator, contendo a aménia, os gases ndo reagidos e os inertes saem aquecidos e passam por um trocador de calor onde so resfriados a uma temperatura tal, que ocorre a liquefacéo da aménia. A aménia liquida formada 6, entéo, separada, por diferenca de densidades, em um vaso de alta presséo. Do vaso 16 Introducao ~ Capitulo 1 de alta presséo, a amonia 6 retirada e encaminhada a um vaso que opera a baixa pressdo, para permitir a remogéio de gases dissolvidos na fase liquida, gerando a aménia. As duas correntes de gases obtidas a alta © baixa pressdo so recicladas Bera 0 inicio do processo, uma vez que elas so compostas, principaimente, de nitro. génio @ hidrogénio que nao reagiram. Como na corrente de alta pressio se concen. tram os gases inertes que nao participam da reagdo, 6 necesséria a remogao de uma vezo determinada dos gases de alta pressio, como corrente de purga, para evitar gue _@ concentragao dos inertes no reator no ultrapasse um determinado valor. Na Segdo 4.2, faremos estudos de balanco material em processos com correntes de reci. clo, onde a necessidade da corrente de purga serd justificada. Compressor de Reciclo de alta presse circulacso Divo" purge Vapor Fluide do resfriamento lsturador COMPreSSO Veco Sey |separador war === eae Tosser a Geen __Fovolo do bana rosso Aménia vaso ae tii de baixa presséo Produto Figura 1.14. Proceso de produgéo de aménia Como se pode ver na figura 1.14, um proceso quimico 6 composto de vérias etapas, que compreendem, entre outras: bombeio ou compressao de fluidos, troca de calor entre correntes, mistura e/ou separacio de correntes ¢ reagéo quimica. Quande 2 Separagao entre os componentes & mais dificil de ser realizada, outras operacoes unitérias, além da decantacao (que se baseia na diferenga de densidades), deverso Ser utilizadas — destilagéo, absorpao, extragao etc. Como foge ao escopo deste livro entrar em detalhes de qualquer proceso qui- Imico, adotaremos 0 diagrama de fluxos do processo, em que cada processo ou ope. ‘A680 unitéria ¢ representado por um bloco, daf ele ser também chamado de diagrema dle blocos. Neste diagrama, os processos e as operagdes unitérias, representades por Sous blocos, so interligados entre si por linhas que tracam o caminho dos materiaie Capitulo — Introdugéo 7 através do processo. Assim, 0 processo de produg&o de amdnia pode ser representa- do conforme a figura 1.15. Compressor de Sw + Comnresser}— fate —offccar de eo} of Separator se bole Separador de Purga Jura 1.15. Diagrama de blocos do processo de produgao de amé: Toda a planta de produgio de aménia, sem a indicacdo dos processos unitérios, como indicado pela envolt6ria tracejada, pode ser representada conforme a figura 1.16. oe Corga Processo de Aménia produgio de aménia Figura 1.16. Caixa-preta do processo de produgio de aménia 2 SISTEMAS DE UNIDADES CONVERSOES DE UNIDADES Neste capitulo vamos rever alguns conceitos fundamentais para a engenharia quimica e que de algume forma séo assuntos abordados nos cursos bésicos de fisica e de quimica. Nem tudo seré novidade para vocé. No entanto, consideramos de gran: de importéncia uma leitura atenta de todas as secdes deste capitulo e em especial da seco que trata de algumas das principais grandezas da engenharia quimica, que es. to sendo estudadas neste capitulo sob o ponto de vista das unidades. Grandezas de determinadas 4reas, como a area de transmissio de calor, no foram abordadas mi- nuciosamente para nao antecipar conceitos que sao vistos em detalhes nos livros de engenharia quimica que tratam especificamente dessa 4rea de conhecimento. Tive- mos a preocupacdo de analisar em detalhe o sistema internacional de unidades — SI, Unico sistema de uso legal ¢ oficial no Brasil desde 1962. O Decreto-lei n? 240 de 28/2/1967 ¢ 0 Decroto n? 62.292 de 22/2/1968 constituem os dispositivos funda- mentais que regem a legislagao metrolégica brasileira. Esta legislacéo 6 completada Por varios decretos e resolugdes do Consetho Nacional de Metrologia, Normalizagao e Qualidade Industrial — CONMETRO. 0 INMETROI3I[4] € responsével pela publicagao das Resolucdes do CONMETRO e pela traducdo autorizada pelo BIPM’ das atualiza- 960s do Sistema Internacional. 2.1. Dimensées e Unidades © estudante de engenharia quimica, frequentemente, se depara com algum problema, em que encontra dificuldades na sua solueao por falta de habito no manu- seio das unidades das grandezas envolvidas no problema. Nos cdlculos de engenharia, © uso das dimensdes ou das unidades junto com os ntimeros nao sé evita experiénci- as desagradaveis mas também perda de tempo. O estudante, ao se habituar com 0 emprego das unidades desde 0 inicio da formulaco do problema, obteré uma solugao mais inteligivel que permitiré uma verificacao apropriada tanto por ele como por quem estiver analisando a solucdo 0 Bureau Internacional de Pesos © Medidas (BIPM) foi criado pela Convengao do Metro em Paris em 1875 _ Sistemas de Unidades — Conversdes de Unidades ~ Capitulo 2 Qualquer quantidade de uma grandeza tem um valor numérico e uma unidade. E Gtil em muitos célculos da engenharia — e essencial em muitos — escrever ambos, 9u seja, 0 valor numérico e a unidade da quantidade, por exemplo: 2,3 metros 4,7 quilogramas 35 segundos As unidades so representadas por simbolos para facilitar 0 manuseio. Assim, nos exemplos acima podemos escrever: 2.3m 4,7 kg 355 Qual a diferenga entre dimensao € unidade de uma grandeza? A toda grandeza da fisica @ da quimica esté associada uma ou mais dimensées. A dimenséo de uma grandeza € 0 conceito basico de medida dessa grandeza. As unidades so os meios de expressar as dimensdes das grandezas. Para as dimens6es das grandezas usaremos a noteoao usual da fisica, ou seja | para comprimento, M para massa, T para tempo e 0 para temperatura. Como na engenharia quimica a quantidade de matéria? esté sempre presente, usaremos N para Tepresentar a dimensdio dessa grandeza, Dependendo da grandeze, 6 possivel encontrar diferentes unidades para a sua Fepresentagao, embora s6 haja uma Unica dimenséo. Por exemplo, o comprimento 36 tom uma Unica dimensio que representamos por L, no entanto, para esta grandeza Podemos encontrar um sem-ntimero de unidades (e arbitrarias), tais como: metro, milha, pé, polegada, etc. As grandezas podem ser tratadas como varidveis algébricas, desde que duas regras basicas sejam obedecidas: Regra 1: Duas grandezas podem ser somadas ou subtraidas desde que elas tenham a mesma dimenséo. * 2 metros + 1 quilograma nao & uma operagao possivel, pois se trata de duas grandezas com dimensées diferentes. * 2 metros + 5 centimetros ¢ uma operagdo possivel, pois ambas grandezas tém a mesma dimensdo (comprimento), embora estejam expressas com uni- dades diferentes. Para se fazer a operacao basta converter a unidade de uma delas para a unidade da outra, 0 que no caso & muito simples. Regra 2: Duas grandezas podem ser multiplicadas ou divididas, dando origem a outras grandezas. Por exemplo: grandezas: comprimento X_—_comprimento érea dimensées L x L Lv unidades: m x m m *'Na seco 2.6, a grandeza quantidade de matéria seré analisada em mais detalhes. Capitulo 2 ~ Sistemas de Unidades ~ Conversées de Unidedes 2 arandezas: comprimento /_—_ tempo = velocidade dimensdes: L ! T = LIT unidades: m I s = mis Com essas operagées foram formadas grandezas com unidades derivadas das uni- dades de base. Quando a grandeza formada tem unidades de duas grandezas diferentes = como no caso da velocidade — ela é uma grandeza de unidade composta. Algumas vezes ao se fazer a diviséo de duas ou mais grandezas pode-se obter uma grandeza sem dimensées, ou seja, uma grandeza adimensional 2 metros / 0,5 metros = 4 Na engenharia quimica, 6 comum se agrupar grandezas de tal forma que se gera um grupo sem dimensdes. A esse resultado chamamos de grupo ou numero adimensional. Existem vérios desses nimeros conhecidos na engenharia quimica atra- vés de nomes apropriados, como: numero de Reynolds, nimero de Nusselt, nimero de Peclet etc., cam definicao e aplicacao dentro de cada campo da engenharia quimi- ca. No apéndice A esto relacionados os némeros adimensionais mais usuais com as suas respectivas definicdes. 2.2. Sistemas de Unidades © fato de haver muitas unidades para a mesma grandeza leva a uma confuséo generalizada, tornando dificil o entendimento entre as pessoas. Se essa dificuldade jé 6 grande dentro de um mesmo pafs, como o Brasil, onde existem diferentes unidades para grandezas como 0 comprimento, @ érea e 0 volume, a confusdo fica maior quando se tem acesso a literatura americana ou inglesa, que usa um conjunto de unidades ainda bem diferentes das usuais por aqui. Por isso, dentro da ciéncia é normal se adotar um Conjunto de unidades escolhidas para medir as grandezas existentes em cada campo da {isica e da engenharia. A esse conjunto de unidades se dé 0 nome de sistema de unida- des. A tabela 2.1 apresenta os sistemas de unidades mais comuns usados pelos engenhei- ros nas Ultimas décadas. Um sistema de unidades se baseia em um certo numero de grandezas cujas unidades so adotadas como de base e as demais grandezas terdo unida- des definidas por operagdes matemiéticas entre as unidades de base. As unidades destas grandezas assim definidas so chamadas de unidades derivadas. Os sistemas absolutos possuem como unidades de base: as unidades de com- primento, tempo e massa; a forga é uma unidade derivada para esses sistemas. Nos sistemas técnicos, as unidades de base so as unidades de comprimento, tempo e forga, sendo a massa uma unidade derivada. Nos sistemas mistos ainda usuais em engenharia, a massa e a forga so adotadas simultaneamente como unidades de base, a fim de se obter 0 valor numérico da massa igual ao da forga (ver seco 2.3) 0 Sistema Internacional de Unidades, 0 SI, 6 0 Unico que foi definido com sete unidades de base, como seré visto em detalhe a seguir, na seco 2.2.1. Ele é 0 sis- tema que representa uma evolugao do antigo sistema métrico, o MKS. 22 Sistemas de Unidades ~ Conversées de Unidades — Capitulo 2 Tabela 2.1. Sistemas de unidades comuns Sistemas [ Gompimente | Tempo [Masa on Absolutos Ou dindmicos si mato | segundo[ aulograma” [newton —| [cas centimetro segundo grama dina* FPS pe segundo libra’ poundal* | Graviadlonais ou Wenicos MS metro [segundo [am] gulag ope FPS p6_|-segundo [aig Tra Tore Mistae ou de sngonhara MKS mmewo | segunde_[ aulogiama” | qulogamaoga FPS pé[-segunde—[ tis tere arg * Unidade derivada das unidades bésicas O sistema CGS ¢ um sistema totalmente ultrapassado, em que apenas muito Poucas unidades ainda permanecem por forca do hébito de alguns professores e pro. fissionais que se acostumaram com elas ao longo de suas carreiras @ com o tempo sero substituidas pelas correspondentes unidades SI. © sistema misto (de engenharia), 0 MKK,S, ainda vem sendo usado no nosso Pals de uma forma irregular. Na industria, ainda 6 usual a unidade de forca deste sis. tema — 0 quilograma-forca (kgf) ¢ a equivalente unidade de presséo, kgf/cm’. No entanto, ambas unidades devem ser evitadas e substituldas pelas equivalentes SI O sistema inglés, principalmente o sistema misto (usado em engenharia) ainda sobrevive, embora jé esteja havendo um esforgo por parte dos EUA e da Inglaterra no sentido de substituf-lo pelo Sistema Internacional de Unidades. O SI jé vem sendo usado de uma forma bastante acentuada em revistas técnicas e em recentes livros didéticos americanos e europeus. Os sistemas mencionados, com excegao do SI, $6 serio usados neste capttulo, om especial nas segdes 2.3, 2.5 e 2.6, para permitir o estudante de engenharia qui mica se familiarizar com as unidades destes sistemas, ainda em uso em alguns livros © por alguns professores. 2.2.1. O Sistema Internacional de Unidades (SI) © nome Sistema Internacional de Unidades, com abreviagao internacional SI, foi adotado pela Resolugéo 12 da 11% Conferéncia Geral de Pesos e Medides® (CGPM), realizada em 1960. As Unidades SI esto atualmente divididas em duas classes: ag unidades de base © as unidades derivadas. As unidades radiano (angulo plano) e ester. radiano (angulo sélido), que faziam parte da terceira classe das unidades suplementares, Passaram a fazer parte das unidades derivadas, a partir de 1995 (20? CGPM} © SI é 0 nico sistema de unidades que possui sete unidades de base, perfei- ‘amente definidas e dimensionalmente independentes. Estas unidades de base foram escolhidas, para formar um sistema coerente, em que todas as unidades derivadas ‘A CGPM (Conferéncia Geral de Pesos e Medidas) é formada por delegados de todos os Estados membros 2 Conveneo do Metro, que hoje somam 48 nagses. ee

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