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Mapeamento da Pesquisa Contemporânea Sobre Comunidades de Prática Entre 2000-

2010
Autoria: Laura Gressler, José Jerônimo de Menezes Lima, Heitor José Cademartori Mendina,
Aílton Rodrigues da Silva Júnior, Rafael Stefani

Resumo

A competitividade acentuou o interesse sobre ferramentas de gestão do conhecimento e


aprendizagem organizacional para vantagem competitiva. Este artigo analisa a pesquisa sobre
Comunidades de Prática (CoPs) com o mapeamento do tema no período 2000-2010. A
pesquisa coletou 1.066 publicações da base EBSCO, os quais passaram por seleção pelos
índices do Journal of Citation Report 2010. Este processo compilou os 63 artigos objeto deste
estudo. Como propósito complementar, o referencial teórico faz uma revisão dos principais
conceitos sobre CoPs. Os resultados mostram evolução significativa da produção sobre CoPs,
o que confirma a importância do tema nos âmbitos organizacional e acadêmico.

1
1. Introdução
Na última década, a literatura sobre gestão do conhecimento empresarial tem nas
Comunidades de Prática (CoPs) um dos seus temas mais abordados em pesquisas acadêmicas
sobre negócios. O crescimento do interesse pela temática deu-se após o reconhecimento do
valor do conhecimento dentro das organizações, emergindo a necessidade de explorar meios
capazes de geri-lo como um ativo. À medida em que as empresas buscam novas formas de
alavancar seus recursos para ganhar vantagem competitiva, a consciência de que o
conhecimento que existe dentro de uma empresa é um de seus recursos mais importantes, tem
aumentado (Nonaka & Takeuchi, 2007).
Diversas pesquisas destacam a relevância do tema para a comunidade acadêmica e
para o mundo empresarial. Edwards et al. (2003) afirmam que CoP é o segundo assunto mais
importante da literatura sobre gestão do conhecimento organizacional. Segundo estes autores,
a popularidade do tema se deve ao fato de que as CoPs facilitam o compartilhamento do
conhecimento e apoiam a geração de inovações. Wenger (1998), Ward (2000), Bate and
Roberts (2002), Wenger e Snyder (2001) e Cross et al. (2006) corroboram esta opinião
destacando que o desenvolvimento de CoPs pode ser a chave para o sucesso da gestão do
conhecimento organizacional.
Com o objetivo de criar e uma cultura de inovação, empresas competitivas passaram a
basear suas ações no desenvolvimento de seu capital intelectual. Para que isto ocorra, é
preciso dar voz às conversas existentes dentro das organizações, fazendo que todos sintam-se
livres e motivados a expor suas ideias e, neste sentido, as CoPs são as ferramentas mais
adequadas para criar um ambiente propício à esta finalidade.
A definição de CoP adotada neste artigo é a proposta por Wenger e Snyder (2001, p.
139), que trata de “um grupo de pessoas reunidas informal e espontaneamente para
compartilhar expertise e paixão por um determinado tema de interesse, no sentido de alcançar
um objetivo”. Apesar do termo CoP ser relativamente recente, trata-se de um fenômeno
antigo. Segundo Wenger e Snyder (2001, p. 12). comunidades de prática já existiam na
antiguidade. Na Grécia clássica, por exemplo, “corporações” de serralheiros, oleiros,
pedreiros e outros artífices tinham o objetivo social (os associados adoravam as mesmas
divindades e comemoravam juntos os dias sagrados) e também a função comercial (os
associados treinavam aprendizes e disseminavam as inovações). Na Idade Média, as
associações tinham funções semelhantes para os artesãos de toda a Europa. No mesmo ensaio
os autores destacam também um importante aspecto que difere as CoPs atuais: “em vez de
serem compostas sobretudo por pessoas trabalhando de forma independente, é comum
existirem dentro de grande organizações” (Wenger & Snyder, 2001, p. 12)
CoPs são capazes de aproximar e facilitam a conexão entre pessoas com interesses
comuns, potencializam a geração de inteligência coletiva, revelar e desenvolver talentos.
Wenger e Snyder (2001) ainda destacam que as CoPs também são capazes de direcionar a
estratégia, gerar novas linhas empresariais, solucionar problemas e promover a disseminação
de melhores práticas.
Para o mapeamento da produção científica contemporânea sobre CoPs, este trabalho
analisou os artigos publicados nas bases Academic Source Complete (ASC), Academic Search
Premier (ASP) e Business Source Complete (BSC) fornecidas pela Elton B. Stephens
Company (EBSCO). A coleta de dados utilizou como critério de seleção os artigos,
publicados no período entre 1º/01/2000 e 31/12/2010, que apresentassem o termo
“communities of practice” no título, assunto ou resumo, considerando especificamente os
periódicos melhores classificados simultaneamente nas categorias Business e Management
segundo o Journal of Citation Reports 2010 da ISI Web of Knowledge (2010). A próxima
seção apresenta mais detalhadamentre a metodologia de pesquisa utilizada, seguida da revisão
teórica. O referencial teórico compila os principais conceitos sobre CoPs e faz considerações
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sobre pesquisas qualitativas sobre o tema, pois devida a sua natureza, predominam pesquisas
acadêmicas qualitativas baseadas em estudos de casos, as quais descrevem a complexidade do
fenômeno das CoPs analisando a interação entre certas variáveis para compreender e
classificar os processos dinâmicos vividos por estes grupos sociais, com vistas a contribuir
para um eventual processo de mudança destes grupos, bem como possibilitar, em maior nível
de profundidade, o entendimento do comportamento dos indivíduos nas CoPs. Na seção
seguinte são apresentados os resultados do mapeamento realizado, destacando a evolução dos
artigos publicados pelos periódicos, dentre outras análises. As considerações finais do
trabalho são apresentadas na seção final.

2. Metodologia
Com o objetivo de mapear a produção científica contemporânea sobre o tema CoPs no
âmbito empresarial, esta pesquisa abrangeu o período de 1º/01/2000 a 31/12/2010, tendo
como alvo as publicações enquadradas nas categorias Business e Management. Foram
selecionadas as publicações constantes nas bases de dados Academic Source Complete (ASC),
Academic Search Premier (ASP) e Business Source Complete (BSC), fornecidas pela Elton
Bryson Stephens Company (EBSCO).
A Academic Search Complete é a base de dados de texto completo acadêmico
multidisciplinar mais valiosa e mais abrangente do mundo, com mais de 7.900 periódicos de
textos completos, incluindo mais de 6.800 periódicos revisados por pares. Além do texto
completo, oferece indexação e resumo para mais de 11.900 periódicos e um total de mais de
12.000 publicações, incluindo monografias, relatórios e anais de conferências. Disponibiliza
conteúdo a partir de 1887. As referências citadas pesquisáveis são fornecidas para mais de
1.400 periódicos. A Academic Search Premier é uma base de dados multidisciplinar que
fornece o texto completo de mais de 8.500 periódicos, incluindo o texto completo para quase
4.600 títulos revisados por especialistas. Há arquivos disponibilizados, a partir de 1975, para
mais de 100 periódicos, e referências citadas pesquisáveis são fornecidas para mais de 1.000
títulos. A Business Source Complete é a mais completa base de dados acadêmica na área de
negócios do mundo. Oferece a melhor coleção de conteúdo bibliográfico em texto completo.
Disponibiliza índices e resumos dos periódicos científicos acadêmicos mais importantes desde
1886, além de referências citadas fornecidas por mais de 1.300 periódicos científicos.
A pesquisa realizada identificou 1.066 artigos relacionados ao tema CoPs, a partir da
busca da expressão “communities of practice” nos campos assunto (Subject terms), título
(Title) ou resumo (Abstract) nas bases de dados citadas, sendo 395 publicados na ASC, 336
na ASP e 335 na BSC. A pesquisa principal foi realizada no dia 08/01/2011, abrangendo o
período já definido. Este resultado inicial foi submetido a um processo de seleção, refinando a
amostra inicial a fim de garantir a real contribuição destes para o tema da pesquisado. Esta
seleção foi baseada no Fator de Impacto (FI), por se tratar de um indicador amplamente
utilizado e aceito pela maioria dos pesquisadores, instituições de ensino e pesquisa e agências
financiadoras de pesquisa e pós-graduação brasileiras, dentre as quais a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O FI é calculado anualmente pelo Institute for Scientific Information (ISI) e publicado
no Journal of Citation Reports (JCR). O valor do FI é obtido dividindo-se o número total de
citações dos artigos publicados no biênio anterior, pelo total acumulado de artigos publicados
pela revista no referido período. Por este indicador, pelo qual a comunidade científica vem
sendo altamente influenciada, é possível avaliar e comparar estatisticamente a relevância de
publicações científicas.
O JCR reúne os dados do Science Citation Index (SCI), Social Sciences Citation Index
(SSCI) e Arts and Humanities Citation Index (AHCI). Para fins desta pesquisa foi utilizado o
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SSCI, que contempla todas as disciplinas do campo das ciências sociais, selecionando os
periódicos melhores classificados de acordo com o FI simultaneamente nas categorias
Business e Management.
Com base no JCR de 2010, utilizando os critérios citados acima, obteve-se 208
periódicos com FI variando de 6.720 (Academy Management Review) a 0.000 (Asian Case
Research Journal) e o FI-5 Year Impact Factor variando de 11.706 (Journal of Supply Chain
Managament) a 0.133 (Fortune), sendo que 61 periódicos não possuíam este índice. Para os
fins desta pesquisa foram selecionados todos os artigos dos periódicos cujos FIs se
enquadraram acima do percentil 75 (FI ≥ 2.239 ou FI-5Y ≥ 3.552), reduzindo a amostra
inicial para 176 artigos. Estes 176 artigos passaram então para a próxima etapa de validação
da consistência em relação ao objeto da pesquisa. Primeiramente foram eliminados os artigos
que se encontravam duplicados nas bases. Também foram suprimidos os textos que na
verdade eram resenhas de livros ou de artigos e comentários. Após esta triagem foi realizada
um avaliação minuciosa na qual foram lidos o resumo, a introdução e a metodologia de cada
artigo, visando à confirmação de sua forte relação com o tema pesquisado. Excluíram-se
artigos cujas palavras de referência foram utilizadas com significado diferente daquele
adotado como definição para o tema “comunidades de prática” desta pesquisa, conforme
referido na introdução deste trabalho. A partir deste processo de seleção, 63 artigos foram
então escolhidos para constituir a amostra final deste estudo, e que foi mais
aprofundadamente analisada, tendo em vista sua relação direta com a aplicação do tema das
CoPs no mundo dos negócios. Os artigos selecionados estão todos apresentados nas
referências.
A metodologia de seleção dos artigos é apresentada na Figura 1. Ressalta-se que o
procedimento de análise e classificação para a triagem dos artigos estudados de forma
detalhada não está livre de limitações, uma vez que pode haver artigos relacionados ao tema
que não foram selecionados por não utilizarem o argumento de pesquisa apresentado no título
do trabalho.

Figura 1. Metodologia para seleção dos artigos


Fonte: Elaborada pelos pesquisadores.

3. Referencial Téorico
O conceito de Comunidade de Prática (CoP) foi cunhado pelo teórico Etienne Wenger
para designar o fenômeno que reúne as pessoas informalmente e espontaneamente engajando-
as em grupos autogereciados com o objetivo de compartilhar conhecimentos e experiências.

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Neste sentido, um grande benefício que as CoPs trazem para as organizaçoes é o
desenvolvimento contínuo de competências através da troca de conhecimentos. À medida em
que as comunidades de prática geram conhecimentos, elas se renovam (Wenger & Snyder,
2001).
Dada sua natureza orgânica, CoPs diferem fundamentalmente dos demais grupos e
equipes, pois não possuem uma da estrutura formal dentro das organizações. Segundo Brown
and Duguid (1991), historicamente, devido a esta diferença essencial, as CoPs têm sido
tratadas com hostilidade por gerentes porque fogem do escopo tradicional da hierarquia. No
entanto, à medida em que tem aumentado o papel do conhecimento na vida empresarial,
passaram a ser valorizadas pelas organizações, que inclusive apóiam deliberadamente sua
criação e desenvolvimento. Por outro lado, dada sua natureza primordialmente informal, as
CoPs não são suscetíveis a gerenciamento e controle e sua criação não pode ser imposta,
sendo conceitualmente contraditórias as tentativas de formalizar um processo inerentemente
informal.
O conceito de CoP é fundamentado em duas premissas: a perspectiva da gestão do
conhecimento baseada na prática e a característica do grupo formado por pessoas que têm
trabalhos afins. A relevância da primeira premissa diz respeito ao fato de que saber e fazer são
indissociáveis, ou seja, tarefas específicas exigem saberes específicos para a sua execução.
Assim, Brown and Duguid (1991) argumentam que aprendizagem em ação é uma necessidade
inerente ao trabalho e que atividades organizacionais implicam produção de conhecimento. A
segunda premissa diz que as atividades organizacionais são tipicamente coletivas, envolvendo
a interação coordenada de grupos de trabalhadores. Isto significa que os conhecimentos dos
membros de uma CoP, embora altamente personalizados, são também compartilhados e, sob
uma perspectiva objetivista do conhecimento, aquilo que é compartilhado pelos membros da
CoP deixa de ser tácito e passa a ser explícito. Neste sentido, Lave and Wenger (1991)
sugerem que os membros de CoPs desenvolvem conhecimento situacional que resulta no
desenvolvimento de toda a comunidade.
A partir destas considerações, assume-se que as CoPs podem ser vistas como tendo
três características básicas: (1) um corpo de conhecimentos e práticas que caracterizam o
domínio de uma área de estudo e atuação; (2) um senso de identidade comunitário; e (3)
valores comuns compartilhados. Isto significa que os membros de uma CoP devem se
aperfeiçoar num domínio de conhecimento por meio da negociação de significados e da
partilha de experiências múltiplas; que as pessoas só se desenvolverão neste domínio de
conhecimento se vivenciarem uma prática comum capaz de ampliar seus repertórios de
experiências; e que as comunidades tipicamente desenvolvem valores e atitudes
compartilhados sobre uma mesma visão de mundo, gerando um senso de identidade
comunitária. Estas características são construídas pela linguagem e comunicação à medida
que as interações e atividades ocorrem dentro da comunidade. Este fato justifica o dinamismo
das CoPs no sentido de exigir que membros novatos sejam rapidamente familiarizados nos
assuntos da comunidade pelos membros mais antigos e se adaptem às circunstâncias da
comunidade. Assim, a evolução do aprendizado e o conhecimento tornam-se aspectos
inerentes e fundamentais da dinâmica das CoPs e ajudam a explicar por que um dos principais
contextos nos quais o conceito de CoP se originou e desenvolveu foi no campo da
aprendizagem organizacional.
Lave and Wenger (1991) usam o termo “participação periférica legitimada” para
caracterizar o processo pelo qual as pessoas aprendem e se socializam como membros de uma
CoP. O processo é baseado em relações nas quais os novatos aprendem à medida que
observam e se comunicam com os membros mais antigos. Começam como membros
“periféricos” focados apenas em tarefas específicas, mas, com o passar do tempo, tornam-se
proficientes em relação às competências básicas e gradualmente começam a participar de
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atividades mais complexas. A participação periférica legitimada é então o processo pelo qual
os novatos de uma CoP adquirem o conhecimento necessário para gradualmente participarem
em diferentes níveis de atividades da comunidade, enquanto, simultaneamente se movem da
posição de membros periféricos para se tornar membros mais centrais e legitimados dela.
Brown and Duguid (1991) afirmam que a literatura sobre CoPs é construída a partir de
insights calcados na perspectiva do conhecimento prático. Sugerem que o conhecimento
organizacional é produzido por uma comunidade de comunidades ou, em linguagem
metafórica, de uma “constelação de comunidades”. Assim, em vez de um corpo de
conhecimentos coerente e unificado, o conhecimento organizacional é, na verdade,
fragmentado em campos de especialização sobrepostos e interdependentes criados pelas
diversas comunidades, mas com elementos comuns que ajudam a construir m contexto
específico de aplicação. Entretanto, as bases e a estrutura do conhecimento organizacional
variam significativamente entre as organizações. Os autores sugerem que a divisão social do
trabalho é um reflexo da forma como se distribui o conhecimento em uma organização.
Conforme Dalkir (2005) e Johnson (2009), as CoPs apresentam benefícios para
indivíduos e organizações. Em relação aos trabalhadores, desenvolvem um forte senso de
identidade coletiva que possibilita que, no seu contexto social, potencializem o uso efetivo de
seus conhecimentos. Para as organizações, podem prover uma fonte vital de inovação.
A literatura sobre gestão do conhecimento argumenta que as CoPs são fundamentais
para facilitar os processos de conhecimento organizacional, gerando benefícios em duas
importantes áreas. Em primeiro lugar, podem alavancar a inovação organizacional pelo apoio
e estímulo à criação, desenvolvimento e uso do conhecimento. Em segundo lugar,
potencializam o aprendizado individual e em grupo por meio do compartilhamento de
conhecimentos e valores e do desenvolvimento do senso de identidade coletiva.
Bachmann e Zaheer (2008) e Newell, David e Chand (2007) sugerem outra grande
vantagens das relações interorganizacionais geradas por CoPs: a capacidade de correlacionar
o conhecimento de seus membros com os processos da organização por meio da confiança.
Como já visto, os novatos de uma CoP, à medida em que aderem mais fortemente à
identidade coletiva e aos valores compartilhados da comunidade, têm sua participação
legitimada e, simultaneamente, com mais facilidade se comunicam, se entendem e
compartilham conhecimentos tácitos, criando laços de relações construídas com base na
confiança e possibilitando o compartilhamento do conhecimento no âmbito mais abrangente
da sociedade.
Para que seus benefícios sejam efetivos, as CoPs requerem um gerenciamento efetivo
de suas atividades. Neste sentido, Brown and Duguid (1991), Baumard e McDermott (1999),
Stamps e Ward (2000), Thompson (2005) e Gherardi (2006) discutem e apresentam as
principais contribuições para o gerenciamento das dificuldades, contradições e riscos
relacionados às características fundamentais de informalidade, da emergência e da natureza
ad hoc das CoPs. Estas características indicam que as CoPs não são facilmente responsivas ao
controle top-down, pois atuam de forma autônoma, com autogestão, e podem existir e se
desenvolver sem a necessidade de um apoio de gestão superior. Entretanto, nota-se que
freqüentemente ocorrem conflitos entre seu sistema de autogestão e o gerenciamento baseado
em controle e influência tradicionais nas organizações. Por isto, estes autores recomendam
especial atenção à forma como é estabelecida a gestão das CoPs, de forma a se evitar efeitos
adversos que podem ser prejudiciais ao seu êxito. Por exemplo, um risco específico diz
respeito à tentativa de formalizar a CoP e assim gerar uma rigidez que pode inibir sua
adaptabilidade e capacidade inovadora. Entretanto, a despeito dos problemas e dificuldades
potenciais identificados, cada vez mais as organizações estão desenvolvendo e apoiando as
CoPs como parte de suas iniciativas de gestão do conhecimento.

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A literatura sobre o tema tipicamente sugere que o gerenciamento não seja instituído
em CoP’s recém-formadas, pois seria contraditório em relação às suas características básicas.
Contudo, os especialistas no tema recomendam um escopo básico para a gestão de CoPs já
existentes. Sugere-se que CoPs recém-instituídas sejam gerenciadas e apoiadas de forma
discreta, com um “toque light” pelo qual se desenvolverão naturalmente, sem formalização, e
que todas as iniciativas de intervenção gerencial sirvam para reforçar os atributos essenciais
da CoP que contribuem para a efetividade dos processos de facilitação do conhecimento.
Relacionando-as com uma metáfora de plantas de um jardim, os autores mencionados
afirmam que as CoPs apresentam atributos adaptáveis e envolventes, como se fossem um
sistema orgânico, e aconselham uma abordagem gerencial que reforce os melhores atributos
das CoPs incluindo: (a) enfatizar a prática apoiada mais em métodos que fomentem o
aprendizado e o compartilhamento dos membros e menos em formalização; (b) evitar a
formalização de objetivos relacionados ao conhecimento e estabelecer práticas informais para
o desenvolvimento do conhecimento; (c) dar continuidade aos trabalhos das comunidades e
evitar sua descontinuidade para não obstruir seu desenvolvimento; e (d) descobrir, incentivar
e apoiar CoPs existentes pelo reforço à autogestão, fortalecendo os mecanismos de interação
social e provendo adequada autonomia para que seus membros possam decidir e controlar
como realizar a organização e o compartilhamento do conhecimento. Portanto, embora a
literatura sobre CoPs seja pródiga em conselhos sobre como apoiá-las, ironicamente a maioria
doa autores da área sugere que a melhor forma para gerenciar comunidades é provendo a
autonomia dessas comunidades, no sentido de que elas se autogerenciem.
De fato, muitas organizações criam condições para desenvolver e apoiar as CoPs, mas,
na prática, acabam dificultando seu desenvolvimento e sustentação. Uma tendência
contemporânea relativa a esta questão aponta que o crescente senso de individualismo e os
processos de formação de uma identidade comunitária da “modernidade líquida”, sugerida por
Bauman (2001), com um arcabouço refletido na insegurança e fragilidade das relações
humanas, tornam improvável que as pessoas realmente consigam desenvolver valores
compartilhados no ambiente de trabalho. Além disto, o alto nível de dinamismo e a
turbulência presente em muitos negócios e setores da economia exigem das organizações,
para que possam competir, constante mudança e adaptação, o que torna difícil gerar e manter
relações interpessoais por longo período de tempo, prejudicando a criação do senso de
comunidade necessário para desenvolver as CoPs.
Embora a maior parte da literatura sobre CoPs sugira que sua atuação é muito benéfica
para a gestão do conhecimento organizacional, esta é uma limitação idealista que obscurece as
facetas de potencial negativo e às vezes inibidor dos processos de conhecimento
organizacional, numa visão unilateral sobre o tema. Há muitas ambiguidades, dificuldades e
problemas em relação à forma como as CoPs são concebidas e sobre seu papel nos processos
de gestão do conhecimento da organização.
Neste sentido, Lave e Wenger (1991), Brown e Duguid (1991, 1998, 2001), Leonard e
Sensiper (1998), Wenger (1998), Baumard (1999), Alvesson e Fox (2000), Ardichvili e Page
(2003), Gittelman e Kogut (2003), Chua (2006), Cross et al. (2006), Handley et al. (2006),
Roberts (2006), Usoro et al. (2007) e Amin e Roberts (2008) apresentam estudos abordando
as principais críticas em relação às CoPs.
Estes autores apontam relações inadequadas de poder que são geralmente
negligenciadas ou relegadas a um segundo plano nas CoPs. Exemplos disto são as ideias não
verossímeis de que os membros dessas comunidades sejam tratados de forma igualitária, os
conflitos sejam raros, a homogeneidade seja constante e o consenso seja a norma. Ao
contrário, as CoPs apresentam tensões inerentes resultantes de uma desigual distribuição de
poder que nasce do desbalanceamento de quantidade entre membros antigos e novatos.
Assim, embora uma CoP não tenha uma estrutura hierárquica formal, isto não significa que
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todos os seus membros sejam iguais. A irregular distribuição de conhecimento cria potenciais
conflitos no processo de legitimação da participação periférica. Para mitigar esta situação, é
preciso que os membros mais antigos desenvolvam o conhecimento dos novatos, o que nem
sempre ocorre.
Outra fonte de conflito diz respeito às contradições inerentes às práticas sociais
coletivas. Isto significa que os membros da CoP trabalham juntos coletivamente e cooperam,
mas, simultaneamente, em alguns casos, competem entre si dentro da organização – por
exemplo, por oportunidades de promoção na carreira.
A importância dos conflitos de poder em CoPs fica acentuada em ambientes de
mudança que requerem adaptabilidade, pois ameaçam o status quo e podem apresentar efeitos
contraditórios nos membros. Enquanto os mais experientes podem ver as mudanças como
ameaças às suas posições, os novatos podem vê-las como oportunidades de desenvolver seu
próprio poder, conhecimento e status. Isto pode gerar resistência às mudanças necessárias à
organização.
Outro ponto relevante, mas ainda precocemente abordado no gerenciamento das CoPs
trata da natureza genérica do conceito de CoP e como ele pode ser implementado em
diferentes contextos. A crescente popularidade do termo sugere que CoPs estão presentes em
quase toda organização, sob as mais variadas formas e com características e dinâmicas muito
diferentes. Por exemplo, as CoPs podem variar em tamanho (poucos ou muitos membros),
localização geográfica e tipos de interação (face a face ou via tecnologia da informação) e tipo
de constituição (centralizadas dentro de uma única organização ou dispersas em vários sites).
A diversidade de formatos também pode ser fruto dos diferentes contextos sociais e culturais,
o que implica variedade na sua dinâmica e forma de compartilhar conhecimento.
Finalmente, é importante analisar a questão do uso indevido ou da má aplicação do
conceito de CoP. Em algumas empresas, iniciativas denominadas CoP não apresentam as
características típicas ou não são claramente autoiniciadas porque nasceram de esforço
gerencial, top down, apresentam uma estrutura ad hoc, são orgânicas – formadas por
conjuntos de pessoas previamente definidas pelos gestores e sem estrutura hierárquica,
apresentando gerenciamento e controle formais.

4. Resultados
Ao longo do processo de coleta, seleção e avaliação dos artigos, esta pesquisa analisou
1.066 artigos para então constituir sua amostra final composta por 63 artigos. No intuito de
explorar o resultado obtido, foi realizado um estudo exploratório afim de reconhecer e
identificar padrões, tendências e dados relevantes à proposta deste artigo.
Nesta seção serão apresentados os periódicos mais representativos da amostra, bem
como sua classificação, a distribuição das publicaçoes por ano, período e por periódico, a
evolução das publicações por período e por periódicos, o perfil da estratégia de autoria, os
autores mais referenciados dentre outras análises. Quanto ao número de publicações por
periódicos, é possível identificar na Tabela 1 que o periódico mais relevante dentro do
universo da amostra é o Organization Science representando 14,3% das publicaçoes, seguido
pelo empate de 12,7% dos periódicos Journal of Management Studies e Organization Studies.

Tabela 1:
Total de artigos por periódico
Total de artigos por periódico Artigos %

Academy of Management Journal 4 6,3


Academy of Management Learning & Education 1 1,6
Academy of Management Review 4 6,3

8
British Journal of Management 2 3,2
Business Ethics Quarterly 1 1,6
Harvard Business Review 6 9,5
International Journal of Management Reviews 1 1,6
Journal of Information Technology 1 1,6
Journal of Management 1 1,6
Journal of Management Information Systems 3 4,8
Journal of Management Studies 8 12,7
Journal of Organizational Behavior 1 1,6
Journal of Product Innovation Management 2 3,2
Management Science 3 4,8
MIS Quarterly 2 3,2
Organization Science 9 14,3
Organization Studies 8 12,7
Organizational Research Methods 1 1,6
Project Management Journal 1 1,6
Research Policy 2 3,2
Strategic Management Journal 2 3,2
Total 63 100
Fonte: Elaborada pelos pesquisadores.

A Tabela 2 mostra a relação dos 21 periódicos selecionados segundos os critérios da


metodologia adotada, ou seja, apresentam o FI acima do percentil 75 (FI ≥ 2.239 ou FI-5Y ≥
3.552).
Tabela 2:
Periódicos classificados pelo alto índice de FI simultaneamente nas categorias Business e Management
Título do Periódico FI FI5Y
Academy of Management Journal 5.250 10.779
Academy of Management Learning &Education 2.533 3.333
Academy of Management Review 6.720 11.657
British Journal of Management 1.385 3.631
Business Ethics Quarterly 3.256 2.085
Harvard Business Review 1.881 3.671
International Journal of Management Reviews 2.641 4.304
Journal of Information Technology 2.907 3.447
Journal of Management 3.758 6.210
Journal of Management Information Systems 2.662 4.054
Journal of Management Studies 3.817 4.684
Journal of Organizational Behavior 2.351 4.411
Journalof Product Innovation Management 2.079 3.626
Management Science 2.221 3.966
MIS Quarterly 5.041 9.821
Organization Science 3.800 5.838
Organization Studies 2.339 3.590
Organizational Research Methods 4.423 5.350

9
Project Management Journal 1.029 4.362
Research Policy 2.508 4.242
Strategic Management Journal 3.583 6.818
Fonte: Elaborada pelos pesquisadores.

A distribuição dos artigos publicados ao longo do período estudado está representada


na Tabela 3 que ilustra de forma quantitativa os resultados por ano de publicação. O ano que
apresentou um maior volume de publicações foi o ano de 2006.

Tabela 3:
Distribuição dos artigos selecionados por ano de publicação
Ano Artigos %
2000 5 7,9
2001 4 6,3
2002 4 6,3
2003 9 14,3
2004 2 3,2
2005 6 9,5
2006 10 15,9
2007 4 6,3
2008 4 6,3
2009 7 11,1
2010 8 12,7
Total 63 100
Fonte: Elaborada pelos pesquisadores.

A fim de possibilitar uma visão evolutiva aglutinada das publicações, optou-se pela
segmentação do período completo em dois períodos equivalentes de cinco anos (2001-2005 e
2006-2010), de tal forma que os artigos selecionados em 2000 não constam da análise
comparativa entre períodos. Por meio desta divisão por períodos presente na Tabela 4, pode-
se inferir a ascensão da produção científica sobre o tema, que demonstrou um crescimento de
32%, o que corrobara a majoração do interesse pela temática aqui analisada.

Tabela 4:
Evolução das publicações por períodos
Período de Publicação Artigos %
2001 a 2005 25 45
2006 a 2010 33 60
Total 58 100
Fonte: Elaborada pelos pesquisadores.

A Tabela 5 ilustra a distribuição das publicaçoes de artigos por periódicos divididos


por períodos de 5 anos. Esta análise possibilita observar a evolução de cada periódico.
evidenciando o crescimento de 32% no último quinquênio.

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Tabela 5:
Evolução nos períodos dos artigos por periódico
Periódico 2001-2005 2006-2010 Δ

Academy of Management Journal 2 2 0


Academy of Management Learning & Education 0 1 1
Academy of Management Review 0 4 4
British Journal of Management 1 1 0
Business Ethics Quarterly 0 1 1
Harvard Business Review 2 3 1
International Journal of Management Reviews 1 0 -1
Journal of Information Technology 1 0 -1
Journal of Management 0 1 1
Journal of Management Information Systems 1 2 1
Journal of Management Studies 3 2 -1
Journal of Organizational Behavior 0 1 1
Journal of Product Innovation Management 0 2 2
Management Science 1 2 1
MIS Quarterly 1 1 0
Organization Science 7 2 -5
Organization Studies 5 3 -2
Organizational Research Methods 0 1 1
Project Management Journal 0 1 1
Research Policy 0 2 2
Strategic Management Journal 0 1 1
TOTAL 25 33 8
Fonte: Elaborada pelos pesquisadores.

A autoria dos 63 artigos analisados foi composta por 121 autores distintos. No intuito
de delinear o perfil de autoria dos artigos foram analisados os 121 autores que compuseram a
amostra. Primeiramente foi feita a análise da estrátégia de autoria, conforme ilustrado na
Tabela 6. Os resultados indicam que a estratégia de publicação mais utilizada é a autoria em
dupla, abrangendo 49,2% dos resultados, seguida pela autoria individual, com 33.3% da
amostra. O uso de três ou mais autores é menos frequente, representando 17.5% do total.

Tabela 6:
Estratégia de autoria nos artigos selecionados
Quantidade de Autores Artigos %
1 autor 21 33,3
2 autores 31 49,2
3 autores 7 11,1
4 autores 3 4,8
5 autores 1 1,6
Total 63 100
Fonte: Elaborada pelos pesquisadores.

11
A fim de identificar os autores mais expressivos dentro do universo desta pesquisa,
considerou-se o número de vezes que os artigos foram citados nas bases pesquisadas. A
quantidade de citações que um artigo recebe acaba por revelar a influência deste na produção
científica e também é um indicador de qualidade. A Tabela 7 mostra o ranking dos principais
autores referenciados. De maneira geral um autor tende a citar outros autores que são
considerados referência teórica ou conceitual na intenção de legitimar sua própria produção.

Tabela 7:
Principais autores referenciados
Autores Total de citações na base pesquisada
Brown e Duguid (2001) 247
Bechky (2003) 131
Wenger e Snyder (2000) 115
Collins e Ken (2006) 90
Contu e Willmott (2003) 90
Fonte: Elaborada pelos pesquisadores.

A análise dos autores mais prolíficos, conforme os resultados apresentados na Tabela


8, identificou 9 autores que publicaram dois ou mais artigos, sendo que o autor Jonathan
Sapsed foi o que apresentou o maior número de publicaçoes da amostra, atuando em 3 artigos
distintos.
Tabela 8:
Autores mais prolíficos
Autor Quantidade de artigos
Sapsed, Jonathan 3
Alvesson, Mats 2
Bechky, Beth A. 2
Contu, Alessia 2
Faraj, Samer 2
Glaser, John 2
Nicolini, Davide 2
Roberts, Joanne 2
Willmott, Hugh 2
Fonte: Elaborada pelos pesquisadores.

5. Considerações finais
O objetivo deste artigo foi identificar o comportamento da produção científica
internacional sobre comunidades de prática relacionadas ao aprendizado organizacional e à
gestão do conhecimento organizacional. Para este fim fez-se um mapeamento e análise da
produção científica relacionadas ao tema, considerando o período de 2000 a 2010.
Para atender o objetivo proposto, este artigo tomou a características de um estudo
descritivo-exploratório. Classifica-se como descritivo por ter como objetivo apresentar um
mapeamento baseado nos indicadores das publicações científicas sobre CoPs e classifica-se
como exploratório por ter buscado conhecer o tema CoPs e o estado em que se encontra
inserido hoje no contexto organizacional. Este conjunto possibilitou a construção de um
panorama do contexto.

12
O tema CoPs é um dos mais importantes da literatura sobre gestão do conhecimento
organizacional, dado que estas facilitam o compartilhamento do conhecimento e apoiam a
geração de inovações. Por este motivo, o desenvolvimento de CoPs pode ser a chave para o
sucesso da gestão do conhecimento organizacional.
No âmbito das pesquisas acadêmicas sobre o tema, estas são predominantemente do
tipo qualitativas e descrevem a complexidade do fenômeno das CoPs visando compreender e
classificar os processos dinâmicos vividos por estes grupos sociais, a fim de contribuir para
eventuais processos de mudança destes grupos, bem como possibilitar, em maior nível de
profundidade, o entendimento do comportamento dos indivíduos nas CoP’s.
Em relação aos artigos analisados, destaca-se o avanço positivo do da produção
científica, sendo possível observar que a representatividade do tema vem ganhando espaço.
Numa análise acurada torna-se possível identificar que as publicações estão distribuidas de
forma heterogênea, apesentando uma concentração na segunda metade do período, o que
indica uma tendência de interesse crescente da comunidade acadêmica sobre o tema. Os anos
de maior volume de publicações de artigos, por ordem de classificação, foram: 2006, 2003,
2010, 2009. Representando 54% da amostra.
Quanto a análise dos periódicos podemos observar uma dissemetria visto que 61.9%
da nossa amostra está concentrada em 6 periódicos (Organization Science, Journal of
Management Studies, Organization Studies, Harvard Business Review,Academy of
Management Journal,Academy of Management Review). Em contraponto os periódicos mais
representativos (Organization Science, Organization Studies, Journal of Management
Studies), os quais compreendem 39.7% da amostra, apresentaram uma retração em relação aos
últimos 5 anos, o que pode sugerir uma mudança de interesse do campo de pesquisas destes
periódicos especificamente. O crescimento das publicações sobre o tema das CoPs está em
linha com a visão contemporânea da pesquisa em Administração segundo a qual os ambientes
externo e interno e as relações entre as pessoas influenciam a aprendizagem organizacional e
as decisões estratégicas adotadas pelas empresas.
No que diz respeito à dupla autoria dos artigos, vis-à-vis os autores mais citados na
pesquisa nesta área, é possível concluir pela valorização tanto do trabalho individual quanto
“a quatro mãos”, pois a maioria dos autores considerados mais expressivos adotou tanto a
autoria individual quanto a coautoria.
Os resultados permitem constatar ainda a evolução positiva e significativa em termos
de publicações de artigos sobre o tema no decorrer do período. Porém, há que se destacar que
a análise aqui apresentada deriva de um processo sistemático de busca semântica que resultou
em um conjunto de dados quantitativos acerca da pesquisa qualitativa sobre CoP’s no
panorama internacional.
Por não estar orientada a um exame semântico-contextual mais aprofundado, dadas
suas próprias restrições metodológicas quanto ao processo de seleção dos artigos analisados,
conforme explicitado na Seção 2, o presente estudo impede a visualização de um panorama
mais detalhado da situação da pesquisa nesta área. Uma sugestão de aprofundamento futuro é
avaliar a relevância dos periódicos no tema em questão, de forma a validar os artigos escritos
sob a categoria business/management, a segunda em preferência dos pesquisadores, atrás da
área da Educação, na qual o tema das CoPs é emergente.

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