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Interceptação da Precipitação Atmosférica


Definição

Efeitos da interceptação

Fatores intervenientes

Grandezas Características

Estimativas

1
Interceptação da Precipitação Atmosférica


Definição
 Interceptação é definida como a retenção de
água de chuva em superfícies, por exemplo de
folhas das plantas, a posições acima do nível do
terreno.

2
Interceptação da Precipitação Atmosférica


Efeitos da interceptação
 A interceptação da precipitação produz efeitos
hidrológicos:

redução do volume de água sobre o solo,
reduzindo o volume das enchentes e da perda do
solo,

redução da intensidade de precipitação no
terreno, retardando as enchentes e evitando a
perda de solo,

aumento da capacidade de infiltração de água no
solo com o direcionamento da infiltração pelo
caule

3
Interceptação da Precipitação Atmosférica


Fatores intervenientes
 Apenas a própria precipitação e propriedades das
superfícies das plantas determinam a taxa de
interceptação:

densidade do dossel (quantidade de folhas por
volume do dossel)

superfície das folhas (exercem tensão sobre as
gotas de água)

volume precipitado (acarretam em maior
quantidade de gotas para as folhas)

intensidade de precipitação (acarretam em maior
tamanho de gotas para as folhas)

4
Florestas tropicais: 13%
Florestas deciduais: 19%
Florestas de pinus: 22%

Miralles, D. G., J. H. Gash, T. R. H. Holmes, R. A. M. de Jeu, and A. J. Dolman (2010),


Global canopy interception from satellite observations, J. Geophys. Res., 115 5
Interceptação

Figura 5.1 – Relação entre precipitação, intensidade e


precipitação em uma determinada forma de vegetação 6
mm/ano

%P 7
Interceptação da Precipitação Atmosférica


Grandezas características
 Volume interceptado (Vi): alcança até 50% do
volume precipitado.
 Precipitação abaixo do dossel (Pe): representa o
volume que escapa das folhas direto para o solo
sem percorrer o caule.
 Escoamento no caule (Qc): volume que atinge o
solo pelo caule.

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Pluviômetros sob dossel

Coletor do escoamento
pelo caule

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Interceptação da Precipitação Atmosférica


Balanço hídrico:

V I =P−( Pe +Q c )
 Sendo VI (mm) o volume interceptado (litros) na
área de influência (m²),

P a altura de chuva (mm),
 Pe a chuva sob o dossel (mm) e
 Qc (mm) o volume escoado no caule (litros) em
relação a sua área de influência (m²)
10
11
Fórmula de interceptação de Horton (1919)

n
I=a+bP

sendo P, o total precipitado em um


dado evento, em pés e a, b e n são
parâmetros de ajuste

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Vegetação a b n Fator de
projeção no
solo.
Pomar 0,04 0,018 1,00  

Carvalho 0,05 0,18 1,00  

Arbustos 0,02 0,40 1,00  

Pinus 0,05 0,20 0,50  

Feijão, batata e 0,02*h 0,15*h 1,00* 0,25*h


pequenas culturas h

Pasto 0,005* 0,08*h 1,00  


h
Forageiras 0,01*h 0,10*h 1,00  

Pequenos grãos 0,005* 0,05*h 1,00  


h
Milho 0,05*h 0,005* 1,00 0,10*h
h 13
Infiltração da Água no Solo


Definições

Fatores Intervenientes

Grandezas Características

Métodos de medição

Métodos de estimação

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Infiltração da Água no Solo


Definições
 Solo é o material poroso, parte constituído por
partículas minerais, material orgânico, solução
aquosa e ar.
 Os vazios da matriz porosa são chamados de
poros do solo e são preenchidos em parte pela
água e em parte pelo ar.

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Infiltração da Água no Solo
• Fatores intervenientes
– Força peso

– Forças inter-moleculares

– Tensão superficial e Forças capilares

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Grandezas características
 Conteúdo de água no solo (): é a relação entre o
volume de água contida na amostra (V ág) e o
volume da amostra (Va),  = Vág / Va
 Porosidade (n): é a relação entre o volume dos
poros da amostra (Vv) e o volume da amostra (V a),
n = Vv / Va
 Porosidade efetiva (ne): é a relação entre o volume
representado pelos poros drenáveis por gravidade
(Vd) e o volume da amostra (Va), ne = Vd/Va
 Capacidade de campo (C): é o volume de água na
amostra remanescente da drenagem por gravidade

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Grandezas características (cont.)
 Carga de posição (z): expressa a energia gravitacional
disponível por unidade de peso
 Carga de pressão (Pdesprezível
 Carga de velocidade (V²/2g): desprezível
 Carga mátrica () é o resultado das forças de adsorção e
capilaridade do solo sobre a água
 Carga hidráulica (): é a carga total de energia,  = z + 
 Vazão específica (q): é a descarga de volume de água (Q
em L³/T) por unidade de área (A em L²), q = Q / A,
Caso a área seja a área dos poros, então Av = n*A e Q/Av = V = q / n

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Lei de Buckingham

Δ
q =−K
Δz
• sendo “q” a vazão de água por unidade de área
(mm/h)
• K é a condutividade hidráulica no solo

 é a variação de energia total (z) entre dois
pontos

z é a distância entre os dois pontos

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Comportamento da
condutividade
hidráulica (K)
e do
potencial mátrico
(
com respeito ao
conteúdo de água
(

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Medidas de infiltração


Curva de retenção e tensiômetros

Ponto de encharcamento e infiltrômetros

21
Câmara de pressão de Richards

22
Curva de retenção


A curva de retenção da
água no solo (CRAS) é
 definida como a relação
entre a forças de atração
-100bar
do solo sobre a água ()
-15bar e o conteúdo de água no
solo ().
Saturado 
De acordo com
Buckingham esta relação
s  é única, porém, a
experiência demonstra
que a CRAS sofre
histerese (ambiguidade)
entre o secamento e o
umedecimento do solo.
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Tensiômetros

z1 <0 z2<0 z3 <0


NT
s
s

s s
<0

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Infiltração da Água no Solo


Perfil de umidade e infiltração 
 O perfil de umidade é o
F1=fqdz
conjunto de pontos formado F = F2 – F1
por pares de umidade (,
cm³/cm³) e profundidade (z,
metros).
 O volume de água contido
no perfil de umidade F2=fqdz
relacionado a uma área

z
superficial corresponde à
lâmina de água contida no
solo.
 A diferença entre dois perfis
de umidade ao longo do
tempo, caso seja positiva,
define a lâmina de água
infiltrada entre dois
instantes.
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Ponto de encharcamento

Quando F=P, tem-se


encharcamento do
solo.
Sendo F a infiltração
acumulada
e
P, a precipitação
acumulada

26
Infiltrômetro de anéis

Fonte: Catálogo de produtos da Solotest Instrumentação de Solos 27


Infiltrômetro de disco

Fonte: Decagon  28
Métodos de estimação

 Índice 

Fórmula de Horton
 Fórmula do US-NRCS (antigo US-SCS)

29
Índice 

30
Exemplo

Na tabela abaixo são fornecidos os dados de precipitação e vazão na seção


exutória de uma bacia hidrográfica com 310km² de área de drenagem.
Encontre o índice  da bacia a partir da seguinte chuva de 18h.

t(h) 0 6 12
P(mm)
24 66 14
Considere o hidrograma a seguir:

t(h) 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66

Q(m³/s) 28,0 28,0 28,0 93,0 162,7 162,6 120,0 56,8 37,0 31,0 28,0

31
32
t (h) Q (m³/s) Qb (m³/s) Qs (m³/s)

6 28,0 28,000 0

12 28,0 28,000 0

18 28,0 28,000 0

24 93,0 28,428 64,572

30 162,7 28,856 133,844

36 162,6 29,284 133,316

42 120,0 29,713 90,287

48 56,8 30,141 26,659

54 37,0 30,570 6,430

60 31,0 31,000 0

66 28,0 28,000 0

33
Solução

34
Fórmula de Horton

35
Capacidade de infiltração

É a taxa de variação da lâmina de água infiltrada


obtida quando se é mantida encharcada a
superfície do terreno.

36
Capacidade final de infiltração

É a taxa de variação da lâmina de água infiltrada


obtida nas condições em que todo o perfil do solo
encontra-se saturado.

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Capacidade inicial de infiltração

É uma taxa de infiltração teórica obtida pela


antecipação da curva de resseção da capacidade de
infiltração até a origem do eixo de coordenadas.
Representa a condição em que todo o perfil do solo
encontra-se sem umidade alguma.

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Capacidade de infiltração

160
fo=140mm/h
140

120
100
f [mm/h]

80
60

40
fc=10mm/h
20

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
h

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Fórmula de Horton

Robert Horton elaborou vários dos mais importantes modelos


da Hidrologia. Um dos mais conhecidos é o modelo de
infiltração por encharcamento.
Mantida a superfície encharcada, a taxa de infiltração f [LT-1]
decai com o passar do tempo com variação dada pelo valor de f.
sendo  a constante de
decaimento do solo [T-1]
df
=−λ  f − f c  e fc a capacidade final de
dt
infiltração, que corresponde ao
solo saturado, quando não há mais
variação da taxa f
40
Fórmulas de Horton

Resolvendo-se a equação, tem-se a capacidade de infiltração


instantânea:
sendo f0 a capacidade
f  f c   f 0  f c e  t
inicial de infiltração, que
corresponde ao solo
completamente seco
t o tempo de infiltração,
contado durante o
acréscimo de infiltração a
partir do solo seco
41
Fórmulas de Horton

Integrando-se a taxa de infiltração, tem-se o


volume infiltrado, expresso em lâmina, F
[L]:
f0  fc
F  f ct 


1  e  t 

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Exercícios

• Uma chuva cai no momento em que o solo encontra-se


com 50mm de água armazenada em seu perfil raso.
Considerando-se um solo com f0=140mm/h e fc=10mm/h e
=0,5h-1, qual a capacidade de infiltração no início da
chuva? (R: 117mm/h)
• Uma mesma chuva intensa que cai sobre uma bacia
urbana, mas ainda com terrenos baldios, produzirá uma
lâmina excedente sobre o solo seco menor que o excesso
formado sobre um solo úmido. Calcule o volume de água
gerado sobre um terreno com f0=130mm/h, fc=7,0mm/h e
=2h-1 quando a) chovem 20mm durante 5min. e b)
quando, depois de 10 minutos sem chuva, choveram mais
40mm durante 20min. Considere que o solo estava
inicialmente seco. (R: a) 9,98mm; b) 12,33mm)
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Fórmula do US-NRCS (antigo US-SCS)

Balanço Hídrico de uma Bacia


Q F
=
P P S
ETR Sendo Q a precipitação
F
I efetiva,
P a precipitação
S F a perda de água
precipitada em relação ao
runoff ( F = P – Q) e
Q S sendo a capacidade de
armazenamento do terreno

44
Método do NRCS

Mas, parte da precipitação é perdida logo que atinge o terreno.


Assim, com F = P – Q, e substituindo-se P por P – I a tem-se:

Q P−Q− I a
=
P− I a S

45
46
Chuva Efetiva (Q)

( P−0,2 S ) ²
Q=
P+0,8 S

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Adimensionalização da capacidade de
armazenamento (CN)

• Curvas numeradas de 0 a 100

1000
CN=
S
10+
25,4
25400
CN=
S+ 254 48
49
Classificação hidrológica dos solos pelo NRCS
• Tipo A
– Areia ou solo lemo arenoso
– Baixo potencial de excesso de infiltração e altas taxas de infiltração, mesmo se o
terreno for pantanoso (encharcado)
– Inclui solos graúdos e areias profundas bem a excessivamente drenadas
Condutividades hidráulicas altas
• Tipo B
– Solo lemo siltoso a lemo argiloso
– Taxa de infiltração moderadas mesmo se o terreno for pantanoso
– Inclui solos moderadamente profundos a profundos, moderadamente a bem drenados
– Texturas moderadamente finas a moderadamente grossas
• Tipo C
– Argila lemo arenosa
– Taxas de infiltração baixa mesmo em terrenos pantanosos
– Consiste primordialmente de solos com uma camada que impede movimentos verticais
de água
– Texturas moderadamente fina a fina
– Saturação aprisionada de 1,0 a 1,5 m de profundidade; raízes limitadas a 1,0 m
• Tipo D
– Solo lemo argiloso, argila lemo siltosa, areia argilosa, areia siltosa e argila
– Taxas de infiltrações muito baixas mesmo em terrenos pantanosos
– Consiste preferencialmente de argilas com alto potencial de expansão, solos com nível
saturado elevado, solos com camadas de argilas rasas e solos rasos

50
51
52
Exercício

• Classifique as características do Neossolo


Quartzarênico hidrologicamente a) de acordo com
a descrição do NRCS e b) de acordo com a
classificação de Sartori et al. (2005).
– Sem contato lítico dentro de 50 cm de profundidade
– Textura areia ou areia franca até no mínimo 150 cm
de profundidade ou até contato lítico
– Essencialmente quartzosos
– Ausência de minerais primários alteráveis, exceto
quartzo

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Utilização ou cobertura do solo A B C D
Zonas cultivadas: sem conservação do solo 72 81 88 91
com conservação do solo 62 71 78 81
Pastagens ou terrenos em más condições 68 79 86 89
Baldios boas condições 39 61 74 80
Prado em boas condições 30 58 71 78
Bosques ou zonas cobertura ruim 45 66 77 83
Florestais: cobertura boa 25 55 70 77
Espaços abertos, relvados, parques, campos
de golf, cemitérios, boas condições
com grama em mais de 75% da área 39 61 74 80
com grama de 50 a 75% da área 49 69 79 84
Zonas comerciais e de escritórios 89 92 94 95
Zonas industriais 81 88 91 93
Zonas residenciais
lotes de (m2) % média impermeável
<500 65 77 85 90 92
1000 38 61 75 83 87
1300 30 57 72 81 86
2000 25 54 70 80 85
4000 20 51 68 79 84
Parques de estacionamentos, telhados, viadutos, etc 98 98 98 98
Arruamentos e estradas
asfaltadas e com drenagem de águas pluviais 98 98 98 98
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Uso do solo Superfície e condições para infiltração A B C D
Solo lavrado Com sulcos retilíneos, 77 86 91 94
em fileiras retas, 70 80 87 90
Plantações Em curvas de nível, 67 77 83 87
regulares terraceado em nível, 64 76 84 88
em fileiras retas. 64 76 84 88
Plantações de Em curvas de nível, 62 74 82 85
cereais terraceado em nível, 60 71 79 82
em fileiras retas. 62 75 83 87
Plantações de Em curvas de nível, 60 72 81 84
legumes ou terraceado em nível, 57 70 78 89
cultivados pobres, 68 79 86 89
normais, 49 69 79 94
boas. 39 61 74 80
Pastagens Pobres, em curvas de nível, 47 67 81 88
normais, em curvas de nível, 25 59 75 83
boas, em curvas de nível, 6 35 70 79
Campos Normais, 30 58 71 78
Permanentes esparsas, de baixa transpiração, 45 66 77 183
normais, 36 60 73 79
densas, de alta transpiração. 25 55 70 77
Chácaras, Normais, 56 75 86 91
estradas de más, 72 82 87 89
terra de superfície dura. 74 84 90 92
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As condições médias são obtidas para intervalos
de dias sem chuvas com 5 (cinco) dias.

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Condição média Correção para Solo Seco Correção para Solo Saturado
100 100 100
95 87 98
90 78 96
85 70 94
80 63 91
75 57 88
70 51 85
65 45 82
60 40 78
55 35 74
50 31 70
45 26 65
40 22 60
35 18 55
30 15 50
25 12 43
20 9 37
15 6 30
10 4 22
5 2 13 57
• Estima-se a capacidade de armazenamento em
milímetros fazendo:

254 ( 100−CN )
S=
CN

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Exercício

• Considere uma bacia hidrográfica com área de


10km2 e número de curva (CN) igual a 70. A chuva
é dada por determinado período de retorno e
duração de 2 horas, com intensidade igual a
40mm/h. Determine a chuva efetiva pela fórmula
do NRCS.

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Solução
i) A chuva efetiva pelo NRCS é dada a a partir do
coeficiente de armazenamento (S). Dado CN=70,
tem-se:

ii) A precipitação total, dado i=40mm/h, vale


P=i*d=40*2=80mm. Logo, tem-se:

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