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36.a REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO – 36.

ª RAPv
CURITIBA/PR - BRASIL - 24 a 26 de agosto de 2005

Local: Centro Integrado dos Empresários e Trabalhadores das Indústrias do Paraná - CIETEP

ANÁLISE DA RECONSTITUIÇÃO DO TRAÇO DO


MICRORREVESTIMENTO ASFÁLTICO

Marcus dos Reis1; Rita Moura Fortes 2

1
Engº. Mestre - IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. UNICAMP – Faculdade de Engenharia Civil. Av. Prof. Almeida
Prado, s.n. - Cidade Universitária cep. 05508-901 – Laboratório de Pavimentos. E-mail: marcusr@ipt.br ou marcusr@fec.unicamp.br
2
Profa. Dra - Universidade Presbiteriana Mackenzie, Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia Civil. Rua da Consolação, 896 – Prédio 6 -
01302-907 – São Paulo – SP – Brasil. E-mail: rmfortes@terra.com.br
RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo relatar estudos da reconstituição do traço do microrrevestimento asfáltico (MRAF)
utilizando-se três tipos de amostras: extraídas de corpos-de-prova moldados em laboratório e submetidos à simulação de
tráfego pelo equipamento denominado Loaded Wheel Tester – LWT para determinação dos deslocamentos lateral,
vertical e excesso de asfalto com areia de adesão; extraídas da pista após um ano de abertura ao tráfego e obtidas na
usina antes de sua aplicação.
Procurou-se estudar em cada situação se ocorriam alterações na granulometria e no teor de asfalto.
Esse trabalho possibilita também analisar algumas características importantes principalmente no momento da mistura na
usina e após aproximadamente um ano de aplicação do MRAF na pista.

PALAVRAS-CHAVE: simulador de tráfego, granulometria, microrrevestimento.

ABSTRACT

This paper presents the study of the reconstitution of design of cold micro surfacing in specimens in three kinds of
samples: obtained through specimens submitted to the traffic simulator using equipment Loaded Wheel Tester - LWT.
to lateral and vertical displacements and sand adhesion determinations; specimens bored in pavements with one year
and samples obtained in plans.
The goal in this study was to verify some alteration in the gradations of aggregate and the asphalt content due each
specific situation.
This paper also makes possible to analyze some important characteristics mainly in the plan and a year after his
application .

KEY WORDS: Loaded Wheel tester, traffic simulator, gradations of aggregate, micro surfacing.
.

Trabalho 36ª RAPv- 095


36a REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO - 36a RAPv
Curitiba - BRASIL - 24 a 26 de agosto de 2005
INTRODUÇÃO

Os pavimentos executados com misturas betuminosas foram introduzidos no Brasil após a Segunda Guerra Mundial,
sendo que na década de 1990 começou a ser utilizado o “micro surfacing” (denominado no Brasil “microrevestimento
asfáltico à frio modificado por polímero” - MRAF) na recuperação de pavimentos que não apresentavam problemas
estruturais, destacando-se desta forma, no meio rodoviário nacional [1].
Esse sistema, quando aplicado a partir de um bom projeto e tomadas as devidas precauções técnicas, prolonga a vida
útil do pavimento exposto à solicitação do tráfego e ação das intempéries.
No Brasil, diversos autores [1, 2, 3, 4] vêem desenvolvendo projetos de MRAF visando à execução da técnica com bom
desempenho, aplicando recomendações técnicas da International Slurry Surfacing Association - ISSA e controlado o
desempenho principalmente em trechos experimentais com simulador em escala 1:1.
A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo, Brasil – ARTESP tem
incentivado as concessionárias de rodovias do estado de São Paulo a investir em novas tecnologias e executarem trechos
experimentais instrumentados e monitorados. Nesse contexto foram executados vários trechos experimentais utilizando-
se MRAF nas rodovias concessionadas do estado de São Paulo.
É importante o estudo das características dos componentes da mistura, ensaiando-se cada um dos materiais e
verificando se atendem às condições impostas pelas especificações vigentes. Nesse sentido o controle de qualidade na
usina, minutos antes da aplicação, é essencial e deve ser rigorosamente efetuado pelo técnico de campo para garantir a
boa qualidade no produto final.
Neste trabalho foi estudada a reconstituição do traço utilizando-se três tipos diferentes de amostra:
Tipo 1: obtidas de corpos-de-prova (CPs) de microrrevestimento asfáltico a frio (Figura 1 (a)) moldados em laboratório,
que haviam sido utilizados na verificação da repetitividade do ensaio e equipamento para simulação do tráfego
denominado Loaded Wheel Tester – LWT (Figura 1 (b)) [5], tendo sido submetidos a 1.100 ciclos, Foi efetuada a
extração e separação das partes para a reconstituição do traço;
Tipo 2: obtidas por corpos-de-prova extraídos (broqueados) da pista após um ano de sua aplicação e
Tipo 3: obtidas de amostragem efetuada na usina móvel antes da aplicação na pista,
Cabe salientar que as amostra do tipo 1 e 2 fora obtidas em épocas diferentes e de amostras dosadas por usinas
diferentes,
A pesquisa foi desenvolvida com a finalidade de verificar se ocorria ou não alteração da granulometria dos agregados e
do teor ótimo do ligante em relação ao especificado no projeto da mistura no laboratório, devido à solicitação de
tráfego, Verificou-se também a possibilidade da reconstituição do traço utilizado na mistura com a amostra coleta na
caixa distribuidora da usina no momento da execução e aproximadamente após 1 ano de aplicação do MRAF.

a b
Figura 1. Simulador de tráfego tipo Loaded Wheel Tester (a) - LWT e corpo-de-prova de MRAF (b).

A Tabela 1apresenta resultados referentes à dosagem final na elaboração do projeto do MRAF utilizado na confecção
dos 21 CPs moldados e foram separados 10 CPs para a reconstituição do traço.

Tabela 1 Dosagem final após a elaboração detalhada do projeto [5]


TRAÇO (% em massa) TOLERÂNCIA
Pedrisco 19,0 -
Pó de pedra 80,0 -
Filer 1,0 -
Água de molhagem 8,4 +/- 1,0
Emulsão 10,6 +/- 0,5

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PROJETO DO MICRORREVESTIMENTO ASFÁLTICO

Para a confecção dos corpos-de-prova de MRAF utilizados nesta pesquisa foram realizados ensaios de caracterização
tanto do agregado como do ligante, para a definição dos teores ótimos de projeto, conforme apresentado por REIS [6].
Todos os resultados obtidos atenderam às especificações e possibilitaram a formulação da emulsão asfáltica modificada
por polímero com os agregados.

Agregados
A granulometria dos agregados foi composta para atender a faixa B do NBR 14948/2003 [7], tipo III do DNER ES
389/1999 [8] e tipo III da ISSA A 143/2003 [9]. A curva granulométrica de trabalho utilizada na moldagem dos CPs
está apresentada na Figura 2.

Figura 2. Curva granulométrica dos agregados utilizados no estudo (Projeto). [6]


O teor ótimo de emulsão para a moldagem dos CPs utilizado foi definido pela combinação gráfica entre os resultados
dos ensaios de perda por abrasão úmida – Wet Track Abrasion Test – WTAT [10] e excesso de asfalto pela máquina –
LWT [11] conforme especificado pela ISSA TB 111/1990 [12]. O teor ótimo de cimento asfáltico de petróleo foi de
6,6% [5].

Ensaios de caracterização da emulsão asfáltica modificada por polímero.


Para moldagem dos corpos-de-prova foi utilizada a emulsão asfáltica modificada por polímero (estireno-butadieno-
estireno SBS), sendo que foram verificadas suas características técnicas de acordo com a NBR 14948/2003 [7] e os
resultados obtidos atenderam a especificação sendo que o resíduo seco foi de 62,3% em peso de acordo com a NBR
14896/2004 [13].

RECONSTITUIÇÃO DO TRAÇO UTILIZANDO-SE CORPOS-DE-PROVA MOLDADOS EM


LABORATÓRIO
Preparo dos corpos-de-prova para a realização dos ensaios
Antes da verificação do teor de ligante e granulometria, todos os CPs foram colocados sob um fluxo de água corrente e
foram lavados com auxílio de uma escova, o que possibilitou a retirada da areia padrão utilizada no ensaio de
determinação do excesso de asfalto pela areia de adesão (Figura 3 (a)). Na parte inferior à esquerda da Figura,
observam-se os CPs antes e após a limpeza (Figuras 3 (b) e 3 (c)).

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Após essa operação, os mesmos foram colocados em estufa a (60±1)ºC por 12 horas até que apresentassem massa
constante (Figura 3 (d)).

c
d

Figura 3. Limpeza dos CPs (a), antes da lavagem (b), depois da lavagem (c) e cura a (60±1)ºC dos mesmos até atingir
massa constante (d).

As placas foram aquecidas a 110°C por uma hora, destorroadas, homogeneizadas e, de cada placa, foi retirada a amostra
representativa para realização dos ensaios de extração do cimento asfáltico de petróleo (CAP) para posterior ensaio de
peneiramento dos agregados. As Figuras 4 e 5 ilustram o preparo das amostras antes da determinação do teor de
betume.

Figura 4. Detalhe da homogeneização dos corpos-de-prova antes da extração.

Figura 5. Preparo e pesagem inicial das amostras antes do início da extração.

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Ensaios realizados

• Determinação do teor de CAP

A extração para a determinação do teor de betume foi realizada de acordo com o método ASTM D 2172/2001 [14] -
método B, utilizando extrator de refluxo e tricloroetileno como solvente (Figura 6).

Figura 6. Extração do CAP para determinar o teor de asfalto do microrrevestimento.

Resultados obtidos após a extração do ligante asfáltico


O valor de projeto para o cimento asfáltico de petróleo (CAP) foi de 6,6% e o de emulsão, 10,6% em relação ao
agregado. A Tabela 2 apresenta os resultados obtidos do teor de CAP (% em massa) e do teor de emulsão (% em massa)
em relação à mistura e os agregados após a simulação do tráfego.

Tabela 2.: Resultados do ensaio realizado sobre os corpos-de-prova (CP) de MRAF.


RESULTADOS
ENSAIO
CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 CP7 CP8 CP9 CP10 M S S/M

Teor de CAP, Mistura 6,1 6,3 5,9 5,9 6,0 6,1 6,0 6,0 5,8 5,7 6,0 0,2 0,03
(% em massa). Agregados 6,5 6,7 6,3 6,2 6,4 6,5 6,4 6,5 6,1 6,0 6,4 0,2 0,03
Teor de emulsão, Mistura 9,7 10,0 9,5 9,4 9,6 9,7 9,7 9,7 9,3 9,1 9,6 0,3 0,03
(% em massa). Agregados 10,4 10,7 10,0 10,0 10,3 10,4 10,3 10,4 9,9 9,7 10,2 0,3 0,03
M = média, S= desvio-padrão, S/M= coeficiente de variação da amostra.

Observa-se que quatro dos resultados em relação ao agregado obtidos na determinação do teor de emulsão, ficaram
abaixo do valor de projeto (10,6±0,5) que foi utilizado na moldagem dos corpos-de-prova o que pode ser explicado por
perdas (dos agregados (filer), umidade no corpo-de-prova, pelos arrastes em partes dos materiais leves do ligante ou
pela pequena quantidade da areia padrão que ficou aderida ao CP, mesmo após a lavagem, por não conter emulsão).

Granulometria por peneiramento do agregado extraído dos corpos-de-prova de MRAF

Com o agregado constituinte dos corpos-de-prova de microrrevestimento, isento de CAP, foi realizado o ensaio de
granulometria por peneiramento de acordo com o método NBR NM 248/2003 [15]. Os resultados obtidos estão
apresentados na Tabela 3 e ilustrados graficamente na Figura 7.

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Tabela 3. Resultados da análise granulométrica
ANÁLISE FAIXA
PENEIRAS FAIXA GRANULOMÉTRICA (%, que passa)
ESTATÍSTICA DE
PROJ.
DIÂM.
ASTM CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 CP7 CP8 CP9 CP10 M S S/M
(%, que
(mm)
passa)
½ 12,7 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 0 0 100
3/8 9,5 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 0 0 100
4 4,75 77,1 75,8 77,0 76,1 77,4 76,7 76,0 77,6 76,8 77,1 76,8 0,61 0,01 70-90
8 2,36 56,9 56,7 57,7 54,1 56,1 55,4 54,9 57,0 55,5 56,4 56,1 1,092 0,02 45-70
16 1,21 40,8 40,7 40,6 38,0 39,9 39,3 38,9 38,4 39,4 39,9 39,6 0,969 0,02 28-50
30 0,6 29,7 29,8 29,4 27,3 29,0 28,4 28,2 29,7 28,5 29,0 28,9 0,804 0,03 19-34
50 0,33 21,1 21,2 20,8 19,3 20,6 20,0 20,1 21,2 20,3 20,7 20,5 0,611 0,03 12-25
100 0,15 14,7 14,9 14,3 13,3 14,3 13,8 14,0 14,8 14,1 14,4 14,3 0,490 0,03 7-18
200 0,075 9,2 9,4 8,7 8,1 8,7 9,7 8,6 9,2 10,0 8,8 9,0 0,570 0,06 5-15
CP = corpo-de-prova, M = média, S = desvio-padrão, S/M = coeficiente de variação da amostra.
Observa-se que o coeficiente de variação (S/M) da amostra do material extraído em cada peneira é muito pequeno, ou
seja, não houve variação considerável da granulometria inicial de projeto em relação à extração efetuada nos corpos-de-
prova moldados e ensaiados no laboratório.

Figura 7. Curva granulométrica dos agregados obtidas nos 10 CPs.

RECONSTITUIÇÃO DO TRAÇO UTILIZANDO-SE AMOSTRAS COLETADAS NA PISTA

O microrrevestimento foi aplicado utilizando-se uma usina móvel contendo silos armazenador de agregados, tanques de
emulsão, de água e de aditivo. A Figura 10 ilustra a aplicação do MRAF e a usina [6].
Para a verificação da granulometria dos agregados e do teor ótimo de ligante quanto ao especificado em projeto é
recomendável coletar amostras na usina e também durante sua aplicação, para a futura verificação no laboratório.

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AGREGADOS EMULSÃO

Figura 8. Vista lateral da usina utilizada na aplicação do MRAF.

Amostras coletadas na caixa distribuidora da usina

Foram coletadas amostras de MRAF na caixa distribuidora da usina no momento de sua aplicação no campo. A Figura
9 (a) ilustra o posicionamento da bandeja para a coleta na caixa distribuidora antes da aplicação, a Figura 9 (b)
demonstra o início da coleta no momento da aplicação e a Figura 9 (c) apresenta o armazenamento das amostras em
sacos para serem transportadas para o laboratório onde serão realizados os ensaios com objetivo de verificar o teor
ótimo de ligante utilizado no projeto da mistura antes da aplicação.

a b c
Figura 9: Posicionamento da bandeja (a), coleta de amostra na caixa distribuidora da usina (b) armazenamento (c).

As amostras de MRAF foram coletadas em duas usinas móvel (1 e 2) com projetos diferentes, a Tabela 4 apresenta os
teores ótimos de ligante utilizados nos projetos executados pelas duas usinas.

Tabela 4. Teores ótimos de ligante para as duas usinas

RESULTADOS
TEOR DE PROJETO
USINA 1 TOLERÂNCIA USINA 2 TOLERÂNCIA
CAP (% em massa) 6,6 - 5,7 +/- 0,3
Emulsão (% em massa) 10,6 +/- 0,5 9,2 +/- 0,5

Amostras coletadas na caixa distribuidora da usina 1

Após a coleta da amostra na usina conforme ilustrado na Figura 9, o agregado foi seco em estufa a 110ºC até massa
constante e em seguida após atingir a temperatura ambiente da sala de (25±1)ºC a amostra foi homogeneizada (Figura
10 (a)), separada frações para serem colocadas no tubo (Figura 10 (b)) e em seguida foi colocado o tricloroetileno
(Figura 10 (c)), iniciando-se o ensaio de acordo com a ASTM [14] (Figura 10 (d)).

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a b c d
Figura 10. Homogeneização e coleta da amostra (a) colocação das amostras no tubo (b) colocação do tricloroetileno (c)
início do ensaio de acordo com a ASTM [14] (d)

A Tabela 5 apresenta os resultados obtidos da determinação do teor de ligante realizado conforme ASTM [14] nas 10
amostras coletadas na caixa distribuidora da usina móvel 1 no momento da execução do MRAF.

Tabela 5. Resultados do teor ótimo de ligante para a usina 1.

RESULTADOS
ENSAIO
AM1 AM2 AM3 AM4 AM5 AM6 AM7 AM8 AM9 AM10 M S S/M

Teor de CAP, Mistura 5,9 5,9 6,0 6,0 6,0 6,1 6,1 6,2 6,3 6,8 6,1 0,2669 0,04
(% em massa). Agregados 6,5 6,6 6,4 6,5 6,6 6,7 6,7 6,7 6,6 6,8 6,6 0,1197 0,02
Teor de emulsão, Mistura 9,5 9,5 9,6 9,6 9,6 9,8 9,8 10,0 10,1 10,9 9,8 0,4284 0,04
(% em massa). Agregados 10,4 10,6 10,3 10,4 10,6 10,8 10,8 10,8 10,6 10,9 10,6 0,2044 0,02
AM = amostra, CAP = Cimento asfáltico de petróleo.

Observa-se que os valores dos teores de CAP individuais em relação aos agregados apresentaram variações de 6,4 a 6,8
e na média de 6,6 que é igual ao valor de projeto e os valores dos teores ótimos de emulsão que variaram de 10,3 a 10,9
em relação aos agregados atendendo o valor de projeto de (10,6±0,5).

Corpos-de-prova extraídos da pista executada pela usina 1

Para esta pesquisa foram extraídos corpos-de-prova de um trecho onde havia sido aplicado o MRAF, com abertura ao
tráfego de um ano. Para esta finalidade foi utilizada uma extratora rotativa adiamantada de 4”. Os mesmos foram
separados pela espessura da massa aplicada na pista ou, pela diferenciação visual das faixas granulométricas conforme
mostrado na Figura 11.

Figura 11. Extração dos corpos-de-prova na pista com rotativa.

Na Figura 11 são apresentadas, à esquerda, o início da abertura da cava com disco e à direita, a cava aberta com
talhadeira para realização da coleta de amostras.
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a b
Figura 12.: Extração dos corpos-de-prova na pista com disco (a) e talhadeira (b).
A Tabela 6 apresenta os resultados obtidos da determinação do teor de ligante realizado conforme ASTM [14] nas dez
amostras coletadas na pista executada pela da usina móvel 1, utilizando o mesmo procedimento descrito anteriormente.

Tabela 6. Resultados médios dos teores de ligante determinados nos CP extraídos da pista executada pela usina 1.
RESULTADOS
ENSAIO
CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 CP7 CP8 CP9 CP10 M S S/M

Teor de CAP, Mistura 5,3 5,8 6,1 6,2 6,1 6,4 6,4 6,5 6,6 6,5 6,2 0,3957 0,06
(% em massa). Agregados 5,9 6,3 6,6 6,7 6,7 6,8 7,3 7,5 7,7 7,7 6,9 0,6088 0,09
Teor de emulsão, Mistura 8,5 9,4 9,8 10,0 9,8 10,3 10,3 10,5 10,6 10,5 10,0 0,6382 0,06
(% em massa). Agregados 9,5 10,2 10,6 10,8 10,8 11,0 11,8 12,1 12,4 12,4 11,2 0,9820 0,09
CP = corpo-de-prova, CAP = Cimento asfáltico de petróleo.
Observa-se que os valores dos teores de CAP individuais apresentaram variações de 5,9% a 7,7% em relação aos
agregados e a média foi de 6,9%, acima do valor de projeto de 6,6%. Os valores dos teores ótimos de emulsão variaram
de 9,5% a 12,4% em relação aos agregados e na média de 11,2% não atendendo ao valor de projeto de (10,6±0,5),
provavelmente devido a dificuldade da separação da camada correspondente ao MRAF da do pavimento antigo.
Isso observado, recomenda-se que a coleta da amostra a ser utilizada no controle da qualidade dos materiais (e.g.
granulometria e teor de ligante) seja efetuada logo após a sua aplicação pois decorrido algum tempo da execução ocorre
o rompimento da emulsão, o que dificulta sobremaneira a diferenciação entre a camada de MRAF e do pavimento
antigo.
Cabe lembrar que o controle de qualidade dos materiais deve ser executado de acordo com o DNER [8] que especifica a
retirada de amostras aleatórias em cada segmento de aplicação. O controle do teor de betume deve ser determinado de
acordo com a ASTM [14], sendo que o resultado do ligante residual pode variar em ±0,3% do valor de projeto.

Amostras coletadas na caixa distribuidora da usina 2

Foram coletadas amostras na pista sul faixa 3 da rodovia dos Bandeirantes entre os km 47+00 ao km46+00 para a
verificação do teor de ligante, obtido conforme ASTM [14] de amostras coletadas na caixa distribuidora da usina móvel
2, no momento da execução do MRAF. A Tabela 7 apresenta os resultados obtidos na determinação.

Tabela 7. Resultados do teor ótimo de ligante para a usina 2.


RESULTADOS
ENSAIO
AM1 AM2 AM3 AM4 AM5 AM6 AM7 AM8 AM9 AM10 M S S/M
Teor de CAP, Mistura 5,4 5,4 5,4 5,5 5,5 5,6 5,6 5,6 5,6 5,7 5,5 0,1059 0,02
(% em massa). Agregados 5,7 5,7 5,8 5,8 5,9 5,9 6,0 6,0 6,0 6,0 5,9 0,1229 0,02
Teor de emulsão, Mistura 8,7 8,7 8,7 8,9 8,9 9,0 9,0 9,0 9,0 9,2 8,9 0,1709 0,02
(% em massa). Agregados 9,2 9,2 9,4 9,4 9,5 9,5 9,7 9,7 9,7 9,7 9,5 0,1983 0,02
AM = amostra, CAP = Cimento asfáltico de petróleo.

Observa-se que os valores dos teores de CAP individuais variaram de 5,7% a 6,0% em relação aos agregados e na
média foi de 5,9 que atendeu ao valor de projeto de (5,7±0,3), sendo que os resultados obtidos na média
corresponderam ao valor de projeto e o coeficiente de variação da amostra foi de 0,02.
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Granulometria por peneiramento do agregado coletado na usina 2

A granulometria dos agregados foi composta para atender a faixa B do NBR 14948/2003 [7], tipo III do DNER ES
389/1999 [8] e tipo III da ISSA A 143/2003 [9]. Com o agregado constituinte das amostras coletadas de
microrrevestimento, isento de CAP, foi realizado o ensaio de granulometria por peneiramento de acordo com o método
NBR NM 248/2003 [15]. O resultado obtido, a faixa especificada pelos órgãos competentes e a curva de trabalho estão
ilustrados graficamente na Figura 13.

Peneiras (ASTM) N
0 20 100 50 30 16 8 4 3/8" 1/2" 0
100 0 §
… §
c c
…
§ Faixa (B) da ABNT -superior
90 § 10
§ Faixa (B) da ABNT - inferior

c Resultado obtido 20
80 …
c
… Faixa de trabalho - superior
30
70 § §
…
… Faixa de trabalho - inferior
40
60 …
c
§ 50
50 …
§
40 … 60
c
§
… … 70
30
§
§ c
… …
20 § 80
§ c
§ … …
c § 90
10 … …
c
… §
§
0 100

0,0005 0,001 0,01 0,1 1 10 50


CLASSIFICAÇÃO ARGILA SILT E AREIA FINA AREIA MÉDIA A. GROSSA PEDREGULHO
A.B.N.T
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)

Figura 13.: Curva granulométrica obtida dos agregados utilizados pela usina 2 com as amostras coletados na pista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para o bom desempenho e uma aplicação homogênea do MRAF em toda pista é importante que o controle tecnológico e
de qualidade seja executado desde a caracterização dos materiais, dosagem e mistura até o momento da aplicação do
MRAF, para garantir a verificação da qualidade dos materiais.
No estudo da reconstituição do traço utilizando-se a amostra tipo 1, obtida de CPs no laboratório, ocorreu uma boa
aderência ao valor de projeto, significando que os ensaios de avaliação de desempenho não afetaram significativamente
a granulometria e nem o teor de emulsão.
No campo, o técnico enfrenta sérias dificuldades para visualizar e estabelecer a interface da camada de MRAF e do
pavimento antigo, dificuldade esta que ocorre principalmente na coleta após um período de aplicação, em decorrência
da ação do tráfego, das intempéries (calor, chuva,variações climáticas) e o desgaste dos materiais pelo uso (carga,
tráfego, etc.) ao longo do tempo.
Assim sendo, torna-se muito difícil determinar onde é a interface do MRAF e do pavimento antigo mesmo
considerando a espessura de projeto ou até mesmo, seguindo a espessura determinada no controle tecnológico quando
sua aplicação.
Os autores recomendam que o controle tecnológico e de qualidade seja executado com laboratório móvel
acompanhando a usina móvel ou que sejam separadas amostras a serem enviadas para o laboratório para analise futura e
comparação com os resultados de amostra coletada na usina. A coleta deve ser realizada preferencialmente antes da
liberação da camada ao tráfego, uma vez que pelo fato de ser uma camada esbelta, sofre compressão com a solicitação
do tráfego, dificultando a separação da camada de MRAF da do revestimento anterior.

Trabalho 36ª RAPv- 095


36a REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO - 36a RAPv
Curitiba - BRASIL - 24 a 26 de agosto de 2005
AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Ipiranga Asfalto S/A em especial o Eng.º Mestre Humberto Rui Cardoso Nascimento, a Garcia
& Monteiro S.A. ao Eng.º Rafael Garcia e ao Eng.º. Carlos Eduardo Del Bem Dias da Silva, a Agência Reguladora de
Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo- ARTESP ao Eng.º André Denis, a Betunelkoch
Asfaltos e Tecnologia ao Téc. Manoel Tremura e ao Instituto de Pesquisas Tecnologia do Estado de São Paulo S.A -
IPT na pessoa do Diretor da Divisão de Engenharia Civil, o Eng.º Dr. José Maria de Camargo Barros pelo apoio a
pesquisa e ao Téc. Roberto Mariano da Silva pela realização dos ensaios.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tese (Dissertação) – POLI-USP.
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147. a brand new experience. International Symposium on Pavement Recycling São Paulo SP – Brazil, March,
2005.1 CD-ROM
[4] PREUSSLER, E. S., VALE, A. F., CANDIRAS, C. M., NARITA, A. K., Asphalt cold in place recycling: SP-147
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[12] INTERNATIONAL SLURRY SURFACING ASSOCIATION. ISSA TB-111: Outline guide design procedure
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[14] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D2172-01e1 Standard Test Methods for
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Trabalho 36ª RAPv- 095


36a REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO - 36a RAPv
Curitiba - BRASIL - 24 a 26 de agosto de 2005

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