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Objetivos:
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz
de:
Introdução
Na sociedade contemporânea, há uma tendência em responsabilizar o
poder público pelas mazelas sofridas pela população, seja pelo fato do poder
público ter feito algo, ou por ter deixado de fazer algo. Assim, por exemplo,
quando há um aumento nos preços de alimentos o poder público é chamado
para conter ou explicar as razões da inflação.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/652078 Foto: nurettin kaya
Figura 1.1: Quando ocorre uma enchente, foi o Estado que não realizou
obras necessárias para evitar a catástrofe.
Quando uma ponte cai o Governo é responsabilizado por não ter cuidado
de sua manutenção. Ou seja, em uma série de situações diferentes o Estado é
tido como responsável por proteger e controlar a população. Ele ainda é o ator
que deve se articular e fiscalizar as empresas para que suas atividades não
sejam predatórias, bem como produzam resultados benéficos para a
sociedade. Deve, por fim, coordenar os agentes sociais, mantendo uma
convivência ordeira e estável entre todos os cidadãos.
Mas o que é o Estado? Quando surgiu? Quais são as suas instituições?
Quais são os tipos de estados existentes? Como funciona o estado no Brasil?
Essas são perguntas que esta aula pretende responder, problematizando
o Estado como uma instituição social que engloba uma série de atores, órgãos
e ações. Essa instituição será apresentada mais detalhadamente para que ela
possa ser desnaturalizada e para que seja possível compreender os diferentes
tipos existentes na sociedade.
Assim, o primeiro item da aula irá expor a origem do conceito e sua
delimitação. No segundo item serão apresentadas as formas de governo,
destacando a diferença entre monarquia e república e entre presidencialismo e
parlamentarismo. O terceiro item aborda as distintas formas de Estado,
enfocando a perspectiva histórica relacionada a elas. No quarto item serão
exibidos os contrastes entre Estados Unitários e Federativos, para em seguida
apresentar a estrutura específica do Estado Brasileiro, com foco nos três
poderes que o compõem. Por último, explicaremos o significado das políticas
públicas e sua relação com o processo político e com o quadro institucional do
Estado.
1. O significado de Estado
Foi Maquiavel, em sua obra “O príncipe” de 1513 que consolidou a
palavra “Estado”. Certamente, este autor não foi o primeiro a utilizar o termo,
mas o prestigio de sua obra impulsionou gradualmente a substituição de polis,
res publica, civitas por “Estado”.
Início Verbete
Maquiavel
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Santi_di_Tito_-
_Niccolo_Machiavelli%27s_portrait_headcrop.jpg Autor: Santi di Tito
Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) foi um historiador, poeta, diplomata e
músico italiano do Renascimento. Maquiavel desde cedo se interessou pelos
estudos. Estudou latim, ábaco e língua grega antiga.
Aos 29 anos de idade, ingressou na vida política, exercendo o cargo de
secretário da Segunda Chancelaria da República de Florença. Porém, com a
restauração da família Médici ao poder, Maquiavel foi afastado da vida pública.
Nesta época, passou a dedicar seu tempo e conhecimentos para a produção
de obras de análise política e social.
É reconhecido como fundador da ciência política moderna, pelo fato de ter
escrito sobre o Estado como realmente ele era e não como deveria ser.
Em 1513, escreveu sua obra mais importante “O Príncipe”. Nesta obra,
Maquiavel organizou uma espécie de manual político para governantes que
almejassem não apenas se manter no poder, mas ampliar suas conquistas
Aconselhou os governantes a manter o poder absoluto, mesmo que tivessem
que usar a força militar e fazer inimigos. Esta obra situava-se dentro do
contexto da unificação italiana.
Fim do verbete.
VERBETE:
Sociedades Tradicionais
O termo sociedade tradicional é utilizado para designar aquelas
populações que estão ligadas pela tradição e cultura do local, de seus parentes
ou dos seus ancestrais. Geralmente, é utilizado para substituir as palavras
“indígena”, "nativo", "tribal”, "primitivo", que podem assumir significados
pejorativos.
Sendo muito abrangente, esse termo reúne populações que têm o seu
modo de vida associado à agricultura, à caça, à pesca e à produção de
manufaturas. Atualmente, há uma série de legislações no Brasil e no mundo
que utilizam essa classificação para conceder direitos a esses povos.
Fim do Verbete
Fonte:http://www.sxc.hu/photo/1203614 Foto: Krzysztof (Kriss)
Szkurlatowski
Figura 1.3: Apesar das sociedades tradicionais apresentarem diferentes
sistemas políticos, dificilmente estabelecem uma relação hierárquica entre seus
membros – separando claramente governantes e governados –, com estruturas
institucionais especializadas em sua administração.
Início Verbete
O termo “Governo” é mais restrito que “Estado”: se refere à função
administrativa deste último, ao comando direto e a fiscalização das leis.
“Governo” está mais relacionado ao poder executivo, não sendo impróprio,
porém, utilizá-lo com outros significados, como, por exemplo, quando quer se
enfatizar a gestão e a tomadas de decisão em certos órgãos.
Fim Verbete
Com o exposto, identificamos que a definição de Estado se estrutura a
partir das relações hierárquicas e de poder, como fatores distintivos. Isso
porque o elo político se refere a um vínculo específico entre governantes e
governados ou entre aqueles que têm o poder e aqueles que obedecem.
Nos primeiros estudos do Estado, o foco eram os governantes: os temas
se referiam à arte de bem governar, às características necessárias a um bom
governante, às diferentes formas de governo. Nesse caso, os governados eram
vistos como passivos, devendo obediência e submissão às decisões e ações
do Estado. Apenas no início da idade moderna o foco foi deslocado para os
governados. Esses últimos passaram a ter suas demandas, pressões e
interesses evidenciados nas análises empíricas e textos teóricos. A liberdade
do indivíduo frente aos poderes do Estado começou a ser defendida, bem
como os seus direitos. Assim, da perspectiva de que o cidadão deveria servir
ao Governo, foi introduzida a ideia de que o Governo é estabelecido para o
indivíduo.
Dado a importância das relações de poder quando se trata de analisar o
Estado é possível ainda perguntar quais são os limites de suas ações.
Como resposta, apontaremos o próprio povo e território do Estado.
Dificilmente um Estado irá interferir na soberania de outro sem que haja
conflitos, justamente porque o povo e o seu território são seus principais focos
de atuação e influencia.
Contudo, existem outros limites ao poder do Estado que são considerados
intransponíveis: o tempo e os limites materiais. Sobre o tempo, é possível
afirmar que ele é limitante, pois as normas e regras se referem a um período
específico do desenvolvimento social, não podendo ser utilizadas eternamente.
Já no que se trata dos limites materiais, destacam-se dois tipos principais:
• Aqueles que não são passíveis de serem submetidos a uma
regulamentação, como a impossibilidade do governante obrigar uma
maçã a cair para cima; e
• Matérias cujos limites são estabelecidos no próprio ordenamento
do Estado, como os direitos civis, que constituem certos espaços de
liberdade do indivíduo.
Caso esses limites sejam desrespeitados, as ações do Estado podem ser
consideradas ilegítimas.
Atividade 1
Leia o trecho da reportagem a seguir e responda:
Funai filma pela primeira vez tribo de índios que vive isolada na
Amazônia
Do UOL, em São Paulo 13/08/2013 13h33
Nove índios da tribo kawahiva andavam nus pela mata em Colniza, cidade
do Mato Grosso que fica próxima ao Amazonas, quando foram filmados pelo
sertanista Jair Candor. Os homens levavam arcos e flechas, indicando que são
os guerreiros do grupo, enquanto as mulheres carregavam alguns objetos e as
crianças.(...)
(...)
De acordo com a Funai, os kawahiva são nômades e vivem de caças e
comida da floresta, já que não cultivam agricultura. Quando as presas acabam,
eles mudam de acampamento. Eles dormem em uma esteira feita de folhas e
palhas e produzem poucos artefatos.
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2. As formas de Governo
Quando nos referimos às formas de governos abordamos a organização e
o funcionamento do poder estatal. Trata-se da forma como a comunidade
política estrutura o seu poder e estabelece a diferença entre governantes e
governados. Nesses casos, estamos abordando a separação dos poderes, as
relações dos vários órgãos políticos, o exercício limitado da ação estatal, ou os
diferentes sistemas de governo, como monarquia, aristocracia e democracia.
3. Formas de Estado
Por formas de Estado é possível compreender a maneira pela qual o
Estado organiza seu território, sua população e a sua estrutura administrativa.
Há diferentes formas de Estado que podem ser classificados a partir de
diversos critérios. Contudo, uma das classificações mais bem aceitas é aquela
proposta por Bobbio (1986) estabelecida a partir de critérios históricos. Trata-se
da divisão entre:
- Estado feudal,
- Estado estamental,
- Estado absoluto e
- Estado representativo.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cleric-Knight-Workman.jpg
Foto: Leinad-Z
Figura 1.5: O Estado feudal é caracterizado por uma fragmentação do
poder central e pela concentração das funções diretivas nas mãos de cada
senhor feudal.
início verbete
Sufrágio universal
O sufrágio universal é a possibilidade de todos os cidadãos de um país,
estado ou município, escolherem seus representantes políticos. Nesse caso,
independentemente do fato de se tratar de uma mulher, de um pobre ou de um
analfabeto. Todos, acima de certa idade, que varia de país para país, teriam a
possibilidade de votar, exercendo seu direito de participação e escolha política.
fim verbete
Atividade 2
Explique o que você entende da expressão “democratização da
sociedade” e aponte dois exemplos.
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4. Tipos de Estado
É possível apontar dois tipos distintos de Estado: o Unitário e o
Federativo.
O Estado Unitário é aquele organizado por um governo central. Esse
Estado pode contar com diferentes unidades subnacionais (como municípios,
províncias ou Estados), mas estes têm apenas funções administrativas, sem
autonomia política. Nesses casos, o governo central tem a prerrogativa de
retirar-lhes o poder quando considerar necessário e as unidades subordinadas
não poderão questionar tal decisão.
Como exemplo de Estado Unitário é possível citar a China: país formado
por um governo central com autoridade direta sobre as províncias. O Uruguai
também é um Estado Unitário, mesmo tratando-se de uma república
democrática representativa, com um sistema presidencial. Neste país, justiça,
educação, saúde, segurança e política são organizadas e administradas pelo
Governo central.
O Estado federativo é aquele composto por distintas unidades
subnacionais com autonomia política e possibilidade de estabelecer seus
próprios interesses. Essas unidades subnacionais são unidas por um acordo
federativo e regidas por uma constituição que lhes atribui responsabilidades e
direitos que não podem ser revogados pelo governo central. Como exemplos
de Estados federativos destacam-se os Estados Unidos e a Malásia – ambos
compostos por 13 Estados independentes.
Atividade 3
Aponte o tipo de Estado do Brasil, explique as razões para sua resposta.
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5. Brasil
O Brasil é uma federação, formada por três níveis autônomos de governo,
em que se destacam a União (ou governo central), 26 Estados, Distrito Federal
e aproximadamente 5.565 municípios. O país é regido por uma Constituição
Federal escrita, complementada por legislações Estaduais e leis orgânicas
municipais.
5.3 Judiciário
O poder judiciário é responsável pela resolução de conflitos e pode agir,
mediante a provocação, buscando efetuar a correta aplicação das leis. Isso
significa que o poder judiciário só pode agir quando uma das partes
interessadas no processo invoca a justiça por meio de um processo oficial. O
judiciário delibera sobre a ação a partir da constituição federal e outras
legislações estaduais e municipais, sendo que todos os cidadãos tem o direito
de acessar a justiça.
O poder judiciário conta com uma série de órgãos, tribunais temáticos
especializados e Estaduais, além de juízes (que também são considerados
órgãos).
O organograma a seguir apresenta a estrutura do poder judiciário no
Brasil.
ilustração: favor redesenhar: Link da imagem:
http://advogadosnainternet.blogspot.com.br/
Figura 1.9: Estrutura do poder judiciário no Brasil
Atividade 4
Brasil: República Federativa Democrática Presidencialista. Explique essa
sentença.
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6. Ação do Estado
De acordo com Bobbio, historicamente os primeiros estudos sobre o
Estado estavam relacionados à história das instituições políticas e à histórica
das doutrinas políticas, que apesar de estarem associados, são pontos de
partidas diferentes para o estudo do objeto.
No que se refere à história das instituições políticas a preocupação se
voltava, por exemplo, para a história do congresso ou do parlamento de algum
Estado. No caso das doutrinas políticas, o foco é pensamento do autor que
propôs uma teoria política.
Paralelamente ao desenvolvimento das abordagens históricas das
instituições e doutrinas, foram iniciadas as análises do Estado como
organização jurídica. A análise jurídica foi importante para apontar as normas e
os limites das relações entre governantes e governados.
Para além da história e do direito, o Estado gradualmente passou a ser
estudado em si mesmo, em suas estruturas, funções e mecanismos. Mais
recentemente esses estudos ganharam adeptos e o status de disciplina, com o
objetivo de se compreender e melhorar as ações do Estado. Trata-se do campo
disciplinar das políticas públicas.
O nascimento das políticas públicas enquanto área de conhecimento e
disciplina acadêmica tem direta relação com a consolidação da administração
pública. Esta última buscava a especialização e profissionalização dos
servidores públicos, intentando afastar práticas patrimonialistas e racionalizar
as ações governamentais, ou seja, procurava separar a política da
administração a partir da aplicação de métodos científicos na gestão do
Estado.
Juntamente com a proposta de racionalização do serviço público passou-
se a buscar a racionalização das ações do Estado, com o pressuposto de que
as decisões e atividades governamentais são passíveis de ser formuladas
cientificamente e analisadas por pesquisadores independentes.
Na área do governo propriamente dito, a introdução da política pública
como ferramenta das decisões do Estado foi produto da Guerra Fria e da
necessidade de utilizar de maneira eficiente os recursos escassos. A partir
deste período a tecnocracia e a aplicação de métodos científicos às
formulações e às decisões do governo foram valorizadas.
Contudo, não é possível imaginar que as políticas públicas sejam
independentes da estrutura institucional e dos processos existentes dentro do
Estado.
No que se refere à estrutura, é possível citar os órgãos e as instituições
que compõem o Estado. Na língua inglesa essa dimensão é chamada de
“polity”, estabelecendo uma definição precisa do aspecto que se quer abordar.
Há ainda a dimensão dos processos políticos, em que atores com
interesses distintos buscam impor seus objetivos e decisões no Estado. Esse é
um aspecto profundamente estudado e amplamente abordado nas ciências
políticas e em língua inglesa é denominado de “politics”.
Quando se trata das políticas públicas (em inglês “policy”) são analisados
os conteúdos concretos, a configuração dos programas políticos, os problemas
técnicos e materiais das ações do Estado. Entretanto, essas ações concretas
do Estado dependem do quadro institucional e dos conflitos engendrados pelos
atores políticos.
As três dimensões em questão estão intrinsecamente relacionadas, de
forma que não é possível pensar em uma ação do Estado sem relacioná-la aos
processos políticos e às dimensões institucionais que as estabeleceram. Por
exemplo, um Estado Unitário pode ter uma maior facilidade do que um Estado
Federativo em impor uma decisão política em suas diferentes unidades
administrativas. Da mesma maneira, um Estado multipartidário pode ter que
estabelecer maiores concessões em prol de um acordo político do que um
Estado ditatorial.
No entanto, a despeito de se tratarem de dimensões entrelaçadas, sua
separação pode ser realizada com o intuito de facilitar o trabalho do cientista.
Ou seja, a fragmentação das diferentes dimensões pode ser realizada
analiticamente para iluminar um dos seus aspectos, mantendo as outras como
variáveis dependentes ou independentes.
Atividade Final
Escreva com suas palavras o que você entende como políticas públicas e
busque dois exemplos na esfera federal.
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Considerações finais
Esta Aula procurou apresentar as diferentes instituições que compõem o
Estado, com destaque para a atual configuração do Estado Brasileiro e a
definição de políticas públicas.
O objetivo era apresentar a dimensão histórica e organizacional que
compõem esse que assume um papel cada vez mais central nas relações entre
os diferentes atores sociais. A partir desta aula você estará mais preparado
para compreender as mudanças que vem ocorrendo no papel do Estado ao
longo dos últimos anos e sua função de coordenador das ações das empresas
e sociedade.
Resumo
Esta Aula teve o objetivo de apresentar o significado de Estado, suas
principais instituições e formas de funcionamento, bem como caracterizar o
Estado Brasileiro. Assim, o primeiro item da aula expos a origem do conceito e
sua delimitação. Verificou-se que a palavra “Estado” foi consolidada em 1513,
em um texto de Maquiavel, mas que o seu significado, utilização e abrangência
variam de acordo com o interesse do pesquisador. Foi estabelecido, contudo,
uma definição simplificada do termo: o conjunto de regras, pessoas e
organizações que se separam da sociedade para organizá-la.
Referências Bibliográficas
Leituras Recomendadas
MELO NETO, F. P. Rengenharia do Setor Público: as bases da construção
do Estado moderno. Rio de Janeiro: Quartet Editora. FESP, 1995.