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TEMA: CITAÇÃO
1 – CONCEITO
a) Fernando Capez – “É o ato oficial pelo qual, ao início da ação, dá-se ciência ao
acusado de que, contra ele, se movimenta esta ação, chamando-o a vir em juízo, para
se ver processar e fazer sua defesa”.
b) Mirabete – “A citação é o chamado a juízo para que o acusado se defenda na ação”.
c) José Frederico Marques – “É o ato processual com que se dá conhecimento ao réu da
acusação contra ele intentada a fim de que possa defender-se e vir integrar a relação
processual”.
d) Eduardo Espínola Filho – “É o ato oficial pelo qual, no início da ação, se dá ciência ao
acusado de que contra ele se movimenta essa ação, manda-o vir a juízo, ver-se
processar e fazer sua defesa”.
OBS.1 – No Processo Penal a citação é realizada apenas uma vez, pois não existe no processo
de execução que configura mero prosseguimento da relação processual já instaurada.
OBS.2 – A citação deve ser feita sempre na pessoa do acusado. Mesmo em se tratando de
insano a citação não pode ser feita na pessoa de representante legal. Entretanto, se já for do
conhecimento do juízo o fato de que a pessoa é insana, havendo curador nomeado, a citação
poderá ser feita em nome do curador.
4 – FALTA DE CITAÇÃO
A falta de citação é causa de nulidade absoluta do processo (art. 564, III, “e”, CPP),
pois atinge Princípios Constitucionais como o contraditório e a ampla defesa.
Mesmo quando realizada a citação, se faltarem quaisquer de seus elementos básicos,
acima mencionados, a situação equiparar-se-á à falta de citação, gerando nulidade absoluta
(obs. É a chamada CITAÇÃO CIRCUNDUTA).
Obs. 1 – Diz-se na doutrina e na jurisprudência que se o réu, apesar de não citado, comparecer
normalmente ao interrogatório, a nulidade estará sanada (Princípio da Instrumentalidade das
Formas).
Entretanto, deve-se ter certo cuidado com essa afirmação, pois é preciso atentar para
que devem estar satisfeitos os elementos básicos. Por exemplo: se o réu comparece para o
interrogatório, mas não ciente do teor da acusação, seu comparecimento não pode suprir a
falta de citação (Princípio da Informação).
Quando o acusado, citado regularmente, não atende à citação, opera-se aquilo que se
chama de “contumácia” (ausência injustificada), o que redunda na declaração da “revelia” (ou
seja, o processo seguirá ulteriores termos, mesmo sem a presença do acusado).
OBS. 1- Decretada a revelia, o acusado deixa de ser intimado ou notificado dos atos do
processo.
OBS. 2 – Entretanto, no processo penal não existe a figura da “presunção da veracidade das
imputações”, como ocorre no cível.
OBS. 3 – Mesmo depois de decretada a revelia, o acusado pode retomar o processo a qualquer
momento, restabelecendo-se o contraditório.
OBS. 4 – Note-se que com as alterações operadas no art. 366, CPP pela Lei 9271/96 a revelia
somente será decretada quando o réu contumaz tiver sido citado pessoalmente. Se citado por
edital, somente no caso em que tenha defensor constituído nos autos. Caso contrário, a
solução será a suspensão do processo e da prescrição (o tema será estudado com mais esmero
adiante).
Obs.5 – De acordo com a nova redação do artigo 363, “caput”, CPP, o efeito principal da
citação válida é completar a formação do processo (vide Lei 11.719/08).
a) Real, Pessoal ou “In Faciem” – feita na própria pessoa do acusado. Pode ser:
OBS.: Agora também existe no Processo Penal a chamada “Citação por hora certa”, comum
no âmbito do Processo Civil. Ver nova redação do artigo 362, CPP, dada pela nova Lei
11.719/08 – quando o réu se oculta para não ser citado.
7 – AS ESPÉCIES DE CITAÇÃO
OBS. 1 – DIA E HORA DA CITAÇÃO – a citação pode ser realizada a qualquer hora do dia
ou da noite, inclusive domingos e feriados.
OBS. 2 – Tem sido reconhecido pela jurisprudência que deve haver um prazo mínimo de 24
horas entre a citação e a realização do interrogatório, a fim de garantir ao acusado um tempo
mínimo de preparação para a sua autodefesa.
OBS. 3 – O art. 356, CPP permite que a Carta Precatória seja expedida por telegrama, com
reconhecimento da firma do juiz. Entretanto, a falta do reconhecimento de firma é
considerada mera irregularidade, não gerando nulidade.
C) CITAÇÃO DO MILITAR
D) CITAÇÃO DO PRESO
Também se fazia por meio de “Oficio Requisitório” (art. 360, CPP), agora dirigido ao
Diretor do estabelecimento prisional.
Neste caso, havia duas correntes interpretativas:
a) Entendia-se que no caso do preso, havendo a requisição perante o Diretor do
Presídio ou Cadeia Pública, não necessitaria haver a citação por mandado, tal
como ocorre com o militar.
b) Entendia-se que, mesmo havendo a requisição do preso perante o Diretor, esta
funcionava apenas como um dos elementos da citação, ou seja, o chamamento
para o interrogatório, mas era necessária a citação por mandado para
cientificação quanto ao teor da acusação. (Posição predominante).
Inclusive esta é a posição defendida pela Súmula 83 das Mesas de Processo Penal da
Faculdade de Direito da USP:
Em virtude disso houve a alteração em 2003 da redação do artigo 360, CPP, de modo
que agora é induvidoso que o preso deve ser citado pessoalmente, inexistindo para ele
a citação por requisição.
A citação hoje, estando o réu no estrangeiro, em local certo e sabido, a sua citação,
obrigatoriamente deve dar-se por meio de Carta Rogatória. Para evitar prescrição, a lei
determina que o prazo prescricional ficará suspenso durante o período de cumprimento da
Carta Rogatória, voltando a correr somente depois de sua juntada aos autos devidamente
cumprida (art. 368, CPP).
OBS. 1 – Antes da reforma efetuada pela Lei 9271/96 a citação por rogatória do réu no
estrangeiro em local conhecido, somente era exigida quando se tratasse de crime inafiançável.
Se o crime fosse afiançável, a citação nesses casos era por edital com prazo de 30 dias.
OBS. 2 – Se o réu estiver no estrangeiro, em local incerto e não sabido, sua citação far-se-á
normalmente por edital com prazo de 15 dias, nos termos do art. 361, CPP.
São aquelas determinadas por tribunais superiores nos processos de sua competência
originária. O Tribunal determina ao juiz de primeira instância que cite o acusado residente em
sua comarca que goze de prerrogativa de foro. Ex.: Prefeitos Municipais processados perante
o Tribunal de Justiça dos Estados.
OBS. 1 – PRESSUPOSTO – Para legitimar-se a citação por edital é necessário que o réu não
seja encontrado e tenham sido esgotados todos os meios disponíveis para sua localização.
A jurisprudência tem entendido que o mínimo exigível é que o réu seja procurado em
todos os endereços constantes nos autos. Entretanto, não exige a expedição de ofícios ao
cartório eleitoral, à polícia, ao SPC, à receita federal e outros órgãos.
1) Réu em local incerto e não sabido (art. 361, CPP). Prazo de 15 dias. Ver tb. Nova
redação do artigo 363 § 1º., CPP, dada pela Lei 11.719/08, confirmando que o réu não
encontrado será citado por edital.
OBS.: O réu preso na mesma unidade da federação não pode ser citado por edital. Entretanto,
se estiver preso em outro Estado, desconhecendo tal fato o juiz, será válida sua citação por
edital (Súmula 351, STF).
2) Réu que se oculta para não ser citado (art. 362, CPP). Prazo de 5 dias (REVOGADO –
Lei 11.719/08 – agora é caso de “citação com hora certa” no processo penal – vide
nova redação do artigo 362, CPP, dada pela lei supra citada).
Obs. Essa nova modalidade de “citação ficta” também levaria à suspensão do processo por
analogia ao artigo 366, CPP? Ou decretaria a revelia. Ver artigo defendendo a primeira
tese no Boletim IBCCrim n. 193, Dez. 2008 de autoria de Christian Sthefan Simons –
Citação por hora certa no processo penal, contraditório e isonomia.
3) Réu que se encontra em local inacessível – motivos de guerra, epidemia, desastres,
catástrofes, fenômenos da natureza, etc. (art. 363, I, c/c 364, CPP – edital com prazo
de 15 a 90 dias, de acordo com o grau de inacessibilidade). – REVOGADO – Lei
11.719/08.
4) Réu de identidade incerta: Art. 363, II, CPP – prazo de 30 dias, nos termos do art. 364,
parte final do CPP. – REVOGADO – Lei 11.719/08.
O art. 365, V, CP, determina que o prazo é contado a partir do dia da publicação ou
afixação do edital. Quanto à sua contagem, surgiram dois entendimentos:
1) Seria uma exceção à contagem dos prazos processuais prevista no art. 798, § 1º,
CPP. Nesse caso, o dia do começo seria incluído, contando-se como prazo penal.
(Neste sentido – Fernando da Costa Tourinho Filho).
2) Não haverá exceção, pois a lei ao apontar o dia do começo, não deixa de submeter-
se à regra do art. 798, § 1º, CPP, passando o prazo a contar-se do dia seguinte.
Posição do STF (predominante).
a) Publicação na Imprensa Oficial (essa formalidade pode ser dispensada se não houver
imprensa oficial no local, sendo suprida pela mera afixação).
b) Afixação na porta do Fórum.
c) Certificação do edital pelo Oficial que o publicou ou juntada da publicação.
Certificação da afixação.
OBS. 1 – A falta de certificação somente será causa de nulidade quando restar dúvida quanto
à efetiva afixação ou publicação.
A Lei 9271/96 deu nova redação ao art. 366, CPP, promovendo uma série de
importantes alterações no que se refere aos efeitos da citação por edital não atendida.
Antes dessa lei, quando o réu fosse citado por edital e não comparecesse ou não
apresentasse advogado constituído, seria declarado revel e o processo seguiria seus ulteriores
termos.
Com o advento da nova lei e a alteração do art. 366, CPP, isso já não mais ocorre. Se o
réu citado por edital não comparece e não apresenta advogado constituído, duas são as
conseqüências:
- Suspensão do Processo;
- Suspensão do prazo prescricional.
OBS. 1 – Discute-se agora, com o advento da Lei 11.719/08, que alterou os procedimentos,
sobre o momento da suspensão. Seria agora a partir da não apresentação da resposta no prazo
do artigo 396, CPP e não mais da audiência de interrogatório, ora extinta, sendo este realizado
ao final da audiência de instrução e julgamento. O Juiz receberia a denúncia, se não a
rejeitasse liminarmente e citaria o acusado para resposta em 10 dias. Sem o comparecimento,
resposta ou advogado constituído, o processo seria então suspenso.
OBS. 2 – Trata-se daquilo que a doutrina convencionou chamar de uma norma híbrida, pois
possui disposições de caráter processual (suspensão do processo) e penal (suspensão da
prescrição).
OBS.3 – A alteração da lei se fez por respeito ao chamado Princípio da Informação, de modo
a não mais permitir que contra alguém haja um processo em andamento, sem que, por
qualquer motivo que seja, a pessoa não tenha ciência e não possa defender-se adequadamente.
OBS. 4– EXCEÇÃO – Crimes de Lavagem de Dinheiro (Lei 9613/98 – art. 2º, § 2º) – nesses
casos não se aplica o disposto no art. 366, CPP. Sendo o réu citado por edital o processo
prosseguirá à sua revelia caso não compareça ao interrogatório e não se apresente defensor
constituído.
1) A LEI NO TEMPO
Sendo uma norma híbrida, como ficaria a sua aplicação aos casos já em andamento,
ocorrido, portanto, antes de sua vigência.
A regra para a atuação das normas processuais é a aplicação imediata aos atos a serem
praticados no processo em andamento. Mas, a norma para as leis de caráter penal é a vedação
de sua retroação quando prejudiciais ao réu.
Surgiram então três posições doutrinárias:
A norma do art. 366, CPP não delimita o período em que poderá permanecer suspensa
a prescrição. Em face disso surgem três correntes:
OBS.: Esse entendimento tem sido alvo de críticas da doutrina porque geraria casos de
imprescritibilidade não previstos constitucionalmente e feriria o Princípio da
Proporcionalidade.
OBS.: Criticado também porque, embora não gere imprescritibilidade, seria em alguns casos,
muito exagerado, ferindo a proporcionalidade.
c) O prazo de suspensão seria o mesmo previsto para a prescrição de cada
crime suspenso de acordo com os incisos do art. 109, CP, considerando
a pena máxima cominada.
Permite o art. 366, CPP a produção antecipada de provas durante o prazo de suspensão
do processo.
Essa medida será determinada pelo juiz excepcionalmente, somente em casos nos
quais a prova poderá perde-se ou tornar-se prejudicada pelo lapso temporal.
A maior discussão neste campo diz respeito à prova testemunhal, havendo dois
entendimentos:
4) PRISÃO PREVENTIVA
Dispõe o art. 366, que o juiz pode decretar a prisão preventiva nestes casos, desde que
presentes os pressupostos e fundamentos da medida extrema.