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Referências Bibliográficas
Como educadores somos levados a avaliar o nexo cada vez mais importante entre a
cultura da mídia e a escolarização pós-moderna, assim como os movimentos em
direção à informatização e à tecnologização do currículo. Devemos avaliar aquilo que
já está ocorrendo em nossas salas de aula, quando os alienígenas entram e tomam
seus assentos, como criaturas surgidas debaixo da terra. E há aqueles que vêem a
cultura popular como o outro demoníaco da cultura alfabética e valorizam a cultura
literária em relação à televisão, a cultura impressa em detrimento à cultura visual.
DATOR[4] em 1989 vai identificar a diferença entre os alfabetizados na mídia versus
os alfabetizados no impresso, como um dos principais fatores de transformação do
cenário atual e ele desconfia que nós, condicionados a vida toda a pensar como um
livro não seremos capazes de lidar com essa diferença. E vai afirmar que vivemos
no interior das agonizantes culturas impressas e das emergentes culturas
audiovisuais. E nós que distorcemos ou destruímos as sociedades pré-alfabéticas
com nossa cultura impressa, somos os mesmos que ignoramos, desprezamos, ou
simplesmente não podemos compreender aqueles que podem aprender a pensar e a
expressar seus sentimentos através de imagens holográficas em movimento. Embora
partilhemos com os jovens um espaço geofísico comum, achamos difícil partilhar os
muitos espaços ou mundos virtuais que eles habitam no ecossistema digital.
Com o advento da comunicação instantânea: satélite, TV, fibra ótica, telemática,
vivemos em um espaço-velocidade e neste espaço projeta-se virtualmente receitas,
previsões do tempo, cotações da bolsa, discussões políticas, idéias religiosas e
fantasias sexuais. E o texto se confunde com o contexto. E a escola que se tornou um
importante espaço nesse cenário, um dos alvos primeiros da comercialização de
produtos de tecnologia de informação, exerce agora um papel cada vez mais
importante no uso das novas tecnologias da informação. A ecologia digital em que
nos encontramos desenvolveu-se ao redor de nós e nós nos adaptamos a ela,
alguns mais prontamente que outros. Nossos jovens nasceram nela e este é o seu
ambiente natural. O que temos é que ter muita humildade diante do reconhecimento
da inevitabilidade da diferença, porque não há como voltar atrás. E nem ficar
classificando imagens positivas e negativas. É muito complexo viver nos novos
tempos, repleto de mundos virtuais.
Alienigenas na Sala de Aula - Fragmentos
Fragmentos do Artigo “Alienígenas em Sala de Aula” (GREEN, Bill. BIGUM, Chris.)
O texto faz uma análise de uma pesquisa realizada na Austrália sobre a relação entre
experiência estudantil e a cultura da informação, tendo como referência o ensino médio e a
política de retenção escolar.
Existem limitações de grande parte das pesquisas educacionais que demonstram o evidente
interesse na manutenção das formas educacionais tradicionais, submetendo as mudanças
radicais a um processo de normalização;
A convergência entre teoria social e ficção científica, assinado por diversos autores, justificam a
utilização do conceito “currículo cyborg” utilizado pelos autores desse texto;
Vivemos um pânico moral causado pelo suposto desvio da juventude contemporânea. Desvio
representado e construído como uma questão de deficiência, incompletude e inadequação. As
incertezas e a falta de perspectiva na passagem da juventude para a fase adulta, fazem com que
os jovens se tornem alienígenas que não irão embora, mas que ficarão e assumirão o comando.
Devemos ter muita clareza sobre isso, sobre o que devemos esperar e sobre o que devemos
fazer...
No filme “E.T.”, de Spilberg, uma cena que se passa em um laboratório de ciências em que o
professor só é mostrado da cintura para baixo, chama a atenção dos autores do artigo. Eles
questionam sobre quem é o alienígena na sala de aula e concluem que talvez sejam os adultos,
visto que o “futuro pertence aos jovens”.
Destaque para a importância do papel da cultura da mídia no mundo dos jovens, e a relação
entre essa cultura e a escolarização, tentando compreender o fenômeno e as questões político-
curriculares tendo como referência a pós-modernidade (“pós-modernismo cultural” e
construção social);
Temos uma importante ruptura geracional e cultural caracterizada pelos jovens menores de 16
anos que sentem os efeitos e condições do pós-modernismo. Vivem e sentem as
transformações na vida social contemporânea e a emergência de uma “novo mundo” (Datar,
1984, apud GREEN; BIGUM, 1995).
Na visão dos autores, o pós-moderno (citando Hayles) é a noção de desnaturalização da
linguagem, do tempo, do contexto e do humano, o pós-moderno antecipa e implica o pós-
humano, o Cyborg Humano, criatura de realidade social e de ficção;
Os autores citam uma reportagem de 1991 (“Escolas geram viciados em cultura popular”) que
critica uma suposta geração viciada em televisão, vídeo e jogos de computadores, a
possibilidade de gerar adultos sem sentido de história. “Retórica familiar, geração perdida e
patologia da cultura popular”, a matéria resultou em editorial (“Caminhando para uma país
ignorante”) no dia seguinte, reativando o “debate sobre o alfabetismo” e sobre o discurso da
crise educacional.
Estudo que determina como sintomático da cultura pós-moderna não só a mudança cultural da
literária para a popular, mas a cultura impressa para a cultura visual. Os autores caracterizam
essa mudança como sendo a virada pós-moderna citada anteriormente no texto.
Dator (1989), citado no texto, é um autor que faz observações sobre as diferenças entre a
cultura juvenil e a cultura dos mais velhos (“os alfabetizados na mídia versus os alfabetizados
no impresso”); A necessidade de novas compreensões da relação entre tecnologias e
pedagogias, escolarização e cultura da mídia. Formas cambiantes de currículo e alfabetismo,
novas relações entre textualidade e subjetividade e novas efetivações da racionalidade e da
cognição, novas forma de ver as colocações anteriores. A importância de relacionar a chamada
“Tecnocultura” como os processos citados, a importância da “cultura Tecno-popular” como
ambiente natural dos jovens.
As visões pessimistas precisam ser revistas, os discursos conservadores e contra o futuro de
diversos autores. Atenção e tensão da união entre cultura popular e a tecnocultura (a cultura
tecno-popular). A cultura da mídia produz nova formas de vida, escolarizar o futuro é ensinar
com a diferença segundo Hayles (1990).
Existe uma proliferação do pânico moral entorno da escola, dos jovens e da mídia popular e o
predomínio da tese de deficiência. Precisamos compreender que as deficiências são diferenças,
reconhecer que as coisas mudaram, há novas formas de vida.
Fazem um jogo de palavras com a sigla IT (“it” e “id”) buscando compreender a complexa
relação entre humanos e máquinas alienígenas e IT. O dualismo mente/corpo e a própria
noção de mente, ciência e sujeito de conhecimento como Mente e a Tecnologia como
(in)animado e necessário outro como corpo.
Diante dos perturbadores olhares das crianças, “ampliadas” pelas novas tecnologias,
percebemos as dificuldades da partilha dos muitos espaços ou mundos virtuais que os jovens
habitam nesse eco-sistema digital;
Novos Ecoespaços
Nunca tivemos que lhe dar com tecnologias que operam à velocidade das novas tecnologias da
informação. Vivemos em um espaço-velocidade. O texto e o contexto tornaram-se
intercambiáveis e qualquer texto pode ser localizado em qualquer contexto. O “ciberspaço”,
espaço vetorial através do qual milhões de computadores estão interconectados, imensas
quantidades de informação são injetadas e mantidas.
A conexão do humano com o ciberspaço, interação contínua entre seu sistema nervoso e o
circuito do computador, a fronteira de tempo entre máquina e organismo se confundem e
consequentemente não se sabe o que é “texto” e que é “contexto”.
Novas espécies
Enquanto nós nos adaptamos à ecologia digital que se desenvolveu ao nosso redor, os jovens
nasceram nela, é para eles um ambiente natural. É equivocado considerar os “jovens cyborgs”
como mais uma nova geração não se pode ignorar a natureza específica da tecnologia e sua
velocidade e características geracionais. Os produtos de alta tecnologia também são
caracterizados em termos de geração e a velocidade é determinante nesse sentido.
A união entre a máquina e o humano torna-se cada vez mais natural. Nossa experiência de
vivência e acomodação em relação às mudanças que ocorreram não é comparável com as dos
jovens que a cada geração vivenciam uma “Tecno-natureza” única.
Os “alienígenas” são produzidos por humanos que ocupam posições de influência e poder,
tanto comercial quanto culturalmente.
Cada geração cyborg está associada com as características de velocidade do ecossistema digital
no qual ele nasceu. Virilio evoca o termo “picnolepsia” para descrever o que ele chama de
“tempo perdido”, picnolepsia é um fenômeno de massa, um estado paradoxal de vigília que
complementa o estado paradoxal de sono.
As diferenças entre jovens cyborgs e cyborgs mais velhos são determinadas pelos contextos
espaço-temporais tecnologicamente capacitados e reforçados A tecnologia que sustenta a
velocidade-espaço começou a fazer cópias da velocidade-espaço para os humanos. Já vivemos,
numa certo sentido, a realidade virtual por algum tempo, para os jovens cyborgs tudo pode ser
simplesmente um espaço virtual inclusive a escola;
Conclusão
O que o texto chama de “Alienígenas” como uma nova forma de vida, representam um desafio,
assim como a alienação dos jovens. Fazem parte de uma estrutura pós-moderna de sentimento
exige dos professores novas formas de compreensão, novos recursos e um sentimento de
humildade e reconhecimento da inevitabilidade da diferenças. Inevitável complexidade de se
viver em novos tempos.
As escolas podem se tornar locais como mundos próprios onde “cuborgs geracionais” trocam
possibilidades na tecno-realidade, mas é preciso reconstruir esses mundos juntamente com as
novas gerações.