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LÍNGUA PORTUGUESA

1. Compreensão e interpretação de textos.................................................................................................................................................... 01


2. Tipologia textual................................................................................................................................................................................................... 11
3. Ortografia oficial.................................................................................................................................................................................................. 27
4. Acentuação gráfica.............................................................................................................................................................................................. 29
5. Emprego das classes de palavras.................................................................................................................................................................. 39
6. Emprego do sinal indicativo de crase.......................................................................................................................................................... 66
7. Sintaxe da oração e do período..................................................................................................................................................................... 70
8. Pontuação............................................................................................................................................................................................................... 86
9. Concordância nominal e verbal...................................................................................................................................................................... 89
10. Regência nominal e verbal...........................................................................................................................................................................102
11. Significação das palavras..............................................................................................................................................................................108
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: texto de opinião, carta do leitor, carta de


1. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE solicitação, deliberação informal, discurso de defesa e acu-
TEXTOS. sação (advocacia), resenha crítica, artigos de opinião ou
assinados, editorial.

Exposição: Apresenta informações sobre assuntos, ex-


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO põe ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias). Estrutura
básica; ideia principal; desenvolvimento; conclusão. Uso de
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor linguagem clara. Ex: ensaios, artigos científicos, exposições
que também é transmitida através de figuras, impregnado etc.
de subjetivismo. Ex: um romance, um conto, uma poesia...
(Conotação, Figurado, Subjetivo, Pessoal). Injunção: Indica como realizar uma ação. É também
utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos.
Texto Não-Literário: preocupa-se em transmitir uma Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua
mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma maioria, empregados no modo imperativo. Há também o
notícia de jornal, uma bula de medicamento. (Denotação, uso do futuro do presente. Ex: Receita de um bolo e ma-
Claro, Objetivo, Informativo). nuais.
O objetivo do texto é passar conhecimento para o lei-
tor. Nesse tipo textual, não se faz a defesa de uma ideia. Diálogo: é uma conversação estabelecida entre duas
Exemplos de textos explicativos são os encontrados em ma- ou mais pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral,
nuais de instruções. como pausas e retomadas.
Informativo: Tem a função de informar o leitor a res- Entrevista: é uma conversação entre duas ou mais
peito de algo ou alguém, é o texto de uma notícia de jornal, pessoas (o entrevistador e o entrevistado), na qual pergun-
de revista, folhetos informativos, propagandas. Uso da fun- tas são feitas pelo entrevistador para obter informação do
ção referencial da linguagem, 3ª pessoa do singular. entrevistado. Os repórteres entrevistam as suas fontes para
obter declarações que validem as informações apuradas
Descrição: Um texto em que se faz um retrato por escrito ou que relatem situações vividas por personagens. Antes
de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de
de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que contém
palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua
informações que o ajudarão a construir a matéria. Além das
função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, po-
informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado
de-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação
assim como as fontes a serem entrevistadas. Antes da en-
de anterioridade e posterioridade. Significa “criar” com palavras
trevista o repórter costuma reunir o máximo de informa-
a imagem do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa
ções disponíveis sobre o assunto a ser abordado e sobre
do objeto ou da personagem a que o texto se refere.
a pessoa que será entrevistada. Munido deste material, ele
Narração: Modalidade em que se conta um fato, fictí- formula perguntas que levem o entrevistado a fornecer in-
cio ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, formações novas e relevantes. O repórter também deve ser
envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou mani-
mundo real. Há uma relação de anterioridade e posteriori- pula dados nas suas respostas, fato que costuma acontecer
dade. O tempo verbal predominante é o passado. Estamos principalmente com as fontes oficiais do tema. Por exem-
cercados de narrações desde as que nos contam histórias plo, quando o repórter vai entrevistar o presidente de uma
infantis, como o “Chapeuzinho Vermelho” ou a “Bela Ador- instituição pública sobre um problema que está a afetar o
mecida”, até as picantes piadas do cotidiano. fornecimento de serviços à população, ele tende a evitar as
perguntas e a querer reverter a resposta para o que con-
Dissertação: Dissertar é o mesmo que desenvolver ou sidera positivo na instituição. É importante que o repórter
explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dis- seja insistente. O entrevistador deve conquistar a confiança
sertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, junta- do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por ele
mente com o texto de apresentação científica, o relatório, o dominado. Caso contrário, acabará induzindo as respostas
texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto ou perdendo a objetividade.
dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, As entrevistas apresentam com frequência alguns si-
com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um nais de pontuação como o ponto de interrogação, o tra-
texto informativo. vessão, aspas, reticências, parêntese e as vezes colchetes,
que servem para dar ao leitor maior informações que ele
Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrá- supostamente desconhece. O título da entrevista é um
rio, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o enunciado curto que chama a atenção do leitor e resume a
ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o ideia básica da entrevista. Pode estar todo em letra maiús-
texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e cula e recebe maior destaque da página. Na maioria dos
modifica seu comportamento, temos um texto dissertati- casos, apenas as preposições ficam com a letra minúscu-
vo-argumentativo. la. O subtítulo introduz o objetivo principal da entrevista

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e não vem seguido de ponto final. É um pequeno texto e INTERPRETAÇÃO DE TEXTO


vem em destaque também. A fotografia do entrevistado
aparece normalmente na primeira página da entrevista e O primeiro passo para interpretar um texto consiste em
pode estar acompanhada por uma frase dita por ele. As decompô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias bási-
frases importantes ditas pelo entrevistado e que aparecem cas ou ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando
em destaque nas outras páginas da entrevista são chama- os conceitos definidores da opinião explicitada pelo autor.
das de “olho”. Esta operação fará com que o significado do texto “salte aos
olhos” do leitor. Ler é uma atividade muito mais complexa
Crônica: Assim como a fábula e o enigma, a crônica é do que a simples interpretação dos símbolos gráficos, de có-
um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cro- digos,  requer que o indivíduo seja capaz de interpretar o
nos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos em material lido, comparando-o e incorporando-o à sua baga-
ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. Mas gem pessoal, ou seja, requer que o indivíduo mantenha um
não é só isso. Lendo esse texto, você conhecerá as princi- comportamento ativo diante da leitura.
pais características da crônica, técnicas de sua redação e
terá exemplos. Os diferentes níveis de leitura
Uma das mais famosas crônicas da história da literatu-
ra luso-brasileira corresponde à definição de crônica como Para que isso aconteça, é necessário que haja maturida-
de para a compreensão do material lido, senão tudo cairá no
“narração histórica”. É a “Carta de Achamento do Brasil”, de
esquecimento ou ficará armazenado em nossa memória sem
Pero Vaz de Caminha”, na qual são narrados ao rei portu-
uso, até que tenhamos condições cognitivas para utilizar.
guês, D. Manuel, o descobrimento do Brasil e como foram
De uma forma geral, passamos por diferentes níveis ou
os primeiros dias que os marinheiros portugueses passa-
etapas até termos condições de aproveitar totalmente o as-
ram aqui. Mas trataremos, sobretudo, da crônica como sunto lido. Essas etapas ou níveis são cumulativas e vão sen-
gênero que comenta assuntos do dia a dia. Para começar, do adquiridas pela vida, estando presente em praticamente
uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis: toda a nossa leitura.
O nascimento da crônica O Primeiro Nível é elementar e diz respeito ao período
de alfabetização. Ler é uma capacidade cerebral muito sofis-
“Há um meio certo de começar a crônica por uma tri- ticada e requer experiência: não basta apenas conhecermos
vialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se os códigos, a gramática, a semântica, é preciso que tenha-
isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, mos um bom domínio da língua.
ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do
calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas con- O Segundo Nível é a pré-leitura ou leitura inspecional.
jeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, Tem duas funções específicas: primeiro, prevenir para que
manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace est rompue a leitura posterior não nos surpreenda e, sendo, para que
está começada a crônica. (...) tenhamos chance de escolher qual material leremos, efeti-
(Machado de Assis. “Crônicas Escolhidas”. São Pau- vamente. Trata-se, na verdade, de nossa primeira impressão
lo: Editora Ática, 1994) sobre o livro. É a leitura que comumente desenvolvemos “nas
livrarias”. Nela, por meio do salteio de partes, respondem ba-
Publicada em jornal ou revista onde é publicada, desti- sicamente às seguintes perguntas:
na-se à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos - Por que ler este livro?
cotidianos. A crônica se diferencia no jornal por não buscar - Será uma leitura útil?
exatidão da informação. Diferente da notícia, que procura - Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?
relatar os fatos que acontecem, a crônica os analisa, dá-
lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos do leitor Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas
que se seguem, procurando usar de imparcialidade quanto
uma situação comum, vista por outro ângulo, singular.
ao ponto de vista do autor, e o assunto, evitando precon-
O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princí-
ceitos. Se você se propuser a ler um livro sem interesse, com
pio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupação com
olhar crítico, rejeitando-o antes de conhecê-lo, provavelmen-
esse leitor é que faz com que, dentre os assuntos tratados,
te o aproveitamento será muito baixo.
o cronista dê maior atenção aos problemas do modo de Ler é armazenar informações; desenvolver; ampliar hori-
vida urbano, do mundo contemporâneo, dos pequenos zontes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escre-
acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades. ver melhor; relacionar-se melhor com o outro.
Jornalismo e literatura: É assim que podemos dizer que
a crônica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um Pré-Leitura
recebe a observação atenta da realidade cotidiana e do Nome do livro
outro, a construção da linguagem, o jogo verbal. Algumas Autor
crônicas são editadas em livro, para garantir sua durabili- Dados Bibliográficos
dade no tempo. Prefácio e Índice 
Prólogo e Introdução

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O primeiro passo é memorizar o nome do autor e a cessário. Para ressaltar trechos importantes opte por um
edição do livro, fazer um folheio sistemático: ler o prefácio sinal discreto próximo a eles, visando principalmente a
e o índice (ou sumário), analisar um pouco da história que marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o
deu origem ao livro, ver o número da edição e o ano de a fixar a cronologia e a sequência deste fato importante,
publicação. Se falarmos em ler um Machado de Assis, um situando-o no livro.
Júlio Verne, um Jorge Amado, já estaremos sabendo muito Aproveite bem esta etapa de leitura. Para auxiliar no es-
sobre o livro. É muito importante verificar estes dados para tudo, é interessante que, ao final da leitura de cada capítulo,
enquadrarmos o livro na cronologia dos fatos e na atuali- você faça um breve resumo com suas próprias palavras de
dade das informações que ele contém.  Verifique detalhes tudo o que foi lido.
que possam contribuir para a coleta do maior número de
informações possível. Tudo isso vai ser útil quando formos Um Quinto Nível pode ser opcional: a etapa da repe-
arquivar os dados lidos no nosso arquivo mental. A propó- tição aplicada. Quando lemos, assimilamos o conteúdo do
sito, você sabe o que seja um prólogo, um prefácio e uma texto, mas aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos
introdução? Muita gente pensa que os três são a mesma prática, ou seja, que tenhamos experiência do que foi lido
coisa, mas não: na vida. Você só pode compreender conceitos que tenha
Prólogo: é um comentário feito pelo autor a respeito visto em seu cotidiano. Nada como unir a teoria à prática.
do tema e de sua experiência pessoal. Na leitura, quando não passamos pela etapa da repetição
Prefácio: é escrito por terceiros ou pelo próprio au- aplicada, ficamos muitas vezes sujeitos  àqueles brancos
tor, referindo-se ao tema abordado no livro e muitas vezes quando queremos evocar o assunto. Para evitar isso, faça
também tecendo comentários sobre o autor. resumos.
Introdução: escrita também pelo autor, referindo-se ao Observe agora os trechos sublinhados do livro e os re-
livro e não ao tema. sumos de cada capítulo, trace um diagrama sobre o livro,
O segundo passo é fazer uma leitura superficial. Pode- esforce-se para traduzi-lo com suas próprias palavras. Pro-
se, nesse caso, aplicar as técnicas da leitura dinâmica. cure associar o assunto lido com alguma experiência já vivi-
da ou tente exemplificá-lo com algo concreto, como se fos-
se um professor e o estivesse ensinando para uma turma de
O Terceiro Nível é conhecido como analítico. Depois
alunos interessados. É importante lembrar que esquecemos
de vasculharmos bem o livro na pré-leitura, analisamos
mais nas próximas 8 horas do que nos 30 dias posteriores.
o livro. Para isso, é imprescindível que saibamos em qual
Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura
gênero o livro se enquadra: trata-se de um romance, um
e ao retornarmos ao livro, consultamos os resumos. Não
tratado, um livro de pesquisa e, neste caso, existe apenas
pense que é um exercício monótono. Nós somos capazes
teoria ou são inseridas práticas e exemplos. No caso de ser
de realizar diariamente exercícios físicos com o propósito
um livro teórico, que requeira memorização, procure criar
de melhorar a aparência e a saúde. Pois bem, embora não
imagens mentais sobre o assunto, ou seja, veja, realmen- tenhamos condições de ver com o que se apresenta nos-
te, o que está lendo, dando vida e muita criatividade ao sa mente, somos capazes de senti-la quando melhoramos
assunto.  Note bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta nossas aptidões como o raciocínio, a prontidão de infor-
fase, e a primeira coisa a fazer é ser capaz de resumir o mações e, obviamente, nossos conhecimentos intelectuais.
assunto do livro em duas frases. Já temos algum conteúdo Vale a pena se esforçar no início e criar um método de lei-
para isso, pois o encadeamento das ideias já é de nosso tura eficiente e rápido.
conhecimento. Procure, agora, ler bem o livro, do início ao
fim. Esta é a leitura efetiva, aproveite bem este momento. Ideias Núcleo
Fique atento! Aproveite todas as informações que a pré-
-leitura ofereceu. Não pare a leitura para buscar significa- O primeiro passo para interpretar um texto consiste em
dos de palavras em dicionários ou sublinhar textos, isto decompô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias bá-
será feito em outro momento. sicas ou ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico bus-
cando os conceitos definidores da opinião explicitada pelo
O Quarto Nível de leitura é o denominado de contro- autor. Esta operação fará com que o significado do texto
le. Trata-se de uma leitura com a qual vamos efetivamente “salte aos olhos” do leitor. Exemplo:
acabar com qualquer dúvida que ainda persista. Normal-
mente, os termos desconhecidos de um texto são expli- “Incalculável é a contribuição do famoso neurologista
citados  neste próprio texto, à medida que vamos adian- austríaco no tocante aos estudos sobre a formação da per-
tando a leitura. Um mecanismo psicológico fará com que sonalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu
fiquemos com aquela dúvida incomodando-nos até que acender luzes nas camadas mais profundas da psique hu-
tenhamos a resposta. Caso não haja explicação no texto, mana: o inconsciente e subconsciente. Começou estudando
será na etapa do controle que lançaremos mão do dicio- casos clínicos de comportamentos anômalos ou patológicos,
nário. com a ajuda da hipnose e em colaboração com os colegas
Veja bem: a esta altura já conhecemos bem o livro e Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a histeria,
o ato de interromper a leitura não vai fragmentar a com- 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipnotismo,
preensão do assunto como um todo. Será, também, nessa inventou o método que até hoje é usado pela psicanálise: o
etapa que sublinharemos os tópicos importantes, se ne- das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos, estimula-

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das pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com - Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais. Para - Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud se autor;
utilizou especialmente da linguagem onírica dos pacientes, - Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor
considerando os sonhos como compensação dos desejos in- compreensão;
satisfeitos na fase de vigília. - Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do
Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o texto correspondente;
mundo cultural da época, foi a apresentação da tese de que - Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada
toda neurose é de origem sexual.” questão;
(Salvatore D’Onofrio) - Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de...), não,
correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras;
Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribui- palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam
ção do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos a entender o que se perguntou e o que se pediu;
sobre a formação da personalidade humana. Sigmund Freud
- Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a
(1859-1939) conseguiu acender luzes nas camadas mais pro-
mais exata ou a mais completa;
fundas da psique humana: o inconsciente e subconsciente.”
- Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um funda-
O autor do texto afirma, inicialmente, que Sigmund Freud
ajudou a ciência a compreender os níveis mais profundos mento de lógica objetiva;
da personalidade humana, o inconsciente e subconsciente. - Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
- Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela res-
Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos posta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;
clínicos de comportamentos anômalos ou patológicos, com - Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras de-
a ajuda da hipnose e em colaboração com os colegas Joseph nuncia a resposta;
Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). In- - Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo
satisfeito com os resultados obtidos pelo hipnotismo, inven- autor, definindo o tema e a mensagem;
tou o método que até hoje é usado pela psicanálise: o das - O autor defende ideias e você deve percebê-las;
‘livres associações’ de ideias e de sentimentos, estimuladas - Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são im-
pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o fim portantíssimos na interpretação do texto. Exemplos:
de descobrir a fonte das perturbações mentais.” A segunda
ideia núcleo mostra que Freud deu início a sua pesquisa es- Ele morreu de fome.
tudando os comportamentos humanos anormais ou doen- de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na
tios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, realização do fato (= morte de “ele”).
criou o das “livres associações de ideias e de sentimentos”. Ele morreu faminto.
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de re- faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que “ele” se
gresso às origens de um trauma, Freud se utilizou especial- encontrava quando morreu.
mente da linguagem onírica dos pacientes, considerando os
sonhos como compensação dos desejos insatisfeitos na fase - As orações coordenadas não têm oração principal, apenas
de vigília.” Aqui, está explicitado que a descoberta das raí- as ideias estão coordenadas entre si;
zes de um trauma se faz por meio da compreensão dos - Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior
sonhos, que seriam uma linguagem metafórica dos desejos clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o
não realizados ao longo da vida do dia a dia. significado;
- Esclarecer o vocabulário;
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de
- Entender o vocabulário;
Freud, que escandalizou o mundo cultural da época, foi a
- Viver a história;
apresentação da tese de que toda neurose é de origem se-
xual.” Por fim, o texto afirma que Freud escandalizou a so- - Ative sua leitura;
ciedade de seu tempo, afirmando a novidade de que todo - Ver, perceber, sentir, apalpar o que se pergunta e o que
o trauma psicológico é de origem sexual. se pede;
- Não se deve preocupar com a arrumação das letras nas
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa alternativas;
interpretação de texto. Para isso, devemos observar o se- - As perguntas são fáceis, dependendo de quem lê o texto
guinte: ou como o leu;
- Cuidado com as opiniões pessoais, elas não existem;
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do - Sentir, perceber a mensagem do autor;
assunto; - Cuidado com a exatidão das questões em relação ao texto;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa - Descobrir o assunto e procurar pensar sobre ele;
a leitura, vá até o fim, ininterruptamente; - Todos os termos da análise sintática, cada termo tem seu
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto valor, sua importância;
pelo menos umas três vezes; - Todas as orações subordinadas têm oração principal
- Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas; e as ideias se completam.

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Vícios de Leitura será de terror; se encontra alegria, sua experiência será de


tranquilidade, etc. Ler está tão relacionado com o fato de
Por acaso você tem o hábito de ler movimentando a existirmos que nem nos preocupamos em aprimorar este
cabeça? Ou quem sabe, acompanhando com o dedo? Tal- processo. É lendo que vamos construindo nossos valores e
vez vocalizando baixinho... Você não percebe, mas esses estes são os responsáveis pela transformação dos fatos em
movimentos são alguns dos tantos que prejudicam a lei- objetos de nosso sentimento.
tura. Esses movimentos são conhecidos como vícios de lin- Leitura é um dos grandes, senão o maior, ingrediente
guagem. da civilização. Ela é uma atividade ampla e livre, fato com-
Movimentar a cabeça: procure perceber se você não provado pela frustração de algumas pessoas ao assistirem
está movimentando a cabeça enquanto lê. Este movimen- a um filme, cuja história já foi lida em um livro. Quando
to, ao final de pouco tempo, gera muito cansaço além de lemos, associamos as informações lidas à imensa bagagem
não causar nenhum efeito positivo. Durante a leitura ape- de conhecimentos que temos armazenados em nosso cé-
nas movimentamos os olhos. rebro e então somos capazes de criar, imaginar e sonhar.
Regressar no texto, durante a leitura: pessoas que têm É por meio da leitura que podemos entrar em conta-
dificuldade de memorizar um assunto, que não compreen- to com pessoas distantes ou do passado, observando suas
dem algumas expressões ou palavras tendem a voltar na crenças, convicções e descobertas que foram imortalizadas
sua leitura. Este movimento apenas incrementa a falta de por meio da escrita. Esta possibilita o avanço tecnológico
memória, pois secciona a linha de raciocínio e raramente e científico, registrando os conhecimentos, levando-os a
explica o desconhecido, o que normalmente é elucidado qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, desde que
no decorrer da leitura. Procure sempre manter uma se- saibam decodificar a mensagem, interpretando os símbo-
quência e não fique “indo e vindo” no livro. O assunto pode los usados como registro da informação. A leitura é o ver-
se tornar um bicho de sete cabeças! dadeiro elo integrador do ser humano e a sociedade em
Ler palavra por palavra: para escrever usamos muitas que ele vive!
palavras que apenas servem como adereços. Procure ler o O mundo de hoje é marcado pelo enorme fluxo de in-
conjunto e perceber o seu significado. formações oferecidas a todo instante. É preciso também
Sub-vocalização: é o ato de repetir mentalmente a pa- tornarmo-nos mais receptivos e atentos, para nos manter-
lavra. Isto só será corrigido quando conseguirmos ultrapas- mos atualizados e competitivos. Para isso, é imprescindível
sar a marca de 250 palavras por minuto. leitura que nos estimule cada vez mais em vista dos re-
Usar apoios: algumas pessoas têm o hábito de acom- sultados que ela oferece. Se você pretende acompanhar a
panhar a leitura com réguas, apontando ou utilizando um evolução do mundo, manter-se em dia, atualizado e bem
objeto que salta “linha a linha”. O movimento dos olhos é
informado, precisa preocupar-se com a qualidade da sua
muito mais rápido quando é livre do que quando o faze-
leitura.
mos guiado por qualquer objeto.
Observe: você pode gostar de ler sobre esoterismo e
uma pessoa próxima não se interessar por este assunto.
Leitura Eficiente
Por outro lado, será que esta mesma pessoa se interessa
por um livro que fale sobre História ou esportes? No caso
Ao ler realizamos as seguintes operações:
da leitura, não existe livro interessante, mas leitores inte-
ressados.
- Captamos o estímulo, ou seja, por meio da visão, en-
caminhamos o material a ser lido para nosso cérebro. A pessoa que se preocupa com a qualidade de sua
- Passamos, então, a perceber e a interpretar o dado leitura e com o resultado que poderá obter, deve pensar
sensorial (palavras, números etc.) e a organizá-lo segun- no ato de ler como um comportamento que requer alguns
do nossa bagagem de conhecimentos anteriores. Para essa cuidados, para ser realmente eficaz.
etapa, precisamos de motivação, de forma a tornar o pro-
cesso mais otimizado possível. - Atitude: pensamento positivo para aquilo que dese-
- Assimilamos o conteúdo lido integrando-o ao nos- ja ler. Manter-se descansado é muito importante também.
so “arquivo mental” e aplicando o conhecimento ao nosso Não adianta um desgaste físico enorme, pois a retenção da
cotidiano. informação será inversamente proporcional. Uma alimen-
tação adequada é muito importante.
A leitura é um processo muito mais amplo do que po- - Ambiente: o ambiente de leitura deve ser prepara-
demos imaginar. Ler não é unicamente interpretar os sím- do para ela. Nada de ambientes com muitos estímulos que
bolos gráficos, mas interpretar o mundo em que vivemos. forcem a dispersão. Deve ser um local tranquilo, agradá-
Na verdade, passamos todo o nosso tempo lendo! vel, ventilado, com uma cadeira confortável para o leitor e
O psicanalista francês Lacan disse que o olhar da mãe mesa para apoiar o livro a uma altura que possibilite pos-
configura a estrutura psíquica da criança, ou seja, esta se tura corporal adequada. Quanto a iluminação, deve vir do
vê a partir de como vê seu reflexo nos olhos da mãe! O lado posterior esquerdo, pois o movimento de virar a pági-
bebê, então, segundo esta citação, lê nos olhos da mãe na acontecerá antes de ter sido lida a última linha da pági-
o sentimento com que é recebido e interpreta suas emo- na direita e, de outra forma, haveria a formação de sombra
ções: se o que encontra é rejeição, sua experiência básica nesta página, o que atrapalharia a leitura.

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- Objetos necessários: para evitar que, durante a lei- oposição. Diferente do cartoon, arte também surgida na
tura, levantarmos para pegar algum objeto que julguemos Inglaterra e que pretendia parodiar situações do cotidiano
importante, devemos colocar lápis, marca-texto e dicioná- da sociedade, constituindo assim uma crítica dos costumes
rio sempre à mão. Quanto sublinhar os pontos importantes que ultrapassa os limites do tempo e projeta-se como críti-
do texto, é preciso aprender a técnica adequada. Não o ca de época, a charge é caracterizada especificamente por
fazer na primeira leitura, evitando que os aspectos subli- ser uma crônica, ou seja, narra ou satiriza um fato aconte-
nhados parecem-se mais com um mosaico de informações cido em determinado momento, e que perderá sua carga
aleatórias. humorística ao ser desvencilhada do contexto temporal
Os concursos apresentam questões interpretativas que no qual está inserida. Todavia, a palavra cartunista acabou
têm por finalidade a identificação de um  leitor autônomo. designando, na nossa linguagem cotidiana, a categoria
Portanto, o candidato deve compreender os níveis estrutu- de artistas que produz esse tipo de desenho humorístico
rais da língua por meio da lógica, além de necessitar de um (charges ou cartoons)
bom léxico internalizado. Na verdade, quatro passos básicos para uma boa in-
As frases produzem significados diferentes de acor- terpretação político-ideológica de uma charge. Afinal, se a
do com o contexto em que estão inseridas. Torna-se, as- corrida eleitoral para a Presidência da República já come-
sim, necessário sempre fazer um confronto entre todas as çou, não vai mal dar uma boa olhada nas charges publica-
partes que compõem o texto. Além disso, é fundamental das em cada jornal, impresso ou eletrônico, para ver o que
apreender as informações apresentadas por trás do texto se passa na cabeça dos donos da grande mídia sobre esse
e as inferências a que ele remete. Este procedimento justi- momento ímpar no processo democrático nacional…
fica-se por um texto ser sempre produto de uma postura
ideológica do autor diante de uma temática qualquer.

Como ler e interpretar uma charge

Interpretar cartuns, charges ou quadrinhos exigem três


habilidades: observação, conhecimento do assunto e vo-
cabulário adequado. A primeira permite que o leitor “veja”
todos os ícones presentes - e dono da situação - dê início
à descrição minuciosa, mas que prioriza as relevâncias. A
segunda requer um leitor “antenado” com o noticiário mais
recente, caso contrário não será possível estabelecer senti- Amarildo. A Gazeta-ES, 12/04/2010
dos para o que vê. A terceira encerra o ciclo, pois, sem dar
nome ao que vê, o leitor não faz a tradução da imagem. Passo 1: Procure saber do que a charge está tratando: A
Desse modo, interpretar charges - ou qualquer outra charge geralmente está relacionada, por meio do uso de
forma de expressão visual – exige procedimentos lógicos, ANALOGIAS, a uma notícia ou fato político, econômico, so-
atenção aos detalhes e uma preocupação rigorosa em as- cial ou cultural. Portanto, a primeira tarefa de um “analis-
sociar imagens aos fatos. ta de charges” será compreender a qual fato ou notícia a
charge em questão está relacionada.

Passo 2: Entenda os elementos contidos na charge:


Numa charge de crítica política ou econômica, sempre há
um protagonista e um antagonista da situação – ou seja,
um personagem alvejado pela crítica do chargista e outro
que faz a vez de porta-voz da crítica do chargista. Não ne-
cessariamente o antagonista aparece na cena… O próprio
cenário da charge, uma nota de rodapé ou a própria situa-
ção na qual o protagonista está inserido pode fazer a vez
de antagonista. Já nas charges de caráter social ou cultural,
geralmente não há protagonistas e antagonistas, mas ele-
mentos do fato ou da notícia que são caricaturizados – isto
é, retratados humoristicamente – com vistas a trazer força
à notícia representada na charge. No caso das charges de
Benett. Folha de São Paulo, 15/02/2010 crítica econômica e política, a identificação dos papéis de
protagonista e antagonista da situação é fundamental para
Charges são desenhos humorísticos que se utilizam da o próximo passo na interpretação desta charge.
ironia e do sarcasmo para a constituição de uma crítica a Passo 3: Identifique a linha editorial do veículo de co-
uma situação social ou política vigente, e contra a qual se municação: Não é novidade para nenhum de nós que a
pretende – ou ao menos se pretendia, na origem desse fe- imparcialidade da informação é uma mera ilusão, da qual
nômeno artístico, na Inglaterra do século XIX – fazer uma nos convenceram de tanto repetir. Não existe imparciali-

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LÍNGUA PORTUGUESA

dade nem nas ciências, quanto mais na imprensa! E por EXERCÍCIOS


mais que a manipulação da notícia seja um ato moralmen-
te execrável, a parcialidade na informação noticiada pelos Atenção: As questões de números 1 a 5 referem-se ao
meios de comunicação não apenas é inevitável, como tam- texto seguinte.
bém pode vir a ser benéfica no que tange ao processo da
constituição de posicionamentos críticos e ideológicos no Fotografias
debate democrático. Reafirmando aquele lugar-comum,
mas válido, do dramaturgo Nelson Rodrigues (do qual eu Toda fotografia é um portal aberto para outra dimensão:
nunca encontrei a citação, confesso), “toda unanimidade é o passado. A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina
burra”. Por isso, é preciso compreender e identificar a linha do tempo, transformando o que é naquilo que já não é mais,
editorial do veículo de comunicação no qual a charge foi porque o que temos diante dos olhos é transmudado imediata-
publicada, pois esta revela a ideologia que inspira o foco mente em passado no momento do clique. Costumamos dizer
de parcialidade que este dá às suas notícias. que a fotografia congela o tempo, preservando um momento
passageiro para toda a eternidade, e isso não deixa de ser ver-
dade. Todavia, existe algo que descongela essa imagem: nosso
olhar. Em francês, imagem e magia contêm as mesmas cinco
letras: image e magie. Toda imagem é magia, e nosso olhar é a
varinha de condão que descongela o instante aprisionado nas
geleiras eternas do tempo fotográfico.
Toda fotografia é uma espécie de espelho da Alice do País
das Maravilhas, e cada pessoa que mergulha nesse espelho de
papel sai numa dimensão diferente e vivencia experiências di-
versas, pois o lado de lá é como o albergue espanhol do ditado:
cada um só encontra nele o que trouxe consigo. Além disso, o
significado de uma imagem muda com o passar do tempo, até
para o mesmo observador.
Variam, também, os níveis de percepção de uma fotogra-
fia. Isso ocorre, na verdade, com todas as artes: um músico, por
exemplo, é capaz de perceber dimensões sonoras inteiramente
Thiago Recchia. Gazeta do Povo, 01/04/2010 insuspeitas para os leigos. Da mesma forma, um fotógrafo pro-
fissional lê as imagens fotográficas de modo diferente daqueles
Passo 4: Compreenda qual o posicionamento ideológico que desconhecem a sintaxe da fotografia, a “escrita da luz”. Mas é
frente ao fato, do qual a charge quer te convencer: Assim difícil imaginar alguém que seja insensível à magia de uma foto.
como a notícia vem, como já foi comentado, carregada (Adaptado de Pedro Vasquez, em Por trás daquela
de parcialidade ideológica, a charge não está longe de ser foto.
um meio propício de comunicação de um ponto de vista. São Paulo: Companhia das Letras, 2010)
E com um detalhe a mais: a charge convence! Por seu efei-
to humorístico, a crítica proposta pela charge permanece 1. O segmento do texto que ressalta a ação mesma da
enraizada por tempo indeterminado em nossa imagina- percepção de uma foto é:
ção e, por decorrência, como vários autores da consagra- (A) A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do
da psicologia da imagem já demonstraram, nos processos tempo.
inconscientes que podem influenciar as decisões e esco- (B) a fotografia congela o tempo.
lhas que julgamos serem estritamente voluntárias. Com- (C) nosso olhar é a varinha de condão que descongela o
preender a mensagem ideológica da qual é composta uma instante aprisionado.
charge acaba tendo a função de tornar conscientes estes (D) o significado de uma imagem muda com o passar do
tempo.
processos, fazendo com que nossa decisão seja funda-
(E) Mas é difícil imaginar alguém que seja insensível à ma-
mentada numa decisão mais racional e posicionada, e ao
gia de uma foto.
mesmo tempo menos ingênua e caricata da situação. Aí,
sim, a charge poderá auxiliar na formulação clara e cônscia 2. No contexto do último parágrafo, a referência aos vá-
de um posicionamento perante os fatos e notícias apre- rios níveis de percepção de uma fotografia remete
sentados por esses meios de comunicação! (A) à diversidade das qualidades intrínsecas de uma foto.
(B) às diferenças de qualificação do olhar dos observa-
dores.
(C) aos graus de insensibilidade de alguns diante de uma
foto.
(D) às relações que a fotografia mantém com as outras
artes.
(E) aos vários tempos que cada fotografia representa em
si mesma.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3. Atente para as seguintes afirmações: mos, entre outras, estas duas acepções: a) perceber diferen-
I. Ao dizer, no primeiro parágrafo, que a fotografia con- ças; distinguir, discernir; b) tratar mal ou de modo injusto,
gela o tempo, o autor defende a ideia de que a realidade desigual, um indivíduo ou grupo de indivíduos, em razão
apreendida numa foto já não pertence a tempo algum. de alguma característica pessoal, cor da pele, classe social,
II. No segundo parágrafo, a menção ao ditado sobre o convicções etc.
albergue espanhol tem por finalidade sugerir que o olhar Na primeira acepção, discriminar é dar atenção às dife-
do observador não interfere no sentido próprio e particular renças, supõe um preciso discernimento; o termo transpira
de uma foto. o sentido positivo de quem reconhece e considera o estatuto
III. Um fotógrafo profissional, conforme sugere o ter- do que é diferente. Discriminar o certo do errado é o pri-
ceiro parágrafo, vê não apenas uma foto, mas os recursos meiro passo no caminho da ética. Já na segunda acepção,
de uma linguagem específica nela fixados. discriminar é deixar agir o preconceito, é disseminar o juízo
Em relação ao texto, está correto o que se afirma SO- preconcebido. Discriminar alguém: fazê-lo objeto de nossa
MENTE em intolerância.
(A) I e II. Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a
(B) II e III. desigualdade. Nesse caso, deixar de discriminar (no sentido
(C) I. de discernir) é permitir que uma discriminação continue (no
(D) II. sentido de preconceito). Estamos vivendo uma época em
(E) III. que a bandeira da discriminação se apresenta em seu sen-
tido mais positivo: trata-se de aplicar políticas afirmativas
4. No contexto do primeiro parágrafo, o segmento para promover aqueles que vêm sofrendo discriminações
Todavia, existe algo que descongela essa imagem pode ser históricas. Mas há, por outro lado, quem veja nessas propos-
substituído, sem prejuízo para a correção e a coerência do tas afirmativas a forma mais censurável de discriminação...
texto, por: É o caso das cotas especiais para vagas numa universidade
(A) Tendo isso em vista, há que se descongelar essa ou numa empresa: é uma discriminação, cujo sentido posi-
imagem. tivo ou negativo depende da convicção de quem a avalia. As
(B) Ainda assim, há mais que uma imagem desconge- acepções são inconciliáveis, mas estão no mesmo verbete do
lada. dicionário e se mostram vivas na mesma sociedade.
(C) Apesar de tudo, essa imagem descongela algo. (Aníbal Lucchesi, inédito)
(D) Há, não obstante, o que faz essa imagem descon-
gelar. 6. A afirmação de que os dicionários podem ajudar a
(E) Há algo, outrossim, que essa imagem descongelará. incendiar debates confirma-se, no texto, pelo fato de que
5. Está clara e correta a redação deste livre comentário o verbete discriminar
sobre o texto: (A) padece de um sentido vago e impreciso, gerando
(A) Apesar de se ombrearem com outras artes plásti- por isso inúmeras controvérsias entre os usuários.
cas, a fotografia nos faz desfrutar e viver experiências de (B) apresenta um sentido secundário, variante de seu
natureza igualmente temporal. sentido principal, que não é reconhecido por todos.
(B) Na superfície espacial de uma fotografia, nem se (C) abona tanto o sentido legítimo como o ilegítimo
imagine os tempos a que suscitarão essa imagem aparen- que se costuma atribuir a esse vocábulo.
temente congelada... (D) faz pensar nas dificuldades que existem quando se
(C) Conquanto seja o registro de um determinado es- trata de determinar a origem de um vocábulo.
paço, uma foto leva-nos a viver profundas experiências de (E) desdobra-se em acepções contraditórias que cor-
caráter temporal. respondem a convicções incompatíveis.
(D) Tal como ocorrem nos espelhos da Alice, as expe- 7. Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar
riências físicas de uma fotografia podem se inocular em a desigualdade.
planos temporais. Da afirmação acima é coerente deduzir esta outra:
(E) Nenhuma imagem fotográfica é congelada suficien- (A) Os homens são desiguais porque foram tratados
temente para abrir mão de implicâncias semânticas no pla- com o mesmo critério de igualdade.
no temporal. (B) A igualdade só é alcançável se abolida a fixação de
um mesmo critério para casos muito diferentes.
Atenção: As questões de números 6 a 9 referem-se ao (C) Quando todos os desiguais são tratados desigual-
texto seguinte. mente, a desigualdade definitiva torna-se aceitável.
(D) Uma forma de perpetuar a igualdade está em sem-
Discriminar ou discriminar? pre tratar os iguais como se fossem desiguais.
(E) Critérios diferentes implicam desigualdades tais
Os dicionários não são úteis apenas para esclarecer o que os injustiçados são sempre os mesmos.
sentido de um vocábulo; ajudam, com frequência, a iluminar
teses controvertidas e mesmo a incendiar debates. Vamos ao
Dicionário Houaiss, ao verbete discriminar, e lá encontra-

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LÍNGUA PORTUGUESA

8. Considerando-se o contexto, traduz-se adequada- Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo
mente o sentido de um segmento em: uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar
(A) iluminar teses controvertidas (1º parágrafo) = amai- provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma,
nar posições dubitativas. eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi,
(B) um preciso discernimento (2º parágrafo) = uma arrai- espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal
gada dissuasão. do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei
(C) disseminar o juízo preconcebido (2º parágrafo) = dis- com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A
suadir o julgamento predestinado. bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugi-
(D) a forma mais censurável (3º parágrafo) = o modo gangas. Tudo fala. Tudo é símbolo.
mais repreensível.
(E) As acepções são inconciliáveis (3º parágrafo) = as ver-
(Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo)
sões são inatacáveis.

9. É preciso reelaborar, para sanar falha estrutural, a re- 10. O cronista ressalta aspectos contrastantes do caso
dação da seguinte frase: de Saquarema, tal como se observa na relação entre estas
(A) O autor do texto chama a atenção para o fato de que duas expressões:
o desejo de promover a igualdade corre o risco de obter um (A) drama da baleia encalhada e três dias se debatendo
efeito contrário. na areia.
(B) Embora haja quem aposte no critério único de julga- (B) em quinze minutos estava toda retalhada e foram
mento, para se promover a igualdade, visto que desconside- disputadas as toneladas da vítima.
ram o risco do contrário. (C) se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência e levar
(C) Quem vê como justa a aplicação de um mesmo crité- pastéis e empadinhas para vender com ágio.
rio para julgar casos diferentes não crê que isso reafirme uma (D) o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar
situação de injustiça. e lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema.
(D) Muitas vezes é preciso corrigir certas distorções apli- (E) Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás e
cando-se medidas que, à primeira vista, parecem em si mes- Logo uma estatal, ó céus.
mas distorcidas.
(E) Em nossa época, há desequilíbrios sociais tão graves 11. Atente para as seguintes afirmações sobre o texto:
que tornam necessários os desequilíbrios compensatórios de I. A analogia entre a baleia e a União Soviética insi-
uma ação corretiva.
nua, entre outros termos de aproximação, o encalhe dos
gigantes.
Atenção: As questões de números 10 a 14 referem-se à
crônica abaixo. II. As reações dos envolvidos no episódio da baleia en-
calhada revelam que, acima das diferentes providências,
Bom para o sorveteiro atinham-se todos a um mesmo propósito.
III. A expressão Tudo é símbolo prende-se ao fato de
Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas que o autor aproveitou o episódio da baleia encalhada
a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na para também figurar o encalhe de um país imobilizado
minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saqua- pela alta inflação.
rema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu (A) I, II e III.
ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi (B) I e III, apenas.
dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas (C) II e III, apenas.
o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram (D) I e II, apenas.
lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na (E) III, apenas.
luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo.
À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar 12. Foram irrelevantes para a salvação da baleia estes
do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, dois fatores:
todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vír-
(A) o necrológio da União Soviética e os serviços da
gula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia
traineira da Petrobrás.
ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa
senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para (B) o prestígio dos valores ecológicos e o empenho no
vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdi- lúcido objetivo comum.
da a batalha e se começasse logo a repartir os bifes. (C) o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e
Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em o prestígio dos valores ecológicos.
quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam (D) o fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal e as
da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da iniciativas que couberam a uma traineira.
vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à re- (E) o aproveitamento comercial da situação e a força
ligião ecológica que anda na moda e que por um momento descomunal empregada pela jubarte.
estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue
quente ou de sangue frio.

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LÍNGUA PORTUGUESA

13. Considerando-se o contexto, traduz-se adequada- do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha da
mente o sentido de um segmento em: liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve
(A) em necrológio eufórico (1º parágrafo) = em façanha ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que esco-
mortal. lhe livremente seu representante. Entre a especialidade técni-
(B) Comum, vírgula (2º parágrafo) = Geral, mas nem ca e a vocação política há diferenças profundas de natureza,
tanto. que pedem distintas formas de reconhecimento.
(C) que se desse por perdida a batalha (2º parágrafo) = Essas questões vêm à tona quando, em certas institui-
que se imaginasse o efeito de uma derrota. ções, o prestígio do “assembleísmo” surge como absoluto. Há
(D) estabeleceu uma trégua entre todos nós (3º parágra- quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa
fo) = derrogou uma imunidade para nós todos. assembleia a “soberania” que a qualifica para a tomada de
(E) é preciso dar provas da eficácia (4º parágrafo) = con- qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a
vém explicitar os bons propósitos. essa generalização, lembrando a razão do mérito, ouvem-
se diatribes contra a “meritocracia”. Eis aí uma tarefa para
14. Está clara e correta a redação deste livre comentá- nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem
rio sobre o último parágrafo do texto. a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificação
(A) Apesar de tratar do drama ocorrido com uma ba- indispensável. Assim, não elegeremos deputado alguém sem
leia, o cronista não deixa de aludir a circunstâncias nacio- espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá
nais, como o impulso para as privatizações e os custos da pilotar nosso avião.
alta inflação. (Júlio Castanho de Almeida, inédito)
(B) Mormente tratando de uma jubarte encalhado, o
cronista não obsta em tratar de assuntos da pauta nacional, 15. Deve-se presumir, com base no texto, que a razão
como a inflação ou o processo empresarial das privatiza- do mérito e a razão do voto devem ser consideradas, diante
ções. da tomada de uma decisão,
(C) Vê-se que um cronista pode assumir, como aqui (A) complementares, pois em separado nenhuma delas
ocorreu, o papel tanto de um repórter curioso como ana- satisfaz o que exige uma situação dada.
lisar fatos oportunos, qual seja a escalada inflacionária ou (B) excludentes, já que numa votação não se leva em
a privatização. conta nenhuma questão de mérito.
(D) O incidente da jubarte encalhado não impediu de (C) excludentes, já que a qualificação por mérito pressu-
que o cronista se valesse de tal episódio para opinar diante põe que toda votação é ilegítima.
de outros fatos, haja vista a inflação nacional ou a escalada (D) conciliáveis, desde que as mesmas pessoas que vo-
das privatizações. tam sejam as que decidam pelo mérito.
(E) Ao bom cronista ocorre associar um episódio como (E) independentes, visto que cada uma atende a neces-
o da jubarte com a natureza de outros, bem distintos, se- sidades de bem distintas naturezas.
jam os da economia inflacionada, sejam o crescente prestí-
gio das privatizações. 16. Atente para as seguintes afirmações:
I. A argumentação do ministro, referida no primeiro pa-
Atenção: As questões de números 15 a 18 referem-se rágrafo, é rebatida pelo autor do texto por ser falaciosa e
ao texto abaixo. escamotear os reais interesses de quem a formula.
II. O autor do texto manifesta-se francamente favorável
A razão do mérito e a do voto à razão do mérito, a menos que uma situação de real im-
passe imponha a resolução pelo voto.
Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com III. A conotação pejorativa que o uso de aspas confere
a campanha pelas eleições diretas para presidente da Re- ao termo “assembleísmo” expressa o ponto de vista dos que
pública, buscou minimizar a importância do voto com o se- desconsideram a qualificação técnica.
guinte argumento: − Será que os passageiros de um avião Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se
gostariam de fazer uma eleição para escolher um deles afirma em
como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mérito do (A) I.
profissional mais abalizado? (B) II.
A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre (C) III.
uma função eminentemente técnica e uma função eminen- (D) I e II.
temente política. No fundo, o ministro queria dizer que o go- (E) II e III.
verno estava indo muito bem nas mãos dos militares e que
estes saberiam melhor que ninguém prosseguir no comando 17. Considerando-se o contexto, são expressões bas-
da nação. tante próximas quanto ao sentido:
Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há ne- (A) fazer uma eleição e confiar no mérito do profissional.
cessidades muito distintas. Num concurso público, por exem- (B) especialidade técnica e vocação política.
plo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe (C) classificação de profissionais e escolha da liderança.
sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profis- (D) avaliação do mérito e reconhecimento da qualificação.
sionais devem ser processos marcados pela transparência (E) transparência do método e desejo da maioria.

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LÍNGUA PORTUGUESA

18. Atente para a redação do seguinte comunicado: Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato por
escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A
Viemos por esse intermédio convocar-lhe para a as- classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo,
sembleia geral da próxima sexta-feira, aonde se decidi- pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abs-
rá os rumos do nosso movimento reivindicatório. trata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não
há relação de anterioridade e posterioridade. É fazer uma descri-
As falhas do texto encontram-se plenamente sanadas ção minuciosa do objeto ou da personagem a que o texto refere.
em: Nessa espécie textual as coisas acontecem ao mesmo tempo.
(A) Vimos, por este intermédio, convocá-lo para a as- - expõe características dos seres ou das coisas, apresenta
sembleia geral da próxima sexta-feira, quando se decidirão uma visão;
os rumos do nosso movimento reivindicatório. - é um tipo de texto figurativo;
(B) Viemos por este intermédio convocar-lhe para a as- - retrato de pessoas, ambientes, objetos;
sembleia geral da próxima sexta-feira, onde se decidirá os - predomínio de atributos;
rumos do nosso movimento reivindicatório. - uso de verbos de ligação;
- frequente emprego de metáforas, comparações e ou-
(C) Vimos, por este intermédio, convocar-lhe para a as-
tras figuras de linguagem;
sembleia geral da próxima sexta-feira, em cuja se decidirão
- tem como resultado a imagem física ou psicológica.
os rumos do nosso movimento reivindicatório.
(D) Vimos por esse intermédio convocá-lo para a assem-
Texto Dissertativo - a dissertação é um texto que analisa,
bleia geral da próxima sexta-feira, em que se decidirá os ru- interpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse tipo textual
mos do nosso movimento reivindicatório. requer reflexão, pois as opiniões sobre os fatos e a postura
(E) Viemos, por este intermédio, convocá-lo para a as- crítica em relação ao que se discute têm grande importância.
sembleia geral da próxima sexta-feira, em que se decidirão O texto dissertativo é temático, pois trata de análises e in-
os rumos do nosso movimento reivindicatório. terpretações; o tempo explorado é o presente no seu valor
atemporal; é constituído por uma introdução onde o assunto
Respostas: 01-C / 02-B / 03-E / 04-D / 05-C / 06-E / a ser discutido é apresentado, seguido por uma argumentação
07-B / 08-D / 09-B / 10-C / 11-B / 12-E / 13-B / 14-A / 15-E que caracteriza o ponto de vista do autor sobre o assunto em
/ 16-A / 17-D / 18-A evidência. Nesse tipo de texto a expressão das ideias, valores,
crenças são claras, evidentes, pois é um tipo de texto que pro-
põe a reflexão, o debate de ideias. A linguagem explorada é
a denotativa, embora o uso da conotação possa marcar um
2. TIPOLOGIA TEXTUAL.
estilo pessoal. A objetividade é um fator importante, pois dá
ao texto um valor universal, por isso geralmente o enunciador
não aparece porque o mais importante é o assunto em ques-
Tipologia Textual tão e não quem fala dele. A ausência do emissor é importante
para que a ideia defendida torne algo partilhado entre muitas
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As pessoas, sendo admitido o emprego da 1ª pessoa do plural -
únicas tipologias existentes são: narração, descrição, dis- nós, pois esse não descaracteriza o discurso dissertativo.
sertação ou exposição, informação e injunção. É impor- - expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
tante que não se confunda tipo textual com gênero textual. - é um tipo de texto argumentativo.
- defesa de um argumento: apresentação de uma tese
Texto Narrativo - tipo textual em que se conta fatos que será defendida; desenvolvimento ou argumentação; fe-
que ocorreram num determinado tempo e lugar, envol- chamento;
- predomínio da linguagem objetiva;
vendo personagens e um narrador. Refere-se a objeto do
- prevalece a denotação.
mundo real ou fictício. Possui uma relação de anteriori-
dade e posterioridade. O tempo verbal predominante é
Texto Argumentativo - esse texto tem a função de per-
o passado. suadir o leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia imposta
- expõe um fato, relaciona mudanças de situação, pelo texto. É o tipo textual mais presente em manifestos e car-
aponta antes, durante e depois dos acontecimentos (ge- tas abertas, e quando também mostra fatos para embasar a
ralmente); argumentação, se torna um texto dissertativo-argumentativo.
- é um tipo de texto sequencial;
- relato de fatos; Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar uma
- presença de narrador, personagens, enredo, cenário, ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e
tempo; comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os
- apresentação de um conflito; verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperati-
- uso de verbos de ação; vo, porém nota-se também o uso do infinitivo e o uso do
- geralmente, é mesclada de descrições; futuro do presente do modo indicativo. Ex: Previsões do
- o diálogo direto é frequente. tempo, receitas culinárias, manuais, leis, bula de remédio,
convenções, regras e eventos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Narração Elementos Estruturais (I):

A Narração é um tipo de texto que relata uma história - Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
real, fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto - Personagens: são seres que se movimentam, se re-
narrativo apresenta personagens que atuam em um tem- lacionam e dão lugar à trama que se estabelece na ação.
po e em um espaço, organizados por uma narração feita Revelam-se por meio de características físicas ou psicológi-
por um narrador. É uma série de fatos situados em um cas. Os personagens podem ser lineares (previsíveis), com-
espaço e no tempo, tendo mudança de um estado para plexos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.)
outro, segundo relações de sequencialidade e causalidade, ou tipos humanos (o medroso, o tímido, o avarento etc.),
e não simultâneos como na descrição. Expressa as relações heróis ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas.
- Narrador: é quem conta a história.
entre os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
esses indivíduos e o mundo, utilizando situações que con-
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico:
têm essa vivência. o tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), tempo interior, subjetivo.
o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e
com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narra- Elementos Estruturais (II):
ção predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de
ações; assim sendo, a maioria dos verbos que compõem Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista
esse tipo de texto são os verbos de ação. O conjunto de Acontecimento - O quê? Fato
ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato
que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de en- Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato
redo. Modo - Como? De que forma ocorreu o fato
As ações contidas no texto narrativo são praticadas Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
pelas personagens, que são justamente as pessoas en- Resultado - previsível ou imprevisível.
volvidas no episódio que está sendo contado. As perso- Final - Fechado ou Aberto.
nagens são identificadas (nomeadas) no texto narrativo
pelos substantivos próprios. Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mes- -se de tal forma, que não é possível compreendê-los iso-
ladamente, como simples exemplos de uma narração. Há
mo sem querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) 
uma relação de implicação mútua entre eles, para garantir
as ações do enredo foram realizadas pelas personagens.
coerência e verossimilhança à história narrada. Quanto aos
O lugar onde ocorre uma ação ou ações  é chamado de elementos da narrativa, esses não estão, obrigatoriamente
espaço, representado no texto pelos advérbios de lugar. sempre presentes no discurso, exceto as personagens ou o
Além de contar onde, o narrador também pode es- fato a ser narrado.
clarecer “quando” ocorreram as ações da história. Esse
elemento da narrativa é o tempo, representado no texto Exemplo:
narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente
pelos advérbios de tempo. É o tempo que ordena as ações Porquinho-da-índia
no texto narrativo: é ele que indica ao leitor “como” o fato
narrado aconteceu. Quando eu tinha seis anos
A história contada, por isso, passa por uma introdu- Ganhei um porquinho-da-índía.
ção (parte inicial da história, também chamada de prólo- Que dor de coração me dava
go), pelo desenvolvimento do enredo (é a história pro- Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
priamente dita, o meio, o “miolo” da narrativa, também Levava ele pra sala
chamada de trama) e termina com a conclusão da história Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
(é o final ou epílogo). Aquele que conta a história é o nar- Ele não gostava:
rador,  que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu...) ou Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele...).
- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira na-
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por ver-
morada.
bos de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de
lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed.
que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110.
fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma
rede: a própria história contada. Observe que, no texto acima, há um conjunto de trans-
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que formações de situação: ganhar um porquinho-da-índia é
conta a história. passar da situação de não ter o animalzinho para a de tê-
-lo; levá-lo para a sala ou para outros lugares é passar da
situação de ele estar debaixo do fogão para a de estar em

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LÍNGUA PORTUGUESA

outros lugares; ele não gostava: “queria era estar debaixo A apresentação direta acontece quando o personagem
do fogão” implica a volta à situação anterior; “não fazia aparece de forma clara no texto, retratando suas caracterís-
caso nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender que ticas físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se
o menino passava de uma situação de não ser terno com dá quando os personagens aparecem aos poucos e o leitor
o animalzinho para uma situação de ser; no último verso vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo,
tem-se a passagem da situação de não ter namorada para ou seja, a partir de suas ações, do que ela vai fazendo e do
a de ter. modo como vai fazendo.
Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande con-
junto de mudanças de situação. É isso que define o que se - Em 1ª pessoa:
chama o componente narrativo do texto, ou seja, narrativa
é uma mudança de estado pela ação de alguma persona- Personagem Principal: há um “eu” participante que
gem, é uma transformação de situação. Mesmo que essa conta a história e é o protagonista. Exemplo:
personagem não apareça no texto, ela está logicamente
implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou um “Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bam-
porquinho-da-índia, é porque alguém lhe deu o animalzi- bas, o coração parecendo querer sair-me pela boca fora.
nho. Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele Não me atrevia a descer à chácara, e passar ao quintal vi-
em que alguém recebe alguma coisa (o menino passou a zinho. Comecei a andar de um lado para outro, estacando
ter o porquinho-da índia) e aquele alguém perde alguma para amparar-me, e andava outra vez e estacava.”
coisa (o porquinho perdia, a cada vez que o menino o le- (Machado de Assis. Dom Casmurro)
vava para outro lugar, o espaço confortável de debaixo do
fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas: de aquisição Observador: é como se dissesse: É verdade, pode
e de privação. acreditar, eu estava lá e vi. Exemplo:

Existem três tipos de foco narrativo: “Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre
teso do Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de
- Narrador-personagem: é aquele que conta a his- contrabandista que fez cancha nos banhados do Ibirocaí.
tória na qual é participante. Nesse caso ele é narrador e Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a
personagem ao mesmo tempo, a história é contada em 1ª cruzar os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado
pessoa. da Lua, na escuridão das noites, na cerração das madru-
- Narrador-observador: é aquele que conta a história gadas...; ainda que chovesse reiúnos acolherados ou que
como alguém que observa tudo que acontece e transmite ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca
ao leitor, a história é contada em 3ª pessoa. perdeu atalho, nunca desandou cruzada!...
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o (...)
enredo e as personagens, revelando seus pensamentos e Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento
sentimentos íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas dele. Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não no víamos
vezes, aparece misturada com pensamentos dos persona- desde muito tempo. (...)
gens (discurso indireto livre). Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório
na matança dos leitões e no tiramento dos assados com
Estrutura: couro.
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista)
- Apresentação: é a parte do texto em que são apre-
sentados alguns personagens e expostas algumas circuns- - Em 3ª pessoa:
tâncias da história, como o momento e o lugar onde a ação
se desenvolverá. Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia pro- pessoa. Exemplo:
priamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem,
conduzindo ao clímax. “Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fan-
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge tasiaram de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E
seu momento crítico, tornando o desfecho inevitável. saiu à rua com ar menos carnavalesco deste mundo, mor-
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas rendo de vergonha da malha de cetim, das asas e das an-
ações dos personagens. tenas e, mais ainda, da cara à mostra, sem máscara piedosa
para disfarçar o sentimento impreciso de ridículo.”
Tipos de Personagens: (Ilka Laurito. Sal do Lírico)

Os personagens têm muita importância na constru-


ção de um texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser
principais ou secundários, conforme o papel que desem-
penham no enredo, podem ser apresentados direta ou in-
diretamente.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história __Você desempregado, quem é que fazia roça?
como sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo: __ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava.
Fui jogado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no
Festa mundo sem ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e
dia o hominho aqui na carroça. Sempre o mais sacrificado,
Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental está bom?
olha o crioulão de roupa limpa e remendada, acompanha- __ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende?
do de dois meninos de tênis branco, um mais velho e outro __ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém
mais novo, mas ambos com menos de dez anos. morre só. Sempre tem um cristão que enterra o pobre.
Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas reso- __ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher...
lutamente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde __ Eu arranjo.
há seis mesas desertas. __ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem
O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O dois cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de me-
homem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guara- lhor. Vai me deixar sem nada?
nás e dois pãezinhos.
__ Você tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a
__ Duzentos e vinte.
potranca, deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um
O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
prato de comida e roupa lavada.
__Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
__ Como? __ Para onde foi a lavadeira?
__ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito __ Quem?
mais gostoso. __ A mulata.
O homem olha para os meninos. (...)
__ O preço é o mesmo – informa o rapaz. (Dalton Trevisan – A guerra Conjugal)
__ Está certo.
Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhes- Discurso Indireto: o narrador conta o que o persona-
tra, como se o estivessem fazendo pela primeira vez na gem diz, sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo:
vida.
O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e, Frio
em seguida, num pratinho, os dois pães com meia almôn-
dega cada um. O homem e (mais do que ele) os meninos O menino tinha só dez anos.
olham para dentro dos pães, enquanto o rapaz cúmplice Quase meia hora andando. No começo pensou num
se retira. bonde. Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem
Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene feito que trazia, afastou a idéia como se estivesse fazendo
o copo de cerveja até a boca, depois cada um prova o seu uma coisa errada. (Nos bondes, àquela hora da noite, po-
guaraná e morde o primeiro bocado do pão. deriam roubá-lo, sem que percebesse; e depois?... Que é
O homem toma a cerveja em pequenos goles, obser- que diria a Paraná?)
vando criteriosamente o menino mais velho e o menino Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando
mais novo absorvidos com o sanduíche e a bebida. as vitrines, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias co-
Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois me- muns. Ia firme e esforçando-se para não pensar em nada,
ninos. E permanecem para sempre, humanos e indestrutí- nem olhar muito para nada.
veis, sentados naquela mesa. __ Olho vivo – como dizia Paraná.
(Wander Piroli) Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das
ruas. Ele ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava
Tipos de Discurso:
um guarda nas esquinas. O seu coraçãozinho se apertava.
Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamen-
te para o personagem, sem a sua interferência. Exemplo: mulher. Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali,
à noite. Pelo jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland.
Caso de Desquite Ela lhe deu, ele seguiu. Ignorava a exatidão de seus cálcu-
los, mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora
__ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na para chegar em casa. Os bondes passavam.
boca). Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto (João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço)
casado. Agora com mania de mulher. Todo velho é sem-
-vergonha. Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala
__ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só do personagem e a fala do narrador. É um recurso relati-
não me pise, fico uma jararaca. vamente recente. Surgiu com romancistas inovadores do
__ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão. século XX. Exemplo:
__ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está
bom? Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de ma-
mar no primeiro mês.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A Morte da Porta-Estandarte A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três carac-


terísticas:
Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus bra- - é um conjunto de transformações de situação (o texto
ços. Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é de Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos,
preciso segurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, preenche essa condição);
se abriu... Esse temporal assim é bom, porque Rosinha não - é um texto figurativo, isto é, opera com personagens
sai. Tenham paciência... Largar Rosinha ali, ele não larga e fatos concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche
não... Não! E esses tambores? Ui! Que venham... É guer- também esse requisito);
ra... ele vai se espalhar... Por que não está malhando em - as mudanças relatadas estão organizadas de maneira
sua cabeça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da cama... Ele está tal que, entre elas, existe sempre uma relação de anterio-
dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo do País... ridade e posterioridade (no texto “Porquinho-da-índia” o
Abraçá-la no alto de uma colina... fato de ganhar o animal é anterior ao de ele estar debaixo
(Aníbal Machado) do fogão, que por sua vez é anterior ao de o menino levá-lo
para a sala, que por seu turno é anterior ao de o porquinho-
Sequência Narrativa: -da-índia voltar ao fogão).

Uma narrativa não tem uma única mudança, mas vá- Essa relação de anterioridade e posterioridade é sem-
rias: uma coordena-se a outra, uma implica a outra, uma pre pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequên-
subordina-se a outra. cia linear da temporalidade apareça alterada. Assim, por
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação: exemplo, no romance machadiano Memórias póstumas de
- uma em que uma personagem passa a ter um que- Brás Cubas, quando o narrador começa contando sua mor-
rer ou um dever (um desejo ou uma necessidade de fazer te para em seguida relatar sua vida, a sequência temporal
algo); foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma da leitura, as relações de anterioridade e de posterioridade.
competência para fazer algo); Resumindo: na narração, as três características explica-
- uma em que a personagem executa aquilo que queria das acima (transformação de situações, figuratividade e re-
ou devia fazer (é a mudança principal da narrativa); lações de anterioridade e posterioridade entre os episódios
- uma em que se constata que uma transformação se relatados) devem estar presentes conjuntamente. Um texto
deu e em que se podem atribuir prêmios ou castigos às que tenha só uma ou duas dessas características não é uma
personagens (geralmente os prêmios são para os bons, e narração.
os castigos, para os maus).
Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se narrativo:
pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata
a realização de uma mudança é porque ela se verificou, e - Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o
ela efetua-se porque quem a realiza pode, sabe, quer ou que aconteceu, quando e onde.
deve fazê-la. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um - Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos
apartamento: quando se assina a escritura, realiza-se o ato personagens.
de compra; para isso, é necessário poder (ter dinheiro) e - Desenvolvimento: detalhes do fato.
querer ou dever comprar (respectivamente, querer deixar - Conclusão: consequências do fato.
de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido
despejado, por exemplo). Caracterização Formal:
Algumas mudanças são necessárias para que outras se
deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto
um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade,
um carro, é preciso antes conseguir o dinheiro. porquanto a criação e o colorido do contexto estão em fun-
ção da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo
Narrativa e Narração do enfoque do redator, a narração terá diversas abordagens.
Assim é de grande importância saber se o relato é feito em
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narra- primeira pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, há a
tividade é um componente narrativo que pode existir em participação do narrador; segundo, há uma inferência do
textos que não são narrações. A narrativa é a transforma- último através da onipresença e onisciência.
ção de situações. Por exemplo, quando se diz “Depois da Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação
abolição, incentivou-se a imigração de europeus”, temos dos acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, trans-
um texto dissertativo, que, no entanto, apresenta um com- gredindo o aspecto linear e constituindo o que se denomina
ponente narrativo, pois contém uma mudança de situação: “flashback”. O narrador que usa essa técnica (característica
do não incentivo ao incentivo da imigração européia. comum no cinema moderno) demonstra maior criatividade
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos e originalidade, podendo observar as ações ziguezaguean-
de texto, o que é narração? do no tempo e no espaço.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo - Personagens se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma


paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não é
“Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista
Amâncio não viu a mulher chegar. do observador varia de acordo com seu grau de percepção.
- Não quer que se carpa o quintal, moço? Dessa forma, o que será importante ser analisado para um,
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face não será para outro. A vivência de quem descreve também
escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa influencia na hora de transmitir a impressão alcançada so-
do passado, os olhos).” bre determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente,
emoção vivida ou sentimento.
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre:
Mercado Aberto, p. 5O) Exemplos:

Exemplo - Espaço (I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redon-
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a re- da. Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho.
dondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores,
de algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado
a insipidez.” pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zu-
Porto Alegre: Movimento, 1981, p. 51) nido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais,
grande demais.”
Exemplo - Tempo (extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lis-
pector)
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se:
a mulher lhe pediu que a chamasse cedo.” (II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole,
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4) aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas
em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cin-
Tipologia da Narrativa Ficcional: quenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fa-
zer logo com o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai.
- Romance Era uma criança fina, pálida, cara doente; raramente estava
- Conto alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes.
- Crônica O mestre era mais severo com ele do que conosco.
- Fábula (Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed.
- Lenda São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.)
- Parábola
- Anedota Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do pro-
- Poema Épico fessor da escola que o escritor frequentava. Deve-se notar:
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas
Tipologia da Narrativa Não-Ficcional: (ao mesmo tempo que gastava duas horas para reter aqui-
lo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Rai-
- Memorialismo mundo tinha grande medo ao pai);
- Notícias - por isso, não existe uma ocorrência que possa ser
- Relatos considerada cronologicamente anterior a outra do ponto
- História da Civilização de vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na
escola é cronologicamente anterior a retirar-se dela; no ní-
Apresentação da Narrativa: vel do relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é
indiferente: o que o escritor quer é explicitar uma caracte-
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em rística do menino, e não traçar a cronologia de suas ações);
quadrinhos) e desenhos. - ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e -se), todas elas estão no pretérito imperfeito, que indica
discos. concomitância em relação a um marco temporal instalado
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas. no texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor fre-
quentava a escola da rua da Costa) e, portanto, não denota
Descrição nenhuma transformação de estado;
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não
É a representação com palavras de um objeto, lugar, correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológi-
situação ou coisa, onde procuramos mostrar os traços ca - poderíamos mesmo colocar o últímo período em pri-
mais particulares ou individuais do que se descreve. É meiro lugar e ler o texto do fim para o começo: O mestre
qualquer elemento que seja apreendido pelos sentidos era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola
e transformado, com palavras, em imagens. Sempre que depois do pai e retirava-se antes...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enun- A característica fundamental de um texto descritivo é
ciados pode ser invertida, está-se pensando apenas na or- essa inexistência de progressão temporal. Pode-se apre-
dem cronológica, pois, como veremos adiante, a ordem sentar, numa descrição, até mesmo ação ou movimento,
em que os elementos são descritos produz determinados desde que eles sejam sempre simultâneos, não indicando
efeitos de sentido. progressão de uma situação anterior para outra posterior.
Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisa- Tanto é que uma das marcas linguísticas da descrição é o
mos fazer certas modificações no texto, pois este contém predomínio de verbos no presente ou no pretérito imper-
anafóricos (palavras que retomam o que foi dito antes, feito do indicativo: o primeiro expressa concomitância em
como ele, os, aquele, etc. ou catafóricos (palavras que relação ao momento da fala; o segundo, em relação a um
anunciam o que vai ser dito, como este, etc.), que podem marco temporal pretérito instalado no texto.
perder sua função e assim não ser compreendidos. Se to- Para transformar uma descrição numa narração,
marmos uma descrição como As flores manifestavam bastaria introduzir um enunciado que indicasse a passa-
todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao inver- gem de um estado anterior para um posterior. No caso do
termos a ordem das frases, precisamos fazer algumas al- texto II inicial, para transformá-lo em narração, bastaria di-
terações, para que o texto possa ser compreendido: O Sol zer: Reunia a isso grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-
fazia as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu -se desse medo...
esplendor. Como, na versão original, o pronome oblíquo
as é um anafórico que retoma flores, se alterarmos a or- Características Linguísticas:
dem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos
mudar a palavra flores para a primeira frase e retomá-la O enunciado narrativo, por ter a representação de um
com o anafórico elas na segunda. acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela tem-
Por todas essas características, diz-se que o fragmento poralidade, na relação situação inicial e situação final, en-
do conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de quanto que o enunciado descritivo, não tendo transforma-
texto em que se expõem características de seres concretos ção, é atemporal.
(pessoas, objetos, situações, etc.) consideradas fora da re- Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintá-
lação de anterioridade e de posterioridade. tico-semânticas encontradas no texto que vão facilitar a
compreensão:
Características: - Predominância de verbos de estado, situação ou in-
dicadores de propriedades, atitudes, qualidades, usados
- Ao fazer a descrição enumeramos características, principalmente no presente e no imperfeito do indicativo
comparações e inúmeros elementos sensoriais; (ser, estar, haver, situar-se, existir, ficar).
- As personagens podem ser caracterizadas física e - Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que
psicologicamente, ou pelas ações; é descrito;
- A descrição pode ser considerada um dos elementos
constitutivos da dissertação e da argumentação; Exemplo:
- É impossível separar narração de descrição;
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, “Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço
mas sim a capacidade de observação que deve revelar entalado num colarinho direito. O rosto aguçado no quei-
aquele que a realiza. xo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha à
Exemplo: “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto
mais velha pelo desenvolvimento das proporções. Grande, lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não
carnuda, sanguínea e fogosa, era um desses exemplares tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos
excessivos do sexo que parecem conformados expressa- da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras.
mente para esposas da multidão (...)” (Raul Pompéia – O Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito
Ateneu) despegadas do crânio.”
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, (Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
não existe relação de anterioridade e posterioridade entre
seus enunciados. - Emprego de figuras (metáforas, metonímias, compa-
- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, rações, sinestesias). Exemplo:
que se usem então as formas nominais, o presente e o
pretério imperfeito do indicativo, dando-se sempre pre- “Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não
ferência aos verbos que indiquem estado ou fenômeno. muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês.
- Todavia deve predominar o emprego das compara- Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade
ções, dos adjetivos e dos advérbios, que conferem colori- buliçosa e saltitante que lhe dava petulância de rapaz e ca-
do ao texto. sava perfeitamente com os olhinhos de azougue.”
(José de Alencar - Senhora)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo: “Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso
ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa ve- como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo
lha, e essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro; era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram
depois você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha de um rei...”
uma escadinha que devia ter uns cinco degraus; aí você (“O Ateneu”, Raul Pompéia)
entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido
de onde saíam três portas; no final do corredor tinha a co- “(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou ou-
zinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e tra esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único ho-
atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...” mem, par-de-frança, capaz de tomar conta deste sertão
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ) nosso, mandando por lei, de sobregoverno.”
(Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
Recursos:
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos ele-
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações tér- mentos descritivos:
micas. Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor
alegre do sol. Como se disse anteriormente, do ponto de vista da
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, progressão temporal, a ordem dos enunciados na descri-
exatas, concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam ção é indiferente, uma vez que eles indicam propriedades
um céu sereno, uma pureza de cristal. ou características que ocorrem simultaneamente. No en-
- As sensações de movimento e cor embelezam o po- tanto, ela não é indiferente do ponto de vista dos efeitos
der da natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do
transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos
um. de sentido distintos.
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Pró-
do texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O prio”, de Bocage:
pessoal, muito crente.
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
bem servido de pés, meão de altura,
triste de facha, o mesmo de figura,
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a
nariz alto no meio, e não pequeno.
passagem são apresentadas como realmente são, concre-
tamente. Exemplo:
Incapaz de assistir num só terreno,
mais propenso ao furor do que à ternura;
“Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética,
bebendo em níveas mãos por taça escura
ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabe-
de zelos infernais letal veneno.
los negros e lisos”.

Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág.
Exemplo: 497.

“A casa velha era enorme, toda em largura, com por- O poeta descreve-se das características físicas para as
ta central que se alcançava por três degraus de pedra e características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não
quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de seria o mesmo, pois as características físicas perderiam
pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos qualquer relevo.
e apoios de madeira-de-lei. Telhado de quatro águas. Pin- O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a vi-
tada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, sualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de
provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse fica- um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas caracterís-
do, capricho da sorte, na linha de passagem da variante do ticas exteriores, facilmente identificáveis (descrição objeti-
Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua va), ou suas características psicológicas e até emocionais
Direita – sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha (descrição subjetiva).
e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de ad-
(Pedro Nava – Baú de Ossos) jetivos, também denominado adjetivação. Para facilitar o
aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando,
Descrição Subjetiva: quando há maior participação após escrever seu texto, sublinhe todos os substantivos,
da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a pai- acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma
sagem são transfigurados pela emoção de quem escreve, locução adjetiva.
podendo opinar ou expressar seus sentimentos. Exemplo:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Descrição de objetos constituídos de uma só parte: Descrição de pessoas (II):


- Introdução: primeira impressão ou abordagem de
- Introdução: observações de caráter geral referentes à qualquer aspecto de caráter geral.
procedência ou localização do objeto descrito. - Desenvolvimento: análise das características físicas, as-
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (com- sociadas às características psicológicas (1ª parte).
paração com figuras geométricas e com objetos semelhan- - Desenvolvimento: análise das características físicas, as-
tes); dimensões (largura, comprimento, altura, diâmetro etc.) sociadas às características psicológicas (2ª parte).
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de
cor/brilho, textura. caráter geral.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a
sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É
objeto como um todo. uma estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais pre-
Descrição de objetos constituídos por várias partes: dominam. Porque toda técnica descritiva implica contem-
- Introdução: observações de caráter geral referentes à plação e apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o redator,
procedência ou localização do objeto descrito. ao descrever, precisa possuir certo grau de sensibilidade.
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários Assim como o pintor capta o mundo exterior ou interior em
das partes que compõem o objeto, associados à explicação suas telas, o autor de uma descrição focaliza cenas ou ima-
de como as partes se agrupam para formar o todo. gens, conforme o permita sua sensibilidade.
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um
todo (externamente) - formato, dimensões, material, peso, Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser
textura, cor e brilho. não-literária ou literária. Na descrição não-literária, há
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a maior preocupação com a exatidão dos detalhes e a pre-
sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o cisão vocabular. Por ser objetiva, há predominância da de-
objeto em sua totalidade. notação.

Descrição de ambientes: Textos descritivos não-literários: A descrição técnica


é um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando
- Introdução: comentário de caráter geral.
uma linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usa-
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura glo-
do para descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peças
bal do ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, lumino-
que os compõem, para descrever experiências, processos,
sidade e aroma (se houver).
etc. Exemplo:
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a
objetos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, es-
Folheto de propaganda de carro
culturas ou quaisquer outros objetos.
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira Conforto interno - É impossível falar de conforto sem
no ambiente. incluir o espaço interno. Os seus interiores são amplos, aco-
modando tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat
Descrição de paisagens: e o Passat Variant possuem direção hidráulica e ar condicio-
- Introdução: comentário sobre sua localização ou qual- nado de elevada capacidade, proporcionando a climatização
quer outra referência de caráter geral. perfeita do ambiente.
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (ex- Porta-malas - O compartimento de bagagens possui ca-
plicação do que se vê ao longe). pacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500
- Desenvolvimento: observação dos elementos mais litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado.
próximos do observador - explicação detalhada dos ele- Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em
mentos que compõem a paisagem, de acordo com deter- plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras,
minada ordem. para evitar a deformação em caso de colisão.
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo
acerca da impressão que a paisagem causa em quem a con- Textos descritivos literários: Na descrição literária pre-
templa. domina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de as-
sociações conotativas que podem ser exploradas a partir de
Descrição de pessoas (I): descrições de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambien-
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de tes; situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos
qualquer aspecto de caráter geral. também podem ocorrer tanto em prosa como em verso.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso,
cor da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas). Dissertação
- Desenvolvimento: características psicológicas (perso-
nalidade, temperamento, caráter, preferências, inclinações, A dissertação é uma exposição, discussão ou interpreta-
postura, objetivos). ção de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de tema. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, ra-
caráter geral. ciocínio, clareza, coerência, objetividade na exposição, um

19
LÍNGUA PORTUGUESA

planejamento de trabalho e uma habilidade de expressão. São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvi-
É em função da capacidade crítica que se questionam pon- mento / Conclusão.
tos da realidade social, histórica e psicológica do mundo e
dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu Introdução: em que se apresenta o assunto; se apre-
significado diz respeito a um tipo de texto em que a expo- senta a ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu de-
sição de uma ideia, através de argumentos, é feita com a senvolvimento. Tipos:
finalidade de desenvolver um conteúdo científico, doutri-
nário ou artístico. Exemplo: - Divisão: quando há dois ou mais termos a serem dis-
cutidos. Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consi-
Há três métodos pelos quais pode um homem chegar go: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de
a ser primeiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência, fora para dentro...”
como servir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma - Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona
irmã; o segundo, como trair ou solapar os predecessores; e a um fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início
o terceiro, como clamar, com zelo furioso, contra a corrup- no começo dos anos 80, com os conhecidos altos índices
ção da corte. Mas um príncipe discreto prefere nomear os de inflação que a década colecionou, agravou vários dos
que se valem do último desses métodos, pois os tais faná- históricos problemas sociais do país. Entre eles, a violência,
ticos sempre se revelam os mais obsequiosos e subservien- principalmente a urbana, cuja escalada tem sido facilmente
tes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição identificada pela população brasileira.”
todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros - Proposição: o autor explicita seus objetivos.
subordinando a maioria do senado, ou grande conselho, - Convite: proposta ao leitor para que participe de al-
e, afinal, por via de um expediente chamado anistia (cuja guma coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na
natureza lhe expliquei), garantem-se contra futuras pres- sua”? Quer se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não
tações de contas e retiram-se da vida pública carregados entre pelo cano! Faça parte desse time de vencedores des-
com os despojos da nação. de a escolha desse momento!
Jonathan Swift. Viagens de Gulliver. - Contestação: contestar uma idéia ou uma situação.
São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235. Ex: “É importante que o cidadão saiba que portar arma de
fogo não é a solução no combate à insegurança.”
Esse texto explica os três métodos pelos quais um ho- - Características: caracterização de espaços ou aspec-
mem chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe tos.
discreto a escolhê-lo entre os que clamam contra a cor- - Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex:
rupção na corte e justifica esse conselho. Observe-se que: “Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realida- televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque
de com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um de aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo,
homem particular e do que faz para chegar a ser primeiro- existem no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar
-ministro, mas do homem em geral e de todos os métodos programas) e 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem
para atingir o poder); sinais recebidos). (...)”
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a - Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da - Citação: opinião de alguém de destaque sobre o as-
corte no momento em que se tornam primeiros-ministros); sunto do texto. Ex: “A principal característica do déspota
- a progressão temporal dos enunciados não tem im- encontra-se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das
portância, pois o que importa é a relação de implicação normas e das regras que definem a vida familiar, isto é, o
(clamar contra a corrupção da corte implica ser corrupto espaço privado. Seu poder, escreve Aristóteles, é arbitrário,
depois da nomeação para primeiro-ministro). pois decorre exclusivamente de sua vontade, de seu prazer
e de suas necessidades.”
Características: - Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos
que compõem o texto.
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se
temático; faz a pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entu-
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de si- siasmo pelo futebol não é uma prova de alienação?”
tuação; - Suspense: alguma informação que faça aumentar a
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de curiosidade do leitor.
anterioridade e de posterioridade dos enunciados não - Comparação: social e geográfica.
têm maior importância - o que importa são suas relações - Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à
lógicas: analogia, pertinência, causalidade, coexistência, distância, velocidade, comunicação, linha de montagem,
correspondência, implicação, etc. triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos das realidades que marcaram esses 100 últimos anos, apa-
de redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística pos- rece a verdadeira doença do século...”
suem características próprias a cada tipo de texto. - Narração: narrar um fato.
 

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LÍNGUA PORTUGUESA

Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, Não é uma utopia?!


de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais Um exemplo vivo são os bóias-frias que trabalham na
importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias colheita da cana de açúcar que devido ao avanço tecnoló-
formas: gico e a lei do governador Geraldo Alkmin, defendendo o
meio ambiente, proibindo a queima da cana de açúcar para
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova a colheita e substituindo-os então pelas máquinas, desem-
com este tipo de abordagem. prega milhares deles. (D)
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão
a idéia principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a cursos de cabeleleiro, marcenaria, eletricista, para não per-
definição. derem o mercado de trabalho, aumentando, com isso, a
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar si- classe de trabalhos informais.
tuações distintas. Como ficam então aqueles trabalhadores que passa-
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta ram à vida estudando, se especializando, para se diferen-
pontos favoráveis e desfavoráveis. ciarem e ainda estão desempregados?, como vimos no úl-
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato timo concurso da prefeitura do Rio de Janeiro para “gari”,
ou descrever uma cena. havia até advogado na fila de inscrição. (E)
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados es- Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos
tatísticos. têm o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país,
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para que almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse
prováveis resultados. processo de desníveis gritantes e criar soluções eficazes
- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve para combater a crise generalizada (F), pois a uma nação
apresentar questionamento e reflexão. doente, miserável e desigual, não compete a tão sonhada
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: concei- modernidade. (G)
tos, valores, juízos.
- Causa e Consequência: estruturar o texto através 1º Parágrafo – Introdução
dos porquês de uma determinada situação.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética. A. Tema: Desemprego no Brasil.
- Exemplificação: dar exemplos. Contextualização: decorrência de um processo histó-
rico problemático.
Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fe-
chamento integrado de tudo que se argumentou. Para ela 2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas.
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que
- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. remetem a uma análise do tema em questão.
- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro
pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão dado da realidade.
de quem lê. D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade
de quem propõe soluções.
Exemplo: E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.

Direito de Trabalho 7º Parágrafo: Conclusão


F. Uma possível solução é apresentada.
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um G. O texto conclui que desigualdade não se casa com
novo modelo econômico: o capitalismo, que até o século modernidade.
XX agia por meio da inclusão de trabalhadores e hoje pas-
sou a agir por meio da exclusão. (A) É bom lembrarmos que é praticamente impossível
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo opinar sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos
o trabalho automático, devido à evolução tecnológica e a é um dos recursos que permite uma segurança maior no
necessidade de qualificação cada vez maior, o que provoca momento de dissertar sobre algum assunto. Debater e pes-
o desemprego. Outro fator que também leva ao desempre- quisar são atitudes que favorecem o senso crítico, essencial
go de um sem número de trabalhadores é a contenção de no desenvolvimento de um texto dissertativo.
despesas, de gastos. (B)
Segundo a Constituição, “preocupada” com essa cri- Ainda temos:
se social que provém dessa automatização e qualificação,
obriga que seja feita uma lei, em que será dada absoluta Tema: compreende o assunto proposto para discus-
garantia aos trabalhadores, de que, mesmo que as empre- são, o assunto que vai ser abordado.
sas sejam automatizadas, não perderão eles seu mercado Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo
de trabalho. (C) discutido.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Argumentação: é um conjunto de procedimentos lin- Exemplo:


guísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas
opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É for- 1- O adolescente moderno está se tornando obeso por
necer argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma várias causas: alimentação inadequada, falta de exercícios
determinada tese. sistemáticos e demasiada permanência diante de compu-
Estes assuntos serão vistos com mais afinco posterior- tadores e aparelhos de Televisão.
mente.
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é gran-
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são: de o número de emissoras que dedicam parte da sua pro-
gramação à veiculação de programas religiosos de crenças
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessi- variadas.
dade de pleno domínio do assunto e habilidade de argu-
mentação; 3-
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao - A Santa Missa em seu lar.
tema;
- Terço Bizantino.
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
- Despertar da Fé.
- impõem-se sempre o raciocínio lógico;
- Palavra de Vida.
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer
ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstra- - Igreja da Graça no Lar.
ção do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural,
original, nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve 4-
ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa). - Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o
governo brasileiro diante de tantos desmatamentos, dese-
O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apre- quilíbrios sociológicos e poluição.
sentar: uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) - Existem várias razões que levam um homem a enve-
e uma ou mais frases que explicitem tal ideia. redar pelos caminhos do crime.
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada - A gravidez na adolescência é um problema seríssimo,
(ideia central) porque oculta os problemas sociais realmen- porque pode trazer muitas consequências indesejáveis.
te graves. (ideia secundária)”. - O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua so-
Vejamos: brevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser comba- - O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas
tida urgentemente. em várias categorias.

Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver
combatida urgentemente, pois a alta concentração de ele- através da comparação, que confronta ideias, fatos, fenô-
mentos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas, menos e apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança.
sobretudo daquelas que sofrem de problemas respirató- Exemplo:
rios:
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicida-
- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem de; a velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e
levado muita gente ao vício. persistente sentimento de dor, porque já estamos nos con-
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comuni- vencendo de que a felicidade é uma ilusão, que só o sofri-
cação criados pelo homem.
mento é real”.
- A violência tem aumentado assustadoramente nas ci-
(Arthur Schopenhauer)
dades e hoje parece claro que esse problema não pode ser
resolvido apenas pela polícia.
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes,
atualmente. encontra no seu desenvolvimento um segmento causal
- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a (fato motivador) e, em outras situações, um segmento in-
sociedade brasileira. dicando consequências (fatos decorrentes).
Exemplos:
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:
- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanida-
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma de que abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas
série de coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de em ver as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam.
características, funções, processos, situações, sempre ofe-
recendo o complemente necessário à afirmação estabele- - O espírito competitivo foi excessivamente exercido
cida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se os entre nós, de modo que hoje somos obrigados a viver
critérios de importância, preferência, classificação ou alea- numa sociedade fria e inamistosa.
toriamente.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos mar- tísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da
cam temporal e espacialmente a evolução de ideias, pro- citação. No desenvolvimento são usados tantos parágrafos
cessos. quantos forem necessários para a completa exposição da
ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco
Exemplos: maneiras expostas acima.
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora
Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez
lenta evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. De- que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da
pois deu um significado a cada grunhido. Muito depois, dissertação (um parágrafo). Deve, pois, conter de forma
inventou a escrita e só muitos séculos mais tarde é que sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação
passou à comunicação de massa. da hipótese ou da tese, acrescida da argumentação básica
Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas empregada no desenvolvimento.
úmidos, os solos são profundos. Existe nessas regiões uma
forte decomposição de rochas, isto é, uma forte transfor- Texto Argumentativo
mação da rocha em terra pela umidade e calor. Nas regiões
temperadas e ainda nas mais frias, a camada do solo é pou- Texto Argumentativo é o texto em que defendemos
co profunda. (Melhem Adas) uma ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procu-
rando (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/
Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se leitor aceite-a, creia nela. Num texto argumentativo, dis-
conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las tinguem-se três componentes: a tese, os argumentos e as
mais compreensíveis. estratégias argumentativas.
Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue prove-
niente do coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão Tese, ou proposição, é a ideia que defendemos, neces-
umbilical e na ligação entre os pulmões e o coração, todas sariamente polêmica, pois a argumentação implica diver-
as artérias contém sangue vermelho-vivo, recém oxigena- gência de opinião.
do. Na artéria pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais Argumento tem uma origem curiosa: vem do latim Ar-
escuro e desoxigenado, que o coração remete para os pul- gumentum, que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro
mões para receber oxigênio e liberar gás carbônico”.
é “fazer brilhar”, “iluminar”, a mesma raiz de “argênteo”,
“argúcia”, “arguto”. Os argumentos de um texto são facil-
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação,
mente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta
deve delimitar-se o tema que será desenvolvido e que po-
por quê? Exemplo: o autor é contra a pena de morte (tese).
derá ser enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo,
Por que... (argumentos).
o tema é a questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a
Estratégias argumentativas são todos os recursos
partir das seguintes ideias:
(verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/
ouvinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor,
- A violência contra os povos indígenas é uma constan-
te na história do Brasil. para persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade,
- O surgimento de várias entidades de defesa das po- etc.
pulações indígenas.
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio A Estrutura de um Texto Argumentativo
brasileiro.
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena. A argumentação Formal

Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra “Co-
deve fazer a estruturação do texto. municação em Prosa Moderna”. O autor, na mencionada
obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o que cha-
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: ma de argumentação formal:
Proposição (tese): afirmativa suficientemente defi-
Introdução: deve conter a ideia principal a ser desen- nida e limitada; não deve conter em si mesma nenhum
volvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura argumento.
do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar Análise da proposição ou tese: definição do sentido
a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto e o da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar
plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, mal-entendidos.
seus limites, ângulo de análise e a hipótese ou a tese a ser Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados
defendida. estatísticos, testemunhos, etc.
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão Conclusão.
fundamentar a ideia principal que pode vir especificada
através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da Observe o texto a seguir, que contém os elementos
causa e da consequência, das definições, dos dados esta- referidos do plano-padrão da argumentação formal.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Gramática e desempenho Linguístico casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo de


todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho
Pretende-se demonstrar no presente artigo que o es- do jovem estudante na produção de um texto. A melhora
tudo intencional da gramática não traz benefícios signifi- seria, indubitavelmente, pouco significativa; uma pequena
cativos para o desempenho linguístico dos utentes de uma melhora, talvez, na gramática da frase, mas o problema de
língua. coesão, de coerência, de informatividade - quem sabe os
Por “estudo intencional da gramática” entende-se o mais graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja
estudo de definições, classificações e nomenclatura; a rea- porque a gramática tradicional não dá conta dos mecanis-
lização de análises (fonológica, morfológica, sintática); a mos que presidem à construção do texto.
memorização de regras (de concordância, regência e colo- Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é ape-
cação) - para citar algumas áreas. O “desempenho linguís- nas hipotética e que, por isso, um argumento de pouco
tico”, por outro lado, é expressão técnica definida como valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que situação como
sendo o processo de atualização da competência na pro- essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino
dução e interpretação de enunciados; dito de maneira mais de 1° e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório,
simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições classificatório, nomenclaturista, prescritivista, teórico. O re-
reais de comunicação. sultado? Aí estão as estatísticas dos vestibulares. Valendo
A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem 40 pontos a prova de redação, os escores foram estes no
antiga; na verdade, surgiu com os gregos, quando surgi- vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candida-
ram as primeiras gramáticas. Definida como “arte”, “arte tos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%.
de escrever”, percebe-se que subjaz à definição a ideia da Ou seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto
sua importância para a prática da língua. São da mesma que pode ser considerado bom.
época também as primeiras críticas, como se pode ler em Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lem-
Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc. II a.C.: “Raça brando que são os gramáticos, os linguistas - como es-
de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, es- pecialistas das línguas - as pessoas que conhecem mais a
túpidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos linguís-
poetas que mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa
ide para o diabo, percevejos que devorais os versos belos”. influência do conhecimento teórico da língua sobre o de-
Na atualidade, é grande o número de educadores, filó- sempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os linguis-
logos e linguistas de reconhecido saber que negam a rela- tas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática
ção entre o estudo intencional da gramática e a melhora do isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a
desempenho linguístico do usuário. Entre esses especialis- tese que se vem defendendo.
tas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse
com sus obra “Língua e liberdade: por uma nova concepção significativa, deveriam os melhores escritores conhecer -
de língua materna e seu ensino” (L&PM, 1995). Com efeito, teoricamente - a língua em profundidade. Isso, no entan-
o velho pesquisar apaixonado pelos problemas da língua, to, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quan-
teórico de espírito lúcido e de larga formação linguística, do estudante, foi reprovado em língua portuguesa (muito
reúne numa mesma obra convincente fundamentação para provavelmente por desconhecer teoria gramatical); Macha-
seu combate veemente contra o ensino da gramática em do de Assis, ao folhar uma gramática declarou que nada
sala de aula. Por oportuno, uma citação apenas: havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo
“Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos
abandonem a superstição da teoria gramatical, desistindo os nossos bons escritores seriam aprovados num teste de
de querer ensinar a língua por definições, classificações, Português à maneira tradicional (e, no entanto eles são os
análises inconsistentes e precárias hauridas em gramáticas. senhores da língua!).
Já seria um grande benefício”. Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como
Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, recuperar linguisticamente os alunos, como promover um
acima referida suponha-se que se deva recuperar linguis- melhor desempenho linguístico mediante o ensino-estudo
ticamente um jovem estudante universitário cujo texto da teoria gramatical. O caminho é seguramente outro.
apresente preocupantes problemas de concordância, re-
gência, colocação, ortografia, pontuação, adequação vo- Gilberto Scarton
cabular, coesão, coerência, informatividade, entre outros.
E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gramática Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:
que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonolo-
gia? Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borbo- Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se
leta? O feminino de cupim? Como se chama quem nasce enuncia claramente a tese a ser defendida.
na Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é oração su- Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se de-
bordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E finem as expressões “estudo intencional da gramática” e
decorasse regras de ortografia, fizesse lista de homônimos, “desempenho lingüístico”, citadas na tese.
parônimos, de verbos irregulares... e estudasse o plural de Terceiro Estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo
compostos, todas regras de concordância, regências... os e oitavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argu- Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte
mentação. qualquer espécie de legalidade ou garantia de soberania
- Quarto parágrafo: argumento de autoridade. popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúci-
- Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração da visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa
hipotética. situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria,
- Sexto parágrafo: argumento com base em dados es- na condição de legislador.
tatísticos. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria insti-
- Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em tucionalizada a insegurança social, sendo que não haveria
fatos. mais qualquer garantia, na medida em que tudo estaria ao
Quarto Estágio: último parágrafo, em que se apresen- sabor dos humores e amores do juiz de plantão.
ta a conclusão. De nada adiantariam as eleições, eis que os represen-
tantes indicados pelo povo não poderiam se valer de sua
A Argumentação Informal maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis.
Desapareceriam também os juízes de conveniência e
A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já oportunidade política típicos dessas casas legislativas, na
referida. A argumentação informal apresenta os seguintes medida em que sempre poderiam ser afastados por uma
estágios: esfera revisora excepcional.
- Citação da tese adversária. A própria independência do parlamento sucumbiria in-
- Argumentos da tese adversária. tegralmente frente à possibilidade de inobservância e des-
- Introdução da tese a ser defendida. consideração de suas deliberações.
- Argumentos da tese a ser defendida. Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nos-
- Conclusão. sa civilização.
Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete
Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson fiscalizar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos
Flores Lenz, Promotor de Justiça. demais poderes do Estado, praticamente aniquilaria as
atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, como
Considerações sobre justiça e equidade
proceder.
Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto
Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a aca-
dessa concepção.
dêmico nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os
Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra,
caos concretos que são apresentados perante os tribunais,
sem sombra de dúvidas, o desconhecimento do próprio
deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e
conceito de justiça, incorrendo inclusive numa contradictio
equidade e menos por razões de estrita legalidade, no in-
in adjecto.
tuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos
conflitos submetidos à sua apreciação. Isto porque, e como magistralmente o salientou o in-
Semelhante entendimento tem sido sistematicamente superável Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é,
reiterado, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistra- no sistema da legalidade, a justiça em sentido jurídico, isto
dos simplesmente desprezarem ou desconsiderarem de- é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da confor-
terminados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas le- midade com o direito constituído, independentemente da
gais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade correspondente com a justiça social”.
nacional. Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios
Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura concretos de efetivação da Justiça social compete, funda-
pessoal aos insignes juízes que se filiam a esta corrente, mentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus
alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes membros são indicados diretamente pelo povo.
do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves consi- Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade,
derações sobre os perigos da generalização desse enten- adequando o proceder daqueles aos ditames da Constitui-
dimento. ção e da Legislação.
Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos Luís Alberto Thompson Flores Lenz
dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal
contra os princípios da legalidade e da separação de pode- Eis o esquema do texto em seus cinco estágios;
res, esteio no qual se assenta toda e qualquer ideia de de-
mocracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado. Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se cita
Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o a tese adversária.
insuperável José Alberto dos Reis, o maior processualista Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se cita
português, ao afirmar que: “O magistrado não pode so- um argumento da tese adversária “... fulminando ditos dile-
brepor os seus próprios juízos de valor aos que estão en- mas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à rea-
carnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha lidade nacional”.
previsto legalmente, não o pode fazer mesmo quando o Terceiro Estágio: terceiro parágrafo, em que se intro-
caso é omisso”. duz a tese a ser defendida.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quarto Estágio: do quarto ao décimo quinto, em que trata, é imprescindível haver explicações ou enumerações
se apresentam os argumentos. em que estejam elencados os materiais a serem utilizados,
Quinto Estágio: os últimos dois parágrafos, em que bem como os itens de determinados objetos que serão
se conclui o texto mediante afirmação que salienta o que manipulados. Por conta dessas características, é necessário
ficou dito ao longo da argumentação. um título objetivo. Quanto à pontuação, frequentemente
empregam-se dois pontos, vírgulas e pontos e vírgulas. É
Texto Injuntivo/Instrucional possível separar as orientações por itens ou de modo coe-
so, por meio de períodos. Alguns textos instrucionais pos-
No texto injuntivo-instrucional, o leitor recebe orien- suem subtítulos separando em tópicos as instruções, basta
tações precisas no sentido de efetuar uma transformação. reparar nas bulas de remédios, manuais de instruções e
É marcado pela presença de tempos e modos verbais que receitas. Pelo fato de o espaço destinado aos textos instru-
apresentam um valor diretivo. Este tipo de texto distingue- cionais geralmente não ser muito extenso, recomenda-se
-se de uma sequencia narrativa pela ausência de um sujeito o uso de períodos. Leia os exemplos.
responsável pelas ações a praticar e pelo caráter diretivo
dos tempos e modos verbais usado e uma sequência des- Texto organizado em itens:
critiva pela transformação desejada.
Nota: Uma frase injuntiva é uma frase que exprime Para economizar nas compras
uma ordem, dada ao locutor, para executar (ou não exe-
cutar) tal ou tal ação. As formas verbais específicas destas Quem deseja economizar ao comprar deve:
frases estão no modo injuntivo e o imperativo é uma das - estabelecer um valor máximo para gastar;
formas do injuntivo. - escolher previamente aquilo que deseja comprar an-
tes de ir à loja ou entrar em sites de compra;
Textos Injuntivo-Instrucionais: Instruções de monta- - pesquisar os preços em diferentes lojas e sites, se
gem, receitas, horóscopos, provérbios, slogans... são textos possível;
que incitam à ação, impõem regras; textos que fornecem - não se deixar levar completamente pelas sugestões
instruções. São orientados para um comportamento futuro dos vendedores nem pelos apelos das propagandas;
do destinatário. - optar pela forma de pagamento mais cômoda, sem
se esquecer de que o uso do cartão de crédito exige certa
Texto Injuntivo - A necessidade de explicar e orien- cautela e planejamento.
tar por escrito o modo de realizar determinados procedi- Do mais, é só ir às compras e aproveitar!
mentos, manipular instrumentos, desenvolver atividades
lúdicas e desempenhar algumas funções profissionais, por Texto organizado em períodos:
exemplo, deu origem aos chamados textos injuntivos, nos
quais prevalece a função apelativa da linguagem, criando- Para economizar nas compras
-se uma relação direta com o receptor. É comum aos textos
dessa natureza o uso dos verbos no imperativo (Abra o ca- Para economizar ao comprar, primeiramente estabe-
derno de questões) ou no infinitivo (É preciso abrir o cader- leça um valor máximo para gastar e então escolha pre-
no de questões, verificar o número de alternativas...). Não viamente aquilo que deseja comprar antes de ir à loja ou
apresenta caráter coercitivo, haja vista que apenas induz entrar em sites de compra. Se possível, pesquise os preços
o interlocutor a proceder desta ou daquela forma. Assim, em diferentes lojas e sites; não se deixe levar completa-
torna-se possível substituir um determinado procedimento mente pelas sugestões dos vendedores nem pelos apelos
em função de outro, como é o caso do que ocorre com das propagandas e opte pela forma de pagamento mais
os ingredientes de uma receita culinária, por exemplo. São cômoda: não se esqueça de que o uso do cartão de crédito
exemplos dessa modalidade: exige certa cautela e planejamento.
- A mensagem revelada pela maioria dos livros de au- Do mais, aproveite as compras!
toajuda;
- O discurso manifestado mediante um manual de ins- Observe que, embora ambos os textos tratem do mes-
truções; mo assunto, o segundo é uma adaptação do primeiro:
- As instruções materializadas por meio de uma receita tanto o modo verbal quanto a pontuação sofreram alte-
culinária. rações; além disso, algumas palavras foram omitidas e ou-
tras acrescentadas. Isso ocorreu para que o aspecto instru-
Texto Instrucional - o texto instrucional é um tipo de cional, conferido pelos itens do primeiro exemplo, não se
texto injuntivo, didático, que tem por objetivo justamen- perdesse no segundo texto, o qual, sem essas adaptações,
te apresentar orientações ao receptor para que ele realize passaria a impressão de ser um mero texto expositivo.
determinada atividade. Como as palavras do texto serão
transformadas em ações visando a um objetivo, ou seja,
algo deverá ser concretizado, é de suma importância que
nele haja clareza e objetividade. Dependendo do que se

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LÍNGUA PORTUGUESA

Não se usa H:
3. ORTOGRAFIA OFICIAL. - No início de alguns vocábulos em que o h, embo-
ra etimológico, foi eliminado por se tratar de palavras que
entraram na língua por via popular, como é o caso de erva,
inverno, e Espanha, respectivamente do latim, herba, hiber-
ORTOGRAFIA nus e Hispania. Os derivados eruditos, entretanto, grafam-
se com h: herbívoro, herbicida, hispânico, hibernal, hiber-
A palavra ortografia é formada pelos elementos gre- nar, etc.
gos orto “correto” e grafia “escrita” sendo a escrita corre-
ta das palavras da língua portuguesa, obedecendo a uma Emprego das letras E, I, O e U
combinação de critérios etimológicos (ligados à origem Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/
das palavras) e fonológicos (ligados aos fonemas repre- e /i/, /o/ e /u/ nem sempre é nítida. É principalmente desse
sentados). fato que nascem as dúvidas quando se escrevem palavras
Somente a intimidade com a palavra escrita, é que como quase, intitular, mágoa, bulir, etc., em que ocorrem
acaba trazendo a memorização da grafia correta. Deve-se aquelas vogais.
também criar o hábito de consultar constantemente um
dicionário. Escrevem-se com a letra E:
Desde o dia primeiro de Janeiro de 2009 está em vi- - A sílaba final de formas dos verbos terminados em
gor o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, por –uar: continue, habitue, pontue, etc.
isso temos até 2012 para nos “habituarmos” com as novas - A sílaba final de formas dos verbos terminados em
regras, pois somente em 2013 que a antiga será abolida. –oar: abençoe, magoe, perdoe, etc.
- As palavras formadas com o prefixo ante– (antes, an-
terior): antebraço, antecipar, antedatar, antediluviano, an-
Esse material já se encontra segundo o Novo Acor-
tevéspera, etc.
do Ortográfico.
- Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Can-
deeiro, Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira, Desper-
Alfabeto
dício, Destilar, Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena,
Irrequieto, Lacrimogêneo, Mexerico, Mimeógrafo, Orquí-
O alfabeto passou a ser formado por 26 letras. As le-
dea, Peru, Quase, Quepe, Senão, Sequer, Seriema, Seringa,
tras “k”, “w” e “y” não eram consideradas integrantes do
Umedecer.
alfabeto (agora são). Essas letras são usadas em unidades
de medida, nomes próprios, palavras estrangeiras e ou- Emprega-se a letra I:
tras palavras em geral. Exemplos: km, kg, watt, playground, - Na sílaba final de formas dos verbos terminados em
William, Kafka, kafkiano. –air/–oer /–uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui, retribui,
Vogais: a, e, i, o, u. sai, etc.
Consoantes: b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,y,z. - Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra):
Alfabeto: a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z. antiaéreo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc.
- Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, arti-
Emprego da letra H fício, artimanha, camoniano, Casimiro, chefiar, cimento,
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor crânio, criar, criador, criação, crioulo, digladiar, displicente,
fonético; conservou-se apenas como símbolo, por força erisipela, escárnio, feminino, Filipe, frontispício, Ifigênia, in-
da etimologia e da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, clinar, incinerar, inigualável, invólucro, lajiano, lampião, pá-
hoje, porque esta palavra vem do latim hodie. tio, penicilina, pontiagudo, privilégio, requisito, Sicília (ilha),
silvícola, siri, terebintina, Tibiriçá, Virgílio.
Emprega-se o H:
- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hér- Grafam-se com a letra O: abolir, banto, boate, bo-
nia, hesitar, haurir, etc. lacha, boletim, botequim, bússola, chover, cobiça, concor-
- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: rência, costume, engolir, goela, mágoa, mocambo, moela,
chave, boliche, telha, flecha companhia, etc. moleque, mosquito, névoa, nódoa, óbolo, ocorrência, re-
- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, botalho, Romênia, tribo.
hum!, etc.
- Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, har- Grafam-se com a letra U: bulir, burburinho, camun-
monia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério, heliporto, dongo, chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume, cutucar, en-
hematoma, hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipo- tupir, íngua, jabuti, jabuticaba, lóbulo, Manuel, mutuca, re-
crisia, homenagear, hera, húmus; buliço, tábua, tabuada, tonitruante, trégua, urtiga.
- Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha,
baião, baianada, etc. Parônimos: Registramos alguns parônimos que se di-
ferenciam pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/ e /u/. Fixe-
mos a grafia e o significado dos seguintes:

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LÍNGUA PORTUGUESA

área = superfície Escrevem-se com J:


ária = melodia, cantiga - Palavras derivadas de outras terminadas em –já: laran-
arrear = pôr arreios, enfeitar ja (laranjeira), loja (lojista, lojeca), granja (granjeiro, granjen-
arriar = abaixar, pôr no chão, cair se), gorja (gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja
comprido = longo (sarjeta), cereja (cerejeira).
cumprido = particípio de cumprir - Todas as formas da conjugação dos verbos terminados
comprimento = extensão em –jar ou –jear: arranjar (arranje), despejar (despejei), gor-
cumprimento = saudação, ato de cumprir jear (gorjeia), viajar (viajei, viajem) – (viagem é substantivo).
costear = navegar ou passar junto à costa - Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j:
custear = pagar as custas, financiar laje (lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso, enjeitar, projeção,
deferir = conceder, atender rejeitar, sujeito, trajeto, trejeito).
diferir = ser diferente, divergir - Palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-
delatar = denunciar guarani) ou africana: canjerê, canjica, jenipapo, jequitibá, je-
dilatar = distender, aumentar rimum, jiboia, jiló, jirau, pajé, etc.
descrição = ato de descrever - As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajes-
discrição = qualidade de quem é discreto te, cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias, Jericó, Jerônimo,
emergir = vir à tona jérsei, jiu-jitsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjeri-
imergir = mergulhar cão, ojeriza, pegajento, rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje,
emigrar = sair do país varejista.
imigrar = entrar num país estranho - Atenção: Moji palavra de origem indígena, deve ser
emigrante = que ou quem emigra escrita com J. Por tradição algumas cidades de São Paulo
imigrante = que ou quem imigra adotam a grafia com G, como as cidades de Mogi das Cruzes
eminente = elevado, ilustre e Mogi Mirim.
iminente = que ameaça acontecer
recrear = divertir Representação do fonema /S/
recriar = criar novamente O fonema /s/, conforme o caso, representa-se por:
- C, Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, ci-
soar = emitir som, ecoar, repercutir
mento, dança, dançar, contorção, exceção, endereço, Iguaçu,
suar = expelir suor pelos poros, transpirar
maçarico, maçaroca, maço, maciço, miçanga, muçulmano,
sortir = abastecer
muçurana, paçoca, pança, pinça, Suíça, suíço, vicissitude.
surtir = produzir (efeito ou resultado)
- S: ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado,
sortido = abastecido, bem provido, variado
descansar, descanso, diversão, excursão, farsa, ganso, hor-
surtido = produzido, causado
tênsia, pretensão, pretensioso, propensão, remorso, sebo,
vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
tenso, utensílio.
vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida
- SS: acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar,
de vadio carrossel, cassino, concessão, discussão, escassez, escasso,
essencial, expressão, fracasso, impressão, massa, massagista,
Emprego das letras G e J missão, necessário, obsessão, opressão, pêssego, procissão,
Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. profissão, profissional, ressurreição, sessenta, sossegar, sos-
Grafa-se este ou aquele signo não de modo arbitrário, mas sego, submissão, sucessivo.
de acordo com a origem da palavra. Exemplos: gesso (do - SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência,
grego gypsos), jeito (do latim jactu) e jipe (do inglês jeep). consciente, crescer, cresço, descer, desço, desça, disciplina,
discípulo, discernir, fascinar, florescer, imprescindível, néscio,
Escrevem-se com G: oscilar, piscina, ressuscitar, seiscentos, suscetível, suscetibili-
- Os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: dade, suscitar, víscera.
garagem, massagem, viagem, origem, vertigem, ferrugem, - X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, proxi-
lanugem. Exceção: pajem midade, trouxe, trouxer, trouxeram, etc.
- As palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, - XC: exceção, excedente, exceder, excelência, excelente,
-ógio, -úgio: contágio, estágio, egrégio, prodígio, reló- excelso, excêntrico, excepcional, excesso, excessivo, exceto,
gio, refúgio. excitar, etc.
- Palavras derivadas de outras que se grafam com g:
massagista (de massagem), vertiginoso (de vertigem), fer- Homônimos
ruginoso (de ferrugem), engessar (de gesso), faringite (de
faringe), selvageria (de selvagem), etc. acento = inflexão da voz, sinal gráfico
- Os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, assento = lugar para sentar-se
auge, estrangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete, ginete, gíria, acético = referente ao ácido acético (vinagre)
giz, hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, su- ascético = referente ao ascetismo, místico
gestão, tangerina, tigela. cesta = utensílio de vime ou outro material
sexta = ordinal referente a seis

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LÍNGUA PORTUGUESA

círio = grande vela de cera - O sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos
sírio = natural da Síria derivados de adjetivos: aridez (de árido), acidez (de ácido),
cismo = pensão rapidez (de rápido), estupidez (de estúpido), mudez (de
sismo = terremoto mudo) avidez (de ávido) palidez (de pálido) lucidez (de lú-
empoçar = formar poça cido), etc.
empossar = dar posse a
incipiente = principiante Sufixo –ESA e –EZA
insipiente = ignorante Usa-se –esa (com s):
intercessão = ato de interceder - Nos seguintes substantivos cognatos de verbos ter-
interseção = ponto em que duas linhas se cruzam minados em –ender: defesa (defender), presa (prender),
ruço = pardacento despesa (despender), represa (prender), empresa (em-
russo = natural da Rússia preender), surpresa (surpreender), etc.
- Nos substantivos femininos designativos de títu-
Emprego de S com valor de Z los nobiliárquicos: baronesa, dogesa, duquesa, marquesa,
- Adjetivos com os sufixos –oso, -osa: gostoso, gostosa, princesa, consulesa, prioresa, etc.
gracioso, graciosa, teimoso, teimosa, etc. - Nas formas femininas dos adjetivos terminados em
- Adjetivos pátrios com os sufixos –ês, -esa: português, –ês: burguesa (de burguês), francesa (de francês), campo-
portuguesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa, etc. nesa (de camponês), milanesa (de milanês), holandesa (de
- Substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino holandês), etc.
–esa: burguês, burguesa, burgueses, camponês, campone- - Nas seguintes palavras femininas: framboesa, inde-
sa, camponeses, freguês, freguesa, fregueses, etc. fesa, lesa, mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, toesa, tur-
- Verbos derivados de palavras cujo radical termina em quesa, etc.
–s: analisar (de análise), apresar (de presa), atrasar (de atrás), Usa-se –eza (com z):
extasiar (de êxtase), extravasar (de vaso), alisar (de liso), etc. - Nos substantivos femininos abstratos derivados de
- Formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: adjetivos e denotado qualidades, estado, condição: beleza
pus, pusemos, compôs, impuser, quis, quiseram, etc. (de belo), franqueza (de franco), pobreza (de pobre), leveza
- Os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Bal- (de leve), etc.
tasar, Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel, Isaura, Luís,
Verbos terminados em –ISAR e -IZAR
Luísa, Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás,
Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes
Valdês.
correspondentes termina em –s. Se o radical não terminar
- Os seguintes vocábulos e seus cognatos: aliás, anis,
em –s, grafa-se –izar (com z): avisar (aviso + ar), analisar
arnês, ás, ases, através, avisar, besouro, colisão, convés,
(análise + ar), alisar (a + liso + ar), bisar (bis + ar), catalisar
cortês, cortesia, defesa, despesa, empresa, esplêndido, es-
(catálise + ar), improvisar (improviso + ar), paralisar (parali-
pontâneo, evasiva, fase, frase, freguesia, fusível, gás, Goiás, sia + ar), pesquisar (pesquisa + ar), pisar, repisar (piso + ar),
groselha, heresia, hesitar, manganês, mês, mesada, obsé- frisar (friso + ar), grisar (gris + ar), anarquizar (anarquia +
quio, obus, paisagem, país, paraíso, pêsames, pesquisa, pre- izar), civilizar (civil + izar), canalizar (canal + izar), amenizar
sa, presépio, presídio, querosene, raposa, represa, requisito, (ameno + izar), colonizar (colono + izar), vulgarizar (vulgar
rês, reses, retrós, revés, surpresa, tesoura, tesouro, três, usi- + izar), motorizar (motor + izar), escravizar (escravo + izar),
na, vasilha, vaselina, vigésimo, visita. cicatrizar (cicatriz + izar), deslizar (deslize + izar), matizar
Emprego da letra Z (matiz + izar).
- Os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita:
cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita, etc. Emprego do X
- Os derivados de palavras cujo radical termina em –z: - Esta letra representa os seguintes fonemas:
cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar (de vazio), etc. Ch – xarope, enxofre, vexame, etc.
- Os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cog- CS – sexo, látex, léxico, tóxico, etc.
natas: fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização, etc. Z – exame, exílio, êxodo, etc.
- Substantivos abstratos em –eza, derivados de adje- SS – auxílio, máximo, próximo, etc.
tivos e denotando qualidade física ou moral: pobreza (de S – sexto, texto, expectativa, extensão, etc.
pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio), etc.
- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, - Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção,
amizade, aprazível, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, exceder, excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar,
ojeriza, prezar, prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez. inexcedível, etc.
- Grafam-se com x e não com s: expectativa, experien-
Sufixo –ÊS e –EZ te, expiar, expirar, expoente, êxtase, extasiado, extrair, fênix,
- O sufixo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes texto, etc.
substantivos) derivados de substantivos concretos: montês - Escreve-se x e não ch: Em geral, depois de ditongo:
(de monte), cortês (de corte), burguês (de burgo), monta- caixa, baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc.
nhês (de montanha), francês (de França), chinês (de China), Excetuam-se caucho e os derivados cauchal, recauchutar
etc. e recauchutagem. Geralmente, depois da sílaba inicial en-:

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LÍNGUA PORTUGUESA

enxada, enxame, enxamear, enxaguar, enxaqueca, enxer- Emprego das iniciais maiúsculas
gar, enxerto, enxoval, enxugar, enxurrada, enxuto, etc. Ex- - A primeira palavra de período ou citação. Diz um pro-
cepcionalmente, grafam-se com ch: encharcar (de charco), vérbio árabe: “A agulha veste os outros e vive nua”. No início
encher e seus derivados (enchente, preencher), enchova, dos versos que não abrem período é facultativo o uso da
enchumaçar (de chumaço), enfim, toda vez que se trata letra maiúscula.
do prefixo en- + palavra iniciada por ch. Em vocábulos de - Substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topô-
origem indígena ou africana: abacaxi, xavante, caxambu, nimos, nomes sagrados, mitológicos, astronômicos): José,
caxinguelê, orixá, maxixe, etc. Nas seguintes palavras: be- Tiradentes, Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santís-
xiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, sima, Tupã, Minerva, Via-Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
mexerico, puxar, rixa, oxalá, praxe, vexame, xarope, xaxim, - Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes,
xícara, xale, xingar, xampu. festas religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da In-
dependência do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.
Emprego do dígrafo CH - Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente
Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábu- da República, etc.
los: bucha, charque, charrua, chavena, chimarrão, chuchu, - Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igre-
cochilo, fachada, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, ja, Nação, Estado, Pátria, União, República, etc.
tocha. - Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos,
agremiações, órgãos públicos, etc: Rua do Ouvidor, Praça da
Homônimos Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco do Brasil, Teatro
Municipal, Colégio Santista, etc.
Bucho = estômago - Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísti-
Buxo = espécie de arbusto cas, literárias e científicas, títulos de jornais e revistas: Me-
Cocha = recipiente de madeira dicina, Arquitetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário Geo-
Coxa = capenga, manco gráfico Brasileiro, Correio da Manhã, Manchete, etc.
Tacha = mancha, defeito; pequeno prego; prego de - Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presi-
cabeça larga e chata, caldeira. dente, Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc.
Taxa = imposto, preço de serviço público, conta, tarifa - Nomes dos pontos cardeais, quando designam re-
Chá = planta da família das teáceas; infusão de folhas giões: Os povos do Oriente, o falar do Norte. Mas: Corri o
do chá ou de outras plantas país de norte a sul. O Sol nasce a leste.
Xá = título do soberano da Pérsia (atual Irã) - Nomes comuns, quando personificados ou individua-
Cheque = ordem de pagamento dos: o Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.
Xeque = no jogo de xadrez, lance em que o rei é ata-
cado por uma peça adversária Emprego das iniciais minúsculas
- Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, no-
Consoantes dobradas mes gentílicos, nomes próprios tornados comuns: maia, ba-
- Nas palavras portuguesas só se duplicam as con- canais, carnaval, ingleses, ave-maria, um havana, etc.
soantes C, R, S. - Os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quan-
- Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoan- do empregados em sentido geral: São Pedro foi o primeiro
tes soam distintamente: convicção, occipital, cocção, fric- papa. Todos amam sua pátria.
ção, friccionar, facção, sucção, etc. - Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográ-
- Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, inter- ficos: o rio Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Ne-
vocálicos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante, blina, etc.
respectivamente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quan- - Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de ci-
do a um elemento de composição terminado em vogal tação direta: “Qual deles: o hortelão ou o advogado?”; “Che-
seguir, sem interposição do hífen, palavra começada com gam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso,
/r/ ou /s/: arroxeado, correlação, pressupor, bissemanal, mirra”.
girassol, minissaia, etc. - No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a,
CÊ - cedilha com, de, em, sem, grafam-se com inicial minúscula.
É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a
ter som de /S/: almaço, ameaça, cobiça, doença, eleição, Algumas palavras ou expressões costumam apresentar
exceção, força, frustração, geringonça, justiça, lição, mi- dificuldades colocando em maus lençóis quem pretende fa-
çanga, preguiça, raça. lar ou redigir português culto. Esta é uma oportunidade para
Nos substantivos derivados dos verbos: ter e torcer e você aperfeiçoar seu desempenho. Preste atenção e tente
seus derivados: ater, atenção; abster, abstenção; reter, re- incorporar tais palavras certas em situações apropriadas.
tenção; torcer, torção; contorcer, contorção; distorcer, dis- A anos: a indica tempo futuro: Daqui a um ano iremos
torção. à Europa.
O Ç só é usado antes de A,O,U. Há anos: há indica tempo passado: não o vejo há meses.

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LÍNGUA PORTUGUESA

“Procure o seu caminho À toa: é uma locução adverbial de modo, equivale a


Eu aprendi a andar sozinho (inutilmente, sem razão): Andava à toa pela rua.
Isto foi há muito tempo atrás À toa: é um adjetivo (refere-se a um substantivo), equi-
Mas ainda sei como se faz vale a (inútil, desprezível). Foi uma atitude à toa e precipita-
Minhas mãos estão cansadas da. (até 01/01/2009 era grafada: à-toa)
Não tenho mais onde me agarrar.”
(gravação: Nenhum de Nós) Baixar: os preços quando não há objeto direto; os pre-
ços funcionam como sujeito: Baixaram os preços (sujeito)
Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há nos supermercados. Vamos comemorar, pessoal!
necessidade de usar atrás, isto é um pleonasmo. Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os
postos (sujeito) de combustível abaixaram os preços (ob-
Acerca de: equivale a (a respeito de): Falávamos acerca jeto direto) da gasolina.
de uma solução melhor.
Há cerca de: equivale a (faz tempo). Há cerca de dias Bebedor: é a pessoa que bebe: Tornei-me um grande
resolvemos este caso. bebedor de vinho.
Bebedouro: é o aparelho que fornece água. Este be-
Ao encontro de: equivale (estar a favor de): Sua atitude
bedouro está funcionando bem.
vai ao encontro da verdade.
De encontro a: equivale a (oposição, choque): Minhas
Bem Vindo: é um adjetivo composto: Você é sempre
opiniões vão de encontro às suas.
bem vindo aqui, jovem.
Benvindo: é nome próprio: Benvindo é meu colega
A fim de: locução prepositiva que indica (finalidade): de classe.
Vou a fim de visitá-la.
Afim: é um adjetivo e equivale a (igual, semelhante): Boêmia/Boemia: são formas variantes (usadas nor-
Somos almas afins. malmente): Vivia na boêmia/boemia.

Ao invés de: equivale (ao contrário de): Ao invés de Botijão/Bujão de gás: ambas formas corretas: Com-
falar começou a chorar (oposição). prei um botijão/bujão de gás.
Em vez de: equivale a (no lugar de): Em vez de acom-
panhar-me, ficou só.´ Câmara: equivale ao local de trabalho onde se reúnem
Faça você a sua parte, ao invés de ficar me cobrando! os vereadores, deputados: Ficaram todos reunidos na Câ-
Quantas vezes usamos “ao invés de” quando queremos mara Municipal.
dizer “no lugar de”! Câmera: aparelho que fotografa, tira fotos: Comprei
Contudo, esse emprego é equivocado, uma vez que uma câmera japonesa.
“invés” significa “contrário”, “inverso”. Não que seja absur-
damente errado escrever “ao invés de” em frases que ex- Champanha/Champanhe (do francês): O champa-
pressam sentido de “em lugar de”, mas é preferível optar nha/champanhe está bem gelado.
por “em vez de”.
Observe: Em vez de conversar, preferiu gritar para a es- Cessão: equivale ao ato de doar, doação: Foi confirma-
cola inteira ouvir! (em lugar de) Ele pediu que fosse embora da a cessão do terreno.
ao invés de ficar e discutir o caso. (ao contrário de) Sessão: equivale ao intervalo de tempo de uma reu-
Use “ao invés de” quando quiser o significado de “ao nião: A sessão do filme durou duas horas.
contrário de”, “em oposição a”, “avesso”, “inverso”. Seção/Secção: repartição pública, departamento: Visi-
tei hoje a seção de esportes.
Use “em vez de” quando quiser um sentido de “no
lugar de” ou “em lugar de”. No entanto, pode assumir o
Demais: é advérbio de intensidade, equivale a muito,
significado de “ao invés de”, sem problemas. Porém, o que
aparece intensificando verbos, adjetivos ou o próprio ad-
ocorre é justamente o contrário, coloca-se “ao invés de”
vérbio. Vocês falam demais, caras!
onde não poderia. Demais: pode ser usado como substantivo, seguido de
artigo, equivale a os outros. Chamaram mais dez candida-
A par: equivale a (bem informado, ciente): Estamos a tos, os demais devem aguardar.
par das boas notícias. De mais: é locução prepositiva, opõe-se a de menos,
Ao par: indica relação (de igualdade ou equivalência refere-se sempre a um substantivo ou a um pronome: Não
entre valores financeiros – câmbio): O dólar e o euro estão vejo nada de mais em sua decisão.
ao par.
Dia a dia: é um substantivo, equivale a cotidiano, diário,
Aprender: tomar conhecimento de: O menino apren- que faz ou acontece todo dia. Meu dia a dia é cheio de
deu a lição. surpresas. (até 01/01/2009, era grafado dia a dia)
Apreender: prender: O fiscal apreendeu a carteirinha Dia a dia: é uma expressão adverbial, equivale a diaria-
do menino. mente. O álcool aumenta dia a dia. Pode isso?

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LÍNGUA PORTUGUESA

Descriminar: equivale a (inocentar, absolver de crime). Haja - do verbo haver - É preciso que não haja des-
O réu foi descriminado; pra sorte dele. cuido.
Discriminar: equivale a (diferençar, distinguir, separar). Aja - do verbo agir - Aja com cuidado, Carlinhos.
Era impossível discriminar os caracteres do documento.
Cumpre discriminar os verdadeiros dos falsos valores. /Os Houve: pretérito perfeito do verbo haver, 3ª pessoa
negros ainda são discriminados. do singular
Ouve: presente do indicativo do verbo ouvir, 3ª pes-
Descrição: ato de descrever: A descrição sobre o joga- soa do singular
dor foi perfeita.
Discrição: qualidade ou caráter de ser discreto, reserva- Levantar: é sinônimo de erguer: Ginês, meu estimado
do: Você foi muito discreto. cunhado, levantou sozinho a tampa do poço.
Levantar-se: pôr de pé: Luís e Diego levantaram-se
Entrega em domicílio: equivale a lugar: Fiz a entrega cedo e, dirigiram-se ao aeroporto.
em domicílio.
Entrega a domicílio com verbos de movimento: Enviou Mal: advérbio de modo, equivale a erradamente, é
as compras a domicílio. oposto de bem: Dormi mal. (bem). Equivale a nocivo, pre-
judicial, enfermidade; pode vir antecedido de artigo, adje-
As expressões “entrega em domicílio” e “entrega a do- tivo ou pronome: A comida fez mal para mim. Seu mal é
micílio” são muito recorrentes em restaurantes, na propa- crer em tudo. Conjunção subordinativa temporal, equivale
ganda televisa, no outdoor, no folder, no panfleto, no ca- a assim que, logo que: Mal chegou começou a chorar de-
tálogo, na fala. Convivem juntas sem problemas maiores sesperadamente.
porque são entendidas da mesma forma, com um mesmo Mau: adjetivo, equivale a ruim, oposto de bom; plu-
sentido. No entanto, quando falamos de gramática norma-
ral=maus; feminino=má. Você é um mau exemplo (bom).
tiva, temos que ter cuidado, pois “a domicílio” não é aceita.
Substantivo: Os maus nunca vencem.
Por quê? A regra estabelece que esta última locução adver-
bial deve ser usada nos casos de verbos que indicam mo-
Mas: conjunção adversativa (ideia contrária), equivale
vimento, como: levar, enviar, trazer, ir, conduzir, dirigir-se.
Portanto, “A loja entregou meu sofá a casa” não está a porém, contudo, entretanto: Telefonei-lhe mas ela não
correto. Já a locução adverbial “em domicílio” é usada atendeu.
com os verbos sem noção de movimento: entregar, dar, Mais: pronome ou advérbio de intensidade, opõe-se a
cortar, fazer. menos: Há mais flores perfumadas no campo.
A dúvida surge com o verbo “entregar”: não indicaria
movimento? De acordo com a gramática purista não, uma Nem um: equivale a nem um sequer, nem um único; a
vez que quem entrega, entrega algo em algum lugar. palavra um expressa quantidade: Nem um filho de Deus
Porém, há aqueles que afirmam que este verbo indica apareceu para ajudá-la.
sim movimento, pois quem entrega se desloca de um lugar Nenhum: pronome indefinido variável em gênero e nú-
para outro. mero; vem antes de um substantivo, é oposto de algum:
Contudo, obedecendo às normas gramaticais, deve- Nenhum jornal divulgou o resultado do concurso.
mos usar “entrega em domicílio”, nos atentando ao fato de
que a finalidade é que vale: a entrega será feita no (em+o) Obrigada: As mulheres devem dizer: muito obrigada,
domicílio de uma pessoa. eu mesma, eu própria.
Obrigado: Os homens devem dizer: muito obrigado,
Espectador: é aquele que vê, assiste: Os espectadores eu mesmo, eu próprio.
se fartaram da apresentação.
Expectador: é aquele que está na expectativa, que es- Onde: indica o (lugar em que se está); refere-se a ver-
pera alguma coisa: O expectador aguardava o momento bos que exprimem estado, permanência: Onde fica a far-
da chamada. mácia mais próxima?
Aonde: indica (ideia de movimento); equivale (para
Estada: permanência de pessoa (tempo em algum lu- onde) somente com verbo de movimento desde que indi-
gar): A estada dela aqui foi gratificante. que deslocamento, ou seja, a+onde. Aonde vão com tanta
Estadia: prazo concedido para carga e descarga de pressa?
navios ou veículos: A estadia do carro foi prolongada por
mais algumas semanas.
“Pode seguir a tua estrada
o teu brinquedo de estar
Fosforescente: adjetivo derivado de fósforo; que brilha
fantasiando um segredo
no escuro: Este material é fosforescente.
Fluorescente: adjetivo derivado de flúor, elemento o ponto aonde quer chegar...”
químico, refere-se a um determinado tipo de luminosida- (gravação: Barão Vermelho)
de: A luz branca do carro era fluorescente.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Por ora: equivale a (por este momento, por enquanto): 02. Passe as palavras para o diminutivo:
Por ora chega de trabalhar. - asa; japonês; pai; homem; adeus; português; só; anel;
Por hora: locução equivale a (cada sessenta minutos): - beleza; rosa; país; avô; arroz; princesa; café;
Você deve cobrar por hora. - flor; Oscar; rei; bom; casa; lápis; pé.

Por que: escreve se separado; quando ocorre: preposi- 03. Passe para o plural diminutivo: trem; pé; animal; só;
ção por+que - advérbio interrogativo (Por que você men- papel; jornal; mão; balão; automóvel; pai; cão; mercadoria;
tiu?); preposição por+que – pronome relativo pelo/a qual, farol; rua; chapéu; flor.
pelos/as quais (A cidade por que passamos é simpática e
acolhedora.) (=pela qual); preposição por+que – conjunção 04. Preencha as lacunas com as seguintes palavras: se-
subordinativa integrante; inicia oração subordinada subs- ção, sessão, cessão, comprimento, cumprimento, conserto,
tantiva (Não sei por que tomaram esta decisão. (=por que
concerto
motivo, razão)
a) O pequeno jornaleiro foi à.........do jornal.
Por quê: final de frase, antes de um ponto final, de in-
terrogação, de exclamação, reticências; o monossílabo que b) Na..........musical os pequenos cantores apresenta-
passa a ser tônico (forte), devendo, pois, ser acentuado: ram-se muito bem.
__O show foi cancelado mas ninguém sabe por quê. (final c) O........do jornaleiro é amável.
de frase); __Por quê? (isolado) d) O..... das roupas é feito pela mãe do garoto.
Porque: conjunção subordinativa causal: equivale a: e) O......do sapato custou muito caro.
pela causa, razão de que, pelo fato, motivo de que: Não fui f) Eu......meu amigo com amabilidade.
ao encontro porque estava acamado; conjunção subordi- g) A.......de cinema foi um sucesso.
nativa explicativa: equivale a: pois, já que, uma vez que, visto h) O vestido tem um.........bom.
que: “Mas a minha tristeza é sossego porque é natural e i) Os pequenos violinistas participaram de um........ .
justa.”; conjunção subordinativa final (verbo no subjuntivo,
equivale a para que): “Mas não julguemos, porque não ve- 05. Dê a palavra derivada acrescentando os sufixos ESA
nhamos a ser julgados.” ou EZA: Portugal; certo; limpo; bonito; pobre; magro; belo;
Porquê: funciona como substantivo; vem sempre gentil; duro; lindo; China; frio; duque; fraco; bravo; grande.
acompanhado de um artigo ou determinante: Não foi fácil
encontrar o porquê daquele corre-corre. 06. Forme substantivos dos adjetivos: honrado; rápido;
escasso; tímido; estúpido; pálido; ácido; surdo; lúcido; pe-
Senão: equivale a (caso contrário, a não ser): Não fazia
queno.
coisa nenhuma senão criticar.
Se não: equivale a (se por acaso não), em orações ad-
verbiais condicionais: Se não houver homens honestos, o 07. Use o H quando for necessário: alucinar; élice, umil-
país não sairá desta situação crítica. de, esitar, oje, humano, ora, onra, aver, ontem, êxito, ábil,
Tampouco: advérbio, equivale a (também não): Não arpa, irônico, orrível, árido, óspede, abitar.
compareceu, tampouco apresentou qualquer justificativa. 8. Complete as lacunas com as seguintes formas ver-
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos bais: Houve e Ouve.
tão pouco esta semana. a) O menino .....muitas recomendações de seu pai.
b) ........muita confusão na cabeça do pequeno.
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios c) A criança não.........a professora porque não a com-
Traz - do verbo trazer preende.
d) Na escola........festa do Dia do Índio.
Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui.
Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face 9. A letra X representa vários sons. Leia atentamente as
está vultuosa e deformada. palavras oralmente: trouxemos, exercícios, táxi, executarei,
exibir-se, oxigênio, exercer, proximidade, tóxico, extensão,
EXERCÍCIOS existir, experiência, êxito, sexo, auxílio, exame. Separe as
palavras em três seções, conforme o som do X.
01. Observe a ortografia correta das palavras: disente-
- Som de Z;
ria; programa; mortadela; mendigo; beneficente; caderne-
- Som de KS;
ta; problema.
- Som de S.
Empregue as palavras acima nas frases:
a) O......teve.....porque comeu......estragada. 10. Complete com X ou CH: en.....er; dei.....ar; ......eiro;
b) O superpai protegeu demais seu filho e este lhe fle......a; ei.....o; frou.....o; ma.....ucar; .....ocolate; en.....ada;
trouxe um.........: sua.......escolar indicou péssimo aproveita- en.....ergar; cai......a; .....iclete; fai......a; .....u......u; salsi......a;
mento. bai.......a; capri......o; me......erica; ria.......o; ......ingar; .......aleira;
c) A festa......teve um bom.......e, por isso, um bom apro- amei......a; ......eirosos; abaca.....i.
veitamento.

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LÍNGUA PORTUGUESA

11. Complete com MAL ou MAU: 17. Forme novas palavras usando ISAR ou IZAR: análise;
a) Disseram que Carlota passou......ontem. pesquisa; anarquia; canal; civilização; colônia; humano; sua-
b) Ele ficou de......humor após ter agido daquela forma. ve; revisão; real; nacional; final; oficial; monopólio; sintonia;
c) O time se considera......preparado para tal jogo. central; paralisia; aviso.
d) Carlota sofria de um..........curável.
e) O.......é se ter afeiçoado às coisas materiais. 18. Haja ou aja. Use haja ou aja para completar as ora-
f) Ele não é um........sujeito. ções:
g) Mas o.......não durou muito tempo. a) ........ com atenção para que não ........ muitos erros.
b) Talvez ......... greve; é preciso que........... cuidado e
12. Complete as frases com porque ou por que corre- atenção.
tamente: c) Desejamos que ........ fraternidade nessa escola.
a) ....... você está chateada? d) ...... com docilidade, meu filho!
b) Cuidar do animal é mais importante........ele fica lim-
pinho. 19. A palavra MENOS não deve ser modificada para o
c) .......... você não limpou o tapete? feminino. Complete as frases com a palavra MENOS:
d) Concordo com papai.............ele tem razão. a) Conheço todos os Estados brasileiros,.....a Bahia.
e) ..........precisamos cuidar dos animais de estimação.   b) Todos eram calmos,.........mamãe.
c) Quero levar.........sanduíches do que na semana pas-
13. Preencha as lacunas com: mas = porém; mais = in- sada.
dica quantidade; más = feminino de mau. d) Mamãe fazia doces e salgados........tortas grandes.
a) A mãe e o filho discutiram,.......não chegaram a um
acordo. 20. Use por que , por quê , porque e porquê:
b) Você quer.......razões para acreditar em seu pai? a) ..........ninguém ri agora?
c) Pessoas.........deveriam fazer reflexões para acredi- b) Eis........ ninguém ri.
tar...... na bondade do que no ódio. c) Eis os princípios ............luto.
d) Eu limpo,.........depois vou brincar. d) Ela não aprendeu, ...........?
e) O frio não prejudica .........o Tico. e) Aproximei-me .........todos queriam me ouvir.
f) Infelizmente Tico morreu, ........comprarei outro cão- f) Você está assustado, ..........?
zinho. g) Eis o motivo........errei.
g) Todas as atitudes ......devem ser perdoadas,.......jamais h) Creio que vou melhorar.......estudei muito.
ser repetidas, pois, quanto............se vive,.........se aprende. i) O....... é difícil de ser estudado.
j) ........ os índios estão revoltados?
14. Preencha as lacunas com: trás, atrás e traz. k) O caminho ........viemos era tortuoso.
a) ........... de casa havia um pinheiro.
b) A poluição.......consigo graves consequências. 21. Uso do S e Z. Complete as palavras com S ou Z.
c) Amarre-o por......... da árvore. A seguir, copie as palavras na forma correta: pou....ando;
d) Não vou....... de comentários bobos.. pre....ença; arte.....anato; escravi.....ar; nature.....a; va.....o;
pre.....idente; fa.....er; Bra.....il; civili....ação; pre....ente; atra....
15. Preencha as lacunas com: HÁ - indica tempo passa- ados; produ......irem; a....a; hori...onte; torrão....inho; fra....e;
do; A - tempo futuro e espaço. intru ....o; de....ejamos; po....itiva; podero....o; de...envolvido;
a) A loja fica ....... pouco quilômetros daqui. surpre ....a; va.....io; ca....o; coloni...ação.
b) .........instantes li sobre o Natal.
c) Eles não vão à loja porque ........ mais de dois dias a 22. Complete com X ou S e copie as palavras com
mercadoria acabou. atenção: e....trangeiro; e....tensão; e....tranho; e....tender; e....
d) .........três dias que todos se preparam para a festa do tenso; e....pontâneo; mi...to; te....te; e....gotar; e....terior; e....
Natal. ceção; e...plêndido; te....to; e....pulsar; e....clusivo.
e) Esse fato aconteceu ....... muito tempo. 23. Tão Pouco / Tampouco
f) Os alunos da escola dramatizarão a história do Natal
daqui ......oito dias. Complete as frases corretamente:
g) Ele estava......... três passos da casa de André. a) Eu tive ........oportunidades!
h) ........ dois quarteirões existe uma bela árvore de Natal. b) Tenho.......... alunos, que cabem todos naquela sali-
nha.
16. Atenção para as palavras: por cima; devagar; de- c) Ele não veio;.......virão seus amigos.
pressa; de repente; por isso. Agora, empregue-as nas frases: d) Eu tenho .........tempo para estudar.
a) ......... uma bola atingiu o cenário e o derrubou. e) Nunca tive gosto para dançar;......para tocar piano.
b) Bem...........o povo começou a se retirar. f) As pessoas que não amam,........são felizes.
c) O rei descobriu a verdade,..........ficou irritado. g) As pessoas têm.....atitudes de amizade.
d) Faça sua tarefa............, para podermos ir ao dentista. h) O governo daquele país não resolve seus proble-
e) ......... de sua vestimenta real, o rei usava um manto. mas,....... se preocupa em resolvê-los.

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LÍNGUA PORTUGUESA

RESPOSTAS 17. analisar; pesquisar; anarquizar; canalizar; civilizar;


colonizar; humanizar; suavizar; revisar; realizar; nacionali-
01. a) mendigo disenteria mortadela b) problema ca- zar; finalizar; oficializar; monopolizar; sintonizar; centralizar;
derneta c) beneficente programa paralisar; avisar.

02. 18. a) Aja haja b) haja haja c) haja d) Aja


- asinha; japonesinho; paizinho; homenzinho; adeusi-
nho; portuguesinho; sozinho; anelzinho; 19. a) menos b) menos c) menos d) menos
- belezinha; rosinha; paisinho; avozinho; arrozinho;
princesinha; cafezinho; 20. a) Por que b) por que c) por que d) por quê e) por-
- florzinha; Oscarzinho; reizinho; bonzinho; casinha; la- que f) por quê g) por que h) porque i) porquê j) Por que k)
pisinho; pezinho. por que

03. trenzinhos; pezinhos; animaizinhos; sozinhos; pa- 21. Pousando; Presença; Artesanato; Escravizar; Natu-
peizinhos; jornaizinhos; mãozinhas; balõezinhos; automo- reza; Vaso; Presidente; Fazer; Brasil; Civilização; Presente;
veizinhos; paizinhos; cãezinhos; mercadoriazinhas; faroizi- Atrasados; Produzirem; Asa; Horizonte; Torrãozinho; Frase;
nhos; ruazinhas; chapeuzinhos; florezinhas. Intruso; Desejamos; Positiva; Poderoso; Desenvolvido; Sur-
presa; Vazio; Caso; Colonização.
04. a) seção b) sessão c) cumprimento d) conserto e)
conserto f) cumprimento g) sessão h) comprimento i) con- 22. estrangeiro; extensão; estranho; estender; extenso;
certo. Espontâneo; Misto; Teste; Esgotar; Exterior; Exceção; Es-
plêndido; Texto; Expulsar; Exclusivo.
05. portuguesa; certeza; limpeza; boniteza; pobreza;
magreza; beleza; gentileza; dureza; lindeza; Chinesa; frieza; 23. a) tão poucas b) tão poucos c) tampouco d) tão
duquesa; fraqueza; braveza; grandeza. pouco e) tampouco f) tampouco g) tão poucas h) tampouco

06. honradez; rapidez; escassez; timidez; estupidez; pa-


lidez; acidez; surdez; lucidez; pequenez. 4. ACENTUAÇÃO GRÁFICA.

07. alucinar, ontem, hélice, êxito, humilde, hábil, hesi-


tar, harpa, hoje, irônico, humano, horrível, hora, árido, hon-
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
ra, hóspede, haver, habitar.
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as re-
08. a) ouve b) Houve c) ouve d) houve
gras estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se com-
põe de algumas particularidades, às quais devemos estar
09. atentos, procurando estabelecer uma relação de familia-
Som de Z: exercícios, executarei, exibir-se, exercer, ridade e, consequentemente, colocando-as em prática na
existir, êxito e exame. linguagem escrita.
Som de KS: táxi, oxigênio, tóxico e sexo. À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a
Som de S: trouxemos, proximidade, extensão, expe- prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas
riência e auxílio. competências, e logo nos adequamos à forma padrão.
10. encher, deixar, cheiro, flecha, eixo, frouxo, machu- Regras básicas – Acentuação tônica
car, chocolate, enxada, enxergar, caixa, chiclete, faixa, chu-
chu, salsicha, baixa, capricho, mexerica, riacho, xingar, cha- A acentuação tônica implica na intensidade com que
leira, ameixa, cheirosos, abacaxi. são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá
de forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica.
11. a) mal b) mau c) mal d) mal e) mau f) mau g) mal As demais, como são pronunciadas com menos intensida-
12. a) Por que b) porque c) Por que d) porque e) Porque de, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
13. a) mas b) más mais c) más d) mas e) mais f) mas g) das como:
más mas mais mais Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
última sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel
14. a) Atrás b) traz c) trás d) atrás Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai
na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato
15. a) a b) Há c) há d) Há e) há f) a g) a h) A – passível
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica
16. a) De repente b) devagar c) por isso d) depressa e) está na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tím-
Por cima pano – médico – ônibus

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LÍNGUA PORTUGUESA

Como podemos observar, os vocábulos possuem mais Regras especiais:


de uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com
uma sílaba somente: são os chamados monossílabos que, Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
quando pronunciados, apresentam certa diferenciação quan- abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
to à intensidade. de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
Tal diferenciação só é percebida quando os pronuncia- palavras paroxítonas.
mos em uma dada sequência de palavras. Assim como po-
demos observar no exemplo a seguir: * Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma
palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
“Sei que não vai dar em nada, acentuados. Ex.: herói, céu, dói, escarcéu.
Seus segredos sei de cor”.
Antes Agora
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os demais,
como átonos (que, em, de). assembléia assembleia
idéia ideia
Os acentos geléia geleia
jibóia jiboia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», «u» e apóia (verbo apoiar) apoia
sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras represen- paranóico paranoico
tam as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público,
parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acom-
timbre aberto.Ex.: herói – médico – céu (ditongos abertos) panhados ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca
– baú – país – Luís
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e”
e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.: tâmara Observação importante:
– Atlântico – pêssego – supôs Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com hiato quando vierem depois de ditongo: Ex.:
artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles Antes Agora
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmente bocaiúva bocaiuva
abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em pala-
feiúra feiura
vras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleria-
Sauípe Sauipe
no (de Müller)
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais
nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
abolido. Ex.:
Regras fundamentais: Antes Agora
crêem creem
Palavras oxítonas: lêem leem
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, vôo voo
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) enjôo enjoo
– armazém(s)
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos: - Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, segui- que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais
dos ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há acento como antes: CRER, DAR, LER e VER.
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se-
guidas de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo Repare:
1-) O menino crê em você
Paroxítonas: Os meninos creem em você.
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
2-) Elza lê bem!
- i, is : táxi – lápis – júri
Todas leem bem!
- us, um, uns : vírus – álbuns – fórum
- l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax – fór- 3-) Espero que ele dê o recado à sala.
ceps Esperamos que os garotos deem o recado!
- ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos 4-) Rubens vê tudo!
-- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Eles veem tudo!
Repare que essa palavra apresenta as terminações das pa-
roxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM = * Cuidado! Há o verbo vir:
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização! Ele vem à tarde!
-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não Eles vêm à tarde!
de “s”: água – pônei – mágoa – jóquei

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LÍNGUA PORTUGUESA

Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan- 02. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru-im, LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz Assinale a alternativa com as palavras acentuadas segundo
as regras de acentuação, respectivamente, de intercâmbio
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estive- e antropológico.
rem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. (A) Distúrbio e acórdão.
(B) Máquina e jiló.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem (C) Alvará e Vândalo.
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba (D) Consciência e características.
(E) Órgão e órfãs.
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz,
com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou 03. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE –
“i” não serão mais acentuadas. Ex.: TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) As pa-
lavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são acentuadas de
Antes Depois acordo com a mesma regra de acentuação gráfica.
apazigúe (apaziguar) apazigue ( ) CERTO ( ) ERRADO
averigúe (averiguar) averigue
argúi (arguir) argui 04. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GE-
RAIS – OFICIAL JUDICIÁRIO – FUNDEP/2010) Assinale a
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do afirmativa em que se aplica a mesma regra de acentuação.
plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir) A) tevê – pôde – vê
B) únicas – histórias – saudáveis
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, C) indivíduo – séria – noticiários
reter, deter, abster. D) diário – máximo – satélite
ele contém – eles contêm
ele obtém – eles obtêm 05. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
ele retém – eles retêm PE/2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego
ele convém – eles convêm
do acento gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
(...) CERTO ( ) ERRADO
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes
eram acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes
06. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
(regra do acento diferencial). Apenas em algumas exceções,
PE/2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência”
como:
recebem acento gráfico com base na mesma regra de
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pre-
acentuação gráfica.
térito perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo
acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa do (...) CERTO ( ) ERRADO
singular do presente do indicativo). Ex:
Ela pode fazer isso agora. 07. (BACEN – TÉCNICO DO BANCO CENTRAL – CES-
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou... GRANRIO/2010) As palavras que se acentuam pelas mes-
mas regras de “conferência”, “razoável”, “países” e “será”,
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da respectivamente, são
preposição por. a) trajetória, inútil, café e baú.
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colo- b) exercício, balaústre, níveis e sofá.
car”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; c) necessário, túnel, infindáveis e só.
nos outros casos, “por” preposição. Ex: d) médio, nível, raízes e você.
Faço isso por você. e) éter, hífen, propôs e saída.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
08. (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) São acentua-
Questões sobre Acentuação Gráfica dos graficamente de acordo com a mesma regra de acen-
tuação gráfica os vocábulos
01. (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA – VU- A) também e coincidência.
NESP/2010) Assinale a alternativa em que as palavras são B) quilômetros e tivéssemos.
acentuadas graficamente pelos mesmos motivos que justifi- C) jogá-la e incrível.
cam, respectivamente, as acentuações de: década, relógios, D) Escócia e nós.
suíços. E) correspondência e três.
(A) flexíveis, cartório, tênis.
(B) inferência, provável, saída. 09. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2012)
(C) óbvio, após, países. As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo
(D) islâmico, cenário, propôs. com a mesma regra de acentuação gráfica.
(E) república, empresária, graúda. (...) CERTO ( ) ERRADO

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LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO 5-) Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxíto-


na. Ambas são acentuadas pela mesma regra (antepenúlti-
01. E 02. D 03. E 04. C 05. E ma sílaba é tônica, “mais forte”).
06. C 07. D 08. B 09. E RESPOSTA: “ERRADO”.

RESOLUÇÃO 6-) Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária


= paroxítona terminada em ditongo; paciência = paroxítona
1-) Década = proparoxítona / relógios = paroxítona ter- terminada em ditongo. Os três vocábulos são acentuados
minada em ditongo / suíços = regra do hiato devido à mesma regra.
(A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em di- RESPOSTA: “CERTO”.
tongo / tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida de “s”)
(B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / pro- 7-) Vamos classificar as palavras do enunciado:
vável = paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato 1-) Conferência = paroxítona terminada em ditongo
(C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após = 2-) razoável = paroxítona terminada em “l’
oxítona terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato 3-) países = regra do hiato
(D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona ter- 4-) será = oxítona terminada em “a”
minada em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o”
+ “s” a) trajetória, inútil, café e baú.
(E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona Trajetória = paroxítona terminada em ditongo; inútil =
terminada em ditongo / graúda = regra do hiato paroxítona terminada em “l’; café = oxítona terminada em
“e”
2-) Para que saibamos qual alternativa assinalar, primeiro b) exercício, balaústre, níveis e sofá.
temos que classificar as palavras do enunciado quanto à po- Exercício = paroxítona terminada em ditongo; balaústre
sição de sua sílaba tônica: = regra do hiato; níveis = paroxítona terminada em “i + s”;
Intercâmbio = paroxítona terminada em ditongo; Antro- sofá = oxítona terminada em “a”.
pológico = proparoxítona (todas são acentuadas). Agora, c) necessário, túnel, infindáveis e só.
vamos à análise dos itens apresentados: Necessário = paroxítona terminada em ditongo; túnel =
(A) Distúrbio = paroxítona terminada em ditongo; acór- paroxítona terminada em “l’; infindáveis = paroxítona termi-
dão = paroxítona terminada em “ão” nada em “i + s”; só = monossílaba terminada em “o”.
(B) Máquina = proparoxítona; jiló = oxítona terminada d) médio, nível, raízes e você.
em “o” Médio = paroxítona terminada em ditongo; nível = pa-
(C) Alvará = oxítona terminada em “a”; Vândalo = pro- roxítona terminada em “l’; raízes = regra do hiato; será =
paroxítona oxítona terminada em “a”.
(D) Consciência = paroxítona terminada em ditongo; ca- e) éter, hífen, propôs e saída.
racterísticas = proparoxítona Éter = paroxítona terminada em “r”; hífen = paroxítona
(E) Órgão e órfãs = ambas: paroxítona terminada em “ão” terminada em “n”; propôs = oxítona terminada em “o + s”;
e “ã”, respectivamente. saída = regra do hiato.

3-) “Conteúdo” é acentuada seguindo a regra do hiato; 8-)


calúnia = paroxítona terminada em ditongo; injúria = paro- A) também e coincidência.
xítona terminada em ditongo. Também = oxítona terminada em “e + m”; coincidência =
RESPOSTA: “ERRADO”. paroxítona terminada em ditongo
B) quilômetros e tivéssemos.
4-) Quilômetros = proparoxítona; tivéssemos = proparoxí-
A) tevê – pôde – vê tona
Tevê = oxítona terminada em “e”; pôde (pretérito perfei- C) jogá-la e incrível.
to do Indicativo) = acento diferencial (que ainda prevalece Oxítona terminada em “a”; incrível = paroxítona termi-
após o Novo Acordo Ortográfico) para diferenciar de “pode” nada em “l’
– presente do Indicativo; vê = monossílaba terminada em “e” D) Escócia e nós.
B) únicas – histórias – saudáveis Escócia = paroxítona terminada em ditongo; nós = mo-
Únicas = proparoxítona; história = paroxítona terminada nossílaba terminada em “o + s”
em ditongo; saudáveis = paroxítona terminada em ditongo. E) correspondência e três.
C) indivíduo – séria – noticiários Correspondência = paroxítona terminada em ditongo;
Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; séria = três = monossílaba terminada em “e + s”
paroxítona terminada em ditongo; noticiários = paroxítona
terminada em ditongo. 9-) Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monos-
D) diário – máximo – satélite sílaba terminada em “o”; céu = monossílaba terminada em
ditongo aberto “éu”.
Diário = paroxítona terminada em ditongo; máximo =
RESPOSTA: “ERRADO”.
proparoxítona; satélite = proparoxítona.

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LÍNGUA PORTUGUESA

casario – de casas; código – de leis; colmeia – de abelhas;


5. EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS. concílio – de bispos em assembleia; conclave – de cardeais;
confraria – de religiosos; constelação – de estrelas; cordi-
lheira – de montanhas; cortejo – acompanhantes em comi-
tiva; discoteca – de discos; elenco – de atores; enxoval – de
SUBSTANTIVO roupas; fato – de cabras; fornada – de pães; galeria – de
quadros; hemeroteca – de jornais, revistas; horda – de inva-
Substantivo é a palavra que dá nomes aos seres. Inclui sores; iconoteca – de imagens; irmandade – de religiosos;
os nomes de pessoas, de lugares, coisas, entes de nature- mapoteca – de mapas; milênio – de mil anos; miríade – de
za espiritual ou mitológica: vegetação, sereia, cidade, anjo, muitas estrelas, insetos; nuvem – de gafanhotos; panapaná
árvore, passarinho, abraço, quadro, universidade, saudade, – de borboletas em bando; penca – de frutas; pinacoteca
amor, respeito, criança. – de quadros; piquete – de grevistas; plêiade – de pessoas
Os substantivos exercem, na frase, as funções de: su- notáveis, sábios; prole – de filhos; quarentena – quarenta
jeito, predicativo do sujeito, objeto direto, objeto indireto, dias; quinquênio – cinco anos; renque – de árvores, pes-
complemento nominal, adjunto adverbial, agente da passi- soas, coisas; repertório – de peças teatrais, música; resma
va, aposto e vocativo. – de quinhentas folhas de papel; século – de cem anos; sex-
Os substantivos classificam-se em: tilha – de seis versos; súcia – de malandros, patifes; terceto
- Comuns: nomeiam os seres da mesma espécie: meni- – de três pessoas, três versos; tríduo – período de três dias;
na, piano, estrela, rio, animal, árvore. triênio – período de três anos; tropilhas – de trabalhadores,
- Próprios: referem-se a um ser em particular: Brasil, alunos; vara – de porcos; videoteca – de videocassetes; xi-
América do Norte, Deus, Paulo, Lucélia. loteca – de amostras de tipos de madeiras.
- Concretos: são aqueles que têm existência própria;
são independentes; reais ou imaginários: mãe, mar, água, Reflexão do Substantivo
anjo, mulher, alma, Deus, vento, DVD, fada, criança, saci.
- Abstrato: são os que não têm existência própria; de- “Na feira livre do arrabaldezinho
pende sempre de um ser para existir: é necessário alguém Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor
ser ou estar triste para a tristeza manifestar-se; é necessário __ O melhor divertimento para crianças!
alguém beijar ou abraçar para que ocorra um beijo ou um Em redor dele há um ajuntamento de menininhos po-
abraço; designam qualidades, sentimentos, ações, estados bres,
dos seres: dor, doença, amor, fé, beijo, abraço, juventude, co- Fitando com olhos muito redondos os grandes
vardia, coragem, justiça. Os substantivos abstratos podem Balõezinhos muito redondos.”
ser concretizados dependendo do seu significado: Leva- (Manoel Bandeira)
mos a caça para a cabana. (caça = ato de caçar, substantivo
abstrato; a caça, neste caso, refere-se ao animal, portanto, Observe que o poema apresenta vários substantivos
concreto). e apresentam variações ou flexões de gênero (masculino/
- Simples: como o nome diz, são aqueles formados feminino), de número (plural/singular) e de grau (aumen-
por apenas um radical: chuva, tempo, sol, guarda, pão, raio, tativo/diminutivo).
água, ló, terra, flor, mar, raio, cabeça. Na língua portuguesa há dois gêneros: masculino e fe-
- Compostos: são os que são formados por mais de minino. A regra para a flexão do gênero é a troca de o por
dois radicais: guarda-chuva, girassol, água-de-colônia, pão a, ou o acréscimo da vogal a, no final da palavra: mestre,
de ló, para raio, sem-terra, mula sem cabeça. mestra.
- Primitivos: são os que não derivam de outras pala-
vras; vieram primeiro,deram origem a outras palavras: ferro, Formação do Feminino
Pedro, mês, queijo, chave, chuva, pão, trovão, casa.
- Derivados: são formados de outra palavra já existen- O feminino se realiza de três modos:
te; vieram depois: ferradura, pedreiro, mesada, requeijão, - Flexionando-se o substantivo masculino: filho, filha /
chaveiro, chuveiro, padeiro, trovoada, casarão, casebre. mestre, mestra / leão, leoa;
- Coletivos: os substantivos comuns que, mesmo no - Acrescentando-se ao masculino a desinência “a” ou
singular, designam um conjunto de seres de uma mesma um sufixo feminino: autor, autora / deus, deusa / cônsul,
espécie: bando, povo, frota, batalhão, biblioteca, constelação. consulesa / cantor, cantora / reitor, reitora.
Eis alguns substantivos coletivos: álbum – de fotogra- - Utilizando-se uma palavra feminina com radical di-
fias; alcateia – de lobos; antologia – de textos escolhidos; ferente: pai, mãe / homem, mulher / boi, vaca / carneiro,
arquipélago – ilhas; assembleia – pessoas, professores; ovelha / cavalo, égua.
atlas – cartas geográficas; banda – de músicos; bando – de
aves, de crianças; baixela – utensílios de mesa; banca – de Observe como são formados os femininos: parente,
examinadores; biblioteca – de livros; biênio – dois anos; bi- parenta / hóspede, hospeda / monge, monja / presidente,
mestre – dois meses; boiada – de bois; cacho – de uva; cá- presidenta / gigante, giganta / oficial, oficiala / peru, perua
fila – camelos; caravana – viajantes; cambada – de vadios, / cidadão, cidadã / aldeão, aldeã / ancião, anciã / guardião,
malvados; cancioneiro – de canções; cardume – de peixes; guardiã / charlatão, charlatã / escrivão, escrivã / papa, papi-

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LÍNGUA PORTUGUESA

sa / faisão, faisoa / hortelão, horteloa / ilhéu, ilhoa / mélro, Plural dos Substantivos
mélroa / folião, foliona / imperador, imperatriz / profeta,
profetisa / píton, pitonisa / abade, abadessa / czar, czarina Há várias maneiras de se formar o plural dos substan-
/ perdigão, perdiz / cão, cadela / pigmeu, pigmeia / ateu, tivos: Acrescentam-se:
ateia / hebreu, hebreia / réu, ré / cerzidor, cerzideira / frade,
freira / frei, sóror / rajá, rani / dom, dona / cavaleiro, dama - S – aos substantivos terminados em vogal ou diton-
/ zangão, abelha / go: povo, povos / feira, feiras / série, séries.
- S – aos substantivos terminados em N: líquen, lí-
Substantivos Uniformes quens / abdômen, abdomens / hífen, hífens. Também: lí-
quenes, abdômenes, hífenes.
Os substantivos uniformes apresentam uma única forma - ES – aos substantivos terminados em R, S, Z: cartaz,
para ambos os gêneros: dentista, vítima. Os substantivos cartazes / motor, motores / mês, meses. Alguns termina-
uniformes dividem-se em: dos em R mudam sua sílaba tônica, no plural: júnior, junio-
- Epicenos: designam certos animais e têm um só gê- res / caráter, caracteres / sênior, seniores.
nero, quer se refiram ao macho ou à fêmea. – jacaré macho - IS – aos substantivos terminados em al, el, ol, ul:
ou fêmea / a cobra macho ou fêmea / a formiga macho ou
jornal, jornais / sol, sóis / túnel, túneis / mel, meles, méis.
fêmea.
Exceções: mal, males / cônsul, cônsules / real, réis (antiga
- Comuns de dois gêneros: apenas uma forma e desig-
moeda portuguesa).
nam indivíduos dos dois sexos. São masculinos ou femini-
- ÃO – aos substantivos terminados em ão, acrescenta
nos. A indicação do sexo é feita com uso do artigo masculino
ou feminino: o, a intérprete / o, a colega / o, a médium / o, a S: cidadão, cidadãos / irmão, irmãos / mão, mãos.
personagem / o, a cliente / o, a fã / o, a motorista / o, a estu-
dante / o, a artista / o, a repórter / o, a manequim / o, a ge- Trocam-se:
rente / o, a imigrante / o, a pianista / o, a rival / o a jornalista.
- Sobrecomuns: designam pessoas e têm um só gêne- - ão por ões: botão, botões / limão, limões / portão,
ro para homem ou a mulher: a criança (menino, menina) / a portões / mamão, mamões.
testemunha (homem, mulher) / a pessoa (homem, mulher) / o - ão por ãe: pão, pães / charlatão, charlatães / alemão,
cônjuge (marido, mulher) / o guia (homem, mulher) / o ídolo alemães / cão, cães.
(homem, mulher). - il por is (oxítonas): funil, funis / fuzil, fuzis / canil,
Substantivos que mudam de sentido, quando se troca canis / pernil, pernis, e por EIS (Paroxítonas): fóssil, fósseis /
o gênero: o lotação (veículo) - a lotação (efeito de lotar); o réptil, répteis / projétil, projéteis.
capital (dinheiro) - a capital (cidade); o cabeça (chefe, líder) - m por ns: nuvem, nuvens / som, sons / vintém, vin-
- a cabeça (parte do corpo); o guia (acompanhante) - a guia téns / atum, atuns.
(documentação); o moral (ânimo) - a moral (ética); o grama - zito, zinho - 1º coloca-se o substantivo no plural:
(peso) - a grama (relva); o caixa (atendente) - a caixa (objeto); balão, balões; 2º elimina-se o S + zinhos.
o rádio (aparelho) - a rádio (emissora); o crisma (óleo sal- Balão – balões – balões + zinhos: balõezinhos;
gado) - a crisma (sacramento); o coma (perda dos sentidos) Papel – papéis – papel + zinhos: papeizinhos;
- a coma (cabeleira); o cura (vigário) - a cura; (ato de curar); Cão – cães - cãe + zitos: Cãezitos.
o lente (prof. Universitário) - a lente (vidro de aumento); o - alguns substantivos terminados em X são invariáveis
língua (intérprete) - a língua (órgão, idioma); o voga (o rema- (valor fonético = cs): os tórax, os tórax / o ônix, os ônix / a
dor) - a voga (moda). fênix, as fênix / uma Xerox, duas Xerox / um fax, dois fax.
- Outros (fora de uso) têm o mesmo plural que suas
Alguns substantivos oferecem dúvida quanto ao gênero. variantes em ice (ainda em vigor): apêndix ou apêndice,
São masculinos: o eclipse, o dó, o dengue (manha), o cham- apêndices / cálix o ucálice, cálices (x, som de s) / látex, látice
panha, o soprano, o clã, o alvará, o sanduíche, o clarinete,
ou láteces / códex ou códice, códices / córtex ou córtice,
o Hosana, o espécime, o guaraná, o diabete ou diabetes, o
córtices / índex ou índice, índices (x, som de cs).
tapa, o lança-perfume, o praça (soldado raso), o pernoite, o
- substantivos terminados em ÃO com mais de uma
formicida, o herpes, o sósia, o telefonema, o saca-rolha, o
plasma, o estigma. forma no plural: aldeão, aldeões, aldeãos; verão, verões,
São geralmente masculinos os substantivos de origem verãos; anão, anões, anãos; guardião, guardiões, guar-
grega terminados em – ma: o dilema, o teorema, o emblema, diães; corrimão, corrimãos, corrimões; hortelão, hortelões,
o trema, o eczema, o edema, o enfisema, o fonema, o aná- hortelãos; ancião, anciões, anciães, anciãos; ermitão, ermi-
tema, o tracoma, o hematoma, o glaucoma, o aneurisma, o tões, ermitães, ermitãos.
telefonema, o estratagema.
A tendência é utilizar a forma em ÕES.
São femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a aluvião, a
análise, a cal, a gênese, a entorse, a faringe, a cólera (doença), - Há substantivos que mudam o timbre da vogal tô-
a cataplasma, a pane, a mascote, a libido (desejo sexual), a nica, no plural. Chama-se metafonia. Apresentam o “o”
rês, a sentinela, a sucuri, a usucapião, a omelete, a hortelã, tônica fechado no singular e aberto no plural: caroço (ô),
a fama, a Xerox, a aguardante. coroços (ó) / imposto (ô), impostos (ó) / forno (ô), fornos

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(ó) / miolo (ô), miolos (ó) / poço (ô), poços (ó) / olho (ô), - elemento invariável + palavra variável: sempre-viva
olhos (ó) / povo (ô), povos (ó) / corvo (ô), corvos (ó). Também = sempre-vivas / abaixo-assinado = abaixo-assinados / re-
são abertos no plural (ó): fogos, ovos, ossos, portos, porcos, cém-nascido = recém-nascidos / ex-marido = ex-maridos /
postos, reforços. Tijolos, destroços. autoescola = autoescolas.
- Há substantivos que mudam de sentido quando usa- - palavras repetidas: o reco-reco = os reco-recos / o
dos no plural: Fez bem a todos (alegria); Houve separação tico-tico = os tico-ticos / o corre-corre = os corre-corres.
de bens. (patrimônio); Conferiu a féria do dia. (salário); As fé- - substantivo composto de três ou mais elementos
rias foram maravilhosas. (descanso); Sua honra foi exaltada. não ligados por preposição: o bem-me-quer = os bem-
(dignidade); Recebeu honras na solenidade. (homenagens); me-queres / o bem-te-vi = os bem-te-vis / o sem-terra = os
Outros: bem = virtude, benefício / bens = valores / costa = li- sem-terra / o fora-da-lei = os fora-da-lei / o João-ninguém
toral / costas = dorso / féria = renda diária / férias = descanso = os joões-ninguém / o ponto e vírgula = os ponto e vírgula
/ vencimento = fim / vencimento = salário / letra = símbolo / o bumba-meu-boi = os bumba-meu-boi.
gráfico / letras = literatura. - quando o primeiro elemento for: grão, grã (grande),
- Muitos substantivos conservam no plural o “o” fechado:
bel: grão-duque = grão-duques / grã-cruz = grã-cruzes /
acordos, adornos, almoços, bodas, bojos, bolos, cocos, confortos,
bel-prazer = bel-prazeres.
dorsos, encontros, esposos, estojos, forros, globos, gostos, moços,
molhos, pilotos, piolhos, rolos, rostos, sopros, sogros, subornos.
Somente o primeiro elemento vai para o plural:
- Substantivos empregados somente no plural: Arre-
dores, belas-artes, bodas (ô), condolências, cócegas, costas, - substantivo + preposição + substantivo: água de
exéquias, férias, olheiras, fezes, núpcias, óculos, parabéns, pê- colônia = águas-de-colônia / mula-sem-cabeça = mulas-
sames, viveres, idos, afazeres, algemas. sem-cabeça / pão-de-ló = pães-de-ló / sinal-da-cruz = si-
- A forma singular das palavras ciúme e saudade são tam- nais-da-cruz.
bém usadas no plural, embora a forma singular seja prefe- - quando o segundo elemento limita o primeiro ou
rencial, já que a maioria dos substantivos abstratos não se dá ideia de tipo, finalidade: samba-enredo = sambas-en-
pluralizam. Aceita-se os ciúmes, nunca o ciúmes. redos / pombo-correio = pombos-correio / salário-família
= salários-família / banana-maçã = bananas-maçã / vale-
“Quando você me deixou, -refeição = vales-refeição (vale = ter valor de, substanti-
meu bem, vo+especificador)
me disse pra eu ser feliz
e passar bem A tendência na língua portuguesa atual é pluralizar os
Quis morrer de ciúme, dois elementos: bananas-maçãs / couves-flores / peixes-
quase enloqueci -bois / saias-balões.
mas depois, como era
de costume, obedeci” (gravado por Maria Bethânia) Os dois elementos ficam invariáveis quando hou-
ver:
“Às vezes passo dias inteiros - verbo + advérbio: o ganha-pouco = os ganha-pouco
imaginando e pensando em você / o cola-tudo = os cola-tudo / o bota-fora = os bota-fora
e eu fico com tanta saudade - os compostos de verbos de sentido oposto: o entra-
que até parece que eu posso morrer. -e-sai = os entra-e-sai / o leva-e-traz = os leva-e-traz / o
Pode creditar em mim. vai-e-volta = os vai-e-volta.
Você me olha, eu digo sim...” (Fernanda Abreu)
Os dois elementos, vão para o plural:
Atenção: avô – avôs (o avô materno e o avô paterno;
- substantivo + substantivo: decreto-lei = decretos-leis
avôs, fechado) avó - avós (o avô e a avó). Termos no singular
/ abelha-mestra = abelhas-mestras / tia-avó = tias-avós /
com valor de plural: Muito negro ainda sofre com o precon-
tenente-coronel = tenentes-coronéis / redator-chefe = re-
ceito social. / Tem morrido muito pobre de fome.
datores-chefes. Coloque entre dois elementos a conjunção
Plural dos Substantivos Compostos e, observe se é possível a pessoa ser o redator e chefe ao
mesmo tempo / cirurgião e dentista / tia e avó / decreto e
Não é muito fácil a formação do plural dos substantivos lei / abelha e mestra.
compostos. - substantivo + adjetivo: amor-perfeito = amores-per-
feitos / capitão-mor = capitães-mores / carro-forte = car-
Somente o segundo (ou último) elemento vai para o ros-fortes / obra-prima = obras-primas / cachorro-quente
plural: = cachorros-quentes.
- Palavra unida sem hífen: pontapé = pontapés / girassol - adjetivo + substantivo: boa-vida = boas-vidas / cur-
= girassóis / autopeça = autopeças. ta-metragem = curtas-metragens / má-língua = más-lín-
- verbo + substantivo: saca-rolha = saca-rolhas / arra- guas /
nha-céu = arranha-céus / bate-bola = bate-bolas / guarda- - numeral ordinal + substantivo: segunda-feira = se-
-roupa = guarda-roupas / guarda-sol = guarda-sóis / vale- gundas-feiras / quinta-feira = quintas-feiras.
-refeição = vale-refeições.

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Composto com a palavra guarda só vai para o plu- Substantivo caracterizador de adjetivo: os adjetivos
ral se for pessoa: guarda-noturno = guardas-noturnos / referentes a cores podem ser modificados por um substan-
guarda-florestal = guardas-florestais / guarda-civil = guar- tivo: verde piscina, azul petróleo, amarelo ouro, roxo bata-
das-civis / guarda-marinha = guardas-marinha. ta, verde garrafa.
Plural das palavras de outras classes gramaticais
usadas como substantivo (substantivadas), são flexio- EXERCÍCIOS
nadas como substantivos: Gritavam vivas e morras; Fiz a
prova dos noves; Pesei bem os prós e contras. 01. Numa das seguintes frases, há uma flexão de plural
grafada erradamente:
Numerais substantivos terminados em s ou z não va- a) os escrivães serão beneficiados por esta lei.
riam no plural. Este semestre tirei alguns seis e apenas um b) o número mais importante é o dos anõezinhos.
dez. c) faltam os hífens nesta relação de palavras.
d) Fulano e Beltrano são dois grandes caráteres.
Plural dos nomes próprios personalizados: os Almei- e) os répteis são animais ovíparos.
das / os Oliveiras / os Picassos / os Mozarts / os Kennedys
/ os Silvas. 02. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da
mesma forma que “balão” e “caneta-tinteiro”:
Plural das siglas, acrescenta-se um s minúsculo: CDs a) vulcão, abaixo-assinado;
/ DVDs / ONGs / PMs / Ufirs. b) irmão, salário-família;
c) questão, manga-rosa;
Grau do Substantivo d) bênção, papel-moeda;
e) razão, guarda-chuva.
Os substantivos podem ser modificados a fim de expri-
mir intensidade, exagero ou diminuição. A essas modifica- 03. Assinale a alternativa em que está correta a forma-
ções é que damos o nome de grau do substantivo. São dois ção do plural:
os graus dos substantivos: aumentativo e diminutivo. a) cadáver – cadáveis;
Os graus aumentativos e diminutivos são formados por
b) gavião – gaviães;
dois processos:
c) fuzil – fuzíveis;
- Sintético: com o acréscimo de um sufixo aumenta-
d) mal – maus;
tivo ou diminutivo: peixe – peixão (aumentativo sintético);
e) atlas – os atlas.
peixe-peixinho (diminutivo sintético); sufixo inho ou isinho.
- Analítico: formado com palavras de aumento: gran-
04. Indique a alternativa em que todos os substantivos
de, enorme, imensa, gigantesca: obra imensa / lucro enor-
são abstratos:
me / carro grande / prédio gigantesco; e formado com as
palavras de diminuição: diminuto, pequeno, minúscula, a) tempo – angústia – saudade – ausência – esperança–
casa pequena, peça minúscula / saia diminuta. imagem;