Você está na página 1de 31

1) DEFINIR EPIDEMIOLOGIA.

A palavra “epidemiologia” deriva do grego (epi = sobre; demos = população, povo; logos = estudo). Portanto, em
sua etimologia, significa “estudo do que ocorre em uma população”. Para a Associação Internacional de
Epidemiologia, criada em 1954, a Epidemiologia tem como objeto o “estudo de fatores que determinam a
freqüência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas” (ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 1992).
O Dicionário de Epidemiologia de John Last a define como “o estudo da distribuição e dos determinantes de
estados ou eventos relacionados à saúde, em populações específicas, e a aplicação desse estudo para o controle
de problemas de saúde”* (LAST, 1995). Com a ampliação de sua abrangência e complexidade, a Epidemiologia,
segundo Almeida Filho e Rouquayrol (1992), não é fácil de ser definida. Ainda assim, esses autores ampliam as
definições já colocadas, na medida em que a conceituam como a ciência que estuda o processo saúde-doença na
sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde
e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de
doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações
de saúde. Ou seja, diferentemente da Clínica, que estuda o processo saúdedoença em indivíduos, com o objetivo
de tratar e curar casos isolados, a Epidemiologia se preocupa com o processo de ocorrência de doenças, mortes,
quaisquer outros agravos ou situações de risco à saúde na comunidade, ou em grupos dessa comunidade, com o
objetivo de propor estratégias que melhorem o nível de saúde das pessoas que compõem essa comunidade. Um
dos meios para se conhecer como se dá o processo saúdedoença na comunidade é elaborando um diagnóstico
comunitário de saúde. O diagnóstico comunitário, evidentemente, difere do diagnóstico clínico em termos de
objetivos, informação necessária, plano de ação e estratégia de avaliação (Figura 1).

O termo distribuição pode ser observado em qualquer definição de Epidemiologia. Distribuição, neste sentido, é
entendida como “o estudo da variabilidade da freqüência das doenças de ocorrência em massa, em função de
variáveis ambientais e populacionais ligadas ao tempo e ao espaço” (ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 1992).
Dessa forma, um primeiro passo em um estudo epidemiológico é analisar o padrão de ocorrência de doenças
segundo três vertentes: pessoas, tempo e espaço, método este também conhecido como “epidemiologia
descritiva” e que responde as perguntas quem?, quando? e onde? O padrão de ocorrência das doenças também
pode se alterar ao longo do tempo, resultando na chamada estrutura epidemiológica, que nada mais é do que o
padrão de ocorrência da doença na população, resultante da interação de fatores do meio ambiente, hospedeiro
e do agente causador da doença. Essa estrutura epidemiológica se apresenta de forma dinâmica, modificando-
se continuamente no tempo e no espaço e definindo o que pode ser considerado ocorrência “normal” ou
“anormal” da doença em uma determinada população, em determinado tempo e espaço (BRASIL, 1998). A
análise de distribuição das doenças segundo essas vertentes (tempo, espaço e pessoas) vem sendo utilizada há
muito tempo. Até o início do século XX os estudos epidemiológicos enfocavam principalmente as doenças
infecciosas, pois eram essas as principais causas de morbidade e mortalidade na população. Em meados do
século XIX, a primeira Associação de Epidemiologia conhecida (a Sociedade Epidemiológica de Londres,
organizada em 1850) tinha como objetivo inicial descobrir a etiologia do cólera. Um dos membros fundadores
dessa Sociedade, John Snow, no ano de 1854, durante uma epidemia de cólera em Londres, verificou que a
mortalidade por essa doença era diferente nos diversos pontos da cidade. Ao suspeitar que a ocorrência do
cólera poderia estar relacionada à água de abastecimento (naquela época ainda não havia sido identificado o
agente causador da doença, o Vibrio cholerae), conduziu um estudo epidemiológico e demonstrou que a taxa de
mortalidade dos que recebiam água de uma determinada companhia de abastecimento era cerca de nove vezes
mais alta do que a taxa dos que recebiam água de outra companhia. Como essas companhias captavam água de
diferentes pontos do Rio Tâmisa, com diferentes níveis de poluição, Snow inferiu que existia um “veneno
colérico” transmitido por água contaminada. Seu relatório foi tão importante que, divulgado em 1855, fez com
que os legisladores de Londres aprovassem uma lei estabelecendo que toda a água servida à população deveria
ser retirada a montante, por todas as companhias de abastecimento. Interessante observar que mesmo sem
conhecer a causa da doença (Robert Kock somente identificou o Vibrio cholerae em 1883), uma estratégia de
prevenção foi proposta com os resultados do estudo epidemiológico de John Snow (LILIENFELD e LILIENFELD,
1980). A partir de meados do século XX, com a mudança do perfil epidemiológico de grande parte das
populações, os estudos epidemiológicos passaram também a enfocar outros tipos de doenças, agravos e
eventos, como as doenças não infecciosas (câncer, doenças do aparelho circulatório, doenças do aparelho
respiratório, por exemplo), os agravos e lesões resultantes de causas externas (acidentes de trânsito, doenças e
acidentes de trabalho, homicídios, envenenamentos, etc.), os desvios nutricionais (desnutrição, anemia,
obesidade, etc.) e os fatores de risco para ocorrência de doenças ou mortes (tabagismo, hipercolesterolemia,
baixo peso ao nascer, etc.). Mais recentemente, aliados ao desenvolvimento de pacotes computacionais,
ganharam um espaço muito grande os métodos da chamada “epidemiologia analítica” (principalmente os
estudos de coorte e caso-controle), na busca de explicações (causas) para a ocorrência dessas doenças e
agravos, com desvalorização indevida, devido à sua importância para o diagnóstico de saúde da população, da
“epidemiologia descritiva” (BARATA, 1997). Tanto os métodos da epidemiologia descritiva, como da analítica,
podem ser utilizados em situações diversas e, desde o Seminário sobre Usos e Perspectivas da Epidemiologia,
realizado pela Organização Panamericana da Saúde (OPS), em 1983, têm sido destacados os quatro grande
campos de possibilidade de utilização da epidemiologia nos serviços de saúde (CASTELLANOS, 1994):

1)na busca de explicações (causas ou fatores de risco) para a ocorrência de doenças, com utilização
predominante dos métodos da epidemiologia analítica; 2) nos estudos da situação de saúde (que doenças
ocorrem mais na comunidade? Há grupos mais suscetíveis? Há relação com o nível social dessas pessoas? A
doença ou agravo ocorre mais em determinado período do dia, ano?); 3) na avaliação de tecnologias,
programas ou serviços (houve redução dos casos de doença ou agravo após introdução de um programa? A
estratégia de determinado serviço é mais eficaz do que a de outro? A tecnologia “A” fornece mais benefícios do
que a tecnologia “B”?); 4) na vigilância epidemiológica (que informação devemos coletar, observar? Que
atitudes tomar para prevenir, controlar ou erradicar a doença?). Evidentemente, esses quatro campos não se
desenvolveram de forma uniforme na América Latina e mesmo os campos mais usados pelos serviços de saúde
(estudos da situação de saúde e vigilância epidemiológica) ainda têm recebido pouca atenção, com pouca
possibilidade de interferência nas decisões a respeito da organização dos serviços (GOLDBAUM, 1992;
CASTELLANOS, 1994). Não obstante sua importância, este capítulo não tem a finalidade de discutir as causas
das dificuldades de utilização da epidemiologia no planejamento e organização de ações e serviços de saúde,
mas sim destacar alguns instrumentos que podem ser utilizados no cotidiano dos trabalhadores de saúde,
principalmente no que se refere à elaboração de diagnósticos de saúde, um dos campos com maior potencial de
ser utilizado nesses serviços. Tanto para estudos da situação de saúde, como para o estabelecimento de ações
de vigilância epidemiológica é importante considerar a necessidade de dados (que vão gerar as informações)
fidedignos e completos. Esses dados podem ser registrados de forma contínua (como no caso de óbitos,
nascimentos, doenças de notificação obrigatória), de forma periódica (recenseamento da população e
levantamento do índice CPO – dentes cariados, perdidos e obturados – da área de Odontologia – são alguns
exemplos) ou podem, ainda, ser levantados de forma ocasional (pesquisas realizadas com fins específicos,
como, por exemplo, para conhecer a prevalência da hipertensão arterial ou diabetes em uma comunidade, em
determinado momento) (LAURENTI et al., 1987). Os dados de importância para a análise de situação de saúde
são inúmeros e de fontes diversas. Poderíamos destacar, por exemplo, os dados sobre a população (número de
habitantes, idade, sexo, raça, etc.), os dados sócio-econômicos (renda, ocupação, classe social, tipo de trabalho,
condições de moradia e alimentação), os dados ambientais (poluição, abastecimento de água, tratamento de
esgoto, coleta e disposição do lixo), os dados sobre serviços de saúde (hospitais, ambulatórios, unidades de
saúde, acesso aos serviços), os dados de morbidade (doenças que ocorrem na comunidade) e os eventos vitais
(óbitos, nascimentos vivos e mortos, principalmente). Alguns desses dados (morbidade e eventos vitais) são
gerados a partir do próprio setor saúde, de forma contínua, constituindo sistemas de informação nacionais,
administrados pelo Ministério da Saúde. No Brasil, há, atualmente, cinco grandes bancos de dados nacionais
(CARVALHO, 1997), continuamente alimentados: o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM); o Sistema
de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC); o Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação (SINAN);
o Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS) e o Sistema de Informações
Hospitalares do Sistema Único de Saúde(SIH/SUS). É importante considerar que tanto a informação derivada
de dados de doenças (morbidade), como de mortalidade, apresentam vantagens e limitações. Como limitação
mais importante, de ambas as fontes de dados, poderíamos pensar sobre como esses dados refletem a saúde
(ou ausência de saúde) da população que se deseja estudar. É muito conhecido, no meio da saúde, o termo
“ponta de iceberg” para referirse a uma característica desses dados, ou seja, ambos (especialmente a
mortalidade) representam apenas uma parcela da população (a “ponta de iceberg”): a que morre ou a que
chega ao serviço de saúde e tem o seu diagnóstico feito e registrado corretamente, como demonstra a Figura 2.

Entre as vantagens dos dados de mortalidade, sobre os de morbidade, destaca-se a sua maior disponibilidade, a
partir do registro obrigatório (por lei) de todos óbitos, para a maioria das países, proporcionando análise de
séries históricas (tendência de determinada causa de óbito, por exemplo), além de sua característica de evento
que ocorre uma só vez, ao contrário dos episódios de doenças (LAURENTI e MELLO JORGE, 1996; LEBRÃO,
1997). Entre suas limitações, é importante destacar que a informação sobre mortalidade cobre, como já
mencionado, apenas uma porção da população doente e uma parcela menor ainda da população total. Além
disso, há, geralmente, um longo período de tempo entre o início da doença e a morte, com exceção de algumas
doenças infecciosas agudas e de acidentes ou violências. Outro fator limitante é que as estatísticas de
mortalidade trabalham, geralmente, como uma única causa de morte (causa básica1), quando, na realidade, a
morte é um fenômeno causado por múltiplos fatores. Finalmente, é importante salientar que os diagnósticos de
causa de morte dependem de diversos aspectos, como a disponibilidade de pessoal preparado, recursos para
diagnósticos precisos e acesso adequado aos serviços de saúde, o que nem sempre acontece, principalmente em
países subdesenvolvidos (LEBRÃO, 1997).

1 Causa básica de morte, segundo a Organização Mundial de Saúde (CID-10) é: “(a) a doença ou lesão que iniciou
a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à morte ou (b) as circunstâncias do acidente
ou violência que produziu a lesão fatal “ [grifo nosso].
Apesar dessas limitações, acredita-se que a informação gerada a partir de dados de mortalidade, muito
utilizada no passado, reterá, por algum tempo ainda, o seu lugar central na avaliação dos progressos em saúde e
nas comparações internacionais, devido principalmente à dificuldade de operacionalização de outros tipos de
indicadores (HANSLUWKA, 1987). Independentemente de que tipo de dado usar para avaliar o estado de saúde
de uma população é importante, portanto, conhecer as limitações inerentes ao próprio tipo de dado. Além
disso, é imprescindível levar-se em conta a qualidade dos dados e a cobertura do sistema de informação, tanto
em nível nacional, como local, para evitar conclusões equivocadas. Exemplificando: se numa determinada
cidade o acesso ao serviço de saúde é maior, com maior possibilidade de realização do diagnóstico correto e, se
o médico preenche adequadamente a declaração de óbito, a taxa de mortalidade específica por uma
determinada doença (diabetes mellitus, por exemplo) pode ser maior do que em outra localidade, onde esta
doença não é adequadamente diagnosticada ou que apresente problemas no preenchimento da declaração de
óbito. Nessa comparação, pode ser que, na realidade, a taxa de mortalidade por esta doença seja maior na
segunda localidade, mas o sistema de informação não possui qualidade suficiente para detectar esse problema.
O mesmo raciocínio pode ser feito para as demais variáveis do Sistema de Informação sobre Mortalidade
(ocupação, idade, escolaridade, etc.), bem como para outros tipos de informação (peso ao nascer, doença que
motivou a internação, etc.). Com relação à cobertura dos eventos, há que se observar se todos os eventos estão
entrando no sistema de informação. Por exemplo, em locais onde existem cemitérios “clandestinos” ou que
façam o enterramento sem a exigência da declaração de óbito, provavelmente estarão sendo enterradas
pessoas sem a respectiva declaração de óbito, não contando no respectivo sistema (mortalidade). Se a criança
nasce e o hospital não emite a Declaração de Nascido Vivo, esta também não contará no sistema (nascidos
vivos). Se o médico faz um diagnóstico de doença de notificação obrigatória na Unidade de Saúde, mas nada se
anota na ficha do SINAN, outro caso será “perdido”. De especial importância são os dados a respeito de crianças
nascidas vivas e que morreram antes de completar 1 ano de idade (morte infantil), especialmente aquelas que
nascem vivas e morrem logo nas primeiras horas. Algumas vezes, estas crianças podem ser classificadas
erroneamente como “óbito fetal”, ao invés de “óbito não fetal”, alterando os coeficientes que são construídos a
partir de dados de nascidos vivos e de óbitos infantis, como será mais detalhado adiante. Além dos cinco grande
bancos de dados nacionais já mencionados, há, ainda, outros que trabalham dados específicos e/ou não têm
abrangência nacional, entre os quais se destacam: o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), o
Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), o Sistema de Informação sobre Acidentes de Trabalho
(SISCAT), o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI).

file:///C:/Users/alex/Downloads/EPIDEMIOLOGIA%20(2).pdf

Enquanto a Clínica dedica-se ao estudo da doença no indivíduo, analisando caso a caso, a epidemiologia estuda
os fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças em grupos de pessoas. Miranda (1998)
A Epidemiologia surgiu a partir da consolidação de um tripé de elementos conceituais, metodológicos e
ideológicos: a Clínica, a Estatística e a Medicina Social.
O objetivo final da Epidemiologia é produzir conhecimento e tecnologia capazes de promover a saúde
individual através de medidas de alcance coletivo.
Numerosas doenças cujas origens até recentemente não encontravam explicações vêm sendo estudadas em
suas associações causais pela metodologia epidemiológica . A título de exemplo pode-se citar a associação entre
o hábito de fumar e o câncer de pulmão, leucemias e exposição aos raios-X ou ao benzeno, mortalidade infantil
e classes sociais, AIDS e hábitos sexuais, entre outras.
Portanto, a Epidemiologia mantém seu caráter essencialmente coletivo e social assim como vem ampliando o
seu importante papel na consolidação de um saber científico sobre a saúde humana. Fornecendo subsídios para
o planejamento e a organização das ações de saúde e para a avaliação de programas, atividades e
procedimentos preventivos e terapêuticos.
Rouquayrol (2003) define epidemiologia como a ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade,
analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes das doenças, danos à saúde e eventos
associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e
fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração, e avaliação das ações de saúde.
Convém ressaltar que, devido ao seu caráter eminentemente observacional, a moderna Epidemiologia
estrutura-se em torno de um conceito fundamental denominado risco.
Portanto, risco pode ser definido como a probabilidade dos membros de uma determinada população
desenvolver uma dada doença ou evento relacionado à saúde em um período de tempo.
Em outras palavras, o risco é o correspondente epidemiológico do conceito matemático de probabilidade e se
operacionaliza quantitativamente sob forma de uma proporção, levando em conta três dimensões: ocorrência
de doença, denominador de base populacional e tempo.
Operacionalmente, as medidas típicas do risco são chamadas de incidência e prevalência.
A incidência é a proporção de casos novos de uma dada patologia em uma população delimitada, durante um
período determinado de tempo. Já, a prevalência é a proporção de casos (novos e antigos) de certa doença em
uma população delimitada, em um tempo determinado.
Cumpre destacar que a prevalência é uma medida de risco de grande utilidade para os estudos epidemiológicos
relacionados com a inspeção do trabalho na área de segurança e saúde no trabalho.
Por outro lado, para o estudo de determinantes de doença e subsequente proposição de ações preventivas,
outro conceito torna-se mais útil: o fator de risco.
Um fator de risco pode ser definido como o atributo de um grupo que apresenta maior incidência de uma dada
patologia, em comparação com outros grupos populacionais, definidos pela ausência ou menor dosagem de tal
característica.
A partir do conhecimento e do domínio desses conceitos básicos, a investigação epidemiológica deve seguir um
roteiro básico: a construção da questão e formulação das hipóteses de pesquisa, a definição da estratégia de
investigação, a seleção de técnicas de produção de dados, o trabalho de campo e a sistematização e análise dos
dados coletados.
A formulação da hipótese resulta inicialmente da construção de um quadro teórico baseado em um estudo
cuidadoso da literatura científica específica sobre um dado assunto.
Sua formulação propriamente dita deverá ser feita em termos probabilísticos, de modo à antecipadamente
indicar com precisão e objetividade a natureza das medidas e a direção das associações em estudo.
Em relação à definição da estratégia de investigação, o instrumental da Epidemiologia engloba quatro
estratégias básicas de pesquisa: estudos ecológicos, estudos do caso-controle, estudos de coorte, e estudos
seccionais (ou de prevalência).
Os estudos ecológicos abordam áreas geográficas, analisando comparativamente indicadores globais, quase
sempre por meio de correlação entre variáveis ambientais ou sócio-econômicas e indicadores de saúde. Um
exemplo de estudo ecológico é a investigação da ocorrência de correlação entre concentração populacional e
níveis de sintomatologia.
Os estudos de caso-controle iniciam-se pelos doentes identificados (casos), estabelecem controles (sujeitos
comparáveis aos casos, porém não-doentes) para eles, e retrospectivamente procura conhecer os níveis de
exposição ao suposto fator de risco. Esse tipo de estudo é de grande utilidade para se abordar associações
etiológicas com doenças de baixa incidência. Um exemplo típico de
estudo de caso - controle é aquele que demonstrou a associação entre rubéola durante a gestação e
malformações congênitas a partir de casos de crianças portadoras de catarata congênita.
Os estudos de corte consistem no inverso dos estudos de caso-controle, pois partem da observação de grupos
comprovadamente expostos a um fator de risco suposto como causa de doença e prospectivamente observa o
aparecimento de doentes. Esse tipo de estudo é o único capaz de abordar hipóteses etiológicas produzindo
medidas de incidência. Exemplos clássicos de estudo de coorte são o da associação entre o hábito de fumar e o
câncer de pulmão e, entre o nível de colesterol no sangue e doenças cardiovasculares. Miranda (1998)
Finalmente, os estudos seccionais (ou de prevalência) observam o fator de risco e o efeito num mesmo
momento histórico e em populações de referência precisamente delimitadas. Esse tipo de estudo tem sido o
mais empregado na Epidemiologia moderna e é o desenho de investigação mais útil para a inspeção do trabalho
na área de segurança e saúde. Um exemplo típico de estudo seccional é o estudo da prevalência de certa doença
profissional entre trabalhadores de certa empresa ou de certo ramo de atividade econômica. Após definir a
estratégia de investigação mais adequada em relação aos objetivos da pesquisa, devem-se selecionar as
técnicas de produção de dados. As fontes desses dados podem ser secundárias (por exemplo, o arquivo do
serviço médico da empresa) ou podem-se obter dados primários através da utilização de entrevistas ou
aplicação de questionários.
A fase seguinte da investigação consiste no trabalho de campo, que na verdade constitui-se no próprio processo
de produção de dados referentes às variáveis estudadas, através do emprego criterioso das técnicas de coleta
dentro da estratégia de investigação selecionada. Na última fase, realiza-se a sistematização e a análise dos
dados coletados de modo a abordar efetivamente o problema da investigação, finalmente transformando dados
em informação útil, através do teste das hipóteses da investigação.

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/esporte/epidemiologia-definicao-objetivos-e-
conceitos/10760
A epidemiologia é a ciência das epidemias, onde se averigua determinantes sociais, ambientais, genéticos e
exposições dos indivíduos a agentes tóxicos, microbiológicos, entre outros, que ocasionam em doenças,
incapacidades intelectuais e físicas, e até mesmo à morte, investigando as distribuições e as quantidades em
relação a saúde e doença. A epidemiologia indica, através de estudos, os aspectos da doença e até mesmo do
desastre como sua frequência, sua distribuição geográfica e a população que mais corre risco. Os dados
produzidos pela epidemiologia podem ser de doenças conhecidas ou não.
O primeiro relato de dado epidemiológico foi produzido por Hipócrates, na Grécia há mais de 2000 anos, onde
foi percebido a relação das doenças com os fatores ambientais. As primeiras observações epidemiológicas
foram descritas por John Snow, em Londres que analisou cada moradia com casos de óbito por cólera entre
1848 e 1853, e percebeu uma relação entre a água originária destas residências; ao comparar com outras
residências, Snow percebeu que a maioria das vítimas da cólera tinham a água fornecida pela empresa
Southwark.

Atualmente, segundo a Associação Internacional de Epidemiologia (IEA) a epidemiologia possui 3 propósitos


principais:

1. Relatar a disseminação e a importância do agente causador da doença em relação com as dificuldades


da saúde entre as populações humanas.
2. Gerar informações que sirvam de base para a prevenção, moderação e tratamento das doenças,
estabelecendo prioridades.
3. Identificar a causa e origem da doença.

A epidemiologia não possui uma metodologia de aplicação específica, podendo variar de acordo com o
surgimento das doenças, mas possui 6 metas obrigatórias que podem ser acrescidas; são originárias da
metodologia científica e devem ser aplicadas em sua ordem específica:

1. Estudo exato
2. Análise correta
3. Esclarecimento racional
4. Formação de hipótese
5. Comprovação a hipótese
6. Conclusão

O avanço da epidemiologia gerou várias conquistas, diminuindo a quantidade de doentes e promovendo


soluções para causas variadas de doenças como a varíola, envenenamento por metilmercúrio, distúrbios por
deficiência de iodo, tabagismo, HIV/AIDS, síndrome da angústia respiratória aguda e até mesmo em ocorrências
de fraturas como a do quadril em idosos.

No Brasil, o órgão responsável pelos os dados epidemiológicos e a sua aplicação é a Secretaria de Vigilância em
Saúde – SVS, uma das secretarias que compõem o Ministério da Saúde, prevista no decreto nº 8065 de 7 de
agosto de 2013. Os dados epidemiológicos no Brasil são disponibilizados para a população através dos sites do
SVS e do DATASUS.

https://www.infoescola.com/saude/epidemiologia/

Epidemiologia é a ciência da saúde coletiva que estuda a relação de causa-efeito, ou saúde-doença. Para este fim
existem diversos tipos de estudos epidemiológicos de uma população, cada estudo é indicado para um tipo
de hipótese levantada pelo pesquisador. As hipóteses podem ser, entre outras, relação entre exposição ao fator
de risco e a doença, ou doença sobre óbitos, ou também a eficácia de determinado medicamento para uma
determinada doença.

Tipos de estudo epidemiológicos


Na saúde existem tipos específicos de delineamento de estudos para estudar efeitos e diagnóstico que
consideram e se adaptam a fatores especiais como problemas éticos e alto custo.
Diferentemente de outras ciências as investigações são feitas sobre a saúde das próprias pessoas, o que limita
muito a aplicação dos tipos de estudo preferidos pelas demais áreas correlatas.
Nos estudos de fatores para cada tipo de situação pode ser possível intervir em um fator livremente, intervir
condicionalmente, intervir igualmente ou não intervir. Nos estudos de diagnóstico pode ser permitido aplicar
as técnicas de diagnóstico, apenas uma ou nenhuma.
Todos esses parâmetros geram tipos de estudo típicos da saúde e com tipos de viés (erros sistemáticos)
conhecidos, que são muito importantes para a avaliação crítica de um trabalho e sua importância.
Os tipos de estudo podem ser:

 1.Qualitativos: utiliza conceitos, comportamentos, percepções, informações das pessoas (coleta de dados:
observações, entrevistas e leituras);refere-se a estudos profundos, subjetivos;usados em larga escala nas
ciências sociais.
 2.Quantitativos: são objetivos na busca para explicação dos fenômenos, ênfase numérica;maior aplicação
na área da saúde.

 2.1 - Estudo de Caso


O estudo de caso é um tipo de estudo descritivo básico, cujos relatos são cuidadosos e detalhados de um único
ou poucos pacientes.Pode ser feito por mais de um profissional.Além disso, pode ser expandido para uma série
de casos, sugerindo até a emergência de novas doenças ou epidemias.
Ex: Relato de manifestações clínicas de uma doença X (rara).

 2.2 - Investigação Experimental em laboratório


É um estudo de curta duração feito, geralmente, com animais, sendo ideal quando não é possível realizar em
humanos, por questões éticas.O laboratório é o local ideal para estudos experimentais, pois pode-se controlar
as variáveis, reduzindo, portanto, o grau de subjetividade na aferição dos dados. Vale ressaltar que o transporte
do resultado para seres humanos deve ter cautela, já que se trata de um estudo feito com diversas espécies que
não a espécie humana.

 2.3 - Pesquisa Populacional ou Epidemiológica

 Classificações:
 Descritiva
 Analítica
Nas pesquisas descritivas, procura-se estudar a distribuição das doenças num determinado local, realizando a
formulação de hipóteses. São usadas, dessa forma, algumas variáveis que podem auxiliar o estudo, tais como:
indivíduo (quem?), o local (onde?) e o tempo (quando?). A obtenção dos dados para o estudo pode ser feito de
duas formas, através das fontes primária e secundária, cujas informações são coletadas num determinado
momento especificamente e a partir de uma base ou registro de dados, respectivamente, a fim de se obter as
informações desejadas.
Nas pesquisas analíticas, a elucidação dos determinantes da doença e teste de novos resultados e hipóteses
formuladas a partir de estudos descritivos é feito.
Dentro das pesquisas descritivas e analíticas, ainda, há:

 Classificações:
 Estudos Observacionais:
 Estudos Ecológicos
 Estudos Transversais ou de Prevalência
 Estudo de Caso-controle
 Estudo de Coorte
 Estudos Intervencionais ou Experimentais:
 Ensaio clínico
 Ensaio de campo
 Ensaio de Comunidade
Estudos Ecológicos
Descreve as diferenças entre as populações num determinado espaço de tempo ou num mesmo tempo;
Compara as frequências da doença entre os diferentes grupos num determinado espaço de tempo; Informações
desejadas são retiradas de registros de dados coletados rotineiramente como fonte de dados oficiais (OMS,
registros nacionais...); São rápidos e de baixo custo, já que dispensam amostragens, entrevistas, fichas ou
exames clínicos.
Estudos Transversais ou de Prevalência
Usados em saúde pública para avaliar e planejar programas de controle de doenças; Medem a prevalência da
doença; Muito difundida em epidemiologia;Dados levantados num determinado ponto no tempo,
especificamente para a obtenção de informações desejadas de grandes populações; São fáceis e econômicos,
com duração de tempo relativamente curta.
Estudo de Caso-Controle
O investigador parte de indivíduos com e sem doença e busca no passado a presença/ausência do fator de
exposição (causa); Analisa os possíveis fatores associados à doença em questão; Melhor estudo para doenças
raras, rápido e barato;.
Estudo Coorte
O investigador parte do fator de exposição (causa) para descrever a incidência e analisar associações entre
causas e doenças; . Fornece melhores informações sobre as causas de uma doença; . Alto custo e longo período
de tempo; . Pode ser dividido em Coorte Histórica, quando utiliza dados secundários já coletados, e Coorte
Contemporânea, quando os dados são coletados ao longo do próprio estudo. São estudos longitudinais que
permitem medir a incidência dos efeitos da exposição. Permitem ainda estudar a história natural de uma
doença. São muito úteis para a determinação de fatores de risco associados.
Ensaio Clínico
Tem como objetivo testar a eficácia de uma intervenção terapêutica ou preventiva sobre determinada doença; .
É difícil saber as causas da doença; . A randomização possibilita diminuir a variação ocorrida por fatores
externos que possam afetar a comparação; . Duplamente-cega: quando investigadores e pacientes não sabem a
que tipo de intervenção são submetidos.
Estudo de Campo
Semelhante ao ENSAIO CLÍNICO, mas a população estudada não são pacientes e sim pessoas livres de doenças e
presumivelmente sob risco; . Os dados são coletados na população em geral; . São mais caros e de maior
duração de tempo; . Também devem buscar a randomização.
Ensaio de Comunidade
Envolve a intervenção em nível de comunidades, ao invés de indivíduos, apenas; . Usado para avaliar a eficácia e
efetividade de intervenções que busquem a prevenção primária através da modificação dos fatores de risco
numa população; . É conduzido dentro de um contexto sócio-econômico de uma população naturalmente
formada . Limitações: pequeno número de comunidades podem ser incluídas; difícil de isolar uma comunidade.

Classificação

 Populacional (ecológico) / individual


Quando obtemos dados aglomerados, ou seja, dados em que não sabemos as distribuições condicionais,
classificamos o estudo como ecológico, caso contrário o classificamos como sendo individual. Estudos
ecológicos costumam estar relacionados a ações públicas em massa. Por exemplo: se temos o total de crianças
com cárie antes e o total de crianças com cárie depois do programa de educação sobre higiene nas escolas, não
podemos saber se houve diminuição do número de casos apenas pela ação pública e nem podemos resgatar o
dado de uma criança específica (antes sem cárie e depois com, por exemplo). Temos apenas indicadores.

 Longitudinal / transversal
Estudos longitudinais são aqueles cujo objetivo é estudar o efeito de um ou mais fatores. Nestes estudos os
dados estudados são coletados em dois momentos, no ponto inicial da exposição(o encontrado) e em um
momento posterior. Estudos transversais têm como objetivos procurar rapidamente associações comuns entre
fatores, o que é bom para a criação de métodos de diagnóstico rápido.
 Controlado / Não controlado
Em estudos longitudinais quando há formação de grupo para comparação - grupo controle - um estudo é
classificado como controlado. Por exemplo, para saber o efeito atribuindo a uma nova droga sobre uma doença
ela é administrada diferentemente entre os grupos, mostrando que não houve diferença significante entre a
evolução de quem a usou e de quem não a usou. Quando não há grupo para comparação a análise não existe,
como nos relatos de caso, inquéritos populacionais, estudos de intervenção não controlados e estudos de
incidência.

 Intervenção / Observação
Em estudos longitudinais controlados quando os fatores para um efeito estudado são impostos ou
quantificados pelo pesquisador temos uma intervenção, caso contrário apenas um estudo de observação.

 Alocação aleatória / Alocação com critério de seleção


Quando em um estudo de longitudinal de intervenção controlado o critério de seleção para quem irá fazer parte
de um ou outro grupo de intervenção diferente é feito ao acaso (por exemplo por sorteio) então dizemos que
houve alocação aleatória. Caso contrário dizemos que houve critério de seleção que implica viés de seleção.

 Seleção de acordo com o efeito ou de acordo com a exposição


Em estudos longitudinais observacionais controlados quando selecionamos os grupos de estudo com critério
na exposição a um determinado fator podemos calcular a incidência dos diversos efeitos possíveis e analisar se
eles são significantemente diferentes se não houver essa exposição, o que define os estudos de coorte. Quando
investigamos a exposição no passado de determinados fatores em grupos com e sem o efeito estudado fazemos
um estudo de casos e controles.

Ensaio clínico aleatório


São estudos individuais, longitudinais, de intervenção, controlados e com alocação aleatória. Também
conhecidos como Estudo Duplo Cego, pois o paciente e o médico não sabem qual grupo esta com o placebo, qual
esta com a medicação, somente o organizador do estudo sabe.
São o padrão ouro (melhor tipo) dos estudos de fatores porque diminuem muito o efeito de variáveis de
confusão e permitem padronização da qualidade e quantidade dos fatores, tornando os resultados mais
seguros.
Eles também permitem o uso de técnicas extras como o mascaramento.

 O mascaramento do paciente é o uso de metodologias que impeçam que os pacientes saibam se fazem parte
de um ou outro grupo de intervenção.
 O mascaramento da intervenção é o uso de metodologias que impedem que a pessoa que está fazendo a
intervenção saiba qual ela é.
 O mascaramento da análise é o uso de técnicas de codificação dos dados coletados para impedir que o
responsável pela análise estatística crie tendências.
A intervenção pode ser paralela ou cruzada:

 Na paralela cada grupo é analisado duas vezes, uma antes e outra após a intervenção.
 Na cruzada é feita uma intervenção paralela seguida de um tempo de clareamento e depois de outra
intervenção paralela com os grupos trocados.
São estudos típicos de efeitos cirurgias e de drogas.
As desvantagens do ECR são:

 Preço elevado;
 Necessidade de muita liberdade ética;
 Necessidade de rigor metodológico constante.
As vantagens do ECR são:

 Ser reconhecido como melhor tipo de estudo para fatores;


 Ser associado a muito pouco viés.

Ensaio clinico não aleatorizado

Intervenção não controlada


Nesse caso, o experimento é executado em condições não-controladas; grupos não são selecionados
aleatoriamente e todos os expostos ao fator devem ou podem, em princípio, fazer parte do referido
experimento.

Estudo de coorte
São estudos observacionais onde a situação dos participantes quanto à exposição de interesse determina sua
seleção para estudo, ou sua classificação após inclusão no estudo. É constituído por um grupo de indivíduos que
é acompanhado ao longo do tempo e que periodicamente é investigado por pesquisadores que vão coletando
dados sobre estas pessoas. Também conhecidos como:

 estudos de incidência (incidence),


 longitudinais (longitudinal) ou
 de seguimento (follow-up).
Este delineamento é utilizado para problemas comuns, como doenças cardiovasculares, acidentes de trânsito,
infecções, mortes etc.
VANTAGENS:
- Permite esclarecer/garantir a relação temporal entre exposição e desfecho.
- É útil quando a exposição é rara.
- Permite examinar os múltiplos efeitos de uma única exposição.
- Permite que se façam medidas diretas na incidência da doença nos expostos e nos não expostos.
LIMITAÇÕES (ou desvantagens):
- São muito caros.
- Não é eficiente nos estudos de doença rara.
- A validade dos resultados pode ser muito comprometida pelas perdas durante o período de seguimento.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tipos_de_estudo_epidemiol%C3%B3gico

02) CARACTERIZAR VIGILÂNCIA EM SAÚDE E SUA RELAÇÃO COM A PREVENÇÃO EM SAÚDE

A Saúde Pública apresentou um processo dinâmico de transformação nos últimos anos, com sérias mudanças
estruturais e a proposição de modelos inovadores de gestão, sempre objetivando a melhoria da qualidade dos
serviços e da assistência destinados à população, em sintonia com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). O
SUS representa um moderno modelo de organização dos serviços de saúde, com eixos norteadores relacionados à
universalidade, à integralidade, à acessibilidade, à resolutividade, à hierarquização, à regionalização, à
descentralização e ao controle social. Diante dessa logística, os municípios foram valorizados, assim como todos os
serviços municipais direcionados para a saúde de sua comunidade, entre eles os de Vigilância em Saúde,
representantes da “inteligência sanitária” desse complexo contexto. Essas propostas inovadoras desenham novos
caminhos para os modelos de gestão aplicáveis ao setor, os quais pretendem redundar, em última análise, em
menos desperdício, e em maior agilidade, nas decisões e nas respostas para melhoria da qualidade dos serviços
oferecidos aos munícipes. Langmuir apresentou, em 1963, o seguinte conceito de vigilância: Vigilância é a
observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças mediante a coleta sistemática,
consolidação e avaliação de informes de morbidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes, e a
regular disseminação dessas informações a todos os que necessitam conhecê-la (LANGMUR, 1963). Atualmente, a
construção e a consolidação da Vigilância em Saúde são produtos vitoriosos herdados pela institucionalização do
SUS, em 1988; pela criação do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), em 1990; pela estruturação do
financiamento das ações de vigilância e controle de doenças e, mais recentemente, pela criação da Secretaria de
Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde – em 2003 –, que coordena o Sistema Nacional de Vigilância em
Saúde em todo o território brasileiro.
O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde, se inicia pelas portas de entrada do SUS e se
completa na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a complexidade do serviço, contendo: Atenção
Primária; urgência e emergência; atenção psicossocial; atenção ambulatorial especializada e hospitalar; Vigilância em
Saúde. Os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país. A definição ampliou-
se, sendo que a Vigilância em Saúde é responsável por todas as ações de vigilância, prevenção e controle de agravos,
prioritariamente com ações de promoção à saúde, com o monitoramento epidemiológico das doenças transmissíveis
e não transmissíveis, de atividades sanitárias programáticas, de vigilância em saúde ambiental e saúde do
trabalhador, elaboração e análise de perfis demográficos epidemiológicos, proposição de medidas de controle etc. A
Vigilância encontra-se distribuída em patamares hierárquicos técnico-administrativos, nas esferas federal, estadual,
municipal e regional, sendo que a base de todas as informações é a região, mais precisamente a microárea.
A Vigilância em Saúde tem um fluxograma de informações e apresenta várias interfaces entre diferentes sistemas:
Vigilância; Atendimento (Primário, Secundário e Terciário); laboratórios; centros de pesquisa; centros universitários;
outras secretarias etc. A Vigilância em Saúde está incluída no campo de ação do SUS e desenvolve programas
relevantes de prevenção e controle, devendo ser utilizada para o estabelecimento de prioridades, alocação de
recursos e orientação programática, em várias áreas:
O desenvolvimento de sistemas de vigilância implica o acesso à elevada gama de informações, especialmente as
relativas à morbidade, à mortalidade, à estrutura demográfica, ao estado imunitário e nutricional da população, à
situação socioeconômica e ao saneamento ambiental, sendo que a Saúde atualmente tem sido a porta de entrada
para vários sistemas, tendo íntima relação com a situação social regional. A Vigilância deve trabalhar de forma
integrada e harmônica com todas as Unidades de Atendimento à Saúde – também intersetorialmente e
intersecretarialmente. Na Saúde da Família e da Comunidade, a Estratégia Saúde da Família (ESF) desencadeou todo
um processo de regionalização também na Vigilância. A ESF tem como diretriz a existência da territorialização e a
determinação de área geográfica com o delineamento das áreas de abrangência de cada uma das Unidades Básicas
de Saúde. Nas áreas cobertas pela ESF se trabalha com microáreas e área de abrangência, que são de
responsabilidade sanitária das equipes. Na ESF, a Vigilância tem como parceiros as organizações sociais e os
parceiros contratados pelas secretarias municipais de saúde. As entidades privadas qualificadas pelos estados, pelo
Distrito Federal e pelos municípios como organiza- ções sociais, são declaradas de interesse social e utilidade
pública, desde que haja reciprocidade e a legislação local não contrarie os mandamentos dessa lei e a legislação
federal específica. Nos termos legais, o contrato de gestão discriminará as atribuições, responsabilidades e
obrigações do Poder Público e da Organização Social, mas sobretudo deverá especificar o programa de trabalho
proposto, a fixação das metas a serem atingidas e os respectivos prazos de execução, bem como os critérios
objetivos de avaliação de desempenho mediante indicadores de qualidade e de produtividade. Além disso, o
contrato deve prever os limites e critérios para despesas com remuneração e vantagens a serem percebidos pelos
dirigentes e empregados da Organização Social, além de outras cláusulas julgadas convenientes pelo Poder Público.
A eficácia do contrato de gestão está precisamente na possibilidade do exercício do controle de desempenho,
havendo indicadores objetivos de qualidade e produtividade, metas a serem alcançadas e prazos de execução,
muitos deles de vigilância. O Poder Público pode perfeitamente acompanhar os trabalhos da entidade privada e
verificar a atuação de seus dirigentes, para tomar as providências cabíveis, entre elas a Vigilância. Diante da
ampliação do conceito de Vigilância em Saúde e das inovadoras propostas administrativas para a área da saúde,
focando a Saúde da Família e Comunidade, a equipe de profissionais da Vigilância desencadeou uma reforma na
logística de seu processo de trabalho e fluxograma de informações com os equipamentos de prestação de serviços
em saúde sob sua responsabilidade regional, mantendo como princípios norteadores:
• A manutenção da qualidade na coleta de dados;
• A consolidação desses dados em informações fidedignas;
• A ampla disseminação dessas referidas informações a todos aqueles que as geraram e que delas necessitam tomar
conhecimento, servindo de ferramenta para:
- A elaboração de programas, a identificação de fatores de risco, a aplicação de medidas de controle;
- A capacitação e o aprimoramento de pessoal;
- A aquisição de equipamentos e tecnologias;
- O desenvolvimento de produções científicas
Nesse cenário de intensas transformações, avaliações e reorganizações, os equipamentos de saúde e seus
profissionais precisam desenvolver uma dinâmica de aprendizagem e inovação, cujo primeiro passo deve ser a
capacidade crescente de adaptação às mudanças observadas no mundo atual. Devem-se procurar os conhecimentos
e habilidades necessários e a melhor maneira de construí-los para formar esse novo profissional, ajustado à
realidade atual e preparado para acompanhar as transformações futuras. O processo de trabalho e o fluxograma de
informações da Vigilância em Saúde devem ser trabalhados harmonicamente com a ESF e com toda a rede
regionalizada de atendimento à saúde até o nível terciário, que inclui hospitais e serviços e escola de pesquisa
científica, garantindo a excelência da captação de dados, a consolidação, a avaliação e a divulgação das informações,
bem como a eficiência das medidas de controle e a solução dos problemas de saúde pública. Para que se consiga
essa harmonia e integralidade, a Vigilância necessita estar bem sedimentada em todos os profissionais da saúde e,
para isso, um ponto fundamental é o desenvolvimento de processos de educação continuada em serviço, integrando
a Vigilância ao atendimento, uma vez que são interdependentes para sua eficiência. Todos os profissionais de saúde
devem estar treinados para sua atuação de vigilantes em saúde, não deixando passar nehuma oportunidade de
cumprir a meta de qualidade dos serviços prestados. Através dessa organização e desses treinamentos também se
intensifica a integração dos profissionais da Vigilância e da Atenção Básica, Secundária e Terciária, bem como se
reforçam os vínculos, o que facilita o fluxo de informação e a melhora a qualidade dos serviços. É importante
desenvolver estudos de casos com extremo detalhamento do contexto em que estão inseridos os pacientes e seus
familiares, discutindo todos os fatores relevantes para a justificativa das doenças e agravos, bem como fatores
facilitadores e dificultadores do processo propedêutico, terapêutico e da evolução para a cura, desde que os espaços
criados para essas discussões sejam otimizados com a presença do maior número possível de atores regionais. Itens
necessários para a organização do Sistema de Vigilância:
É imprescindível para todos os profissionais de saúde o conhecimento detalhado de dois documentos:
• Decreto no 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, que
dispõe sobre a organização do Sistema Único de Saúde, o planejamento de saúde, a assistência à saúde e a
articulação interfederativa;
• Portaria no 104, de 25 de janeiro de 2011, do Ministério da Saúde, que define as terminologias adotadas em
legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional de 2005, a relação de doenças,
agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo,
critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. O conteúdo desses dois documentos
nos mostra a organização do sistema de saúde e a inclusão da Vigilância em Saúde no contexto do SUS e a
necessidade de ação integrada de vários setores. A Portaria no 104, do Ministério da Saúde, considera o
Regulamento Internacional de 2005 e suas definições de:
• Doença: significa enfermidade ou estado clínico, independentemente de origem ou fonte, que represente ou possa
representar um dano significativo para os seres humanos;
• Agravo: significa qualquer dano à integridade física, mental e social dos indivíduos provocado por circunstâncias
nocivas, como acidentes, intoxicações, abuso de drogas e lesões auto ou heteroinfligidas;
• Evento: significa manifestação de doença ou uma ocorrência que apresente potencial para causar doença;
• Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN): é um evento que apresenta risco de propagação ou
disseminação de doenças para mais de uma Unidade Federada, com priorização das doenças de notificação imediata
e outros eventos de saúde pública, independentemente da natureza ou origem, depois de avaliação de risco, e que
possa necessitar de resposta nacional imediata;
• Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII): é evento extraordinário que constitui risco para
a saúde pública de outros países, por meio de propagação internacional de doenças que potencialmente requerem
uma resposta internacional coordenada. (BRASIL, 2011). A mesma portaria amplia a Lista de Notificação
Compulsória, referente a doenças, agravos e eventos de importância para a saúde pública de abrangência nacional,
em toda a rede de saúde, pública e privada, que devem ser registradas e notificadas no Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (SINAN), obedecendo às normas e rotinas estabelecidas pela Secretaria de Vigilância em
Saúde do Ministério da Saúde. Adota também a Lista de Notificação Compulsória Imediata, referente a doenças,
agravos e eventos de importância para a saúde pública de abrangência nacional de toda a rede de saúde, pública e
privada. A notificação deverá ser imediata, por telefone ou FAX, ao Serviço de Vigilância Epidemiológica da
Secretaria Municipal da Saúde local, pois se tratam de doenças que exigem maior agilidade ao serem notadas,
mesmo que seja apenas uma suspeita, pois a notificação garante a antecipação da investigação. No caso de
sarampo, por exemplo, permite ao município iniciar, imediatamente, a busca ativa de pessoas que tiveram contato
com o paciente e realizar a vacinação de bloqueio para evitar a disseminação do vírus. A notificação compulsória é
obrigatória a todos os profissionais de saúde: enfermeiros, médicos, odontólogos, mé- dicos veterinários, biólogos,
biomédicos, farmacêuticos e outros no exercício da profissão, bem como os responsáveis por organizações e
estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino.
É facultada a elaboração de listas estaduais ou municipais de notificação compulsória, no âmbito de sua
competência e de acordo com o perfil epidemiológico local, não podendo ser menos abrangente que a federal. O
aperfeiçoamento da notificação de doenças, agravos e eventos de importância para a saúde pública permite às
esferas federal, estadual e municipal de governo monitorar e auxiliar no planejamento das ações de prevenção, de
controle, avaliar tendências e impactos das intervenções e indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas. Foram
incluídos também os desastres de origem natural ou antropogênica quando houver desalojados ou desabrigados ou
quando houver comprometimento da capacidade de funcionamento e infraestrutura das unidades de saúde locais
em consequência do evento. Na área de imunização, o primeiro Calendário Vacinal da Secretaria de Saúde do Estado
de São Paulo foi publicado em 1968, constituído por sete vacinas. O atual calendário do PNI, de 2011, contempla um
conjunto de vacinas que protegem contra 14 doenças: tuberculose, paralisia infantil, rotavírus, hepatite B, difteria,
coqueluche, tétano, doenças invasivas por Haemophilus influenzae tipo B, pneumococo, doença meningocócica,
febre amarela, sarampo, caxumba e rubéola. Há outros imunobiológicos especiais, indicados em situações
específicas, disponíveis nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE): vacina Salk, hepatite A,
varicela, imunoglobulina específica contra hepatite B, tétano etc. As clínicas privadas de vacinação oferecem, além
dos imunobiológicos do calendário básico, outras vacinas autorizadas pelo Ministério da Saúde e pela ANVISA, sendo
que todas as atividades relacionadas com imunização são acompanhadas pela Vigilância em Saúde.
O espaço físico adequado para o Setor de Vigilância dos serviços de saúde também é muito importante, pois oferece
um local para o arquivo de materiais informativos oficiais atualizados, a organização dos casos em acompanhamento
e de todos os casos notificados pelo serviço, facilitando a interlocução com a Vigilância de Saúde Local (SUVIS) e com
a Interlocução de Vigilância em Saúde dos parceiros e organizações sociais, se houver, para a realiza- ção de um
trabalho integrado. É imprescindível a realização de um projeto conjunto de educação continuada de Vigilância em
Saúde, pactuada e registrada em plano de trabalho, com o estabelecimento de cronograma anual dos processos
educativos, segundo perfis epidemiológicos regionais e sazonais dos agravos e DNC, e seguindo as diretrizes dos
serviços de Vigilância em Saúde das secretarias municipais da Saúde. O processo sempre deve estar alicerçado na
prioridade de melhorar a qualidade de saúde da população da área de abrangência, sendo que o planejamento
conjunto na Assistência à Saúde da região e a participação popular, em seu papel de controle social e de formador
de opinião da comunidade, são fundamentais para que os serviços também estejam cientes de suas reais
necessidades. Alguns fatores processuais são imprescindíveis para uma adequada Vigilância em Saúde:
• O comprometimento, a disciplina, a competência e o papel integrador da equipe multidisciplinar técnica da
Vigilância Local (SUVIS);
• A importância do trabalho integrado de todos os gestores locais, dividindo tarefas no desempenho dos
treinamentos, capacitações e outras ações;
• O comprometimento de todos os profissionais da Atenção Básica e da ESF na cobertura de sua área de
abrangência;
• A possibilidade de propor e desenvolver projetos novos com os recursos já existentes, apenas organizando os
serviços, demonstrando a notável capacidade de adaptação aos modelos de gestão em saúde pública.
Os dados gerados pela Vigilância devem ser utilizados para análise, acompanhamento e utilização no planejamento
estratégico local. Para isso se trabalha com indicadores técnicos e operacionais, tais como:
• Notificações de agravos e DNC/equipamento de saúde/ano, que geram coeficientes de incidência, prevalência,
detecção e outros;
• Coberturas vacinais, comparativamente com o restante do município e com as metas regionais e outros
indicadores relacionados aos imunobiológicos, sejam técnicos-científicos ou de armazenamento, manutenção e
transporte;
• Indicadores específicos por agravos: percentual de sintomáticos respiratórios examinados, porcentagem de alta
por cura em tuberculose, porcentagem de diagnóstico de formas leves de hanseníase e outros, para os quais são
utilizados os dados do SINAN;
• Número de notificações de agravos e DNC pelos Ambulatórios Médicos Assistenciais (AMA);
• Número de notificações de agravos e DNC dos hospitais regionais.
Considerações finais A logística utilizada na Vigilância em Saúde deve ter a colaboração e a coparticipação de todos
os gestores, técnicos, trabalhadores de todos os níveis e atores sociais, adaptando-se racional e dinamicamente aos
inovadores modelos de gestão dos serviços públicos e privados, principalmente aqueles de cunho social, sem perder
suas características inerentes. Uma vez que a Vigilância é um processo dinâmico, a educação permanente, que
engloba a educação continuada e a educação em serviço, é fundamental no processo e deve ser planejada,
estratégica e integralmente, com os vários atores, visando à melhoria da promoção da saúde, à prevenção das
doenças, ao diagnóstico, ao tratamento e a medidas de controle, debelando surtos e epidemias e melhorando a
qualidade de vida e de saúde da comunidade. Toda iniciativa para a reorganização institucional deve ter,
minimamente, bases estruturais pedagógicas, administrativas e científicas para que possa radicar:
• Bibliografia com fortes evidências, sistemas operacionais e instrumentos de apoio;
• Recursos físicos, financeiros e humanos capacitados;
• Políticas para fixação e aperfeiçoamento dos profissionais;
• Fluxogramas de informação bem definidos;
• Avaliação contínua dos processos internos e externos, e o mais importante – a retroalimentação dos resultados
aos serviços que deles necessitam, principalmente como instrumento norteador para o gerenciamento local. A
Vigilância em Saúde utiliza indicadores técnicos e operacionais, e sua construção depende das informações que
derivam da Atenção Primária, Secundária e Terciária do território regionalizado. Para que esses indicadores sejam
fidedignos e mostrem um retrato muito próximo da realidade regional, é necessário que os dados dos serviços de
saúde sejam também fidedignos, pois o dado é a base da informação. A proposta da educação continuada na
Vigilância em Saúde também visa à melhoria da captação e à apuração desses dados, melhorando a qualidade das
informações, pois são a base para o planejamento estratégico local. A Vigilância em Saúde é uma das prioridades do
Sistema Único de Saúde e tem um desempenho fundamental, sistemático e evidente, que deverá ser desenvolvido
com qualidade, adaptando-se aos modelos de gestão dos serviços públicos e abrangendo também os serviços
privados, de forma integrada e interativa com a Atenção Básica, incluindo a imunização e a Rede de Assistência da
Atenção Secundária e Terciária Regional. É muito importante o incentivo às equipes de todos os serviços e aos
funcionários que desempenharam papéis de destaque nas atividades de Vigilância, homenageando os vários atores
que participam da Vigilância em Saúde: enfermeiros, agentes comunitários de saúde, médicos, auxiliares de
enfermagem, profissionais de saúde bucal, escriturá- rios e gerentes dos serviços, pois essa iniciativa também é uma
retroalimentação do sistema. A integralidade da assistência à saúde se inicia e se completa na Rede de Assistência à
Saúde, da qual a Vigilância em Saúde faz parte. A formação e o desenvolvimento da “Inteligência Sanitária” é uma
conquista consequente à superação das contraposições ideológico-conceituais: precisamos de uma política
municipal do cuidado com a saúde, incluindo-se nela uma Vigilância, a partir da qual serão revisados todos os
saberes e práticas das políticas públicas vigentes, edificadas na concepção de cuidado com a vida.

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3225266/mod_resource/content/1/unidade11%20Vigilancia%20em%20Sa
%C3%BAde%20conceitos.pdf

No campo da saúde, a vigilância está relacionada às práticas de atenção e promoção da saúde dos cidadãos e aos
mecanismos adotados para prevenção de doenças. Além disso, integra diversas áreas de conhecimento e aborda
diferentes temas, tais como política e planejamento, territorialização, epidemiologia, processo saúde-doença,
condições de vida e situação de saúde das populações, ambiente e saúde e processo de trabalho. A partir daí, a
vigilância se distribui entre: epidemiológica, ambiental, sanitária e saúde do trabalhador.
A vigilância epidemiológica reconhece as principais doenças de notificação compulsória e investiga epidemias que
ocorrem em territórios específicos. Além disso, age no controle dessas doenças específicas.
A vigilância ambiental se dedica às interferências dos ambientes físico, psicológico e social na saúde. As ações neste
contexto têm privilegiado, por exemplo, o controle da água de consumo humano, o controle de resíduos e o controle
de vetores de transmissão de doenças – especialmente insetos e roedores.
As ações de vigilância sanitária dirigem-se, geralmente, ao controle de bens, produtos e serviços que oferecem riscos
à saúde da população, como alimentos, produtos de limpeza, cosméticos e medicamentos. Realizam também a
fiscalização de serviços de interesse da saúde, como escolas, hospitais, clubes, academias, parques e centros
comerciais, e ainda inspecionam os processos produtivos que podem pôr em riscos e causar danos ao trabalhador e
ao meio ambiente.
Já a área de saúde do trabalhador realiza estudos, ações de prevenção, assistência e vigilância aos agravos à saúde
relacionados ao trabalho.
https://pensesus.fiocruz.br/vigilancia-em-saude

Vigilância em Saúde

O Objetivo da Vigilância em Saúde é desenvolver um conjunto de medidas capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à
saúde além de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, incluindo o ambiente de trabalho, da produção
e da circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde.
A Diretoria de Vigilância em Saúde está dividida em três departamentos:
• Departamento de Controle de Zoonoses
• Departamento de Epidemiologia e Informação
• Departamento de Vigilância Sanitária
Propõe-se a integrar as VIGILÂNCIAS para o desenvolvimento da nova prática sanitária na gestão do SUS, fomentando a
intersetorialidade e a integração das atividades e dos sistemas de informação.

Departamento de Epidemiologia e Informação


Um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores
determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de
prevenção e controle das doenças ou agravos.
A Vigilância Epidemiológica disponibiliza informações atualizadas sobre a ocorrência de doenças e agravos, bem como dos seus
fatores condicionantes em uma área geográfica ou população determinada para a execução de ações de controle e prevenção.
Além disso, é um instrumento importante para o planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de saúde,
como também para a normalização de atividades técnicas correlatas. Sua operacionalização compreende um conjunto de
funções específicas e complementares que devem ser, necessariamente, desenvolvidas de modo contínuo, permitindo
conhecer, a cada momento, o comportamento epidemiológico da doença ou agravo em questão.
- Projetos:
Prevenção da Violência, Promoção da Saúde e Cultura da Paz;
Promoção da Saúde e Qualidade de Vida com Ênfase na Atividade Física,
VIGISUS II – Fortalecimento da Vigilância em Saúde

Departamento de Controle de Endemias e Zoonoses


A. Núcleo de Educação em Saúde e Mobilização Social
B. Vigilância Ambiental em Saúde
1. Seção de Controle de Endemias
A. PNCD – Programa Nacional de Controle da Dengue
B. PCDCh – Programa de Controle da Doença de Chagas
C. Vigilância em Malária

D. Vigilância em Febre Amarela


E. Controle de Pragas Urbanas e Zoonoses:
• roedores urbanos e silvestres.
• escorpiões, aranhas e lagartas.
• pombos.
• quirópteros (morcegos).
2. Seção de Controle de Animais de Pequeno Porte
A. Coleta e envio de amostras para análise de possíveis zoonoses como: Raiva, Leishmaniose, Febre Amarela e outras.
B. Vacinação anti-rábica de cães e gatos.
C. Isolamento e observação de animais agressores.
D. Busca e apreensão de cães e gatos em vias públicas.
E. Adoção de Animais.
F. Eutanásia de animais doentes.

Departamento de Vigilância Sanitária


Entende-se por Vigilância Sanitária as ações desenvolvidas pelo Departamento de Vigilância Sanitária (VISA/URA) para aferição
da qualidade dos produtos e serviços, a verificação das condições de licenciamento e funcionamento dos estabelecimentos,
envolvendo:
• ações educativas e preventivas;
• vistoria;
• fiscalização;
• lavratura de autos e
• aplicação de penalidades.
A Portaria nº 699 de 30 de março de 2006, que regulamenta as Diretrizes Operacionais dos pactos pela vida e de gestão,
considerar a necessidade, de qualificar o processo de Descentralização, organização e gestão das ações e serviços do SUS, assim
como de fortalecer seus compromissos e responsabilidades sanitárias, como seja no processo de pactuação intergestores;
estabelece a responsabilidade conjunta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios pelo financiamento do
Sistema Único de Saúde (SUS).

http://www.uberaba.mg.gov.br/portal/conteudo,760

Quais são as ações de cada componente da vigilância em saúde?

A vigilância epidemiológica é um “conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer
mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar
as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. (BRASIL, 1990).

Seu propósito é fornecer orientação técnica permanente para os que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de
ações de controle de doenças e agravos.

Tem como funções, dentre outras: coleta e processamento de dados; análise e interpretação dos dados processados, divulgação
das informações, investigação epidemiológica de casos e surtos; análise dos resultados obtidos e recomendações e promoção
das medidas de controle indicadas.
A vigilância da situação de saúde desenvolve ações de monitoramento contínuo do país/estado/região/município/equipes, por
meio de estudos e análises que revelem o comportamento dos principais indicadores de saúde, priorizando questões relevantes
e contribuindo para um planejamento de saúde mais abrangente.

A vigilância em saúde ambiental centra-se nos fatores não biológicos do meio ambiente que possam promover riscos à saúde
humana: água para consumo humano, ar, solo, desastres naturais, substâncias químicas, acidentes com produtos perigosos,
fatores físicos e ambiente de trabalho.

A vigilância da saúde do trabalhador caracteriza-se como um conjunto de atividades destinadas à promoção e proteção,
recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.

A vigilância sanitária é entendida como um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de
intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, produção e circulação de bens e prestação de serviços de
interesse da saúde. Abrange o controle de bens de consumo que direta ou indiretamente se relacionem com a saúde,
compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que direta ou
indiretamente se relacionam com a saúde.

Outro aspecto fundamental da vigilância em saúde é o cuidado integral à saúde das pessoas por meio da promoção da
saúde. Essa política objetiva promover a qualidade de vida, estimulando a população a reduzir a vulnerabilidade e riscos à saúde
relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação,
lazer, cultura e acesso a bens e serviços essenciais. As ações específicas são voltadas para: alimentação saudável, prática
corporal/atividade física, prevenção e controle do tabagismo, redução da morbimortalidade em decorrência do uso de álcool e
outras drogas, redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito, prevenção da violência e estímulo à cultura da paz, além
da promoção do desenvolvimento sustentável.

http://jaimeavs.blogspot.com.br/2014/02/quais-sao-as-acoes-de-cada-componente.html

03) DESCREVER OS COMPONENTES DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE (VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, SANITÁRIA E


ZOONOSE)

04) ANALISAR O PAPEL DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

HIPOLABOR EXPLICA: A DIFERENÇA ENTRE ASSISTÊNCIA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA


Assistência e atenção farmacêutica são dois conceitos diferentes, mas que podem ser confundidos devido à
semelhança dos nomes. Continue lendo o post de hoje e entenda as diferenças entre assistência farmacêutica e
atenção farmacêutica e a importância de cada uma delas, seja na atuação no ambiente hospitalar ou farmacêutico, o
qual abrange indústrias farmacêuticas, distribuidoras de medicamentos e produtos hospitalares e as farmácias e
drogarias, onde o profissional está em contato direto com o paciente. Vamos lá?
Assistência farmacêutica
Assistência farmacêutica é o conjunto de atividades relacionadas ao medicamento, para apoiar as ações de saúde
para uma comunidade. O profissional atua em todas as etapas, desde a pesquisa de um novo medicamento até sua
chegada aos usuários.
Tais fases consistem em: desenvolvimento do fármaco, conservação, controle de qualidade, eficácia terapêutica,
segurança, acompanhamento e avaliação da utilização, obtenção e difusão de informação sobre medicamentos,
além da educação continuada dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para garantir o uso racional
de medicamentos.
Atenção Farmacêutica
Atenção farmacêutica, como o nome já diz, é um conjunto de ações realizadas por farmacêuticos para orientar e
acompanhar o paciente quanto ao uso adequado dos medicamentos. Ao mesmo tempo, ele colabora para evitar
possíveis problemas indesejados durante o uso da medicação, mas, caso eles ocorram, o profissional deve buscar
uma solução.
Na atenção farmacêutica, o profissional pode participar de uma equipe com outros profissionais de saúde para
garantir o melhor aproveitamento dos benefícios dos medicamentos. Dentro do conceito de atenção farmacêutica,
podemos englobar os seguintes princípios:
Farmácia comunitária
Estabelecimento de prestação de serviços farmacêuticos ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e voltado à
orientação para a saúde coletiva ou individual.
Atendimento Farmacêutico
É a interação do farmacêutico com paciente, buscando resolver problemas que envolvam, ou não, o uso de
medicamentos. Essa ação pode compreender: ouvir, identificar necessidades, analisar a situação, definir condutas,
tomar decisões, avaliar e documentar, entre outras ações.
Dispensação de medicamentos
É o fornecimento dos medicamentos pelo farmacêutico ao paciente, em geral com a apresentação de uma receita
prescrita por um médico ou profissional autorizado.
O farmacêutico orienta e informa o paciente com relação ao uso adequado do medicamento, incluindo informações
sobre a dosagem e os horários para usá-lo, como armazená-lo adequadamente, e sobre possíveis interações com
alimentos ou com outros medicamentos.
Intervenção farmacêutica
É uma ação em conjunto entre usuário e profissionais de saúde, para prevenir ou resolver problemas que podem
interferir na farmacoterapia (tratamento de pacientes com medicamentos), realizando acompanhamento
farmacoterapêutico.
Acompanhamento farmacoterapêutico
O farmacêutico é responsável por zelar pelas necessidades dos pacientes relativas aos medicamentos, encontrando,
prevenindo e resolvendo Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM), de maneira regular e documentada,
para melhorar a qualidade de vida dos usuários.
Problemas relacionados ao medicamento (PRM)
São os problemas de saúde ocasionados por conta dos resultados negativos (como os efeitos adversos) de um
medicamento.
Uso Racional de Medicamentos
O papel do farmacêutico quanto ao uso racional dos medicamentos é verificar a dose, a duração do tratamento e o
ajuste da forma farmacêutica (se o remédio for em forma de comprimidos ou cápsulas, solução, xarope, etc.) às
necessidades do paciente, além de minimizar o risco de reações adversas e chegar ao menor custo-benefício de um
dado medicamento.
Apesar de diferentes, os conceitos de assistência e atenção farmacêutica se complementam, tornando impensável
um existir um sem o outro.

http://www.hipolabor.com.br/blog/2016/07/12/hipolabor-explica-diferenca-entre-assistencia-e-atencao-
farmaceutica/

A assistência farmacêutica é um conceito que engloba o conjunto de práticas voltadas à saúde individual e coletiva,
tendo o ciclo do medicamento e o seu uso racional como foco. É uma atividade multidisciplinar[1], mas
os farmacêuticos é quem são os responsáveis por prestar o conhecimento do uso de medicamentos de forma
racional.[2][3]
A Resolução nº 338, de 6 de maio de 2004 do Conselho Nacional de Saúde, diz que a assistência farmacêutica
é conjunto de ações voltadas à promoção, à proteção, e à recuperação da saúde, tanto individual quanto coletiva,
tendo o medicamento como insumo essencial, que visa promover o acesso e o seu uso racional; esse conjunto que
envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção,
programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento
e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida
da população.[1]
Papel do Profissional Farmacêutico
Na assistência farmacêutica, cabe aos farmacêuticos irem além da simples logística de adquirir, armazenar e
distribuir. É necessário, programar aquisições, selecionar medicamentos em relação ao seu custo benefício,
dispensar com orientação, distribuir e armazenar segundo às diretrizes, verificar surgimento de reações adversas,
entre outras tantas ações.[1]
Alguns exemplos de ações da assistência farmacêutica
Laboratório de análise químicas
Os farmacêuticos tem a função de orientar o paciente quanto aos quesitos da colheta do material. Além disso,
sabendo do histórico do paciente, na farmácia comercial, podem decidir sobre a dispensa ou não de um
medicamento que interfira nos exames.
Farmácia comercial
A farmácia também pode ser um local de prevenção de doenças. Cartazes, informações, cadastro do cliente, tem
papel importante na saúde pública.
Fornecimento de colheres ou copos-dose para medicamentos que indiquem como administração colher de
chá, colher de sopa, onde muitas vezes o paciente não tem ideia da medida.
Anamnese farmacêutica, onde o farmacêutico consegue avaliar o paciente, em um local separado e privativo.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Assist%C3%AAncia_farmac%C3%AAutica

Assistência Farmacêutica
A Assistência Farmacêutica (AF) reúne um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da
saúde, por meio da promoção do acesso aos medicamentos e uso racional. No Ministério da Saúde, tais ações
consistem em promover a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como sua
seleção, programação, aquisição, distribuição e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados
concretos e da melhoria da qualidade de vida da população.
Histórico e Descrição
A Assistência Farmacêutica, como política pública, teve início a partir da aprovação do Decreto Nº 68.806 de 25 de
junho de 1971, com a instituição da Central de Medicamentos (CEME). A CEME, caracterizada por manter uma
política centralizada de aquisição e de distribuição de medicamentos, possuía como principais objetivos a promoção
e organização das atividades de assistência farmacêutica para a população de baixo poder aquisitivo, incremento à
pesquisa científica e tecnológica no campo químico farmacêutico e o incentivo à instalação de fábricas de matérias-
primas e laboratórios pilotos. Como resultado do processo centralizado, grandes perdas de medicamentos foram
geradas pelas estocagens sucessivas nos níveis central, estadual e regional, até atingir o nível local.
A CEME, responsável pela Assistência Farmacêutica no Brasil até 1997, foi desativada por meio do Decreto Nº 2.283
de 24 de julho de 1997.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, um novo modelo de sistema de saúde foi instituído no Brasil, e
a saúde passou a ser um direito social. Posteriormente, a Lei Orgânica da Saúde (Lei Nº 8.080/90) definiu que, estão
incluídas no campo de atuação do Sistema de Saúde (SUS), a execução de ações de assistência terapêutica integral -
inclusive farmacêutica - e a formulação da política de medicamentos (Art. 6º).
Nesse contexto, tornou-se necessária a formulação de uma nova política de medicamentos, processo que culminou
com a Política Nacional de Medicamentos (PNM), publicada em 1998 pela Portaria GM/MS Nº 3.916. O principal
propósito da PNM é o de garantir a necessária segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do
uso racional e o acesso da população àqueles medicamentos considerados essenciais.
Em 2003, foi criada a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), à qual compete, por
intermédio do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF), a formulação,
implementação e avaliação das Políticas Nacionais de Assistência Farmacêutica e de Medicamentos, incluindo
hemoderivados, vacinas, imunobiológicos e outros insumos relacionados, na qualidade de partes integrantes da
Política Nacional de Saúde.
Em 2004, por meio da Resolução Nº 338 do Conselho Nacional de Saúde, foi aprovada a Política Nacional de
Assistência Farmacêutica (PNAF) que define a “A Assistência Farmacêutica um conjunto de ações voltadas à
promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a
produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação,
garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da
obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população”.
A PNAF é parte integrante da Política Nacional de Saúde e envolve um conjunto de ações voltadas à promoção,
proteção e recuperação da saúde, garantindo os princípios da universalidade, integralidade e equidade. Em seus
eixos estratégicos, a PNAF preconiza:
I - a garantia de acesso e equidade às ações de saúde inclui, necessariamente, a Assistência Farmacêutica;
II - manutenção de serviços de assistência farmacêutica na rede pública de saúde, nos diferentes níveis de atenção,
considerando a necessária articulação e a observância das prioridades regionais definidas nas instâncias gestoras do
SUS; III - qualificação dos serviços de assistência farmacêutica existentes, em articulação com os gestores estaduais e
municipais, nos diferentes níveis de atenção;
IV - descentralização das ações, com definição das responsabilidades das diferentes instâncias gestoras, de forma
pactuada e visando a superação da fragmentação em programas desarticulados;
V - desenvolvimento, valorização, formação, fixação e capacitação de recursos humanos;
VI - modernização e ampliação da capacidade instalada e de produção dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais,
visando o suprimento do SUS e o cumprimento de seu papel como referências de custo e qualidade da produção de
medicamentos, incluindo-se a produção de fitoterápicos;
VII - utilização da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), atualizada periodicamente, como
instrumento racionalizador das ações no âmbito da assistência farmacêutica;
VIII - pactuação de ações intersetoriais que visem à internalização e o desenvolvimento de tecnologias que atendam
às necessidades de produtos e serviços do SUS, nos diferentes níveis de atenção;
IX - implementação de forma intersetorial, e em particular, com o Ministério da Ciência e Tecnologia, de uma política
pública de desenvolvimento científico e tecnológico, envolvendo os centros de pesquisa e as universidades
brasileiras, com o objetivo do desenvolvimento de inovações tecnológicas que atendam os interesses nacionais e às
necessidades e prioridades do SUS;
X - definição e pactuação de ações intersetoriais que visem à utilização das plantas medicinais e medicamentos
fitoterápicos no processo de atenção à saúde, com respeito aos conhecimentos tradicionais incorporados, com
embasamento científico, com adoção de políticas de geração de emprego e renda, com qualificação e fixação de
produtores, envolvimento dos trabalhadores em saúde no processo de incorporação desta opção terapêutica e
baseado no incentivo à produção nacional, com a utilização da biodiversidade existente no País;
XI - construção de uma Política de Vigilância Sanitária que garanta o acesso da população a serviços e produtos
seguros, eficazes e com qualidade;
XII - estabelecimento de mecanismos adequados para a regulação e monitoração do mercado de insumos e produtos
estratégicos para a saúde, incluindo os medicamentos;
XIII - promoção do uso racional de medicamentos, por intermédio de ações que disciplinem a prescrição, a
dispensação e o consumo.
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/470-sctie-raiz/daf-
raiz/daf/l2-daf/12125-assistencia-farmaceutica

05) DESCREVER O FUNCIONAMENTO DO SINAN E DEFINIR AS DOENÇAS DE NOTIFICAÇÕES COMPULSÓRIAS

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan é alimentado, principalmente, pela notificação e


investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória
(Portaria GM/MS Nº 2325 de 08 de dezembro de 2003), mas é facultado a estados e municípios incluir outros
problemas de saúde importantes em sua região, como varicela no estado de Minas Gerais ou difilobotríase no
município de São Paulo.
Sua utilização efetiva permite a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população;
podendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar
riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de
determinada área geográfica.
O seu uso sistemático, de forma descentralizada, contribui para a democratização da informação, permitindo que
todos os profissionais de saúde tenham acesso à informação e as tornem disponíveis para a comunidade. É,
portanto, um instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir prioridades de intervenção, além
de permitir que seja avaliado o impacto das intervenções.
Funcionamento - O Sinan pode ser operacionalizado no nível administrativo mais periférico, ou seja, nas unidades de
saúde, seguindo a orientação de descentralização do SUS. Caso o município não disponha de computadores em suas
unidades, o Sinan pode ser acessado nas secretarias municipais, regionais de Saúde e/ou Secretaria Estadual de
Saúde.

O que é notificação?
Notificação é a comunicação de ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária
por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes.

Quem pode notificar?


A notificação pode ser feita por qualquer indivíduo, ainda que seja uma obrigação médica e que mais
freqüentemente seja feita por profissional de saúde não médico.

Por que notificar?


Toda informação que chegue a Unidade de Saúde, qualquer que seja a fonte (colegas de escola, trabalho, vizinhos,
associação de moradores, imprensa, familiares, etc.) será valorizada e investigada para adoção de medidas de
intervenção pertinentes.
A notificação de uma situação anormal sempre deve ser feita, mesmo não sendo de doença ou agravo de notificação
compulsória, pois muitas vezes permite identificar novos agravos (doenças emergentes ou reemergentes) e divulgar
orientações importantes aos profissionais médicos, não médicos e a população. Um exemplo foi a hipertermia em
idosos ocorrida no verão de 1998.
As informações de toda a cidade são consolidadas na Gerência de Vigilância Epidemiológica, que tem por obrigação
disponibiliza-las para os profissionais de saúde e toda população.
Caso não ocorra nenhuma suspeita de doença, as unidades precisam preencher o formulário de notificação negativa,
que tem os mesmos prazos de entrega. Esta é uma estratégia criada para demonstrar que os profissionais e o
sistema de vigilância da área estão alerta para a ocorrência de tais eventos e evitar a subnotificação. Caso os
municípios não alimentem o banco de dados do Sinan, por dois meses consecutivos, são suspensos os recursos do
Piso de Assistência Básica - PAB, conforme Portaria N.º 1882/GM de 16/12/1997.
Todas as ações preventivas e de controle são norteadas pelas notificações feitas. O conhecimento do perfil de
morbidade, as estatísticas de saúde de uma cidade vão se tornando confiáveis na medida que o Sistema de Vigilância
Epidemiológica se torna conhecido e prestigiado por todo seguimento do setor saúde, seja ele público ou privado.

Como notificar?
A notificação deve ser feita quando da suspeita da doença. NÃO É NECESSÁRIO AGUARDAR A CONFIRMAÇÃO PARA
NOTIFICAR.
As doenças e agravos de notificação de 24 horas, devem ser feitas por telefone porque estas exigem execução de
ações de controle rápidas (ex: vacinação de bloqueio no sarampo ou quimioprofilaxia na meningite).
Os agravos de notificação semanal devem ser enviados ao Centro de Saúde mais próximo. O instrumento utilizado é
a ficha de notificação de agravos do SINAN.
A Ficha Individual de Notificação (FIN) é preenchida pelas unidades assistenciais para cada paciente quando da
suspeita da ocorrência de problema de saúde de notificação compulsória ou de interesse nacional, estadual ou
municipal. Este instrumento deve ser encaminhado aos serviços responsáveis pela informação e/ou vigilância
epidemiológica das Secretarias Municipais, que devem repassar semanalmente os arquivos em meio magnético para
as Secretarias Estaduais de Saúde (SES). A comunicação das SES com a SVS deverá ocorrer quinzenalmente, de
acordo com o cronograma definido pela SVS no início de cada ano.
Além da Ficha Individual de Notificação (FIN), e da Notificação Negativa, o Sistema ainda disponibiliza a Ficha
Individual de Investigação (FII), que é um roteiro de investigação, que possibilita a identificação da fonte de infecção
e os mecanismos de transmissão da doença. Ainda constam a Planilha e o Boletim de acompanhamento de surtos e
os Boletins de acompanhamento de Hanseníase e Tuberculose.

Onde saber mais ou ter acesso ao formulário de notificação?


A definição de casos, o fluxo, a periodicidade e os instrumentos utilizados para a notificação estão definidos nas
normas do Centro de Vigilância Epidemiológica - CVE/SES, em consonância com as da Secretaria de Vigilancia em
Saude e do Guia de Vigilância Epidemiológica. Nas páginas do CVE também podem ser encontrados os formulários
para notificação on-line e telefones para informações.

http://artedecuidar.webnode.com.br/products/sistema%20nacional%20de%20agravos%20de%20notifica%C3%A7%
C3%A3o%20%28sinan%29/

DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSORIA E AS COMISSÕES DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

As doenças de notificação compulsória são assim designadas por constarem da Lista de Doenças e Agravos de
Notificação Compulsória (DNC), em âmbito mundial, nacional, estadual e municipal.
São doenças cuja gravidade, magnitude, transcendência, capacidade de disseminação do agente causador e
potencial de causar surtos e epidemias exigem medidas eficazes para a sua prevenção e controle. Algumas têm
período de incubação curto, e a adoção de medidas imediatas de controle, após a detecção de um único caso, é
fundamental para impedir a disseminação do agente e o aparecimento de casos secundários no grupo populacional
onde foi detectado o caso índice.
Por isso, as listas de doenças de notificação compulsória, estabelecem quais DNC são de notificação imediata, e
ainda mais, dentre estas, quais devem ser notificadas à simples suspeição. O não cumprimento desta exigência pode
comprometer a eficácia das medidas de prevenção e controle disponíveis.
Grande parte das DNC pela sua gravidade demanda tratamento hospitalar em algum momento de sua evolução. E
nesses casos, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) pode desempenhar um papel fundamental,
naqueles hospitais onde não há um núcleo de vigilância epidemiológica estruturado, contribuindo:
• para o estabelecimento do diagnóstico, a partir de dados clínicos e epidemilógicos (quadro 1), orientando os
exames específicos a serem solicitados, os espécimes clínicos a serem colhidos, e como estes devem ser
armazenados e transportados até o laboratório;
• na adoção, em tempo oportuno, de medidas de precaução e isolamento para impedir a disseminação do agente no
ambiente hospitalar;
• na orientação de quimioprofilaxia, ou de administração de imunobiológicos, dependendo do agravo, e em
consonância com as normas técnicas estabelecidas pelos órgãos oficiais;
• na busca ativa e notificação dos casos aos órgãos oficiais, em tempo hábil para implementação de medidas de
prevenção e controle eficazes na comunidade.
Quadro 1: Doenças de Notificação Compulsória – Guia de Vigilância Epidemiológica, 6 a.ed., MS, 2.005; Resolução -SS
20/02/06
(*) – Doenças que precisam ser notificadas rapidamente aos órgãos de vigilância, à simples suspeição, inclusive nos
finais de semana e feriados.
Para otimizar o seu trabalho, é importante a CCIH selecionar as fontes de informação e estabelecer uma rotina de
busca de dados em cada unidade. No hospital, os dados podem ser procurados nas unidades de terapia intensiva e
de internação, no laboratório e no pronto socorro (orientar os profissionais para colocar a hipótese diagnóstica na
Ficha de Atendimento).
É fundamental que os profissionais do controle de infecção hospitalar conheçam as normas estabelecidas pelos
órgãos oficiais, para a operacionalização do sistema de vigilância epidemiológica em todos os níveis. Estão
disponíveis na internet documentos técnicos e de instruções operacionais elaborados pelo município – COVISA
(Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo), pelo Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”
(Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo) e pela Secretaria de Vigilância em Saúde (Ministério da Saúde).
Também é possível o acesso a documentos da Organização Mundial de Saúde e do Centro de Prevenção e Controle
de Doenças – CDC de Atlanta, EUA.

http://files.artedecuidar.webnode.com.br/200000087-
bd26ebe216/DOENCAS_DE_NOTIFICACAO_COMPULSORIA_E_AS_COMISSOES_DE_CONTROLE_DE_INFECCAO_HOSPI
TALAR_1254771022.pdf

06) DESCREVER A INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E SUA IMPORTÂNCIA NA IDENTIFICAÇÃO DOS


COMUNICANTES E SUA RELAÇÃO COM A QUEBRA NA CADEIA DE TRANSMISSÃO

- Identificação do paciente
Preencher todos os campos da ficha de investigação epidemiológica, relativos aos dados gerais, notificação
individual e dados de residência.

- Coleta de dados clínicos e epidemiológicos


Para confirmar a suspeita diagnóstica – anotar, na ficha de investigação, os dados da história, as manifestações
clínicas e os antecedentes de exposição às prováveis fontes de infecção.
• Como, em geral, quando se suspeita de raiva humana, os doentes são hospitalizados, impõem-se a consulta do
prontuário e a entrevista ao médico assistente para completar as informações clínicas sobre o paciente. Essas
informações servirão para definir se o quadro apresentado é compatível com a doença.
• Sugere-se fazer uma cópia da anamnese, exame físico e evolução do doente, com vistas ao enriquecimento das
análises e, também, para que possam servir como instrumento de aprendizagem dos profissionais do nível local.
• Verificar data, local e modo de ocorrência da exposição, tipo e localização, história de realização de profilaxia da
raiva anterior e atual, data de início dos sintomas, coleta e envio de material para diagnóstico laboratorial, critério
de confirmação de caso, observação do animal, espécie, história de vacinação e outras informações de acordo com a
situação de cada caso. Se não houve profilaxia para raiva atual, identificar as razões.
• Acompanhar a evolução dos pacientes e os resultados dos exames laboratoriais específicos. Para identificação da
área de transmissão – no local de ocorrência da exposição, identificar fatores de risco, como baixa cobertura vacinal
canina, presença de cães errantes, regime de criação de cães (com proprietário restrito, parcialmente restrito, com
mais de um proprietário), presença de casos suspeitos ou confirmados de raiva animal e outros elementos que
possam determinar o grau de risco de disseminação. Avaliar o acidente quanto às causas que o motivaram, aos
métodos de manutenção para a observação do animal no domicílio, aos cuidados e prevenção de doenças com o
animal, aos riscos de infecção a que foi exposto, em períodos de até 180 dias antes, e à ocorrência de epizootias
sugestivas de encefalites. Em caso de morcegos, devem ser avaliados ainda, quando possível: a espécie, hábitos
alimentares, localização de possíveis abrigos, risco de infecção para outras espécies animais, avaliação de mudanças
climáticas, alterações no meio ambiente, empreendimentos imobiliários entre outros.

- Providências necessárias
• Buscar, no provável local de infecção, em um raio de 5km ou mais, pessoas e outros animais que foram expostos
ao mesmo animal agressor ou a outros suspeitos.
• Buscar, no provável local de infecção, em um raio de 5km ou mais, pessoas e outros animais que foram expostos
ao mesmo animal agressor ou a outros suspeitos.
• Verificar o acesso dos expostos aos serviços de saúde e realizar busca ativa dos faltosos e/ou abandonos de
profilaxia da raiva humana.
• Notificar os casos positivos em animais ao serviço de controle de raiva (vigilância epidemiológica, centros de
controle de zoonoses e agricultura), para controle de focos e outras ações pertinentes.
• Analisar a situação epidemiológica da área de abrangência, visando impedir a ocorrência de novos casos.
Nos casos de suspeita de raiva humana transmitida por morcegos hematófagos, recomenda-se observar os seguintes
fatores:
• presença de espoliação em animais e humanos;
• existência de circulação viral e qual a cepa envolvida;
• aparecimento de casos de encefalites em humanos;
• existência de animais de criação (bovinos, equídeos, etc.);
• construção recente de empreendimentos imobiliários, barragens, hidrelétricas;
• presença de áreas de desmatamento ou reflorestamento;
• presença de moradias sem proteção adequada, ou seja, que permitam a entrada dos morcegos;
• novos assentamentos urbanos e rurais, regiões de garimpo, áreas com projetos de exploração de madeira e outras
culturas;
• proximidade de povoados com matas florestais;
• ocorrência de baixos indicadores socioeconômicos.

- Para determinação da extensão da área de risco


• Em áreas rurais – sendo a fonte de infecção a espécie quiróptera (morcegos), determinar a extensão da ação de
bloqueio em um raio compatível com a espécie e a fonte de infecção envolvida. Recomendada raio de no mínimo
12km no sentido centrípeto, quando não for possível realizar investigação.
• Em áreas urbanas – para cães e gatos, determinar a extensão da ação de bloqueio em um raio de no mínimo 5km,
quando não for possível realizar investigação.
- Lembrar que a identificação da área onde se deu a transmissão é de fundamental importância para nortear a
continuidade do processo de investigação e a extensão das medidas de controle imediatas.

- Coleta e remessa de amostra para diagnóstico


• Logo após a suspeita clínica de raiva, deve-se orientar sobre a coleta de amostra para laboratório. Quando do
óbito, é imprescindível coletar e enviar fragmentos do córtex, hipocampo, tronco encefálico, cerebelo e medula ao
laboratório, para confirmação do caso, de acordo com as normas técnicas apresentadas no tópico Definição de caso,
observando-se criteriosamente todas as recomendações.
• É da responsabilidade dos profissionais da vigilância epidemiológica e/ou dos laboratórios centrais ou de
referência, viabilizar, orientar ou mesmo proceder a essas coletas.
- Não se deve aguardar os resultados dos testes laboratoriais para desencadear as medidas de controle e outras
atividades de investigação, embora sejam imprescindíveis para a confirmação de casos e para nortear o
encerramento das investigações.

- Análise dos dados


Identificar as falhas que propiciaram a ocorrência do caso humano e em animais domésticos, que sejam relativos à
vigilância epidemiológica ou dos serviços de profilaxia da raiva humano. Observar a distribuição temporal e
geográfica dos casos, localização e data das ocorrências, sexo, idade, ocupação, zona urbana ou rural, natureza da
agressão, espécie agressora, história de vacinação e outros dados de interesse para cada localidade. A análise desses
dados deverá orientar o desencadeamento, duração e extensão das ações de controle desenvolvidas e posterior
avaliação de sua adequação.

- Encerramento de casos
Confirmado por critério laboratorial (isolamento viral, sorologia ou histopatologia) – pacientes com sintomatologia
compatível, na qual a imunofluorescência ou exame histopatológico do isolamento viral (através da inoculação em
camundongos ou de cultivo celular), ou identificação viral pelas técnicas de biologia molecular foi positiva para raiva.
Confirmado por critério clínico-epidemiológico – paciente com sintomatologia compatível, cujo histórico permite
realizar vínculo epidemiológico entre o caso suspeito e os casos recentes da região de ocorrência.
Caso descartado – casos notificados, cujos resultados de exames laboratoriais foram negativos, afastando a hipótese
de raiva, ou pacientes com evolução incompatível com raiva.

- Relatório final
Os dados da investigação deverão ser consolidados em um relatório com as principais conclusões, das quais podem
ser destacadas:
• intervenção sobre a fonte de infecção – dados de cobertura vacinal animal, bloqueios de foco, número de animais
capturados, animais submetidos à eutanásia, envio de amostras ao laboratório, ações educativas e mobilização
comunitária;
• dados pessoais – sexo, idade, ocupação, zona urbana ou rural;
• antecedentes epidemiológicos – tipo da exposição (arranhadura, mordedura, lambedura, contato indireto),
localização (mucosa, cabeça/pescoço, mãos/pés, tronco, membros superiores/inferiores), tipo de ferimento (único,
múltiplo, superficial, profundo, dilacerante), espécie do animal agressor e data da exposição;
• dados de atendimento – hospitalização (avaliação da qualidade do atendimento ao paciente), vacinação e/ou
sorovacinação, número de doses aplicadas e data de início de esquema profilático;
• exames laboratoriais – amostra encaminhada, teste laboratorial e tipo do exame realizado;
• encerramento de caso.

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/752-secretaria-
svs/vigilancia-de-a-a-z/raiva/11620-roteiro-da-investigacao-epidemiologica

Etapas de uma investigação

A ocorrência de casos novos de uma doença (transmissível ou não) ou agravo (inusitado ou não), passível de
prevenção e controle pelos serviços de saúde, indica que a população está sob risco e pode representar ameaças à
saúde, sendo necessária a detecção e o controle ainda nos estágios iniciais. Desse modo, a notificação, que consiste
na comunicação da ocorrência de casos individuais, agregados de casos ou surtos, suspeitos ou confirmados deve ser
feita às autoridades sanitárias por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, visando à adoção das medidas de
controle pertinentes.
Além da notificação, é importante investigar os casos individuais, agregados de casos ou surtos, devido à
necessidade de interromper uma possível fonte de transmissão e eliminar o risco de disseminação de um evento de
interesse de saúde pública, assim como reduzir sua gravidade e aprender e ensinar a prevenir futuros surtos.
Constitui-se, ainda, em oportunidade para conhecimento de novos patógenos ou de novos comportamentos de
patógenos conhecidos para realização de treinamentos, reavaliações das ações de controle, reformulação de
regulamentos sanitários, programas e políticas de saúde, bem como desenvolvimento de ações de educação em
saúde.
Em situações em que um grande número de pessoas pode ser afetado ou estar sob risco de adoecimento, em uma
determinada área, são necessárias ações rápidas e efetivas para determinar as causas e a fonte de transmissão, bem
como estabelecer medidas de controle adequadas. Dentro deste cenário, os diversos setores da sociedade exercem
pressão sobre os profissionais de saúde responsáveis pela condução da investigação.
O surgimento dos casos de microcefalia na região nordeste do Brasil em 2015 é um exemplo de uma doença
inusitada, no qual é fundamental realizar a investigação baseada em princípios epidemiológicos, de maneira
sistemática e com bases científicas com intuito de orientar adequadamente a tomada de decisões. Este tópico
descreverá, de forma suscinta, as etapas da investigação da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional
(ESPIN) em virtude dasmicrocefalias e servirá como um roteiro de investigação epidemiológica.
Ressalta-se que a sequência das etapas apresentadas pode ocorrer simultaneamente ou em ordem diferente da
apresentada, visto ser um processo dinâmico.
O Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde (EpiSUS) da
Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) tem colaborado nas investigações em parceria com as Secretarias Estaduais
e Municipais de Saúde. Dessa forma, o EpiSUS está à disposição para contribuir com as investigações em âmbito
estadual ou municipal. O contato com o EpiSUS pode ser feito pelo e-
mail: lista.episus.supervisores@saude.gov.br ou pelo telefone: (61) 3315-3191.

Etapa 1 – Planejamento do trabalho de campo


Antes de iniciar a investigação de campo, é necessário revisar a bibliografia, guias/ manuais que abordem o assunto
de microcefalia, buscando conhecer possíveis causas e fatores envolvidos ou situações semelhantes ocorridas
anteriormente e nessa etapa, deve-se preparar os materiais e equipamentos necessários à investigação, tais como:
- Formulários e questionários que serão utilizados na investigação para coleta de dados. Ressalta-se a importância de
registrar os dados com a máxima precisão possível;
- Organizar a infraestrutura para a investigação, que envolve toda a logística como disponibilidade de carros para
realização de visitas domiciliares, hospitais e instituições envolvidas;
- Definir a equipe de investigação e as atribuições de cada membro; definir quem vai interagir com a imprensa, como
vão se comunicar, como vão se distribuir na análise dos dados, na redação do relatório;
- Contatar os laboratórios de referência estadual (LACEN) e regionais para determinar o fluxo de envio de amostras,
assim como os procedimentos de coleta, armazenamento e transporte adequados.

Etapa 2 – Confirmação da existência de um surto de microcefalia


Para definir a ocorrência de um surto, é necessário verificar se há uma elevação do número de casos de microcefalia
na área acima do esperado e se realmente tratam-se do mesmo evento. Entretanto, ressalta-se que todo caso de
microcefalia deve ser investigado e informado no registro de casos de microcefalia e/ou alteração do sistema
nervoso central (RESP microcefalia), independente da ocorrência de um surto ou da etiologia.
Para determinar o que seria esperado, podem-se buscar as notificações de microcefalia no Sistema de Informações
de Nascidos Vivos (SINASC) ocorridas nas semanas, meses ou anos anteriores no mesmo período da ocorrência dos
atuais; ou ainda utilizar outras fontes, tais como: os registros informados no Registro de Eventos de Microcefalia -
RESP microcefalia, livros de nascimento, atendimento ambulatorial dos hospitais, assim como os resultados de
exames laboratoriais e de imagem.

Etapa 3 – Confirmação de microcefalia


Para confirmar a existência de microcefalia é necessário validar o diagnóstico. Para isso, é necessário que sejam
revisados os prontuários ou fichas de atendimentos, avaliados os dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais.
Destaca-se nessa etapa, a verificação da medida do perímetro cefálico de acordo com o preconizado pelo Protocolo
de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika do Ministério da Saúde,
a qual deve atender as definições de casos propostas.
É importante o acompanhamento dos casos, para verificar se realmente são casos de microcefalia ou se são casos
considerados pequenos para idade gestacional. Para isso, devem-se usar as curvas de acompanhamento de
crescimento como referência.
Os exames laboratoriais e de imagem específicos dos principais agravos que podem ocasionar a microcefalia são de
grande valia e devem ser analisados individualmente para determinar se realmente trata-se de casos de microcefalia
da mesma etiologia.

Etapa 4 – Definição e identificação de casos de microcefalia


Essa é uma importante tarefa: estabelecer uma definição de caso, ou seja, definir um conjunto de critérios científicos
que permitam incluir quem teve ou tem microcefalia que será investigada naquele período de tempo e lugar, bem
como excluir aqueles que não estão relacionados com o surto. Uma definição de caso deve incluir geralmente quatro
componentes:
1) informação clínica (e laboratorial) sobre a microcefalia;
2) características das pessoas afetadas (ex.: idade, sexo, escolaridade);
3) informação sobre o local ou região de ocorrência e;
4) determinação do período em que ocorreu o surto.
As definições de casos de microcefalia propostas são as disponíveis nesse documento.

Etapa 5 – Descrição dos casos de microcefalia em tempo, lugar e pessoa


Com os dados coletados é possível caracterizar a microcefalia no tempo, lugar e pessoa. Esta etapa é dinâmica e
pode ser repetida várias vezes à medida que outros casos forem identificados e visa descrever os casos de
microcefalia, permitindo, concomitantemente aos conhecimentos da literatura, a elucidação do evento sob
investigação.
É necessário ter uma boa descrição dos casos, que permita compreender sua tendência no tempo, lugar (extensão
geográfica) e pessoa (população afetada). Para manter uma investigação veloz e na direção certa, revise com
frequência os dados, corrigindo os erros e refletindo sobre as possíveis causas da microcefalia.
Caracterização dos casos de microcefalia no tempo
É fundamental mostrar o curso dos casos de microcefalia no tempo desenhando um gráfico com o número de casos
pela data do diagnóstico. Este gráfico, denominado de histograma ou popularmente de curva epidêmica, permite
uma visualização simples da magnitude do evento e de sua tendência temporal.
Para elaborar esse gráfico é necessário primeiro conhecer a data de diagnóstico de cada caso de microcefalia. Deve-
se colocar o número de casos no eixo vertical (eixo Y) e a unidade de tempo no eixo horizontal (eixo X).
Caracterização dos casos de microcefalia por lugar
A análise de microcefalia por “lugar” fornece informações sobre a extensão geográfica do evento e pode mostrar
concentrações de casos ou padrões que indicam o problema ou a origem do problema. Uma técnica útil é o
mapeamento de casos na área onde a população vive (bairro, município, regional, estado).
O cálculo dos coeficientes de incidência (ou de taxas de ataque - número de casos de microcefalia entre a população
do local) permite comparar a distribuição de microcefalia por bairro, município, regional ou estado.
Caracterização dos casos de microcefalia por pessoa
Os dados coletados nas entrevistas com os familiares e médicos, além da revisão de prontuários contribuirão na
caracterização dos casos. Essas informações podem ser apresentadas em proporções ou taxas de incidências quanto
a idade ou faixa etária, raça/cor, sexo, entre outras.
É importante descrever as características dos pais, principalmente os hábitos pregressos tais como: uso de
medicamentos, fumante, drogas, exposição a agrotóxicos... Ainda informar se existe grau de parentesco entre os
pais, doenças durante a gravidez (ex: toxoplasmose, sífilis, citomegalovírus...), casos de microcefalia na família...

Etapa 6 – Geração de hipóteses


A partir da descrição dos casos de microcefalia em tempo, lugar e pessoa, deve-se verificar se existem fatores em
comum entre os casos. Nessa fase é importante conversar com os familiares dos casos e seus parentes próximos
com intuito de buscar razões que possam ter ocasionado a microcefalia.
A geração de hipóteses pode buscar diversos aspectos, tais como:
1) Qual é o reservatório do agente etiológico?
2) Como o agente é comumente transmitido?
3) Quais veículos poderiam estar implicados?
4) Quais seriam os fatores de risco?
5) Onde as pessoas estavam?
6) O que fizeram (exposições) no período provável de exposição?
Nas investigações dos primeiros casos de bebês com microcefalia, foi identificado pelaequipe que muitas mães
apresentaram exantema durante o período gestacional.

Etapa 7 – Avaliação das hipóteses


Essa etapa é importante para confirmar ou descartas as hipóteses levantadas. Dependendo da natureza dos dados,
dois caminhos podem ser seguidos:
1) Comparar essas hipóteses com todos os fatos apurados e verificar sua plausibilidade;
2) Realizar um estudo analítico e testar as hipóteses geradas.
Muitas vezes, apenas os dados descritivos são suficientes para apontar a causa da microcefalia.

Etapa 8 – Refinamento das hipóteses e estudos complementares


Por se tratar de um agravo emergente, no qual o conhecimento na literatura é escasso, estudos complementares
podem contribuir para esclarecer outros modos de transmissão e fatores de risco. Os estudos complementares
podem estar relacionados com as mães, bebês, mosquitos, entre outros.
Etapa 9 – Medidas de controle e prevenção
Com o conhecimento prévio já adquirido e com os resultados dos estudos desenvolvidos, devem ser recomendadas
medidas de controle e prevenção.
Para a emergência da microcefalia, as medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde estão discriminadas no site.

Etapa 10 – Relatório e comunicação de resultados


Com a finalização da investigação é necessário o envio dos dados para os níveis de vigilância e autoridades de saúde
responsáveis pela realização das medidas, bem como divulgar para os familiares dos casos. É importante preparar
um resumo ou artigo para se divulgar em boletim epidemiológico ou revista científica, como subsídio a futuras
investigações epidemiológicas. A divulgação serve para descrever o que foi feito, o que foi encontrado e o que ainda
deve ser feito para prevenir futuros casos, principalmente registrar o evento e permitir com que outros colegas
aprendam com os seus resultados. Um informe técnico ou artigo deve incluir tópicos como introdução e história dos
casos, método utilizado na investigação, resultados, discussão, conclusões e recomendações. Os relatos dos casos de
microcefalia contribuirão para o conhecimento científico, bem como são experiências que contribuem para melhorar
a prática de saúde pública.

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/1236-secretaria-
svs/vigilancia-de-a-a-z/microcefalia/23952-etapas-de-uma-investigacao

07) CONCEITUAR E DIFERENCIAR GRUPOS DE RISCO E VULNERÁVEIS

Você também pode gostar