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Refletindo sobre Ética

Professor Dr Jean Bartoli


jeanbartoli@uol.com.br
www.jeanbartoli.com.br

Prof. 1
ORIGENS DA ÉTICA
• Chamamos de cultura um conjunto de idéias e de atitudes por
serem o fruto do progressivo cultivo das possibilidades humanas.
• Denominamos ética o aspecto pelo qual os membros de um mesmo
grupo descobrem e formulam regras, do conviver de tal sorte que,
em vez de se tratar como ameaça recíproca, tenham a efetiva
possibilidade de compartilhar os mesmos bens e vantagens, sem se
armar um contra o outro e sem se ameaçar.
• Nesse sentido, a ética é o aspecto da cultura pelo qual se tenta
superar o clima de violência entre os humanos.

Francisco Catão

Prof. 2
O COMBATE É DE TODAS AS
COISAS O PAI
“O combate é de todas as
coisas pai, de todas rei, e
uns ele revelou deuses,
outros homens; de uns fez
escravos, de outros
livres.(...)
É preciso saber que o combate
é o-que-é-com (ethos), e
justiça é discórdia, e que
todas as coisas vêm a ser
segundo discórdia e
necessidade.”
Heráclito de Éfeso
540-470 AC

Prof. 3
ÉTICA: PRÁTICA DA
LIBERDADE (Foucault)
O problema da ética é o da prática da
liberdade:
• como podemos praticar a liberdade?
• O que é a ética se não for a prática
refletida da liberdade?

Prof. 4
ÉTICA: CUIDADO (Foucault)
• Para praticar corretamente a liberdade, é necessário cuidar de si
mesmo, o que significa conhecer a si mesmo e dominar o que pode
nos destruir.
• Significa também conhecer um certo número de princípios ou de
regras de conduta que são ao mesmo tempo verdades e
prescrições. Cuidar de si significa equipar-se dessas verdades.
• êthos significava o modo de ser ou de conduzir-se. Era um modo de
ser do sujeito e um certo modo de fazer visível para os outros.
• O êthos de alguém traduz-se pelo seu costume, seu jeito, pela
calma com a qual ele recebe os acontecimentos.

Prof. 5
MORADIA MORADA
OIKOS ETHOS

Prof. 6
RACIONALIDADE DA AÇÃO
AGIR RACIONALIDADE MUNDO VALIDAÇÃO

Estratégic Instrumental: em relação a um Objetivo Resultado


o objetivo
Ético Em relação a princípios e valores Social Justiça

Habermas, Ladrière & Gruzon


Prof. 7
ÉTICA E MORAL
• “A ética é a busca de uma vida boa com
e para o outro no âmbito de instituições
justas.” (Paul Ricoeur, inspirado por Aristóteles)
• A moral representa o campo das
normas teóricas e universais da
consciência que asseguram a
integridade da pessoa, considerada
mais na sua autonomia do que na sua
solidariedade. (Kant)

Prof. 8
SENTIMENTOS HUMANOS BÁSICOS

“Quando falo de sentimentos humanos


básicos, não estou pensando somente
em alguma coisa efêmera e vaga.
Refiro-me à incapacidade de suportar
a visão do sofrimento do outro. É o
que provoca o sobressalto quando
ouvimos um grito de socorro, é o que
nos faz recuar instintivamente ao ver
alguém maltratado, o que nos faz
sofrer ao presenciar o sofrimento dos
outros. E o que nos faz fechar os
olhos quando queremos ignorar a
desgraça alheia.”
Dalai Lama, Uma ética para o novo
milênio

Prof. 9
9
VALOR HUMANO BÁSICO...
Apesar das dúvidas e das
limitações...
“No reino das finalidades, tudo tem
um preço ou uma dignidade. O
que tem preço pode ser
substituído por outra coisa, como
equivalente. Pelo contrário, o
que é superior a qualquer preço
e, portanto, não tem equivalente,
é o que possuí uma dignidade.”
Immanuel Kant

10
Prof. 10
ÉTICA E PRÁTICA
Para pensar uma prática, é preciso
interrogar-se sobre
• Suas condições de existência
• Sua finalidade
• Suas regras
• Seus valores.

Prof. 11
TRÊS RAÍZES DA
COOPERAÇÃO
•Pacto
•Confiança.
•Comunicação
Prof. 12
ASSÉDIO MORAL

• Violência mais insidiosa e permanente: o autor dela


quer impor sua visão à vítima, ditar sua lei de modo
que a vítima escolhe entre a submissão ou a
demissão.
• Para quebrar a vítima, o assediador tenta atingir a
vítima não só questionando sua competência
profissional mas também sua personalidade agindo
sobre as fraquezas, porque cada um apresenta
fragilidades psíquicas.
• Para vítima começa a descida no inferno
principalmente porque o assediador nunca
reconhece o próprio objetivo e nunca explica a
própria atitude.

Prof. 13
POSSÍVEIS VÍTIMAS

• Um novato que atrapalha os hábitos sedimentados.


• Um funcionário sobrando e não corresponde mais ao perfil que a
empresa quer
• Uma pessoa que não aceita os novos métodos de gestão, de
management e se opõe a mudanças que ele considera
negativas para a empresa.
• Uma pessoa que se quer empurrar para fora porque existe outra
pessoa para colocar no seu lugar.
• Um funcionário por demais bem sucedido na vida pessoal e/ou
profissional, o que provoca inveja e ciúme.
• Um doente que volta depois de uma longa ausência profissional.
• Uma pessoa que reivindica demais...

Prof. 14
MÉTODOS DE ASSÉDIO

O assediador age sobre tudo que um trabalhador pode esperar de sua


empresa e de seu trabalho: respeito, consideração e condições
materiais de trabalho.
• O assediador procura atingir a vítima na própria dignidade mediante
ofensas, fofocas ou tentando atingir a vida privada.
• No aspecto relacional, trata-se de instaurar uma espécie de “não-
presença” da vítima, organizando um tipo de quarentena.
• O assediador procura denegrir sistematicamente o trabalho
produzido. As metas são inalcançáveis o que coloca a vítima em
situação de fracasso.
• O assediador pode dar nenhuma missão para a vítima ou exigir a
realização de tarefas totalmente irrelevantes no sentido de humilhar
a vítima.
• O assediador pode dar ordens pouco precisas ou contraditórias o
que coloca a vítima numa situação de fracasso.

Prof. 15
EFEITOS DO ASSÉDIO

• No início a vítima não entende o que está acontecendo e não pensa


em se defender porque acha que se trata de um erro de julgamento
fácil de ser corrigido.
• O processo de assédio está sempre desenvolvido no “não dito” e,
mesmo que utilize processos mais agressivos, o assediador sempre
procura agir escondido dos outros e protestaria que está de boa fé
se, porventura, fosse descoberto.
• O assediador sempre procura atrair os colegas para o próprio lado,
de modo a isolar a vítima. A vítima acha se então na obrigação de
provar sua boa-fé e sua competência.
• Para a pessoa assediada, o único recurso para parar o processo
seria de enfrentar um conflito aberto e torná-lo explícito, mas a força
do assediador está na sua capacidade em evitar este confronto.
• Sentimento de culpa, protesto, sentimento de ser abandonado,
esgotamento levam a vítima a um estado de incapacidade psíquica.

Prof. 16
MORAL DO ASSÉDIO OU ASSÉDIO SOCIAL

Possíveis causas institucionais do assédio moral


que o transformam em um fenômeno
institucional:
• A distância entre os objetivos fixados e os meios
atribuídos para atingir estes objetivos.
• A distância entre as prescrições, as normas e o
que acontece realmente.
• A distância entre as recompensas esperadas e
a retribuição efetiva.
Gaulejac
Prof. 17
TRÊS CONDIÇÕES PARA
DEFINIR A ÉTICA
• Limites
• Debates
• Reconhecer a dignidade
das pessoas.

Prof. 18

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