O Modelo Psicossocial de Criminologia clínica tem como proposta,
diferentemente do modelo médico-psicológico, reconhecer a dinâmica e a autonomia dos fatores extrínsecos ao indivíduo, tais como, familiares, sociais e ambientais. Atua de maneira a reconhecer a independência e autonomia destes fatores, tendo-os como fonte importante a ser analisada no contexto do crime.
Essa diferenciação feita pelo modelo psicossocial, trata os fatores extrínsecos de
maneira independente e autônoma, de maneira que ao contrário do que se verifica no modelo médico psicológico, esses fatores não foram internalizados pelo indivíduo a ponto de tornarem-se conteúdo psíquico, incapaz de ser “tocado” por ele.
Dessa forma, o indivíduo que encontra-se em um ambiente hostil e é por ele
afetado, vindo a sofrer um “trauma” é capaz de mesmo sem reconhecer a origem do mesmo, de contar e relatar toda a experiência por ele vivida uma vez que não internalizou-o.
Assim podemos perceber que através d0 modelo psicossocial, busca-se
compreender os fatores que de alguma maneira atingiram o indivíduo, sejam eles uma decepção na infância, rejeição no colégio, morar em um lugar hostil e violento, como já dito anteriormente, social, familiar ou ambientais, capazes de fazer com que o indivíduo busque melhores condições de sobreviver naquele local.
Através da valorização da carga ambiental é possível perceber quais são as
respostas do indivíduo à ela, sejam experiências pelas quais já passou, sentimentos que são despertados através de uma experiência boa ou ruim, a carga ambiental nada mais é do que fatores extrínsecos independentes aos quais o indivíduo responde e dialoga. Trata-se de um processo reativo que deve ser analisado. O indivíduo reage ao ambiente de maneira a ajustar-se melhor aquela realidade. Diferentemente do que traz o modelo médico-psicológico, por mais que o indivíduo reaja e se adapte ao ambiente, ele não necessariamente irá internalizar todas as coisas que ali se passam, sejam elas boas ou ruins. O indivíduo é capaz de reagir ao ambiente em busca de uma melhor maneira de sobrevivência, o que não significa que adotará esta mesma postura em outras situações, ou então que não adotará.
Por tanto ao analisar o comportamento do criminoso é essencial que se preste
atenção à como ele reage e se adapta aos ambientes aos quais é inserido. Voltando à época do delito cometido, como é que ele respondeu aos estímulos e aos ambientes aos quais fora exposto, de maneira a chegar a delinquir. E como se adaptará agora ao cárcere, que é então considerado um ambiente de longa duração.
Deve-se ressaltar também que é de extrema importância, durante a avaliação do
preso, em sua análise de comportamento, não tirar seu status de agente ativo naquele diálogo, escutar e buscar compreender o que é dito é de extrema importância, não necessariamente tomando tudo como verdade, obviamente, mas há que se mostrar a importância daquele momento á ele, para que assim ele seja capaz de contar seus interesses, sonhos, frustrações, mágoas, para que assim se conheça e reconheça o indivíduo como um todo. Agente ativo do diálogo, cooperante.
Isso refletirá nas estratégias de intervenção, ao reconhecer o indivíduo como
agente ativo deste dialogo, conhecendo-o como pessoa, compreendendo-o em todos os seus fatores e aspectos, torna-se mais fácil, através da colaboração de outros agentes, pertencentes ao presídio, autoridades, psicólogos, agentes carcerários, companheiros de cela, pessoas relacionadas ao individuo fora daquela realidade, implementar estratégias de reinserção social, baseadas nos dados coletados através destes diálogos. REFERÊNCIAS.
GOMES. LUIZ FLÁVIO – COL SABERES CRITÍCOS – CRIMINOLOGIA
CLINICA E EXECUÇÃO PENAL. PROPOSTA DE UM MODELO DE TERCEIRA GERAÇÃO. ALVINO AUGUSTO DE SÁ.
Cadernos de Psicologia Social do Trabalho Volume 19 issue 2 2016 [doi 10.11606%2Fissn.1981-0490.v19i2p177-185] Casadore, Marcos Mariani -- Sobre os aspectos clínicos e a complexidade do trabalho- as c