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br
CADERNO
INFORMATIVO DE
PREVENÇÃO
DE ACIDENTES

Julho 2016 _ Ano 38

Nº 442 _ R$15

Disponível

DESDE 1978

VAI E VEM
DE CARGAS
MOVIMENTAR MATERIAIS
DEMANDA RIGOROSO
PLANEJAMENTO E
EXECUÇÃO IMPECÁVEL
PARA EVITAR ACIDENTES

ENTREVISTA
LUIZ HENRIQUE RIGO MULLER
Novo presidente
da Fundacentro
DOENÇAS PSICOLÓGICAS
Aparecimento ou agravamento
de patologias podem estar
relacionados ao trabalho
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 DESDE 1978
EDITORIAL
SST EM TEMPOS
DE TURBULÊNCIAS
REVISTA CIPA - ANO XXXVIII - Nº 442 - julho de 2016 é uma publicação mensal da Cipa Fiera Milano
Publicações e Eventos Ltda. Publicação específica para as áreas de Higiene, Segurança e Infortunística Laboral,
destinada à Segurança Total do Homem, do Trabalho e da Empresa.
As revista Cipa não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos assinados. Em função do espaço,
a revista se reserva o direito de resumir artigos, ensaios e cartas. As matérias publicadas poderão ser
O mundo vive em uma nova e profunda crise financeira.
reproduzidas, desde que autorizadas por escrito pela Cipa FM Publicações e Eventos Ltda., sujeitando os
infratores às penalidades legais.
No caso do Brasil, também política, e que interfere
diretamente na área econômica. É sabido que nesse
CIPA FIERA MILANO PUBLICAÇÕES E EVENTOS LTDA
ADMINISTRAÇÃO, CIRCULAÇÃO E ASSINATURAS, MARKETING E PUBLICIDADE
momento, devido aos fatores psicossociais que envolvem
ENDEREÇO Av. Angélica, 2491 - 20º andar - São Paulo (SP) o trabalhador, como o medo de perder o emprego e
FONE (11) 5585-4355 FAX (11) 5585-4355 PORTAL: www.fieramilano.com.br
instabilidade financeira, os números de acidentes tendem
a aumentar. A forma de se evitar que essas ocorrências
DIRETOR-GERAL Graziano Messana
DIRETOR-COMERCIAL E VENDAS Rimantas Ladeia Sipas (rimantas.sipas@fieramilano.com.br) danosas se multipliquem é aumentar as oportunidades
para a manutenção das empresas e empregos. A prevenção
PUBLICIDADE Fone (11) 5585-4355 comercial@fieramilano.com.br dos acidentes possui fator fundamental nesse aspecto.
ASSISTENTE SÊNIOR - DEPARTAMENTO COMERCIAL Sueli Ferreira (sueli.ferreira@fieramilano.com.br)
ASSINATURAS assinatura@fieramilano.com.br
Nesse momento de turbulências é fundamental que
empregadores e trabalhadores se unam para combater um
REALIZAÇÃO
inimigo comum: a recessão. A gestão em SST (Segurança
e Saúde do trabalho) deve ser vista pelo empregador como
investimento, uma vez que seu retorno para a empresa é
inestimável. Isso porque, antes de mais nada, esse tipo de
Rua Félix de Souza, 305 – Vila Congonhas serviço não só gera o bem-estar coletivo, como também
CEP 04612-080 – São Paulo – SP
evita que a empresa seja acionada em ações trabalhistas,
Tel.: (11) 5095-0096
www.brasilmediacommunications.com pagamentos de indenizações, multas etc.
DIRETOR DE REDAÇÃO Marcelo Couto
E o trabalhador, sentindo-se protegido pela empresa,
DIRETOR DE ARTE Roberto Gomes produz mais e melhor. Portanto, a gestão em SST evidencia-
REDAÇÃO-REPÓRTERES/REDATORES Débora Luz (debora.luz@bmcomm.com.br),
se como grande diferencial estratégico nesse momento.
Ana Claudia Machado (ana.machado@bmcomm.com.br) e Clarisse Sousa (clarisse@bmcomm.com.br) Nesse sentido, é indispensável que os responsáveis
ASSISTENTES DE ARTE Jessica Guedes
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Luciana Fleury, Renata Costa, Adriana Gavaça, Carlos Hupsel de políticos e empresários compreendam os custos voltados
Oliveira, Rômulo Assmann, Telma Bartholomeu Silva, Praveen Sharma, Saulo Cerqueira de Aguiar Soares
e Lúcia Schuller
à SST. Na Europa, por exemplo, estudos da OIT mostram
que, a cada euro investido em SST, existe um retorno de
CAPA SHUTTERSTOCK
IMPRESSÃO Gráfica Grass 2,2 euros, e que a relação custo-benefício do reforço da
TIRAGEM 14.000 exemplares segurança e da saúde no trabalho é favorável. Os benefícios
CIPA® Registrada no Ministério da Indústria e Comércio, Tiragem auditada econômicos para as empresas de uma boa gestão em SST
Secretaria de Tecnologia Industrial, Instituto Nacional
da Propriedade Industrial em 25.8.79, sob o número
são significativos. No Brasil existe o FAP (Fator Acidentário
1231/0697.261, e no 5º Ofício de Títulos e Documentos em 8 Previdenciário), que motiva as organizações a dar uma
de janeiro de 1987, no Livro A, sob matrícula nº 5.815.
atenção maior à SST de seus funcionários, pois uma vez
serviços que diminuam os registros de acidentes por meio de ações
ATENDIMENTO preventivas, além da conscientização dos trabalhadores no
Edições anteriores, promoções, preços e alteração de dados cadastrais que se refere ao uso de EPIs, a empresa pagará alíquotas
(endereço, número de telefone, forma de pagamento etc.).
Fone: (11) 5585-4355 menores na próxima atualização do fator.
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Sumário
Entrevista 24
LUIZ HENRIQUE

28MOVIMENTAÇÃO
DE CARGAS
RIGO MULLER
PRESIDENTE DA
FUNDACENTRO

40 DOENÇAS
Colunas
Meio Ambiente Industrial................................... 86
Vetor................................................................ 90
PSICOLÓGICAS

48
Artigos
Manuseio de pólvora......................................... 68
CANAIS DE Prevenção de acidentes...................................... 70
COMUNICAÇÃO Atualização de súmulas..................................... 72

60 MANUTENÇÃO
Desenvolvimento profissional............................. 82

Seções
Tá na Rede............................................................ 8
DE GALERIAS
SST Global........................................................ 10

56
PLATAFORMA
Cipa Notícias..................................................... 12

Fique Sabendo.................................................. 18

Repercussão...................................................... 22
ON-LINE
Vitrine............................................................... 94

80
Agenda............................................................. 96

LITERATURA
 Construímos nossa
história com CONFIANÇA.
Em nossos 50 anos de história, buscamos
QUALIDADE, não somente na oferta de produtos,
mas também estando ao lado dos profissionais
de empresas de energia, telecomunicações,
petróleo e gás, construção civil, produção de
alimentos e de muitas outras áreas da indústria,
além de entidades que buscam a melhoria
contínua da segurança e da saúde no trabalho
em nosso país.
Uma história de LEALDADE a quem confia em
nosso trabalho. Essa é a nossa maior conquista.

(11) 2189 5300

(11) 2189 5333

LEAL.COM.BR LEAL À SUA CONFIANÇA


Ministério deverá definir regras
para riscos ocupacionais biológicos
O site da revista Cipa noticiou que a Comissão de Seguridade
Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto
de Lei no 1621/15 que obriga o Ministério do
Trabalho a estabelecer regras complementares
para a prevenção dos riscos ocupacionais de
natureza biológica. A versão original trata
apenas da adoção de normas para prevenção
do tétano entre os trabalhadores da agricultura,
da construção civil e do processamento de
resíduos sólidos. A comissão estendeu a regulamentação para todos
os riscos ocupacionais de origem biológica, o que inclui todos os
microrganismos (como bactérias, fungos e vírus). Para ler a matéria
completa acesse a seção “Legislação”.
Não caminhar durante
o trabalho pode ser tão
perigoso quanto fumar
Seja no escritório, no transporte público, no carro ou mesmo
em casa, ficar sentado por muito tempo pode ser muito ruim
para a saúde ao ponto de ser tão perigoso quanto fumar. É
o que defende o cientista Rob Copeland, da Universidade
Sheffield Hallam, no Reino Unido. Ao encontro com essa
afirmação, o estudo da empresa de planos de saúde Westfield
Health indica que 51% dos trabalhadores só levantam
de suas mesas no escritório para ir ao banheiro. Do total,
62% afirmam passar o dia ocupados demais para fazer um
intervalo no horário do almoço. E 55% dizem andar menos
de 20 minutos por dia. Para ler a matéria na íntegra acesse a
seção “Notícias”, no site da revista Cipa.

Prorrogada a validade do Certificado de Aprovação de EPI

Divulgamos na seção “Notícias”, no site da revista Cipa, que foi publicada no dia 1º de junho a Portaria SIT (Secretaria de Inspeção
do Trabalho) nº 541, que prorroga a validade do CA (Certificado de Aprovação) dos capuzes conjugados com protetor facial. De
acordo com a Portaria, os EPIs (equipamentos de proteção individual) conjugados formados por capuz tipo carrasco com lente (ou
protetor facial) com ou sem capacete, cujos ensaios laboratoriais são realizados por laboratórios nacionais credenciados pelo DSST/
SIT e estejam válidos até o dia 30 de setembro de 2016, terão sua validade prorrogada para a data prevista para
a conclusão dos ensaios laboratoriais, acrescida de 90 dias. Os laboratórios credenciados devem encaminhar via
email (epi.sit@mte.gov.br) lista com o número do CA e a previsão para conclusão dos ensaios para o DSST. Os CAs
enquadrados nestas situações terão sua validade prorrogada no sistema CAEPI e serão disponibilizados para consulta
no site do Ministério do Trabalho, não sendo emitido novo documento.

Mudança na CLT ampliará cobertura

para trabalhador que enfrenta riscos à saúde
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou dia 15 de junho nova mudança na CLT por meio do Projeto de
Lei no 261/2010, do senador licenciado Marcelo Crivella (PRB-RJ), que amplia a cobertura ao trabalhador que exerce atividades em
condições de risco à saúde. A proposta recebeu parecer favorável, com emenda, do relator, senador Paulo Paim (PT-RS). Em função
de alterações feitas na CLT pela Lei nº 12.740/2012, parte das mudanças trazidas pelo projeto já passaram a valer, como a proteção
para os trabalhadores do setor de energia elétrica. O relator percebeu, no entanto, trechos que poderiam trazer avanços na legislação
trabalhista e os aproveitou na forma de emenda. Assim, também deverão passar a ser classificadas como atividades ou operações
perigosas aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, “ofereçam condições de acentuado risco à integridade física” do
trabalhador. Um trecho da emenda ainda deixa expresso que a cobertura inserida na CLT se aplica aos empregados de empresas cuja
atividade envolva risco de acidentes de trabalho de natureza grave. Mais informações na seção “Legislação”, no site da revista Cipa.

8 www.revistacipa.com.br
fevereiro_2016
9
SST GLOBAL Françapropõelimitar acessoae-mail profissional
O Partido Socialista francês pretende votar uma medida polêmica, que dá aos empregados, pela primeira vez, o
“direito de se desconectar”. Segundo a proposta, empresas com mais de 50 pessoas serão obrigadas a elaborar
uma carta de boa conduta estabelecendo quais são os horários fora da jornada de trabalho - normalmente o período
noturno e o fim de semana - quando os funcionários não deveriam enviar ou responder e-mails profissionais. Os par-
lamentares se baseiam em estudos que mostram que existe muito mais estresse relacionado ao trabalho atualmente
do que antes, e que este estresse é constante. Ainda de acordo com o Partido Socialista francês, “os funcionários sa-
em fisicamente do escritório, mas eles não saem do trabalho. Eles continuam presos por um tipo de coleira eletrôni-
ca. As mensagens de texto e os e-mails colonizam a vida do indivíduo até que ele ou ela desmorone.”

OIT exortaacomunidade Votações na105ª

global paramudança
O diretor geral da OIT (Organização Internacional do Traba-
lho), Guy Ryder, disse na 105ª Conferência Internacional
do Trabalho aos delegados que devem assumir suas responsa-
bilidades de mandato da justiça social, da OIT e os benefícios
da mudança transformadora no trabalho. “A desigualdade, a
marginalização e a divisão não são fenômenos que o mundo
do trabalho deve reagir, mas a consequência do que fazemos,
como nos comportamos, o que nós decidimos”, disse ele na
abertura da conferência. Ryder observou que o mundo entrou
em uma era onde a tecnologia está gerando inovação, porém,
também, em uma perturbação da vida produtiva.
Apresentando seu relatório para a conferência, este ano in-
titulado “O fim e a iniciativa contra a pobreza: A OIT e a
Agenda 2030”, Ryder advertiu que “a própria criação de ri-
queza que oferece a perspectiva de que consigne a pobre-
za à história também corre o risco de nos levar mais longe
das justiças sociais, em vez de nos levar em direção a ela“.
Além disso, ele incentivou a continuação dos trabalhos so-
bre a revisão de Normas Trabalhistas do Comitê sobre a Apli-
cação de Normas, observando que “um sistema de normas
fortes, autoritários e relevantes é uma condição necessária
para uma eficaz e influente OIT”.
ConferênciadaOIT
A Conferência também votou a aprovação de alte-
rações das propostas na Convenção sobre o Tra-
balho Marítimo, de 2006, para modificar as regras no
que tange os Marítimos Certificados do Trabalho, e pa-
ra fornecer orientações sobre o bullying a bordo e assé-
dio. Outro voto foi sobre adotar as mudanças propostas
para modernizar documentos de identidade dos maríti-
mos, tal como referido na Convenção 185.
O primeiro dia da Conferência também abriu espaço
para Mildred Oliphant, eleito como presidente da Con-
ferência Internacional do Trabalho. Oliphant tem sido
o ministro do Trabalho da República da África do Sul
desde novembro de 2010. A Conferência elegeu ainda
como vice-presidentes, Ramón Alberto Morales Quija-
no (governos) do Panamá, Alberto Echavarría (empre-
gadores) da Colômbia e Eric Manzi (trabalhadores) a
partir de Ruanda.
A Conferência Internacional do Trabalho define as gran-
des políticas da OIT, reunindo, uma vez por ano, em
Genebra, na Suíça, mais de cinco mil representantes do
governo, trabalhadores e empregadores de 187 Esta-
dos membros da OIT.

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fevereiro_2016
11
 Anamt elege nova diretoria
Foto: Divulgação/ Anamt

A Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho) elegeu, durante seu 16º Congresso Nacional, a nova lide-
rança da associação, que terá mandato até 2019. Sob a presidência de Marcia Bandini, os novos gestores têm co-
mo objetivo dar um salto qualitativo ainda maior na representação dos médicos do trabalho e na luta pela saúde e se-
gurança dos trabalhadores. Marcia Bandini recebe a presidência da associação de Zuher Handar, que liderou a entidade
entre 2013 e 2016. Neste período, a Anamt teve papel decisivo para a valorização da especialidade da medicina do tra-
balho e promoveu importantes interações com instituições correlatas nacionais, internacionais e com os públicos de in-
teresse. A entidade também conquistou papel de destaque na luta contra a precarização do trabalho e pela saúde e di-
reitos dos trabalhadores. Algumas das questões em que a associação se envolveu ativamente nos últimos anos foram o
uso do amianto no Brasil, exames toxicológicos para motoristas profissionais, uso de drogas no ambiente de trabalho,
doenças mentais entre trabalhadores e inclusão das pessoas com deficiência. Outras conquistas foram a criação da edi-
tora Anamt e a produção de oito publicações, distribuídas aos associados. A nova presidente é especialista em medici-
na do trabalho e doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É membro da ICOH ( International
Commission on Occupational Health) e docente da área de saúde do trabalhador do departamento de saúde coletiva
da Universidade Estadual de Campinas. Ela será assessorada por 17 diretores e vice-presidentes regionais, além do vice-
-presidente nacional, Dr. Paulo Rebelo. Há, ainda, seis membros do conselho fiscal (três titulares e três suplentes). Co-
mo prioridades de sua gestão, Marcia Bandini aponta: comunicação integrada; relacionamento com o Conselho Federal
de Medicina e Associação Médica Brasileira; projetos de lei em áreas de interesse em Medicina do Trabalho; recomen-
dações técnicas e éticas; gestão eficiente e sustentável; representação internacional; educação continuada; indexação
da Revista Brasileira de Medicina do Trabalho; diretrizes para cursos de especialização; defesa da residência médica; va-
lorização do título de especialista e crescimento do quadro associativo.

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fevereiro_2016
13
 Credenciamento para a FISP 2016 Projeto CIPA
nas Escolas
O credenciamento para FISP (Feira Internacional
de Segurança e Proteção) já está disponível.
A feira acontece de 5 a 7 de outubro de 2016 no
São Paulo EXPO Exhibition and Convention Cen-
ter. Organizada e promovida pela Cipa Fiera Milano
em parceria com a Abraseg (Associação Brasileira
dos Distribuidores e Importadores de Equipamen-
tos e Produtos de Segurança e Proteção ao Traba-
lho), a Animaseg (Associação Nacional da Indústria
de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho)

N
e o Sindiseg (Sindicato da Indústria de Material de o dia 9 de junho foi re-
Segurança), a FISP chega à sua 21ª edição neste ano e deve receber mais de 50 mil visitan- alizada uma Moção de
tes, entre profissionais de enfermagem, médicos do trabalho, psicólogos, fonoaudiólogos, Aplausos, evento organiza-
engenheiros e técnicos de segurança do trabalho, inspetores de risco, segurança patrimo- do pela Câmara Municipal de
nial, cipeiros, bombeiros, compradores, entre outros. O evento reunirá, dentro de um espa- Duque de Caxias (RJ). A ho-
ço de 42 mil m2, cerca de 700 empresas expositoras que apresentarão o que existe de mais menagem destacou as ações
moderno na área de segurança e proteção ao trabalhador. O credenciamento pode ser fei- do servidor conduzidas espe-
to por meio deste link: http://www.mbxeventos.com/AOL3fisp/PreLogin.aspx cialmente durante a realiza-
ção do Projeto CIPA nas Esco-
las no município de Duque de
Obra embargada no Rio de Janeiro Caxias. Dentre os homenage-
ados estavam Ricardo Pereira

Em uma ação de fiscalização con-

duzida pelo Ministério do Traba-
de Mattos, gerente de Meio
Ambiente e Segurança da Pe-
Foto: Divulgação/ Ministério do Trabalho

lho no dia 10 de junho foi embarga- trobras; Amanda Vitoria, pre-

da uma obra no Terminal Alvorada, sidente da Cipa do Colégio Es-
no Rio de Janeiro (RJ). Sob respon- tadual Santo Inácio, em Duque
sabilidade da empresa Globo Cons- de Caxias; Flavio Maldonato,
truções e Terraplanagem Ltda, a coordenador técnico da Fun-
obra está ampliando os corredores dacentro; Raimundo Rezen-
de trânsito para passagem de ôni- de, diretor jurídico do Inme-
bus convencionais e BRTs. De acor- tro; Professora Lucinda Lima,
do com informações do Ministério, auditores-fiscais do trabalho lavraram 24 autos de infra- representando a Secretaria
ção devido ao descumprimento das disposições expressas nas Normas Regulamentadoras, de Educação do Município do
irregularidades que, segundo relatório técnico, colocam “em grave e iminente risco a in- Rio de Janeiro; Bruna Barbosa,
tegridade física dos trabalhadores”. A equipe identificou irregularidades na sinalização da técnica de Segurança do Tra-
obra, falta de isolamento do canteiro, emendas na fiação, falta de aterramento dos contê- balho da Empresa Indica Ser-
ineres que serviam como área de vivência e entulho na área de trabalho. Foram verificados viços, e Orlandino dos Santos,
ainda trabalhadores sem equipamento de proteção individual. A empresa recebeu relató- idealizador do projeto CIPA
rio de embargo com todas as medidas que precisam ser adotadas para liberação da obra. Escolar. Os alunos cipeiros do
Colégio Estadual Santo Inácio

Laboratório para arco elétrico também receberam a moção

de aplausos, na pessoa do ve-

será inaugurado em agosto reador Eduardo Moreira, e a

diretora Viviane Pereira, por

N o dia 25 de agosto será inaugurado o primeiro laboratório do Hemisfério Sul na ser o primeiro colégio do Es-
área de ensaios de materiais ignífugos a energias térmicas provenientes de arcos tado a realizar uma Sipat,com-
elétricos na USP (Universidade de São Paulo). O laboratório é resultado de convênio posta por palestras educativas
da USP com a Petrobras, denominado como “Estruturação Laboratorial para Fortale- e seminários sobre saúde e se-
cimento da Cadeia de Fornecedores de Vestimenta de Proteção contra Arco Elétrico”. gurança no trabalho.

14 www.revistacipa.com.br
fevereiro_2016
15
 Brasil na Conferência da OIT Nota de
O Brasil esteve presente em
Genebra, na figura do seu
ministro do Trabalho, Ronaldo
falecimento
Nogueira, que participou da 105ª
Conferência da OIT (Organização
Internacional do Trabalho). Os
compromissos começaram com

Foto: Reprodução/ Animaseg

uma série de reuniões bilaterais.
Ronaldo também discursou na as-
Foto: Divulgação/ Ministério do Trabalho

sembleia da OIT e destacou o en-

gajamento do Brasil no aperfei-
çoamento da produtividade, no

É
incremento do emprego formal, com pesar que comunica-
no apoio às pequenas e médias mos o falecimento, em 16
empresas e na erradicação do tra- de junho, do engenheiro Ar-
balho forçado e infantil. mando Augusto Martins Cam-
pos. No setor desde 1978, se
formou engenheiro em 1981,
Prevenção em canteiros de obras em Belém (PA), atuando em di-
versas empresas, como White

A construtora e incorporadora MDP reuniu

em maio mais de mil pessoas em sua Si-
pat (Semana Interna de Prevenção de Aciden-
Martins e CIA Florestal Monte
Dourado/JARI. Foi engenhei-
ro de segurança do trabalho
tes do Trabalho), com o intuito de conscientizar com especialização em Seguri-
os envolvidos sobre o cuidado na utilização dos dad Integral na Fundación Ma-
equipamentos nas obras, reforçando as regras pfre da Espanha. Conhecido no
e normas de segurança. Durante o encontro, o setor prevencionista, construiu
especialista em medicina do trabalho, Leandro uma respeitada carreira exerci-
Egydio Rodrigues, discutiu os hábitos saudá- da em empresas, entidades e
veis como alimentação, higiene, sono e exercí- na área acadêmica. Em 1985
cios, além de alertar os particpantes sobre ta-
Foto: Divulgação/ MPD

fundou a Promec Engenharia,

bagismo e o uso de álcool. “Ressalto sempre em Belém, para serviços de SST,
a importância de ganharmos mais tempo pa- medições, documentação e au-
ra a nossa satisfação pessoal. Se trabalharmos ditorias. Em 1988 mudou-se
de maneira adequada e com mais atenção às para São Paulo. A partir de en-
questões de segurança e saúde, teremos mais qualidade de vida e mais tempo para tão, ministrou aulas em cursos
família e lazer”, disse. Foi apresentada ainda uma peça de teatro focada em “aci- de pós-graduação em enge-
dente zero” nos canteiros de obras, realizado pela empresa Saúde e Segurança. nharia do trabalho em universi-
dades da Amazônia, São Paulo,
Rio de Janeiro e Paraná. Partici-
Alagoas registra 805 acidentes de pou da elaboração de normas
técnicas e regulamentadoras e
trabalho no primeiro trimestre teve vários livros publicados. No

S
final de 2015 recebeu o título
omente no primeiro trimestre, foram registradas 805 ocorrências de acidente de
de “Especialista em Segurança
trabalho em Alagoas, sendo três delas fatais. Em 2015, foram 3.543 acidentes,
e Higiene do Trabalho Acredi-
com 26 mortes. O número, porém, é uma estatística prévia e a soma deve ser pelo
tado a Nível Latino-americano”,
menos 20% maior, já que entram nesses dados unicamente os casos com CATs (Co-
pela Alaseht. Em 2010 recebeu
municações de Acidente do Trabalho). Mesmo ainda preliminares, as informações são
a Comenda de Honra ao Méri-
do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), responsável por essa coleta e repasse à
to de SST pela Animaseg.
SRTE/AL (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego).

16 www.revistacipa.com.br
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Brigada de
Incêndio - NR 23

Simulador de
incêndio em Veículo

Primeiros Socorros

Espaço
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Emergência
Química

Congresso reúne profissionais para

debater saúde do trabalhador
R ealizado em maio, na cidade de Foz do Iguaçu (PR), o 16º Congresso Nacional
Anamt reuniu mais de dois mil profissionais entre congressistas, acompanhantes,
palestrantes e convidados. Entre os palestrantes estavam o diretor do escritório da OIT
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(Organização Internacional do Trabalho) no Brasil, Peter Poschen; o presidente do ICOH
( International Commission on Occupational Health), Jukka Takala; o Ministro do Supe-
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rior Tribunal do Trabalho, Cláudio Brandão, e a consultora da Organização Pan-Ameri-
cana da Saúde, Julietta Rodriguez. O número expressivo de participantes e a relevância
dos especialistas refletiram a posição de destaque do Congresso Nacional Anamt, con-
siderado o principal evento da América Latina em saúde e segurança do trabalhador.

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picos e Paralímpicos Rio 2016. O Termo E ADEQUAÇÕES TÉCNICAS COM LAUDO NR 12

foi elaborado pelo governo federal em TREINAMENTOS

conjunto com entidades representati-
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vas de trabalhadores e de empregado- NR10 NR12 NR13 NR33 NR35

res, com o apoio do Comitê Rio 2016

e da OIT (Organização Internacional do
Trabalho). Na oportunidade, o ministro
do Trabalho, Ronaldo Nogueira, falou sobre a importância da participação efetiva das enti-
dades do terceiro setor para potencializar as ações. A iniciativa também instituiu o Comitê
Nacional de Acompanhamento do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições
de Trabalho no Setor de Turismo e Hospitalidade. Com a mesma finalidade foram criados www.mvmicheliniengenharia.com
os Comitês Locais na cidade do Rio de Janeiro e em Manaus, Salvador, Brasília, Belo Hori- eng.mvmichelini@gmail.com
fone : +55 43 3376.0506
zonte e São Paulo, que receberão partidas de futebol dos Jogos. Com as dez adesões, che- +55 43 8839.9339
gam a 25 o número de empresas e entidades que assinaram o documento no Rio de Janeiro. Londrina - Paraná

fevereiro_2016
17
 ACIDENTES DE TRAJETO

Legislativo discute regras sobre responsabilidades

Está em tramitação na Câmara dos Deputados o PL (Projeto de Lei) no 7379/2014, de autoria do deputado Jorge Côrte
Real (PTB-PE), que exclui o acidente de trajeto das estatísticas de cálculo para redução ou aumento da alíquota do SAT
(Seguro Acidente do Trabalho). A matéria foi distribuída às CSSF (Comissões de Seguridade Social e Família), CTASP (Tra-
balho, de Administração e Serviço Público) e CCJC (Constituição e Justiça e de Cidadania). O PL está sujeito à apreciação
conclusiva pelas comissões. O projeto altera a Lei n0 10.666/03, que trata da concessão da aposentadoria especial. De
acordo com essa lei, a alíquota de contribuição de 1%, 2% ou 3%, destinada ao financiamento do benefício de aposen-
tadoria especial, poderá ser reduzida em até 50% ou aumentada em até 100%, em razão do desempenho da empresa
quanto ao registro de acidentes de trabalho. Pela proposta, não serão computados para fins da redução ou majoração
dessa alíquota os acidentes ocorridos no trajeto.

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Publicada norma para

vestimenta de proteção
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) publicou
no dia 13 de junho a norma ABNT NBR ISO 13506:2016 -
Vestimenta de proteção contra calor e chama - Método de
ensaio para vestimentas completas - Previsão da queimadura
utilizando um manequim instrumentado elaborada pela Co-
missão de Estudo de Vestimentas do ABNT/CB32. A norma
fornece os princípios gerais de um método de ensaio para a
avaliação do desempenho de vestimentas de peça única ou
conjuntos de vestimenta de proteção em um fogo repenti-
no ou outras exposições de curta duração. Este método de
ensaio caracteriza a proteção térmica fornecida pelas vesti-
mentas, com base na medição da transferência do calor pa-
Fotos: Shutterstock

ra um manequim de tamanho natural exposto a uma simula-

ção em laboratório de um fogo com fluxo de calor, duração
e distribuição de chamas controlados.

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

Armazenamento de cobalto
garante benefício a empregado
A Justiça o Trabalho condenou uma grande empresa do ramo de tubos ao pagamento do adicional de periculosidade a
um ex-empregado. Atuando como relatora, a juíza convocada Luciana Alves Viotti, da 8ª Turma do TRT de Minas Gerais,
esclareceu que a caracterização da periculosidade se dá pela exposição do trabalhador ao risco potencial, não havendo
a necessidade de ocorrência do sinistro para que seja pago o adicional correspondente. A perícia constatou a exposição
do trabalhador a radiações ionizantes, concluindo pela caracterização da periculosidade. Em seu voto, a relatora desta-
cou que o laudo apresentado deixou clara a exposição do empregado ao risco, quando adentrava o local onde ficavam
as fontes de cobalto, que é um material radioativo. A juíza ponderou ainda que, tanto havia a possibilidade de contato
com material periculoso, que a empresa fornecia dosímetros aos trabalhadores. O monitoramento dos níveis de radiação
do local ocorria justamente em razão do risco. De acordo com a relatora, se houvesse a plena certeza de não haver pre-
sença de radiação no ambiente de trabalho, o cuidado da empregadora seria desnecessário.

18 www.revistacipa.com.br

DADOS SOBRE ACIDENTALIDADE
Trabalhadores gráficos
podem acessar
ocorrência na empresa
Os trabalhadores gráficos e demais categorias profissionais, bem co-
mo as entidades de classe (sindicatos, federações e confederações)
podem ter acesso ao número de acidentes de trabalho por empresa,
bem como os benefícios previdenciários correspondentes. Os dados
podem ser vistos de forma rápida e prática por meio da internet. Em
atendimento ao pleito do movimento sindical do setor, desde maio
o Ministério do Trabalho passou a divulgar tais informações no site
do órgão, pelo endereço http://acidentalidade.mtps.gov.br/ . Basta
digitar o CNPJ da empresa e ter de forma transparente diversas in-
formações, como a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho),
Auxílio-Doença por Acidente de Trabalho; Aposentadoria Invalidez;
Acidente de Trabalho; Pensão por Morte por Acidente de Trabalho,
e o Auxílio-Acidente. A iniciativa consta na Portaria MTPS no 573, de
6 de maio de 2016, publicada no Diário Oficial da União.
ANEXO 5 DA NR-16
Portaria prorroga prazo
de consulta pública
A Portaria no 546, de 15 de junho, prorrogou por 30 dias o prazo da
consulta pública do texto técnico básico de revisão do Anexo 5 (Ati-
vidades Perigosas em Motocicleta) da NR-16 (Atividades e Operações
Perigosas), dada pela Portaria SIT n0 530, de 15 de abril de 2016, dis-
ponível no link http://consultas- publicas.mte.gov.br/inter/consultas-
-publicas/acesso/acesso.seam
INFORMAÇÃO
Adicionais de periculosidade
e insalubridade
Você sabia que não é possível receber
adicional de periculosidade e insalubridade
ao mesmo tempo? De acordo com o
artigo 193 da CLT (Consolidação das Leis
do Trabalho), caso o trabalhador exerça
uma atividade ao mesmo tempo insalubre
e perigosa, deverá optar qual adicional
deseja receber.
RESPONSABILIDADE DA EMPRESA
Acidente ocorrido
após horário de trabalho
Segundo a 7ª Turma do TST (Tribunal
Superior do Trabalho), o acidente de
trabalho causado mesmo após horário de
trabalho, sem autorização e por iniciativa do
próprio trabalhador é de responsabilidade
da empresa. Com esse entendimento, uma
empresa que fabrica lustres irá indenizar um
empregado no valor de R$ 25 mil. No caso,
o trabalhador operou a máquina da empresa
e se acidentou fora do horário de serviço e,
por conta disso, o juízo de primeiro grau
havia indeferido a indenização. Porém, o
TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 3ª
Região entendeu que o acidente ocorreu por
descuido e negligência do empregador, que
não adotou procedimentos para diminuir
riscos, “inclusive, porque não impediu
que o seu empregado permanecesse no
seu estabelecimento, após o horário de
trabalho, manuseando equipamentos
sabidamente perigosos”, para os quais
não tinha treinamento. Para o Tribunal,
“nas áreas de trabalho com máquinas e
equipamentos devem permanecer apenas o
operador e as pessoas autorizadas”. Ainda,
o empregado estava sob a responsabilidade
da empresa, mesmo após o expediente, pois
permaneceu dentro do seu estabelecimento,
devendo o empregador “ao menos zelar”
para que “não manuseasse aparelhos
perigosos”, mesmo “porque havia um
supervisor que fiscalizava a operação nessas
máquinas”. Para o TRT-3, sequer houve
culpa concorrente, mas culpa grave da
empresa, que deve responder pelos danos
eventualmente suportados pelo trabalhador.
maio_2016
19
20 www.revistacipa.com.br
maio_2016
21

Qualidade de vida
no trabalho é investimento
para reduzir custos
O bem-estar dos seus funcionários
entra na contabilidade da empresa?
Deveria. Com as crescentes notificações
de estresse, depressão e até de suicídio,
melhorar as condições de trabalho
retorna para empresa na forma de
maior engajamento e menor índice de
afastamentos por doenças, resultado
que se traduz em economia. Foi o
que identificou o médico Warner
Hudson, diretor do Sistema de Saúde
Ocupacional e dos Funcionários da
Universidade da Califórnia (Ucla), e que
participou no dia 21 de junho do 16º
Congresso de Stress da Isma-BR. Em
entrevista ao Jornal do Comércio do Rio
Grande do Sul, Warner Hudson disse
ainda que a OMS (Organização Mundial
da Saúde) identifica a depressão como
a principal causa de incapacidade
listada por “anos de vida vividos com
incapacidade”. É a quarta principal
causa do ônus global de doença
e ocupa o segundo lugar entre as
causas de “anos de vida ajustados por
incapacidade”. O estresse percebido
aumentou 30% em 30 anos em alguns
grupos como os milênios, pessoas de
baixa renda e mulheres nos EUA, e os
problemas financeiros com frequência
estão entre os principais motivos.
(Jornal do Comércio RS - 20/06/2016)
22 www.revistacipa.com.br
Bullying no
ambiente de trabalho
O programa Jornada exibiu
Capacitação sobre SST será
uma reportagem especial
exigida em obras públicas
sobre bullying no ambiente
A Câmara Municipal de João Pessoa
d e t ra b a l h o. A l e g i s l a ç ã o
(PB), na sessão do dia 20 de junho,
brasileira passou a caracterizar
derrubou o veto do prefeito Luciano
como bullying a intimidação
Cartaxo ao Projeto de Lei que dispõe
sistemática por meio de atos de
sobre a obrigatoriedade de constar nos
violência física ou psicológica
editais de licitação, e respectivos contratos
de intimidação, humilhação
administrativos, cláusula de capacitação
ou dis criminaç ã o. At aqu e s
dos trabalhadores envolvidos sobre o tema
físicos, apelidos pejorativos,
saúde e segurança do trabalho, de autoria
ameaças, grafites depreciativos,
do vereador Bruno Farias. O projeto, que
expressões preconceituosas,
agora é lei, estabelece que os órgãos e
isolamento social e até assédio
entidades da Administração Pública Direta
sexual t amb ém podem ser
e Indireta do município deverão inserir
caracterizados como bullying .
nos editais de licitação, cujo objeto seja
Esse tipo de violência também
a contratação de obras ou serviços que
p o d e s er enco ntra d o p ela
envolvam o fornecimento de mão de
internet, em rede social, ficando
obra, bem como nos correspondentes
demonstrado o cyberbullying .
contratos administrativos, cláusula com
O programa mostrou quais são
exigência de capacitação de todos os
as formas mais comuns desse
trabalhadores envolvidos sobre saúde
tipo de agressão, o que pode
e segurança do trabalho. A legislação
ser feito para evitar que ela
tem seu objetivo baseado no Programa
ocorra, e como denunciá-la.
Trabalho Seguro - Programa Nacional
O Jornada é exibido pela T V
de Prevenção de Acidentes de Trabalho,
Justiça às segundas-feiras, às
cuja iniciativa é do Tribunal Superior do
19h30, com reapresentações às
Trabalho e do Conselho Superior da
quartas-feiras, às 6h30, quintas-
Justiça do Trabalho, em parceria com
feiras, às 20h30, sextas, às 9h30
diversas instituições públicas e privadas,
e sábados, às 17h30. Todas as
visando a formulação e execução de
edições também podem ser
projetos e ações nacionais voltados à
assistidas pelo canal do TST no
prevenção de acidentes de trabalho e
Youtube: www.youtube.com/tst.
ao fortalecimento da Política Nacional
(TST - 22/06/2016)
de Segurança e Saúde no Trabalho.
fevereiro_2016
23
entrevista por Débora Luz

LUIZ HENRIQUE RIGO MULLER

Foto: Divulgação

FUNDACENTRO TEM
NOVO PRESIDENTE
Muller ocupava o cargo de diretor executivo da
instituição desde junho de 2015

24 www.revistacipa.com.br
E
m 7 de abril deste ano, Luiz Henrique Rigo Mul-
ler foi nomeado como novo presidente da Fun-
dacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho) por meio da
Portaria nº 328, publicada no Diário Oficial da
União. Formado em Direito, Luiz Henrique Rigo Muller exer-
ceu atividades parlamentares na qualidade de assessor de de-
putados federais, trabalhou na Câmara e no Senado Federal
e foi empresário no ramo de consultoria. Já atuou como dire-
tor executivo da Fundacentro, sendo que a diretoria executiva
da entidade tem como atribuição assessorar a presidência na
administração da instituição e, também, de estabelecer rela-
ções institucionais com os órgãos do governo, além do parla-
mento. À frente do cargo, Rigo Muller garante a visualização
da Fundacentro no Congresso Nacional com a busca de vá-
rias emendas parlamentares. Confira a entrevista:
Qual a estrutura e o foco
da Fundacentro atualmente?
A missão da entidade é a produção do conhecimento
que possa garantir a proteção, segurança e saúde do tra-
balhador brasileiro. Logo, destaco a importância de lidar
com pessoas e com diversos segmentos que compõem a
economia do País. Neste contexto, temos de administrar os
interesses conflituosos pela própria estrutura da economia
capitalista, interesses muitas vezes antagônicos na relação
capital-trabalho. A Fundacentro deve se inserir nesse con-
texto e, na medida do possível, buscar parcerias de insti-
tuições públicas e privadas, dentre elas, podemos citar as
centrais sindicais, federações, sindicatos, instituições aca-
dêmicas, tais como, universidades, faculdades, sendo, por-
tanto, diretamente ligadas à missão da entidade.
Como a senhor pretende conduzir
os trabalhos da Fundacentro?
Ninguém realiza um trabalho isoladamente. Portanto,
além dos parceiros já mencionados, para cumprir a mis-
são da Fundacentro se faz necessária a constante busca
de outros parceiros, os quais nos últimos quatro anos po-
demos citar o Ministério Público do Trabalho e os Tribu-
nais Regionais do Trabalho.
TEMOS MAIS DE 10 TERMOS DE COOPERAÇÃO
TÉCNICA COM DIVERSAS INSTITUIÇÕES
Quais os principais desafios?
O grande desafio para a entidade, além de superar a ques-
tão orçamentária e o número reduzido de servidores, é fazer
com que o governo esteja sensível ao tema e propicie um in-
cremento, primeiramente no orçamento, que historicamente
foi retirado da Fundacentro, que seria os 2% do SAT (Seguro
Acidentário do Trabalho), além de autorizar a abertura de con-
curso público para o preenchimento do quadro de pesquisado-
res que tanto necessitamos, levando-se em consideração que
se perde um número elevado de servidores em razão das apo-
sentadorias. Outro desafio é que a instituição esteja conecta-
da e afinada com os grandes projetos de desenvolvimento na-
cional. Cito, por exemplo, a questão do pré-sal e da agricultura
sustentável. Nesse sentido, é necessário que haja mais articula-
ção entre os ministérios do Trabalho, Desenvolvimento Social
Agrário, Minas e Energia, Ciência e Tecnologia, entre outros.
Quais os objetivos centrais de sua gestão?
O objetivo central da gestão é fazer com que a sociedade
reconheça a Fundacentro, principalmente as entidades dos
trabalhadores e a estratégia não tem receita milagrosa. É fa-
zer com que a instituição esteja sempre presente por meio
de suas pesquisas e divulgação, além da busca no Congres-
so Nacional daquilo que foi historicamente retirado da Fun-
dacentro referente ao orçamento. Se o governo propiciasse
ao menos 0,2 %, já haveria uma garantia de continuidade
dos trabalhos da entidade. Um percentual fixo no orçamen-
to garante a continuidade dos trabalhos na área de pesquisa.
Já existem parcerias articuladas
para impulsionar os trabalhos?
Sim, hoje temos mais de dez termos de cooperação téc-
nica com diversas instituições e iremos buscar parcerias des-
de que tenhamos orçamento garantido com as instituições
acadêmicas, buscando os jovens pesquisadores que possu-
am sua linha de pesquisa voltada para a área de SST. A pes-
quisa acadêmica pode alavancar ainda mais as pesquisas
no campo da SST. A Fundacentro necessita retomar o ins-
trumento de parceria denominado convênio, que permite a
entrada do apoio financeiro, o qual já não vem sendo prati-
cado há mais de seis anos. Através do convênio seria possí-
julho_2016
25
entrevista
vel pagar pesquisadores de instituições acadêmicas, princi-
palmente mestrandos e doutorandos.
Qual a importância do sistema tripartite?
A saída de qualquer gestão transparente deve se dar pela
via tripartite. No caso da Fundacentro, temos um Conselho
Curador, formado por empresários, trabalhadores e gover-
no, que permite a fiscalização das ações, a verdadeira apli-
cação dos recursos e o estabelecimento de metas de uma
forma extremamente democrática. Para o caso da Funda-
centro, a expressão maior é por meio do Conselho Curador,
que tem as atribuições definidas no Estatuto da Fundacentro.
Como está sendo direcionada a área de pesquisa?
Foram incrementadas ações em nanotecnologia, o desen-
volvimento do aplicativo SST Fácil para celulares e, também,
disponibilizado para download o livro Doenças dos Trabalha-
dores em parceria com a Anamt. Para este ano, em novem-
bro serão realizados os Congressos Portuário e Aquaviário em
Santos e o Congresso Espírito-Santense, além do IV Congres-
so Internacional de Ciências a ser realizado em agosto em São
Paulo. Houve também a realização do IV CMATIC (Congres-
so da Indústria da Construção), ocorrido em abril, em Brasí-
lia. A Fundacentro se destaca não só na América Latina, mas
possui pesquisadores que participam de conferências na Eu-
ropa. Há pouco tempo houve a visita da Delegação Chinesa,
que visitou o Ministério do Trabalho para conhecer as práticas
de fiscalização, como também os trabalhos conduzidos pe-
la Fundacentro, que serão levadas para aquele país. Este ano,
a entidade celebra em outubro 50 anos. No mesmo mês ire-
mos realizar a Semana da Pesquisa com o tema: Atuação da
Fundacentro nestes 50 anos – História e Perspectivas em SST.
Haverá novidades em relação às pesquisas este ano?
Haverá uma pesquisa direcionada às condições de traba-
lho do servidor público, um estudo de caso, com vistas, no
futuro, de se estabelecer uma norma regulamentadora. Pa-
ra 2017, em cumprimento ao PPA (Programa Pluri-Anual),
triênio 2016-2019, a Fundacentro possui duas novas metas
institucionais que incluem 45 pesquisas produzidas por ano
e 250 mil pessoas a serem atingidas por ano. A pós-gradu-
ação da Fundacentro possui grande influência na produ-
A SAÍDA DE QUALQUER GESTÃO TRANSPARENTE
DEVE SE DAR PELA VIA TRIPARTITE
26 www.revistacipa.com.br
ção de novas pesquisas científicas nas ciências do trabalho.
Como transformar as pesquisas
em benefícios para o trabalhador?
A Fundacentro necessita abrir mais as portas, estreitando la-
ços com os sindicatos, federações e confederações. Não adianta
penalizar a empresa de forma punitiva, é necessário sensibilizar
o trabalhador e o empresário sobre as mudanças ocorridas na
legislação, como, por exemplo, as normas regulamentadoras. A
Fundacentro não deve atuar somente na pesquisa, mas no re-
sultado e aplicabilidade da pesquisa em campo, mas principal-
mente junto ao trabalhador no dia a dia. A pesquisa deve ter
continuidade, ou seja, que não se encerra no processo da cons-
trução do conhecimento. O conhecimento deve sempre evoluir.
Qual o maior inimigo a ser
combatido pela Fundacentro?
A desinformação e o baixo de nível de escolaridade do
trabalhador brasileiro, que por sua vez dificulta a assimila-
ção das novas tecnologias. Elevar o nível de escolaridade é
um desafio nacional que envolve não só a Fundacentro, mas
outros ministérios. Daí defendemos a parceria entre o Minis-
tério do Trabalho e da Educação para vencer esse desafio.
Como é a relação com o Ministério do Trabalho?
Atualmente a relação é muito boa, principalmente pela sen-
sibilidade do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, voltado
ao trabalhismo e por ter possibilitado desburocratizar as rela-
ções que até então se davam por escalões e que dificultavam
a tomada de decisão. O ministro do Trabalho tem sido sensí-
vel com a questão orçamentária da Fundacentro e com as ne-
cessidades imediatas que lhe são apresentadas por parte da
instituição. As respostas são muito rápidas e vem ao encontro
com as nossas demandas e solicitações.
Como será sua filosofia de trabalho na Fundacentro?
Humildade, parceria, transparência e o estabelecimento
de uma relação de maior colaboração entre a gestão e os
servidores, seja servidor público, terceirizado ou estagiário,
todos devem ser encarados como colaboradores de um tra-
balho a ser executado. Temos trabalhado sempre ao lado da
Comissão de Representação dos Servidores. n
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 Movimentação de Cargas por Renata Costa

SOLUÇÕES
PRECISAS Para minimizar
riscos aos
trabalhadores,
transporte de
materiais deve
obedecer a
critérios rígidos
de segurança
Fotos: Shutterstock

28 www.revistacipa.com.br
S
ão muitos os aspectos a se-
rem observados no mer-
cado de movimentação
de cargas, já que, por ser
uma atividade tão comple-
xa, é essencial um grande e detalhado
planejamento prévio. Se houver uso de
guindastes, por exemplo, o correto a se
fazer é o chamado plano de rigging,
um estudo que permite a movimenta-
ção de cargas com maior segurança e
tem o objetivo de reduzir os riscos de
problemas, antecipando possíveis difi-
culdades que possam ocorrer durante
o trabalho, normalmente relacionado
a obras portuárias, navais e industriais.
A norma NR-18, do Ministério do
Trabalho, que trata das Condições e
Meio Ambiente de Trabalho na indús-
tria da construção, preconiza a obriga-
toriedade de que seja feito um plano
de cargas para gruas, e o detalha em
seu Anexo III, mas não aborda o as-
sunto para guindastes móveis. Dessa
julho_2016
29
Movimentação de Cargas
maneira, cada empresa acaba fazendo
o seu próprio planejamento, levando
em conta o peso da carga, centro de
gravidade, os equipamentos necessá-
rios para a movimentação, como ca-
bos de aço, manilhas e acessórios, e
o que deve ser inspecionado e consi-
derado para cada item utilizado. Toda
essa segurança é para que o trabalho
de movimentação de carga seja bem-
-sucedido, como é, na maioria das ve-
zes. Na menor parte dos casos, em que
acontecem problemas nesse transpor-
te, infelizmente, é muito provável que
ocorram fatalidades.
Isso porque, apesar das precauções
preconizadas para atividades desse ti-
EM SÃO PAULO, 29% DOS PEDIDOS DE AUXÍLIO-DOENÇA
SÃO FEITOS POR CONTA DE TRAUMATISMOS NAS MÃOS
30 www.revistacipa.com.br
po, os trabalhadores acabam colocan-
do-se em risco durante a operação de
transporte para certificarem-se de que
a carga está bem posicionada ou ba-
lanceada. “É bastante comum que o
operador coloque a mão na carga pa-
ra dar um ‘acertinho’, mesmo que ela
pese dez toneladas. Assim ele se arris-
ca a perder mão ou dedos, e até mes-
mo a vida, caso a carga caia”, afirma
Alexandre Simões, diretor administra-
tivo da AGMOV, empresa especializa-
da em produtos para segurança na mo-
vimentação de cargas.
Em São Paulo, 29% dos pedidos de
auxílio-doença são feitos por conta de
traumatismos na mão, segundo dados
de 2015 do INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social). A fratura mais comum
é a de dedos, seguida pela de punho
e a de mão.
Por conta disso, a AGMOV tem de-
senvolvido e lançado produtos que, em-
bora não estejam entre os EPIs (equi-
pamentos de proteção individuais)
exigidos pelas normas de segurança do
trabalho, têm a intenção de contribuir
para diminuir a incidência de aciden-
tes, afastando o operador do contato
com a carga – algo que já é determi-
nado pela norma NR-12, que trata de
segurança no trabalho em máquinas e
equipamentos, nos itens 13 e 93 (con-
forme box da página 34).
julho_2016
31
Movimentação de Cargas

32 www.revistacipa.com.br
julho_2016
33
Movimentação de Cargas

NR-12 – Segurança
no trabalho
em máquinas e
equipamentos
▲ 12.13 - As máquinas, as
áreas de circulação, os postos
de trabalho e quaisquer
outros locais em que
possa haver trabalhadores
devem ficar posicionados
de modo que não ocorra
transporte e movimentação
aérea de materiais sobre os
trabalhadores.
▲ 12.93 - Durante o
transporte de materiais
suspensos devem ser
adotadas medidas de
segurança visando garantir
que não haja pessoas sob a
carga.
▲ 12.93.1- As medidas de
segurança previstas no item
12.93 devem priorizar a
existência de áreas exclusivas
para a circulação de cargas
suspensas devidamente
delimitadas e sinalizadas.
“A norma diz que o material não po-
de ficar sobre materiais em elevação, ou
seja, não pode ter contato das mãos
com a carga”, explica Simões. “Na in-
terpretação da norma, não há especi-
ficação de altura, portanto, qualquer
distância do piso já é considerada eleva-
da. Assim, para possíveis ajustes na car-
ga, o trabalhador necessitará se apro-
ximar dela e tocá-la, descumprindo a
exigência normativa. Ainda, a norma
diz que ele precisa ficar à distância da
carga suspensa, não podendo realizar
nenhum tipo de ajuste próximo.”
Por outro lado, a NBR 13541 Parte
2, da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas), sobre Linga de ca-
USO DE CABO-GUIA OU VARA DE
MANOBRA EVITA BALANÇOS PERIGOSOS
bo de aço (e atualizada em setembro
de 2015), recomenda o uso de um ca-
bo-guia ou vara de manobra para evi-
tar balanços perigosos e também para
ajudar a posicionar – o velho “jeitinho”
que o operador costuma dar com as
próprias mãos e que é tão arriscado pa-
ra sua segurança.
Baseada nessa NBR, a empresa lan-
çou, há dois anos, o seu bastão bali-
zador, que pode ser articulado ou de
haste única, com alcance mínimo de
0,5 metros e máximo de 4,5 metros na
versão comum, mas que pode chegar
a 10 metros, em projetos especiais em
que o desenvolvimento é feito segundo
a necessidade do cliente, determinada
no plano de rigging. Com o bastão, o
operador não precisa mais tocar a car-
ga, ele o faz a distância, utilizando es-
sa espécie de vara. “Nossos principais
clientes são grandes metalúrgicas, que
já começam a incluir os bastões na lis-
ta de EPIs obrigatórios pela empresa”,
explica Simões.
Içamento e tombamento
Se a complexidade é grande quan-
do se trata de uma operação de movi-
mentação de carga com içamento, ela
se torna ainda mais delicada quando
é necessário incluir o tombamento no
processo. Lançado há três anos na Ale-
manha, este ano chegou ao Brasil, pela
Rud, empresa especializada em tecno-
logia de correntes, um tombador elé-
trico de ferramentas e moldes. Origi-
nal da fábrica do Grupo Rud no país
europeu, já está sendo fabricado em
solo brasileiro. “Só importamos a en-
grenagem, mas toda a parte elétrica,
painel de controle e montagem são fei-
tos aqui”, explica Victor Silva, coorde-
nador de marketing da empresa.
Segundo o profissional, os principais
clientes desse produto novo da Rud são
do setor automotivo. “Mas o tomba-
dor é fundamental para toda a indús-
tria que trabalha com moldes”, afirma.
O tombador facilita o trabalho des-
se tipo de indústria já que, até o mo-
mento, o tombamento de moldes tem
sido feito com pontes isolantes ou ta-
lhas e cabos de aço. “O risco é imenso,

34 www.revistacipa.com.br
porque não há controle sobre o tom-
bamento. Há perigo de coice na hora
que a carga tomba, e a manutenção pa-
ra os freios de ponto rolante, corrente
e engrenagem é muito alta”, explica.
Há alguns modelos de tombadores hi-
dráulicos e pneumáticos, mas que por
precisarem dessas fontes de alimenta-
ção, ficam fixos em um ponto da fá-
brica. O diferencial do produto da Rud
é ser elétrico, o que facilita a mudan-
ça dele de local dentro da planta, para
onde for necessário, já que basta ligá-
-lo na tomada. “O tamanho do nosso
tombador também é menor que os de-
mais com capacidade para maior car-
ga – ele suporta até 10 toneladas”, diz.
Apesar de enxergar a necessidade do
NÃO HÁ NORMAS QUE REGEM O
USO DE TOMBADORES NO BRASIL
mercado ao lançar o tombador, Silva
explica que não há normas que exijam
seu uso – nem no Brasil e nem na Ale-
manha. “O tombamento não é regula-
do por uma norma nem da maneira tra-
dicional, mesmo sendo uma operação
tão delicada”, explica Silva. “Todas as
normas disponíveis no Brasil são dire-
cionadas aos componentes individuais
utilizados para içamento e movimenta-
ção”, afirma. (Conheça quais são elas
na página 38 ).
Uso de EPIs
Equipamentos simples são exigidos
para a movimentação de carga (box ao
lado), mas eles não garantem seguran-
ça 100% sem o treinamento adequado
Principais EPIs
para movimentação
de cargas
▲ Capacete: protege
a cabeça de impactos
provenientes de objetos
que podem cair ou ser
projetados, além de oferecer
proteção contra impactos
em objetos imóveis. Somente
estará completo e em
condições adequadas de
uso se composto de: casco
(capacete), carneira (armação
plástica, semielástica, que
separa o casco do couro
cabeludo e tem a finalidade
de absorver a energia de
impacto); jugular (para
fixação do capacete à
cabeça).
▲ Óculos de segurança:
protegem os olhos contra
impacto de objetos imóveis ou
materiais projetados.
Protetor auricular: elimina
os ruídos passíveis de perda
auditiva nos trabalhadores.
▲ Calçado de segurança:
fornece proteção aos pés,
que podem ser atingidos por
objetos projetados, que caem,
ou perfurantes.
▲ Luvas: oferecem proteção
às mãos, prevenindo calos e
lesões causadas por objetos
em queda ou projetados.
Protetor de lombar: cinta
projetada para diminuir a
tensão na coluna lombar,
oferece alívio e conforto
na realização de esforços
repetitivos, como o de
levantar e movimentar cargas.
Fonte: Dra. Rosylane Rocha, diretora
de Legislação da Anamt
e conselheira federal de medicina
julho_2016
35
Movimentação de Cargas
O USO INCORRETO DOS EPIS PODE CAUSAR DANOS AOS
EQUIPAMENTOS E, PRINCIPALMENTE, LESÕES AO TRABALHADOR
dos operadores em relação ao uso cor-
reto deles e sobre questões técnicas do
dia a dia de sua função na movimenta-
ção de cargas. “Tão importante quanto
usar os equipamentos de proteção in-
dividual são os treinamentos e a cons-
cientização para o uso adequado deles,
bem como a postura física correta a ser
adotada durante a rotina profissional”,
afirma a médica Rosylane Rocha, dire-
tora de Legislação, da Anamt (Associa-
ção Nacional de Medicina do Trabalho).
O uso incorreto dos EPIs pode cau-
sar danos aos equipamentos, mas espe-
cialmente causar lesões no trabalhador.
“Os principais problemas apresenta-
dos por profissionais que trabalham
com movimentação de carga são le-
36 www.revistacipa.com.br
sões musculoesqueléticas, lesões na
coluna vertebral, perda auditiva, con-
tusões e cortes.
“Por causa das campanhas nacionais
para prevenção de acidentes do traba-
lho, os trabalhadores passaram a exi-
gir condições profissionais mais salu-
bres e fornecimento de EPIs, ainda que
haja algumas pessoas que se negam a
usá-los”, explica a médica. “O cumpri-
mento das normas de segurança é de-
ver do empregador, mas é responsabi-
lidade de todos”.
Treinamentos
Essa responsabilidade tem sido vis-
ta por empresas que fornecem treina-
mentos para o mercado de movimenta-
ção de carga. A AGMOV, por exemplo,
possui a Escola da Movimentação, que
administra cursos regulares para os tra-
balhadores desse setor. Alexandre Si-
mões conta que o perfil do interessado
tem mudado. “Antes a maioria absoluta
dos clientes era formada por empresas,
que nos procuravam para que treinás-
semos seus funcionários. Atualmente
tem crescido demais o número de pro-
fissionais que nos procuram para fazer
os cursos como um diferencial para o
currículo”, diz Simões. Embora as nor-
mas afirmem que os profissionais pre-
cisam ter conhecimento e treinamento
em suas funções, não há especificação
em relação a cursos, carga horária, nem
grade curricular. n
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Movimentação de Cargas
NORMAS QUE
REGEM O SETOR
Diretrizes para movimentação de cargas
adotadas no Brasil devem ser seguidas com rigor
Cabos de aço:
❖ ISO 17558 – Steel wire ropes —
Socketing procedures — Molten metal
and resin socketing
❖ NBR 13541-1 – Linga de cabo
de aço. Parte 1: Requisitos e méto-
dos de ensaio
❖ NBR 13541-2 – Linga de cabo de
aço. Parte 2: Utilização e inspeção
❖ NBR 4309 – Equipamentos de mo-
vimentação de carga – Cabos de aço –
38 www.revistacipa.com.br
por Renata Costa
Cuidados, manutenção, instalação, ins-
peção e descarte
❖ NBR ISO 2408 – Cabos de aço pa-
ra uso geral – Requisitos mínimos
❖ NBR ISO 3108 – Cabos de aço pa-
ra uso geral – Determinação da carga
de ruptura real.
Cintas:
❖ NBR 15883-1 – Cintas têxteis para
amarração de cargas – Segurança. Par-
te 1: Cálculo de tensões
❖ NBR 15883-2 – Cintas têxteis para
amarração de cargas – Segurança. Par-
te 2: Cintas planas
❖ NBR 15637-1 – Cintas têxteis para
elevação de cargas. Parte 1: Cintas pla-
nas manufaturadas, com fitas tecidas
com fios sintéticos de alta tenacidade
formados por multifilamentos
❖ NBR 15637-2 – Cintas têxteis pa-
ra elevação de cargas. Parte 2: Cintas
tubulares manufaturadas, com fitas te-
cidas com fios sintéticos de alta tena-
cidade formados por multifilamentos.
Correntes:
❖ EN 12195-3 – Load restraint as-
semblies on road vehicles – Safety –
Part 3 – Lashing chains
❖ NBR 15516-1 – Corrente de elos
curtos para elevação de cargas – Lin-
gas de correntes. Parte 1: Grau 8 – Re-
quisitos e métodos de ensaio
❖ NBR 15516-2 – Corrente de elos
curtos para elevação de cargas — Lin-
gas de correntes. Parte 2: Utilização,
manutenção e inspeção
❖ NBR ISO 1834 – Corrente de elos
curtos para elevação de cargas – Con-
dições gerais de aceitação
❖ NBR ISO 3076 – Corrente de elos
curtos de aço de seção circular para
elevação de cargas — Correntes de to-
lerância média para lingas de corren-
te — Grau 8.
Acessórios e terminais:
❖ NBR 13545 – Movimentação de
cargas — Manilhas
❖ NBR ISO 16798 – Anel de carga
Grau 8 para uso em lingas
❖ NBR ISO 3266 – Parafusos-olhal
de aço forjado de Grau 4 para fins de
elevação de cargas
❖ NBR ISO 8539 – Acessórios de
aço forjado para utilização em eleva-
ção com correntes de Grau 8.
Outras:
❖ NBR 8400 – Cálculo de equipa-
mento para levantamento e movimen-
tação de cargas – Procedimento
❖ NR-11 – Transporte, movimen-
tação, armazenagem e manuseio de
materiais
❖ NR-12 – Segurança no trabalho
em máquinas e equipamentos
❖ NR-17 – Ergonomia
❖ NR-18 – Condições e meio am-
biente de trabalho na indústria da
construção (item 18.14.8 – sobre me-
didas preventivas que devem ser to-
madas para garantir estabilidade da
carga).
❖ NR-34 – Condições e meio am-
biente de trabalho na indústria da
construção e reparação naval
❖ Lei 6514, de 22 de dezembro de
1977 – Consolidação das leis do traba-
lho – artigo 183 (“As pessoas que tra-
balharem na movimentação de mate-
riais deverão estar familiarizadas com
os métodos racionais de levantamen-
to de cargas”). n
Fontes: AGMOV e Tecnotextil
julho_2016
39
 Doenças Psicológicas por Luciana Fleury
Fotos: Shutterstock

40 www.revistacipa.com.br
TRABALHO SÃO,
MENTE SÃ
Apesar de ser multifatorial, o
aparecimento ou agravamento de
doenças psicológicas pode estar
vinculado ao ambiente de trabalho
M
ais de 11 mil apo-
sentadorias urba-
nas foram conce-
didas no Brasil em
2014 por invalidez
vinculadas aos chamados transtornos
mentais e comportamentais. Este tipo
de patologia também provocou a con-
cessão de mais de 214 mil auxílios-do-
ença no mesmo período. Os números
constam do último Anuário Estatístico
da Previdência Social do Ministério do
Trabalho, documento que reúne os da-
dos mais recentes sobre os benefícios
previdenciários, e colocam as doenças
mentais como a quarta causa de pedi-
dos de aposentaria e o terceiro motivo
para o recebimento de benefício por
incapacidade temporária para o traba-
lho. Uma questão que não só gera pro-
blemas para as empresas, mas cuja ori-
gem também pode estar diretamente
relacionada ao ambiente laboral, tor-
nando-se um verdadeiro desafio a ser
enfrentado pelas corporações.
Pesquisadores relacionam o expres-
sivo crescimento das ocorrências de
transtornos mentais e comportamen-
tais observado nos últimos 25 anos,
em primeiro lugar, ao melhor contro-
le das outras doenças ocupacionais
e dos acidentes de trabalho. A redu-
ção dos casos de perdas auditivas, le-
sões por esforço repetitivo, mutilações,
entre outros, pelo aprimoramento das
ações e da legislação dedicada à saú-
de e segurança do trabalhador fez com
que as doenças mentais passassem a
se sobressair nas estatísticas.
Aumento de tarefas
Por outro lado, o fenômeno da glo-
balização trouxe, a partir da década
de 1990, novas demandas para a mas-
sa trabalhadora, como a intensificação
do trabalho, o aumento de tarefas com
sobrecarga psicológica e uma nova for-
ma de organização das companhias,
na qual um problema que ocorra em
um lugar distante do mundo passa a
causar impacto localmente. Somam-se
a isso a recorrência de crises globais
desde o ano 2000 e suas consequentes
reestruturações produtivas, além disso,
há um cenário propício para situações
de tensão, que contribuem para o de-
sequilíbrio emocional e, portanto, pa-
ra o comprometimento da salubridade.
“Quando a saúde mental não está em
níveis adequados, muitas vezes a expres-
são disso se dá por sintomas físicos”, aler-
ta João Silvestre da Silva Júnior, diretor
da Anamt (Associação Nacional de Me-
dicina do Trabalho), afirmando não ser
incomum que a investigação das causas
de dores de estômago e de cabeça e de
alterações de sono conclua que a base
destes sintomas seja uma disfunção de
julho_2016
41
Doenças Psicológicas
O TRABALHO É CONSIDERADO UMA CONCAUSA
PARA O APARECIMENTO DE DISTÚRBIOS PSICOLÓGICOS
João Silvestre da
Silva Júnior, diretor
da Anamt
algum aspecto da
saúde mental, a
chamada “somatização” (veja mais so-
bre isso no box da página 44). Não por
acaso, a OMS (Organização Mundial da
Saúde) define saúde como uma condição
biopsicossocial, ou seja, o estado de com-
pleto bem-estar físico, mental e social.
Uma questão multifatorial
Como explica o médico psiquiatra fo-
rense Hewdy Lobo, os grupos de ado-
ecimentos mentais que caracteristica-
mente associam-se com o trabalho são
disfunções psicológicas e comportamen-
tais (descritas no capítulo 5 da CID 10 -
42 www.revistacipa.com.br
Classificação Internacional de Doenças
e Problemas Relacionados à Saúde), ou
seja, a depressão e a ansiedade.
A literatura médica reconhece que a
exposição crônica a determinados pro-
dutos químicos, como o mercúrio, po-
de causar depressão. Há, ainda, evidên-
cias de demência associada ao contato
com o manganês. Casos facilmente ma-
nejados com o controle a estas exposi-
ções. Existe também o chamado trans-
torno de estresse pós-traumático, que
tem como único fator causal a exposi-
ção a uma ocorrência na qual a pessoa
esteve ou presenciou alguém sob risco
de morte, como um bancário durante
o assalto a uma agência. “Estes são um
dos poucos exemplos de doenças an-
siosas desencadeadas exclusivamente
pelo trabalho, porque a marca da do-
ença mental é ser multifatorial”, refor-
ça Lobo, que é diretor técnico da Vida
Mental Serviços de Assistência Técnica
de Psiquiatria Forense.
Os ingredientes para o caldeirão emo-
cional transbordar são inúmeros e par-
tem desde a predisposição genética,
passando por problemas familiares e fi-
nanceiros, pela perda de entes queridos,
chegando ao uso de drogas legais e ilí-
citas. “São vários os fatores de risco e o
adoecimento pode ocorrer a qualquer
momento da vida da pessoa, inclusive,
claro, quando ela estiver exercendo uma
atividade laboral”, diz a psiquiatra Ama-
ra Alice Darros. Assim, tecnicamente, o
trabalho é considerado uma concausa
para o aparecimento de distúrbios psi-
cológicos. No entanto, é preciso atenção
porque ele pode ser, também, um fator
de agravamento ou de não melhora de
doenças mentais pré-existentes.
 Hewdy Lobo, médico
psiquiatra forense
Em sua tese de
mestrado defen-
dida como pesqui-
sador da Faculda-
de Saúde Pública da USP (Universidade
de São Paulo), Silva-Júnior mostrou que
um ambiente laboral com excessivas de-
mandas, pouco controle sobre as tare-
fas e falta de apoio social aumenta a
chance de ocorrência de afastamento.
É a ilustração típica de um profissio-
nal com grande volume de atividades,
sem espaço para negociar a maneira
como irá desempenhar suas funções,
com prazos apertados, alta expectativa
de que ele “irá dar conta do recado” e
tudo isso sem contar com apoio de seus
parceiros de equipe ou de sua chefia.
O estudo também identificou como
insalubres ambientes nos quais as re-
compensas são inadequadas ao nível
de esforço do trabalhador. “Não só na
questão salarial, mas também relacio-
nadas ao reconhecimento, ao planeja-
mento de carreira e à autoestima”, co-
menta Silva-Junior. E, ainda, locais com
uma cultura de comprometimento in-
dividual excessivo, onde há estímulo
para o trabalho fora do horário, ho-
ras-extras e que levam o profissional a
pensar no trabalho “24 horas por dia”.
Por tudo isso, os especialistas defen-
dem a construção, pelas empresas, de
um plano de gerenciamento de riscos
estruturado, não só capaz de mapear
os profissionais com chances de desen-
volver distúrbios psicológicos (conside-
rando, inclusive, os fatores exteriores ao
ambiente de trabalho), mas, também,
com estratégias de como agir rapida-
mente diante de alterações e adoeci-
mentos e, claro, de como preveni-los.
Exame ocupacional abrangente
Os exames médicos ocupacionais (ad-
missional, periódico, de retorno ao tra-
balho ou demissional) podem ser im-
portantes aliados para uma condução
de um plano de saúde mental laboral.
“Eles precisam ser concebidos de forma
a fazer uma avaliação ampla da saúde
do indivíduo, envolvendo questões fí-
sicas e mentais”, diz Silva-Junior, lem-
brando que a função destas avaliações
é definir se a pessoa em questão tem
aptidão para desenvolver determinada
tarefa. “Por exemplo, a contratação de
um vigilante que irá trabalhar armado
precisa considerar se o candidato tem
condições emocionais adequadas para
o manuseio de uma arma. Da mesma
forma que profissionais de saúde, res-
ponsáveis pela administração de medi-
cações que podem ter consequências
graves em caso de erro, e que convivem
diariamente com situações limites, como
o sofrimento e morte de um paciente”,
exemplifica. Para isso, existe uma série
de questionários já desenvolvidos que
podem ser aplicados por médicos do
trabalho qualificados.
Vale ressaltar que não se trata de
julho_2016
43
Doenças Psicológicas
A influência da mente nas doenças do corpo
Lançamento da editora BestSeller, do
Grupo Editorial Record, a publicação
“Isso é coisa da sua cabeça” apresenta
casos reais de pessoas que sofrem
de doenças psicossomáticas, ou seja,
quando os sintomas físicos ocorrem
por razões psicológicas.
A partir do relato das dificuldades
enfrentadas pelos pacientes que
tratou, a neurologista inglesa
Suzanna O’Sullivan expõe neste
livro que, apesar da manifestação
ostensiva, algumas doenças são
impossíveis de ser detectadas
pelos diagnósticos tradicionais. A
percepção é consolidada por dados que apontam que cerca de
um terço das pessoas que se consultam com um médico apresenta
sintomas inexplicáveis do ponto de vista clínico. Ao expor casos
reais de transtornos psicossomáticos, a autora demonstra os
efeitos concretos de patologias psicogênicas. O livro aposta em
uma linguagem prática e equilibra as histórias verdadeiras com os
comentários sobre como a autora chegou ao diagnóstico.
usar a questão da saúde mental para sos, é preciso tratar as doenças físicas.
impedir pessoas de exercer atividades A investigação seguinte é para de-
remuneradas. “Ter uma limitação tanto terminar se a pessoa em questão es-
física como psíquica deve ser entendido tá usando substâncias lícitas ou ilícitas
como um elemento de direcionamen- que provocam o problema. “A maco-
to da contratação para um cargo ade- nha causa depressão, a cocaína, ansie-
quado e não de exclusão do candida- dade, mas também medicamentos po-
to”, destaca Lobo, comentando que o dem causar euforia, como o corticoide,
mesmo critério deve ser adotado quan- ou depressão, como o anti-hipertensi-
do se identifica o início de um proble- vo”, destaca. Há ainda, as chamadas
ma psicológico em um exame periódi- condições disruptivas, geradas por si-
co, que pode demandar a recolocação tuações como a morte de um filho ou
do profissional em outra função. um divórcio. O médico também terá de
Finalmente, é preciso cuidado no diag- descartar a possibilidade de simulação,
nóstico, que demanda precisão para a quando se falseia uma doença, antes de
definição do melhor tratamento. Lobo se definir por um tratamento direciona-
diz que quando um médico recebe al- do a transtornos mentais.
guém com um conjunto de sintomas psi-
cóticos, inicialmente deverá analisar se Estratégias de combate ao problema
os problemas não são de outra ordem. A Uma empresa que coloque na pon-
anemia, por exemplo, tem a depressão ta do lápis os custos envolvidos chega-
como sintoma, assim como o hipertireoi- rá à conclusão de que cuidar da saúde
dismo pode causar ansiedade; nestes ca- mental dos funcionários é algo van-
44 www.revistacipa.com.br
tajoso. Além de tudo englobado no
afastamento de um profissional sele-
cionado e treinado (como a sua repo-
sição e despesas previdenciárias), há
ainda o “presenteísmo”, ou seja, o tra-
balho com rendimento abaixo da pro-
dutividade potencial, e o maior risco da
ocorrência de acidentes pela ausência
de condições ideais emocionais, o que
pode comprometer a atenção e o cui-
dado em atividades perigosas.
No entanto, a tarefa não é simples.
É preciso ter em mente o estigma, mi-
tos, preconceito e falta de informa-
ção associados a este tipo de patolo-
gia. Além de ser senso comum taxar
pessoas deprimidas como “fracas” ou
“sem força de vontade”, os leigos ten-
dem a considerar somente casos gra-
ves, como esquizofrenia ou transtorno
bipolar, como doenças mentais. “Não
é incomum, inclusive, encontrar médi-
cos que não sabem que a dependên-
cia química é um capítulo das doenças
mentais”, diz Lobo.
Assim, os entrevistados afirmam
que vale a pena investir em campa-
nhas de esclarecimento e criar um am-
biente acolhedor na área de Recursos
Humanos para este tipo de proble-
ma. Silva-Junior aponta que pesqui-
sas comprovam que oferecer opções
de relaxamento (como massagens e
técnicas de meditação), têm efeitos
positivos na redução do estresse, pois
beneficiam a saúde mental. O acon-
selhamento psicológico também é vá-
lido, especialmente quando voltado à
terapia cognitiva comportamental, di-
recionada a ajudar as pessoas a lida-
rem melhor com situações estressan-
tes. No entanto, o especialista pondera
que não se pode pesar unicamente de
maneira coletiva, sendo necessárias
ações específicas e individuais, pois
cada pessoa tem sua subjetividade e
irá reagir de maneira diferente a um
mesmo contexto.
Outro ponto crucial é o alinhamen-
to da gestão da empresa ao projeto
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julho_2016
45
Doenças Psicológicas
de saúde mental definido. “De nada
adianta os profissionais de saúde ma-
pearem o problema, estabelecerem
projetos, contratar consultores, se não
houver um verdadeiro desejo de mu-
dar cultura caso seja necessário. Este
é, na prática, o maior empecilho pa-
ra a efetividade de qualquer planeja-
mento neste sentido, pois muitas ve-
zes o grande fator estressor é como a
empresa encara a organização, as co-
branças, o estabelecimento de metas
e a maneira como faz o gerenciamen-
to das relações internas”, sentencia.
Essencial, portanto, é a manuten-
ção de um ambiente adequado, com
qualidade nas relações interpessoais
e profissionais. “É preciso verificar as
expectativas e necessidades de cada
trabalhador, atentando para a reso-
A TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL PODE AJUDAR
AS PESSOAS A LIDAREM COM SITUAÇÕES ESTRESSANTES
46 www.revistacipa.com.br
Amara Alice
Darros,
psiquiatra
lução de confli-
tos entre equipes
e também com a
chefia imediata”, defende a psiquia-
tra Amara. Ela atua no Grupo Social
de Apoio do Seconci-SP (Serviço So-
cial da Construção), que oferece su-
porte aos trabalhadores da constru-
ção civil e seus familiares que sofrem
de algum comprometimento de or-
dem psíquica, como depressão, an-
siedade ou estresse. Nos encontros
mensais, os participantes, muito de-
les dependentes químicos ou alcóo-
latras, encontram um importante es-
paço para o compartilhamento de
suas angústias. “Eles são convidados
a expor as situações cotidianas que
causam estresse, como problemas fi-
nanceiros, afetivos, familiares e pro-
fissionais”, explica Amara.
“A pessoa com transtorno mental,
por mais informação que receba, ten-
de a achar que só ela tem este tipo
de problema. A ideia do atendimen-
to em grupo é exatamente proporcio-
nar a visão de que ela não está sozinha
e outros também passam por dificul-
dades semelhantes”, comenta a psi-
quiatra, destacando uma realidade im-
portante de se considerar: a de que
todos nós podemos, em um determi-
nado momento de nossa vida, enfren-
tar um desequilíbrio psicológico. Algo
para o qual as empresas simplesmente
não podem fechar os olhos. n
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Conscientização por Adriana Gavaça

COMUNICAR
PARA PREVENIR
Essenciais para evitar acidentes,
planos de comunicação devem
conter perfil dos colaboradores

A
cidentes envolvendo trabalhadores ain-
da são os maiores causadores de pedi-
dos de indenização junto à Justiça do
trabalho. Embora a proteção à saúde e
à segurança seja um direito garantido a
todos os trabalhadores, o País registrou só em 2014 (úl-
timo dado disponível no Ministério do Trabalho) mais de
704 mil acidentes ocorridos em ambientes de trabalho.
Oferecer equipamentos de segurança adequados, in-
vestir em treinamento e capacitação, instalar uma CIPA
(Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e realizar
semanas de prevenção estão entre as principais estraté-
gias desenvolvidas pelas empresas na tentativa de redu-
zir e reverter essas estatísticas. Apesar desses esforços,
especialistas apontam que, sem um bom plano de co-

48 www.revistacipa.com.br
julho_2016
49
Conscientização
SISTEMAS ATIVOS DE COMUNICAÇÃO COM OS
COLABORADORES AJUDAM NA PREVENÇAO DE ACIDENTES
municação, desenvolvido sob medida
para atender ao perfil de seus colabo-
radores, as empresas dificilmente con-
seguirão aumentar a segurança den-
tro de suas instalações e, assim, evitar
que novos acidentes ocorram.
Para o consultor Jonathan Ribeiro,
da área de gestão estratégica e novos
negócios da Tecnoseg Consultoria de
Segurança do Trabalho, Saúde Ocupa-
cional e Meio Ambiente, uma boa es-
tratégia de comunicação para preven-
ção de acidentes deve incluir, antes de
qualquer coisa, temas que leve os fun-
cionários a refletir sobre a vida, sobre
a família e sobre o ambiente seguro de
trabalho. “As melhores estratégias de-
50 www.revistacipa.com.br
monstram de forma sutil a consequên-
cia de um acidente, pois os familiares
se acidentam junto com o funcionário,
uma vez que participam do sofrimen-
to, da perda financeira, e dos cuida-
dos com a vítima”, diz. Envolver a fa-
mília, segundo especialistas, tem sido
uma das estratégias com maior apro-
vação dentro das empresas.
Um bom plano de comunicação pa-
ra prevenção de acidentes deve con-
ter ainda, conforme Ribeiro, um deta-
lhado mapa de perfil do público-alvo
que se pretende atingir. Ele diz que,
embora os canais de comunicação te-
nham se sofisticado, com o avanço
da tecnologia, ainda hoje há empre-
sas que têm de lidar com um público
muitas vezes analfabeto, sem aces-
so a computadores, internet ou que
não se interessa pela leitura de jornais
e revistas. Diante disso, identificar o
público, considerando os riscos envol-
vidos e o grau de escolaridade, são
pontos cruciais para se obter o efeito
desejado na comunicação e desper-
tar a sensibilidade de cada indivíduo.
O consultor indica às empresas a
adoção de canais de comunicação tra-
dicionais, como murais e quadro de
aviso; TV’s em pontos estratégicos
dentro da companhia, principalmente
em locais em que o público tem um ní-
vel de escolaridade mais baixo ou não

se interessa por leitura (previamen-
te identificado); banners; outdoors e
mensagens sobre conscientização e re-
forço da política de segurança gravada
pela alta direção da empresa.
Outros canais também podem se
mostrar eficientes na comunicação en-
tre empregadores e empregados, tais
como jornais internos, revistas mensais,
intranet, papel de parede de telas de
computador, apps, panfletos e até mes-
mo pequenas mensagens sobre segu-
rança inseridas em holerite. Mas Ribei-
ro faz um alerta: será sempre o perfil
da companhia e de seus colaboradores
que determinará quais canais se mos-
trarão mais eficientes. “Podemos notar
relatos pontuais de empresas que ob-
tiveram retorno quando implantaram
um sistema ativo de comunicação com
os colaboradores, ou seja, perceberam
que ações como essas dão resultados e
ajudam na prevenção de acidentes. In-
felizmente, porém, o setor ainda pos-
sui muitas falhas e há muitas oportuni-
dades de melhorias”, explica.
Informar e educar
Para o presidente da ABPA (Associa-
ção Brasileira para Prevenção de Aci-
dentes), Milton Perez, a prevenção é
uma questão de cultura e de educa-
ção, daí a importância de uma boa co-
municação para atingir qualquer obje-
tivo. “Isso implica em informar cada um
dos públicos-alvo envolvidos. Por isso,
todos os meios e veículos de informa-
ção são importantes e cada um requer
abordagens próprias, de acordo com a
característica de quem se espera atingir.
O importante é que a mensagem che-
gue clara ao receptor”, assinala.
Ele também orienta o uso com si-
nergia e harmonia de jornais, revistas,
OS RISCOS ENVOLVIDOS DOSAM
A PROFUNDIDADE DA MENSAGEM
GESTÃO DE SEGURANÇA
E SAÚDE OCUPACIONAL
• Cursos e Treinamentos
• Laudo Ergonômico
• PPRA / LTCAT
mural, newsletter, intranet , e-mail,
• PCMSO
apps, TV, rádio, livros, mídias sociais, • PPP
palestras, teatro, oficinas e dinâmicas • CIPA
de grupo. “O tipo de trabalho nos in- • Laudo Elétrico
dicará que veículos chegam melhor • Para Raios
aos respectivos setores, mas serão os
riscos envolvidos que dosarão a pro-
fundidade da mensagem”, afirma. Em
contrapartida, Perez diz que os públi-
cos-alvo e o grau de escolaridade de- Clínicas próprias,
rede credenciada em
terminarão a linguagem e os recursos todo território Nacional.
áudio visuais a serem empregados em Há mais de 25 anos
cada peça de comunicação desenvol- no mercado
vida entro da empresa.
Para o executivo da ABPA, é jus- Prêmio Marca Brasil, considerada
a melhor empresa em:
tamente essa questão que mostra o • Consultoria e Assessoria
quanto as companhias necessitam da • Treinamentos em Segurança do Trabalho.
ajuda de especialistas em comunicação
na hora de traçar planos e objetivos de
difusão das mensagens de prevenção.
Ainda segundo Perez, a esses comuni- Tel.:(11) 2182.4182
cadores caberá ainda pesquisar conti- www.rochaassessoria.com.br
nuamente as novas tendências de divul-
gação, os veículos e tecnologias, para
que essa conscientização ocorra perma-
nentemente, já que a frequência é fun-
damental para seu sucesso.
Nos 75 anos de existência da ABPA,
a entidade já conviveu de perto com
inúmeras tecnologias surgidas a cada
época. “Utilizávamos tanto o papel,
que chegamos a manter uma gráfica
própria. Quando se usava o telex pa-
ra comunicação em massa, nos mara-
vilhamos com o fax. Depois vieram os
computadores, que agilizaram tudo.
Quando chegou a internet, não imagi-
návamos que contribuiria tanto, além
do envio de e-mails”, conta.
Esses recursos, explica, tornam a
mensagem mais ágil e universal, aju-
dando as empresas a “encontrar” mais
diretamente cada um dos públicos al-
vos; ao mesmo tempo em que deman-
julho_2016
51
Conscientização
CAMPANHAS SOBRE PREVENÇÃO DE ACIDENTES
DEVEM SER INCORPORADAS A AÇÕES CONTÍNUAS
dam continuamente recursos, especiali-
zação e dedicação. “Estamos certos de
que o trabalhador de hoje tem muito
mais acesso às informações que lhe in-
teressam do que há 20 anos, e que os
profissionais prevencionistas desfrutam
de melhores condições para a sua for-
mação continuada, outra exigência da
velocidade dos tempos atuais”, afirma.
A semana de prevenção dentro
das empresas, que ocorre pelo me-
nos uma vez ao ano, conforme de-
termina a legislação, não deve ser um
evento pontual, na avaliação dos es-
pecialistas. Ele deve estar presente o
ano todo. Para Jonathan Ribeiro, da
Tecnoseg, atualmente a maior parte
das empresas utiliza a SIPAT e murais
52 www.revistacipa.com.br
para fazer campanhas sobre preven-
ção de acidentes. O que pode e de-
ve ser incorporado a ações contínuas.
Investimento em educação
O Grupo Santa Maria, localizada em
Guarapuava, interior do Paraná, está há
mais de 50 anos no mercado. A segu-
rança no trabalho é tida como um dos
principais valores da empresa, que en-
fatiza a prioridade que o bem estar e
a integridade física dos colaboradores
têm para a gestão da empresa.
“A gestão se dá por meio de plane-
jamento antecipado de prevenção, no
envolvimento diário do Sesmt (Serviço
Especializado de Segurança e Medici-
na do Trabalho), nas reuniões de pro-
dução, bem como micro planejamento
de atividades, diálogos semanais sobre
segurança, canal direto de abordagem
com superiores, APIR (Análise de Pe-
rigos, Impactos e Riscos) e gestão de
relatos de incidentes”, explica o enge-
nheiro de Segurança no Trabalho do
Grupo Santa Maria, Ricardo Lemos.
Com uma produção equivalente a
cerca de 112 mil toneladas de papel
ao ano, a companhia figura entre as
500 maiores empresas do Sul, de acor-
do com o ranking publicado pela Revis-
ta Amanhã, além de ter sido agraciada
com o Prêmio de Fazenda Mais Susten-
tável do Brasil pela Revista Globo Rural.
O grupo é composto por quatro em-
presas: Santa Maria Cia. de Papel e Ce-
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Conscientização
lulose; Reflorestadora São Manoel, com
mais de 11 mil hectares plantados; Fa-
zenda Três Capões, com armazenagem
de 36 mil toneladas de grãos em silos
próprios; e Curucaca Geradora, com ca-
pacidade total de 37 MW/h de geração
de energia), com mais de 600 empre-
gados. Dentro desses conglomerados
funcionam três CIPAs (Comissão Inter-
na de Prevenção de Acidentes), sendo
duas delas CIPA TR (Trabalhador Rural),
para as empresas Reflorestadora São
Manoel e Três Capões, e a terceira pa-
ra a Santa Maria Cia. de Papel e Celu-
lose. Além das comissões, o grupo pos-
sui o departamento de SESMT (Serviço
Especializado de Segurança e Medicina
do Trabalho), vinculado ao DHO (De-
senvolvimento Humano Organizacio-
CONSCIENTIZAÇÃO DEVE OCORRER PERMANENTEMENTE, JÁ
QUE A FREQUÊNCIA É FUNDAMENTAL PARA SEU SUCESSO
54 www.revistacipa.com.br
nal), que conta com técnicos de segu-
rança no trabalho, enfermeira, médico
do trabalho e engenheiro de segurança
no trabalho em expediente regular para
todas as empresas do grupo.
Durante o ano, são realizadas diver-
sas ações de comunicação, sendo a
de maior destaque a Sipatma (Sema-
na Interna de Prevenção de Acidentes
de Trabalho e Meio Ambiente), quan-
do durante uma semana inteira, geral-
mente no mês de agosto, todos os co-
laboradores do grupo participam de
palestras, ações, gincanas, jogos e ou-
tras campanhas abordando os temas
de segurança e meio ambiente. A em-
presa investe ainda em diálogos sema-
nais de segurança realizados nas áreas
pelos próprios gestores ou colaborado-
res interessados; mapeamento de risco
das atividades, realizados pelos opera-
dores das áreas, chamadas APIR; ações/
campanhas mensais direcionadas a Se-
gurança e Saúde realizadas pelo Sesmt
e CIPA; revista periódica da empresa;
comunicação via e-mail, entre outras.
Nos braços florestais e de agricultura
da companhia, como os colaborado-
res acabam não tendo tanto acesso a
e-mails, a comunicação têm sido feita
através de cartazes, folders e diálogos.
A empresa também utiliza recursos
de TI, como o sorteio eletrônico para
distribuição de brindes e participação
dos funcionários, descansos de tela re-
lacionados a assuntos ligados a segu-
rança, simuladores nos treinamentos
básicos das operações, entre outros. n
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Plataforma on-line Por Débora Luz

ABRASEG
LANÇA APLICATIVO
O
O objetivo Brasil é o quarto País
do mundo em número
tra uma média mundial de 74 minutos.
Pensando nisso, a Abraseg (Associa-
é facilitar a de smartphones: já são ção Brasileira dos Distribuidores e Im-
busca por mais de 70 milhões de
celulares. Além disso, o
portadores de Equipamentos e Pro-
dutos de Segurança e Proteção ao
equipamentos País lidera o tempo de uso de aparelhos Trabalho) lançou em junho o Ache EPI,
de proteção mobile, conforme uma pesquisa reali-
zada em conjunto entre a CONECTA e o
um aplicativo mobile gratuito para os
sistemas Android e iOS, que facilita os
individual e WIN (Worldwide Independent Network consumidores em sua busca por EPIs

demais produtos of Market Research), a qual diz que o

brasileiro passa em média 84 minutos
(Equipamentos de Proteção Individual)
e demais produtos de SST.
de SST por dia mexendo no smartphone con- O aplicativo Ache EPI verifica o local

56 www.revistacipa.com.br
 2ª
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57
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onde o usuário está e informa as reven-
das que estão ao seu redor, permitin-
do, por meio do Google Maps, que ele
se dirija à revenda a pé, de carro, bici-
cleta, transporte coletivo ou taxi. Além
disso, apresenta uma lista de revende-
dores por cidades. O aplicativo infor-
ma, também, o nome da revenda, te-
lefone e pessoa de contato, para que o
usuário possa verificar se a revenda tem
o produto de seu interesse específico.
De acordo com o engenheiro Raul
Casanova, diretor executivo da Abra-
seg, a entidade contratou uma empre-
sa especializada que, com orientação
da própria associação, chegou a ver-
são em vigor objetivando oferecer uma
ferramenta para que os trabalhadores
brasileiros possam encontrar onde com-
prar equipamentos para sua proteção.
“No Brasil, a população economica-
mente ativa é mais de 100 milhões de
trabalhadores e, conforme levantamen-
Raul Casanova,
diretor executivo seg, a entidade precisava oferecer uma
da Abraseg forma simples e eficaz para os trabalha-
dores em geral terem acesso aos mes-
tos de nossa enti- mos, “lembrando de todos aqueles que
dade, apenas 25 a estão no mercado informal e das micro
30% destas pes- e pequenas empresas que têm a obriga-
soas têm acesso ção de oferecer o EPI adequado aos seus
aos EPIs”, comentou Casanova. trabalhadores, bem como comprá-los
Segundo o diretor executivo da Abra- no comércio”, complementou Raul.n
Como utilizar o Ache EPI
1 - Baixe o aplicativo grátuitamente;
2 - Escolha entre o botão “Revendas”, onde terá acesso à listagem
destas, podendo ser escolhida a cidade de sua pesquisa, ou o botão
“Mais Próxima”, na qual será aberto um mapa com a localização
da pessoa, bem como das revendas de EPI;
3 - Clicando em uma das revendas,
o app informa o nome da pessoa de contato e telefone;
4 – Ao clicar no ícone localizado embaixo do lado direito,
o aplicativo abre o Google Maps, que permite acesso à rota de acordo
com o tipo de transporte escolhido (a pé, de ônibus, de carro etc.)
5 - Escolhida a forma de transporte, ele começará a orientar o usuário.

58 www.revistacipa.com.br
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de bulbo seco Resolução 0.1m/s
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de bulbo úmido 7
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julho_2016
Riscos Ocupacionais por Débora Luz

PERIGOS
QUE VÊM
DO ESGOTO
Trabalhadores
dessa área
ficam expostos
a riscos
biológicos,
químicos e
ergonômicos

O
saneamento básico é di-
reito de todo ser huma-
no e contribui para uma
qualidade de vida me-
lhor. Dentro do sanea-
mento básico está incluso o tratamen-
to de esgoto, que é proveniente de usos
de águas residenciais, industriais, comer-
ciais etc. Os sistemas de água e esgo-
to estão sempre ligados pela lógica da
obtenção de água para uso do homem
e, posterior, descarte das águas servi-
das de volta à natureza. Desse modo se
realiza um ciclo natural em que é feita
uma captação de água de uma fonte
(água bruta), realizado um tratamento
para consumo humano (água tratada),
aplicação da água tratada pelo usuá-
rio (residência, bairro, cidade, indústria
etc.), geração de resíduo (esgoto sani-
tário bruto ou industrial), tratamento
do esgoto bruto (esgoto tratado) e lan-
Fotos: Shutterstock

çamento em um corpo receptor (rio, la-

go, mar, reservatório etc.).
O tratamento de esgoto pode ser di-

60 www.revistacipa.com.br
vidido em fases distintas, segundo o ti-
po de remoção de poluentes:
a) preliminar: remoção de sólidos
grosseiros em suspensão, que é a
remoção de materiais maiores e areia;
b) primário: remoção de sólidos
sedimentáveis em suspensão e
a matéria orgânica componente
destes sólidos;
c) secundário: remoção de matéria
orgânica fina e a não removida pelo
tratamento primário;
d) terciário: remoção de
nutrientes, patogênicos, compostos
biodegradáveis,metais pesados,
sólidos inorgânicos dissolvidos e
sólidos em suspensão remanescentes.
Para o bom funcionamento do siste-
ma de esgoto é preciso que trabalha-
dores atuem em atividades como cole-
ta, tratamento, manutenção e limpeza
dessa área. Para tanto, eles ficam ex-
postos a diversos riscos, como os bio-
lógicos, químicos e ergonômicos.
Os riscos também estão relacionados
ao espaço confinado de alguns proces-
sos da atividade. Segundo a NR (Norma
Regulamentadora) 33, espaço confina-
do é qualquer área não projetada pa-
ra a ocupação humana contínua, que
possua meios limitados de entrada e
de saída, cuja ventilação existente é in-
suficiente para remover contaminantes
ou onde possa existir a deficiência ou
o enriquecimento de oxigênio. Galerias
e esgotos fazem parte desta definição.
O GEAF (Grupo Especial de Apoio
à Fiscalização no Setor de Saneamen-
to e Urbanismo), do Ministério do Tra-
balho, em 2002, publicou um trabalho
apresentando o diagnóstico das con-
dições de riscos dos trabalhadores nas
Estações de Tratamento de Esgotos e
de Resíduos Sólidos. Tiveram como ba-
se consultas nas RAIS (Relação Anual
de Informações Sociais), levantando o
número de acidentes do setor, as NRs,
informações das atas de reunião das
CIPAs, documentos de entrega de EPI,
ordens de serviço, planos de emergên-

julho_2016
61
Riscos Ocupacionais
DENTRE AS ENFERMIDADES, PREDOMINAM AS DOENÇAS
INFECCIOSAS DIARREICAS, HEPÁTICAS E RESPIRATÓRIAS
cia, PCMSO, ASO (Atestados de Saú-
de Ocupacional), relatórios anuais dos
PCMSO (Programa de Controle Médi-
co de Saúde Ocupacional), PPRA (Pro-
grama de Prevenção de Riscos Ambien-
tais) e CAT (Comunicação de Acidente
de Trabalho). A conclusão final do tra-
balho gerou a elaboração do “Manual
de Procedimentos para Auditoria no Se-
tor de Saneamento Básico”.
De acordo com o Manual, os prin-
cipais microrganismos presentes no
esgoto são fungos, bactérias e vírus
que podem causar enfermidades agu-
das ou crônicas. Dentre as enfermi-
dades agudas predominam as doen-
ças infecciosas diarreicas, hepáticas e
respiratórias. As crônicas são repre-
sentadas principalmente pela asma
brônquica e pela alveolite alérgica.
62 www.revistacipa.com.br
A publicação do Ministério do Tra-
balho ainda informa que a degradação
das substâncias orgânicas nas estações
de tratamento de esgotos é resultante
da atividade de bactérias heterotrófi-
cas aeróbias e anaeróbias e fungos he-
terotróficos. “Além disso, gases, vapo-
res e fumaças também podem intoxicar
o organismo humano dependendo da
concentração no ambiente, pois certos
gases matam rapidamente quando ina-
lados e outros podem produzir efeitos
retardados, vindo a surgir após anos
de exposição a eles”, esclarece a obra.
Os gases mais comuns são o monóxi-
do de carbono (CO) e o sulfeto de hi-
drogênio (H2S). A falta de ventilação é
um dos principais fatores que levam a
morte em atmosferas tóxicas. O H2S é
muito comum nas galerias de esgoto,
estações subterrâneas de energia elé-
trica e de minas.
PPRA
O PPRA é um documento que aten-
de as exigências da NR–9, que registra
os riscos ambientais, considerando os
agentes físicos, químicos e biológicos,
que em função de sua natureza, con-
centração ou intensidade e tempo de
exposição, são capazes de causar da-
nos à saúde do trabalhador.
Pela norma, é exigível a PPRA a qual-
quer estabelecimento, que tenha tra-
balhador empregado, independente
do tamanho, setor, tipo de atividade e
grau de risco.
Conforme cita a NR-9, o PPRA deve
estar articulado com o disposto nas de-
mais Normas Regulamentadoras, cons-
tituindo uma politica de segurança e
saúde, onde estão incluídos o PCMSO,
análise de fatores de risco ergonômico
e de acidentes, PPCI (Programa de Pre-
venção Contra Incêndio), além de ou-
tros programas prevencionistas.
Riscos ocupacionais
Os riscos destas atividades são de-
finidos como a probabilidade do tra-
balhador sofrer danos à sua saúde, ou
integridade física, em decorrência de
exposição configurada em seu ambien-
te de trabalho, a determinados agen-
tes e fatores. Estudos sobre o assunto
detectaram que os trabalhadores das
estações de tratamento de esgoto, fi-
cam sujeitos à falta de higiene, inci-
dência por contaminação por leptospi-
rose nos operários que tinham contato
com águas contaminadas e suscetíveis
a acidentes de trabalho. Os riscos são
classificados em cinco grupos, de acor-
do com a sua natureza:
AGENTES BIOLÓGICOS
São as bactérias, fungos, bacilos, para-
sitas, protozoários, vírus, entre outros
organismos e microorganismos, que
possam causar danos à saúde do tra-
balhador (patogenecidade).
AGENTES FÍSICOS
São as diversas formas de energia a que
estão expostos os trabalhadores, tais
como, ruído, vibrações, pressões anor-
mais, temperaturas extremas, radiações
ionizantes, radiações não ionizantes, in-
frassom, ultrassom, e outros.
AGENTES QUÍMICOS
São as substâncias, compostos ou pro-
dutos que possam penetrar no organis-
mo pela via respiratória, nas formas de
poeiras, fumos, névoas, neblinas, ga-
ses ou vapores, ou que, pela natureza
da atividade e exposição, venham a ter
contato e serem absorvidos pelo orga-
nismo, através da pele ou por ingestão.
RISCO ERGONÔMICO
São relacionados a exigência de esforço
físico intenso, levantamento e transporte
manual de peso, postura inadequada no
exercício das atividades, exigências rigo-
rosas de produtividade, jornada de tra-
balho prolongadas, atividades monóto-
nas e repetitivas, entre outros.
RISCO DE ACIDENTES
São decorrentes de falhas nos projetos
de máquinas, equipamentos, ferramen-
tas, veículos e prédios, deficiências de
layout, iluminação excessiva ou deficien-
te, uso inadequado de cores, probabilida-
de de incêndio ou explosão, armazena-
mento inadequado de produtos, presença
de animais peçonhentos, e outros.
Trabalho insalubre
O trabalho com esgoto (galerias e tan-
ques) é considerado tão prejudicial à saú-
de que a NR-15 (Atividades e Operações
Insalubres), em seu Anexo 14, prevê in-
julho_2016
63
Riscos Ocupacionais
GASES, VAPORES E FUMAÇAS TAMBÉM PODEM INTOXICAR O
ORGANISMO HUMANO DEPENDENDO DA CONCENTRAÇÃO
salubridade em grau máximo, devido aos
agentes biológicos. O grau máximo dá ao
trabalhador o direito de 40% de adicio-
nal de insalubridade, valor este que é da-
do em cima do salário mínimo.
Informações divulgadas pelo TST (Tri-
bunal Superior do Trabalho), em 2014,
por exemplo, um técnico de tratamen-
to de água e esgoto empregado de uma
companhia de saneamento no Rio Gran-
de do Sul garantiu na Justiça do Trabalho
o direito de receber adicional de insalu-
bridade porque manuseava um reagen-
te químico chamado “orto-toluidina”. A
substância, considerada cancerígena pa-
ra animais, tem possibilidade de gerar
tumores também no ser humano.
Prevenção
A maneira mais efetiva e importan-
te contra o risco biológico é, princi-
palmente, por meio da higiene. Algu-
mas medidas que podem evitar
os perigos são:
◗ Manter o ambiente sempre limpo;
64 www.revistacipa.com.br
◗ Higiene pessoal dos trabalhadores;
◗ Higiene dos materiais de trabalho, roupas,
EPIs, EPCs (Equipamentos de Proteção Cole-
tiva) e de ferramentas de uso comum
◗ Uso de luvas, máscaras e medidas para
evitar contaminação;
◗ Uso, manuseio e transporte correto de se-
res vivos (como em hospitais e laboratórios);
◗ Trabalhadores doentes devem passar por
avaliação médica antes de retornar as suas
atividades de trabalho.
Quanto aos riscos físicos,
as recomendações são:
◗ Fornecimento de proteção contra a exposi-
ção ao sol para tarefas com postos de traba-
lho fixos, tais como toldos, guarda-sol com
haste flexível para possibilitar adaptação ao
posicionamento do sol durante o dia;
◗ Alternância de tarefas de modo a reduzir
a exposição ao sol;
◗ Fornecimento de cremes cutâneos conten-
do fatores de proteção contra raios ultravio-
leta “A“ e “B”, com potencial de proteção;
◗ Fornecimento de anteparos executados
em material incombustível para proteção de
trabalhadores circunvizinhos aos trabalhos
com solda e de EPI, para o soldador pro-
priamente dito, promovendo seu adequa-
do acompanhamento médico;
◗ Realização de dosimetria de ruído, de no
mínimo 75% da jornada efetiva de trabalho,
para avaliar a real exposição de trabalhado-
res ao risco. Em casos em que ficar compro-
vada dose maior ou igual a 80 dB(A), de-
verá a empresa instituir o PCA (Programa
de Conservação Auditiva). Na impossibili-
dade técnica de redução da geração/pro-
pagação/exposição ao ruído, adotar-se-á o
uso de EPI, cuidando-se para que ofereçam
a proteção requerida. Quanto à umidade de-
ve ser exigida a ênfase ao exame dermato-
lógico por ocasião de quaisquer avaliações
médicas, assim como a adoção de adequa-
das medidas de proteção individual;
◗ Avaliação adequada das condições de
conforto térmico, adotando-se medidas
tais como alternância de tarefas, feitas em
locais com maior conforto térmico, forneci-
mento satisfatório de líquidos etc.
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65
Riscos Ocupacionais
Em relação aos riscos
de acidentes é recomendado:
◗ Primeiramente deve-se aplicar em todos
os ambientes de trabalho e em cada eta-
pa para todos os trabalhadores as: NR-6
(Equipamentos de Proteção Individual),
NR-23 (Proteção Contra Incêndio), NR-26
(Sinalização e Segurança); e para melho-
rar as condições de trabalho deve-se apli-
car as: NR-9 (Programas de Prevenção de
Riscos Ambientais), NR-18 (Condições e
Meio Ambiente de Trabalho na Indústria
da Construção).
Quanto aos riscos químicos:
◗ Instituir Planos de Contingências e Con-
trole de Emergência para situações de va-
zamento de produtos tóxicos;
◗ Elaborar e implementar o PPR, tomando
por base o Manual do Programa de Pro-
teção Respiratória da Fundacentro - Reco-
mendações, Seleção e Uso de Respiradores;
EXPOSIÇÃO AO ESGOTO GERA ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE EM GRAU MÁXIMO, SEGUNDO A NR-15
66 www.revistacipa.com.br
◗ Elaborar programa de treinamento em hi-
giene visando esclarecer sobre os métodos
de manuseio e utilização de substâncias e
seus riscos à saúde.
◗ Providenciar enclausuramento ou isola-
mento dos processos de adição de produ-
tos tóxicos aos efluentes a serem tratados;
◗ Instituir sistema de ventilação e exaustão
em locais com possibilidade de vazamentos
de produtos químicos;
◗ Instalação de chuveiros e lava-olhos em
locais com possibilidade de vazamento/ex-
posição a produtos químicos;
◗ Disponibilizar conjuntos respiratórios
autônomos para situações emergenciais,
promovendo o adequado treinamento pa-
ra seu uso;
◗ Substituir solventes e óleos por produtos
menos tóxicos e uso de cremes de proteção
água-óleo resistentes.
◗ Promover adequado
acompanhamento médico.
Quanto aos riscos
ergonômicos:
◗ Realizar a análise ergonômica do trabalho
contemplando todas as atividade que envol-
vam riscos dessa natureza. No documento de-
verá constar claramente as recomendações a
serem adotadas com cronograma de execução;
◗ Fazer adequado acompanhamento médi-
co para verificar adoecimento decorrente/
agravado por trabalho noturno. Os dados al-
terados deverão compor o Relatório Anual
do PCMSO, devendo surtir efeitos nas nor-
mas gerais da empresa no combate/contro-
le de fontes de adoecimento no trabalho;
◗ Mecanizar processo de levantamento de
resíduos recolhidos em grades de tratamen-
to preliminar de esgoto e de rastelo de lo-
do sobrenadante no setor de adensadores;
◗ Manter equipes com no mínimo dois tra-
balhadores, independentemente do local de
prestação de serviços e do conteúdo das ta-
refas prescritas. n
julho_2016
67
Artigo Produtos Perigosos
por Carlos Hupsel de Oliveira

RISCO IMINENTE DE EXPLOSÃO

Devido ao alto grau de periculosidade da pólvora, manuseio,
transporte e armazenamento exigem atenção especial

O manuseio de produtos perigosos, quaisquer que sejam,

requer cuidados especiais e muita atenção, sobretudo
se o produto for a pólvora negra. Principal componente da
fabricação de artefatos pirotécnicos, a pólvora negra cons-
ta na relação de “Produtos de Alta Periculosidade Intrínse-
ca”, estabelecida pelo Decreto 36.957, de 10 de julho de
1957, da Prefeitura do Município de São Paulo, sob o núme-
ro 0027, sendo considerada uma substância deflagrante, ca-
paz de provocar uma explosão em massa, com o poder de
atingir tudo o que se encontra ao seu redor, de forma pra-
ticamente instantânea.
Mesmo com todo esse risco, em muitos lugares a pólvora
ainda é transportada sem a necessária fiscalização por par-
te dos órgãos competentes e, o que é mais grave, entregue
sem dificuldades a quem não tem a mínima noção das re-
gras de segurança. Foi justamente o resultado dessa negli-
gência e da imperícia, além do desconhecimento do peri-
go, que se observa em muitas atividades que envolvem o
transporte, armazenamento e manuseio de substâncias de
alto risco, que provocou em 1998, um grave acidente no
município baiano de Santo Antônio de Jesus, com a explo-
são seguida de incêndio de uma fábrica de fogos de artifí-
cio, deixando um grande número de mortos e feridos, em
sua maioria pessoas humildes, moradoras da região, que ti-

68 www.revistacipa.com.br
 ravam seu sustento da fabricação de bombas juninas e ou-
tros artefatos.
O objetivo das prescrições de segurança estabelecidas para
o transporte e manuseio de produtos perigosos é o de pre-
venir acidentes e limitar os efeitos danosos de uma emer-
gência. Uma explosão pressupõe, logicamente, a existência
de um corpo com tendência explosiva. Dessa forma, distin-
guem-se os que trazem o oxigênio necessário às explosões,
combinado em si, e aqueles que necessitam que o oxigênio
lhes seja aduzido do exterior.
Entre os primeiros figuram a dinamite, a nitroglicerina, os
peróxidos e o mercúrio detonante (fulminatos). No segun-
do caso, o oxigênio necessário pode provir do próprio ar,
ou estar presente devido a armazenagem em promiscuida-
de com outros corpos que servem de portadores do com-
burente. A composição da pólvora negra, o mais antigo ex-
plosivo que se conhece, contém nitrato de potássio (salitre),
carvão em pó e enxofre, na proporção de 75:15:10. No ca-
so, o portado de oxigênio, é o salitre, que também é o mais
destacadamente representado. O importante é que as re-
gras de segurança sejam observadas, principalmente quando
substâncias perigosas sejam transportadas ou manuseadas.
Na verdade a não observância de medidas preventivas não
só em relação a pólvora negra, mas em substâncias perigo-
sas de modo geral, tem sido a causa de incêndio e explo-
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sões, incluindo as reações químicas e o armazenamento de
substâncias que não podem ser aproximadas, a exemplo do
incêndio ocorrido no prédio do antigo Instituto de Cacau, em
Salvador, Bahia, em fevereiro de 1973, quando sacos con-
tendo hipocloreto de cálcio entraram em combustão. Nos
paiós os riscos são minimizados, graças às rígidas medidas
de segurança e permanente fiscalização.
Essas instalações dispõem de sistemas de controle de tem-
peratura e umidade, além de que o ingresso de pessoas
nesses locais é cercado das maiores precauções e exigên-
cias. Os equipamentos de combate a incêndio, por sua vez,
são constantemente revisados e mantidos em condições de
pronto uso. Mesmo assim, em abril de 1957, uma violenta
explosão abalou o Depósito de Pólvora do Exército, locali-
zado em Caxias, no Rio de Janeiro. Em maio de 1954, uma
violenta explosão na Ilha do Braço Forte, Baía da Guanaba-
ra, tirou a vida de 18 bombeiros, entre oficias e praças, cau-
sando grande comoção não só na própria corporação, mas
em todo o País. A tragédia foi causada pela reação quími-
ca de hidrosulfito de sódio devido à absorção de umidade.n
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 Artigo
Foto: Shutterstock
Prevenção de Acidentes
por Praveen Sharma
DETECÇÃO DE GASES
Temperatura, umidade e níveis de pressão no local têm relação direta
com o tipo de equipamento selecionado para avaliação de riscos
H á muitos produtos de detecção de gás no mercado
que podem parecer semelhantes, mas ao olhar as
especificações atentamente, a funcionalidade e os recur-
sos podem revelar grandes diferenças no desempenho
e no valor potencial dos produtos. Da mesma forma, as
aplicações individuais também são únicas em seus res-
pectivos projetos, necessidades e processos envolvidos.
Antes de começar a considerar equipamentos de detecção
de gás é necessário conduzir uma avaliação de riscos. Qualquer
empresa com um quadro de funcionários tem a obrigação de
realizar essas avaliações para identificar potenciais ameaças que
podem incluir riscos relacionados a gases, vapores e deficiência
de oxigênio. Se perigos relacionados a gás forem identificados,
a detecção é aplicável como um método de redução de risco.
Dependendo dos processos envolvidos e os gases detecta-
dos, notificações de alarmes remotas ou externas, além de re-
gistro de dados ou relatórios, também podem ser exigidos para
os registros de gestão de saúde e segurança. Outro fator impac-
tante na necessidade de funções de relatório aprimoradas pode
ser a conformidade regulatória ou uma condição de segurança.
70 www.revistacipa.com.br
Tendo identificado o objetivo principal, o equipamento ade-
quado é selecionado ao realizar uma série de perguntas im-
portantes que se dividem em quatro grandes categorias:
→ Quais são os gases a serem detectados e de
onde eles vêm?
→ Quais são os riscos de exposição do local e as
condições ambientais onde a detecção acontece?
→ Qual é o custo total de propriedade (não
simplesmente o custo de compra), ao longo da
vida útil da unidade de detecção de gás? Isto é
especialmente importante quando uma grande
frota de detectores de gás está sendo instalada.
→ Quão fácil ou intuitiva é a utilização por
operadores e pessoal de manutenção de rotina?
Identificação adequada
Os gases a serem detectados devem ser identificados pela
avaliação de riscos. No entanto, os fabricantes de equipamen-
tos de detecção de gás experientes e seus distribuidores auto-
rizados são capazes de ajudar neste processo, com base em
sua experiência com aplicações semelhantes. Contudo, é im-
portante lembrar a responsabilidade do usuário final na iden-
tificação dos riscos potenciais. É também essencial identificar
a fonte potencial de um vazamento de gás porque isto ajuda
a determinar o número e a localização dos detectores neces-
sários para um sistema fixo de detecção de gás.
Considere as condições do ambiente
O desempenho, precisão e confiabilidade de qualquer equi-
pamento de detecção de gás serão afetados pelas condições
ambientais nas quais ele está submetido. Os níveis de tempe-
ratura, umidade, pressão no local tem influência direta com o
tipo de equipamento que deve ser selecionado. Fatores adicio-
nais como potenciais variações resultantes do processo de pro-
dução em si, flutuações diurnas/noturnas e mudanças sazonais
podem também afetar o tipo de dispositivo que é adequado.
Funcionalidade do produto
A próxima área de consideração relaciona-se com a fun-
cionalidade adicional do produto. Aspectos como as configu-
rações de instalação elétrica são importantes, especialmente
quando ocorre a reconfiguração em uma aplicação existen-
te. Se o aparelho será integrado a um sistema de segurança
separado, certos protocolos de comunicação também podem
ser necessários. Também será necessário considerar as espe-
cificações para os displays locais nas unidades do transmiss-
sor e a configuração local dos displays da unidade e do gás
também podem ser uma adição útil.
Facilidade de uso e manutenção
A manutenção de rotina é uma consideração importante.
Vale a pena conhecer o quão confiável um detector de gás é.
Alguns gases e vapores podem ser detectados por inúmeras
tecnologias de sensoriamento, por exemplo: gases de hidrocar-
boneto com oxidação catalítica ou por infravermelho não dis-
persivo (NDIR). A oxidação catalítica não fornece uma opera-
ção de falha segura e, por isso, pode exigir uma alta frequência
de manutenções de rotina, entretanto, as soluções com base
em NDIR têm a tendência de ter um preço de aquisição inicial
mais alto, mas podem exigir menos manutenções de rotina. O
recurso interno para se responsabilizar por essa manutenção
de rotina precisa ser identificado e na ausência desse recurso, a
destinação de verbas para uma manutenção feita por terceiros
é um fator importante na seleção do equipamento correto. n
Praveen Sharma, formado em Ciências da Computação, com ampla
atuação na criação de softwares e no gerenciamento de engenharia. Diretor de
desenvolvimento de produto da Honeywell Industrial Safety
julho_2016
71
 Artigo
Imagens: Shutterstock
Legislação
por Saulo Cerqueira de Aguiar Soares
NECESSIDADE DE REVISÃO
Proposições ao TST de atualizações em súmulas e
orientações jurisprudenciais em medicina do trabalho
O TST (Tribunal Superior do Trabalho) tem como uma de
suas competências realizar a uniformização da jurispru-
dência da Justiça do Trabalho, para garantir a regularidade da
interpretação da Constituição e das Leis. Neste âmbito, há a
Comissão Permanente de Jurisprudência e Precedentes Nor-
mativos, que cabe zelar pela expansão e atualização da juris-
prudência do Tribunal, propondo a edição, revisão ou cance-
lamento de súmulas e de orientações jurisprudenciais (OJ).
Esse artigo tem como premissa o objetivo de realizar pro-
posições aos ministros do TST, fomentando o debate na Co-
missão Permanente de Jurisprudência e Precedentes Normati-
vos, para que ponderem sobre a necessidade de atualizações
em súmulas e orientações jurispudenciais relacionadas à área
de Medicina do Trabalho, que demandam ser revistas para a
garantia da efetividade dos direitos fundamentais do trabalho.
Em verdade, a Medicina do Trabalho representa o núcleo
duro do próprio Direito do Trabalho, pois são as únicas re-
gras que não podem ser modificadas em prejuízo ao traba-
lhador nem mesmo por negociação coletiva, por serem ma-
téria de ordem pública.
72 www.revistacipa.com.br
Estabilidade no emprego
Preceituam os incisos I e II, in verbis, da Súmula n° 378
do TST que
“I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991
que assegura o direito à estabilidade provisória por pe-
ríodo de 12 meses após a cessação do auxílio-doença
ao empregado acidentado. (ex-OJ nº 105 da SBDI-1 -
inserida em 01.10.1997)
II - São pressupostos para a concessão da estabilidade
o afastamento superior a 15 dias e a consequente per-
cepção do auxílio-doença acidentário, salvo se consta-
tada, após a despedida, doença profissional que guar-
de relação de causalidade com a execução do contrato
de emprego. (primeira parte - ex-OJ nº 230 da SBDI-1
- inserida em 20.06.2001)
No inciso I o TST declara, acertadamente, a constituciona-
lidade do art. 118 da Lei n° 8.213/1991 com a CR/88. Con-
tudo, quis dizer menos que o próprio legislador, em razão
de ser previsto um “prazo mínimo de doze meses”, não um
“período de 12 meses” de estabilidade provisória. A distin-
ção é significativa, visto que a referida súmula poderia transparecer que a
garantia provisória de emprego não poderia ser superior a doze meses, o
que não se coaduna com a dicção literal da lei. Diante dessa conjuntura é
indispensável uma revisão do inciso I para que conste expressamente que
o prazo de 12 meses é o mínimo, no formato literal da lei.
Ao que se refere o inciso II, in fine, fica disposto que mesmo após a des-
pedida, se constada “doença profissional” que guarde relação de causali-
dade com a execução do contrato de emprego cabe a garantia provisória
de emprego. Aqui, de modo louvável, o TST firmou jurisprudência da pos-
sibilidade da garantia de emprego ao acidentado após a despedida, visto
as práticas indevidas do não reconhecimento dos acidentes do trabalho e
doenças ocupacionais pelo empregador no curso do contrato de trabalho.
Abrindo um parênteses, isso ocorre porque os membros do SESMT não
têm reconhecida sua garantia provisória de emprego, apesar da ratificação no
Brasil da Convenção n° 161 da OIT (Organização Internacional do Trabalho),
que em seu art. 10 assegura a independência funcional do serviço de saú-
de da empresa. Não sendo garantido esse direito, como já existe aos mem-
bros eleitos da CIPA, ficam os membros do SESMT temorosos de uma atua-
ção independente e de registrarem uma doença ocupacional ou acidente do
trabalho no curso do contrato de trabalho. Tal situação deve ser considerada
pelo TST para reconhecer a aplicação do art. 10 da Convenção n° 161 da OIT
– que tem status de norma materialmente constitucional, sendo uma medida
das mais eficientes para evitar a sonegação da emissão da CAT e, ao mesmo
tempo, possibilitar a atuação preventiva do SESMT para reduzir significativa-
mente o número de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais no Brasil.
Retornando ao que tange o inciso II da referida Súmula abordada, con-
ceitualmente, trouxe um equívoco ao utilizar a expressão “doença profis-
sional”, enquanto queria dizer “doença ocupacional”. É preciso esclarecer
que há diferenciação considerável entre essas expressões, pois o termo do-
ença ocupacional é gênero, enquanto doença profissional e doença do tra-
balho são espécies. A doença profissional é prevista no inciso I do art. 20
da Lei n° 8.213/1991, ao dispor que é classificada como a doença produ-
zida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar à determinada
atividade, à medida que doença do trabalho é prevista no inciso II do art.
20 da Lei n° 8.213/1991, conceituada como a doença adquirida ou desen-
cadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado
e com ele se relacione diretamente.
Vejamos que a incorreção do termo atual permitiria compreender que
uma LER/DORT não poderia ser enquadrada no atual inciso II da supraci-
tada Súmula, em razão de ser uma doença do trabalho, não uma doença
profissional. Certamente não foi essa a intenção do TST, que quis abran-
ger tanto as doenças profissionais como as doenças do trabalho, portan-
to, as doenças ocupacionais.
Daí a necessidade de revisão do referido inciso, para que se altere a ex-
pressão “doença profissional” e se utilize o vocábulo correto que é “do-
ença ocupacional”, visto ser a terminologia adequada para expressar a vi-
são que a própria jurisprudência quis definir.

junho_2016
73
Artigo
Parâmetros para insalubridade
Disciplina o inciso I da Súmula n° 448 TST
“I - Não basta a constatação da insalubridade por
meio de laudo pericial para que o empregado tenha
direito ao respectivo adicional, sendo necessária a
classificação da atividade insalubre na relação oficial
elaborada pelo Ministério do Trabalho.” (BRASIL, TST,
Súmula 448, I).
Essa Súmula estabeleceu, por parte do próprio Judiciário,
uma subordinação indevida da efetividade da aplicação dos
direitos fundamentais dos trabalhadores à atualização de uma
Portaria do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS)
que dispõe acerca das Normas Regulamentadoras (NRs).
Incorre em idêntico lapso o STF ao dispor na Súmula n° 460
– que não é vinculante e, portanto, sem vinculatividade dire-
ta sobre a Justiça do Trabalho – a indispensabilidade da exis-
tência do agente e dos limites de tolerância na arcaica NR-
15, que dispõe acerca das atividades e operações insalubres.
Não há plausibilidade a negativa da existência de um
agente insalubre cientificamente comprovado, diante da
inércia do MT em atualizar a NR-15. As NRs têm um pro-
cesso de elaboração que necessitam da aprovação de uma
CTPP (Comissão Tripartite Paritária Permanente), compos-
ta por representantes do governo, dos empregados e dos
empregadores, devendo sempre ter consenso entre seus
membros para aprovação de edição ou revisão de uma NR,
o que dificulta sobremaneira a inclusão dos índices atuali-
zados e das substâncias insalubres.
A Convenção n° 148 da OIT, ratificada no Brasil e de sta-
tus materialmente constitucional, determina no art. 8.3 a
necessidade constante de atualização dos limites de expo-
sição conforme “os novos conhecimentos e dados nacio-
nais e internacionais”.
O próprio TST já assegurou a aplicação da referida Conven-
ção da OIT no Brasil, no RR-1072-72.2011.5.02.0384, em que,
sabiamente, o Ministro Cláudio Brandão, afirmou que “[...] a
Convenção 148 consagra a necessidade de atualização cons-
tante da legislação sobre as condições nocivas de trabalho”.
Enquanto não há consenso na CTPP, milhões de trabalha-
dores são envenenados diariamente no local que vão para
ganhar a vida, com agentes insalubres reconhecidamente
assim tratados em âmbito mundial pela ciência, priorita-
riamente pela renomada American Conference of Govern-
mental Industrial Hygienists (ACGIH), uma associação pro-
fissional norte-americana de higienistas ocupacionais, que
publicam e revisam periodicamente, com base em estudos
científicos mundialmente reconhecidos, a tabela de valores
74 www.revistacipa.com.br
de limites de exposição ocupacional (TLV) e de índices de
exposição biológica (BEI) para agentes nocivos.
A nossa própria NR-9 (item 9.3.5.1 ‘c’) estabelece de for-
ma cristalina a subsidiariedade da aplicação dos valores de
exposição ocupacional adotados na ACGIH para a adoção
de medidas de controle. Apesar disso, não há disciplina na
NR-15 acerca da aplicação da ACGIH no que se refere aos
adicionais de insalubridade. Cabe esclarecer que a ACGIH
não é um órgão normativo, mas, sim, de estabelecimento
de referências técnicas que são mundialmente acolhidas
por agências e órgãos internacionais de países civilizados,
por isso mesmo referida na NR-9.
A história da formação das NRs no Brasil teve embasamen-
to nos estudos da ACGIH, pois os parâmetros constantes na
NR-15 são justamente os retirados da ACGIH de 1978 (ano
da criação das NRs – Portaria n° 3.214/78 MTE). Lamenta-
velmente, nesses mais de 38 anos da criação das NRs no
Brasil, a tabela da ACGIH vem sendo revisada anualmente
e acolheu diversos outros agentes nocivos, assim como atu-
alizou diversos limites de tolerância de outros agentes pre-
sentes na NR-15. No entanto, aqui no Brasil, cuja estrutura
se mantém algemada na busca de um consenso da CTPP
para atualizar a NR-15, foram raríssimas as alterações dos
agentes e dos limites de tolerância, na contramão do que
ocorrer em outros países e do desenvolvimento científico.
Nesse panorama, é verdadeira a reflexão do médico nor-
te-americano James P. Keogh (1950-1999), defensor da saú-
de e segurança dos trabalhadores, ao revelar que “se você
envenenar seu chefe um pouco a cada dia, isso é chamado
de assassinato. Mas se seu chefe envenena você um pou-
quinho a cada dia isso é chamado de limite de tolerância”.
Em termos concretos comparativos, a NR-15 estabelece
para o cloreto de vinila (utilizado na produção de tubo PVC,
entre outros) um limite de tolerância de 156 ppm (partes por
milhão), enquanto nos EUA, conforme a ACGIH 2015, pas-
mem, é de somente 1 ppm, em um composto que sabida-
mente provoca câncer ocupacional de pulmão e fígado, e
foi comprovadamente reconhecido, no Brasil, no grupo de
agentes confirmados como cancerígenos para humanos na
Portaria Interministerial MTE/MS/MPS n° 9/2014. Pelo ex-
posto, é grave ter que denunciar que o trabalhador que la-
bora no Brasil, simplesmente por essa condição de ser no
Brasil, e aplicar a vergonhosa NR-15 e não as atualizações da
ACGIH, se envenena de cloreto de vinila e morre de câncer
de fígado com a anuência do Estao Brasileiro.
Outro exemplo aviltante é o que ocorre com o tricloroe-
tileno que, em 2012, foi comprovado ser cancerígeno pela
 EQUIPE COM SAÚDE
= EQUIPE MOTIVADA!
AGENDE JÁ NOSSA PALESTRA.

junho_2016
75
Artigo
IARC (sigla em inglês para Agência Internacional de Pesqui-
sa sobre o Câncer da Organização Mundial da Saúde. Tam-
bém foi comprovadamente reconhecido, no Brasil, no grupo
de agentes confirmados como cancerígenos para humanos
na Portaria Interministerial MTE/MS/MPS n° 9/2014. Mas,
no Brasil se aceita que o trabalhador tenha contato, e ain-
da com um limite de tolerância de 420 mg/m3, um absur-
do para um agente sabidamente cancerígeno.
Mais um exemplo é o do tolueno que a NR-15 estabelece
como limite de tolerância 78 ppm, no tempo em que nos
EUA, pela aplicação das normas da ACGIH, determina que
o limite é de somente 20 ppm.
Ao que se vê, no Brasil o trabalhador é envenenado com a
anuência e a inércia das NRs do Ministério do Trabalho, que
não atualiza a tabela dos limites de tolerância e dos agen-
tes nocivos que no mundo civilizado já foi revisada há déca-
das, em clara violação à Convenção n° 148 da OIT. A prote-
ção ao meio ambiente do trabalho neste País é tão rasteira
que o trabalhador é exposto a condições de insalubridade
já consideradas superadas há décadas pelos países desen-
volvidos que aplicam a ACGIH atualizada.
Não é da grandeza institucional da Justiça do Trabalho
anuir com essa inconsequência que afeta a vida e a saúde
de milhões de trabalhadores, se encarcerando nos limites
de tolerância e nos agentes expostos nas Normas Regula-
mentadoras (NR-15), que ao invés de aplicar os dados mais
rigorosos cientificamente reconhecidos no mundo e pela
comunidade internacional, que são os da ACGIH, aplicam
uma tabela indignamente anacrônica, permitindo que os
trabalhadores se envenenem e morram no trabalho, inclu-
sive com compostos cancerígenos.
A Corte da cúpula da Justiça do Trabalho não pode con-
dicionar a aplicação das normas de direitos fundamentais
trabalhistas, sobretudo em matéria de saúde e segurança
do trabalho, a questões burocráticas menores que envol-
vem a edição de uma portaria de um ministério do Poder
Executivo Federal, na contramão do princípio da dignida-
de da pessoa humana.
Diante disso, é inadiável, que o TST reconheça a desne-
cessidade do reconhecimento do agente insalubre ou do li-
mite de tolerância pela NR 15, quando de valores mais rigo-
rosos aceitos pela comunidade científica internacional, visto
a inércia do MTPS de promover sua atualização. Se as pró-
prias Normas Regulamentadoras têm expressa previsão le-
gal da aplicação da ACGIH para medidas de controle (item
9.3.5.1 “c” da NR-9) então é perfeitamente possível apli-
car por analogia os parâmetros da ACGIH para definição
76 www.revistacipa.com.br
de adicionais de insalubridade quando de valores mais ri-
gorosos ou agentes não contemplados na NR-15. Para tan-
to, deve ser revista a Súmula 448, I, aplicando por analogia
o item 9.3.5.1 “c” da NR-9, adotando os valores mais rigo-
rosos e agentes da ACGIH para caracterização da insalubri-
dade, em consonância com a Convenção n° 148 da OIT e
pela concretude de um meio ambiente do trabalho verda-
deiramente digno.
Exposição solar
Dispõe o inciso I da Orientação Jurisprudencial n° 173 da
Seção de Dissídios Individuais I do TST que:
“I – Ausente previsão legal, indevido o adicional de
insalubridade ao trabalhador em atividade a céu
aberto, por sujeição à radiação solar (art. 195 da CLT e
Anexo 7 da NR-15 da Portaria Nº 3214/78 do MTE).

Essa orientação apresenta um dos maiores equívocos
de interpretação de todas, o que necessita a interven-
ção mais urgente por parte dos ministros do TST, frente
a colocar em risco centenas de milhares de trabalhadores
que cotidianamente laboram a céu aberto e sob exposi-
ção da radiação não ionizante solar, que apresenta ma-
lefícios graves, como ocasionar o câncer de pele e pre-
dispor a outros tipos de câncer, que provocam a morte
do trabalhador, que antes de tudo é um cidadão e uma
pessoa, tendo a ele reconhecido todos os direitos fun-
damentais inespecíficos ou de cidadania do trabalhador
previstos, entre outros, no art. 5° da CR/88.
A título de contextualização, dados oficiais do Instituto
Nacional do Câncer (INCA), revelam que a cada ano são
135 mil novos casos de câncer de pele, sendo que a expo-
sição excessiva à luz solar é justamente a principal causa da
doença. Dessas 135 mil novas pessoas, parcela considerá-
vel são de trabalhadores que se expõem a atividades a céu
aberto, sujeitos à radiação solar, que depois de adoentados
buscam os serviços de saúde pública e a previdência públi-
ca, aumentando os custos sociais do Estado em decorrên-
cia do ato ilícito dos empregadores que colocam os traba-
lhadores a céu aberto sob exposição solar.
Não há mais nenhuma dúvida científica da nocividade
cancerígena da radiação solar. Recentemente, a Porta-
ria Interministerial MTE/MS/MPS n° 9 de 07 de outubro
de 2014, divulgou a lista nacional de agentes cancerí-
genos para humanos, classificando a radiação solar no
grupo mais grave, juntamente com a radiação ultravio-
leta UVA, UVB e UVC, que é o grupo 1, no qual cons-
tam de agentes confirmados como carcinógenos para
junho_2016
77
Artigo
humanos. Ou seja, não estão na categoria de prováveis
nem de possíveis, mas de totalmente confirmados como
carcinógenos humanos.
No que pese todas as evidências científicas que a ra-
diação solar tem uma nocividade gravíssima, como en-
velhecimento celular, doenças oftalmológicas, queima-
duras solares, alergias, visto ser causadora inclusive de
câncer, poderiam alguns sustentar o entendimento que,
mesmo assim, não caberia a concessão do adicional de
insalubridade por supostamente ter ausência de previ-
são legal no Anexo 7 na NR-5.
Ainda assim, sem razão, pois há previsão legal. Senão veja-
mos: o anexo 7 destaca que “para os efeitos desta norma, são
radiações não ionizantes as microondas, ultravioletas e laser”. E,
complementa que “as atividades ou operações que exponham
os trabalhadores à radiações da luz negra (ultravioleta na fai-
xa 400-320 nanômetros) não serão consideradas insalubres”.
Dissecando essa situação, a radiação solar emite radia-
ção ultravioleta, portanto em sintonia com a 15. Todavia,
a norma exclui da condição de insalubre a luz negra, que Obrigatoriedade de perícia
é justamente a radiação ultravioleta A (UVA), ao que to- Disciplina a OJ n° 278 da SDI-I TST que:
dos conhecemos de nome quando adquirimos um pro- “a realização de perícia é obrigatória para a verificação
tetor solar. No entanto, não só de UVA vive o sol, pois de insalubridade. Quando não for possível sua
emite também a radiação ultravioleta B (UVB), que atin- realização como em caso de fechamento da empesa,
ge em torno de 10% na superfície terrestre, mas já ca- poderá o julgador utilizar-se de outros meios de
paz de grandes danos, tanto é que existe a recomenda- prova.” (BRASIL, TST, OJ 278 SDI-I).
ção de evitar exposição solar de 10h às 16h, pela UVB, A orientação só merece enaltecimento, diante de possibi-
que é justamente a principal causadora de câncer de pe- litar o magistrado não ficar cerceado pela ação delinquente
le. E, em nenhum momento, o Anexo 7 da NR-15 dis- do empregador que fecha seu estabelecimento como me-
põe que não é considerada insalubre a radiação UVB, fi- dida de fraudar a realização da perícia que iria constatar o
cando patente que sua exposição é considerada como ambiente insalubre. Porém, o que cabe aqui ressalva é a
atividade insalubre. primeira parte da referida OJ, que determina a realização
É totalmente incompreensível e dissociada da realidade a da perícia como obrigatória para a verificação da insalubri-
redação atual da referida OJ em dispor que “ausente pre- dade. Não deveria ter essa necessidade de forma chapada,
visão legal”, quando, após o exposto, há claramente uma pois dificulta o processo e não permite a celeridade devi-
previsão legal implícita do adicional de insalubridade para da para a discussão de um crédito de natureza alimentar,
radiação ultravioleta B (UVB), radiado pelo sol e em sujei- em determinadas situações em concreto, a seguir expostas.
ção aos trabalhadores a céu aberto O próprio TST já reconheceu essa tese jurídica quando do
Com o avanço das confirmações científicas e da compro- adicional de periculosidade, ao desconsiderar a imposição da
vação indiscutível que já existe previsão legal de recebimen- perícia para os empregados que operam em bomba de gaso-
to de adicional de insalubridade para radiação ultravioleta lina (caberia alteração para bomba de combustível, pois além
B (UVB) no Anexo 7 da NR-15 não há mais espaço para a de gasolina os postos dispõe de álcool e diesel) na Súmula
aplicação da OJ 173 em seus moldes atuais, cabendo a sua 39 TST, em razão de que a função do reclamante evidencia
imediata atualização para que considere devido o adicional o preenchimento do critério legal que enseja a percepção do
de insalubridade para os trabalhadores que realizam ativi- adicional de periculosidade, em uma avaliação qualitativa.
dade a céu aberto sujeitos a radiação solar, em respeito ao De igual modo a esse exemplo do adicional de periculosi-
próprio ordenamento jurídico já vigente. dade, nem em todas previsões de adicional de insalubridade

78 www.revistacipa.com.br
imporia a necessidade de realização de perícia. Por exem-
plo, quando de um profissional da área de saúde pede o pa-
gamento por contato com agente biológico, nos termos do
Anexo 14 da NR-15, já é claro que quem trabalha em hos-
pitais ou ambulatórios atende essa previsão, pois é eviden-
te que alguém que trabalhe como médico, enfermeiro ou
outro profissional da saúde tem contato com pacientes; as-
sim como é óbvio para o TST que um frentista tem conta-
to com bomba de gasolina e não precisa provar por perícia.
A título exemplificativo prático, um profissional da saúde,
não precisaria provar que trabalha com pacientes, pois res-
ta como óbvio pela sua função, percebendo o adicional de
insalubridade sem necessidade da realização protelatória e
dispendiosa de uma perícia.
Isso porque o Anexo 14 da NR-15 estabelece que a carac-
terização de insalubridade para agentes biológicos é quali-
tativa, não quantitativa. A NR-15 não previu limite de tole-
rância para agentes biológicos, que são as bactérias, fungos,
bacilos, parasitas, protozoários, vírus, toxinas, príons. Assim,
é condição inerente à atividade, não ocorrendo nem elimi-
nação do risco com medidas no meio ambiente, nem neu-
tralização do risco com uso de EPI. Mesmo com medidas no
meio ambiente e uso de EPI a insalubridade é caracterizada,
por ser inerente à atividade. Não há como aplicar o art. 191
da CLT pois a NR previu verificação qualitativa para agen-
tes biológicos, portanto, não fixando limites de tolerância.
Nesses termos, defende-se uma revisão da referida OJ para
que a redação da parte inicial preveja que a realização da pe-
rícia seja obrigatória para a verificação da insalubridade, salvo
em situações que pela atividade reste notório que devem per-
ceber o adicional de insalubridade, por serem de avaliação qua-
litativa e não elididas por medidas de controle ou utilização de
EPI, como as expostas no Anexo 14 da NR-15.
Essa proposição vanguardista pode aparentar ser utópi-
ca no presente, mas futuramente, quando de sua aplica-
ção, causará tanta espécie um pedido de perícia nos ter-
mos das condições expostas aqui como causa espécie hoje
pensar em deferir uma perícia para comprovar que frentis-
tas de postos de combustíveis percebem adicional de pe-
riculosidade, como pacificado pela Súmula n° 39 do TST.
Aperfeiçoamento deve entrar na pauta
O TST evidencia que tem sua história formada por minis-
tros da mais alta distinção ética e moral, doutrinadores jusla-
boralistas do mais alto relevo, que engradecem a academia,
abertos ao diálogo social e firmes na garantia da efetividade
dos direitos fundamentais trabalhistas, no respeito da apli-
cação da Constituição Federal, das Leis e das Convenções
da OIT, atuando com justiça na busca da pacificação social.
Em razão dessas considerações, o presente artigo preten-
deu apresentar propostas de atualização de Súmulas e Orien-
tações Jurisprudenciais na área de Medicina do Trabalho no
âmbito da Corte Superior Trabalhista, com a única intenção de
contribuir e aperfeiçoar a saúde e segurança do trabalho no
Brasil, na construção de um meio ambiente do trabalho digno.
Por fim, se espera, de forma respeitosa, que a Comissão Per-
manente de Jurisprudência e Precedentes Normativos do TST
acolha as proposições e promova debates entre os ministros
para atualização de sua jurisprudência para amoldar aos pre-
ceitos constitucionais que já são da habitualidade da Corte. n
Saulo Cerqueira de Aguiar Soares é médico do trabalho,
mestrando e especialista em Direito do Trabalho (PUC-MG)
junho_2016
79
Literatura por Ana Claudia Machado

PASSADO
REVISITADO
R
eferência para qualquer mas já superados e outros tantos ain-
Parceria entre profissional da área de da atuais, o livro “De Morbis Artificum
Fundacentro saúde e segurança no tra-
balho, o livro “As doen-
Diatriba” (título original) foi publicado
pela primeira vez em 1700, em Móde-
e Anamt cria ças dos trabalhadores”, na, na Itália, quando Ramazzini, que fi-
versão digital escrito pelo médico italiano Bernardi-
no Ramazzini, ganhou uma versão ele-
cou conhecido posteriormente como o
“pai” da medicina do trabalho, passou
de um grande trônica, que está disponível para down- a observar as queixas de seus pacientes
clássico voltado load gratuito na internet desde o início
de junho. A obra, impressa e editada
e identificou que as atividades laborais
poderiam ser determinantes no proces-
à medicina do pela Fundacentro em 2000, com tradu- so de adoecimento. Ao discorrer sobre

trabalho ção de Raimundo Estrêla e já na quar-

ta edição, é um dos clássicos da litera-
tura voltada à medicina do trabalho.
Apesar de tratar de muitos proble-
as doenças de diversas profissões, ele
acabou por revelar os primeiros indícios
de uma prática médica direcionada ao
diagnósticos de patologias ocupacionais.

80 www.revistacipa.com.br
 Conhecimento
compartilhado
As publicações técnicas da
Fundacentro são aprovadas
mediante análise técnica
da Comissão Editorial de
Publicações. Posteriormente,
é no Setor de Publicações que
ocorrem a diagramação, a revisão
editorial, direitos autorais,
suporte na elaboração de
ilustrações e roteiros e edição,
para então serem impressas.
Conforme a entidade, além
do desenvolvimento editorial,
o Setor de Publicações está
acompanhando os projetos
gráficos relativos aos 50 anos
da Fundacentro e a Semana
da Pesquisa (ambos a serem
realizados em outubro). Para o
cinquentenário da Fundacentro,
a ser celebrado em outubro,
o Serviço de Publicações
ficará responsável por toda a
diagramação e confecção do livro
“Meio século de segurança e
saúde no trabalho”.
No prefácio, ele deixou claro qual era
seu objetivo desde o início: “(...) tudo
fiz para descobrir o que melhor poderia
satisfazer o paladar dos curiosos, mas,
sobretudo, o que é mais importante, sa-
ber aquilo que se pode sugerir de pres-
crições médicas preventivas ou curati-
vas, contra as doenças dos operários”.
Sem imaginar que sua obra ganharia
tamanha relevância nos anos (e sécu-
los) seguintes, Ramazzini confessou ain-
LIVRO DO “PAI” DA MEDICINA DO TRABALHO AGORA
PODE SER BAIXADO GRATUITAMENTE
da que tinha consciência de que sua
preocupação com a medicina do tra-
balho era apenas um passo a ser dado
na longa jornada de aperfeiçoamento
que ainda estava por vir. “Publico esta
obra imperfeita, na íntima intenção de
que sirva de estímulo aos outros que
nela colaborem, até que se possa obter
um completo tratado que mereça um
lugar digno no foro médico”, escreveu.
Há 16 anos, quando o livro ganhou a
primeira versão impressa em português,
o professor emérito em Medicina do Tra-
balho, Oswaldo Paulino, colaborador da
Fundacentro, escreveu na carta de apre-
sentação a importância da obra: “As li-
ções de Ramazzini, sempre atuais, ser-
vem como um estímulo permanente a
todos quanto, no campo da Higiene, Se-
gurança e Medicina do Trabalho, formam
uma equipe que, nas várias especialida-
des, trabalha em todos os setores das ati-
vidades humanas, visando à preservação
da saúde do trabalhador contra os fato-
res agressivos dessas próprias atividades”.
Na época, a repercussão do lançamento
rendeu à Fundacentro, em dezembro de
2001, o primeiro lugar na categoria Enti-
dade pela publicação da obra de Rama-
zzini, durante a apresentação de livros e
publicações sobre saúde ocupacional das
Jornadas Latino-Americanas de Seguran-
ça e Higiene no Trabalho, promovidas em
Florianópolis (SC), pela ABPA (Associação
Brasileira de Prevenção de Acidentes).
Versão digital
Segundo nota divulgada pela Funda-
centro, a ideia de criar uma versão digi-
tal da obra surgiu com o apoio da Anamt
(Associação Nacional de Medicina do Tra-
balho), tendo como meta disponibilizá-lo
a um número maior de pessoas, enrique-
cendo a bibliografia dos profissionais da
área, estudantes e interessados no tema.
A responsável pela área de Publicações
da Fundacentro, Glaucia Fernandes, ex-
plicou, também em nota, que a versão
eletrônica vem com a capa e o layout
modernizados, e o conteúdo totalmen-
te adequado às novas normas ortográ-
ficas. “Acho excelente disponibilizar para
todos um livro tão requisitado”, afirmou.
Logo nas primeiras páginas da versão
digital, ao relatar o propósito desta edi-
ção, Bernardo Bedrikow e Jorge da Ro-
cha Gomes, ambos da Anamt, agrade-
cem a parceria com a Fundacentro, que,
segundo eles, “soube captar muito bem
a importância desta publicação, com a
certeza de que, além de seu valor his-
tórico, ela contribui para ampliar o co-
nhecimento das relações entre saúde e
trabalho e, portanto, para a melhorar a
qualidade de vida dos trabalhadores”.n
Baixe a versão eletrônica do
livro através do
QR Code ao lado:
julho_2016
81
 Artigo Desenvolvimento profissional
por Rômulo Assmann

SST NA GESTÃO DE PESSOAS

A participação da segurança do trabalho em todos
os processos que envolvem o departamento de recursos humanos
Imagem: Shutterstock

A o falarmos em organizações, estamos automatica-

mente falando das pessoas. Por maior que seja a in-
formatização e automação características dos tempos atu-
ais, o fator humano sempre estará presente no cotidiano
das empresas. São as pessoas que vendem, produzem, exe-
cutam, atendem os clientes, tomam decisões e promovem
melhorias nos processos. Neste contexto, a Gestão de Pes-
soas é uma das áreas que mais sofreu transformações e
adaptações, tendo como principal característica deste de-
senvolvimento a mudança do setor de recursos humanos,
operacional e burocrático, para um setor estratégico, on-
de a principal vantagem competitiva das empresas decor-
re das pessoas que trabalham nelas. Ao invés de somente
administrar pessoas, se trabalha com elas. A empresa so-
mente será bem sucedida se conseguir o equilíbrio entre
os seus objetivos e os de seus empregados.
A finalidade da Gestão de Pessoas pode ser variada,
mas a principal está em ajudar a empresa a atingir seus
objetivos, proporcionando competitividade por meio de
empregados bem treinados e motivados, garantindo qua-
lidade de vida no trabalho. Para atingir isso, a empresa
deve se organizar em seis processos básicos, definidos

82 www.revistacipa.com.br
por Idalberto Chiavenato em seu livro “Gestão de Pes-
soas”. São eles: agregar, aplicar, recompensar, desenvol-
ver, manter e monitorar pessoas. Neste artigo, verifica-
mos como se dá a participação da segurança do trabalho
em cada um destes processos.
Processo de agregar pessoas
São os processos utilizados para inserir novas pes-
soas nas empresas, representados pelo recrutamen-
to e seleção.
Esta fase, apesar de representar o início dos processos bá-
sicos, não possui muita influência do aspecto segurança do
trabalho, pois a empresa costuma estar preocupada mais
com aspectos como formação e experiência. No recruta-
mento, momento em que a empresa busca atrair candida-
tos dentro e fora da organização, ela até pode colocar algo
como “desejável conhecimento / experiência em segurança
do trabalho”. Já na seleção, onde os candidatos ao empre-
go passam por etapas como testes e entrevistas, pode-se
analisar o conhecimento e a predisposição para uma ati-
tude prevencionista, através de situações do cotidiano que
exijam a necessidade de gestos seguros, análise de riscos e
uso de equipamentos de proteção.
Processo de aplicar pessoas
São os processos usados para a definição das ativi-
dades, desenho de cargos, orientação e avaliação de
desempenho.
Uma vez recrutadas e selecionadas, as pessoas devem ser
integradas à organização. Neste ponto surgem os planos de
integração, onde os novos componentes são direcionados pa-
ra seus cargos, atividades e, principalmente, são apresenta-
dos aos aspectos estratégicos da organização, como os prin-
cípios. Neste momento deve ser iniciado o primeiro contato
com os aspectos prevencionistas, onde a empresa demons-
tra a segurança do trabalho como um dos seus principais va-
lores. O novo empregado deve ser conscientizado de que a
prevenção de acidentes é um fator a ser considerado no seu
cotidiano laboral. Como ferramentas para este fim, háapre-
sentação da política de segurança da empresa e/ou um ma-
nual específico para o tema. Cabe também a presença de as-
pectos prevencionistas no famoso “manual do empregado”,
que descreve os principais pontos da organização como es-
trutura, horários, benefícios e outros.
Processo de desenvolver pessoas
São os processos utilizados para capacitar e fomentar
junho_2016
83
Artigo
o desenvolvimento profissional e pessoal. Inclui trei-
namento e capacitação.
Neste momento busca-se manter o desenvolvimento con-
tínuo do trabalhador, visando o seu melhor rendimento, on-
de podem ser verificadas as ações educacionais de seguran-
ça do trabalho, representadas principalmente pelos aspectos
a atendimento da legislação e por iniciativa própria da em-
presa. Como exemplo de treinamentos legais podemos citar
os previstos nas Normas Regulamentadoras como CIPA (NR-
5), Básico e Complementar (NR-10), Operadores de Motos-
serra (NR-12) e Caldeiras (NR-13). Já naqueles que são de ini-
ciativa própria da empresa, temos os diálogos de segurança,
palestras, seminários e treinamentos específicos para vários
temas, tais como riscos ambientais, comportamento seguro,
uso de equipamentos de proteção, prevenção de acidentes e
incidentes, direção defensiva, combate a incêndio e ergono-
mia. Ações estas que devem ser direcionadas a todos os ní-
veis hierárquicos, em especial à alta administração. Capacitar
os profissionais é um fator determinante para o sucesso das
ações prevencionistas, pois a renovação constante do conhe-
cimento e das atribuições de prevenção trará certamente bons
resultados, tanto para o empregado como para a empresa.
Processo de manter pessoas
São os processos utilizados para criar condições am-
bientais e psicológicas favoráveis ao trabalhador no
desenvolvimento de suas atividades.
Tão importante quanto contratar as pessoas adequadas
para sua empresa, é cuidar para que elas permaneçam no
emprego, correspondam às expectativas, sejam produtivas
e demonstrem satisfação. De modo geral, pessoas continu-
am ligadas à empresa quando se sentem importantes, mo-
tivadas, reconhecidas, bem remuneradas, em constante de-
senvolvimento e, principalmente, quando percebem que são
participantes de algo maior do que uma relação de troca de
conhecimento ou habilidade por um salário. Neste contexto,
a participação da segurança do trabalho apresenta um pen-
samento ligado diretamente à percepção dos trabalhadores:
Parte-se do princípio que o fato da empresa se preocu-
par com a integridade dos empregados é considerado por
estes como um dos fatores que os fazem permanecer na
organização. Ou seja, o fato da empresa não demonstrar
preocupação com a segurança do trabalho seria um fator
necessário para o empregado não querer permanecer? Até
que ponto outros fatores como salário, benefício e o fato
de estar empregado estariam abaixo do aspecto segurança
do trabalho? Estas são questões que precisam ser pensa-
84 www.revistacipa.com.br
das quando se trata da participação das ações prevencio-
nistas no processo de manutenção do empregado. Entre-
tanto, a empresa sempre deve considerar a segurança do
trabalho como um fator de manutenção.
Processo de monitorar pessoas
São os processos utilizados para acompanhar e con-
trolar as atividades pessoais, verificando resultados,
utilizando banco de dados e informações gerenciais.
Neste contexto, temos a necessidade de elaboração de in-
dicadores de segurança do trabalho, além da definição de pa-
râmetros para inserção da ação prevencionista na avaliação de
desempenho do empregado. Inspeções de segurança e me-
didas de avaliação da participação dos empregados perante
a segurança do trabalho podem ser consideradas. Demons-
trar ao empregado de que maneira suas atitudes em relação
à segurança do trabalho afetam o desempenho de seu gru-
po de trabalho e a empresa também é uma atitude positiva.
Processo de recompensar pessoas C
São os processos utilizados para incentivar as pessoas, M
através de recompensas, remuneração e benefícios. Y
Ao reconhecer de alguma forma a contribuição do em-
CM
pregado para a melhoria do processo, a empresa o estará
motivando para continuar a contribuir, além de servir de in-
MY
centivo para outros empregados, que verão nesta pessoa CY
um exemplo a ser seguido. O reconhecimento pode apa- CMY
recer de diversas formas diferentes: através de um simples K
reconhecimento ao empregado, um e-mail elogiando uma
atitude positiva, ou então um programa de benefícios opcio-
nais, que permite ao funcionário escolher, dentre uma ces-
ta de benefícios, aqueles que mais lhe são interessantes. A
demonstração das boas ideias em grandes eventos, como
a Sipat (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Tra-
balho), também é uma forma de reconhecer as iniciativas.
Com todos esses exemplos, verifica-se que participação
da segurança do trabalho pode e deve fazer parte do con-
texto da gestão de pessoas. É possível perceber que todos
esses processos estão intimamente relacionados entre si, de
tal maneira que se interpenetram e se influenciam recipro-
camente. Cada processo tende a favorecer ou prejudicar os
demais, quando bem ou mal utilizados. n
Rômulo Assmann, técnico de Segurança do Trabalho,
administrador de empresas e mestre em Administração de
Empresas
junho_2016
85
Coluna
Foto: Shutterstock
Meio Ambiente e Sustentabilidade
TELMA BARTHOLOMEU SILVA
Advogada na área ambiental, consultora empresarial de compliance ambiental, especialista em Meio Ambiente pela Escola
Superior do Ministério Público de SP, mestre em Direito Econômico e Financeiro, e auditora ambiental internacional

Futuro das empresas depende

de compliance ambiental
não devem ser C
Adequações ada vez mais é necessário entender as adequações ambientais
não como custo, mas como investimento estratégico. Neste ce-
nário, temos percebido que o futuro e a perenidade de muitos ne-
vistas como gócios estão ligados ao compliance ambiental, mais do que se ima-
custo e, sim, gina. O que queremos dizer com isto? Como e por que se adequar?
investimento Estes e outros pontos é o que pretendemos abordar neste artigo.
estratégico Compliance é um termo que tem origem na língua inglesa, mais
especificamente no verbo: “to comply”, cujo significado pode ser
entendido como o comando de cumprir, executar, obedecer, ob-
servar ou satisfazer o que lhe foi imposto. Compliance, portanto,
é o dever de cumprir, de estar em conformidade com leis, dire-

86 www.revistacipa.com.br
julho_2016
87
Coluna
trizes, regulamentos internos e externos aplicá-
veis à atividade desenvolvida.
A ideia é sempre estar de acordo com o pre-
visto buscando mitigar eventual risco de reputa-
ção da empresa e o risco legal e financeiro na hi-
pótese da ocorrência de algum dano ambiental.
Já tivemos oportunidade em outros artigos de
deixar bem claro o quanto nossa legislação é fe-
chada na aplicação da responsabilidade pelo dano
ambiental com base na teoria do risco integral pe-
la qual, independentemente da existência de cul-
pa ou dolo, deve o poluidor responder pelo dano
e reparar o meio ambiente, preferencialmente na
modalidade de reparação direta e não sendo es-
ta possível, na forma indireta, com a indenização.
Tudo isso acumulado com a obrigação de reparar
prejuízos de terceiros afetados pelo evento danoso.
Pois bem, os gastos com imagem e com a re-
paração e/ou indenização propriamente ditos
com certeza superam, e muito, os gastos que de-
vem ser vistos como investimentos na área am-
biental da sua empresa ou negócio.
Atualização periódica
Sabe-se que o compliance surgiu no setor fi-
nanceiro, com o intuito de aplicar um programa
que visava fiel cumprimento de leis atinentes às
boas práticas do setor bancário, procurando mi-
nimizar riscos e evitar exposição negativa junto
aos clientes, bem como ter um bom desempe-
nho, lucratividade e credibilidade nas operações.
Atualmente, importante destacar que pode-
mos falar de compliance ambiental para indús-
tria, mas também para comércio e prestadores
de serviços, segmentos que devem se adequar
às novas regras ambientais, já que estamos en-
tendendo que compliance é questão de estraté-
gia de negócio. Assim, o programa de complian-
ce ambiental deve ser claro e direto, atualizado
e monitorado periodicamente.
O modus operandi é praticamente o mesmo pa-
ra todas as empresas e/ou negócios e compreende:
observância da conformidade legal, fortalecimen-
to no cumprimento dos procedimentos, revisão de
88 www.revistacipa.com.br
condutas e políticas, conscientização acerca das
normas legais e regulamentares aplicáveis ao ne-
gócio desenvolvido, comunicação interna e exter-
na (com a cadeia de fornecedores), treinamentos,
comunicação de informações à alta gerência para
definição das ações corretivas, e união de esfor-
ços que garantam aderência ao programa de com-
pliance através do comprometimento de todos.
Verifica-se, portanto, que o sucesso do com-
pliance ambiental não se restringe somente ao
trabalho do compliance officer, mas engloba to-
dos os envolvidos nas rotinas da pessoa jurídica
que desenvolve determinada atividade ou mesmo
presta certo serviço.
Aliás, a atuação do compliance officer em ques-
tões ambientais deve ir muito além da simples ve-
rificação do cumprimento das normas ambien-
tais aplicáveis à atividade desenvolvida, mas cabe
a este profissional desenhar e implementar, por
meio de um planejamento customizado, estraté-
gias que possam medir e valorizar as ações já exis-
tentes na corporação destinadas ao controle am-
biental e mensurar a eficácia das mesmas, bem
como inovar trazendo e atualizando o modus ope-
randi do negócio com o objetivo de prevenir au-
tuações, multas, e instauração de processos ad-
ministrativos, cíveis e criminais.
Hoje, sem um action plan de medidas ambien-
tais é praticamente inviável um negócio crescer em
bases seguras. Quanto maior a visibilidade, maior a
atenção dos consumidores e órgãos ambientais tam-
bém. Reduzir ou evitar perdas com passivos ambien-
tais primeiramente é questão legal, é medida finan-
ceira e atualmente também é medida de compliance
ambiental e posicionamento de marca no mercado.
Com planejamento e monitoramento fica bem
mais fácil antever gastos necessários de adequa-
ção invertendo a equação para o polo positivo.
Para tanto, é primordial que a atuação do com-
pliance minimize e repare danos, a fim de miti-
gar possíveis penalidades oriundas da não obser-
vância das boas práticas coorporativas.
Fica nossa pergunta: e você? O que tem feito so-
bre isso na sua atividade e/ou negócio?n
julho_2016
89
Coluna
Vetor
LÚCIA SCHULLER,
bióloga e mestre em saúde pública

Diagnóstico preciso
Análise das
condições de
T alvez um dos maiores desafios para controlar pragas que um profis-
sional enfrente seja o controle de pragas, em especial roedores, em
supermercados ou organizações de autosserviço. Esses locais têm um
segurança e perfil bem diferente do industrial no que se refere à segurança e medici-
higiene em na no trabalho. Durante a elaboração desse artigo, me deparei com um
supermercados é trabalho muito interessante, de 2009, sob o título “Segurança e medici-
fundamental na do trabalho em rede de supermercado: uma estratégia corporativa e
competitiva”, de autoria de Centurión WC, que trata de uma análise das
para o controle condições de segurança e higiene em uma organização de autosserviço.
de pragas O diagnóstico levantou uma série de fatores importantes que es-
tavam causando absenteísmo, ações trabalhistas, insatisfação dos
funcionários e prejuízos para a organização. Interessante como to-
das essas questões apontadas no diagnóstico estão relacionadas ao
controle de pragas. Um dos aspectos levantados foi a falta de ma-
nutenção da edificação e a excessiva quantidade de água espalha-
da em vários locais, geralmente fora da vista do consumidor. Esse é
um ponto de destaque quando temos pragas instaladas ou impor-
tadas. São dois aspectos que aumentam exponencialmente a ca-
pacidade do ambiente de reter pragas urbanas e até criar situações
que permitam a sua reprodução dentro de ambientes que normal-
mente deveriam ser impermeáveis a esses insetos.
O mesmo trabalho aponta como uma gestão bem feita da área de
segurança e saúde ocupacional ampliam os lucros da empresa e aumen-

90 www.revistacipa.com.br
julho_2016
91
Coluna
tam o seu posicionamento perante um mercado.
O controle de pragas em ambientes de alta ro-
tatividade, como é um autosserviço, muitas vezes
é dificultado por estar sujeito a fatores como fal-
ta de treinamento, desconhecimento das equipes
quanto à importância do controle de pragas, en-
trada constante de novos itens, que muitas vezes
já chegam transportando pragas em suas embala-
gens, e um estoque de mercadorias muito peque-
no e desorganizado, favorecendo o abrigo de pra-
gas. Neste último caso, há uma grande demora em
verificação dos prejuízos já que as mercadorias es-
tão tão juntas que não se percebe as infestações
logo no início. Tudo pode acontecer nesse ambien-
te rico em alimentos, embalagens, desorganização
e pouco conhecimento a respeito do problema.
Controle integrado
Em sua maioria, quase nunca vemos um controle
integrado de pragas. Dificilmente as pessoas têm co-
nhecimento deste trabalho. O atendimento desse tipo
de cliente, mais do que para qualquer outro, depende
demais dessa sintonia, de possuir internamente uma
interface esclarecida, que se interesse pelo assunto, e
que possa tomar ações orientadas pelos profissionais
de controle de pragas, capazes de reduzir ao máximo
a presença de pragas urbanas no ambiente de loja e
de estocagem. Para piorar a situação, a maioria dos
empresários investe muito pouco ou quase nada nessa
atividade tão intimamente relacionada com a seguran-
ça e higiene no trabalho. O interesse maior é obter um
92 www.revistacipa.com.br
documento certificado que sirva para ser apresentado
durante a visita de um agente da vigilância sanitária.
Esse é o primeiro problema a enfrentar, até por-
que as perdas por pragas não são contabilizadas
adequadamente e os gerentes ou diretores não
recebem uma avaliação fidedigna dos prejuízos
causados por pragas urbanas. Os produtos retor-
nam aos fabricantes e, muitas vezes, esses últimos
é que acabam assumindo os riscos.
Há um aliado importante que é o responsável
pela limpeza do estabelecimento. Esse colabora-
dor e sua equipe precisam participar ativamente
desse trabalho, entender por que é tão necessária
uma limpeza adequada, em todos os cantinhos e
com a frequência esperada.
Outro forte aliado é o responsável pela manuten-
ção, aquele que vai executar os serviços preventivos
necessários. Essa pessoa precisa trabalhar de co-
mum acordo com essa equipe multidisciplinar pa-
ra derrotar inimigos poderosos, que aprenderam a
conviver com o homem, e mais, aprenderam que
o homem se descuida, que deixa falhas – rapida-
mente detectadas por esses organismos urbanos,
infectantes e cuja presença pode pôr em risco cam-
panhas publicitárias que custam muito dinheiro e a
própria reputação do estabelecimento.
Somente esse grupo, atuando sintonizado, po-
derá produzir ações satisfatórias para o controle
das pragas em supermercados. Daí a necessidade
de se aplicar o controle integrado realmente. Só
ele dará os resultados que queremos. n
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92
 Passo a passo para baixar o
aplicativo da Revista Cipa
Se você tem iPhone (ou iPad)

Clique no ícone App Store, disponível Passo

na tela de navegação do seu aparelho, para abrir
a loja oficial da Apple. No rodapé da página
escolha a opção “Buscar” representada por uma
lupa. Vá ao campo de digitação, escreva
a palavra “CIPA” e clique em “Buscar”.
Passo
Escolha a revista, clique em “Obter” e em
“Instalar”. O sistema pedirá o seu “ID Apple”
(a sua conta pessoal na Apple, previamente
criada) e a respectiva senha.

Passo
O download será iniciado. Terminado
o processo, abra o aplicativo e comece a
navegar.

Se você tem smartphone ou tablet

com sistema Android

Passo

Clique no ícone Play Store (Google Play) no

seu smartphone.

Passo Localize o aplicativo “CIPA”. Para isso,

basta tocar na lupa, localizada no topo
direito e digitar no espaço ao lado o nome
do aplicativo. Para concluir, toque na lupa
do seu teclado virtual.

Passo
Selecione o aplicativo desejado, toque nele
e clique em “Instalar”; depois “Aceitar”.

Esse processo é feito apenas na primeira vez. Serão mostradas as capas de todas
as revistas existentes do acervo até momento. Selecione a edição desejada e clique para baixá-la.
Depois, a cada mês, uma nova revista será disponibilizada e você poderá acessá-la.
julho_2016
O que você está esperando para desfrutar desse incrível 93
recurso?
 Medidor de
Respirador com filtro único radiação
Os respiradores da série MASTT 2000 são purificadores de ar, não eletromagnética
motorizados, tipo ¼ facial. O modelo MASTT 2001 opera com um Lançado pela Instrutherm, o medidor
único filtro. O corpo do respirador é moldado em elastômero sintético modelo RAE-100 identifica o nível de
atóxico, ultra macio, com bordas internas almofadadas, radiação e o campo eletromagnético,
proporcionando uma correta vedação aos podendo ser utilizado por técnicos e
diferentes tipos de rosto. Possui uma válvula engenheiros de segurança do trabalho,
de inalação e duas de exalação. A aranha e até mesmo por profissionais que
frontal de fixação, o conector para filtro, atuam no segmento de telefonia,
as válvulas e os cartuchos são fabricados rádio e TV. O dispositivo, equipado
em plástico resistente ao calor. Segundo com bateria com duração de até 15
a fabricante, o EPI proporciona fixação à horas, permite identificar radiações
face em quatro pontos, através de tirantes transmitidas por antenas de celulares;
elásticos móveis com regulagem de pressão. intensidade de sinal wireless; e
www.alltecbrasil.com.br energia RF de transmissores. Segundo
a fabricante, o equipamento realiza
medição triaxial através dos eixos x, y
e z, tem display LCD, alarme audível,
memória de dados manual e
leitura de até 99 dados.
www.instrutherm.com.br

Capacete classe B com aba frontal

Com casco injetado em polietileno de alta densidade, o
capacete classe B com aba frontal da Amatools possui encaixes
para cinta jugular, sistema de suspensão com carneira e coroa
em polietileno de baixa densidade, tipo separáveis, carneira
Isolamento de condutores
fixada ao casco através de seis pontos de fixação, e regulagem
A Leal oferece ao mercado coberturas utilizadas para isolamento
de tamanho por dentes, com tira absorvente de suor em espuma
dos condutores de até 25mm de diâmetro, de alta e baixa
sintética. O modelo é aprovado para proteção
tensão, nos trabalhos em linha viva. Segundo a fabricante,
da cabeça do usuário contra impacto
os produtos possuem sistema de encaixe macho/fêmea para
de objetos sobre o crânio e contra
conexão de duas ou mais unidades. www.leal.com.br
choques elétricos e está disponível
nas cores branco, cinza, azul
escuro, amarelo, marrom, verde
escuro, laranja e vermelho.
www.amatools.com.br

Sistema de ancoragem para trabalho em altura

A Honeywell acaba de lançar no Brasil o sistema Söll SafeLine 2.0, linha de vida horizontal
que funciona como um sistema de ancoragem para uso de até três trabalhadores. Além
de zelar pela integridade do trabalhador em telhados e demais atividades em altura, ele
pode ser utilizado como ponto de ancoragem para operações de resgate. Construído em
aço inoxidável, garante alta durabilidade e dispensa a utilização de ferramentas especiais
para instalação. A linha de vida foi desenvolvida com a ajuda de um software de cálculo
permitindo que diferentes cenários de instalação sejam simulados dentro dos atuais
padrões de exigência. www.honeywellsafety.com/br

94 www.revistacipa.com.br
 Patrocinador Platina

Patrocinador Prata

Patrocinador Bronze

Apoio Institucional

Confira programação!

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(51) 3222-9063 / (51) 9664-3988
abril_2015
95
 AGENDA 2 0 1 6
4 A 8 DE JULHO
Curso: Resgate Vertical de
Alto Nível
Local: Piracicaba (SP)
Realização: Spelaion
Credenciamento: Petzl
Technical Partner – Spelaion
Informações:
(19) 3434-0535
spelaionbrasil@gmail.com
http://www.spelaion.com/
portal/index.php/calendario
5 E 6 DE JULHO
Curso: Perito Grafotécnico
Local: São Paulo (SP)
Realização: Vendrame
Informações:
Tel: (11) 2262-4733
eventos@vendrame.com.br
www.vendrame.com.br
7 DE JULHO
Curso: Atualização
Previdenciária em Segurança
e Saúde no Trabalho
PPP, LTCAT, GFIP, SAT
Local: São Paulo (SP)
Realização: Vendrame
Informações:
Tel: (11) 2262-4733
eventos@vendrame.com.br
www.vendrame.com.br
11 E 12 DE JULHO
Curso: Indicadores de
Desempenho
Local: São Paulo (SP)
Realização: Vendrame
Informações:
Tel: (11) 2262-4733
eventos@vendrame.com.br
www.vendrame.com.br
11 A 13 DE JULHO
Curso: Inspeção de EPI´s
96 www.revistacipa.com.br
Local: Piracicaba (SP)
Realização: Spelaion
Credenciamento: Petzl
Technical Partner – Spelaion
Informações:
(19) 3434-0535
spelaionbrasil@gmail.com
http://www.spelaion.com/
portal/index.php/calendario
13 E 14 DE JULHO
Curso: Técnicas de Análise
de Riscos
Local: São Paulo (SP)
Realização: Vendrame
Informações:
Tel: (11) 2262-4733
eventos@vendrame.com.br
www.vendrame.com.br
13 A 16 DE JULHO
Curso: Revisão das Normas
Regulamentadoras – Faça
modular
Local: Porto Alegre (RS)
Realização: NN EVENTOS
Informações (51)
3222.9063/3395.4731
nneventos@nneventos.com.br
www.nneventos.com.br
14 A 15 DE JULHO
Curso: Ancoragens
Local: Piracicaba (SP)
Realização: Spelaion
Credenciamento: Petzl
Technical Partner – Spelaion
Informações:
(19) 3434-0535
spelaionbrasil@gmail.com
http://www.spelaion.com/
portal/index.php/calendario
15 DE JULHO
Curso: Os Reflexos do
Novo CPC na Perícia Judicial
Trabalhista
Local: São Paulo (SP)
Realização: Vendrame
Consultores
Informações:
Tel: (11) 2262-4733
eventos@vendrame.com.br
www.vendrame.com.br
18 A 20 DE JULHO
Curso: Formação de
Auditores Internos – SGQ –
ISSO 9001:2015
Local: São Paulo (SP)
Realização: Vendrame
Informações:
Tel: (11) 2262-4733
eventos@vendrame.com.br
www.vendrame.com.br
18 A 22 DE JULHO
Curso: NR-10 – Treinamento
avulso (40h)
Local: Itapecerica da Serra (SP)
Realização:
Rochacara Ecofire
Informações:
(11) 4666-4046
rochacara@rochacara.ecofire.
com.br
www.rochacara.ecofire.com.br
18 A 22 DE JULHO
Curso: Supervisores NR-33 /
Formação – 40hs
Local: Centro de treinamento
(Rua Conde de Irajá, 131 –
Vila Mariana, São Paulo/SP)
Realização: Paula Scardino
Consultoria
Informações:
11 3499-1009/ 3499-6061/
11 99267-3526
paula@paulascardino.com.br
ou paulascardino@uol.com.br
www.paulascardino.com.br
19 E 20 DE JULHO
Curso: Qualificação de
Supervisores de Entrada em
Espaço Confinado - Foco na
Liberação de Trabalhos
Local: Porto Alegre (RS)
Realização: NN EVENTOS
Informações (51)
3222.9063/3395.4731
nneventos@nneventos.com.br
www.nneventos.com.br
25 E 26 DE JULHO
Curso: Direção Defensiva e
Primeiros Socorros
Local: São Paulo (SP)
Realização: Vendrame
Informações:
Tel: (11) 2262-4733
eventos@vendrame.com.br
www.vendrame.com.br
26 E 27 DE JULHO
Curso: Prova Pericial –
Atividades Insalubres e
Perigosas
Local: Porto Alegre (RS)
Realização: NN EVENTOS
Informações (51)
3222.9063/3395.4731
nneventos@nneventos.com.br
www.nneventos.com.br
27 DE JULHO
Curso: eSocial e Seu Impacto
na SST
Local: São Paulo (SP)
Realização: Vendrame
Informações:
Tel: (11) 2262-4733
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2 0
0 1
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11 3499-1009/ 3499-6061/ www.nneventos.com.br Informações:
28 DE JULHO 11 99267-3526 (11) 4666-4046
Curso: Gestão dos paula@paulascardino.com.br 27 DE AGOSTO rochacara@rochacara.ecofire.
Documentos de Segurança e ou paulascardino@uol.com.br Curso: NR-35 – Treinamento com.br
Saúde no Trabalho www.paulascardino.com.br avulso www.rochacara.ecofire.com.br
Local: São Paulo (SP) Local: Itapecerica da Serra (SP)
Realização: Vendrame 18 A 20 DE AGOSTO Realização: Rochacara Ecofire 5 A 7 DE OUTUBRO
Informações: Curso: NR-12 Formação Informações: XXI FISP - Feira Internacional
Tel: (11) 2262-4733 de Multiplicadores Internos (11) 4666-4046 de Segurança e Proteção
eventos@vendrame.com.br - Aspectos Legais, Aplicação, rochacara@rochacara.ecofire. Local: São Paulo (SP)
www.vendrame.com.br Gestão para Implantação e com.br Realização: Abraseg,
Manutenção + Didática www.rochacara.ecofire.com.br Animaseg e Sindseg
30 DE JULHO Local: Porto Alegre (RS) Organização: Grupo Cipa
Curso: NR-35 – Treinamento Realização: NN EVENTOS 30 E 31 DE AGOSTO Fiera Milano
avulso Informações Curso: Elaboração e articulação Informações:
Local: Itapecerica da Serra (SP) (51)3222.9063/3395.4731 de documentos Trabalhistas e (11) 5585-4355
Realização: nneventos@nneventos.com.br Previdenciários: PPRA, PCMSO,
Rochacara Ecofire www.nneventos.com.br ASO, LTCAT e PPP 17 A 21 DE OUTUBRO
Informações: Local: Porto Alegre (RS) Curso: Supervisores NR-33 /
(11) 4666-4046 22 A 26 DE AGOSTO Realização: NN EVENTOS Formação – 40hs
rochacara@rochacara.ecofire. Curso: Inspeção de Informações (51) Local: Centro de treinamento
com.br Tubulações Industriais 3222.9063/3395.4731 (Rua Conde de Irajá, 131 – Vila
www.rochacara.ecofire.com.br Horário: das 8h às 17h30 nneventos@nneventos.com.br Mariana, São Paulo/SP)
Local: Auditório da AEIERGS www.nneventos.com.br Realização: Paula Scardino
13 DE AGOSTO - Rua João Abott, 461 conj. Consultoria
Curso: NR-20 – Treinamento 302 - Porto Alegre (RS) 19 A 23 DE SETEMBRO Informações:
avulso (40h) Nível: Engenheiros Curso: Supervisores NR-33 / 11 3499-1009/ 3499-6061/
Local: Itapecerica da Serra (SP) mecânicos, formandos do Formação – 40hs 11 99267-3526
Realização: curso de engenharia mecânica Local: Centro de treinamento paula@paulascardino.com.br
Rochacara Ecofire e especialistas da área. (Rua Conde de Irajá, 131 – Vila ou paulascardino@uol.com.br
Informações: Inscrições e reservas: Mariana, São Paulo/SP) www.paulascardino.com.br
(11) 4666-4046 AEIERGS (Av. Taquara, 564 - Realização: Paula Scardino
rochacara@rochacara.ecofire. conj. 404 - Porto Alegre – RS) Consultoria 22 E 23 DE OUTUBRO
com.br (51) 3333-2699 Informações: Curso: NR-33 – Treinamento
www.rochacara.ecofire.com.br aeiergs@aeiergs.com.br 11 3499-1009/ 3499-6061/ avulso (16h)
11 99267-3526 Local: Itapecerica da Serra (SP)
15 A 19 DE AGOSTO 25 A 27 DE AGOSTO paula@paulascardino.com.br Realização: Rochacara Ecofire
Curso: Supervisores NR-33 / Curso: NR-20 Específico (16h) paulascardino@uol.com.br Informações:
Formação – 40hs + Didática (8h) = Formação de www.paulascardino.com.br (11) 4666-4046
Local: Centro de treinamento Multiplicadores Internos rochacara@rochacara.ecofire.
(Rua Conde de Irajá, 131 – Vila Local: Porto Alegre (RS) 24 DE SETEMBRO com.br
Mariana, São Paulo/SP) Realização: NN EVENTOS Curso: NR-35 – Treinamento www.rochacara.ecofire.com.br
Realização: Paula Scardino Informações (51) avulso
Consultoria 3222.9063/3395.4731 Local: Itapecerica da Serra (SP) 29 DE OUTUBRO
Informações: nneventos@nneventos.com.br Realização: Rochacara Ecofire

98 www.revistacipa.com.br julho_2016
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 AGENDA 2 0 1 6

100 www.revistacipa.com.br