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ESTOMIA: A CIRURGIA DA VIDA

PRÁTICAS DE
ENFERMAGEM IV
ESTOMIAS: DEFINIÇÕES E
CUIDADOS

O QUE É UMA
ESTOMIA ?

 A palavra estoma significa ‘boca’ e tem origem grega.
Colostomia e ileostomia são, respectivamente, aberturas do
cólon e do íleo na parede abdominal para a eliminação do
conteúdo intestinal.

 No geral, as causas de uma estomia intestinal podem ser:


câncer colorretal, traumas, infecção perineal grave, fístula
retovaginal, imperfuração anal, doenças benignas como Crohn,
retocolite ulcerativa, incontinência anal, colite isquêmica,
polipose adenomatosa familiar, megacólon, entre outras.
(Santos e Cesaretti, 2000)
ESTOMA SAUDÁVEL ...

 São características de um estoma normal :
Cor;
Umidade;
Sangramento;
Movimentos;
Formato;
Pele.
COLOSTOMIA

 Uma colostomia é criada quando uma parte do intestino grosso é
removida ou contornada. A parte remanescente do intestino grosso
que ainda está em funcionamento é conduzida através da parede
abdominal, criando o estoma. Isso resulta numa mudança da função
corporal normal para permitir a eliminação do conteúdo do intestino em
razão de uma doença, ferimento ou defeito congênito.

 A localização do estoma no abdômen depende da parte do cólon


utilizada para criá-la.

 A enfermeira estomaterapeuta ou o cirurgião determinará a


localização correta do estoma. A aparência do estoma depende
do tipo de colostomia e de diferenças individuais do corpo
humano. Embora no começo o estoma possa ser bastante grande, ele
encolherá gradualmente e atingirá seu tamanho final dentro de seis
a oito semanas.
SÃO CLASSIFICADAS
EM:

 Quanto ao tempo de permanência :

- Temporária
(Exemplo: proteção de anastomose intestinal)

- Permanente ou Definitiva
(Exemplo: cirurgia de amputação do reto – ressecção
abdomino-perineal)
SÃO CLASSIFICADAS
EM:

 Quanto ao tipo de construção e confecção cirúrgica:

- Em alça;

- Terminal;

- Duas bocas;

- Úmida em dupla boca


ESTOMIAS URINÁRIAS

 As derivações urinárias têm como objetivo a manutenção do
escoamento da urina , de tal forma que não ocorra repercusão
para o trato urinário superior, ou que esta seja mínima.

 As principais indicações para a confecção de uma derivação


urinária compreendem os tumores do trato urinário, lesões
funcionais graves e anomalias anatômicas.

 Nas substituições vesicais, ou mesmo nos condutos externos, o


tumor de bexiga é a principal doença relacionada à indicação
de estomias urinárias.


PELE PERIESTOMAL

 As alterações causadas pela estomia no estilo de vida
repercutem, em grau variado, em todas as esferas de
qualidade de vida do paciente. Do ponto de vista
socioemocional, ressalta-se que a presença de
complicação na estomia e/ou na pele periestoma contribui
para intensificar as dificuldades sentidas na fase de
aceitação do problema, e isso, além de influenciar a
participação social, pode constituir favor agravante no
processo de reabilitação.
DEMARCAÇÃO DO
ESTOMA

 A escolha ou seleção do local adequado envolve a
avaliação de vários pontos-chaves para facilitar a prática
do procedimento. Tais pontos são:
- Aspectos relacionados à posição;
- Aspectos físicos;
- Aspectos relacionados ao doente;
- Necessidade de mais de uma estomia;
- Outros ( preferência do cirurgião e do doente; tipos de
estomia ou derivação; consistência das fezes).
Examinar o
abdome em
Examinar várias Localizar o
a posições músculo
superfície reto do
do
abdome
 abdome

DEMARCANDO O
ESTOMA
(PROCEDIMENTO) Cuidados
Fazer a
antissepsia do
com o
local e marcar paciente
com marcador obeso
cirúrgico
Demarcar
no lado
direito e
esquerdo
DISPOSITIVOS PARA ESTOMIAS

* O que considerar na escolha de um dispositivo ?

 Estoma;

 Efluente;

 Paciente (condições físicas, psíquicas e de autocuidado);

 Características do equipamento.
CARACTERÍSTICAS DO EQUIPAMENTO
COLETOR
QUALIDADES ESSENCIAIS
SEGURANÇA

BENEFÍCIOS OBTIDOS
‘Ajustar-se adequadamente à estomia, garantindo
segurança na coleta do efluente; permitir aderência
absoluta à pele periestomia, pelo menos 24 horas;
proteger contra odores e ruídos desagradavéis’
PROTEÇÃO ‘ Garantir a manutenção da integridade da pele
CONFORTO ‘ Ser flexível e discreto, oferecendo confiança e
liberdade de movimentos; ser virtualmente
imperceptível sob a indumentária’
PRATICIDADE ‘ Ser de manuseio fácil e simples, permitindo a
remoção e a recolocação sem causar prejuízos à pele
periestomia’
ECONOMIA ‘ Permanecer por mais tempo aderido à pele
peristomia’
TIPOS DE BOLSAS COLETORAS

* As bolsas coletoras para estomias intestinais e urinárias
são confeccionadas com plástico antiodor, transparente ou
opaco, macio, atóxico e hipoalergênico.

* A bolsa para estomia intestinal pode incluir filtro de


carvão ativado. Elas visam coletar os efluentes, fezes ou
urina, sendo de fundamental importância para o processo
de reabilitação biopsicossocial da pessoa estomizada.
FECHADAS OU DRENÁVEIS

DE UMA OU DUAS PEÇAS

TRANSPARENTE OU OPACA

RECORTÁVEL OU MODÁVEL

PLANA OU CONVEXA

ADJUVANTES
 Pó para estomia

 Pasta com Álcool
 Cinto para equipamento de duas peças
 Clamp
 Placas protetoras de pele
 Filtro de Carvão Ativado
 Limpador de pele
 Creme Barreira
 Gel (Ileostomia)
 Lenço de proteção
ADJUVANTES

PORQUE SURGEM AS
COMPLICAÇÕES ?

O QUE VEM A OCASIONAR UMA COMPLICAÇÃO NA
ESTOMIA ?

Técnica cirúrgica

Demarcação do estoma

Cuidados inadequados
ALGUMAS COMPLICAÇÕES ...

* Podem ocorrer originadas por diferentes fatores, e em
qualquer fase:

Dermatite;

Abcessos e infecções;

Lesões Pseudoverrucosa.
DERMATITE PERIESTOMIA

* Essa afecção pode ser caracterizada como um processo
patológico, agudo ou crônico, que afeta a pele ao redor da
estomia.

* Decorre de um processo inflamatório que envolve a presença


de sinais flogísticos (eritema, rubor, dor e calor) ou lesões
primárias de pele, é a mais frequente dentre as complicações
identificadas até o 30º dia pós-operatório
CONDUTAS

 Proteção da pele agredida do agente causador;

 Escolher um equipamento e um adjuvante que permita


maior fixação;

 Uso de adjuvantes que reduzam a umidade da pele;


DERMATITE PERIESTOMIA


ABCESSOS E INFECÇÕES

* A infecção como fator causal, geralmente é secundária a
várias causas, sendo o estafilococos os agentes mais
comuns; e a candidíase periestomia, a infecção por
fungos.
CONDUTA

Drenagem de abscessos;

Terapia tópica adequada e Antibioticoterapia


sistêmica.

Equipamento coletor de duas peças – drenável e


transparente;
ABCESSOS E
INFECÇÕES

LESÃO PSEUDOVERRUCOSA

 É uma lesão com aparência de verruga ou nódulo, de
cor branco-cizenta ou vermelho amarronzada, com
altura de 2 a 10mm, que se desenvolve na pele
periestomia, entre a abertura da bolsa coletora e a base
da estomia. A exposição crônica dessa área de pele ao
efluente é o fator causal básico.
LESÃO PSEUDOVERRUCOSA

COMPLICAÇÕES IMEDIATAS

 Surge nas primeiras 24 horas de pós-operatório:

Necrose de estomia;

Hemorragia ou Sangramento;

Edema
NECROSE

 Pode ser definida como a morte do tecido da estomia,
resultado da irrigação tecidual deficiente. Inicia-se com a
isquemia, e depois adquire tonalidade que varia entre
marrom e preto, consistência macia e flácida à palpação,
sem o brilho característico da mucosa normal.
 Os fatores de risco incluem: suturas apertadas ou
próximas, edema na parede do abdome, obesidade,
hipovolemia, embolia e outros.
CONDUTA

Tratamento conservador: acometimento de 1/3 da
circunferência da alça;

Tratamento cirúrgico: comprometimento de toda a


circunferência da alça;

Equipamento coletor transparente, duas peças e


drenável.
NECROSE

HEMORRAGIA OU SANGRAMENTO

 Essa complicação pode ocorrer no pós-operatório imediato, mediato
ou tardio, com maior frequência no imediato. Geralmente, está
associada à hemostasia inadequada de vasos sanguíneos
durante o procedimento de confecção da estomia.

 Quando ocorre no pós-operatório mediato e tardio, pode estar


associada ao trauma de uso incorreto do equipamento coletor,
por exemplo, diâmetro de abertura menor que a base da estomia,
lesão da estomia durante realização de remoção de pêlos na área
periestomia ou prática de esportes agressivos.

 É possível que ocorra também quando a pessoa estomizada faz uso


de quimioterápico e antiagregante plaquetar.
CONDUTA

Equipamento coletor de duas peças/ bolsa
transparente e drenável;

Revisão da cavidade e hemostasia – intervenção


cirúrgica (sangramento intenso);

Orientar sobre o uso de anticoagulantes.


HEMORRAGIA OU SANGRAMENTO

EDEMA

 Considera-se edema a resposta fisiológica ao trauma
cirúrgico. Tem como causa: manipulação da alça
intestinal e ligadura de vasos, bem como pequena
abertura do orifício na parede abdominal em relação
ao diâmetro da alça exteriorizada.
 É comum que ocorra nos primeiros dias após a confecção
da estomia, necessita apenas de observação
frequente.
EDEMA

COMPLICAÇÕES PRECOCE

 Ocorre entre o primeiro e sétimo dia de pós-operatório:

Retração da estomia;

Separação cutaneomucosa
RETRAÇÃO DA ESTOMIA

 É o desaparecimento da protrusão normal da estomia
da linha da pele do abdome, fixando abaixo de seu nível.
Tem como principais fatores de risco: construção cirúrgica
da estomia e distensão da parede do abdomen.

 A avaliação da estomia retraída deve ser realizada com


o paciente nas posições em pé, sentada e deitada, sem a
bolsa coletora, levando em consideração que há
modificação da altura ou protrusão do estoma quando se
está em cada uma das posições.
CONDUTA

Intervenção cirúrgica;

Equipamento coletor convexo e pastas protetoras


para preenchimento de espaços e nivelamento de
parede abdominal;

Clientes com tendência à obesidade, devem ser


encaminhados ao nutricionista para reeducação
alimentar, controle de peso e acompanhamento.
ESTOMA RETRAÍDO

COMPLICAÇÕES TARDIAS

 Se manifestam após a alta hospitalar:

Estenose da estomia;

Retração da estomia;

Prolapso de alça;

Hérnia paraestomia.
ESTENOSE

* É o estreitamento ou a contração do tecido da estomia
no nível da pele ou fáscia, dificultando a drenagem do
efluente.
* Alguns fatores de risco são: formação do tecido
cicatricial em excesso em nível de pele ou fáscia (por
lesão repetida na pele periestomia), necrose da estomia,
construção cirúrgica da estomia e hiperplasia.
CONDUTA

Dilatação digital ou instrumental;

Cirurgia plástica (restrita à pele);

Equipamento coletor com placa convexa.


ESTENOSE

PROLAPSO DA ALÇA

 É entendido como a saída do intestino pela estomia, e, em
geral, é mais comum na colostomia em alça. Os principais
fatores de risco são: fixação inadequada do intestino à
parede do abdome, abertura na parede maior que o
diâmetro da alça intestinal a ser exteriorizada e aumento da
pressão abdominal no pós operatório causada por tosse,
choro, obesidade ou gravidez.

 A alça prolapsada pode tornar-se edemaciada, ser facilmente


traumatizada e ter tendência para sangramento. Por isso,
precisa de monitoração frequente.
CONDUTA

Manobras de redução;

Correção cirúrgica;

Mensurar o diâmetro da abertura do equipamento


coletor quando o estoma estiver com exteriorização
máxima.
ESTOMIA COM PROLAPSO

HÉRNIA PARAESTOMIA

 Essa hérnia ocorre por falha ou defeito na parede
abdominal, propiciando a protrusão do conteúdo abdominal
através da abertura feita para a exteriorização da estomia,
formando uma proeminência na região paraestomia.

 Pode estar relacionado a várias causas: estomia localizada


fora da bainha do músculo reto do abdome (sem
demarcação prévia), falha na fixação da alça à parede do
abdome, obesidade, fragilidade da musculatura abdominal
causada por envelhecimento e/ou vida sedentária ou pressão
excessiva dentro do abdome.
CONDUTA

Equipamento coletor de
duas peças com barreira
flexível;

Utilização de cinta
elástica;

Tratamento cirúrgico.
HÉRNIA PARAESTOMIA

REFERÊNCIAS

SANTOS,VLCG; CESARETTI, IUR. Assistência em
Estomaterapia: Cuidando do Ostomizado. Cap. 3. São Paulo:
Atheneu, 2000, pp. 39-53.

SILVA, RCL; FIGUEIREDO, NMA; MEIRELES, IS. Feridas:


Fundamentos e atualizações de enfermagem. – 3. ed. rev. E
ampl.. - Cap.11 . São Caetano do Sul, SP: Yendis, 2011, pp. 263 –
273.

PAULA, MAB; PAULA, PB; CESARETTI, IUR. Estomaterapia em


foco e o Cuidado especializado. – São Caetano do Sul, SP:
Yendis, 2014.
REFERÊNCIAS

SONABE, HM; BARICHELLO, E; ZAGO, MMF. A visão do
colostomizado sobre o uso da bolsa de colostomia. Rev. Bras.
Cancerologia; v. 3 , pp. 341 – 348, 2002.

Matos D, Cesaretti IUR. Complicações precoces e tardias dos


estomas intestinais e urinários: aspectos preventivos e
terapêuticos – estomas intestinais. In: Santos VLCG, Cesaretti
IUR. Assistência em Estomaterapia: cuidando do ostomizado. São
Paulo: Atheneu; 200º. p. 195-214.

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