- NATUREZA
- DIREITOS E GARANTIAS
- CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao conteúdo:
Classificação Jurídico-Positivista
Essa classificação é a constante do conteúdo constitucional vigente:
a) Direitos Individuais: regulam as liberdades, restringindo a atuação do
Estado em prol do indivíduo, que pode reivindicá-la individualmente.
b) Direitos Coletivos: são aqueles que não podem ser reivindicados
individualmente. Esses direitos podem ser difusos (quando as pessoas estão ligadas
por circunstâncias fáticas); coletivos em sentido estrito (quando o liame é uma
situação jurídica), ou formalmente coletivo (quando a origem do direito é comum a
todos). Também se incluem nesse rol os direitos de associação e reunião.
c) Direitos Sociais: são aqueles dispostos no art. 6º da CF.
d) Direitos de Nacionalidade: como o nome já expressa são aqueles que
versam sobre a aquisição e perda da nacionalidade.
e) Direitos e Partidos Políticos: discorrem sobre as regras de aquisição do
poder de governar e da aquisição e perda dos direitos políticos, bem como dos entes
partidários.
Classificação Evolucionista
Essa classificação é calcada na historicidade do Direito Constitucional,
divide o processo de evolução em três gerações (ou dimensões):
a) Direitos Fundamentais de Primeira Geração: Com as Revoluções
Liberais (Francesa e Americana), o homem iniciou o seu processo de libertação do
sistema jurídico-opressor vigente no século XVIII. Também chamados de direitos
civis, ou individuais, e políticos, são instrumentos de defesa do perante o Estado,
que tem sua área de atuação limitada para não interferir arbitrariamente na vida do
indivíduo, ou seja, um comportamento de abstenção (liberdades públicas negativas
ou direitos negativos).
b) Direitos Fundamentais de Segunda Geração: São os direitos sociais,
econômicos e culturais. Após conseguir se libertar da intervenção estatal, o ser
humano queria avançar na sua condição de elemento primário da sociedade,
garantias de condições materiais mínimas para sua sobrevivência e dignidade.
Nesse passo, urgia requisitar ao Estado a prestação dessas condições, pois o
mesmo já se locupletava com taxas e impostos e somente agia como polícia das
liberdades negativas.
c) Direitos Fundamentais de Terceira Geração: Pode-se afirmar que a
pedra fundamental dessa geração foram as atrocidades cometidas pelos regimes
nazista e fascista. Quando o homem verificou que não basta apenas garantir seu
direito à liberdade e sobrevivência, havia outras razões para sua existência que
deveriam ser preservadas, como a paz, o meio-ambiente, a comunicação, etc.
2. DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS (Art. 5º, caput)
1
Marcelo Novelino, Direito constitucional, 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 253.
2
Marcelo Novelino, Direito constitucional, 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, pp. 263/265.
3
Marcelo Novelino, Direito constitucional, 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 292.
para o cargo de agente policial. O fato discriminatório (estatura) é perfeitamente
razoável com as atribuições do cargo que exige uma compleição física mínima para
sua eficiência, tal exigência deve ter previsão legal no edital do concurso.
Atualmente está em voga discussão sobre o papel das chamadas ações
afirmativas, como o sistema de cotas, que está em perfeita consonância com a
redução das desigualdades sociais.
“Lei, numa definição trivial. É todo comando genérico e abstrato que, aprovado pelo
Poder Legislativo, inova o ordenamento jurídico, disciplinando, em nível imediatamente
infraconstitucional, em relações entre particulares e atividades públicas. Esse comando
genérico e abstrato pode assumir três formas: obrigação, proibição ou permissão. A
norma jurídica, assim, ou obriga, ou proíbe, ou permite. Não existe uma outra
possibilidade.”5
4
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior, Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, p. 156.
5
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior, Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, p. 157.
6
BELO, Warley. Princípio da Reserva Legal. Clubjus, Brasília-DF: 01 maio 2008. Disponível em:
<http://www.clubjus.com.br/?artigos&ver=2.17756>. Acesso em: 19 abr. 2010.
7
Silva, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, São Paulo: Malheiros, 2006, p. 422, apud
Warley Belo, Princípio da Reserva Legal.
relação. “Tem-se, pois, reserva de lei, quando uma norma constitucional atribui
determinada matéria exclusivamente à lei formal (ou a atos equiparados, na interpretação
firmada na praxe), subtraindo-a, com isso, à disciplina de outras fontes, àquela
subordinadas”8.
O artigo 5.o, II, CF prevê que: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Trata-se de lei em sentido amplo, ou
seja, qualquer ato normativo editado pelo Poder Legislativo (Constituição; leis
complementares; leis ordinárias; resoluções) ou, excepcionalmente, pelo Poder
Executivo (medidas provisórias e leis delegadas). Aqui temos a salva-guarda do
amplo princípio da legalidade.
Já o princípio da reserva (lex populi) é mais restrito. Refere-se
especificamente à emenda, lei complementar, etc. para regular determinado
assunto. “Se todos os comportamentos humanos estão sujeitos ao princípio da
legalidade, somente alguns estão submetidos ao da reserva da lei. Este é, portanto,
de menor abrangência, mas de maior densidade ou conteúdo, visto exigir o
tratamento de matéria exclusivamente pelo Legislativo, sem participação normativa
do Executivo” 9.
Até bem pouco tempo atrás, a Parte Especial do nosso atual Código Penal
e a Lei de Contravenções Penais alcançavam vigência como decreto-lei. Seria
comparativamente, hoje, aceitar a modificação maléfica ou criação de crimes por
medida provisória ou lei delegada.
Quando a Carta, em seu artigo 5.o, XXXIX estabelece que não haverá
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal, estamos
diante de uma matéria reservada à lei formal. Somente a União, privativamente,
através de seu Poder Legislativo, poderá discipliná-la (art. 22, I, CF). “A garantia da
lex populi exige que, em matéria penal incriminadora, a lei respectiva siga
estritamente o procedimento legislativo constitucional da lei ordinária.” 10. Fica
vedada a interferência dos Estados-Membros ou Municípios, assim como a
ingerência do Executivo ou Judiciário, na criação de crimes e penas .
“Art. 5º Omissis
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”
O instituto não é absoluto, assim como seu princípio regente, como ensina
Marcelo Novelino12:
“Da mesma forma que todos os demais direitos e garantias fundamentais, o direito
adquirido não é absoluto. No caso concreto, de acordo com as circunstâncias fáticas e
jurídicas envolvidas, esta garantia só poderá ser afastada para que outros direitos, de
maior peso relativo, possam ser aplicados.”
“Ato jurídico perfeito é o que reuniu todos os elementos necessários a sua formação,
encontrado-se apto a produzir seus efeitos. Não precisa estar exaurido, basta estar
consumado. Esta espécie de ato é protegida contra a exigência que uma nova lei possa
fazer quanto à forma, distinguindo-se do direito adquirido que está mais ligado à
substância do ato.”14
11
Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_adquirido.
12
Marcelo Novelino, Direito constitucional, 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 323.
13
Celso Bastos, Dicionário de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 1994, p. 43.
14
Marcelo Novelino, Direito constitucional, 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 324.
15
Disponível http://academico.direito-rio.fgv.br/ccmw/images/6/66/Aula10_Recursos_coisajulgada.doc
A coisa julgada é uma especial qualidade que imuniza os efeitos substanciais da
sentença, a bem da estabilidade da tutela jurisdicional16. Embora Chiovenda tenha
lançado originariamente esta base teórica sobre o assunto, ao considerar que a coisa
julgada é obrigatória para os sujeitos da relação processual, enquanto a sentença existe
e vale com respeito a todos, foi Liebman quem identificou com precisão a diferença entre
a eficácia da sentença e autoridade da coisa julgada17.
Assim, todos são afetados pelos efeitos da sentença, até porque as relações jurídicas
não existem isoladamente no plano da realidade, mas a própria ordem constitucional
rejeita que aqueles que não participaram do processo fiquem vinculados à imutabilidade
da coisa julgada lá produzida (princípios do devido processo legal, ampla defesa e
contraditório).
A coisa julgada pode ser material (quando se projeta para fora do processo) ou formal
(imutabilidade da sentença em si mesmo – efeito endoprocessual que põe fim à relação
processual)18. Representa uma opção política do legislador, que visa a conciliar os
princípios da celeridade e segurança, certeza e justiça das decisões, buscando um
equilíbrio entre estes vetores muitas vezes contrapostos. Sua previsão constitucional está
no art. 5º, XXXVI e infraconstitucional no art. 467 e ss do CPC.”
16
Dinamarco, Cândido Rangel. Relativizar a coisa julgada material. In Nova era do Processo Civil, São Paulo:
Malheiros editores, 2004, p. 217.
17
Liebman, Enrico Tullio. Eficácia e autoridade da sentença e outros escritos sobre a coisa julgada. Trad.
Alfredo Buzaid e Benvindo Aires e Notas relativas ao direito brasileiro de Ada Pellegrini. 4ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2006, p. 113.
18
Dinamarco, Relativizar cit., p. 221-222.
19
Mancuso, Rodolfo de Camargo. Jurisdição Coletiva e Coisa Julgada: teoria geral das ações coletivas. São
Paulo: RT, 2006, pp. 29,236. Sobre a possibilidade de emprego do collateral estoppel por terceiro, que não foi
parte no processo, mas detém relação jurídica conexa à que foi decidida, vide Tucci, José Rogério Cruz e.
Limites subjetivos da eficácia da sentença e da coisa julgada civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, pp.
141-151.
influir na decisão, sendo vedado que depois de findo o processo se viesse a pôr em
dúvida o resultado atingido, acenando-se com tal ou qual questão que haja ficado na
sombra e que, porventura trazida à luz, teria sido capaz de levar o órgão judicial à
conclusão diferente da corporificada na sentença (ressalvados os casos restritos de
rescindibilidade do julgado) 20.
Por fim, uma questão interessante se coloca: a coisa julgada gera imutabilidade
absoluta ou relativa? Há possibilidades excepcionais de reabertura da discussão
(relativização da coisa julgada), quando estão em jogo outros princípios e garantias
constitucionais, dentre elas a garantia de acesso à justiça (CF, art. 5º, XXXV). “Não é
legítimo eternizar injustiças a pretexto de se evitar a eternização de incertezas22”.
2.5. Princípio do Devido Processo Legal (Inciso LIV): O estado de direito tem
como um de seus pilares o justo processamento das causas litigiosas, ou seja,
aquele que sofre a persecução do Estado em relação aos direitos de liberdade e
propriedade é assegurado um processo embasado em regras legislativas que
definam uma instrução e julgamento justos e adequados. Essa garantia é assim
definida por Alexandre de Moraes24:
“O devido processo legal configura dupla proteção ao indivíduo, atuando tanto no âmbito
material de proteção ao direito de liberdade, quanto no âmbito formal, ao assegurar-lhe
paridade total de condições com o Estado-persecutor e plenitude de defesa (direito a
defesa técnica, à publicidade do processo, à citação, de produção ampla de provas, de
ser processado e julgado pelo juiz competente, aos recursos, à decisão imutável, à
revisão criminal).”
20
Barbosa Moreira, José Carlos. A eficácia preclusiva da coisa julgada material no sistema do processo civil
brasileiro. Temas de Direito Processual. 1ª série, São Paulo: Saraiva, 1977, pp. 98-103.
21
Barbosa Moreira, 1977, A eficácia preclusiva cit., pp. 98-103.
22
Dinamarco, Relativizar a coisa julgada cit., p. 224.
23
Barbosa Moreira, José Carlos. Considerações sobre a chamada ‘relativização’ da coisa julgada material, IN
Temas De Direito Processual. 9ª série.São Paulo: Saraiva, 2007, pp. 264-265.
24
Alexandre de Moraes: Direito Constitucional. 20ª Edição, São Paulo: Atlas, 2006, p. 94.
2.6. Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (Inciso LV): Outro princípio
processual que visa a garantia da igualdade nas relações jurídicas, que para melhor
ser entendido segue colacionado os entendimentos dos constitucionalistas
Alexandre de Moraes e Marcelo Novelino:
“Por ampla defesa entende-se o asseguramento que é dado ao réu de condições que lhe
possibilitem trazer para o processo todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade
ou mesmo de omitir-se ou calar-se, se entender necessário, enquanto o contraditório é a
própria exteriorização da ampla defesa, impondo a condução dialética do processo (por
conflito), pois a todo ato produzido pela acusação caberá igual direito da defesa de opor-
se-lhe ou de dar-lhe a versão que melhor lhe apresente, ou ainda, de fornecer uma
interpretação jurídica diversa daquela feita pelo autor.”25
“A Constituição assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral, o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes (art. 5º, LV). O contraditório entendido como a ciência bilateral dos atos do
processo com a possibilidade de contrariá-los, é composto por dois elementos:
informação e reação, sendo esta meramente possibilitada em se tratando de direitos
disponíveis. A audiência bilateral é requisito indispensável para a garantir justiça das
decisões, pois ‘somente pela soma da parcialidade das partes (um representando a tese
e a outra, a antítese) o juiz pode corporificar a síntese, em um processo dialético’. A
ampla defesa é uma decorrência do contraditório (‘reação’). Assegura ao indivíduo a
utilização, para a defesa de seus direitos, de todos os meios legais e moralmente
admitidos. Não caracteriza uma violação a esta garantia o simples indeferimento de uma
diligência probatória considerada desnecessária ou irrelevante.”26
2.7. Princípio do Juiz Natural (Incisos XXXVII e LIII): Para que exista um processo
formalmente justo é necessário que o julgador seja escolhido por meios pré-
definidos, a fim de não incorrer em insegurança às partes.
“O princípio do juiz natural encontra em nossa Carta Magna dois dispositivos de tutela, os
incisos XXXVII e LIII do art. 5º,(...). Os dispositivos transcritos consagram o princípio do
juiz natural, também denominado princípio do juiz legal. O conteúdo jurídico do princípio
pode ser resumido na inarredável necessidade de predeterminação do juízo competente,
quer para o processo, quer para o julgamento, proibindo-se qualquer forma de
designação de tribunais ou juízos para casos determinados. (...) A garantia constitucional
tem dois destinatários: o cidadão, que deve submeter-se ao juízo aleatório do Estado,
sem procurar romper a regra da leve distribuição, e o Estado, que não pode definir o juiz
para determinado cidadão ou caso. O princípio, contudo, não veda a existência de juízos
especializados, desde que guardado o caráter generalizador da norma que os criar, que
só ofenderá o princípio em estudo no caso de, por via transversa, buscar a submissão de
situações ou pessoas predeterminadas á competência desses novos órgãos.”27
25
Alexandre de Moraes: Direito Constitucional. 20ª Edição, São Paulo: Atlas, 2006, pp. 94/95.
26
Marcelo Novelino, Direito constitucional, 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, pp. 334/335.
27
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior, Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, pp. 204/205.
Portanto, não se deve confundir “negativa de prestação jurisdicional com decisão
jurisdicional contrária à pretensão da parte. “28
“Em alguns casos a manifestação do pensamento pode atingir direitos de terceiros, sua
esfera de privacidade ou causar-lhes prejuízos. Por essa razão é imprescindível a
identificação do responsável pelos juízos emitidos a fim de viabilizar, se for o caso, sua
responsabilização civil e/ou pena. A vedação do anonimato tem por finalidade
desestimular manifestações abusivas do pensamento, sendo assegurado o direito de
resposta proporcional ao agravo, além da indenização por eventuais danos materiais,
morais ou à imagem do ofendido (art. 5º, V).”31
28
Marcelo Novelino, Direito constitucional, 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, pp. 341/342.
29
Marcelo Novelino, Direito constitucional, 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 344.
30
Marcelo Novelino. Direito constitucional, 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 296.
31
Marcelo Novelino. Direito constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, pp. 297/298.
Ainda na esfera da manifestação do pensamento está a garantia de que
não haverá censura quanto à liberdade de expressão (art. 5º, IX):
2.10.2 Direito de Informação (art. 5º, XIV): A capacidade de emitir opiniões é mais
abrangente que a sua capacidade de informar, divulgar o pensamento pode exprimir
outras formas de exteriorização das convicções individuais, como críticas e dúvidas,
por isso não se deve confundir o direito de opinião ou manifestação do pensamento
com a o direito de informação.
2.10.2.1 Direito de Antena (art. 17, § 3º): Em razão do preceito constitucional pelo
qual os partidos políticos são a expressão plural das ideologias, a eles é assegurada
a intervenção gratuita no rádio e na televisão.
“Em outras palavras, o direito de antena traduz o direito a espaço gratuito nos meios de
comunicação para a propagação de idéias, doutrinas etc. (...) De se indagar, nessa linha
de raciocínio, se a Constitui brasileira empalmou direito similar. Entendemos que sim.
Embora de maneira muito restrita, o tempo no rádio e na televisão assegurado pelo art.
17, § 3º, da Constituição Federal tem nítido colorido de direito de antena, pois o seu
objetivo precípuo consiste em garantir aos partidos políticos espaços nos meios de
comunicação social, como já assinalado.”34
32
Alexandre de Moraes. Direito Constitucional. 20ª Edição, São Paulo: Atlas, 2006, p. 46.
33
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior. Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, p. 166.
34
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior. Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, pp. 167/168.
importância para o indivíduo na sociedade em que vive. A crítica designa a opinião, o
juízo de valor, que recai sobre a notícia.”35
2.10.2.3 Direito de Informação Pública (art. 5º, XXXIII): Esse direito deriva do
princípio da moralidade administrativa (art. 37, caput), que dentre seus fundamentos
consagra a publicidade dos atos administrativos. Desta forma, o ente público prima
pela transparência de seu comportamento.
“Esse dever fica restrito aos organismos públicos, pois, conforme o disposto no art. 5º,
XXXIII, da Constituição da República, os indivíduos têm o direito de ‘receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral...”,
donde se conclui que o Poder Público tem a obrigação de manter o cidadão constante e
integralmente informado, municiando-lhe com todas as informações acerca das
atividades públicas.”36
2.10.3 Liberdade de Consciência e Crença (art. 5º, VI): Esta é uma garantia de que o
indivíduo não sofrerá qualquer tipo de coação do Estado com relação as suas
convicções, sem elas políticas, filosóficas ou religiosas.
2.10.3.1 Escusa de Consciência (art. 5º, VIII): Assim como protege o direito do
indivíduo de professar suas convicções, a Constituição da República reprime a
intervenção baseada em preconceitos contra religião, convicções políticas e
filosóficas. O direito é limitado para que não seja invocado para se eximir de
obrigação imposta a todos ou cumprir prestação alternativa, como é o caso, p. ex. ,
do serviço militar obrigatório (art. 143, § 1º).
35
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior. Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, pp. 168/169.
36
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior. Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, p. 172.
37
Marcelo Novelino. Direito constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, pp. 301/302.
38
Marcelo Novelino. Direito constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 307.
2.10.5 Liberdade de Reunião e Associação (art. 5º, XVII a XXII): A doutrina é
consentânea que para se caracterizar reunião devem estar presentes alguns
requisitos próprios, como a plurissubjetividade (duas ou mais pessoas), consciência
e vontade dos participantes e duração limitada. Quanto à associação, é didático o
seguinte conceito:
“Com efeito, a vida social do indivíduo divide-se em duas esferas: a pública e a privada.
Por privacidade, de conseguinte, devem-se entender os níveis de relacionamento social
que o indivíduo habitualmente mantém oculto ao público em geral, dentre eles: a vida
familiar, as aventuras amorosas, o lazer e os segredos de negócio.” 41
“Podemos vislumbrar, assim, dois diferentes conceitos. Um, de privacidade, onde se fixa
a noção das relações interindividuais, que, como as nucleadas na família, devem
permanecer ocultas ao público. Outro, de intimidade, onde se fixam uma divisão entre o
‘eu’ e os ‘outros’, de forma a criar um espaço que o titular deseja manter impenetrável
mesmo aos mais próximos.” 42
39
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior. Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, p. 188.
40
Marcelo Novelino. Direito Constitucional, 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 268.
41
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior. Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, p. 173.
42
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior. Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, p. 174.
43
Marcelo Novelino. Direito Constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, pp. 297/298.
“A divulgação de uma informação invasiva da privacidade deve ser admitida quando
concorrerem os seguintes fatores: i) licitude da informação; ii) forma adequada de
transmissão; e, iii) contribuição para o debate de interesse geral ou relevância para a
formação da opinião pública, eixo em torno do qual gira o direito à informação. A
divulgação de uma deve ser de interesse público, não apenas de ‘interesse do público’.
(...) Por fim, são restrições legítimas à privacidade a divulgação de fatos que envolvam
atividades criminosas (‘função de prevenção geral’) ou de fatos noticiáveis, como
enchentes, terremotos, acidentes e catástrofes de grandes proporções.”
“O direito à imagem possui duas variações. De um lado, deve ser entendido como o
direito relativo à reprodução gráfica (retrato, desenho, fotografia, filmagem, etc.) da figura
humana. De outro, porém, a imagem assume a característica do conjunto de atributos
cultivados pelo indivíduo e reconhecidos pelo conjunto social. Chamemos a primeira
imagem de imagem-retrato e a segunda de imagem-atributo.”
Dessa forma, tais gravações não podem ser utilizadas como provas em
processos (art. 5º, LVI), entretanto, há exceções quando tais provas estiverem
inseridas no âmbito de outros direitos fundamentais. É o caso de gravação que
serve de defesa em processo penal, torna-se uma garantia da ampla defesa
objetivando a manutenção do direito de liberdade.
Por fim, temos a gravação de atos ilícitos praticados por agentes públicos,
“em razão do princípio da publicidade, o qual retira os atos administrativos da
privacidade do indivíduo.”45
44
Marcelo Novelino. Direito Constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 273.
45
Marcelo Novelino. Direito Constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 276
2.11.2 Interceptação da comunicação: “... consiste na interrupção ou intromissão por
um terceiro, sem o conhecimento de um (ou de ambos) dos interlocutores. A
interceptação pode ocorrer em uma comunicação epistolar, telegráfica, de dados ou
telefônica, sendo vedada, por violar a liberdade de comunicação pessoal (art. 5º,
XII)”46
2.11.4 Inviolabilidade do Domicílio (art. 5º, XI): “A entrada em uma casa sem o
consentimento do morador somente poderá ocorrer no caso de flagrante delito,
desastre, para prestar socorro ou por determinação judicial. Em virtude do caráter
emergencial, nas hipóteses de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro, a
casa poderá ser invadida a qualquer hora do dia ou da noite. Para cumprimento de
determinação judicial, se não houver consentimento do morador, somente durante o
dia.” 48
46
Marcelo Novelino. Direito Constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, pp. 273/274
47
Marcelo Novelino. Direito Constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 275.
48
Marcelo Novelino. Direito Constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 288.
“Genericamente podemos definir propriedade como o direito subjetivo que assegura ao
indivíduo o monopólio da exploração de um bem e de fazer valer esta faculdade contra
todos que eventualmente queiram a ela se opor.” 49
2.12.1 Requisição: Fundamentado no art. 5º, XXV da CR, o Estado pode retirar
temporariamente a posse em razão de iminente perigo público. Também pode ser
requisitada a propriedade em tempo de guerra (art. 139, VII). Esse tipo de
intervenção só é indenizado se for comprovado dano à propriedade.
“O procedimento para desapropriação deverá estar previsto em lei federal (art. 22, II),
podendo a União, através de lei complementar, autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas (art. 22, parágrafo único). A indenização deve ser sempre justa e,
em regra, prévia e em dinheiro, com exceção das duas hipóteses constitucionalmente
previstas (arts. 182, § 4º, III e 184). Celso Antônio Bandeira de Mello aponta as seguintes
diferenças entre requisição e a desapropriação: 1. A desapropriação refere-se apenas a
bens. A requisição, a bens ou serviços. 2. A desapropriação é volvida à aquisição da
propriedade. A requisição preordena-se ao uso dela. 3. A desapropriação é suscitada por
necessidades permanentes da coletividade. A requisição decorre de necessidades
transitórias. 4. A desapropriação, para efetivar, depende de acordo ou, na falta deste, de
procedimento judicial. A requisição é auto-executória. 5. A desapropriação supõe
necessidade corrente, usual. A requisição supõe, em geral. Necessidade pública
premente, compulsiva. 6. A desapropriação é sempre indenizável e exige indenização
prévia (salvo nas hipóteses dos arts. 183, § 4º, III e 184). A requisição pode ser
indenizada a posteriori e nem sempre é obrigatória.”50
49
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior. Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, p. 190.
50
Marcelo Novelino. Direito Constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 312.
“As operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária
são isentas de impostos federais, estaduais e municipais. Essa imunidade se refere
apenas aos impostos, não se estendendo aos outros tributos (art. 184, § 5º). A
Constituição veda a desapropriação, para fins de reforma agrária de propriedades
produtivas e de pequenas e médias propriedades rurais, desde que o proprietário não
possua outra (art. 185). No tocante às invasões de terras por particulares ou por
movimentos sociais organizados, ainda que sob o pretexto de promover ações
expropriatórias para fins de reforma agrária, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em
sede de Medida Cautelar, que estas invasões são ilícitas, não podendo ser admitidas
(vide STF – ADIN (MC) nº 2.213/DF, Relator Ministro Celso de Mello).” 51
2.12.3 Confisco: O Estado pode, ainda, se utilizar de um outro meio ainda mais
rígido para a transferência da propriedade privada, é o confisco:
51
Marcelo Novelino. Direito Constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, pp. 313/314.
52
Marcelo Novelino. Direito Constitucional 2ª edição, São Paulo: Método, 2008, p. 314.
53
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior. Curso de Direito Constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, pp. 193/194.
54
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior. Curso de Direito Constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, pp. 194/195.
Por fim, a propriedade pode versar sobre a concepção de invenções,
obras, etc., é a chamada propriedade intelectual:
“O inciso XXVII do art. 5º da Constituição Federal consagra que ‘aos autores pertence o
direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
herdeiros pelo tempo que a lei fixar’. O inciso XXVIII do mesmo dispositivo assegura a
proteção às participações individuais nas obras coletivas, bem como o direito dos
autores, por si ou por meio das respectivas representações sindicais ou associativas, de
fiscalizar as obras que criarem ou de que participarem. O que se verifica é que, por
intermédio desses dois dispositivos, a Carta Federal abrigou aos chamados direitos do
autor, que conferem ao respectivo titular direitos morais e patrimoniais sobre a obra
produzida. (...). Os direitos patrimoniais do autor manifestam-se pela prerrogativa de
utilizar, fruir e dispor, com exclusão de todos os demais, da obra intelectual. A
propriedade industrial envolve o chamado privilégio de invenção, as marcas de indústria
ou de comércio e de nome de empresas. Cuidando do tema, o art., XXIX, da Constituição
Federal prescreve que ‘a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio
temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintos, tendo em vista o
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.”55
55
Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior. Curso de Direito constitucional, 14ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2010, p. 196.