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Com a ação executiva visa-se realizar o direito do credor que é titular de uma

prestação incumprida por parte do devedor e, cuja prestação, reúna condições


para poder ser executada sobre o património do devedor, tal como resulta do
disposto nos arts. 817º a 826º do C.Civ, desde que esteja em causa uma
execução para o cumprimento de uma obrigação para pagamento de quantia
certa, ou então em casos de situação de conversão de uma prestação para
entrega de coisa certa, ou então de prestação de facto em conversão de
prestação substitutiva por indemnização devida pelo incumprimento do respetivo
facto.
Diferente é diante de situações que se confinam à execução específica para
entrega de coisa determinada ou uma prestação de facto, tal como previstos nos
arts. 827 a 829º do C.Civ., dado estas situações não se operarem através da
ação executiva mas sim através da ação declarativa constitutiva, como é , v.g.,
o que se verifica nos casos da execução específica do contrato-promessa nos
termos previstos no art. 830º do C.Civ.
O exercício da ação executiva insere-se no âmbito do direito de ação civil, nos
termos previstos no art. 20º da CRP, (direito fundamental potestativo dos
cidadãos sobre o Estado), e art. 2º do CPC, o que nos remete par uma noção
delimitadora da ação executiva como um direito ou um poder jurídico de requerer
as providências jurisdicionais adequadas à satisfação de uma prestação
patrimonial contida num documento escrito e subscrito que reúna as exigências
legais de exequibilidade para o respetivo efeito.
Para os efeitos atrás referidos, importa agora atender aos pressupostos
específicos como exigência para a execução: o título executivo, como
pressuposto formal, como decorre do disposto nos arts. 10º/4 e 703º e sgts. Do
CPC; a certeza, a exigibilidade e a liquidez da obrigação exequenda, como
pressupostos substanciais, como decorre das disposições dos arts. 713º a 716º
do CPC.
A ação executiva quanto à espécie é compreensível nos termos previstos no art.
10º/6, do CPC, em três espécies: ação executiva para pagamento de quantia
certa, para entrega de coisa certa e para prestação de facto, quer positivo quer
negativo: a de pagamento de quantia certa como uma prestação pecuniária,
arts.550º a 558º, do C.Civ.; a de entrega de coisa certa, arts. 207º e 827º, do
C.Civ., e 714º, 716º/7, 861º/2, do CPC., como prestação de “dare”, coisa
diferente de dinheiro, ainda que de coisa fungível se trate, art. 861º do CPC;
prestação de facto (de facere), 828, 829º, do C.Civ., 869º, 876º, do CPC., positivo
ou negativo, fungível ou infungível .
Identificada a espécie de ação vamos, seguidamente, perceber a estrutura, no
que respeita aos pressupostos processuais, importando aqui ter presente os
requisitos necessários ou imprescindíveis para que possa exercer-se a respetiva
ação, isto no que se refere aos sujeitos processuais e também na delimitação ao
objeto da ação. Neste sentido importa saber quem pode exercer a ação e contra
quem a mesma é exercível, em que tribunal deve ser proposta, assim como as
características materiais e formais que têm de estar presentes na ação
executiva. Desde logo é preciso saber-se quem tem personalidade e capacidade
judiciárias, arts. 11º a 29º, do CPC., a legitimidade processual, arts. 53º a 57º do
CPC, a competência do tribunal, arts. 85º, a 90º, do CPC.
A noção de título executivo: o art. 10º/5, dispõe que toda a execução tem por
base um título, pelo qual se determina o fim e os limites da ação executiva. Sem
título não há execução, tendo de ser um título dos previstos no art. 703º/1. do
CPC., em conjugação com o disposto no nº 6 do art. 10º, do mesmo diploma.
Sobre documentos deve-se partir da noção como documento escrito e assinado
nos termos enunciados nos arts. 362º, 363º, 369º,a 378º, do C.Civ., e 153º./1/3,
do CPC. (ver arts. 704º. a 708º., do CPC, ou então em legislação extravagante.
Ao pensar o título executivo pode o mesmo ser compreendido como o
documento escrito e subscrito representativo da constituição ou reconhecimento
de uma obrigação patrimonial, para uma das partes, e o direito de crédito para a
outra parte, advinda de uma relação jurídica, que tenha por objeto uma prestação
pecuniária, para entrega de coisa certa, móvel ou imóvel, ou então uma
prestação de facto positivo ou negativo, fungível ou infungível e que preencha
os requisitos legais previstos nos arts. 703º/1, e 704º a 708º do CPC., ou então
previsto em legislação especial.
É ainda pela espécie do título, enquanto requisito formal fundamental da ação
executiva, que se determina a forma de processo que a execução vai prosseguir:
forma sumária quando o título prevê o pagamento de quantia certa, como se
prevê no art. 550º./2, e 859º e sgts., com a salvaguarda do previsto no nº.3, do
550º, que segue o previsto no nº2 do 626º, todos do CPC.
Partindo do que se dispõe no art. 703 do CPC, pode-se estruturar uma
percepção dos titulos executivos do seguinte modo:titulos judiciais e
equiparados, como sentenças condenatorias equiparados, como sentenças
condenatorias nacionais ou estrangeiras, e decisões dos tribunais arbitrais e
julgados de paz, como decorre do 703º\1\a), e 704\1; atos judiciais como os
previstos no art 705º\1; decisões arbitrais nacionais ou estrangeiras, como
decorre dos arts. 705º\2 e 706º\1, todos do CPC.
Devemos sublinhar, neste ponto, que embora os documentos elaborados por
notario tenham exequibilidade plena, dado serem criados no ambito da
autonoomia negocial das partes e dentro dos limites da lei que, pelo seu
conteudo, possam servir de base às execuções de quaisquer obrigações
patrimoniais para pagamento de quantia certa, movel ou imovel, ou para
prestação de facto positivo ou negativo, previstas e referidas no art. 10º\6 CPC,
na condição de que seja licito aos outorgantes poderem dispor dos direitos e
obriações ali mencionados. Mas se sobre estes titulos executivos, para efeitos
de exequibilidade nao impende de quaisquer restrições ou limites, em
comparação com os titulos judiciais, o mesmo ja nao se verifica no que respeita
à oposição a tais execuções. Neste ponto, o ambito de oposição é bm mais
latitudinario, dado que de acordo com as disposições do 931º do CPC, onde se
refere que o executado pode invocar, para alem dos fundamentos especificos do
729º CPC, todos os meios de defesa, por impugnação ou execepção que lhe
seria licito deduzir em sede de processo de declaração, nos termos do art
342ºCC 571º 576º e 579º do CPC. O que não se verifica na oposição aos titulos
judiciais, dado aqui esta se a limitar ao que a lei elenca e nao a qualquer meio
alegavel no ambito da ação declarativa. Ora aqui há diferenças que se tem de
reter.
Feita esta distinção, importa rever nesta materia o valor probatorio formal tal
como resulta do disposto no 370º\2 CC, cuja presunção pode ser ilidida mediante
prova em contrario, mediante alegações que demonstrem e provem a sua
falsidade, art 371º e 372º do mesmo diploma, que incumbe ao executado
demonstrar e provar em sede de embargos que a lei põe ao seu dispor, nos art
446º e ss CPC. Isto sem prejuizo de conhecimento oficioso do tribunal, nos casos
de manifesta indicação de falsidade do documento em execução e cuja permição
resulta do disposto no art.370º\2 e 372º\2 CC.
Um outro pormenor distintivo entre estes dois titulos executivos (judiciais e
extrajudiciais autenticos e autenticados) é observavel na forma de processo,
referindo-se no art 550º\2.c).d) do CPC, onde é referido que tratando-se de titulo
extradjucial desde que dele conste obrigação pecuniaria vencida, garantida por
hipoteca ou penhor, ou mesmo de qualquer obrigaçao pecuniaria vencida de
valor nao execedente ao dobro da alçada do tribunal 1º instancia, seguir-se-á a
forma de processo sumario. Ora, para execuções de titulos judiciais, a forma é
sempre sumaria independentemente do valor, como resulta das alineas a) e b)
do mesmo nº e art. Ressalvando-se o nº3, atendendo à natureza das obrigações
em causa a executar( genericas, etc)
Sublinha-se aqui o pormenor distintivo entre o valor do documento autentico e
autenticado, que embora ambos constituam prova plena e aparentemente
tenhma o mesmo valor, refere-se no art 377º do CC, que o documento particular
nao substitui o documento autentico, quando para a validade do contrato a lei o
exija. Nestes casos não está em causa o valor do titulo executivo, mas sim a
validade da obrigação a executar, ou sejam, fica em causa os requesitos
substantivos legais da obrigação, exequenda, por falta de forma do negocio que
lhe da causa, como resulta do art 220º CC, o que constitui fundamento de
indeferimento liminar imediato, como resulta do disposto na al.c) do nº2 do art
726º do CPC.
Surgem aqui outros documentos autenticados por entidades ou profissionais
com competência legal para os produzir e que, por lei são equiparados ou
semelhantes aos documentos autenticados por notário, tal como os
conhecemos. Dão conteudo aos referidos documentos o reconhecimento, para
o efeito, a determinados profissionais ou instituições, como conservadores,
oficiais de registo, advogados, solicitadores e camaras de comercio e industria,
cuja competência lhe foi atribuida a partir da publicação do DL244/92 de 29/10 e
desde que em conformidade com o disposto no art 38º do DL 76/A/2006 de 29/3,
mas cuja validade faz depender do necessario registo em sistema informatico,
como se prevê no nº3 do art. 38º, exigencia reconduzida e regulamentada com
atualidade pelo disposto no art. 24º/6 do DL/\\6/2008 de 4/7, que confere
autoridade e competencia, às entidades autenticadoras para arquivarem os
originais de tais documentos. Em termos de exequibilidade, estes documento
enquadram-se nos previstos no art. 703º/1/b) do CPC.
Ainda voltando à ideia dos titulos judiciais importa referir ue a lei alude a
sentenças condenatórias devendo aqui entender-se como tais todas aquele que
condenam o réu no cumprimento de uma obrigação patrimonial, como sejam
condenações na realização de prestações que podem ser de pagamento de uma
quantia pecuniária, de entrega de coisa, que pode ser móvel ou imóvel, ou de
prestação de facto positivo ou negativo. Em sintese, qualquer decisão judicial
que contenha um segmento condenatório incumprido constitui titulo exequivel e
preenche os requesitos previstos nos art. 703º 1/a) do CPC. Ver art. 550º|2, e
284º. E 290º/3, 729/i.
Na execução de titulo judiciario, para além dos montantes especificados no titulo
é possivel acrescentar ao especificado os juros de mora legais, desde o transito
em julgado da decisão e que não tenham sido pedidos na ação que produziu o
titulo a executar, como decorre do disposto no nº2 do art 703º, assim como
podem ser pedidos juros compulsórios, a partir daquele momemnto do transito
em julgado, como previsto no art. 829º A/4 CC, à taxa de 5% ao ano. A repartir
em partes iguais para o exequente e para o Estado, como decorre do nº3
A oposição à execução judicial está prevista nos termos do art 729º CPC, para
outros casos ver o art. 291º/1, do mesmo diploma. Nas decisões equiparadas a
sentenças dispõe o art 705º/1, e 817º do CC. E art 152º/1, 417º/2 e 437º, 508º/4
CPC; o art 61º da lei 54/2013-31-7, Julgados de paz. Deve ser aqui relevado a
execução das decisões do Tribual da EU, e do Tribunal da Associação Europeia
do Comércio Livre, nos termos previstos nos art 280º, a 299º, do Tratado sobre
o Funcionamento da EU, na versão do tratado de lisboa, desde que contenham
aposta a fórmula executória pelo presidente do Tribunal da Relação da área de
residencia do executado
Outras sentenças estrangeiras seguem o previsto no art. 706º./1., combinado
com o disposto no nº 1, do art. 978º., do CPC. Como é sabido as sentenças
proferidas por tribunais estrangeiros, que tenham transitado em julgado, só
podem servir de base à execução após processo de revisão regulado nos arts.
980º., a 985º., pelo tribunal português competente, sem prejuízo do que estiver
estabelecido em tratados e leis especiais que Portugal tenha subscrito, como
decorre do previsto no art.979º., que estabelece o Tribunal da Relação da área
de residência do executado, nas adaptações possíveis do disposto nos arts. 80º.,
a 82º., todos do CPC.
Chama-se a devida atenção para a nossa inserção na EU e de acordo com o
Regulamento (CE) n.º 44/2001 do Conselho da CE, de 22-12-2000, a vigorar
desde 1 de Março de 2002, relativo à competência judiciária, no respeitante ao
reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e comercial, que
dispensam quaisquer processo de revisão, ficando apenas sujeitas ao exequatur
do tribunal de 1.ª instância, nos termos previstos nos arts. 38.º a 56.º do
regulamento supracitado.
As decisões dos tribunais arbitrais, que para efeitos de exequibilidade são
equiparadas às decisões judiciais. Estas decisões, ou sentenças arbitrais, são
proferidas pelos respetivos tribunais arbitrais, previstos na art. 209.º/2 da CRP,
que podem ser necessários, instituídos por lei, art.182.º a 1085.º do CPC.; ou
voluntários, constituídos por iniciativa dos particulares nos termos da lei, seja
como tribunais arbitrais ad hoc ou tribunais arbitrais institucionalizados, nos
termos previstos no art. 62.º da LAV., Lei n.º 63/2011, de 14/12., que revogou a
lei 31/86, de 29/8. Por força do art. 11.º do D L. 226/2008, de 20/11, é possível
a arbitragem nos conflitos do processo de execução.
Passada em revista o que se dispõe para os títulos executivos judiciais, por
documentos autênticos e autenticados, vamos agora observar os títulos de
crédito que possam servir de título executivo à ação executiva e referidos no art.
703.º/1/c), do CPC., desde que os factos constitutivos da relação subjacente
constem do próprio documento ou sejam alegados no requerimento executivo.
Dão corpo a estes títulos de crédito as letras, livranças e cheques, que aqui
trataremos co especial cuidado. Sendo estes documentos particulares não
autenticados mas assinados pelo devedor, mas sujeitos ao regime especial do
direito cartular que, mesmo perdendo a sua validade como título de crédito,
podem ainda ser exequíveis como meros quirógrafos. A uns e outros são
aplicadas as regras gerais para os documentos previstos nos arts. 373.º e sgts.,
do C.CIV., desde que assinados pelo seu autor ou por outrem a rogo, se o autor
não puder ou não souber assinar, n.º 1 deste art.
Ora, partindo do atrás observado, poder-se-á então dizer que se consideram
documentos particulares exequíveis os títulos de crédito que, à luz da lei, possam
valer como tal em conformidade com o regime cartular, independentemente de
alegação da relação subjacente, dado titularem negócios jurídicos abstratos.
Para além destes: ainda os títulos de crédito que tenham perdido essa qualidade
mas que passem a valer como meros quirógrafos, desde que os factos
constitutivos de relação subjacente constem do próprio documento ou sejam
alegados no requerimento executivo, nos termos previstos na al. e) do n.º 1, do
art. 724.º, do CPC.
Os títulos de crédito transportam sempre o direito e a obrigação que permite uma
execução para pagamento de quantia pecuniária certa e os respetivos juros que
podem ser liquidados por mero cálculo aritmético, tal como se dispõe nos arts.
703.º/2, e 716.º/1/2, do CPC. O executado pode opor-se à execução nestes
títulos, ainda que meros quirógrafos, como meros documentos particulares não
autenticados, podendo ser usado todos os meios de defesa que lhe fosse
permitido no âmbito da ação declarativa. Contudo, importa ressalvar as
situações em que se reparte o ónus da prova previstas para os referidos
documentos: v.g., a impugnação da assinatura pelo aceitante (devedor), nos
termos do art.374.º, do C.Civ., coloca o exequente no dever de provar a
genuinidade do documento a executar se a assinatura estiver reconhecida
presencialmente por notário, incumbirá ao executado a arguição da falsidade
desse reconhecimento, como se dispõe no art.375.º/2, do C.Civ. Mas estes
documentos fazem prova plena no que respeita às declarações nele contidas em
relação ao seu autor, sem prejuízo de se poder alegar a falsidade do documento
como se dispõe no nº.2, do art.376.º, do C.Civ. Sobre estas questões, ver arts.:
360.º, 378.º, 347.º, 393.º, a 395.º, todos do C.Civ.

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