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Quanto à abrangência da sua concessão, a moratória pode ser geral ou individual.

A moratória concedida em caráter geral é aquela em que o prazo é estendido de forma

ampla, contemplando a generalidade dos contribuintes, ou seja, o prazo é dilatado pela lei

e, a partir da sua vigência, já passa a produzir efeitos, sem necessidade de qualquer ação

do sujeito passivo.

Temos como exemplo o que ocorreu no ano de 2011 para os optantes do Simples Nacional

que, por problemas técnicos nos aplicativos de apuração, não puderam gerar o documento

de arrecadação. Assim, foi concedida uma prorrogação do prazo para o pagamento

referente ao mês de junho/2011. Essa medida beneficiou todas as empresas optantes pelo

Simples Nacional, indistintamente, sem necessidade do cumprimento de algum requisito por

parte dos contribuintes.

Já a moratória em caráter individual contempla apenas um grupo de sujeitos passivos,

que se enquadrem nas condições estabelecidas na lei. Nessa linha, para usufruir os

benefícios da moratória, os contribuintes devem comprovar que a sua condição se enquadra

nos termos definidos em lei. Uma vez configurado o atendimento aos requisitos legais, a

autoridade administrativa reconhece o benefício. Observe que o CTN dispõe que a moratória

será concedida por despacho da autoridade. Entretanto, devemos destacar que a lei é quem

concede o benefício, a autoridade apenas o reconhece, caso o contribuinte se enquadre nas

condições estabelecidas. Contudo, em questões de prova, devemos ficar atentos, pois, se

estiver sendo exigida a literalidade do CTN, teremos que considerar correta a concessão

mediante despacho da autoridade.

Reza o art. 155 do CTN que a concessão da moratória em caráter individual não gera direito

adquirido e será revogada de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia

ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos

para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora. Nesse

sentido, podemos concluir que, além de se enquadrar nas condições estabelecidas em lei,

o sujeito passivo deve comprovar a sua condição e requerer o reconhecimento do benefício,

que será concretizado mediante o despacho da autoridade administrativa.


Como exemplo desta modalidade, temos a moratória do ICMS concedida pelo Governo do

Amapá, no ano de 2009, mediante o Decreto nº 4.510:

“Art. 14. O contribuinte que, em 06 (seis) meses sucessivos anteriores, comprovadamente

recolheu o ICMS nos prazos previstos em Lei, com exceção do substituto tributário, não

possua débito fiscal e não seja beneficiário de qualquer parcelamento, poderá requerer

Regime Especial para recolhimento do ICMS apurado mensalmente, em prazo diferenciado,

metade no décimo e o restante no último dia útil do mês subsequente ao de apuração.”

Observe que são estabelecidas condições a serem cumpridas pelos sujeitos passivos, caso

contrário, não terão direito ao benefício.

Quanto ao ente que efetua a sua concessão, a moratória pode ser autônoma ou

heterônoma.

A regra geral é a concessão de forma autônoma da moratória. Trata-se da previsão para

que a própria pessoa jurídica de Direito Público competente para instituir o tributo a conceda.

Assim, temos que o ente competente para instituir determinado tributo, é competente

também para conceder moratória, uma vez que a competência tributária compreende a

competência legislativa plena, nos termos no art. 6º do CTN.

Entretanto, o próprio CTN prevê uma exceção, permitindo à União a concessão de moratória

em caráter geral, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos

Municípios. Nessa situação, estaremos diante da moratória heterônoma, eis que

concedida por um ente diverso daquele que detém a competência tributária.

Não obstante a referida exceção, a União não pode conceder a moratória heterônoma

livremente. Alguns requisitos devem ser cumpridos para que essa situação se torne

possível: a moratória deve simultaneamente ser concedida quanto aos tributos de

competência federal e às obrigações de direito privado

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