Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Direito
Administrativo
Curso Preparatório para o Concurso Público
de Soldado da PMBA 2012
Apostila preparatória específica para o concurso público da PMBA 2012
DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Administração pública
1.1 Conceito
1.2 Princípios.
2. Poderes administrativos
2.1 Poder vinculado;
2.2 Poder discricionário;
2.3 Poder hierárquico;
2.4 Poder disciplinar;
2.5 Poder regulamentar;
2.6 Poder de polícia;
2.7 Uso e abuso do poder.
3. Atos administrativos
3.1 Conceito;
3.2 Atributos;
3.3 Requisitos;
3.4 Classificação;
3.5 Extinção;
4. Organização administrativa.
4.1 Administração Direta, Indireta e Entidades Paraestatais
4.2 Centralização, Descentralização e Desconcentração
4.3 Órgãos públicos: conceito e classificação.
4.4 Entidades administrativas: conceito e espécies.
5. Agentes públicos
5.1 Espécies
5.2 Classificação;
5.3 Poderes, Deveres e Prerrogativas;
5.4 Cargo, Emprego e Função Pública;
5.5 Regime Jurídico Único
5.6 Provimento e Vacância
5.7 Remoção, Redistribuição e Substituição.
cursopreparatoriobrasil@hotmail.com
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
0
Curso Preparatório Brasil
Legalidade
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
1
Curso Preparatório Brasil
Visa-se atingir objetivos traduzidos por boa prestação de serviços, ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei,
de modo mais simples, mais rápido, e mais econômico, melhorando confirmando que o interesse público é irrenunciável pela autoridade
a relação custo/beneficio do trabalho administrativo. É a idéia de administrativa”.
maximizar resultados com o menor recurso possível. Passou de uma
Administração burocrática (lenta, onerosa, insuficiente – foco na Razoabilidade
forma) para Administração Gerencial (focada no resultado), a forma
ainda é importante, mas deixa de ser um fim em si mesmo. É Tal principio conduz às idéias de adequação e de necessidade.
importante saber que o princípio da eficiência deve estar em Assim, não basta que o ato da administração tenha uma finalidade
consonância com os outros princípios. O Poder judiciário não pode legitima. É necessário que os meios empregados pela Administração
anular ato administrativo por considera-lo ineficiente. sejam adequados à consecução do fim almejado e que sua
utilização, especialmente quando de trata de medidas restritivas ou
Como foi dito os princípios explícitos são aqueles expressamente punitivas, seja realmente necessária. Tal tem por objetivo impor
declarados no texto constitucional, como os princípios básicos do limites ao exercício do poder discricionário, que é aquele que traduz
Direito Administrativo, referidos no artigo 37. Mais além deles, a uma possibilidade legal de apreciação subjetiva por parte do
Constituição Federal estabelece também outros princípios explícitos administrador público, antes de tomar uma decisão. Deste modo, o
do Direito Administrativo, dentre os quais, destacamos: que se pretende é considerar se determinada decisão de aplicar
discricionariamente uma norma, vale dizer: de acordo com a
Contraditório e Ampla Defesa (art. 5º-LV); apreciação subjetiva de quem vai aplicá-la, apreciação subjetiva que
Devido processo legal (art. 5º-LIV); e diz respeito ao seu senso de oportunidade e de conveniência,
Economicidade e legitimidade (art. 70). contribuirá efetivamente para um satisfatório atendimento dos
interesses públicos. Portanto, a decisão discricionária do
Princípios Implícitos ou Informativos administrador será ilegítima, mesmo que sem transgressão da lei em
que se fundamenta, quando não for razoável.
Os princípios implícitos são aqueles que não estão expressamente
previstos, mas que decorrem do texto constitucional. Os principais Proporcionalidade
são:
Tem o objetivo de coibir excessos, por meio da aferição da
Finalidade; compatibilidade entre os meios e os fins da atuação administrativa,
Indisponibilidade do Interesse e de Bens Público; para evitar restrições desnecessárias ou abusivas. Por força deste
Razoabilidade; princípio, não é lícito à Administração Pública valer-se de medidas
Proporcionalidade; restritivas ou formular exigências aos particulares além daquilo que
Executoriedade ou Autoexecutoriedade; for estritamente necessário para a realização da finalidade pública
Autotutela; almejada. Visa-se, com isso, que haja adequação, proporcionalidade
Motivação; e entre os meios e os fins, vedando-se a imposição de obrigações,
Continuidade dos Serviços Públicos. restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente
necessárias ao atendimento do interesse público. Assim, se a
Finalidade decisão administrativa for manifestamente inadequada para
alcançar os fins que a lei determina, a Administração Pública terá
Consiste no atendimento do interesse público, sendo, por este exorbitado dos limites da discricionariedade e o Poder Judiciário
motivo, também chamado de “princípio da supremacia do interesse poderá corrigir a ilegalidade.
público”. O afastamento da Administração Pública da busca do
interesse público acarreta o desvio de finalidade, uma das formas de Os princípios implícitos da razoabilidade e da proporcionalidade são
abuso de poder. A finalidade ultima é o benéfico da coletividade; apontados pela doutrina, sem exceção, como as maiores limitações
toda sua atuação deve esta voltada para o interesse público, sob impostas ao poder discricionário da Administração.
pena de restar maculada pelo vicio do desvio de finalidade. Em fim,
não é o individuo em si o destinatário da atividade da AP, mais sim a Executoriedade ou Autoexecutoriedade
coletividade, o grupo social como um todo. Quando houver conflito
entre interesse publico e interesse particular, deverá prevalecer o Consiste na aptidão jurídica, reconhecida à Administração Pública,
interesse público, tutelado pelo Estado, respeitados, entretanto, os de deflagrar a aplicação executiva, direta, imediata e concreta da
direitos e garantias individuais expressos na CF. vontade contida na lei, empregando seus próprios meios executivos,
até mesmo a coerção, quando se faça necessária e com a devida
Indisponibilidade do Interesse e Bens Públicos proporcionalidade.
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
2
Curso Preparatório Brasil
poder vinculado apenas possibilita à AP executar o ato vinculado nas
estritas hipóteses legais e observando o conteúdo rigidamente
Motivação estabelecido na lei. Ex.: aposentadoria compulsória de servidor
público aos 70 anos de idade; concessão de licença para construir
Significa a necessidade de fundamentação dos atos administrativos, imóvel.
pelos administradores que venham a editá-los. É a exposição ou a
indicação por escrito dos fatos e fundamentos jurídicos que É importante saber que todos os atos administrativos são vinculados
ensejaram a pratica do ato. quanto aos requisitos de competência, finalidade e forma. Os atos
ditos vinculados também o são quanto aos requisitos motivo e
Continuidade dos Serviços Públicos objeto.
A prestação dos serviços públicos deve ser adequada, não podendo Caso a ato se desvie dos requisitos impostos pela Lei ele será nulo e
sofrer interrupções, pois caso ocorra prejudicará toda coletividade. caberá a Administração Pública ou ao Poder Judiciário declarar sua
A lei restringe a possibilidade de um particular prestador de serviço nulidade.
publico por delegação interromper sua prestação, mesmo que a AP
descumpra os termos do contrato celebrado com ele; tal restrição é 2.2 Poder Discricionário
denominada inoponibilidade da exceção do contrato não
cumprido. Em tal caso o particular prejudicado só poderá reincidir o Aquele concedido à Administração Pública para a prática de atos
contrato e ter ressarcido seus prejuízos mediante sentença judicial administrativos que exijam uma apreciação subjetiva por parte do
transitada em julgado. administrador público. Esta apreciação subjetiva diz respeito à
oportunidade e à conveniência da prática do ato administrativo, o
que significa dizer “quando” e “se”, respectivamente, o ato deve ser
praticado. Assim, a Administração Pública tem, neste caso,
liberdade de decisão conferida pela lei que não pode ser
O Prof. Jose dos Santos Carvalho Filho conceitua poderes
extrapolada, o que significaria a prática de uma arbitrariedade.
administrativos como “o conjunto de prerrogativas de direito público
Há, portanto, evidente diferença entre arbitrariedade, que é ação
que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim
contrária à lei, e discricionariedade, que é liberdade de ação
de permitir que o Estado alcance seus fins”. administrativa segundo os limites da lei. Ex.: Promoção por escolha.
No desempenho de suas atribuições o administrador público passa a
contar com poderes, denominados poderes administrativos, que lhe 2.3 Poder Hierárquico
são atribuídos para que possa remover os interesses particulares
É aquele de que dispõe a Administração Pública para distribuir e
que se oponham aos interesses públicos. Assim, o uso desses
escalonar as funções de seus órgãos, estabelecendo uma relação de
poderes administrativos pelo administrador público, só é razoável
subordinação, denominada hierarquia, entre os servidores do seu
quando objetive atender aos interesses da coletividade. Cada
quadro de pessoal. O Poder Hierárquico tem por objetivos: Ordenar
agente público é investido da necessária parcela de poder público
as atividades da Administração Pública. Coordenar as funções, para
para o desempenho de suas atribuições. Esse poder deve ser usado
que haja funcionamento harmônico. Controlar a atuação dos
normalmente, como atributo do cargo, do emprego ou da função
agentes públicos, para que haja cumprimento das leis e para que se
que exerce, e não como privilégio pessoal. É esse poder que
tenha um perfil profissional de cada agente e Corrigir erros
empresta autoridade ao agente público. Fora do exercício do cargo,
administrativos pela ação revisora do superior hierárquico sobre os
do emprego ou da função, o agente público não pode usar de
atos dos seus subordinados.
autoridade pública sob pena de cometer abuso de poder ou de
autoridade. Assim, o uso de autoridade só é lícito quando vise a Por outro lado, tem as seguintes faculdades implícitas: Dar ordens,
impedir que um indivíduo prejudique direitos alheios, tendo em da qual decorre o dever de obediência. Note-se, no entanto, que o
vista que, em um Estado de Direito democrático, como o nosso, só subordinado não pode ser compelido à prática de ato ilegal, por
são admitidas prerrogativas em razão da função. força do art. 5º-ii da constituição federal. Fiscalizar, que significa
vigiar os atos de seus subordinados. Delegar, ou seja, conferir a
Desta forma, os poderes administrativos são conferidos ao agente
outrem atribuições que originariamente lhe competem. a delegação
público para remover os interesses particulares que se oponham ao
não pode ser recusada pelo subordinado. Avocar, que é chamar a si
interesse público. Assim, se no direito privado o poder de agir é uma
funções que originariamente competem ao seu subordinado e Rever
faculdade, no direito público, especialmente no direito
os atos dos subordinados para mantê-los ou invalidá-los, de ofício
administrativo, é uma imposição, um dever para o agente que o
ou mediante provocação do interessado.
detém, pois não se admite omissão diante de situações que exigem
a atuação do agente público. Conclui-se daí que, sendo os poderes
administrativos também um dever para o agente que os detém, em 2.4 Poder Disciplinar
realidade, são verdadeiros poderes-deveres.
Corresponde à faculdade de punir internamente as infrações de
todos aqueles sujeitos à disciplina dos órgãos e serviços da
Os poderes administrativos são os seguintes:
Administração Pública. Não se confunde com o poder punitivo do
Estado, realizado através da Justiça Penal. Só abrange, portanto,
2.1 Poder Vinculado
infrações relacionadas com o serviço administrativo. A aplicação da
pena disciplinar tem o caráter de DEVER, uma vez que a
Também denominado regrado, é aquele conferido à Administração
condescendência é considerada crime contra a Administração
Pública para a prática de atos em que não possa interferir com a sua
Pública (art. 320 do Código Penal - CP). A sua apuração regular da
apreciação subjetiva. Nesta espécie de atos a liberdade de atuação
falta disciplinar é indispensável para a legalidade da punição
do administrador é mínima ou inexistente, porque tem que seguir a
administrativa (princípio do devido processo legal – CF-5º, LIX), bem
minuciosa enumeração da lei em todas as suas especificações. O
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
3
Curso Preparatório Brasil
como a motivação (exposição dos motivos da pena) é imprescindível Da mesma forma que o poder de polícia de manutenção da
para a validade da pena. ordem pública, o poder de polícia repressivo exerce-se sobre as
pessoas, ao passo que o Poder de Polícia Administrativo pode
2.5 Poder Regulamentar atuar também sobre os bens ou atividades das pessoas. Cabe
ressaltar que a doutrina em sua maioria, não admite a delegação
É a faculdade de que dispõem os chefes de Poder Executivo para do poder de policia a pessoas da iniciativa privada, ainda que
explicitar a lei, visando a sua correta execução. Ele a exerce através prestadores de serviço de titularidade do Estado, porque o
de Decretos, denominados decretos regulamentares, em razão de, poder de império é próprio e privativo do Poder Público.
em nosso sistema jurídico os Regulamentos não terem autonomia,
isto é, dependerem de um ato normativo que os coloque em vigor. Atributos [do poder de polícia]
Desta forma, o Poder de Polícia pode ser: Abusar do poder administrativo é empregá-lo em desacordo com a
lei. Ocorre quando o administrador público, embora competente
a) Preventivo ou Administrativo: quando exercido pelos órgãos para praticar um ato administrativo, ultrapassa o limite legal das
de fiscalização da Administração Pública, especialmente no que suas atribuições, exorbita no uso dos seus poderes administrativos,
diz respeito à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à praticando um excesso de poder, ou se desvia da finalidade
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades administrativa, que é o interesse público, ocasionando um desvio de
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder finalidade. Desta forma, o abuso de poder, também denominado
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e abuso de autoridade, será em razão de:
aos direitos individuais ou coletivos. Que por sua pode ser:
Excesso de Poder: se caracteriza tanto pelo descumprimento
- Genérico ou fiscalizatório: quando atua visando prevenir frontal da lei, quando o agente público age claramente além da
ou reprimir os atos contrários ao interesse público, sua competência invadindo competência de outros agentes ou
exercendo-se sobre os bens ou atividades das pessoas. EX.: praticando atividades que a lei não lhe conferiu, como, também,
Corpos de Bombeiros, Polícia Sanitária, Polícia de Costumes quando ela contorna dissimuladamente as limitações da lei, para
(censura, interdição de locais, etc.), Polícia de Viação investir-se de poderes que não lhe são atribuídos legalmente.
(Trânsito), Polícia de Profissões (Conselhos Nacionais e Ex.: Ministro de Estado editando um decreto, que é ato privativo
Regionais, OAB), etc. dos chefes de Poder Executivo.
- Específico, de segurança ou de manutenção da ordem Desvio de Finalidade: verifica-se quando, embora atuando nos
pública: quando atua de modo a prevenir as infrações legais, limites da sua competência, o agente público, pratica o ato por
exercendo-se em relação às pessoas. É desempenhado pelas finalidade diversa da exigida pelo interesse público. Ex.:
Polícias Militares. O poder de polícia administrativo tende a Desapropriação alegando utilidade pública quando o fim real é o
ser preventivo porque procura atuar antes do cometimento interesse pessoal do administrador; remoção de servidor como
do delito. meio de vingança.
Fazendo, por exemplo, um contraponto entre a atuação das Diversamente do excesso de poder, que decorre de violação ao
Polícias Militares e das Polícias Civis, esta característica fica bem requisito competência, o desvio de poder deriva de ofensa ao
clara, porquanto vemos que estas deveriam agir requisito finalidade.
repressivamente, isto é, após a prática do delito, enquanto
aquelas deveriam atuar preventivamente, daí o motivo porque O abuso de poder pode ser omissivo ou comissivo.
podem ser identificadas pelo uso de uniforme ou fardamento.
Uma forma omissiva é a que ocorre quando a Administração Pública
b) Repressivo ou de polícia judiciária: quando exercido após a procrastina, sem motivo, uma decisão relativa a uma pretensão do
prática do delito. Cabe, portanto, às Polícias Civis, que são a administrado. Se não houver prazo legal para a decisão, deve-se
polícia judiciária porque atuam como auxiliares do Poder aguardar um tempo razoável, que, ultrapassado com a AP em
Judiciário, apurando os delitos cometidos, razão por que são silêncio, caracterizará o abuso, corrigível judicialmente.
também chamadas de polícia repressiva.
Nesta hipótese, entretanto, o administrado não perde o seu direito
enquanto perdurar a omissão da Administração Pública. No direito
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
4
Curso Preparatório Brasil
privado, o silêncio é normalmente interpretado como uma Diz respeito, portanto, ao comando, presente em alguns atos
concordância da parte que silencia; no direito público, porém, nem administrativos (e não em todos), visto que, em atos de concessão
sempre é assim. de direitos ao administrado, por sua própria solicitação (como na
licença, permissão, autorização, etc.) ou em atos apenas
enunciativos (como a certidão, o atestado e o parecer), este atributo
inexiste. Este comando é garantido pela coercibilidade, que é um
3.1 Conceito dos atributos da norma jurídica e que significa a possibilidade de uso
da coação pelo Poder Público para garantir o comando implícito no
Ato Administrativo é uma manifestação unilateral de vontade da ato jurídico e, em consequência, no ato administrativo, que é uma
Administração Pública, ou de particulares investidos em funções espécie de ato jurídico.
públicas, através de seus agentes, objetivando estabelecer, declarar,
confirmar, alterar ou desconstituir uma relação jurídica entre ela e Autoexecutoriedade
os seus administrados, ou entre os seus órgãos. É o atributo do ato administrativo que possibilita ao administrador
público decidir e fazer cumprir a sua decisão, sem a interferência do
Os atos são espécie do gênero ato jurídico, ou seja, decorrem Poder Judiciário, podendo, desta forma, aplicar sanções, tais como:
diretamente da manifestação de vontade humana, dos quais multas, interdições etc. Desta forma, traduz que a prática de um ato
resultam consequências jurídicas. Ex.: a certidão (nascimento, não depende de ordem ou mandado judicial. A autoexecutoriedade
casamento) expedida por um órgão público através do agente não é a regra, não existindo, portanto, em relação a todos os atos
competente. A Administração Pública pode praticar atos e contratos administrativos. Ela só é possível, desde que ocorra nas seguintes
em regime de Direito Privado, igualando-se aos particulares, abrindo situações:
mão de sua supremacia de Poder Público, não se podendo falar,
nessas circunstancias, em ato administrativo. ‒ Quando prevista em lei, como acontece em caso de exercício do
poder de polícia administrativo fiscalizatório; ou
O estudo do ato administrativo parte da sua inserção na Teoria ‒ Quando constituir a condição indispensável à eficaz garantia do
Geral do Direito, com as distinções entre ato administrativo e fato interesse público confiado por lei à Administração Pública. É o
jurídico. O fato jurídico é um acontecimento material involuntário caso de medidas urgentes, que devem ser adotadas de imediato
(pode ser ordinário: nascimento ou morte; ou extraordinário: caso para não ocasionar prejuízo maior para o interesse público,
fortuito ou força maior), que produz efeitos no mundo jurídico. O como acontece na demolição de um prédio que ofereça perigo,
ato jurídico é uma manifestação de vontade destinada a produzir a internação de uma pessoa com doença contagiosa, etc.
efeitos jurídicos.
Tipicidade
3.2 Atributos [Características] É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a
figura definidas previamente pela lei como aptas a produzir
Atributos são as qualidade dos atos administrativos e pode ser determinados resultados. Corolário do principio da legalidade, esse
entendidos como as características inerentes a eles. São aqueles ato temo condão de afastar a possibilidade de a AP praticar atos
que os diferenciam dos demais atos jurídicos. inominados. A tipicidade só existe com relação a atos unilaterais;
não existe nos contratos porque, não há imposição da vontade da
- Presunção de Legitimidade; Administração, que depende sempre da aceitação particular.
- Presunção de Veracidade;
- Imperatividade;
3.3 Elementos ou Requisitos de Validade do Ato
- Autoexecutoriedade; e
- Tipicidade. Para ter validade jurídica, o ato administrativo precisa conter
determinados elementos estruturais. São eles:
Presunção de Legitimidade
A presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com - Competência [Sujeito];
a lei. É qualidade de todo e qualquer ato administrativo. Decorre, - Finalidade;
portanto, do princípio da legalidade. Significa dizer que o ato - Forma;
administrativo deve ser observado em toda a Administração Pública - Motivo [Causa]; e
sem contestações por parte das pessoas a eles sujeitas. Portanto, - Objeto [Conteúdo].
até prova em contrário, ele é válido e legal.
Competência [Sujeito]
Presunção de Veracidade Diz respeito ao poder legal atribuído ou conferido ao agente publico
Já a presunção de veracidade diz respeito aos fatos alegados pela (ou órgão) para o desempenho especifico das atribuições de seu
Administração Pública, que, em decorrência desse atributo, cargo. Ex.: Multa aplicada pelo agente de trânsito. Assim, para que
presumem-se verdadeiros. Existe, portanto, em relação a alguns o ato administrativo seja válido tem que haver uma correspondência
atos administrativos, como as certidões, os atestados, as entre quem o pratica e a competência estabelecida na lei para a sua
declarações ou quaisquer em que a Administração Pública preste prática. A competência tem os seguintes pressupostos:
informações. Até que seja provada a não veracidade de tais atos,
eles são considerados verdadeiros. - é exercício obrigatório para órgãos e agentes públicos.
- é irrenunciável;
- é limitada aos termos da lei que a institui;
Imperatividade
- é imodificável pela vontade do agente;
É o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem aos seus
- é própria do cargo (intransferível); e,
destinatários, independentemente de concordância. Ele cria
- se for extrapolada, ocasiona abuso de poder.
obrigações e impõe restrições, unilateralmente, aos administrados.
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
5
Curso Preparatório Brasil
3.4 Classificação do Ato Administrativo
Finalidade
Os Atos Administrativos podem ser classificados tendo-se em vista
É sempre o interesse público. A prática de ato administrativo para
diversos critérios.
satisfazer interesse pessoal constitui-se em desvio de finalidade,
uma das formas de abuso de poder, que torna inválido o ato
administrativo praticado, que terá então uma falha estrutural ou Quanto aos destinatários
vício de finalidade.
Gerais ou Regulamentares: aqueles expedidos sem
destinatários determinados, atingindo, portanto, todos aqueles
Forma administrados que estejam na mesma situação. Esses atos não
É o modo pelo qual ele (o ato) se apresenta. Em geral, é sempre a possuem destinatários determinados. Ex.: Regulamentos,
escrita e sempre prevista em lei. No entanto, a prática de ato circulares, edital de concurso público, etc.
administrativo verbais pode ocorrer em casos de urgência ou em Individuais ou Especiais: aqueles que têm destinatário certo
algumas hipóteses, tais como: criando uma situação jurídica particular. O mesmo ato pode
abranger a um ou vários sujeitos, desde que individualizados.
- instruções de superior hierárquico a subordinado;
Ex.: Decreto de nomeação, exoneração ou desapropriação;
- sinalização de trânsito pelo seu agente.
Outorga de licença; etc.
Portanto, a expedição verbal de um ato administrativo, cuja forma Quanto ao alcance ou abrangência dos efeitos
exigida seja a escrita, acarretará a sua invalidade por vício de forma.
O descumprimento do processo de elaboração (processo Internos: os destinados a produzir efeitos somente no âmbito
legislativo), previsto para as leis também enseja o vício de forma. das repartições administrativas, incidindo diretamente sobre
Ex.: Certidão de casamento (escrita); Ordem verbal dada pelo órgãos e agentes administrativos. Ex.: Memorandos, Ordens de
policial a um cidadão. Serviço, etc.
Externos: os que produzem efeito fora do âmbito das
Motivo [Causa] repartições administrativas. Ex.: Decreto, licença, naturalização
São as razões que levam o administrador público à prática de um ato de estrangeiro, etc.
administrativo. Todo ato administrativo, para ser válido precisa de
um motivo. No entanto, aquele que expede o ato administrativo, em Quanto às prerrogativas com que atua a Administração
regra não precisa dizer ou escrever quais são os motivos que
levaram à prática do ato administrativo. É um poder discricionário Atos de Império: os praticados pela Administração Pública no
dele, agente público. uso de sua supremacia sobre o administrado, impondo
atendimento obrigatório independentemente de autorização
Objeto [Conteúdo] judicial. Ex.: desapropriação; ordem de interdição de
O objeto do ato administrativo identifica-se com seu próprio estabelecimento.
conteúdo, por meio do qual a Administração manifesta sua vontade, Atos de Gestão: os praticados pela Administração Pública sem o
ou atesta simplesmente situações preexistentes. É o efeito que o uso de sua supremacia. Ex.: aquisição ou venda de um bem; etc.
ato administrativo produz; a alteração que, com a sua publicação, se Atos de expediente: são atos internos da Administração que
pretende realizar no mundo exterior. Ex.: Qual o objeto de uma visam a dar andamento aos serviços desenvolvidos por uma
certidão? Para que serve? Para provar alguma coisa. Assim, o objeto entidade, um órgão ou uma repartição.
da certidão é provar o fato. E da licença para construir? É permitir
que a pessoa venha a construir legalmente. Quanto ao regramento ou ao grau de liberdade para decidir
Assim, cada Ato Administrativo permite alcançar-se um Atos Vinculados: aqueles em que a lei estabelece todos os
determinado objeto. Importante ressaltar que o objeto de um ato requisitos e condições para a sua realização, sem deixar
administrativo deve ser sempre lícito (de acordo com as leis), qualquer margem de liberdade ao administrador.
possível e do interesse público. Quando utilizamos o ato Atos Discricionários: aqueles que a administração pode praticar
administrativo adequado temos o objeto lícito e possível. Há com certa liberdade de escolha, nos termos e limites da lei.
ocasiões, no entanto, que o objeto pode ser ilícito, como no caso de
um contrato para matar alguém, ou impossível (pelo menos no Quanto à formação ou à composição da vontade
momento da prática do ato),como no caso de uma concessão para
transportes coletivos entre a Terra e a Lua. Atos Simples: os que resultam da manifestação de vontade de
um único órgão; seja este singular (também denominado
Pelo exposto podemos notar que os requisitos de validade do ato unipessoal) ou colegiado. Ex.: Sentença de um magistrado;
administrativo podem ser vinculados (competência, finalidade e nomeação pelo chefe do Executivo; decisão de um Conselho;
forma) ou discricionários (motivo e objeto). acórdão de um Tribunal; etc.
Atos Complexos: os que se formam pela conjugação de
Mérito Administrativo: o que vem a ser?
vontades de mais de um órgão administrativo, seja eles
À análise dos motivos e da escolha do objeto, isto é, dos requisitos
singulares (também denominados unipessoais) ou colegiados.
discricionários do ato administrativo, submetendo-os ao crivo da
Ex.: investidura de um servidor público (nomeação pelo chefe do
oportunidade e da conveniência da prática do ato administrativo,
Executivo + posse e exercício pelo chefe da repartição).
denomina-se mérito administrativo. Desta forma, o mérito tem a Atos Compostos: os que resultam da vontade única de um
ver com o poder discricionário do administrador, não estando, desta
órgão, mas dependem da verificação ou homologação por outro
forma, sujeito ao controle judicial. Não há, portanto, que se discutir
órgão, para que se tornem exequíveis. Ex.: autorização; compra
mérito de ato vinculado.
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
6
Curso Preparatório Brasil
de material; escala de serviço (dependem de um visto da É a retirada do ato administrativo fundada em ilegalidade. Ocorre
autoridade superior). quando há um vicio no ato, relativo à legalidade ou legitimidade
(ofensa à lei ou ao direito). Quando o vicio for insanável, o ato é
Quanto à eficácia nulo e a anulação é obrigatória; quando for sanável, o ato é
anulável, e pode ser anulado ou convalidado. Quando atos desse
Válido: aqueles que possuem todos os requisitos necessários à tipo forem retirados do mundo jurídico, ela retroage seus efeitos ao
sua validade. Provém da autoridade competente e está momento da pratica do ato (ex tunc).
conforme todas as exigências legais para a sua regular produção
e efeitos. Revogação
Nulo: aqueles que são afetados por vício estrutural, insanável. É a retirada, do mundo jurídico, de um ato válido, legitimo e eficaz,
Não produzem qualquer efeito válido, pela evidente razão de mas que, segundo critérios discricionários da Administração, tornou-
que não se pode adquirir direitos contra a lei. O ato nulo é se inconveniente e inoportuno. A revogação produz efeito produz
ilegítimo, ilegal, não podendo ser convalidado, nem produzir efeitos prospectivos, ou seja, para frente (em nunc), devendo ser
efeito válido entre as partes. respeitado os direitos adquiridos.
Inexistente: aquele que possui apenas aparência de
manifestação de vontade da AP, mas que não chegou a Convalidação ou Sanatória
aperfeiçoar-se como ato administrativo. Ex.: ato praticado por A convalidação é o processo de que se vale a Administração para
um usurpador de função pública que se passa pela condição de aproveitar atos administrativos que possuam vícios sanáveis, de
servidor. forma a confirma-los no todo ou em parte. É a pratica de um ato
posterior que vai conter todos os requisitos de validade, inclusive,
Quanto aos efeitos aquele que não foi observado no ato interior e determinar a sua
retroatividade a data de vigência do ato tido como anulável. Os
Constitutivo: aquele pelo qual a Administração Pública cria, efeitos passam a contar da data do ato anterior (ex tunc); é editado
modifica ou extingue um direito ou uma situação do um novo ato.
administrado em relação à Administração. Ex.: permissão;
autorização; dispensa; punição; revogação; etc. Cassação
Extintivo ou desconstitutivo: é aquele que põe fim a situações É a retirada do ato administrativo fundada no descumprimento da
jurídicas individuais existentes. Ex.: cassação de uma lei. Ex.: se você conduzir embriagado um veículo, a Administração
autorização, a demissão de um servidor etc. pode cassar a sua licença para dirigir.
Declaratório: aquele em que a Administração Pública apenas
reconhece ou declara um direito já existente antes do ato,
Caducidade
visando preservar o direito do administrado. Ex.: homologação; Ocorre quando uma nova legislação impede a permanência da sua
isenção; anulação; etc. situação anteriormente consentida pelo Poder Publico. Surge uma
Alienativo: é aquele que tem por fim a transferência de bens ou nova norma jurídica que contraria aquela que respaldava a pratica
de direitos de um titular a outro. do ato. Ex.: o Brasil nos anos 40 aceitava jogos de azar. Hoje não
Modificativo: é o que tem por fim alterar situações mais. O Poder Público não mais concede essa licença. Aqueles que
preexistentes, sem provocar a sua supressão. tinham essa licença sofreram sua caducidade.
Abdicativo: é aquele por meio do qual o titular abre mão,
abdica, de um determinado direito.
Contraposição ou Derrubada
É quando existem dois atos administrativos diferentes, mais de
Quanto à formação e à possibilidade de produção de efeitos efeitos contrapostos, sendo que o efeito de um derruba o efeito de
outro. Ex: ato administrativo de nomeação vs. Ato administrativo de
Perfeito: é aquele que teve seu ciclo de formação encerrado,
demissão. Provimento vs. Nomeação. Obs.: se o ato for ineficaz, ele
que já esgotou todas as fases necessárias à sua produção.
se extingue pela mera retirada ou pela recusa do destinatário.
Imperfeito: é aquele que não completou o seu ciclo de
formação, que não se encerrou; que não esgotou todas as fases
necessárias à sua produção. Mera Retirada
É a revogação de um ato administrativo que ainda não começou a
Pendente: é aquele que, embora perfeito, esta sujeito a
condição ou termo para que comesse a produzir efeitos. produzir efeitos. Não se confunde com a revogação propriamente
Consumado (ou exaurido): é o que já exauriu os seus efeitos, dita, uma vez que não existem efeitos a serem preservador. Ex.:
houve a nomeação para cargo publico e não houve posse. É retirado
que já produziu todos os efeitos que estava apto a produzir, que
do mundo jurídico o ato de nomeação para que outro seja nomeado
já esgotou sua possibilidade de produzir efeitos. Esse ato torna-
se definitivo, imodificável, não podendo ser impugnado, seja na e tome posse.
esfera administrativa ou pelo Poder Judiciário.
Conversão
Aproveita-se com outro conteúdo, o ato que incialmente foi
3.5 Extinção dos Atos
considerado nulo. Ex.: Nomeação de alguém para o cargo publico
O desfazimento do ato administrativo poderá ser resultante do sem aprovação em concurso, mas poderá haver nomeação para
reconhecimento de sua ilegitimidade, de vícios na sua formação, ou cargo comissionado. A conversão dá ao ato conotação que deveria
poderá simplesmente advir da necessidade de sua existência, isto é, ter tido no momento de sua criação. Produz efeito ex tunc.
mesmo legitimo o ato pode torna-se desnecessário e pode ser
declarada inoportuna ou inconveniente a sua manutenção. Renuncia
Consiste na extinção dos efeitos do ato ante a rejeição pelo
Anulação ou Invalidação beneficiário de uma situação jurídica favorável de que desfrutava
em consequência daquele ato. Ex.: a renuncia de um cargo de
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
7
Curso Preparatório Brasil
Secretário do município, um beneficiário de um titulo honorífico (de atividades administrativas. Constitui-se dos serviços integrados na
desinteressando e ele renuncia). Não investe o direito de o estrutura administrativa da Presidência da República e dos
beneficiário ser indenizado nesse caso, visto que foi ele que Ministérios e está presente nos três Poderes do Estado (Executivo
renunciou o ato. Legislativo e Judiciário). Estes três poderes exercem,
respectivamente, as funções administrativa, legislativa e
Recusa jurisdicional.
Ao recusar o que o ato outorga, seu beneficiário o extingue, dando
que a aceitação era elemento necessário para que o ato pudesse Administração indireta
produzir efeitos para os quais estavam preordenados. A recusa não
se confunde com a renúncia, pois na recusa rejeita o que não se É o conjunto de pessoas administrativas que vinculadas à
possui, na renúncia rejeita o que já se possui. Não investe o direito Administração Direta, tem competência par ao exercício, de forma
de ser indenizado. descentralizada, de atividades administrativas. Compreende as
seguintes categorias de entidades pública, dotadas de personalidade
Outras Formas de Extinção jurídica própria:
Características
‒ integram a estrutura de uma pessoa jurídica; Quanto à sua estrutura
‒ não possuem personalidade jurídica;
‒ são resultados da desconcentração; Simples: quando não possuem outros órgãos em sua estrutura;
‒ alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira; possui um só centro de competência. Não são subdivididos em sua
‒ podem firmar contrato de gestão com outros órgãos ou com estrutura interna.
pessoas jurídicas;
‒ não tem capacidade pra representar em juízo a pessoa jurídica Compostos: quando reúnem em sua estrutura outros órgãos
que integram; menores, como resultado da desconcentração administrativa. Ex.:
‒ apenas alguns tem capacidade processual para a defesa em juízo Um protocolo ou uma portaria são exemplos de órgãos simples,
de suas prerrogativas funcionais; enquanto um Ministério é um órgão composto.
‒ não possuem patrimônio próprio.
Quanto à sua atuação funcional: singulares e colegiados
Classificação
Sendo os órgãos públicos elementos despersonalizados, ou seja,
sem personalidade jurídica própria, integrando a estrutura da Singulares ou Unipessoais: são aqueles que atuam e decidem
Administração Pública brasileira, tanto na União, como nos Estados, através de um único titular, que é seu chefe e representante (Ex.:
nos Municípios e no Distrito Federal, podem ser classificados da Presidência da República, Governadorias de Estados, Prefeituras
seguinte forma: Municipais, dentre outros);
Quanto à sua posição estatal Colegiados: são aqueles que atuam e decidem pela manifestação
conjunta e majoritária da vontade de seus vários titulares (Ex.:
Congresso Nacional, Tribunais, Assembleias Legislativas, dentre
Independentes: são aqueles originários da Constituição, sendo
outros).
representativos dos Poderes de Estado (Poder Legislativo; Poder
Executivo e Poder Judiciário). Por este motivo, são também
denominados órgãos primários do Estado. Não possuem qualquer 4.4 Entidades Administrativas
subordinação hierárquica ou funcional. As atribuições são exercidas
As entidades configuram a Administração Pública Indireta e sua
por agentes políticos. Ex.: No Poder Legislativo temos o Congresso
criação pode ser estabelecida através de duas formas: (i) por meio
Nacional (Senado Federal e Câmara dos Deputados), Assembleias
de lei especifica, diretamente; e (ii) mediante ato do Poder
Legislativas, Câmaras de Vereadores; no Poder Executivo:
Executivo, autorizado por lei específica. A criação de entidades da
Presidência da República, Governadorias dos Estados e do Distrito
Administração Indireta realizada diretamente pela edição de lei
Federal, Prefeituras Municipais; no Poder Judiciário: Tribunais
especifica somente se aplica, hoje, à criação de autarquias. A
(Supremo Tribunal Federal, Tribunais Superiores Federais e demais
emenda nº 19/1988 passou a exigir autorização de lei especifica
Tribunais Federais e Estaduais), Juízes (Federais e dos Estados); no
para a criação das demais entidades da Administração Indireta –
Ministério Público: (federal e estadual); e Tribunais de Contas.
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações
públicas.
Autônomos: são aqueles localizados na cúpula da Administração
Pública, imediatamente abaixo dos órgãos independentes e
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
9
Curso Preparatório Brasil
Espécies Entidades Administrativas O foro processual: as empresas públicas federais terão suas
causas processadas e julgadas na justiça federal. As empresas
públicas federais estaduais e municipais terão suas causas
Autarquias
processadas e julgadas na justiça Estadual. Já as sociedades de
É a pessoa jurídica de direito público, criada por lei, com a
economia mista federais, estaduais e municipais terão suas
capacidade de autoadministração, para o desempenho de serviço
causas processadas e julgadas na justiça Estadual.
publico descentralizado, mediante controle administrativo exercido
nos limites da lei. Ex.: BACEN; USP; ANATEL; ANEEL; ANAC etc.
‒ são entidades administrativas autônomas;
‒ são criada somente por lei específica;
‒ com personalidade jurídica de direito publico interno; A expressão “agente público” tem sentido amplo, alcançando todas
‒ possuem patrimônio próprio; as pessoas que, a qualquer titulo, exercem uma função pública,
‒ possuem atribuições estatais próprias; e remunerada ou gratuita, definitiva ou transitória, politica ou
‒ integram a Administração Indireta. jurídica, como preposto do Estado.
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
10
Curso Preparatório Brasil
(Procuradores da República, Procuradores e Promotores de Justiça); vantagens de um servidor público. Da mesma forma ocorre com o
os Membros dos Tribunais de Contas (Ministros e Conselheiros); os advogado credenciado para emitir Parecer Jurídico.
representantes diplomáticos; etc.
Agentes Temporários
Os agentes políticos não têm necessariamente vínculo profissional Aqueles contratados por tempo determinado para que a
com a Administração Pública. Assim, o Ministro dos Transportes Administração Pública possa atender a necessidade temporária do
pode não ser um engenheiro; o Ministro da Justiça pode não ser um interesse público. O vínculo destes agentes é celetista (contratação
advogado; ou, o Ministro da Fazenda pode não ser um economista. por prazo certo: art.479, da CLT). Segundo esta legislação são
Isto acontece porque o vínculo deles não é profissional, mas político. consideradas como de “excepcional interesse público” as seguintes
contratações, dentre outras: assistência a situações de calamidade
Agentes Administrativos [Servidores Públicos] pública (por seis meses); combate a surtos epidêmicos (por seis
Aqueles que têm com o Poder Público uma relação de trabalho meses); realização de recenseamentos (por doze meses); admissão
remunerado, de natureza profissional e de caráter permanente, sob de professor substituto e professor visitante (por doze meses);
vínculo de dependência. Características principais: profissionalidade; admissão de professor e pesquisador visitante estrangeiro (por até
relação de trabalho remunerado (estatutário ou CLT); não quatro anos); e atividades especiais nas organizações das Forças
eventualidade (permanência); e dependência do relacionamento (as Armadas para atender a área industrial ou a encargos temporários
entidades a que se vinculam prescrevem-lhes o comportamento nos de obras e serviços de engenharia (por até quatro anos).
mínimos detalhes).
Servidores Governamentais
Não devemos confundir servidor público e funcionário público. Este
Aqueles que sob o regime de dependência ligam-se às chamadas
último, é considerado aquele que, para efeitos penais, exerça cargo,
empresas governamentais, ou seja, às sociedades de economia
emprego ou função pública, embora transitoriamente ou sem
mista, empresas públicas e fundações privadas mantidas pelo Poder
remuneração (Código Penal, art.327). Funcionário Público, portanto,
Público. Têm as mesmas características dos servidores públicos
é expressão mais ampla do que servidor público, identificando-se
celetistas, sendo regidos, portanto, pelo regime jurídico privado.
melhor, desta forma, com o próprio conceito de agente público.
Nessa categoria enquadram-se: os servidores públicos concursados
em geral; ocupantes de cargo ou função em comissão, ocupantes de Agentes de Colaboração
emprego publico, servidores contratados temporariamente para São as pessoas, físicas ou jurídicas, que prestam serviço à
atender a necessidade de excepcional interesse público etc. Administração Pública, podendo ser:
Militares
Agentes Delegados São todos aqueles que, permanente ou temporariamente,
São particulares que recebem a incumbência da execução de desempenham atividade militar no âmbito federal ou estadual. Até
determinada atividade, obra ou serviço público e o realizam em a promulgação da Emenda Constitucional n.º 18, de 5 de fevereiro
nome próprio, por sua conta e risco, sob a permanente fiscalização de 1998, eram considerados servidores públicos, visto que estes
do poder delegante. Assim, a Administração Pública entrega a podiam ser civis ou militares. A partir da referida emenda, no
execução de certos serviços a estas pessoas, mas é ela quem entanto, os militares passaram a ter um regime constitucional
estipula as regras e quem realiza a fiscalização. Não são servidores próprio. Esses agentes públicos têm hoje suas prerrogativas e
públicos, tampouco representantes do Estado, mais apenas obrigações definidas na Constituição Federal, principalmente pelos
colaboradores do Poder Público. São os concessionários, artigos 42 e 142, além de estarem sujeitos também ao regime do
permissionários e autorizatários de serviços públicos; os leiloeiros; Estatuto dos Militares, estabelecido pela Lei Federal n.º 6.880, de 9
os tradutores públicos e intérpretes públicos etc. Os agentes de dezembro de 1980, no caso dos militares federais. Segundo a
delegados respondem civil e criminalmente sob as mesmas normas Constituição Federal, os militares são integrantes das Forças
da Administração Pública de que são delegados, ou seja, com Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) ou das Polícias Militares
responsabilidade objetiva pelo dano, pois, de acordo com o art. 37, e Corpos de Bombeiros Estaduais ou do Distrito Federal. Não são,
§ 6° da CF, as empresas de D. Público e as de D. Privado e os agentes portanto, militares os demais agentes eventualmente lotados nas
que prestam serviços em seu nome respondem diretamente pelos referidas instituições.
danos causados a terceiros.
5.3 Cargos, Funções e Empregos Públicos
Agentes credenciados
São aqueles que recebem a incumbência da Administração para Os órgãos públicos necessitam de pessoas incumbidas exercício das
representa-la em determinado ato ou praticar certa atividade competências do que lhes estão afetas. Estas pessoas, físicas ou
especifica, mediante remuneração do Poder Público credenciante. jurídicas, que sob qualquer vínculo jurídico e, às vezes, até mesmo
Ex.: Um médico ao ser credenciado pelo Poder Público para atender sem ele, venham a prestar serviços à Administração Pública, ou
a população não terá vínculo com o mesmo, ficando sem as
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
11
Curso Preparatório Brasil
realizar atividades estatais sob sua responsabilidade, são Assim, o quadro de servidores de uma universidade, por exemplo,
denominados agentes públicos. tem a carreira do pessoal docente, que é constituída por professores
das cinco classes acima citadas, ocupando os cargos de professor.
São os agentes públicos que desempenham as competências dos
diversos órgãos públicos, ocupando os cargos, empregos ou funções Os cargos podem ser de três espécies:
neles existentes. Desta forma, fixemos a distinção entre cargos
públicos, funções públicas e empregos públicos. I. Cargo Efetivo
Quando é ocupado por concurso público, da forma como dispõe a
Cargos CF, podendo, neste caso, ser:
Remoção
http://cursopreparatoriobrasil.blogspot.com/
15