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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA


DISCIPLINA DE LABORATÓRIO DE FENÔMENOS E OPERAÇÕES DE
TRANSFERÊNIA DE CALOR
Tubarão-SC, 15 de novembro de 2017.

RELATÓRIO DA PRÁTICA: TROCADOR DE CALOR DUPLO TUBO

Equipe:
Cristiane Wensing
Henrique Gonçalves
Isabela Inocente
Karolina Thiesen
Juliana Figueredo
Pâmela Marcon

1 - INTRODUÇÃO

As indústrias de processos químicos utilizam em grande maioria a transferência de


energia na forma de calor, que pode ocorrer de dois mecanismos: Molecular ou turbulento. Os
trocadores de calor usados pelos engenheiros químicos não podem ser caracterizados por um
único modelo e na realidade, a variedade deste equipamento é infinita. Entretanto a
característica em comum à maior parte dos trocadores de calor é a transferência de calor de
uma fase quente para uma fase fria com as duas fases separadas por uma fronteira sólida. [1]
O tipo mais simples de trocador de calor é o trocador tubular, constituído por dois
tubos concêntricos, com um dos fluidos escoando pelo tubo central enquanto o outro flui pela
paralela, ou em contracorrente, no espaço anular. O trocador de calor tubular não tem seu uso
restrito à troca térmica entre dois líquidos, mas pode também ser usado na troca gás-líquido e
na troca de calor entre dois gases. Qualquer dos dois fluidos pode escoar no espaço anular, ou
no interior do tubo central, em velocidades relativamente elevadas, o que contribui para
melhorar o processo de transferência de calor. [1]
Este trabalho tem por objetivo determinar o coeficiente global de troca térmica
experimental de um trocador de calor duplo tubo e comparar o resultado com os modelos
teóricos de cálculo.
2 – REVISÃO TEÓRICA

O trocador de calor é utilizado para realizar o processo de troca térmica entre dois
fluidos com diferença de temperatura, tendo vários modelos e arranjos diferentes para sua
utilização. O trocador de calor tipo duplo tubo consiste em dois tubos, um externo e um interno,
onde dois fluidos escoam separadamente e trocam calor através da superfície de contato. Este
escoamento pode ocorrer de forma concorrente e contracorrente.

Figura 1 – Trocador de calor duplo tubo com correntes paralelas e correntes opostas

Fonte: UFMG, 2013.

No trocador de calor concorrente, o fluido quente e o frio entram pelo mesmo lado
do trocador e escoam no mesmo sentido. Conforme os fluidos escoam, há a transferência de
calor do fluido quente para o frio.
Segundo Kern (1980), o trocador de tubo duplo é extremamente útil, possui uma
fácil montagem, e fornece superfícies de transferência de baixo custo.
“O comprimento de cada seção do trocador é, usualmente, limitado ás dimensões
padronizadas do tubo, de modo que sendo necessária uma superfície apreciável de troca térmica
será preciso usar vários conjuntos de trocadores. Quando a área necessária é muito grande, não
se recomenda o uso do trocador tubular”[1].
O trocador de calor tipo duplo tubo não é utilizado somente para troca térmica entre
dois líquidos, podendo também ser usado na troca entre dois gases ou na troca gás-líquido.
Segundo Foust (2008), qualquer um dos dois fluidos pode escoar no espaço anular,
ou no interior do tubo interno, e trabalhando com velocidades relativamente elevadas, é
possível melhorar o processo de troca térmica.
O coeficiente global de transmissão de calor é o que se mede com maior facilidade,
a diferença total de temperatura e a transferência total de calor são grandezas que podem ser
medidas em um trocador de calor de área conhecida. Pela equação abaixo o coeficiente global
(U) pode ser calculado.
𝑄 = −𝑈. 𝐴. (∆𝑇)𝑀𝐿
3 – MATERIAS E MÉTODOS

3.1 – Materiais

Tabela 01 - Materiais e equipamentos utilizados para determinação do coeficiente global de


troca térmica.
Material Quantidade
Mangueira 4

Rotâmetro 1

Trocador de calor duplo 1


tubo

Aquecedor elétrico 1

Termopar 2

Reservatório de água 2

Termômetro 1

Água -

Cronômetro 1

Proveta 1

Fonte: dos Autores, 2017.

3.2 – Métodos

Inicialmente abriram-se as válvulas das linhas de água até que o ar do interior


estivesse saído totalmente, em seguida o foi ligado o aquecedor de água, simulando assim um
circuito de água quente, mantendo a vazão constante. A vazão de água fria manteve-se
constante após a abertura da válvula. Esperaram-se alguns minutos até o sistema entrar em
equilíbrio térmico para então proceder às leituras de temperatura por meio dos termopares
instalados na parte superior e inferior do sistema e um termômetro para medir a temperatura da
água do tubo externo (fria) de entrada e saída.
As temperaturas medidas foram:
 Na entrada do tubo interno (T1): 67°C
 Na saída do tubo interno (T2): 54°C
 Na entrada do tubo externo (t1): 27°C
 Na saída do tubo externo (t2): 30°C
Por fim, foi medida a vazão de água do tubo interno e externo. Para o tubo interno a
vazão foi determinada pela leitura do rotâmetro instalado antes da entrada do tubo. Já para o
tubo externo mediu-se o volume completado na proveta em certo tempo que foi cronometrado e
a vazão foi definida pela razão entre o volume de água na proveta e o tempo decorrido para
completar este volume.
As vazões foram:
 Vazão do tubo interno (fluido quente): 1,1 L/min
 Vazão do tubo externo (fluido frio): 1,4 L/min

4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os cálculos realizados, através dos dados experimentais, o


coeficiente global de troca térmica experimental (U exp.), apresentou valor de 1.064,61
W/m2ºC. O valor obtido foi satisfatório, tendo em vista o que aponta a literatura, pois ficou
entre os valores de um sistema de troca térmica com duplo tudo, sendo água o fluido quente e
frio. A literatura diz que o valor de U exp. varia em torno de 850 a 1700 W/m2ºC para o
sistema de fluidos adotado na prática.
Para a conferência do coeficiente global, calculou-se o coeficiente global de troca
térmica teórico, que foi encontrado através de alguns cálculos, apresentados detalhadamente no
tópico 7 deste relatório. Com isso, obteve-se um valor para o coeficiente teórico de
1.334,399669 W/m2ºC. Com os resultados dos coeficientes experimental e teórico, pode-se
verificar a compatibilidade dos resultados. Para isso foi feito o cálculo do percentual de desvio,
ou seja, calculou-se a margem de erro do experimento. O desvio apresentou resultado de
20,22%. O desvio é considerado um pouco elevado, porém é aceitável para este caso, pois se
devem levar em consideração os equipamentos utilizados no laboratório, que já apresentam
certo desgaste, e podem apresentar incrustações internas. Os cálculos detalhados estão no
memorial de cálculo, como a troca de calor existente, entre outros, necessários para a
determinação dos coeficientes. Com tudo, os valores apresentados para os coeficientes estão
aceitáveis, dentro da normalidade, determinando a eficiência da prática.

5 – CONCLUSÕES E SUGESTÃO

Com o presente trabalho pode se concluir que a realização da prática demonstrando


o coeficiente global de troca térmica experimental de um trocador de calor duplo tubo, foi de
extrema importância para a fixação do aprendizado. Além disso, comparou-se o resultado com
os modelos teóricos de cálculo prescritos na literatura, onde se pode perceber que a realização
do experimento foi feita de maneira coerente.
O trocador de duplo tubo é extremamente útil porque ele pode ser disposto em
qualquer conjunto com conexões de tubos através de partes padronizadas e fornece uma
superfície barata para a transferência de calor. Este é talvez o mais simples de todos os tipos de
trocador de calor pela fácil manutenção envolvida.
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1]
FOUST, A.S. Princípios das Operações Unitárias. 2ª Edição. São Paulo: LTC, 2008.
[2]
KERN, Donald Q. Processos de transmissão de calor. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1980.

7 – MEMORIAL DE CÁLCULO

7.1 –Dados experimentais

 Fluido Quente
Vazão = 1,1 L/min
T1 = 67°C
T2 = 54°C

 Fluido Frio
Vazão = 1,4 L/min
t1 = 27°C
t2 = 30°C

Diâmetro dos tubos do trocador de calor:


Dee – diâmetro externo do tubo externo 15 mm
Die – diâmetro interno do tubo externo 13 mm
Dei – diâmetro interno do tubo interno 9,5 mm
Dii - diâmetro externo do tubo interno 7,9 mm
• Material dos tubos do trocador de calor - cobre
• Comprimento do trocador de calor – 1 m

7.2 – Cálculos

Temperaturas Médias:

 Fluido Quente
𝑇1 + 𝑇2 67 + 54
𝑇𝑀 = → 𝑇𝑀 = → 𝑇𝑀 = 60,5°𝐶
2 2

𝐽
̅̅̅ = 4183,04
𝑐𝑝
𝐾𝑔º𝐶
𝐽
𝑘 = 0,650
𝑠 𝑚 º𝐶
𝐾𝑔
𝜇 = 0,49 × 10−3
𝑚. 𝑠
 Fluido Frio
𝑡1 + 𝑡2 30 + 27
𝑡𝑀 = → 𝑡𝑀 = → 𝑡𝑀 = 28,5°𝐶
2 2

𝐽
̅̅̅ = 4176,6
𝑐𝑝
𝐾𝑔º𝐶
𝐽
𝑘 = 0,605
𝑠 𝑚 º𝐶
𝐾𝑔
𝜇 = 0,87 × 10−3
𝑚. 𝑠

Vazão mássica fluido quente:

1,1𝐿 1𝑚3 1𝑚𝑖𝑛 1000𝐾𝑔 𝑲𝒈


𝑀=( )( )( )( 3
) → 𝑴 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟖𝟑
𝑚𝑖𝑛 1000𝐿 60𝑠 𝑚 𝒔

Vazão mássica fluido frio:

1,4𝐿 1𝑚3 1𝑚𝑖𝑛 1000𝐾𝑔 𝑲𝒈


𝑚=( )( )( )( ) → 𝒎 = 𝟎, 𝟎𝟐𝟑𝟑
𝑚𝑖𝑛 1000𝐿 60𝑠 𝑚3 𝒔

Balanço de Energia

𝐾𝑔 𝐽
̅̅̅ × (𝑇1 − 𝑇2 ) = 0,0183
𝑄 = 𝑀 × 𝑐𝑝 × 4182 × (67 − 54)º𝐶 →
𝑠 𝐾𝑔º𝐶
𝑸 = 𝟗𝟗𝟓, 𝟏𝟒𝟓𝟐𝟏𝟔𝑾

Cálculo do ∆TML

(𝑇1 − 𝑡1 ) − (𝑇2 − 𝑡2 ) (67 − 27) − (54 − 30)


∆𝑇𝑚𝑙 = (𝑇 −𝑡 )
→ ∆𝑇𝑚𝑙 = (67−27)
→ ∆𝑻𝒎𝒍 = 𝟑𝟏, 𝟑𝟐°𝑪
𝑙𝑛 (𝑇1 −𝑡1 ) 𝑙𝑛 (54−30)
2 2

Coeficiente Global Experimental (Uexp):

𝑄
𝑈𝑒𝑥𝑝 =
𝐴 × ∆𝑇𝑚𝑙  ANEL (Fluido frio)
995,145216𝑊 𝐴 = 𝜋 𝑥 𝐷𝑒𝑖 𝑥 𝐿
𝑈𝑒𝑥𝑝 =
0,02984513𝑚2 × 31,32°𝐶 𝐴 = 𝜋 𝑥 9,5𝑥10−3 𝑚 𝑥 1𝑚
𝑾 𝐴 = 0,02984513 𝑚2
𝑼𝒆𝒙𝒑 = 𝟏𝟎𝟔𝟒, 𝟔𝟏𝟏𝟔𝟗𝟏 𝟐
𝒎 °𝑪
Área Seção:

𝜇(𝐷𝑖𝑒 2 − 𝐷𝑒𝑖 2 ) 𝜋((13 × 10−3 )2 − (9,5 × 10−3 )2 )


𝐴𝑒 = → 𝐴𝑒 = → 𝑨𝒆 = 𝟔, 𝟏𝟖𝟓𝒙𝟏𝟎−𝟓 𝒎𝟐
4 4

Velocidade Mássica:

𝐾𝑔
𝑚 0,0233 𝑠 𝑲𝒈
𝐺𝑎 = → 𝐺𝑎 = −5 2
→ 𝑮𝒂 = 𝟑𝟕𝟔, 𝟕𝟏𝟕𝟖𝟔𝟓𝟖
𝐴𝑒 6,185𝑥10 𝑚 𝒔. 𝒎𝟐

Diâmetro Equivalente:

𝐷𝑖𝑒 2 − 𝐷𝑒𝑖 2 (13 × 10−3 𝑚)2 − (9,5 × 10−3 𝑚)2


𝐷𝑒 = = −3
→ 𝑫𝒆 = 𝟖, 𝟐𝟖𝟗𝟓 × 𝟏𝟎−𝟑 𝒎
𝐷𝑒𝑖 9,5 × 10 𝑚

Reynolds:

𝐾𝑔
𝐷𝑒 × 𝐺𝑎 8,2895 × 10−3 𝑚 × 376,7178658 𝑠.𝑚2
𝑅𝑒 = → 𝑅𝑒 = 𝐾𝑔 → 𝑹𝒆 = 𝟑𝟓𝟖𝟗, 𝟒𝟏𝟔𝟕𝟓𝟓
𝜇 0,87 × 10−3 𝑠.𝑚

Prandtl:

−3 𝐾𝑔 𝐽
𝜇 × 𝑐𝑝
̅̅̅ 0,87 × 10 𝑚.𝑠 × 4176,6 𝐾𝑔º𝐶
𝑃𝑟 = → 𝑃𝑟 = 𝐽 → 𝑷𝒓 = 𝟔, 𝟎𝟎𝟔𝟎𝟐
𝑘 0,605
𝑠.𝑚.º𝐶

Coeficiente de película:

𝑘 1 1
ℎ𝑜 = 0,027 × × 𝑅𝑒 0,8 × 𝑃𝑟 3 × ∅4
𝐷𝑒
𝐽
0,605 𝑠.𝑚.º𝐶 1 1
ℎ𝑜 = 0,027 × × 3589,4167550,8 × 6,006023 × 14
8,2895 × 10−3 𝑚
𝑾
𝒉𝒐 = 𝟐𝟓𝟎𝟏, 𝟏𝟓𝟐𝟗𝟐𝟗
𝒎𝟐 º𝑪

 TUBO (Fluido quente)

Área seção:
𝜋(𝐷𝑖𝑖 2 ) 𝜋(7,9 × 10−3 𝑚2 )
𝐴𝑒 = = → 𝑨𝒆 = 𝟒, 𝟗𝟎𝟏𝟕 × 𝟏𝟎−𝟓 𝒎𝟐
4 4

Velocidade mássica:

𝐾𝑔
𝑀 0,0183 𝑠 𝑲𝒈
𝐺𝑎 = = −5 2
→ 𝑮𝒂 = 𝟑𝟕𝟑, 𝟑𝟒𝟕𝟒𝟕𝟖𝟒
𝐴𝑒 4,9017 × 10 𝑚 𝒔. 𝒎𝟐

Reynolds:

𝐾𝑔
𝐷𝑒 × 𝐺𝑎 7,9 × 10−3 𝑚 × 373,3474784 𝑠.𝑚2
𝑅𝑒 = → 𝑅𝑒 = 𝐾𝑔 → 𝑹𝒆 = 𝟔𝟎𝟏𝟗, 𝟐𝟕𝟓𝟔𝟕𝟐
𝜇 0,49 × 10−3 𝑠.𝑚

Prandtl:

−3 𝐾𝑔 𝐽
𝜇 × 𝑐𝑝
̅̅̅ 0,49 × 10 𝑚.𝑠 × 4183,04 𝐾𝑔º𝐶
𝑃𝑟 = → 𝑃𝑟 = 𝐽 → 𝑷𝒓 = 𝟑, 𝟏𝟓𝟑𝟑𝟔𝟖𝟔𝟏𝟓
𝑘 0,650 𝑠.𝑚.º𝐶

Coeficiente de película:

𝑘 1 1
ℎ𝑖 = 0,027 × × 𝑅𝑒 0,8 × 𝑃𝑟 3 × ∅4
𝐷𝑒
𝐽
0,650 𝑠.𝑚.º𝐶 1 1
ℎ𝑖 = 0,027 × × 6019,2756720,8 × 3,1533686153 × 14
7,9 × 10−3 𝑚
𝑾
𝒉𝒊 = 𝟑𝟒𝟑𝟗, 𝟖𝟖𝟐𝟗𝟑𝟖
𝒎𝟐 º𝑪

Corrigindo o coeficiente de película:

𝐷𝑖𝑖
ℎ𝑖𝑜 = ℎ𝑖 ×
𝐷𝑒𝑖
7,9 × 10−3 𝑾
ℎ𝑖𝑜 = 3439,882938 × −3
→ 𝒉𝒊𝒐 = 𝟐𝟖𝟔𝟎, 𝟓𝟑𝟒𝟐𝟑𝟑 𝟐
9,5 × 10 𝒎 º𝑪

Coeficiente Global Teórico (Uteo):

𝑊 𝑊
ℎ𝑖𝑜 × ℎ𝑜 2860,534233 𝑚2 º𝐶 × 2501,152929 𝑚2 º𝐶 𝑾
𝑈𝑡𝑒𝑜 = = 𝑊 𝑊 → 𝑼𝒕𝒆𝒐 = 𝟏𝟑𝟑𝟒, 𝟑𝟗𝟗𝟔𝟔𝟗 𝟐
ℎ𝑖𝑜 + ℎ𝑜 2860,534233 + 2501,152929 𝒎 º𝑪
𝑚2 º𝐶 𝑚2 º𝐶
Desvio:

𝑈𝑒𝑥𝑝 1064,611691
𝐷 = 1− =1− → 𝑫 = 𝟎, 𝟐𝟎𝟐𝟏𝟕𝟗𝟐𝟗 𝒐𝒖 𝟐𝟎, 𝟐𝟐%
𝑈𝑡𝑒𝑜 1334,399669

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