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TECNOLOGIA GERAL – 12º ANO ANO LECTIVO 2011/2012

INSTALAÇÕES TÉCNICAS – PARTE I


CAPTAÇÃO, TRATAMENTO, DISTRIBUIÇÃO E CONSUMO DA ÁGUA
“A água é um bem essencial à vida.”
“Não há vida sem a água, um bem precioso e indispensável a todas as
actividades humanas”.
“Alterar a qualidade da água é prejudicar a vida do homem e dos outros
seres vivos que dependem dela”.
“A água é um bem comum, cujo valor deve ser reconhecido por todos. Cada
um tem o dever de a economizar e de a utilizar com cuidado”.

INTRODUÇÃO
A água (H2O) é uma substância líquida e incolor, insípida e inodora, essencial para a vida da maior
parte dos organismos vivos e excelente solvente para muitas outras substâncias, composta por dois
átomos de hidrogénio e um átomo de oxigénio.

O abastecimento de água para o consumo humano foi motivo de preocupação dos povos em todas as
épocas. A dependência do homem com relação à água e sua utilização para a alimentação e transporte
fizeram com que quase todas as cidades fossem fundadas junto ao mar, rios e lagos.

A água é fundamental. Precisamos dela para coisas básicas como saciar a sede, tomar banho, lavar roupa, cozinhar,
bem como para irrigar culturas e gerar energia.

A água é a substância mais comum na Terra. Setenta por cento da superfície do planeta é coberta por
água. No entanto, 97% dessa água está nos mares, sendo assim imprópria para o uso agrícola e
industrial e para o consumo humano. Outros 2% estão nas calotas polares, em forma de gelo ou neve.
Resta, assim, apenas 1% de água doce, aquela disponível nos rios, lagos e lençóis freáticos e, portanto,
própria para o consumo humano.
A água é o único composto que podemos encontrar, em circunstâncias normais, nos três estados da matéria (sólido,
liquido e gasoso) a temperaturas ordinárias. Na fase sólida, ou gelo, ela constitui os glaciares e as calotas glaciares.
Encontramos igualmente sob a forma de neve, granizo. Na fase liquida, constitui os oceanos, rios, lagos, pântanos,
orvalho, etc. e na fase gasosa, podemos encontra-la no vapor de água, névoa, na atmosfera.

CICLO DA ÁGUA
Pode admitir-se que a quantidade total de água existente na Terra se tem mantido constante,
desde o aparecimento do Homem. A água da Terra (que constitui a hidrosfera) distribui-se por três
reservatórios principais, os oceanos, os continentes e a atmosfera, entre os quais existe uma
circulação perpétua a que se dá o nome de ciclo da água ou ciclo hidrológico.
O ciclo hidrológico é a sequência fechada de fenómenos pelos quais a água passa do globo
terrestre para a atmosfera, na fase de vapor, e regressa aquela, nas fases líquida e sólida.

FASES DO CICLO HIDROLÓGICO


 Evaporação: é a passagem da água do estado líquido ao estado gasoso (vapor de água).
1- Evaporação directa: Quando a água dos mares, rios, lagos e represas evapora, com a acção do
calor, e passa a vapor de água, que sobe na atmosfera.
2- Transpiração: das plantas e dos animais
3- Sublimação: passagem directa da água da fase sólida para a de vapor.

1 Arlindo Mendes “Antes um inimigo do que um mau amigo.””


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 Condensação: é a passagem da água do estado gasoso (vapor de água), ao estado líquido. Acontece
quando o vapor de água se concentra e passa em zonas mais frias, formando as nuvens.
 Solidificação: é a passagem da água do estado líquido ao estado sólido. Conforme a passagem da
água pelas camadas altas, médias ou baixas da atmosfera, surge a neve, o granizo ou a geada.
 Precipitação: é a água que cai na superfície terrestre no estado sólido ou líquido. Acontece quando
as nuvens passam por regiões mais frias, ficam pesadas e chove.

Contudo, actualmente só o ciclo da água não é suficiente para purificar a água porque a acção do
Homem está cada vez mais poluída. Neste caso, para que a água seja reaproveitada, é necessário
proceder ao seu tratamento por meios artificiais (ETA), surgindo assim um ciclo de utilização da
água, que engloba o tratamento das águas residuais e das águas destinadas ao abastecimento público
e que se integra no ciclo hidrológico de todo o planeta.

CICLO DE UTILIZAÇÃO DA ÁGUA


1 Captação Nos rios, lagos e em reservas subterrâneas
2 Tratamento Em estações de tratamento [ETA]
3 Utilização Para fins domésticos, agrícolas, recreativas, culturais e industriais
4 Tratamento Em estações de tratamento de águas residuais [ETAR]
5 Devolução Nas reservas naturais

QUALIDADES DA ÁGUA PARA O CONSUMO


A água destinada ao consumo humano compreende a que é utilizada directamente para bebida e
a que é destinada à preparação de alimentos e pode afectar a salubridade (conjunto de requisitos
adequados à saúde pública; que faz bem à saúde), por isso deve ser potável.
A definição corrente de água potável não se baseia em dados precisos de composição, mas na
sua inocuidade para homem e nas características favoráveis que apresenta para os usos directamente
relacionados com a vida doméstica. Água potável é a que pode ser bebida sem perigo para a saúde,
tem sabor e aspecto agradáveis, coze bem os alimentos, isentas de microorganismos patogénicos e
serve para usos domésticos.
Por vezes faz-se a separação, na água para consumo, destas características em dois grupos: de
potabilidade e salubridade, considerando-se as de potabilidade relativas ao aspecto e sabor
(características físicas) e as de salubridade à ausência de contaminação bacteriana, tóxica ou
radioactiva, e de excessiva quantidade de substâncias orgânicas e minerais (características
bacteriológicas e químicas).
Das substâncias estranhas que a água contém umas são inofensivas ou mesmo benéficas e dão à
água características próprias; outras são prejudiciais. A nocividade destas é variável com a qualidade e
quantidade e pode ir ao ponto de causar doença, tornando a água perigosa para a saúde durante
períodos de tempo.

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CAPTAÇÃO DA ÁGUA
Entende-se por captação de águas o aproveitar ou o recolher das águas: das chuvas, das correntes
superficiais e subterrâneas e as das nuvens para fins indeterminados, tais como:
 O consumo humano;
 À rega (agricultura);
 Actividade industrial;
 À produção de energia;
 Actividades recreativas.
A captação de águas (superficiais ou subterrâneas) está sujeita a licenciamento ou contrato de concessão.

Captação da água das chuvas captação por condensação das águas das nuvens

Sendo certo que deve haver uma política a nível


nacional para a gestão dos recursos hídricos
existentes no país, prevendo a possibilidade de
transvases de água de uma região para outra,
conforme as disponibilidades e necessidades
existentes, não se pode deixar de considerar de
importância vital, a gestão das bacias
hidrográficas (barragens, diques de captação,
plantações de linhacho, lantuna, sisal) pois
estas são uma unidade geográfica base a
considerar no planeamento e gestão dos
recursos hídricos.

POLUIÇÃO DA ÁGUA
Os mares, rios e outras reservas superficiais e subterrâneas de água são frequentemente utilizados
como meios receptores e de transporte de esgotos domésticos, agrícolas e industriais, o que provoca a
sua poluição. Considera-se que uma água está poluída quando as suas características físicas, químicas e
biológicas a tornam inviável para ser aproveitada para o fim domestico.
Especificamente diz-se que a água está contaminada quando apresenta organismos patogénicos, elementos
radioactivos ou tóxicos que a tornam imprópria para o consumo público .

Na grande maioria dos casos, a poluição das águas tem origem na negligência do homem ou em
acidentes, sendo as causas naturais menos expressivas. Assim sendo temos as seguintes origens de
poluição.
 Efluentes domésticos;
 Efluentes industriais;
 Efluentes da pecuária;
 Lixiviação do solo e resíduos;
 Aplicação das pesticidas na via aérea;
 Variação sazonal da população;
 Intrusão salina, entre outros.
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SISTEMA DE ABASTECIMENTO E POTABILIZAÇÃO DA ÁGUA


O abastecimento de água têm por fim pôr à disposição
dos indivíduos e das comunidades, nas condições mais
satisfatórias de higiene e de comodidade, a água que
precisão de utilizar para fins pessoais e colectivos. Pode
ser a rede pública da concessionária de uma cidade ou
qualquer sistema particular de fornecimento de água.
 Rede pública
É o sistema de abastecimento mais utilizado nas cidades.
Neste caso, a concessionária de saneamento da cidade
faz a ligação da instalação predial da edificação até a
rede pública.
A figura abaixo mostra o desenho de um sistema público
de abastecimento de água, desde a sua captação até a
chegada na edificação, incluindo o processo de
tratamento.
Inicialmente a água “bruta” é captada de rios, lagos, nascentes, etc., em quantidade suficiente para
consumo da cidade. Antes de ser levada até as edificações, a água passa por um tratamento, onde se
elimina a sujeira e ocorre a desinfecção, segundo os critérios do Ministério da Saúde. A água
captada será então tratada. Inicialmente a água é bombeada para o tanque de coagulação, onde é
adicionado o sulfato de alumínio (processo de floculação). Depois ela vai para o tanque de decantação,
onde os “flocos”, que são pesados, se depositam no fundo do tanque. Em seguida a água será filtrada
(processo onde as demais impurezas da água passam por diversas camadas de pedra e areia). Finalmente,
ocorre a desinfecção da água: nesta etapa é adicionado o cloro, para combater as bactérias; o sal de flúor
para combater as cáries dentárias; e a cal hidratada para corrigir o pH (a acidez) da água. Então, a água,
pronta para o consumo, é bombeada para um reservatório ou estação elevatória e depois sob a
acção gravitacional será distribuída para a rede pública de abastecimento, levada até cada
edificação: residências, escolas, prédios, lojas.

Caso a casa onde você mora tenha o abastecimento de água pela rede pública, tanto o fornecimento, quanto a
potabilidade da água, são garantidos pela concessionária (empresa de saneamento básico) da sua cidade.

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 Sistema privativo
Na impossibilidade de fornecimento de água pelo sistema público de abastecimento, deve-se
adoptar a solução adequada e conveniente segundo os recursos hídricos locais, como o sistema de
poço (poço de lençol freático) ou poço artesiano.
O poço é escavado até alcançar a água do lençol freático, que se encontra em baixo do terreno, a
alguns metros de profundidade. A água é então levada ao reservatório ou directamente aos pontos
de consumo da edificação, através de uma bomba.

Os métodos da potabilização da água mais simples são os seguintes:


Métodos físicos
Filtragem: a água de qualidade
duvidosa deve ser filtrada.
Todavia a filtragem, embora
ajude a eliminar as bactérias,
por si só não é suficiente para
garantir a potabilização da
água. O filtro é fundamental
para a garantia da boa
qualidade da água. Poderá ser
composto por uma
sobreposição de camadas de
granulometria decrescente.

Ebulição: é o melhor método para destruir os


microrganismos patogénicos que se
encontrem na água. Para que este método seja
efectivo é necessário que a água ferva mesmo
bem. É conveniente utilizar o mesmo
recipiente tanto para ferver como para esfriar
a água.

Método químico: existem vários métodos para o


tratamento químico da água, mas o cloro é, sem dúvida, o
elemento mais importante que existe para a desinfecção
da água. O cloro é muito barato e é muito acessível
através da lixívia. A lixívia é de fácil controlo, económico
e eficiente. Deve-se filtrar a água, previamente, antes de
juntar a lixívia que deve ficar em repouso cerca de 20
minutos antes de ser usada. Juntar 2 gotas de lixívia por
cada litro de água.

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA


A concepção dos sistemas de distribuição pública de água deve passar pela análise prévia das
previsões do planeamento urbanístico e das características específicas dos aglomerados
populacionais, nomeadamente sanitárias, e da forma como se vão abastecer as populações com
água potável em quantidade suficiente e nas melhores condições de economia e ainda atender às
necessidades de água para o combate a incêndios.
O sistema de distribuição de água pode ser directo ou indirecto, com ou sem bombeamento e misto.

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Sistema directo de distribuição


No sistema directo de distribuição, a água chega até as tubulações
hidráulicas directamente da rede de abastecimento (rede
pública). Esse sistema é utilizado quando a pressão da rede
pública é suficiente, não havendo necessidade de reservatório.
Neste caso, a alimentação da edificação é ascendente (de baixo
cavalete para cima), como mostra a figura ao lado. No entanto, neste
sistema, é necessário que haja continuidade de fornecimento, pois
rede pública caso haja interrupção, como não se tem a água armazenada em
caixas de água, os pontos de consumo também ficarão sem água.

Sistema indirecto de distribuição, sem bombeamento


Neste caso a água da rede pública é levada directamente
cx.água

para um reservatório e a alimentação da edificação será


descendente (de cima para baixo), ou seja, do
reservatório desce por gravidade até os pontos de
consumo. É utilizado quando a pressão da rede é
suficiente, mas sem continuidade.
cavalete

rede pública

Sistema indirecto de distribuição, com bombeamento


Neste sistema a água da rede pública é armazenada em um
cx.água

reservatório inferior e bombeada para outro mais alto,


denominado reservatório superior. A água é distribuída a
partir do reservatório superior, no sentido descendente, ou
seja, do reservatório a água desce por gravidade até os
pontos de consumo. É o caso mais usual em edifícios, sendo
cavalete necessário o uso de bombas de recalque.
Bomba
boia
rede pública
cx. água inferior

Sistema de distribuição misto


c x.água

c avalete

rede públic a

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