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Educação Ambiental - Unidade 03

Educação Ambiental

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ


UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
ENSINANDO E APRENDEND O

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Sumário
1. Metodologias de ação social e promoção da sociedade sustentável 2. Cidadania
e ética ecológica 3. Identidade e subjetividade: a formação do sujeito ecológico

Unidade 03 - Meio ambiente e cidadania

Olá! Seja bem-vindo a Nota de Aula da Unidade 3, da disci-


plina de Educação Ambiental. Nesse material você encontra
o texto produzido pelo professor conteudista, além de outras
fontes de pesquisa. Não esqueça de complementar seus es-
tudos acompanhando a web-aula da unidade. Agora, veja o
que você vai aprender nessa unidade. Boa leitura!

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Educação Ambiental - Unidade 03

Objetivo

Reconhecer a importância da sociodiversidade para a con-


servação dos patrimônios natural e cultural, adotando pos-
turas de respeito frente às diferentes etnias e culturas na
perspectiva da formação do sujeito ecológico.

Meio ambiente e cidadania

Ao longo das últimas décadas ocorreu, nas nações latino americanas, intensos

processos de redemocratização. Concomitantemente, desenvolveu-se uma

crescente tendência de transformações das economias de livre mercado, o qual

está combinado com um estreitamento do papel do Estado, o qual, por sua vez,

passou a influenciar fortemente o setor privado, ao mesmo tempo em que ocorria

a proliferação das organizações da sociedade civil, que foram criadas em torno de

causas como saúde, meio ambiente e direitos humanos. Neste contexto, a questão

ambiental transformou-se em uma causa social cidadã que congrega inúmeros

grupos em âmbito local, nacional, regional e global, influenciando e sensibilizando

atores sociais relevantes, tais como autoridades locais, políticos, trabalhadores

rurais e urbanos, empresários e industriais, jovens, mulheres, dentre outros.

Entretanto, apesar desta mobilização e após duas décadas de ativismo

ambiental, na prática, pouco se avançou no que se refere aos valores defendidos

e o comportamento cotidiano. Ainda existem fortes incoerências entre as teorias

defendidas e a experiência cotidiana vivida, fazendo-nos constatar que a consciência

cidadã e a educação referentes à questão ambiental não tem sido suficientemente

educativas e transformadoras das práticas convencionais.

Entendemos que a cidadania ambiental se constrói a partir de cada sujeito

inserido nos sucessivos contextos nos quais desenvolve sua existência. Trabalhar por

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um meio ambiente equilibrado constrói-se num fazer diário, nas relações pessoais

e coletivas e, por isso, a tomada de consciência ambiental voltada para a cidadania

só pode converter-se em ação efetiva, quando acompanhada de uma sociedade

organizada e disposta a entender e a exigir seus direitos.

Para o exercício e a consolidação da cidadania, enfatizamos o papel do Estado,

o qual atua como regulador espontâneo da economia numa perspectiva de médio

e longo prazo nas áreas onde o mercado não é eficaz, precisamente nas dimensões

social e ambiental e nos segmentos estratégicos de limitadas e lenta rentabilidade.

A complexidade que encerra as alternativas de desenvolvimento, a multiplicidade

de agentes, atores e instituições que devem envolver, assim como a necessidade

de democracia e participação, ressaltam a exigência do planejamento como

ferramenta para a organização da ação que capaz de dar conta da complexidade

do mundo contemporâneo, trabalhando com a incerteza e, sobretudo, lidando com a

multiplicidade de opções no novo paradigma de desenvolvimento e na perspectiva

do desenvolvimento sustentável.

1. Metodologias de ação social e promoção da sociedade


sustentável
O movimento de promoção da sociedade sustentável depende principalmente

das próprias capacidades dos atores locais e das suas potencialidades. No entanto,

cabe ressaltar que o desenvolvimento sustentável local está inserido em uma

realidade mais ampla e complexa com a qual interage. Nesta perspectiva, buscando

interferir na realidade é que lançamos mão das metodologias de ação social como

ferramenta de trabalho para organizar as ações de forma lógica e racional, de modo

a garantir melhores resultados e à concretização dos objetivos de uma sociedade/

comunidade.

Nesta abordagem iremos apresentar a metodologia da Proposta de Participação

- Ação para a Construção do Conhecimento – PROPACC desenvolvida no período de

1996 a 1997 pela Coordenação de Educação Ambiental do Ministério da Educação

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(MEDINA; SANTOS, 2011) voltada, portanto, para o desenvolvimento e aplicação de

projetos educacionais no âmbito escolar.

A outra abordagem apresentada diz respeito à Metodologia de Planejamento

para Construção do Desenvolvimento Local Sustentável. Tal metodologia é uma

ferramenta de trabalho utilizada para tomar decisões e organizar ações de forma

lógica e racional, de modo a garantir os melhores resultados e a concretização dos

objetivos de uma sociedade com os menores custos e no menor prazo possíveis,

envolvendo um processo permanente de reflexão e análise para escolha de

alternativas que permitam alcançar determinados resultados desejados para o

futuro (BUARQUE, 2006).

O Propacc como método

A Proposta de Participação – Ação para Construção do Conhecimento –

PROPACC fundamentava-se numa concepção construtivista de aprendizagem,

considerando as experiências dos sujeitos que constroem seus conhecimentos a

partir de suas vivências na busca das mudanças conceituais e na concepção do

ensino como transformação e evolução gradativa.

Segundo Medina e Santos (2011) essa metodologia problematizava as questões

ambientais regionais para propor soluções potenciais incorporando-as às práticas

da Educação Ambiental nas escolas e nas políticas das Secretarias de Educação. Por

meio de uma planilha matricial que conduzia à aplicação e elaboração, a análises

críticas e abrangentes dos sistemas ambientais, assim como suas inter-relações,

problemas e potencialidades, os participantes elaboravam – numa dinâmica de

construção coletiva – propostas tanto de políticas públicas como de inserção

curricular, organizados em grupos de estudos divididos por estados e regiões

geográficas.

O primeiro passo para aplicação o PROPACC consiste na análise da situação

de partida do grupo, visando identificar e analisar os trabalhos desenvolvidos

e os resultados alcançados até o momento pelos diversos participantes das

instituições/entidades presentes nos cursos de capacitação. Posteriormente

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era realizado nivelamento do grupo quanto ao conhecimento das situações

ambientais em estudo.

Para o desenvolvimento da atividade eram formuladas e discutidas as seguintes

perguntas:

৵৵ quem somos? (instituição/entidade)

৵৵ o que fazemos? (atribuições, papéis, funções)

৵৵ com quem? (quais os demais agentes sociais com quem trabalhamos?)

৵৵ para que? (quais os resultados que se pretende alcançar com os trabalhos

que são desenvolvidos nas instituições participantes?)

৵৵ para quem? (público/meta, alunos, professores, pais, comunidade)

৵৵ de que patamar de conhecimento partimos? (qual é o nosso grau

de conhecimento e compreensão das questões socioambientais e

educacionais?

৵৵ e, por fim,

৵৵ quais são as nossa expectativas? (o que esperamos do curso)

A metodologia PROPACC é um processo organizado de construção de

conhecimentos que trabalha com conceitos básicos fundamentais para a Educação

Ambiental. Permite a incorporação prática do papel de facilitadores e possibilita

a compreensão, no exercício efetivo de elaboração das matrizes, das dificuldades

que eles mesmos encontrarão e o seu processo de superação.

Seu objetivo maior é possibilitar uma compreensão abrangente dos problemas

e potencialidades socioambientais e educativos, de sua complexidade estrutural

e da dinâmica de suas inter-relações, com a finalidade de motivar a incorporação

interdisciplinar/transversal da Educação Ambiental nos currículos escolares.

A aplicação do PROPACC permite ainda trabalhar as relações afetivas dos

membros da equipe e os valores de solidariedade e cooperação que são fatores

críticos para o sucesso da incorporação da Educação Ambiental ao currículo da

educação formal.

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As fases do Propacc

1) Análise da situação

Para realização desta etapa, podem ser efetuados os seguintes passos:

৵৵ Análise de problemas socioambientais e potencialidades, contemplando

a dimensão global, nacional, regional e local e suas inter-relações e

determinações;

৵৵ Análise dos objetivos educacionais da Educação Ambiental;

৵৵ Análise do envolvimento dos técnicos responsáveis, níveis de

comprometimento, interesses e motivações;

৵৵ Análise das alternativas possíveis para incorporação curricular da

Educação Ambiental.

2) Planejamento das atividades de Educação Ambiental

O planejamento de atividades de Educação Ambiental nos currículos escolares

deve estabelecer:

৵৵ Objetivos, resultados esperados, planejamento de unidades didáticas

de ensino-aprendizagem e/ou projetos em Educação Ambiental e

identificação das possíveis atividades educacionais;

৵৵ Planejamento participativo, construção de marco teórico-referencial

comum e de domínio linguístico frente ao problema ou potencialidade

ambiental selecionada, que servirá como ponto de partida do processo

educacional;

৵৵ Indicadores quantitativos e qualitativos de avaliação;

৵৵ Definição de etapas e processos de acompanhamento, orientação e

retroalimentação em relação às diversas atividades a serem desenvolvidas.

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3) Orientações metodológicas específicas para o planejamento de atividades

de Educação Ambiental

Análise dos possíveis parceiros. Para estas atividades convém aplicar estratégias

que permitam:

৵৵ Identificar pessoas, grupos e ou/ instituições que direta ou indiretamente

estejam envolvidos e/ou educacional em análise;

৵৵ Identificar interesses, potenciais, limitações e possíveis contribuições

dos envolvidos, como o coletivo escolar, pais de alunos, dentre outros;

Análise dos problemas e potencialidades

৵৵ Identificar os principais problemas e potencialidades ambientais e/ou

educacionais de uma situação complexa;

৵৵ Definir o problema e/ou potencialidade ambiental considerado central

para o desenvolvimento do projeto de Educação Ambiental nesta situação

específica;

৵৵ Analisar os problemas e/ou potencialidades desta situação ambiental,

estabelecendo as diversas inter-relações entre eles, priorizando os que

serão atendidos no projeto educativo inicial.

Análise de objetivos educacionais

Consiste na descrição da situação futura que se pretende alcançar com a

realização das atividades de Educação Ambiental no currículo escolar, examinando

as relações entre os objetivos, meios e fins, verificando se estão bem formuladas e

se mantém uma estrutura lógica. Para tanto, deve-se:

৵৵ Adequar as formulações realizadas;

৵৵ Se necessário, acrescer novos objetivos educativos relevantes que

possibilitem alcançar objetivos imediatamente superiores;

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৵৵ Realizar análise de coerência do conjunto do projeto de Educação

Ambiental;

Análise de alternativas metodológicas.

Consiste num conjunto de procedimentos que possibilitam:

৵৵ Identificar soluções e/ou alternativas metodológicas que possam

constituir-se em estratégias para o projeto de Educação Ambiental;

৵৵ Analisar as estratégias possíveis identificadas com base nos critérios de

seleção estabelecidos previamente;

৵৵ Selecionar as melhores estratégias metodológicas a serem adotadas

para responder às necessidades educacionais propostas, considerando

que deverão ser adequadas ao problemas e/ou potencialidade ambiental

selecionada como eixo do trabalho, levando em conta a análise das

condições limitantes e favoráveis.

Definição da matriz de planejamento.

Este procedimento é fundamental para orientar as atividades prévias e

definições necessárias para a implementação do projeto de Educação Ambiental.

Deve reunir as seguintes informações:

৵৵ Para que o projeto será executado? Finalidade ou objetivo educacional

geral;

৵৵ O que se pretende alcançar com o projeto? Objetivos educacionais

específicos e resultados esperados;

৵৵ Como serão alcançados os resultados? Definição das atividades;

৵৵ Quais os fatores externos importantes ao êxito do projeto? Estabelecimento

dos pressupostos;

৵৵ Como verificar o cumprimento dos objetivos, resultados e pressupostos?

Definição dos indicadores de avaliação;

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৵৵ Onde serão encontrados os dados necessários à verificação do

cumprimento dos objetivos, resultados e pressupostos? Fontes de

verificação;

৵৵ Que recursos materiais e humanos são necessários à execução do

projeto de Educação ambiental? Estrutura quantitativa e qualitativa das

necessidades e insumos do projeto;

৵৵ Quais as condições mínimas essenciais para o início do projeto? Definição

dos requisitos mínimos que deverão cumprir-se para segurar o êxito do

projeto de Educação Ambiental.

Metodologia e planejamento e a construção do desenvolvimento local


sustentável

O processo de planejamento, como uma reflexão estruturada sobre a realidade,

seu contexto e as possibilidades do futuro, representa uma contribuição fundamental

para a capacitação e o desenvolvimento sociopolítico e cultural da sociedade de

um determinado lugar.

Na medida em que se promove uma interação e negociação de saberes e

interesses, estimula a aprendizagem social, ampliando a capacidade da sociedade

local de adaptar-se e responder aos desafios e às mudanças globais.

Para Buarque (2006), dentro do processo de planejamento, os atores sociais vão

construindo uma visão coletiva da realidade local e do seu contexto e conduzindo

para a definição do futuro desejado e das ações necessárias à sua construção, mas,

ao mesmo tempo, vão aumentando sua percepção da realidade e do mundo. A

aprendizagem social será diretamente proporcional à abrangência da participação

da sociedade no processo de planejamento, promovendo o confronto de múltiplas

e diversificadas visões de mundo. Trata-se, portanto, de implementar a assegurar

um processo de decisão compartilhada sobre as ações necessárias e adequadas ao

desenvolvimento local sustentável, envolvendo todos os segmentos da sociedade, a

partir da definição e implementação das ações prioritárias para o desenvolvimento,

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criando as condições para o confronto dos saberes diferenciados da sociedade e

destes com o conhecimento técnico e racional.

A metodologia de planejamento deve ser compatível com os objetivos de

desenvolvimento sustentável definidos e com a concepção de planejamento como

um processo técnico e político de envolvimento e comprometimento da sociedade

nas decisões locais. Sendo assim, a metodologia deve contemplar a participação

social e a negociação política e utilizar um tratamento multidisciplinar com base

numa abordagem sistêmica. A metodologia terá que incorporar também, no

processo de trabalho, uma visão estratégica e os seguintes componentes centrais:

a) Visão estratégica

O planejamento deve atender aos critérios de seletividade e priorização. Sendo

assim, não pode se deixar dominar pelas emergências e urgências de curto prazo,

mas deve-se estruturar as prioridades numa perspectiva de construção de um novo

estilo de desenvolvimento a médio e longo prazos, não podendo ignorar, é claro,

as necessidades e carências da sociedade, estabelecendo a relação destas com os

fatores estruturais do desenvolvimento, evitando o imediatismo e o ativismo sem

fim atrás de soluções para os problemas. Para tanto, é necessário identificar, na

análise de realidade, os fatores e componentes mais relevantes e determinantes dos

problemas e potencialidades que condicionam o futuro.

O planejamento estratégico deve inverter a tendência de privilegiar os

problemas e carências imediatas para se concentrar nos aspectos mais relevantes

e determinantes do desenvolvimento, mesmo que não possa deixar de atuar na

redução dos problemas urgentes.

b) Conhecimento da realidade

Compreender a realidade de um local é primordial para a tomada de decisão.

Deve-se definir com clareza o objeto de que se está tratando no que se refere a

condições atuais e as perspectivas futuras da realidade local e municipal e do seu

contexto. Este processo envolve:

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I. Delimitação do objeto: limites físico-geográficos e institucionais do local,

relações estruturais das variáveis determinantes e relações do município

com seu contexto socioeconômico, ambiental e político-institucional.

Deve-se realizar levantamentos de dados gerais e mapas do município

em entendimento com as autoridades locais.

II. Diagnóstico: consiste na compreensão da realidade atual e dos fatores

internos que podem facilitar ou dificultar o desenvolvimento local. Analisa-

se, assim, o processo de evolução recente da realidade, que sintetiza

a história do município e os fatores que explicam o seu desempenho.

Este processo deve ser complementado por uma análise técnica e

reflexão participativa dos atores sociais sobre a realidade atual e suas

principais características. O diagnóstico deve tratar da realidade de

forma multidisciplinar, procurando articular as dimensões econômica,

sociocultural, ambiental, tecnológica e político-institucional. Toda a

análise e reflexão deve convergir para a identificação dos principais

problemas e potencialidades locais, o que é insatisfatório na realidade ou

está impedindo o desenvolvimento (problemas) e o que pode facilitar o

desenvolvimento local (potencialidades). Para tanto, algumas perguntas

devem ser feitas: o que a sociedade não aceita e pretende modificar

na realidade? O que emperra e estrangula o desenvolvimento municipal

e local? Quais as grandes potencialidades e condições do município e

localidade para alavancar o desenvolvimento?

III. Prognósticos: tem a finalidade de buscar antecipar possíveis

desdobramentos futuros da realidade e do seu contexto externo, informação

importante para dimensionar as possibilidades de realização dos desejos

da sociedade e para formulação da estratégia de desenvolvimento local.

No prognóstico, define-se em que condições está situada a localidade e

para onde ela tenderia a evoluir. Identifica-se, assim, as oportunidades

que o contexto abre e oferece para o desenvolvimento local e os fatores

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externos que podem constituir ameaças ao seu desenvolvimento.

c) Tomada de decisão

Trata das efetivas escolhas da sociedade sobre o seu futuro e, principalmente,

das ações necessárias e viáveis para se promover o desenvolvimento local. As

decisões se manifestam por meio de um conjunto de fatores que irão compor o

plano de desenvolvimento, tais como:

I. Visão de futuro: diz respeito aonde se pretende chegar com a

implementação de um plano. A visão de futuro contempla o futuro

desejado, os objetivos e as metas. O primeiro apresenta o estado futuro

desejado pela sociedade. Os objetivos expressam o desenho da situação

futura desejada e possível de alcançar no horizonte do plano, ou seja,

o que se pretende e o que se pode alcançar e onde se quer chegar

no futuro. Já as metas representam as quantificações dos objetivos,

explicitando os resultados quantificáveis pretendidos e que podem ser

gerados com a estratégia ou plano em determinados prazos.

II. Formulação das opções estratégicas: corresponde aos eixos

prioritários de desenvolvimento e escolhas centrais que caracterizam

o desenvolvimento estruturado em blocos articulados e integrados de

intervenção que refletem o tratamento agregado da realidade. Indica

onde devem ser concentradas as ações, de modo a mostrar o caminho

geral a ser seguido e organizar a sociedade em torno dessa direção e

daqueles eixos de atuação.

III. Elaboração de programas e projetos: consiste na formulação das

ações concretas e operacionais. Representa uma síntese consistente e

integradora dos processos, agregados e desagregados, que detalham

a estratégia na definição de ações por dimensão para enfrentar os

problemas e explorar as potencialidades econômicas, socioculturais,

ambientais, tecnológicas e político-institucionais.

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IV. Definição dos instrumentos: Corresponde aos meios financeiros, legais,

organizacionais e institucionais com que se deve contar para a efetiva

execução do plano. Para definição dos instrumentos gerais, devem ser

realizados os seguintes procedimentos:

a. Análise dos meios requeridos pelas opções estratégicas (financeiros,

organizacionais, legais e de recursos humanos);

b. Análise dos diversos instrumentos, fontes de recursos, programas e

projetos de instâncias superiores e que podem ser atraídos para o

município;

c. Análise da pertinência e adequação dos instrumentos e meios aos

objetivos e características dos programas;

d. Análise da viabilidade financeira do plano.

V. Definição do modelo de gestão: definição da forma de organização da

sociedade e distribuição das responsabilidades.

Por fim, o processo de planejamento deve ser antecipado por uma fase

preparatória que começa com a montagem e a estruturação de uma equipe técnica

central, responsável pela condução e articulação do processo. Essa equipe deve

passar por uma atividade de uniformização conceitual e detalhamento do plano

de trabalho, estruturando as diversas atividades dentro de um cronograma. Em

seguida, a equipe técnica deve se dedicar ao trabalho de motivação, mobilização e

sensibilização dos atores sociais, da comunidade e das instâncias governamentais

importantes para o planejamento local e municipal. Deve ser montado, também,

uma sistema de divulgação e comunicação para manter a sociedade informada

do andamento dos trabalhos, criando um clima político para participação e

transformação do plano referencial coletivo.

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2. Cidadania e ética ecológica


Os modelos metodológicos de planejamento e construção do desenvolvimento

local sustentável vistos anteriormente demonstram a força da mudança de

paradigma. A concepção linear de mundo, derivada da ciência mecânica, está

abrindo caminho para novas formas de compreensão, interpretação e expressão do

mundo em que vivemos.

Essas formas novas de significar o mundo supõem novos modos de ser, de

sentir, de pensar, de valorizar que trazem consigo necessariamente novos valores

e novos comportamentos assumidos por um número cada vez maior de pessoas e

comunidades.

Abandonar o paradigma mecanicista dominante significa apoderar-se

de espaços inéditos que exigem novas respostas em todos os âmbitos: político,

econômico, cultural, educativo entre outros. As propostas que interessam à Educação

Ambiental são as diretamente relacionadas com o desenvolvimento sustentável, a

formação da cidadania e ética ecológica e, por conseguinte, a criação e a promoção

da cultura da sustentabilidade.

Rompemos o equilíbrio natural e, se não o recuperarmos, devemos nos ater

às consequências, pois estamos jogando com a sobrevivência da própria espécie

humana. A recuperação harmônica supõe uma nova maneira de ver, focalizar

e viver nossas relações com o planeta Terra e com tudo o que essa consciência

planetária supõe: tolerância, equidade social, igualdade de gêneros, aceitação da

biodiversidade e promoção de uma cultura da vida a partir da dimensão ética.

Se somos, a partir de nossa cotidianidade, desarmonizadores, deveríamos ser

atores da harmonia ambiental através do uso mais humano dos recursos naturais.

Embora devamos lutar pelas macrossoluções, as quais correspondem aos governos,

às empresas e às grandes entidades sociais, a preocupação imediata deve ser

levantar as soluções que estão fortemente marcadas por ações de sobrevivência

e por uma melhor qualidade de vida. Trata-se, em síntese, de saber vincular os

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problemas ambientais e suas soluções com a vida cotidiana e com a busca daquelas

relações harmônicas que levam a uma melhoria da qualidade de vida.

O desenvolvimento sustentável só é viável se houver um profundo respeito

das diferentes etnias e culturas. Cada povo deveria buscar resolver, dentro da sua

cultura, o confronto do desenvolvimento ecologicamente sustentável. Segundo

Gutiérrez e Prado (1999), os agentes da cidadania ambiental devem se preocupar

em propagar especialmente:

৵৵ A capacidade de compreender e recriar o novo contexto socioambiental

pelo conhecimento de suas causas e consequências;

৵৵ A capacidade de relacionar a ecologia do eu com as exigências da nova

cidadania ambiental;

৵৵ A capacidade de sentir e expressar a vida e a realidade tal e como deve

ser sentida e vivida.

3. Identidade e subjetividade: A formação do sujeito ecológico


De acordo com Gutiérrez e Prado (1999), é possível apontar os caminhos e

a construção da identidade do educador ambiental e das pessoas da sociedade

sustentável, ou seja, do sujeito ecológico. Confira:

Pode-se definir o sujeito ecológico como um projeto


identitário. Neste sentido, o sujeito ecológico seria
aquele tipo capaz de encarnar os dilemas societários,
éticos e estéticos configurados pela crise societária em
sua tradução contracultural. Tributário de um projeto de
sociedade emancipada e ambientalmente sustentável.

৵৵ São pessoas que se caracterizam por buscar e sentir-se em contato e

comunhão com a natureza;

৵৵ Vivem a vida como processo, como fluxos permanentes de energias;

৵৵ Preocupam-se e suspeitam do poder, da hierarquia e de sua utilização

para dominar os outros;

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৵৵ Preocupam-se em integrar elementos que andam em geral fragmentados

e que se consideram de forma isolada: ciência e senso comum, ação e

reflexão, mente e corpo, razão e sentimento, objetividade e subjetividade

etc.

৵৵ Interessam-se muito mais em fazer perguntas que em dar por aceitas as

respostas;

৵৵ São abertas ao novo. Não são dogmáticas nem rígidas;

৵৵ São solidárias, colaboram com os outros e são menos egoístas.

Para Sato e Carvalho (2005), os traços do perfil assinalados pedem

a dimensão coletiva, a criação e a recriação permanentes de relações do

indivíduo com os grupos, coletividades, instituições, governos locais e demais

organizações sociais nas quais se deve concretizar a cidadania ambiental. Entre

as relações significativas que convém enfatizar para dar sentido ao agir do

sujeito ecológico, vale destacar o seguinte:

৵৵ Aqueles que assegurem e incrementem os laços de comunhão entre os

grupos, as instituições e as organizações;

৵৵ As que façam da vida humana um processo permanente de aprendizagem

e transformação;

৵৵ As que levem a integrar por meio da solidariedade e do trabalho

participativo e do desenvolvimento dos recursos não-convencionais

exigidos para conquista da autodependência.

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Chegamos ao fim da Unidade 3 do estudo da Educação


Ambiental. Lembre-se de acompanhar a web-aula da
Unidade e de que conta com o apoio do ambiente virtual de
aprendizagem para esclarecer suas dúvidas. Na próxima
unidade nosso assunto é Educar para a sustentabilidade.
Bons estudos e até lá!

Referências
BUARQUE, Sérgio C. Construindo o desenvolvimento local sustentável. Rio de
Janeiro: Garamond, 2006.

GUTIÉRREZ, Francisco; PRADO, Cruz. Ecopedagogia e cidadania planetária.


São Paulo: Cortez, 1999.

MEDINA, Naná Mininni; SANTOS, Elizabeth da Conceição. Educação ambiental:


uma metodologia participativa de formação. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

SATO, Michele; CARVALHO, Isabel. Educação ambiental: pesquisa e desafios.


Porto Alegre: Artmed, 2005.

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Créditos
Núcleo de Educação a Distância
O assunto estudado por você nessa disciplina foi planejado pelo professor
conteudista, que é o responsável pela produção de conteúdo didático, e foi
desenvolvido e implementado por uma equipe composta por profissionais
de diversas áreas, com o objetivo de apoiar e facilitar o processo ensino-
aprendizagem.

Coordenação do Núcleo de Roteiro de Áudio e Vídeo


Educação a Distância José Glauber Peixoto
Lana Paula Crivelaro Monteiro
Produção de Áudio e Vídeo
de Almeida
José Moreira Sousa
Supervisão Administrativa
Identidade Visual / Arte
Denise de Castro Gomes
Diego Silveira Maia C. da Silva
Produção de Conteúdo Didático Francisco Cristiano L. de Sousa
João Batista Vianey Sérgio Oliveira Eugênio de
Souza
Design Instrucional
Viviane Cláudia Paiva Ramos
Andrea Chagas Alves de Almeida
Programação / Implementação
Projeto Instrucional
Antônia Suyanne Lopes Alves
Bárbara Mota Barros
Jairo Araújo dos Santos
Régis da Silva Pereira

Editoração
Camila Duarte do Nascimento
Moreira

Revisão Gramatical
Luís Carlos de Oliveira Sousa

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