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DIAGNÓSTICOS E CENÁRIOS

HABITAÇÃO
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PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


TERESINA AGENDA 2015

PARTE I - DIAGNÓSTICO DESCRITIVO

APRESENTAÇÃO

Os diversos segmentos da sociedade teresinense estão elaborando o plano “Teresina


Agenda 2015”. Para desenvolvimento do trabalho estão definidos dezessete temas. Este texto
refere-se ao diagnóstico e aos cenários do tema habitação e deverá ser apresentado e discutido
em breve, numa audiência pública que complementará os seminários temáticos realizados em
março último.

HISTÓRICO DA POLÍTICA HABITACIONAL

A participação efetiva do Governo Nacional na política habitacional data do período


populista, tendo sido centrada na Fundação da Casa Popular - FCP, que não tinha fonte de
recursos próprios e dependia de dotações orçamentárias da União. Apresentou desempenho
medíocre e distorções de aplicações de recursos, com práticas clientelistas e considerações de
políticas regionais. Também, não havia indexação das prestações. O Sistema faliu e deixou
inexpressiva produção.
O Sistema Financeiro de Habitação, implantado junto com o Banco Nacional de
Habitação - BNH, em 1964, trazia duas linhas de crédito especiais destinadas à dinamização da
produção de novas residências: a poupança compulsória, formada pelo FGTS e destinada à
construção de unidades de interesse social; e a poupança voluntária, formada pelas cadernetas de
poupança e voltada para o financiamento de moradias para os extratos sociais médios e altos.
Também considerou-se a indexação das prestações com a criação da UPC - Unidade Padrão de
Capital. Tal sistema funcionou, adaptando-se às consecutivas situações do país e às conseqüentes
dificuldades dos mutuários, inadimplências e processos na Justiça, até 1986, quando o BNH foi
extinto e as suas atividades incorporadas pela Caixa Econômica Federal. De 1986 até hoje,
verificamos que a política urbana e habitacional esteve a cargo de diferentes ministérios e órgãos
nacionais, mas a Caixa vem sendo, na prática, implementadora dessas políticas, como o era, à
época, o BNH.
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Assim, desde o final dos anos 40, forma-se no Brasil uma estrutura de provisão de
moradia, composta por três segmentos: a produção popular, fundada no loteamento periférico e
na autoconstrução da moradia; a produção estatal, direta ou indireta; e a produção empresarial
sob o regime de incorporação imobiliária. Essa estrutura é responsável, ao mesmo tempo, pela
segregação das camadas populares nas extensas e precárias periferias e pela ampla difusão da
casa própria. Entre 1940 e 1980, os domicílios próprios nas grandes cidades passam de 30 %
para 57 % e as moradias de aluguel caem de 64% para apenas 34%. ( LAGO, L. C. RIBEIRO, L. C. Q.
A casa própria em tempo de crise. In: A crise da moradia nas grandes cidades, Rio de Janeiro: UFRJ, 1996).

Conseqüência dos acréscimos de população urbana e das sucessivas políticas habitacionais, tal
situação ocorreu e vem ocorrendo, com pequenas variações, em todo territorial nacional. Por
exemplo, em Teresina, conforme Censo 2000, os domicílios próprios correspondem a quase 80%
do total e os alugados são menos de 10%.
Em Teresina, com financiamento do BNH, foram produzidos, até 1990, 43 conjuntos
com 34.594 unidades habitacionais construídas por grandes empreiteiras. No início da década de
1990, com recursos do FGTS e / ou com a promoção do INOCOOP - Instituto de Orientação às
Cooperativas Habitacionais, foram construídos mais 24 conjuntos com quase 10.000 unidades
habitacionais. De 1995 até o término de 2001, foram providenciados pela COHAB-PI outros 22
empreendimentos que totalizaram 4.086 unidades habitacionais. Assim, temos que mais de 30%
da população residente em Teresina mora em unidade de conjunto habitacional, embora tais
investimentos não tenham atendido à população de menor renda. As relações dos conjuntos
habitacionais edificados em Teresina podem ser observadas no Anexo 1.
Observamos que, desde os tempos do governo populista, extratos sociais foram
marginalizados. São compostos por aqueles que não têm renda suficiente ou emprego formal que
possa assegurar-lhes o acesso ao Sistema. Essa população, engrossada pelo êxodo rural e pela
atração da cidade, formam aglomerados de baixa renda, nas periferias das áreas urbanizadas.
Nesse contexto, atribui-se acréscimos de responsabilidades constitucionais aos governos
municipais, despreparados para tratar, eficientemente, os problemas da falta de moradia.
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CRESCIMENTO URBANO

Até a década de 1950, Teresina apresentou evolução demográfica e crescimento


urbano gradativos. Então, devido às transformações econômicas do país, com alterações da
estrutura produtiva, iniciou-se um processo de expansão urbana incentivado pelos investimentos
federais em infraestrutura. Nas décadas de 1950 e 1960, novas avenidas foram pavimentadas e as
redes de energia elétrica e abastecimento d'água se estenderam, principalmente na direção sul,
definindo o grande vetor de crescimento associado à principal entrada econômica da cidade e às
condições topográficas favoráveis.
Na década de 1960, foi criada a COHAB-PI, agente local promotor da política
habitacional do BNH, conforme diretrizes definidas pelo governo militar. Alguns poucos
conjuntos foram construídos até que, em 1968, foi concluído o Conjunto Parque Piauí, com
2.294 casas, edificado distante da área urbanizada à época e caracterizando a indevida atitude,
tantas vezes repetida, de construir conjuntos habitacionais afastados, com extensão de obras e
serviços, atendendo a glebas intermediárias e favorecendo processos de especulação imobiliária.
Uma tendência que se generalizou para todo o território acabando por atingir, inclusive, as zonas
rurais mais próximas do perímetro urbano. Na segunda metade da década de 1970, o "milagre
econômico" implementou a política habitacional e foram edificadas mais de 7.000 casas. Até a
extinção do BNH, foram construídas em Teresina mais de 38.000 unidades habitacionais,
abrigando mais de 150.000 pessoas. Depois disso e durante uns cinco anos, o sistema esteve
parado, retomando o processo de construção em 1995, através de financiamentos diversos com
recursos do IAPEP ou do Governo Federal ( Programa Habitar Brasil ) ou, ainda através de auto
gestão ou autofinanciamento. Nessa última fase, foram edificadas 4.086 unidades.
A implantação de tantos conjuntos habitacionais em várias áreas da cidade acelerou o
processo de urbanização de Teresina, determinado pelo intenso fluxo migratório, conseqüente
das dificuldades de sobrevivência na zona rural e da busca de melhor qualidade de vida na
cidade. Os contingentes de níveis de renda mais baixos, excluídos do sistema, foram sendo
afastados gradativamente para áreas menos valorizadas e mais distantes do centro. Isso,
mais os elevados fluxos migratórios verificados durante os anos 70 e 80, somados ao
desemprego crescente, ocasionaram uma série de problemas sociais associados à expansão
desordenada do sítio urbano e a proliferação de aglomerados habitacionais irregulares e de baixa
renda.
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Até o final da década de 1970, a baixa resolutividade da política nacional de


habitação e o conseqüente processo de exclusão de parcelas empobrecidas da população eram
supridos, parcialmente, pela ação do governo municipal que providenciava o aforamento de
terras na zona norte da cidade. A partir de 1980, quando já não havia terrenos públicos
municipais adequados para o atendimento do contínuo fluxo migratório, intensificaram-se os
loteamentos clandestinos e os procedimentos de ocupações de terrenos, às vezes impróprios para
o uso habitacional.
As áreas melhores localizadas foram ocupadas pela população das classes média e
alta, forçando a população de baixa renda a ocupar terrenos vazios, notadamente nas zonas
periféricas onde multiplicam-se de forma mais intensa as vilas e favelas da cidade, acentuando,
dessa forma, o déficit habitacional evidenciado tanto pela precariedade da estrutura física das
habitações como pela coabitação, adensamento excessivo e inadequação da infra-estrutura de
saneamento. Discutir o déficit habitacional é questão complexa e muito polêmica. Dependendo
dos métodos e parâmetros utilizados, as estimativas variam de 20.000 a 30.000 unidades.
O poder de atração de Teresina tem acelerado a evolução urbana em Timon, vizinho
município maranhense que, devido a proximidade, ultrapassou, no início dos anos noventa, os
cem mil habitantes e aproximou-se, no ano 2000, dos cento e trinta mil. Timon acolhe um
contingente populacional muito superior ao que pode ser absorvido por suas economias, fazendo
manter a situação de grande cidade-dormitório.
Na cidade de Teresina, podemos observar a elevada ocorrência de vazios urbanos e,
também, a acumulação de terrenos subutilizados em áreas urbanizadas, num procedimento de
longa data, às vezes ocasionados por ações do poder público. As prescrições do Estatuto da
Cidade ainda não são observadas, principalmente porque a legislação urbana vigente não
determina os parâmetros norteadores e as áreas para aplicabilidade das citadas prescrições.
Esperamos solucionar tais problemas, a partir da elaboração deste Plano Estratégico que
proporcionará as diretrizes para as mudanças na legislação.

EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA

A população residente no município de Teresina, passou de 220 mil habitantes, em


1970, para mais de 714 mil, em 2000. Em termos comparativos, foi a maior taxa de expansão
demográfica verificada entre os municípios das capitais nordestinas. Esse crescimento foi
fortemente influenciado pelo aumento da população urbana. Em números absolutos, ela passou
de 181 mil pessoas, em 1970, para mais de 676 mil, em 2000. As taxas médias anuais de
crescimento superaram a casa dos 6%, entre 1970 e 1980, e ficou em 4,6%, entre 1980 e 1991,
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índices bem acima daqueles obtidos pela maioria das capitais nordestinas e do conjunto da
população brasileira (2,78% e 1,3% a.a. nos períodos respectivos).
A cidade de Teresina experimentou ao longo do período assinalado, uma verdadeira
“explosão urbana”. A taxa de urbanização do município que era de 82,11%, em 1970, saltou para
cerca de 94,7% em 2000. Esse crescimento deu-se não somente em função do incremento natural
da população residente, mas, sobretudo, em decorrência do intenso fluxo migratório de cidades
de pequeno porte e de áreas rurais em direção ao município. Em conseqüência, a cidade de
Teresina passou a deter, isoladamente, 40% do contingente urbano do Piauí, confirmando a
tendência de polarização urbana e o peso esmagador da capital em relação aos demais
municípios do Estado. Dados e indicadores constantes do Anexo 2 ilustram tal fenômeno.

O processo de polarização urbana, em Teresina, adquiriu um dinamismo próprio,


típico de regiões economicamente deprimidas, com a primazia do setor terciário e pequena
porcentagem da força de trabalho empregada na indústria de transformação. Segundo o IBGE,
em 1991, quase 75% da população ativa encontrava alguma forma de ocupação e emprego. No
entanto, é importante observar que no setor terciário, além das atividades formalmente
organizadas da economia local, como os serviços públicos, o comércio, as agências bancárias,
etc., inclui-se também o segmento informal, constituído por um significativo contingente de
vendedores ambulantes, pequenos empreendedores e trabalhadores autônomos que exercem
atividades precárias e de baixa remuneração.
Em função desse processo de urbanização acelerado ocorrido durante os últimos
anos, a cidade tem crescido acima da sua capacidade de atender às demandas sociais. A década
de 80 se constituiu no período de acirramento dos conflitos sociais, notadamente a luta pelo
direito à moradia, com a expansão dos bolsões de pobreza urbana e favelização. Entretanto,
verificou-se um certo dinamismo da economia, levando-se em consideração os padrões locais,
com o crescimento do comércio, da indústria, da construção civil e dos serviços em geral,
(1)
ocasionando um aumento expressivo da renda per capita , bem como da classe média,
explicando-se, assim, o incremento da demanda por imóveis residenciais e por bens de consumo
duráveis compatíveis com o padrão e o poder aquisitivo dessa classe.
Observamos que a força de trabalho desses bolsões de pobreza é constituída, quase
exclusivamente de operários da construção civil e prestadores de serviços domésticos,
constituindo reservatório de mão-de-obra com concentração de trabalhadores com baixos níveis
de renda e de qualificação profissional.
(1)
Segundo estimativas, a renda per capita média mensal que, em 1967, era de U$ 80,13, t eria, em 1995 aumentado para U$ 189,58,
apresentando, portanto, uma variação de 136,60%. (Pesquisa: “Consumo de Produtos Industriais na Cidade de Teresina”. BNB, Fortaleza, 1996).
O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil elaborado pelo PNUD/ IPEA/ FFJP confirma essa tendência. De acordo com esse estudo a renda
familiar per capita passou de 0,43 SM , em 1970, para um 1,01SM, em set/1991, representando, portanto, o incremento de 134,9% no período.
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INFLUÊNCIA REGIONAL DE TERESINA

Segundo o estudo Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil


coordenado pelo IPEA, ocorre atualmente no país um acelerado processo de desconcentração
urbana. As metrópoles estão perdendo para as cidades de médio porte, a atração de populações
migrantes. Foi identificado um processo de formação de aglomerações caracterizadas pela
concentração de pessoas e atividades econômicas em cidades cujas malhas urbanas podem ou
não ser interligadas fisicamente (conurbadas). O essencial de uma aglomeração urbana é a
grande mobilidade de seus moradores e o fluxo de bens e serviços, caracterizando centros
regionais urbanos, cidades com população entre 500 mil a 1 milhão de habitantes.
Teresina enquadra-se nessa classificação, entre outros fatores, pela situação
geográfica favorecida como entroncamento rodoviário que interliga os estados da região norte
aos demais do nordeste, que provocou a concentração de funções de larga complexidade
caracterizando-a atualmente como um centro regional urbano do Nordeste, com influência direta
sobre o meio-norte do país.
Estudos da Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação indicam a
metropolização regional de Teresina, considerando um raio de influência de cem quilômetros,
com população de um milhão e trezentos mil habitantes, compreendendo trinta municípios,
sendo vinte e cinco no Estado do Piauí e cinco no Estado do Maranhão. Tais municípios
apresentam taxa de urbanização relativamente baixa associada a um fraco dinamismo
econômico, o que demonstra a dependência em relação a esta capital.
Teresina constitui-se como um centro distribuidor de bens e principalmente de
serviços, consolidando-se como centro de excelência no atendimento à saúde (médico-
hospitalar), além de caracterizar-se como referência no setor educacional. Estão concentradas na
capital cerca de 80% das empresas formais instaladas nesse raio de influência, que empregam
88% da mão-de-obra formal. Enfim, a sobrecarga funcional a que está exposta a capital
demonstra sua importância regional na rede urbana ora estruturada no país.
Ano passado, o Presidente da República sancionou uma lei que criou a Região
Integrada de Desenvolvimento da Grande Teresina, aglomerado com cerca de um milhão e cem
mil habitantes, composto por doze municípios do Piauí (Altos, Beneditinos, Coivaras,
Curralinho, Demerval Lobão, José de Freitas, Lagoa Alegre, Lagoa do Piauí, Miguel Leão,
Monsenhor Gil, Teresina e União) e pelo Município de Timon, no Maranhão. A principal
finalidade será a articulação e harmonização das ações administrativas da União dos Estados o
Maranhão e Piauí e dos municípios componentes.
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CARACTERÍSTICAS HABITACIONAIS EM TERESINA

Todas as pesquisas sobre as condições de habitação do teresinense referem-se às


áreas de baixa renda. No Censo IBGE 2000 encontramos alguns dados que nos permite ter uma
idéia geral das características dos domicílios. Em Teresina, quase 90% da população é atendida
pela rede de abastecimento d'água, mas apenas 13% usam a rede pública de esgotos sanitários,
enquanto 65% dos domicílios têm fossas sépticas. A coleta de lixo atende mais de 85% da
população urbana.
Quanto ao regime de propriedade, quase 80 % dos domicílios são próprios e mais de
55% estão quitados, enquanto que menos de 10% são alugados. Residem em média 4,21
moradores por unidade habitacional. A dominância do tipo habitacional "casa" é notória, mais de
95% dos domicílios, determinando baixas densidades e o espalhamento da malha urbana. A
edificação de blocos de apartamentos, onde residem cerca de 4% dos teresinenses, é
relativamente recente. O fenômeno da verticalização data do início da década de 1980 e
encontra-se em contínua expansão, devido ao valor dos terrenos em áreas nobres e a aceitação da
população.

CARACTERÍSTICAS HABITACIONAIS EM VILAS E FAVELAS

Como referido acima, os anos 70 marcaram o início do processo de empobrecimento


urbano de Teresina, e os anos seguintes o seu agravamento, resultando na proliferação de
aglomerados de população de baixa renda por quase todo o território, denominados, em Teresina,
de vilas e favelas, conforme definições no Anexo 5 - Diretrizes para implementação da Política
Municipal de Habitação em assentamentos subnormais.
Para diagnosticar o problema, a Prefeitura vem realizando pesquisas de caráter
censitário. A primeira, em 1991, teve seus dados divulgados no documento Perfil de Teresina.
Em 1993, foi elaborado o Primeiro Censo de Vilas e Favelas e, entre setembro de 1995 e maio de
1996, a Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e Assistência Social – SEMTCAS realizou
o Segundo Censo de Vilas e Favelas. Em 1999, a Secretaria Municipal de Habitação e
Urbanismo – SEMHUR realizou o Terceiro Censo de Vilas e Favelas. O resultado dessas
pesquisas, cujas tabelas constam do Anexo 4, proporcionou o perfil sócio-econômico das vilas e
favelas de Teresina.
Nas 150 vilas, favelas e áreas de assentamento, constatadas em 1999, existiam
37.820 domicílios, que abrigavam 38.852 famílias e uma população de 133.857 habitantes,
contingente que representava, quase 20 % da população urbana do município.
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A maioria dos domicílios (72,93%) ocupava áreas públicas ou de domínio público


(Prefeitura, Estado e União); e terrenos particulares (24,30%). Apenas 2,33% estavam erguidos
em terrenos próprios. Quanto à situação dos terrenos ocupados, 88,61% dos domicílios
ocupavam áreas consideradas normais, enquanto 4,53% estavam localizados em áreas de risco;
3,60%, ocupavam leitos de ruas; e 2,81%, áreas alagadiças. Daí, observa-se que mais de 4.000
domicílios estão em situação de irregularidade atribuída à ocupação de áreas impróprias para o
uso habitacional. Quanto às formas de ocupação dos domicílios, o levantamento censitário
constatou que quase 85% das famílias residiam em domicílios considerados próprios.
A tipologia dominante era a construção com paredes de alvenaria de tijolos e
cobertura de telha (41,46%). Mas ainda é muito significativa a ocorrência de casas de taipa e
telha (38,46 %). A cobertura de palha, utilizada em quase 13% das moradias, foi dominante
durante muito tempo, quando o material era abundante e o custo das telhas relativamente alto.
Também utilizavam outros materiais que não eram apropriados à construção pouco mais de 6%
das casas.
Os domicílios pesquisados dispunham de energia elétrica fornecida pela CEPISA,
concessionária desse serviço (81,08%); 13,23% tinham acesso ao serviço através de ligações
clandestinas (gambiarras) e poucos não dispunham de energia elétrica (5,25%). No que se refere
ao abastecimento d’água, mais de 73% dos domicílios se encontravam ligadas ao sistema de
distribuição (AGESPISA), e apenas 12% se abasteciam em chafarizes públicos. Os demais,
representando a minoria dos domicílios, improvisavam o seu abastecimento. Quanto às formas
de tratamento da água consumida pelas famílias, a pesquisa censitária identificou que 35% não
tratavam a água consumida.
Para medir as condições sanitárias das vilas e favelas, a pesquisa considerou dois
aspectos: o destino dado aos dejetos e ao lixo dos domicílios. Assim, no que tange ao destino dos
dejetos, verificou-se que quase 60% dos domicílios dispunham de fossas sépticas; 10% de fossas
negras, e uma outra parcela significativa (30%) não usava qualquer equipamento. Com relação
ao destino do lixo, observou-se que mais de 76% dos domicílios se beneficiavam do serviço
público de coleta, enquanto que 13,60% utilizavam terrenos baldios e outros 10% queimavam o
lixo.
Assim, a casa típica, nas áreas de baixa renda em Teresina, devido às dimensões dos
lotes, ao tamanho dos cômodos, ao material utilizado e, também, devido à infraestrutura urbana e
social disponível, têm melhor aparência e apresentam-se bem menos insalubres que os
equivalentes aglomerados característicos de outras regiões do país.
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ATUAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

Conforme descrito anteriormente, as primeiras ações da administração municipal


limitavam-se a processos de aforamento de terrenos na zona norte da cidade (vide quadro
"emissões de títulos de posse" - Anexo 3) e descontínuos programas de distribuição de materiais
de construção. Quando não dispunha mais de glebas para o loteamento, a partir de 1980, passou-
se a adquirir terras, numa rotina absolutamente insuficiente para a contínua demanda. Com a
criação da Secretaria Municipal de Habitação e Urbanismo procurou-se priorizar a política
habitacional, mas, nos primeiros tempos não houve resultados significativos, os programas
habitacionais contavam com escassos recursos próprios e também limitados recursos externos,
mantendo e aumentando a demanda reprimida, a "carência de habitação". A partir de 1997, as
ações foram mais eficientes, enquanto componentes de projeto integrado, de contínua atuação, a
partir da definição de prioridade para o setor, conforme descrito no Anexo 5 - Diretrizes para
implementação da política habitacional em assentamentos subnormais.
A adoção do Sistema Municipal de Habitação, a seguir descrito, tem permitido maior
eficiência na definição de prioridades e no atendimento à população mais carente.
Sistema Municipal de Habitação
O Sistema Municipal de Habitação tem como componentes:
- Conselho Municipal de Habitação – órgão deliberativo da Política Municipal de
Habitação;
- Superintendências de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente – órgãos gestores
da política municipal de habitação e gestores do Fundo Municipal de Habitação;
- Comissão Técnica Multidisciplinar – corpo técnico das SDU’s responsáveis pela
operacionalização do sistema;
- Fundo Municipal de Habitação – instrumento de captação de recursos para
financiamento da Política Municipal de Habitação.

No Anexo 6, podemos observar as atribuições do Conselho Municipal de Habitação.


São objetos de intervenção do Sistema, prioritariamente:
- Construção de habitação popular;
- Aquisição de terras para uso social; e
- Melhoria Habitacional.
A forma de construção e melhoria das unidades habitacionais compreendem o regime
misto: mutirão e auto-construção incrementados através da forma associativa, com a criação de
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entidade de fim específico para participação no financiamento (associação de construção),


conforme o tipo de intervenção a ser implantado. O repasse de material de construção obedece à
sistemática prevista com a formação do Banco de Materiais de Construção, instrumento a ser
utilizado pela Comissão Técnica Multidisciplinar. Os beneficiários do sistema são as famílias
com renda de até 3 salários mínimos, residentes em áreas impróprias à moradia: áreas de risco,
leitos de rua e ocupações (invasões em áreas de risco e de domínio público).

PLANO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO


PROJETOS PREVISTOS E RESPECTIVAS FINALIDADES

PROJETOS FINALIDADES

Banco de Terras Municipais – BTM Estabelecimento de reserva de glebas urbanizáveis /


urbanizadas dentro do perímetro urbano, destinadas
prioritariamente ao assentamento de famílias selecionadas
em áreas de risco ou conflito potenciais. Formado por
terras provenientes do patrimônio público municipal e
particulares. É administrado pela PMT através das SDU’s
que, após a aprovação pelo Conselho Municipal de
Habitação, promove o acesso da população-alvo às terras
disponíveis.

Minha Casa – Construção de Moradia Popular Financiamento da construção de habitações


padronizadas do tipo embrião em áreas urbanizadas ou em
processo de urbanização provenientes do BTM, utilizando
o sistema construtivo convencional em regime de mutirão
e autoconstrução.

Lotes Urbanizados Venda de lotes urbanizados mediante condições


especialmente facilitadas de financiamento visando
assentamento de famílias selecionadas. São projetados e
implementados em glebas provenientes do BTM com
unidades mínimas de 160m2 .

Casa Melhor – Melhoria Habitacional Fornecimento de cestas básicas de material de


construção para famílias com moradias em estado
construtivo-sanitário precário.

Casa Própria para Servidor Municipal Intermediação de financiamento da construção e


melhoria de moradia para o servidor público municipal.

Arte Rende Construção de moradia associada à oportunidade de


trabalho e melhoria da renda, especialmente para
população de baixa renda, tendo o desenvolvimento das
artes como alternativa econômica e de ampliação do
relacionamento com a iniciativa privada.

FONTE: Plano Municipal de Habit ação. Semplan. Semhur. 1997.


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Conforme relatado pela administração municipal, a Prefeitura de Teresina tem


ousado e inovado na implementação de políticas públicas, consolidadas pelo modelo de gestão
da atual administração. Nas Superintendências Regionais de Desenvolvimento Urbano,
unidades regionais descentralizadas vinculadas à Secretaria de Planejamento, estão sediados,
entre outros, os setores de controle urbanístico, de aprovação de projetos, fiscalização,
atendimento à demanda habitacional e aos serviços urbanos públicos.
Apesar do curto prazo de implementação da reforma administrativa, o diagnóstico
evidenciou uma fragilidade muito grande nos procedimentos e rotinas de controle urbanístico,
feitos de forma arcaica e precária, sem haver interligação entre as Superintendências
descentralizadas e o nível central. Há necessidade premente de definir sistemas de controle,
fiscalização e de informação interligados, para que a descentralização passe a ser,
urbanisticamente, um facilitador para a construção de uma cidade legal.
Complementarmente, há que se revisar a legislação que regula a ocupação e uso do solo
urbano, compatibilizando-a com o Estatuto da Cidade e com as condições econômicas da
população de baixa renda, minimizando o surgimento de loteamentos irregulares ou
clandestinos.
Da análise realizada, é importante registrar como principais considerações as que se
seguem.
- É evidente a iniciativa ousada desta Prefeitura em definir uma política habitacional
própria ao âmbito municipal, resultante da retração das demais esferas de governo neste
setor, inovando com a formulação de plano municipal específico e implementação de
projetos inovadores e consistentes. Porém, na implementação da política identificou-se a
necessidade de capacitar melhor as equipes municipais bem como lideranças
comunitárias para agirem de acordo com novos paradigmas definidos pela política,
como a parceria com a comunidade.
- Há necessidade de promover uma avaliação da Política Habitacional implementada,
bem como promover estudos que possam embasar esta avaliação, tais como: o estudo do
déficit habitacional; o mapeamento dos assentamentos subnormais; a interface desta
política com as definições do Estatuto da Cidade.
- As características do modelo de gestão adotado pela administração atual,
descentralizado e priorizando a disposição constante para o diálogo com respeito à
autonomia da comunidade organizada, vem favorecendo a legitimação desta atuação
junto à população, verificada a partir do êxito alcançado na execução do Projeto Vila-
Bairro e do Orçamento Popular.
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- Apesar do curto prazo de implementação deste modelo de gestão, já se pode identificar


dificuldades inerentes à implementação de novos métodos de trabalho, tais como: a
incorporação de novas rotinas em condições físicas e também operacionais deficientes
ou insuficientes; a necessidade de promover adequações normativas ou mesmo a revisão
de leis relacionadas com a legalização da cidade, visando adequá-las à realidade sócio-
econômica da população; a necessidade de formalizar uma sistemática de fiscalização e
controle urbanístico, que pressuponha, sobretudo, a prevenção e o controle da aplicação
das normas urbanísticas.
- A Prefeitura não possui um sistema de prevenção e controle de invasões de áreas
públicas de risco e de proteção ambiental. Isto faz com que a identificação seja feita por
denúncias isoladas e, na maioria das vezes, após o fato consumado e o ambiente
degradado. Há necessidade de estabelecer-se uma estratégia para impedir a invasão e
ocupação de terras urbanas, associada a um sistema de informações.
- A implementação do modelo de gestão evidenciou, ainda, a falta de sistematização de
informações gerenciais nas áreas urbanística e habitacional, atualmente geradas com
base em registros frágeis, incompletos, em meio não-informatizado, impossibilitando a
democratização das informações e o adequado controle urbanístico e das condições
habitacionais no município. É necessária a construção de um sistema de informações
gerenciais urbanísticas e habitacionais, assegurando o controle do uso do solo, bem
como a integração intersetorial dentro da Prefeitura e a disponibilização das
informações para todos.
- A grande maioria dos assentamentos subnormais encontra-se irregular quanto à posse
do terreno. São núcleos habitacionais consolidados, onde moram em torno de 25 mil
famílias e que são passíveis de permanência no mesmo local. É necessário considerar
este aspecto na revisão da legislação urbanística, de modo a definir procedimentos
legais que possibilitem a regularização e legalização destas áreas.
Em resumo, torna-se premente a necessidade do fortalecimento da estrutura técnico-
administrativa dos setores da Prefeitura relacionados com habitação e com regulação
urbanística para assegurar um desempenho compatível com o modelo de gestão adotado pela
atual administração. Como parte deste fortalecimento está a revisão do arcabouço legal e a
capacitação dos técnicos para implementação de novas leis, tendo em vista, inclusive, o
atendimento ao Estatuto da Cidade. Considerando-se a decisão de intervir sob uma concepção
de resolver em definitivo os problemas da realidade caracterizada neste PEMAS, é necessário
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definir ações e metas que objetivem minimizar as limitações operacionais, os entraves legais e
burocráticos e a insuficiência de meios.
Os procedimentos adotados pela Prefeitura Municipal carece de mudanças ou
melhor, de replanejamento, para atualizar as estratégias diante do quadro atual de evolução da
cidade.
Também, o Conselho Municipal de Habitação não tem se reunido com freqüência e,
por isso, não cumpre suas atribuições. As decisões acabam sendo tomadas, quase exclusivamente
pela administração municipal.
Por último, os levantamentos sócio-econômicos das vilas e favelas são realizados em
locais já atendidos por ações do poder público, configurando a mudança de tipologia daqueles
assentamentos, agora similares aos bairros da cidade. Sua inclusão nas estatísticas mascara a
situação de carência de habitação e de infraestrutura das ocupações mais recentes, ainda não
atendidas. Já que a filosofia do projeto é transformar a vila em bairro, uma vez que se atinja o
estágio desejado, deve-se retirar das listas os assentamentos beneficiados, apresentando um
quadro real das vilas e favelas existentes, com respectivas características.
15

ANEXO 1 - A
UNIDADES HABITACIONAIS PRODUZIDAS PELA COHAB - 1966 / 1990

Fonte de Ano de
Conjunto N° de unidades
financiamento conclusão
Tabuleta 118 BNH 1966
São Raimundo 49 BNH 1966
Primavera I 187 BNH 1966
Monte Castelo 302 BNH 1966
Parque Piauí 2294 BNH 1968
Cristo Rei 92 BNH 1975
São Pedro I 66 BNH 1976
Bela Vista I 912 BNH 1976
Stand de Tiro 40 BNH 1977
Ampliação do Parque Piauí 500 BNH 1977
União 80 BNH 1977
Dirceu Arcoverde I 3040 BNH 1977
Saci 2034 BNH 1979
Primavera I I 100 BNH 1979
São Pedro I I 109 BNH 1979
D. E. R. 70 BNH 1979
Itaperu 164 BNH 1980
Dirceu Arcoverde I I 4254 BNH 1980
União I I 100 BNH 1981
Bela Vista I I 683 BNH 1981
João Emílio Falcão 996 BNH 1982
Cíntia Portela 176 BNH 1982
Promorar 4696 BNH 1982
Catarina 120 BNH 1983
Mocambinho 3031 BNH 1983
São Joaquim 824 BNH 1984
Boa Esperança I 150 BNH 1984
Mocambinho I I 976 BNH 1984
Tancredo Neves 756 BNH 1985
Nazária 15 Sec. Agricultura 1985
Boa Esperança I I 104 BNH 1985
Polícia Militar 85 BNH 1985
Novo Horizonte 300 BNH 1986
Mocambinho I I I 1132 BNH 1986
Renascença I 900 BNH 1986
Morada Nova I 984 BNH 1987
Renascença I I - 1ª etapa 500 BNH 1988
Angelim I I 264 BNH 1988
Renascença I I - 2ª etapa 450 BNH 1989
Santa Fé 533 CEF 1989
Renascença I I - 3ª etapa 500 BNH 1990
Morada Nova I I 564 BNH 1990
Morada Nova I I I 624 BNH 1990
Total 34.594

FONTE: COHAB - PI
16

ANEXO 1 - B

UNIDADES HABITACIONAIS PRODUZIDAS PELA COHAB - 1991 / 2001

Fonte de Ano de
Conjunto N° de unidades
financiamento conclusão

Protótipo / Mutirão 07 COHAB - PI 1995


Renascença I I - 4ª etapa 223 IAPEP 1996
Mocambinho I V 78 IAPEP 1996
Bela Vista I I I 422 IAPEP 1996
Verde que te quero verde 640 Autofinanciamento 1996
Vamos ver o Sol I 184 IAPEP 1996
Vamos ver o Sol I I 290 IAPEP 1996
Vamos ver o Sol I I I 185 Habitar-Brasil 1997
Saturno I 233 IAPEP 1996
Saturno I I 78 Habitar-Brasil 1997
Nova Teresina I 250 Habitar-Brasil 1996
Nova Teresina I I 74 IAPEP 1996
Nova Teresina I I I 163 Habitar-Brasil 1997
Dignidade I 87 IAPEP 1996
Dignidade I I 206 Habitar-Brasil 1996
Deus Quer I 126 IAPEP 1996
Deus Quer I I 200 Habitar-Brasil 1997
Deus Quer I I I 327 Habitar-Brasil 1998
Eurípedes Aguiar 30 Habitar-Brasil 1997
Lagoa Azul I 19 Auto gestão 1998
Lagoa Azul I I 97 Auto gestão 1998
Alô Teresina 160 Autofinanciamento 1998
Total 4.086
17

ANEXO 3

REGULARIZAÇÃO DE LOTES URBANOS - PMT


EMISSÃO DE TÍTULOS E POSSES - 1980 / 2000

Ano Quantidade Ano Quantidade


1980 1219 1991 368
1981 2027 1992 147
1982 1515 1993 1125
1983 1091 1994 2302
1984 861 1995 708
1985 - 1996 1997
1986 1068 1997 538
1987 1532 1998 1721
1988 686 1999 2686
1989 244 2000 1684
1990 276

FONTE: PMT
18

ANEXO 2

INDICADORES DEMOGRÁFICOS

MUNICÍPIO DE TERESINA - EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO - 1970 / 2000

POPULAÇÃO POPULAÇÃO URBANA POPULAÇÃO


ANO % %
TOTAL RURAL
1970 220.487 181.062 82,11 39.425 17,88
1980 377.174 339.042 89,74 38.732 10,25
1991 598.323 555.985 92,92 42.338 7,07
1996 654.273 613.767 93,80 40.509 6,19
2000 715.360 677.470 94,70 37.890 5,30

FONTE: IBGE – Censos Demográficos de 1950 a 2000 e Contagem da População de 1996.

MUNICÍPIO DE TERESINA - CRESCIMENTO POPULACIONAL 1950 / 2000

POPULAÇÃO TOTAL POPULAÇÃO URBANA


PERÍODO
TAXA ANUAL (%) VARIAÇÃO TAXA ANUAL (%) VARIAÇÃO
1950-1960 4,63 51.968 6,70 46.912
1960-1970 4,45 77.796 6,29 82.733
1970-1980 5,37 156.687 6,47 157.980
1980-1991 4,38 221.149 4,61 226.943
1991-2000 2,00 117.037 2,22 121.485

FONTE: IBGE – Censos Demográficos de 1950 a 2000.

MUNICÍPIOS DAS CAPITAIS NORDESTINAS - TAXA MÉDIA DE CRESCIMENTO ANUAL 1980 / 1996

TAXA DE CRESCIMENTO (%)


CAPITAL
(1980/1991) (1991/1996)
Teresina 4,27 1,84
São Luís 4,05 2,36
Maceió 4,21 2,88
João Pessoa 3,80 2,03
Natal 3,47 1,60
Aracaju 2,90 1,27
Salvador 2,95 1,30
Fortaleza 2,73 2,17
Recife 0,66 0,74

FONTE: IBGE – Censos Demográficos de 1970 a 1991 e Contagem da População 1996.


19

ANEXO 4 - A

VILAS E FAVELAS DE TERESINA


NÚMERO DE DOMICÍLIOS SEGUNDO O REGIME DE PROPRIEDADE DO TERRENO OCUPADO - 1999

N.º DE DOMICÍLIOS
REGIME DE PROPRIEDADE
Abs. %
Prefeitura 18.738 49,55
Estado 8.482 22,43
União 360 0,95
Particular 9.189 24,30
Próprio 880 2,33
Sem Informação 171 0,45
TOTAL 37.820 100,00

FONTE: Censo das Vilas e Favelas de Teresina – SEMHUR – 1999.

VILAS E FAVELAS DE TERESINA


NÚMERO DE DOMICÍLIOS SEGUNDO A SITUAÇÃO FÍSICA DO TERRENO OCUPADO - 1999

N.º DE DOMICÍLIOS
SITUAÇÃO FÍSICA DO TERRENO
Quantidade %
Área normal 33.508 88,61
Área alagadiça 1.063 2,81
Área do leito de rua 1.361 3,60
Área de risco 1.715 4,53
Sem Informação 173 0,45
TOTAL 37.820 100,00

FONTE: Censo das Vilas e Favelas de Teresina – SEMHUR – 1999.

VILAS E FAVELAS DE TERESINA


NÚMERO DE FAMÍLIAS SEGUNDO AS FORMAS DE OCUPAÇÃO DO DOMICÍLIO - 1999

N.º DE FAMÍLIAS
FORMAS DE OCUPAÇÃO
Quantidade %
Próprio 32.967 84,85
Alugado 773 1,98
Cedido 1.536 3,95
S/informação 3.576 13,18
TOTAL 38.852 100,00

FONTE: Censo das Vilas e Favelas de Teresina – SEMHUR – 1999.


20

ANEXO 4 - B

VILAS E FAVELAS DE TERESINA


NÚMERO DE DOMICÍLIOS SEGUNDO A TIPOLOGIA DE CONSTRUÇÃO - 1999

N.º DE CASAS
TIPOLOGIA
Quantidade %
Taipa e telha 14.526 38,46
Alvenaria e telha 15.680 41,29
Taipa e palha 4.878 12,89
Outros materiais 2.292 6,06
Sem informação 505 1,33
TOTAL 37.820 100,00

FONTE: Censo das Vilas e Favelas de Teresina – SEMHUR – 1999.

VILAS E FAVELAS DE TERESINA


NÚMERO DE DOMICÍLIOS SEGUNDO AS FORMAS DE ACESSO
AOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA - 1999

NÚMERO DE DOMICÍLIOS
FORMAS DE ACESSO
Quantidade %
CEPISA 30.663 81,08
Gambiarra 5.005 13,23
Sem energia 1.986 5,25
S/ informação 166 0,44
TOTAL 37.820 100
AGESPISA 27.637 73,08
Chafariz 4.561 12,06
Vizinho 2.198 5,81
Cano quebrado na rua 3.211 8,49
Outra fonte 46 0,12
S/ informação 167 0,44
TOTAL 37.820 100,00
FONTE: Censo das Vilas e Favelas de Teresina – SEMHUR – 1999.
21

ANEXO 5
DIRETRIZES PARA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA HABITACIONAL
EM ASSENTAMENTOS SUBNORMAIS - PMT

A Prefeitura de Teresina passou a atuar de forma mais concisa na melhoria das condições
habitacionais da população empobrecida do município a partir de 1997, tendo em vista a retração das
demais esferas de governo neste setor, nas últimas décadas. As diretrizes que fundamentam a
instrumentalização do município, consistem basicamente de:
- articulação entre política habitacional e política urbana;
- descentralização da gestão, articulando o trabalho social ao desenvolvimento de projetos e obras;
- participação popular na formulação de programas e projetos, na definição da demanda e nas
prioridades orçamentárias;
- garantia do direito à moradia com dignidade; e
- garantia do direito à terra (regularização fundiária de áreas ocupadas e acesso à terra urbana).

Proposta de Atuação Multissetorial Integrada


Não obstante os propósitos louváveis, as medidas de intervenção praticadas pelo poder
público municipal para as áreas de maior pobreza urbana foram, até 1996, concebidas de forma isolada e
de caráter mais imediato a exemplo das ações de regularização fundiária e dos programas de melhoria
habitacional, além de outras intervenções que marcaram, sem dúvida alguma, a presença da Prefeitura
nessas áreas. No entanto, os resultados isolados dessas intervenções mostraram-se pouco eficazes frente
às condições de extrema pobreza.
A atuação no setor habitacional, de modo especial, passou a ser tratada a partir de então com
uma visão mais ampla onde o déficit habitacional é entendido considerando não apenas a ausência da
moradia, mas também a precariedade da estrutura física das habitações e de saneamento, coabitação,
adensamento, etc. Essa constatação levou o poder municipal a definir, então, políticas de intervenção
integrada, concretizadas através da implantação de proposta multissetorial na qual as ações pudessem
ocorrer sistematizadas e não mais isoladamente, dando origem ao Projeto Multissetorial Integrado Vila -
Bairro, implantado em 1997 pela Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação – SEMPLAN.
Com o objetivo de transformar as 155 vilas e favelas de Teresina em bairros, com padrão
mínimo de urbanização e orientados para o desenvolvimento socioeconômico, pretende-se atender, em
médio prazo, mais de 29 mil famílias de baixa renda, e aproximadamente 116 mil habitantes. A
concentração de ações de forma integrada, possibilitou a efetivação de programas até então desenvolvidos
pela SEMHUR: Minha Casa, Casa Melhor, Morar Legal e Lotes Urbanizados.
A proposta de intervenção co-responsável, introduzida pelo Projeto, tem como suporte o
trabalho social desenvolvido, com o envolvimento comunitário que possibilita a participação e o controle
social da população quanto às ações desenvolvidas e ao modelo de gestão adotado.
A formulação do Vila -Bairro foi possibilitada pela precisão das informações extraídas das
pesquisas censitárias das áreas de pobreza urbana, realizadas pela Prefeitura Municipal de Teresina nos
22

anos de 1991, 1993 e 1996, cujos elementos comparativos possibilitaram a determinação das prioridades
e mensuração dos impactos das ações previstas.

Categorias dos assentamentos

Categoria 1 – Parques e Residenciais


Áreas de assentamento planejado e executado pela PMT, em loteamento de interesse
social, observando a legislação de parcelamento do solo em vigor. Diferenciam-se
pela tipologia dos domicílios que nos parques são inicialmente de taipa/telha e
construídos pelas famílias em regime de auto-construção enquanto que nos
residenciais são construídos predominantemente de alvenaria/telha, em regime de
mutirão familiar. São áreas beneficiadas com infra-estrutura básica bem como
regularização fundiária.

Categoria 2 – Vilas
Áreas de ocupação irregular do solo, caracterizadas inicialmente, pela ausência de
infra-estrutura e precariedade da construção dos domicílios mas que apresentam
condições para regularização fundiária e urbanização.

Categoria 3 – Favelas
Aglomerados humanos situados em área de ocupação irregular do solo que se
caracterizam pela precariedade da construção das moradias, ausências de
urbanização e saneamento, inexistência ou confusão no arruamento. As favelas
localizam-se em áreas insalubres, leito de rua, áreas de risco, impróprias a moradia,
demandando, por parte do poder público municipal, remoção das famílias para área
de assentamento.

Hierarquização de Áreas Prioritárias de Intervenção


A partir dessa cla ssificação e considerados os indicadores dos censos de vilas e favelas, procedeu-
se a definição de áreas técnicas de intervenção. Para tanto, optou-se em agrupar-se os 155 aglomerados
levantados em 50 áreas técnicas, considerando-se os seguintes critérios:
- Proximidade geográfica entre os aglomerados;
- Quantidade de domicílios/famílias para definição de equipamentos sociais;
- Localização e capacidade d atendimento dos equipamentos existentes;
- Inter-relação com circunvizinhança – utilização de infra-estrutura instalada;
- Mapeamento registrado nos Censos de Vilas e Favelas para definição da nova configuração das
áreas de intervenção; e
- Dinâmica social característica das áreas - previsão de modificação de metas e mesmo
intervenções, conforme alterações da realidade identificada nas áreas.
23

ANEXO 6

CONSELHO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO – CMH

O Conselho Municipal de Habitação é o órgão deliberativo, vinculado à SEMPLAN,


responsável pela coordenação da Política Municipal de Habitação. São competências do CMH:
- Aprovar diretrizes e normas para gestão do Fundo Municipal de Habitação e fiscalizar
seu cumprimento;
- Aprovar os programas anuais e plurianuais de aplicação dos recursos do Fundo
Municipal de Habitação nas áreas de habitação e urbanismo;
- Estabelecer limites de financiamentos, a título oneroso ou a fundo perdido, para as
modalidades de atendimento previstas no art. 3º da Lei nº 2.510 de 26 de março de
1997;
- Definir a política de subsídios na área de financiamento habitacional;
- Definir a forma de repasse a terceiros dos recursos sob a responsabilidade do Fundo
Municipal de Habitação;
- Definir as condições de retorno dos investimentos em programas de habitação e
urbanismo;
- Definir os critérios e as formas para a transferência dos imóveis vinculados ao Fundo
Municipal de Habitação, tanto dos equipamentos sociais às instituições responsáveis
por seu funcionamento, como das habitações aos beneficiários dos programas
habitacionais;
- Definir normas para gestão do patrimônio vinculado ao Fundo Municipal de
Habitação;
- Acompanhar e fiscalizar a aplicação dos recursos do Fundo Municipal de Habitação,
solicitando, se necessário, o auxílio da Secretaria Municipal de Finanças e da
Auditoria Geral do Município;
- Acompanhar a execução dos programas sociais, nas áreas de habitação e urbanismo,
cabendo-lhe, inclusive, suspender o desembolso de recursos caso sejam constatadas
irregularidades na aplicação;
- Dirimir dúvidas quanto à aplicação das normas regulamentares relativas ao Fundo
Municipal de Habitação, nas matérias de sua competência;
- Propor medidas de aprimoramento do desempenho do Fundo Municipal de Habitação,
bem como outras formas de atuação visando `a consecução dos objetivos dos
programas sociais;
24

- Supervisionar a execução física e financeira de convênios firmados com a utilização


dos recursos do Fundo Municipal de Habitação, definindo providências a serem
adotadas pelo Poder Executivo nos casos de infração constatada;
- Analisar e selecionar, para atendimento, as demandas locais;
- Analisar e aprovar os pleitos a serem encaminhados ao Governo Federal pela
Prefeitura Municipal de Teresina;
- Analisar e aprovar os critérios para a seleção das famílias beneficiadas com programas
de habitação.
25

PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


TERESINA AGENDA 2015

PARTE I I - DIAGNÓSTICO - ANÁLISE SWOT

PONTOS FORTES

- Atendimento eficaz dos serviços de abastecimento d'água e energia elétrica.


- Largura das vias de acesso às moradias, nas ocupações.
- Adoção de associativismo para a implantação de programas habitacionais.
- Abundância de áreas com topografia favorável ao uso habitacional.

PONTOS FRACOS

- Política habitacional insatisfatória.


- Política de desenvolvimento rural insatisfatória.
- Especulação imobiliária.
- Ocupação habitacional de áreas de risco.
- Fragilidade e inoperância do Conselho Municipal de Habitação.
- Fiscalização e controle urbanístico ineficaz.

OPORTUNIDADES

- Prescrições do Estatuto da Cidade.


- Programas do Governo Federal para atendimento à população carente ( renda
até 3 SM ).
- Programas do Governo Federal para implantação de infraestrutura em áreas de
baixa renda.

AMEAÇAS

- Política nacional de desenvolvimento rural insatisfatória.


- Continuidade do fluxo migratório.
26

PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


TERESINA AGENDA 2015

TERESINA AGENDA 2015

PARTE I I I - CENÁRIOS

A - CENÁRIO INERCIAL.

- Déficit habitacional elevado.


- Muitas ocupações em áreas impróprias, inclusive áreas de risco.
- Extensões de ocupações não regularizadas e loteamentos clandestinos.
- Redução da qualidade do ambiente e da prestação dos serviços públicos.
- Ausência de equipamentos sociais e de infraestrutura urbana em
assentamentos e ocupações consolidadas.

B - CENÁRIO DESEJÁVEL.

- Déficit habitacional reduzido.


- Desocupação das áreas impróprias, inclusive áreas de risco.
- Regularização de todas as ocupações e loteamentos clandestinos - Teresina
Legal.
- Melhoria da qualidade do ambiente e da prestação dos serviços públicos.
- Disponibilidade de equipamentos sociais adequados e de infraestrutura urbana
para todos os habitantes.

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