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PEDRO WAGNER GONÇALVES

CELSO DAL RÉ CARNEIRO

Magmas e
rochas ígneas:
o estudo
do calor interno
da Terra
PEDRO WAGNER
GONÇALVES e CELSO
DAL RÉ CARNEIRO
são professores do
Departamento de
Geociências Aplicadas
ao Ensino do Instituto de
Geociências da Unicamp.
INTRODUÇÃO

e
Poderia existir algo como o magma?

m pleno século XXI, a pergunta que pode parecer inusitada


tanto a geólogos, quanto para leigos, não é despropositada.
A maioria dos naturalistas dedicados ao estudo das rochas,
sua distribuição e suas relações, bem como sua origem, res-
ponderia secamente “Não é possível existir tal substância!”,
se estivéssemos no início do século XIX.
Isso sugere quão novo é esse conceito e, ao mesmo tempo, indica
tratar-se de idéia altamente abstrata capaz de dar conta do aparecimento
de certas rochas que encontramos na superfície terrestre.
Durante o século XIX, as explicações de como algumas rochas
foram originadas mudaram drasticamente. A idéia de que fenômenos
vinculados ao calor interno da Terra eram aspectos periféricos e limi-
tados no espaço só desapareceu do pensamento científico moderno
durante o século XIX. De fato, o que surpreende o cidadão culto do
século XXI denuncia problemas cruciais do nosso conhecimento sobre
como a natureza se comporta, tais como os limites experimentais,
a dificuldade de generalização, e a influência de aspectos culturais
insuspeitos para construir explicações positivas sobre o comporta-
mento do mundo físico.
Trazer esse debate da ciência moderna até nossos dias pode
aclarar certos problemas metodológicos relevantes nos estudos da
Terra. Tratar de rochas fundidas e seus produtos é especialmente
estratégico para revelar o quão pouco conhecemos da natureza.
Basta mencionar que, há pouco mais de meio século, a maioria dos
petrólogos acreditava que a produção de granitos e o vulcanismo
não teriam entre si qualquer ligação. Uma aventura pela história da
descoberta do magma demonstra como elementos políticos, sociais
e culturais intercambiam-se aos conceitos e explicações sobre os
processos naturais.
temáticos altamente especializados, neces-
Magma: trajetória conturbada de sários para planejamento urbano e rural,

um conceito quase inaceitável etc., pretendemos enfatizar que todos esses


sucessos resultam de conclusões práticas e
razoáveis, mas carregadas de interpretações
A origem magmática de certas rochas, subjetivas inerentes às dificuldades teóricas
principalmente os granitos, acha-se entre que a geologia precisa enfrentar.
as controvérsias científicas mais notáveis
da história da geologia e da própria ciência
moderna. Poucos trabalhos esmiuçaram
como essa história (quase uma verdadeira CONCEITO DE MAGMATISMO
“estória”) interfere e limita nossas moder-
nas noções apoiadas em detalhados dados
isotópicos, geoquímicos e geofísicos. A
O que é magma?
indagação forte, ainda atual e provocativa
de Krauskopf (1968) continua a ecoar: As rochas ígneas (do latim ignis, “fogo”)
são formadas a partir de um líquido, de rocha
“[…] quais são os limites de nossa fé em uma fundida, denominado magma. O magma é
natureza ordenada quando explicamos fatos um material líquido natural, composto de
ocorridos em qualquer lugar do espaço ou do uma mistura dos elementos mais abundantes
tempo? Com inúmeras indeterminações so- na Terra, O e Si, associados a quantidades
bre os fenômenos físicos, com claros limites menores de Al, Ca, Mg, Fe, Na e K, além
experimentais para reproduzir fenômenos de outros elementos químicos. O magma
naturais complexos, de dimensões espaciais pode se formar em profundidades maiores
gigantescas, que ocorrem em intervalos de ou menores. Há magmas que se originam
tempo incompatíveis com nossas escalas no interior da crosta terrestre, enquanto
de trabalho, quanto projetamos de nossa alguns outros podem ter sido formados no
crença de uma natureza ordenada sobre o próprio manto. Normalmente as tempera-
aparente caos da natureza?”. turas encontradas em magmas variam entre
700 e 1.200oC. Quando o magma atinge a
Processos magmáticos são especialmen- superfície da Terra e extravasa, passa a se
te elucidativos para denunciar o quanto a denominar lava.
geologia é interpretativa e hipotética, em- A velocidade de resfriamento depende
bora os leigos (e também muitos geólogos) de diversos fatores que controlam e deter-
acreditem tratar-se de uma ciência positiva minam a velocidade com que a massa de
sobre como se formaram os materiais sóli- rochas perde calor e simultaneamente sofre
dos de nosso planeta e, conseqüentemente, eventual escape de gases e vapor d’água.
o ambiente favorável à existência e perma- Ao se iniciar o resfriamento, alguns mine-
nência da vida, bem como suas múltiplas rais de ponto de fusão mais alto começam
formas de organização, das bactérias à a se formar. Sendo assim, os magmas em
civilização. geral são formados por uma parte líquida
Críticos assinalam o quanto nossa ci- e outra sólida, constituída por minerais
ência avançou apesar de sua juventude de silicáticos já cristalizados e eventuais
pouco mais de dois séculos. Dos primeiros fragmentos de rocha sendo transportados
mapas geológicos e das formas regulares de em meio à massa fundida, juntamente com
classificação de rochas do último quartel do os gases que normalmente estão presentes
século XVIII, das previsões precisas que no magma, notadamente vapor de água e
multiplicaram exponencialmente a desco- gás carbônico.
berta e a produção de recursos naturais du- Na superfície a lava sofre consolidação,
rante os séculos XIX e XX, do caminho que pois a perda de calor é mais rápida. Até
partiu de mapas geológicos para os mapas mesmo no interior de uma grande massa de

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lava exposta à superfície, a primeira “casca” A formação de uma rocha ígnea envolve
de rocha endurecida que se forma constitui diferentes etapas, desde a formação do mag-
uma espécie de “cobertor” térmico que ma abaixo da superfície, seu deslocamento
dificulta a perda de calor, havendo tempo (ascensão) rumo à superfície, encaixe, res-
para que ocorra cristalização, processo bem friamento e consolidação (Figura 1).
mais lento. No primeiro caso, as rochas A ascensão de um magma rumo à su-
assim formadas chamam-se rochas vulcâ- perfície deve-se primordialmente ao fato
nicas, enquanto as formadas sob grandes de que o material fundido é menos denso
profundidades na crosta recebem o nome que a rocha hospedeira. Ao ser forçado para
de rochas plutônicas. Todas fazem parte da cima, o magma em movimento na crosta
categoria das rochas magmáticas ou ígneas acomoda-se em fraturas, mas sua mobili-
(formadas a partir do fogo). dade depende de diversos fatores, dos quais
Uma boa analogia para conceber em os mais importantes são: a composição
que consiste o magma – essa massa in- química, o grau de cristalinidade, a propor-
candescente formada por rocha fundida ção relativa de minerais já cristalizados, o
na qual predominam minerais silicáticos teor de voláteis dissolvidos, a temperatura
– é a imagem de um copo contendo água e a viscosidade; este último fator também
e alguns cristais de gelo dispersos sendo é conhecido como grau de viscosidade e
lentamente resfriado: a fase líquida natu- consiste na capacidade do magma de ofe-
ral corresponde à parte fundida, enquanto recer resistência ao fluxo; viscosidade é o
a parte sólida dada por cristais de gelo contrário de fluidez.
corresponde à parte formada pelos cristais A lava encontrada na Ilha Grande do Ha-
de minerais silicáticos que cristalizaram vaí, por exemplo, é bastante fluida, e possui
primeiro a partir do líquido. consistência similar à do mel. Viscosidade

FIGURA 1

Massa de lava em resfriamento, junto à chaminé do Pu`u `O`o no flanco


do vulcão Kilauea, Parque Nacional dos Vulcões do Havaí, EUA (fonte:
http://hvo.wr.usgs.gov/archive/2004_07_28.html, foto por C. Heliker,
3/out./2003)

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guarda relação direta com os teores de sílica permanece como atividade importante ao
contidos no líquido (SiO2) e as temperaturas lado de modernas técnicas geoquímicas,
com que o magma se apresenta. Magmas geofísicas e isotópicas e ela é praticada
com altos teores de SiO2 (da ordem de 65% pelo profissional no momento em que ele
ou mais) possuem viscosidades maiores que está coletando os dados (Harrison, 1963;
magmas com baixos teores de SiO2 (52% ou Guntau, 1978).
menos); magmas com baixas temperaturas Abraham Gottlob Werner (1749-1817) e
normalmente possuem viscosidades maio- a Escola de Freiberg tornaram-se a referên-
res que magmas de altas temperaturas. cia ocidental para os estudos de rochas, bens
minerais e minas. Seu método de classificar
rochas passou a ser praticado por quase
todos os naturalistas (Greene, 1982).
UM POUCO DE HISTÓRIA No final do século XVIII, as rochas eram
divididas em primitivas, secundárias, terciá-
SOBRE MAGMA rias e quaternárias. O método embutia um
significativo valor às explicações químicas.
Rochas primitivas, como os granitos, foram
Passos para caracterizar as originadas pela precipitação em um mar
primevo que cobriu toda a Terra – essa era a
dificuldades de se conceber o marca das rochas cristalinas. O conhecimen-

magma to químico da época não atribuía especial


valor ao calor nas transformações que eram
observadas nos laboratórios (pensadores
As conhecidas contribuições deAbraham como Joseph Black ou Antoine Lavoisier
G. Werner e da Escola de Freiberg foram representavam exceções entre estudiosos
decisivas para sistematizar os estudos de da época); analogamente, Werner e seus
rochas e trazê-los para um plano prático que seguidores consideram o calor como um
pudesse ser combinado com as crescentes agente sem importância nas mudanças ob-
necessidades de aumentar a produção de servadas nas rochas (Greene, 1982; Sicca
carvão, ferro, chumbo, zinco e estanho de- & Gonçalves, 2002).
sencadeadas pela Revolução Industrial (por Contrapondo-se às explicações aceitas
exemplo, Guntau, 1978; Greene, 1982). pela maioria dos naturalistas, James Hutton
Pertence à mesma época o esforço go- (1726-97) e seus seguidores defenderam
vernamental, nas metrópoles e colônias, que o calor interno da Terra era o agente
para identificar bens naturais, dentre eles as fundamental para consolidar as rochas
ocorrências minerais, que aumentassem a (Gonçalves, 1997). O calor consolidava
riqueza. O esforço gerou, como resultado, materiais rochosos por meio do aquecimento
os primeiros mapas e as primeiras represen- e fusão de rochas preexistentes. O modelo
tações de paisagens que sistematicamente que denominou machina mundi envolve
incorporaram informes sobre minas, ocor- diversas etapas: os materiais rochosos eram
rências minerais e distribuição de rochas erodidos nos continentes, depositados no
(Ellenberger, 1983). fundo oceânico, soterrados e aquecidos
Na base dessas formulações de conhe- pelo calor terrestre até sua fusão. Na ciên-
cimento sobre a natureza há um aspecto cia moderna, Hutton apresenta a primeira
comum e decisivo para a ciência geológica fórmula consistente que fornece uma idéia
que persiste até os nossos dias: a atividade cíclica de mudanças capazes de produzir
de coletar informações diretamente no cam- a fusão das rochas (o magma). Parcela
po tornou-se mais comum; isso implica a considerável de seus argumentos acha-se
necessidade de classificar rochas no próprio apoiada na química: nos mecanismos de
campo, provavelmente um fato único entre dissolução de substâncias silicáticas, sul-
as ciências da natureza – a classificação furosas e betuminosas.

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Evidentemente tratava-se de uma expli- significavam prova de que o calor é um
cação inusitada para a qual não havia apoio agente importante que produzia a fusão das
teórico ou empírico. Pelo menos desde a rochas, bem como implicavam que os gra-
época em que era fazendeiro (1755 a 1767), nitos não poderiam ser mais considerados
quando era chamado para avaliar potencial como rochas primitivas.
de exploração de carvão em diferentes lu- Hutton atribuiu valor especial a rochas
gares, Hutton fez cuidadosas observações alpinas e buscou identificá-las na Escócia.
para atribuir valor especial ao calor como Hutton (1899) relata sua descoberta no
agente capaz de consolidar rochas. Estudos Rio Tilt:
de amostras ao microscópio são relatados
em seu livro de 1795, no qual observa au- “[…] os planaltos da Escócia, bem como
réolas de recristalização interpretadas como os Alpes da Suíça ou de Savóia e os demais
líquidos fundidos que teriam envolvido os terrenos alpinos são formados de duas
grãos minerais. O valor atribuído ao calor coisas, montanhas de xistos e montanhas
como agente capaz de consolidar rochas e de granitos. Alguns naturalistas conside-
a fusão dos materiais rochosos era impen- ram estas montanhas como sendo as mais
sável para os naturalistas daquela época primitivas do globo; por outro lado, outros
(Hutton, 1795). reconhecem as características da estratifi-
Nicolas Desmarest (1725-1815) em cação, supõem, então, que algo só pode ser
1768 publicou seus estudos sobre os basaltos primário em relação a outro estrato cuja
de Auvergne. Convencido da classificação origem é conhecida com certeza. Nesse
de Werner, rejeitou que as rochas primi- caso, naturalistas têm considerado o granito
tivas foram formadas por meio do calor. como primário e o xisto supõem que é pos-
Defendeu que os vulcões não faziam parte terior; mas com a evidência que encontrei
do desenvolvimento comum da natureza, agora nesta viagem feita aos planaltos, essa
seriam apenas exceções dentro da história idéia será inaceitável para o público quando
das rochas. Com essas idéias, argumentou conhecer o estado em que as coisas foram
que os basaltos colunares, examinados ao achadas […]”.
microscópio, encontrados em Auvergne
– região central da França –, teriam origem Viagens posteriores para a ilha de Ar-
vulcânica. ran, Jedburhg e Siccar Point serviram para
Hutton examinou com afinco os estudos reforçar o papel do calor nos processos de
de Desmarest. Evidentemente viu neles consolidação e fusão de rochas, relações
argumentos favoráveis à sua teoria. Mas de campo para indicar a idade relativa das
também compreendeu a necessidade de rochas (demonstrando que os granitos não
encontrar argumentos de campo que pu- eram a rocha primitiva).
dessem refutar a abundante quantidade de Todos esses elementos serviram para
dados favoráveis a Werner e seus seguidores. formar um conjunto de seguidores da “fé”
Para tanto, promoveu sucessivas viagens no calor como agente geológico e na conso-
pelo interior da Escócia, a partir de 1785 lidação provocada pela fusão. De outro lado,
(Craig, 1978). tudo isso não demoveu quem acreditava que
Notas sobre as viagens possuem várias era impossível ao calor do interior da Terra
fontes. Tanto Hutton, quanto seus seguido- fundir grandes massas de rochas.
res mencionam os achados de cada viagem. As explicações dadas aos terrenos alpi-
Uma das viagens mais notáveis foi ao vale nos e à origem de basaltos e granitos, nas
do Rio Tilt. Acompanhado por John Clerk ilhas britânicas e no continente, mantive-
de Eldin que, além de seu diário pessoal, ram-se inalteradas. Particularmente a Escó-
pintou os afloramentos visitados que servem cia foi o palco de intenso debate no final do
para representar a teoria de que o granito século XVIII e no início do seguinte. James
em fusão cortou xistos e calcários identi- Hutton, James Hall, John Playfair contra
ficados no local, ou seja, a um só tempo John Walker, Robert Jameson. Amostras

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foram comparadas, locais foram examina- partir do mesmo material, dependendo da
dos e algo que inicialmente possuía pouca velocidade de esfriamento.
importância passou a ser feito: experimentos Em resposta, Robert Jameson (1774-
que comprovassem as explicações. 1854) procurou reproduzir os experimentos
Hutton provavelmente imaginava que e afirmou obter resultados diferentes.
seria impossível reproduzir as condições de Um ponto central emerge: o debate não
pressão e temperatura do interior da Terra pode ser resolvido por meio de teste ex-
para demonstrar que rochas silicáticas po- perimental. De fato, a conclusão principal
deriam ser fundidas. Uma objeção crucial alcançada é que seria necessário obter uma
ao calor como agente capaz de consolidar as maior quantidade de dados de campo para
rochas vinha da abundância de rochas calcá- dirimir as dúvidas que surgiram. Em síntese,
rias. Estudos com carbonatos (Black, 1777) isso decorre de algo nuclear na geologia: os
mostravam que por meio do aquecimento o experimentos não podem reproduzir toda
carbonato de cálcio liberava gás carbônico a complexidade, nem as escalas de tempo
e dava origem a óxidos. Hutton levantou a e espaço da natureza.
hipótese de que isso não poderia ocorrer George Bellas Greenough (1778-1856)
por causa da elevada pressão do interior das tentou uma atitude eqüidistante nessa dis-
rochas, mas em nenhum momento imaginou puta (Greene, 1982; Dean, 1992). Começou
demonstrar isso experimentalmente. examinando os argumentos expostos pelos
De outro lado, Werner não imaginava oponentes usando o Mineralogy of Scottish
duplicar em laboratório condições de um Isles de Jameson (publicado em 1800) e
acontecimento praticamente único do pas- Illustrations of the Huttonian Theory of
sado: a precipitação dos granitos. the Earth de Playfair (publicado em 1802)
Somente James Hall (1761-1832) in- e, em 1805, foi visitar os locais indicados
vestiu esforço para criar uma mineralogia nas obras.
experimental. Imaginou uma forma de Em julho de 1805, Greenough visitou
mostrar que o calcário aquecido sob pres- Siccar Point, a grande junção dos estratos
são mantinha-se como carbonato (Hall, primitivos e secundários descoberta por
1812). Hutton em 1786. Três dias depois, reuniu-se
Para enfrentar uma das mais importantes com Hall em Edimburgo para examinar os
objeções dos seguidores de Werner, a ori- diques basálticos de Salisbury Crags. Hall
gem obviamente química dos calcários que descreveu seus experimentos e afirmou
rapidamente se decompõem sob calor, Hall que o calor e a pressão transformavam o
testou essa noção aquecendo calcário pul- calcário em mármore.
verizado sob pressão dentro de um tubo de Greenough retornou sozinho a Salisbury
aço. Obteve resultados pouco conclusivos, Crags para examinar os contatos entre ba-
em alguns casos o calcário foi aglutinado salto e arenito, onde este se encontra endu-
em uma massa rochosa, em outros houve recido. Sob sua própria análise, a explicação
só cimentação do calcário. huttoniana de Hall pareceu menos conclusi-
Na série de experimentos sobre basaltos va pois encontrou arenitos endurecidos fora
e granitos, Hall foi mais bem-sucedido. Era das áreas dos basaltos. Greenough atribuiu
conhecido que fusão de substâncias terrosas o endurecimento à dissolução de jaspe e
gerava vítreas. Portanto, se a teoria de Hut- manteve essa explicação. Claramente a
ton fosse correta, seria difícil ver como o idéia do que chamamos metamorfismo de
granito e o basalto adquiriam sua aparência contato defendida por Hutton e Hall não
cristalina. Hall mostrou que quando o vidro foi aceita.
esfriava lentamente adquiria uma aparência Greenough deixou Edimburgo impres-
cristalina mas, se fosse reaquecido e esfriado sionado com a grandeza do conjunto geo-
rapidamente, voltava a ser vítreo. Repetiu lógico. A idéia de Hutton da desintegração
experimentos semelhantes com lava moída das rochas e erosão tornou-se plausível para
produzindo vidro ou materiais cristalinos a ele. A enorme escala de tempo geológico

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advogada por Hutton, bem como por outros pelos petrólogos. Rochas de uma certa re-
naturalistas da época, foi largamente aceita gião, que foram intrudidas em um período
por Greenough. definido, tendem a exibir certas similarida-
Prosseguindo viagem pelas costas da des de composição mineral e química que
Escócia e Irlanda, Greenough ficou mui- persistem na diversidade e marcam de forma
to cético diante das explicações tanto de mais ou menos distinta as rochas, ou seja,
seguidores de Werner, quanto de Hutton. são diferentes de rochas de outra região, ou
Não havia uma massa de calcários dentro intrudidas em outra época […]”.
dos basaltos e, quando havia calcários, por
que eles não se transformaram em mármo- Embora o texto seja simples e direto,
res? De outro lado, Werner ensinava que adota um pressuposto difícil de delimitar
rochas bem cristalizadas eram primárias, sem qualquer dúvida: como delimitar corpos
mas muitos basaltos de Edimburgo eram de rochas ígneas que possuam a mesma
nitidamente secundários. Portanto, perma- composição? Ou seja, como ter clareza
neceu o papel do calor. sobre a classificação dessas rochas?
Todas essas discussões e disputas fica- Harrison (1963) assinalou esse proble-
ram restritas ao domínio britânico, pouca ma: geólogos de uma mesma geração pro-
atenção foi dada a elas na Europa conti- duzem mapas muito similares de certa área
nental. Ao longo do século XIX, houve e geólogos de épocas diferentes produzem
aceitação crescente da importância da mapas muito distintos da mesma área.
ação vulcânica, da intrusão e levantamento A expressão mais bem elaborada do
plutônicos. Mas isso não representou uma conhecimento que temos sobre magma e
vitória de Hutton, pois foi obtida por estu- rochas magmáticas é representada pelos
dos independentes que recuperaram uma mapas geológicos nos quais a distribuição
tradição abandonada no século XVII. Dados espacial de tipos litológicos e suas relações
cruciais foram as observações do gradiente estruturais descrevem os materiais presentes
geotérmico (aumento de temperatura com para que se possam fazer previsões sobre o
a profundidade, algo observado nas minas uso da superfície ou dos recursos naturais.
subterrâneas). Harrison (1963) expõe um conceito mais
Estudos experimentais, observações de formal: o mapa geológico é um índice
amostras ao microscópio foram conduzidos do conhecimento geológico da época de
de modo que, ao final do século XIX, os sua elaboração e é a base da investigação
naturalistas sustentaram a origem ígnea de futura. É um veículo de comunicação dos
granitos e basaltos e, portanto, havia uma descobrimentos que foram feitos na natu-
fonte de rocha fundida, o magma. reza e na crosta terrestre. O mapa pode ser
Isso só aparentemente tranqüiliza a considerado como uma força dinâmica da
idéia de aceitação do magma. Outros tantos geologia.
problemas foram introduzidos durante o Mas como as descobertas podem mudar
século XX. tanto de uma época para outra? Todas as ve-
zes que houver controvérsia sobre a origem
de uma formação geológica, sobre qual é a
melhor classificação de rochas magmáticas
Magma ou conto de fadas? e da delimitação de seus corpos, os mapas
– os produtos do conhecimento – serão
No início de sua obra marcante publi- diferentes e dependentes do que aqueles
cada originalmente em 1928, Norman Levi profissionais “acreditam” ser os dados e
Bowen afirma: fatos verdadeiros.
Nos termos de Harrison (1963), bons
“A acumulação de conhecimento mineraló- mapas são aqueles que descobrem as
gico e das características químicas de rochas deficiências das teorias, da interpretação
ígneas conduziu a uma generalização aceita experimental ou da classificação.

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E é absolutamente inelutável que ge- Frodeman (2000) ressalta que devemos
rações de geólogos diferentes produzem continuar insistindo com a geologia apesar
mapas diferentes. Assim como a afirmação das suas controvérsias, apesar de seu cará-
de Harrison (1963), um conjunto de obser- ter interpretativo e que, também, devemos
vações sucessivas põe em xeque modelos manter o próprio termo ao invés de palavras
construídos em laboratório e, dessa manei- “mais modernas” (Geociências, Ciência do
ra, a delimitação do magma, sua origem e Sistema Terra, etc.). Ele relembra que, no
sua história são modificadas ao longo do grego antigo, Ge ou Gaia diz respeito ao
tempo. Trata-se de um excelente exemplo sentimento de solo, mas também ao de Terra
da plasticidade decorrente das dificuldades Mãe, fonte da vida, bem como ao campo
que já estavam presentes nas controvérsias e à terra natal. Geologia pode também ser
dos séculos XVIII e XIX. tomada como a pesquisa por causa do logos
Como delimitar um granito? Como – daí, podemos completar que é o planeta
estabelecer sua posição estratigráfica? que chamamos de terra natal. Mesmo que
Como relatar sua história? O modelo ex- não tenhamos certeza sobre o magma.
plicativo de Bowen trouxe significativo
avanço do conhecimento durante décadas,
mas as dificuldades de campo trouxeram
dúvidas, tais como: o corpo granítico posto FONTES DO CALOR INTERNO DA
em um terreno metamórfico é resultado
de diferenciação ou de metassomatismo? TERRA
Ou seja, gradualmente a firme base expe-
rimental dos estudos de Bowen revelou-se No início da formação do Sistema Solar,
limitada e acabou substituída por outras as colisões que a Terra sofreu com os corpos
explicações. O cruzamento de dados ex- chamados planetesimais e outros corpos
perimentais e de observações diretas da maiores provocaram impactos geradores
natureza caracteriza um modelo complexo de calor.
de construção científica. A verificação de A Terra formou-se a partir de gases e
que algumas rochas ricas em hornblenda fragmentos frios. À medida que sucessivas
e piroxênio eram derivadas de sedimentos colisões ocorreram, a temperatura foi ele-
calcários pôs em dúvida a diferenciação vada. Os violentos choques produziram um
magmática. globo de material fundido. Do resultado da
Em síntese, como Frodeman (1995) fusão houve separação de materiais mais
assinalou, todo o conhecimento geológico densos (ferro, níquel e outros metais) e
é interpretativo e hipotético. Isso é inerente os materiais rochosos (silicáticos) menos
à própria ciência. densos. Graças a esses processos de dife-
Krauskopf (1968) traz o exemplo do renciação gravitacional, o ferro, níquel e
granito do Monte Barcroft (Serra Nevada, metais pesados se concentraram no núcleo
EUA). A delimitação dos corpos plutônicos terrestre; em paralelo, o manto acumulou
possui uma forte influência de decisões silicatos de alto ponto de fusão. Assim, a
práticas de campo que, embora racionais origem do calor interno da Terra relacio-
e aceitáveis, não podem ser logicamente na-se com a diferenciação gravitacional
assumidas. O número de corpos que foi e as colisões, que converteram em calor
definido, sua distribuição e suas relações grande parte da energia cinética (energia
estruturais admitem distintas interpretações de movimento) de grandes massas então
sobre a história magmática do batólito. existentes. Outra forma de geração de calor
Tais modelos interpretativos operam é a desintegração radioativa de diversos
com evidências contraditórias. Mas como elementos químicos densos, fenômeno
tratá-las? A pesquisa é necessária. Mais que continua a acontecer, sobretudo no
pesquisa, mais dinheiro, técnicas mais re- interior da crosta terrestre (Anguita &
finadas. Isso pode durar séculos… Moreno,1993).

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Quando a temperatura da superfície Identificação de rochas
caiu, nela se formou uma camada sólida (a
primeira litosfera) de rochas mais densas, magmáticas
sobretudo silicatos de magnésio (sima) e ro-
chas menos densas, de silicatos de alumínio A seguir examinaremos brevemente
(sial). Sabe-se que essa litosfera já existia algumas formas usuais de reconhecer e
há mais de 4 Ga. Em tempos modernos, classificar rochas ígneas. Você pode come-
a evolução do planeta passou a envolver çar sua pesquisa simplesmente prestando
dinâmica própria de movimentação de atenção na pia de sua casa, ou locais menos
grandes placas litosféricas, que caracteriza prosaicos, como o próprio chão onde pisa
a chamada tectônica de placas (ver Kious em aeroportos, estações de trem e metrô,
& Tilling, 1994; Carneiro, 2000), também shopping centers, além de balcões de lojas,
conhecida como tectônica global. padarias, lanchonetes, etc. Em todos esses
lugares é muito comum o emprego de va-
riedades belíssimas de rochas, geralmente
muito resistentes à abrasão mecânica.
TIPOS DE ERUPÇÕES A melhor maneira de começar a conhecer
rochas ígneas é visitar uma marmoraria, que
Ao atingir a superfície da Terra o magma são empresas produtoras de lajes de rocha
forma um respiradouro; progressivamen- polida utilizadas para revestimento e orna-
te acumula-se mais material na câmara mentação. Com a devida ressalva ao fato
magmática, que pode entrar em erupção bem conhecido de que os nomes comerciais
explosiva ou não-explosiva. As erupções utilizados pelos produtores – “mármo-
não-explosivas são favorecidas por baixo res” e “granitos” – não correspondem às
conteúdo em gases e magmas de baixa vis- denominações técnicas usuais de rochas,
cosidade (magmas basálticos a andesíticos). você pode começar a caracterizar alguns
Normalmente começam com fontes de fogo exemplos de rochas ígneas. Sua pesquisa
devido à liberação de gases dissolvidos será frutífera se conseguir identificar pelo
e produzem fluxos de lava na superfície, menos um exemplar de rocha ígnea. Nes-
que escorrem pelas encostas do vulcão que ses lugares, há restos de rochas de grande
então se forma; caso irrompam embaixo utilidade para quem pretende iniciar uma
d’água, podem produzir as chamadas lavas coleção (ver Carneiro, 2000). Recolha pe-
almofadadas (pillow lavas). daços descartados de rochas relativamente
As erupções explosivas de um deter- pequenos e que possuam faces quebradas
minado magma são favorecidas por alto (não-serradas). Nas superfícies das amostras
conteúdo em gases e pela alta viscosidade podem-se observar os minerais compo-
(características presentes nos magmas an- nentes da rocha. Se a amostra que separou
desíticos e riolíticos). Em termos bastante for do tipo chamado de “granito”, observe
simplificados, a expansão de bolhas de gás se é possível identificar cristais, que são
sofre resistência pela alta viscosidade do partes da rocha com coloração uniforme e
magma, resultando em pressões; por sua que muitas vezes exibem faces planas, ou
vez, a alta pressão em bolhas de gás força seja, faces que refletem a luz, dependendo
as bolhas a explodir ao alcançar a baixa de como estiverem sendo iluminadas.
pressão da superfície da Terra e estas últi- Lembre-se de que alguns conheci-
mas, ao arrebentar, fragmentam o magma mentos são importantes para ajudá-lo na
em piroclastos e cinza vulcânica, conhecida investigação.
tecnicamente sob o nome de tefra. Quando
ascendem a partir do vulcão, nuvens de 1) Rochas vulcânicas formam-se a partir
gás e tefra produzem colunas de erupção da solidificação relativamente rápida de
que podem atingir até 45 km de altura na material fundido que atingiu a superfície,
atmosfera. através de fendas e crateras de vulcões.

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2) Rochas plutônicas formam-se no interior
da crosta terrestre pelo lento resfriamento de
Importância do estudo
material fundido durante milhões de anos. de magmatismo no Brasil
3) Rochas metamórficas formam-se abaixo
da superfície terrestre graças à lenta transfor-
mação de rocha preexistente que tenha sofrido Um país como o Brasil, de dimensões
a ação combinada de calor e pressão. continentais e complexa história geológi-
4) Rochas sedimentares formam-se abaixo ca, possui registros abundantes de rochas
da superfície terrestre, sob profundidades ígneas, formadas a partir da consolidação
da ordem de dezenas, centenas até alguns de lavas em superfície, como os basaltos
milhares de metros, a partir da compactação acima referidos, ou da cristalização de
de sedimentos, geralmente depositados em magmas (sob profundidades menores ou
camadas. maiores), como os incontáveis corpos
de granito, de diferentes partes do país,
Examine a rocha com uma lupa e pro- alguns dos quais explotados em função
cure distinguir os minerais constituintes; de mineralizações metálicas de grande
considere a cor, o brilho, a forma e o ta- interesse industrial, enquanto outros são
manho. Verifique se a rocha é compacta, extraídos em blocos e placas, como rochas
fosca ou brilhante (ver box nesta página). ornamentais. Nosso território continental
Se puder perceber alguma orientação de encerra, ainda, uma das mais expressivas
cristais, como se fossem folhas de papel manifestações magmáticas do planeta,
(foliação), isso pode significar que a rocha os basaltos do vulcanismo Serra Geral,
é metamórfica. Em rochas ígneas é raro cuja idade coincide com a separação con-
haver evidências de deformação nos com- tinental cujos processos culminaram no
ponentes. Se a rocha não possuir qualquer definitivo desligamento da América do
cristal visível a olho nu, isso pode significar Sul e da África.
que é uma rocha vulcânica, porque o rápido Épocas marcadas por intensa atividade
resfriamento não permite a formação de vulcânica, no passado da Terra, ficaram
cristais de tamanho razoável. também conhecidas como épocas de mu-
danças significativas do clima terrestre.
Assim, o tema das mudanças globais,
CARACTERÍSTICAS DAS ROCHAS MAGMÁTICAS que tem despertado enorme interesse na
mídia, requer mais profunda compreensão
do vulcanismo e dos fatores que o deter-
• aspecto maciço ou compacto; minam. Sabe-se que o funcionamento dos
sistemas climáticos é em parte controlado
• grãos imbricados em rochas cristalinas;
por interações nas quais os vulcões exer-
• distribuição espalhada e homogênea; ausência de cem papel decisivo, na medida em que
camadas ou estratos; expelem gás carbônico (um dos gases
do efeito estufa), vapor de água, poeira
• presença eventual de poros, cavidades, espaços e outros gases na atmosfera. A dinâmica
vazios e/ou amígdalas, observáveis a olho nu; atmosférica é portanto afetada diretamente
característica restrita a algumas rochas vulcânicas, pela ação do magma.
como pedra-pomes e outras; Os exemplos da importância moderna
do conhecimento sobre vulcões, ao lado
• constituintes com formas irregulares ou geométricas, de outros incontáveis exemplos de rochas
jamais arredondados mecanicamente, mas às vezes brasileiras formadas a partir de magma em
redondos devido à cristalização; diferentes épocas e momentos evolutivos,
revelam a importância do estudo das rochas
• ausência de orientação ou foliação ígneas. Estudo relevante tanto sob o ponto
de vista científico, para entendimento dos

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ambientes formadores de rochas na história rochas magmáticas são também geradoras
geológica do planeta onde vivemos, como de expressivos depósitos minerais me-
do ponto de vista econômico, conside- tálicos e não-metálicos de grande valor
rando-se que as condições formadoras de econômico.

BIBLIOGRAFIA

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http://www.uwsp.edu/geo/faculty/ritter/geog101/textbook/earth_materials_structure/igneous_rocks.html

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