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Capı́tulo 2

Elementos Finitos na Análise


Estrutural

Trata-se neste capı́tulo, de apresentar de uma forma simples o método dos


deslocamentos e sua aplicação na análise estrutural.
Aborda-se inicialmente de forma intuitiva o conceito de discretização, e
apresenta-se a nomenclatura básica usada.
Na sequência apresenta-se o método direto para a obtenção das matrizes
elementares de diferentes problemas e o método clássico dos deslocamentos
é mostrada com ênfase na resolução de problemas de equilı́brio.
Por último, um exemplo prático de uma análise de estrutura reticulada é
mostrado para ilustrar o uso do Método no âmbito de um pacote comercial,
o Programa MSC NASTRAN.

2.1 Noções Básicas do Método dos Elementos


Finitos
O Método dos Elementos Finitos é um procedimento numérico para a
análise de estruturas e meios contı́nuo, e é baseado no conceito de dis-
cretização. A idéia conciste em transformar um problema complexo na soma
de diversos problemas simples. É no entanto necessário buscar-se soluções
locais, cujas propriedades garantam uma convergência para os problemas
globais.
Seja por exemplo o caso de uma barra de seção variável engastada, sub-
metida a uma carga axial F em sua extremidade B conforme mostrado na
figura 2.1.
Considerando-se que o objetivo do problema é o de determinar o deslo-
camento da extremidade B da barra, pode-se observar da teoria básica da

8
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL 9

Figura 2.1: Barra de seção Variável, discretização.

resistência dos materiais, que a solução para o caso de barras de seções cons-
tantes é bem mais simples do que o caso de barras de seção variável.
Ou seja, considerando que uma barra em movimento axial é governada
pela seguinte equação diferencial [36]:

∂ 2u
EA =F (2.1)
∂x2
onde E é o Módulo de Elasticidade do material da barra, A é a área
da seção tranversal da barra, u é o deslocamento axial, e F a força exter-
na aplicada na face B. Supondo que a barra está engastada em uma de
suas extremidades, as condições de contorno necessárias para se posicionar
corretamente o problema são as seguintes:

u = 0 em x = 0 (2.2)

∂u F
= em x = L (2.3)
∂x EA
Resolvendo-se o sistema de equações 2.1 a 2.3, obtem-se uma solução
fechada - analı́tica - para o problema. No caso da seção constante tem-se:
FL
uB = (2.4)
EA
E para o caso da área variar linearmente, tem-se a equação da barra dada
por:
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL10

∂u F
= (2.5)
∂x AE
parametrizando a expresão da área, sendo A = A0 em x = L e A = 3A0
em x = 0 obtem-se:
∂u F
= (2.6)
∂x EA0(3 − 2x
L
)
Integrando-se no domı́nio [0, l], pode-se determinar o deslocamento da
extremidade B da seguinte maneira:
Z L F FL
uB = 2x dx = ln(3) (2.7)
0 EA0 (3 − L
) 2A0 E
Pode-se notar, que a solução para o caso onde a área varia é um pouco
mais complexa, sendo que para certos casos onde a geometria torna-se arbi-
trária é impossivel de ser obtida analı́ticamente.
Usando-se a idéia da discretização, pode-se então transformar um prob-
lema mais complexo, na soma de diversos problemas simples como se segue:

• Discretiza-se o sistema contı́nuo em N subdomı́nios, denominados El-


ementos Finitos, de seção constante. Neste caso usa-se 4 Elementos
Finitos.

Figura 2.2: Malha de Elementos Finitos


CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL11

• Dado um referencial fixo em cada elemento, (x̄, ȳ), supõe-se que para
cada Elemento o deslocamento axial u(x̄) varia linearmente. Define-se
também os nós de cada elemento i, j, conforme mostrado na Figura 2.1.

Figura 2.3: Elemento Finito - Referencial Local

• Como consequência das hipóteses acima adotadas, a aproximação para


o problema será linear por sub regiões, e o deslocamento de cada ele-
mento é calculado pela fórmula simples:

FL
uB = (2.8)
EA
• Finalmete, o deslocamento total é igual a soma dos deslocamentos de
cada elemento.

Nota 2.1 Quanto maior o número de Elementos a solução discretizada deve


convergir para a solução exata do modelo. Neste caso deve-se observar que o
modelo contı́nuo possue infinitos Graus de Liberdade.
A validade prática dos resultados obtidos, depende ainda da representa-
tividade do modelo escolhido, e das condições de contorno adotadas.

Nota 2.2 A idéia global do método consiste em substituir uma solução com-
plexa para todo o domı́nio pela superposição de soluções simples em sub-
domı́nios.
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL12

Nota 2.3 Após a discretização do problema, os únicos pontos onde se pode


aplicar as condições de contorno são os nós. Assim, as forças, e os desloca-
mentos impostos, devem ser aplicados nos nós. No caso de forças distribuidas
de área ou volume, deve-se calcular as forças nodais equivalentes.

Nota 2.4 Na construção das malhas, deve-se ter o cuidado para se evitar
”furos”ou ”interferência”entre os elementos, garantindo a compatibilidade
das variáveis que estão sendo aproximadas.

Nota 2.5 O comportamento de cada elemento é fundamental : poucos ele-


mentos de alta precisão podem fornecer melhores resultados que um grande
número de elementos pouco precisos. A precisão de cada elemento está asso-
ciada ao tipo de aproximação escilhida para cada subdomı́nio, bem como do
seu suporte geométrico. De uma forma geral as aproximações podem ser do
tipo polinomial representadas por:

• Suporte geométrico unidimensional.

I. Aproximação Linear

φ = a1 + a2 x (2.9)
II. Aproximação quadrática

φ = a 1 + a 2 x + a 3 x2 (2.10)

• Suporte geométrico triangular.

I. Aproximação Linear

φ = a1 + a2 x + a3 y (2.11)
II. Aproximação quadrática

φ = a1 + a2x + a3y + a4x2 + a5xy + a6 y 2 (2.12)

• Suporte geométrico quadrilateral.

I. Aproximação Bilinear

φ = a1 + a2 x + a3 y + a4 xy (2.13)
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL13

II. Aproximação quadrática

φ = a1 + a2x + a3y + a4x2 + a5 y 2 + a6xy + a7 x2y + a8xy 2 (2.14)

Assim quanto maior for o número de elementos, maior será a precisão sobre
o cálculo de φ. De uma forma global, para cada tipo de problema, existe um
elemento mais apropriado.

Nota 2.6 Os termos de cada Aproximação de base do tipo polinomial são


escolhidos a partir do triângulo de Pascal, que para o caso bidimensional é
dado por:

1
x y
2
x xy y2 (2.15)
3 2 2
x x y xy y3
. . . . .
Outros tipos de bases podem ser usadas mas não serão aqui descritas.

Nota 2.7 O conhecimento do problema e a visão do engenheiro são os pré


requisitos básicos para a definição de uma boa análise e para a interpretação
correta dos resultados. Neste contexto o Método dos Elementos Finitos e os
pacotes computacionais são apenas ferramentas de análise.

De uma forma global o método dos Elementos Finitos pode ser sistem-
atizado conforme o quadro mostrado na figura 2.4.
Nota-se que um passo fundamental do método, é a determinação de uma
relação matricial, entre as variáveis de estado, a nı́vel elementar (geração de
uma biblioteca de Elementos), que é realizado com base nas aproximações
locais definidas acima.
Outro ponto importante, refere-se a geração automática de malhas, que
pode ser realizada com base em um modelo geométrico prévio obtido em um
programa de CAD.
Ressalta-se também as etapas de resolução numérica (Algebra Computa-
cional) e pós processamento (visualização computacional).
Diversos métodos podem ser usados para a determinação das caracteristi-
cas locais de cada elemento. Na sequência apresentam-se algumas aplicações
do método direto, e ao longo do texto serão apresentados métodos mais
gerais, tais como o Método dos Resı́duos Ponderados.
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL14

Figura 2.4: Principais Etapas do MEF

2.2 Método direto para obtenção das Matrizes


do Sistema
Em alguns casos simples, é possı́vel se determinar uma relação entre as
variaveis de estado de um dado problema, usando-se apenas as equacões
básicas da mecânica. Embora este enfoque seja limitado, ele será aqui apre-
sentado, tendo em vista o seu apelo fı́sico, que facilita a compreenção global
da aplicação do Método dos Elementos Finitos.
Na prática existem basicamente três métodos para determinação das ma-
trizes elementares de elementos finitos:

• Método direto: é baseado na interpretação fı́sica do problema estuda-


do. É limitado a problemas simples e foram os primeiros procedimentos
empregados.
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL15

• Método Variacional: baseado em formulações integrais da mecânica


do contı́nuo com enfoque energético.
• Métodos residuais: processos de minimização formulados a partir da
equação diferencial que governa o problema.
Na sequência são apresentados alguns casos simples de aplicação do Método
direto [2].

2.2.1 Matriz e Rigidez de uma Barra


Considere o modelo da Barra mostrado na figura 2.2.1.

Figura 2.5: Elemento Finito de Barra

Desprezando-se os efeitos do peso próprio da barra, e considerando que


a área (A) da seção tranversal da barra é constante, sendo a mesma consti-
tuida de material linear elástico com Módulo de Elasticidade (E) constante,
procura-se determinar a força necessária para que um dado deslocamento
exista, isto é:
• supondo ui > 0 e uj = 0, para que o equilı́brio seja mantido tem-se :

EA
Fi = ui (2.16)
L

−EA
Fj = ui (2.17)
L
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL16

• Por outro lado supondo uj > 0 e ui = 0, para que o equilı́brio seja


mantido tem-se :

−EA
Fi = uj (2.18)
L

EA
Fj = uj (2.19)
L
Finalmente, considerando-se Fi e Fj , diferentes de zero, tem-se:
    
1 −1 
 ui 
 
 Fi 

EA  
  = (2.20)
L 
 
  

−1 1 uj FJ
ou seja,

[K e ]{ue} = {F e } (2.21)
onde [K e ] é a Matriz de Rigidez de um elemento, {ue } é o vetor dos
deslocamentos nodais, e {F e } é o vetor nas forças nodais do elemento.
A matriz [K e ] é simétrica, e representa uma relação linear entre esforços
e deslocamentos. Neste caso a solução obtida coincide com a solução exata
para barras de seção constante submetida a cargas puntuais. Caso a geometia
do sistema varie, os resultados obtidos com uma formulação deste tipo serão
aproximados devido aos erros de geometria e de modelagem.

2.2.2 Matriz de condutibilidade unidimensional


Considera-se neste caso o modelo unidmensional de condução de calor cor-
forme ilustradado na Figura 2.2.2.
Neste caso as variáveis de estado são as temperaturas T e os Fluxos por
unidade de área q, em cada nó. A equação diferencial que governa o problema
é:
∂T Tj − Ti
q = −k = −k (2.22)
∂x L
onde k é o coeficiente de condutividade térmica. Supondo que Ti e Tj
sejam simultaneamente diferentes de zero, tem-se:
    
1 −1 
 Ti 
 
 qi 

k 
  = (2.23)

  
Tj  
qJ 
L
−1 1
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL17

Figura 2.6: Elemento Finito de Condução de Calor

ou seja,

[KC e]{T e} = {Qe } (2.24)


onde [KC e] é a Matriz de Condutividade de um elemento, {T e } é o vetor
das temperaturas nodais, e {Qe } é o vetor dos Fluxos nodais do elemento.
Observa-se da equação 2.22, que uma aproximação linear é adotada para
o campo de temperaturas, e que os fluxos são medidos apenas nos nós.

2.2.3 Matriz de um Resistor


Considera-se neste caso o modelo unidimensional de condução de corrente
elétrica, conforme ilustradado na Figura 2.2.3.
Neste caso as veriáveis de estado são as voltagens V e as correntes elétricas
I, em cada nó. A equação que governa o problema é a lei de Ohm, dada por:

(Vi − Vj )
I= (2.25)
R
onde R é resistência elétrica. Supondo que Vi e Vj sejam simultaneamente
diferentes de zero, tem-se:
    
1 −1 
 Vi 
 
 Ii 

1 
  = (2.26)
R −1 
 
  

1 Vj IJ
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL18

Figura 2.7: Elemento Finito de um Resistor

ou seja,

[KRe ]{V e } = {I e } (2.27)


onde [KRe ] é a Matriz de Resistividade de um elemento, {V e } é o vetor
das voltagens nodais, e {I e } é o vetor das correntes nodais do elemento.
Além destes exemplos simples o método direto pode ser aplicado ao caso
de vigas em flexão e torção [2] [33], construindo-se desta maneira a teoria
básica de análise matricial de estruturas.

2.3 Técnicas de Montagem do sistema Global


Método dos deslocamentos
O Método dos deslocamentos consiste em escrever as equações de equilı́brio
globais, a partir das equações locais. O método é baseado no conceito de
continuidade dos deslocamentos e pode ser apresentado da seguinte maneira.
Supondo uma estrutura bidimensional discretizada em 5 elementos, que
estão conectados a partir de seus nós de acordo com o mostrado na Figura
2.3.
Inicialmente deve-se construir uma representação local para cada elemen-
to, que para o caso de problemas de equilı́brio estático, é dada por uma
expressão do seguinte tipo:
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL19

Figura 2.8: Malha tı́pica de Elementos Finitos

[K e ]{ue} = {F e } (2.28)
onde, considerando o problema plano com dois graus de liberdade por nó,
tem-se os seguintes vetores de estado locais para o elemento tı́pico 2:
   

 u1 
 
 fx1 


   
  

 
 
 


 
 
 


 v1 
 
 fy1 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 u2 
 
 fx2 

   
e e
u = ,F =  (2.29)
 
  

  v2 
  fy2 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 u3 
 
 fx3 


 
 
 


 
 
 


 
 
 

   
v3 fy3
sendo a numeração local dos nós (1,2,3) se realciona com a numeração
global (1,2,4). A relação local pode ser representada genericamente , por
uma forma matricial do seguinte tipo:
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL20

 
e
k1,1 e
k1,2 e
k1,3 e
k1,4 e
k1,5 e
k1,6    
  u1   fx1 
  
 
 

  
 
 

 e e e e e  
 
 

 k2,2 k2,3 k2,4 k2,5 k2,6  
 
 

  v1 
 
 fy1 

  
 
 

  
 
 

 e e e e  
 
 

 k3,3 k3,4 k3,5 k3,6 
 u2





 fx2



    
 
  = (2.30)
 e
k4,4 e
k4,5 e
k4,6  
 
 

    
 

v2 





fy2 


    
 e e 










 k5,5 k5,6    
  u3 
 
 fx3 

  
 
 

  
 
 

  
 
 

   
e
 SIM. k6,6    
v3 fy3

Observa-se que a construção destas matrizes locais depende de uma base


de dados que identifica o material e as propriedades de cada elemento, bem
como o seu tipo que está ligado a definição do problema que se deseja solu-
cionar. Isto é, cada matriz elementar, corresponde a uma dada equação
diferencial que se deseja resolver, que fica particularizada em função dos
parâmetros de cada elemento (propriedades e geometria).
O próximo passo refere-se à montagem da matriz de rigidez global do
sistema. Inicialmente deve-se escrever as equações locais em um mesmo refe-
rencial global para todos os elementos da malha. Assim, pode ser necessário
a realização de uma transformação dos eixos de referência, usando-se relações
do seguinte tipo:

{uLocal } = [T ]{uGlobal} (2.31)


onde [T ] é uma matriz de transformação de coordenadadas, geralmente
formada pelos cossenos diretores que relacionam os eixos locais do elemento
com os eixos globais da estrutura.
Para se montar o sistema global, usa-se os vetores de incidência para
definir a geometria do problema. No Exemplo da figura 2.3, tem-se a in-
cidência nodal mostrada na Tabela 2.1.
A partir da Incidência Nodal, pode-se construir um vetor identificador
({ID}), onde a cada nó está associado um número de equação. Considerando
que os nós 6, 7 e 8 estão totalmente bloqueados, e que o deslocamento na
diração x dos nós 3, 4 e 5 também estão restritos, tem-se
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL21

Tabela 2.1: Incidência Nodal

Elemento nó i nó j nó k nó l


1 1 3 4
2 1 4 2
3 2 5
4 3 6 7 4
5 4 7 8 5

 
nó 1 nó 2 nó 3 nó 4 nó 5 nó 6 nó 7 nó 8
 
 
 
ID =  GDL1 1 3 0 0 0 0 0 0  (2.32)
 
 
 
GDL2 2 4 5 6 7 0 0 0

Desta forma, pode-se finalmete montar a matriz global do sistema, que


terá ordem 7, como pode ser visto na equação 2.32. A Matriz Global é dada
por:
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL22

 
1 2 1 2 2 2 1 1 2
k1,1 + k1,1 k1,2 + k1,2 k1,5 k1,6 k1,4 k1,6 + k1,4
 
 
 
 1
k2,2 2
+ k2,2 2
k2,5 2
k2,6 1
k2,4 1
k2,6 2
+ k2,4 
 
 
 
 2 3 2 3 2 3 
 k5,5 + k1,1 k5,6 + k1,2 k4,5 k1,4 
 
 
 
 2
k6,6 3
+ k2,2 2
k4,6 3
k2,4 
 
 
 
 1 4 1 4 
 k4,4 + k2,2 k4,6 + k2,8 
 
 
 
 1
k6,6 2
+ k4,4 4
+ k8,8 5
+ k2,2 5
k2,8 
 
 
 
 3 5 
 SIM k4,4 + k8,8 

(2.33)
 
   fx1 
 u1  
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 fy1 


 v1 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 fx2 


 u2 
 
 


 
 
 


 
 
 

   fy2 
×  v2  =  (2.34)
   

     


 
 
 fy3 


 v3 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 fy4 


 v4 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 


 
 
 fy5 

v5 
 

O sistema final obtido pode ser resolvido usando-se os métodos de resolu-


ção clássicos de algebra computacional, tais como Método de Gauss , Choles-
ki, etc. Tendo em vista o grande número de equações tratadas nos programas
de elementos finitos, faz-se necessário o uso de ferramentas otimizadas de pro-
gramação, tais como as técnicas de armazenamento de matrizes em vetores
ou matrizes esparsas.
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL23

2.4 Aplicação - Análise Estática de uma Tre-


liça Plana.
O objetivo deste exemplo é o de ilustrar a aplicação do Método dos Elemen-
tos Finitos, para o caso simples de uma análise estática de uma estrutura
reticulada, que pode ser representada por barras. Assim, usam-se elemen-
tos unidimensionais de barra, cujas propriedades foram definidas nos itens
anteriores.
Considerando o problema de uma treliça plana, mostrada na figura abaixo:

Figura 2.9: Treliça Plana

Cujos dados são os seguintes:

• E = 1.99e11 N/m2

• ν = 0.3

• Área da secção de cada barra = 0.009 m2

Usando o programa MSC/NASTRAN, determinar os seguintes valores:

a. Deslocamentos do nós 1 e 3.

b. Tensão Normal nas barras.

c. Reações nos nós 2 e 5.


CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL24

Uma introdução ao pacote MSC/NASTRAN for Windows pode ser feita


usando-se a referência [25], que é apresentada na forma de tutoriais.
A resolução deste problema usando-se o MSC/NASTRAN for Windows,
pode ser feita de acordo com as seguintes etapas:

Definição da geometria do sistema


Neste ı́tem são definidos os modelos geométricos, dos domı́nios a serem
analisados. Parte-se normalmente de entidades de base do tipo:

I. Pontos

II. Linhas

III. Áreas

IV. Volumes

que podem ser geradas de diversas formas, que serão exploradas ao longo
destas notas.
As entidades geométricas geradas, servem de base para a construção das
malhas de Elementos Finitos, bem como para a definição das condições de
contorno e dos carregamentos de uma análise.
Neste caso especı́fico da análise de uma estrutura reticulada, não se faz
necessário a geração de uma geometria, usando-se o que é denominado de
geração direta de malha. Isto é, define-se diretamente, nós e elementos.

Definição do tipo de Material


Aqui, deve-se definir as propriedades dos materias usadas, que são re-
unidas em grupos identificados por um número ID e um Tı́tulo. Pode-se
usar neste caso, a biblioteca de materiais pre-definida no programa. Esta
biblioteca pode ser atualizada com dados de novos materias. No caso em
questão usaram-se os dados mostrados na Tabela 2.2:

Definição do tipo de Elemento


Neste etapa, define-se o tipo de elemento a ser usado, e suas propiedades
geométricas quando for o caso. Esta etapa é de fundamental importância,
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL25

Tabela 2.2: Material 1 - Carbon Steel - SI - Type ISOTROPIC


Módulo de Elasticidade mN2 E 1.9995E+11
N
Módulo de Cisalhamento m2 G 75842000000.
Coeficiente de Poisson Nu 0.32
kg
Massa Especı́fica m3 Density 7862.3

devendo-se conhecer a priori as hipóteses teóricas adotadas para o equaciona-


mento de cada elemento a ser usado.
No problema em questão , usa-se a teoria de barras submetidas a esforços
axiais, que para o caso plano, corresponde a uma treliça bidimensional.
As caracteristicas escolhidas neste caso são mostradas na Tabela 2.3.

Tabela 2.3: Property 1 - trelica - Type ROD


Area m2 0.009

Observa-se neste caso, que todas as barras possuem a mesma área de


seção transversal.

Geração da Malha
Faz-se então a geração da malha de Elementos Finitos. Neste caso usa-se
a geração direta, definindo-se nós e elementos diretamente. A malha adotada
neste caso é mostrada na Figura 2.10.
Esta etapa é feita pela definição de cada ponto da malha e normalmente
é a parte mais onerosa das análises industriais.

Geração dos Carregamentos e condições de Contorno


Baseando-se nas hipótese fı́sicas adotadas para a análise, impõe-se as con-
dições de contorno e as cargas nodais pontuais. Neste caso deve-se inicial-
mente criar um conjunto de esforços e restrições. Cada conjunto é definido
por um Nome, e pode conter várias solicitações e restrições. No caso da
treliça, adotou-se as Forças e resytrições mostradas na Figura 2.11.
Os números mostrados na Figura 2.11 indicam os graus de libedade que
foram bloqueados, sendo adotada a seguinte nomenclatura:

• tx - indica translação na direção x (GDL 1)


CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL26

Figura 2.10: Treliça Plana - Malha

• ty - indica translação na direção y (GDL 2)

• tz - indica translação na direção x (GDL 3)

• rx - indica rotação em torno do eixo x (GDL 4)

• ry - indica rotação em torno do eixo y (GDL 5)

• rz - indica rotação em torno do eixo z (GDL 6)

Observa-se que a treliça só se movimenta no plano, isto é somente os


graus de liberdade 1 e 2 estão liberados.
Quanto as forças, a representação da Figura 2.11 é auto explicativa.

Análise e Pós processamento


Concluido o modelo, passa-se a etapa de análise, onde é definido o método
de resolução (Static Analisys), sendo estabelicida a conecção com o solver do
MSC/NASTRAN, que devolverá os resultados em deslocamentos e tensões.
Na Figura 2.12, mostra-se a estrutura em sua posição deformada, e os valores
das tensões axiais em cada barra.
Tendo em vista o enunciado do problema, tem-se os seguintes resultados
:
CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL27

Figura 2.11: Condições de Contorno

a. Deslocamentos do nó 1 , ux = .749 e-4 m , uy= -1.087 e-4 m

Deslocamentos do nó 3 , ux = -.155 e-4 m , uy= -1.633 e-4 m

b. As tensões normais nas barras são apresentadas na Figura 2.12, em [Pa]

c. Reação no nó 2, ty= 8000 N

Reação no nó 5, tx= 0 N ,ty= -5500 N


CAPÍTULO 2. ELEMENTOS FINITOS NA ANÁLISE ESTRUTURAL28

Figura 2.12: Deslocamentos e tensões

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