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AMAURI MASCARO NASCIMENTO ‘Membro da Academia Brasileira de Letras Juridicas, Presidente Honosirio da Academia Nacional de Direito do Trabalho. Membro da Academia Paulista de Direito, Professor ‘Titular ¢ Professor Emeérito da Faculdade de Direito da Universidade de Sd0 Paulo, Membro da Academia Ibero-americana de Direito do Trabalho e da Seguranca Social Ex-Secretério-Geral da Sociedade thero-americana de Direito do Trabalho e Seguridade Social. Juiz do Trabalho aposentado. CURSO DE DIREITO DO TRABALHO HISTORIA E TEORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO RELAGOES INDIVIDUAIS E COLETIVAS DO TRABALHO 26" edicio 2011 Ce Saraiva elaborar o seu programa de ago, de desenvolver as suas atividades ¢ de fundar federagdes ¢ confederagoes. Como se vé, define a posi¢o do Estado perante 0 sindicalismo e valoriza a manifestagdo dos grupos sociais, para assegurar, aos traba- Ihadores, livremente, a escolha das formas que julgarem aptas para a sua organizagio e agio sindical. A protegtio aos representantes dos trabathadores na empresa (C. n, 135) € outro principio da OT. Para os efeitos da Convengio n. 135, @ expresso representantes dos trabathadores significa as pessoas reconhecidas como tal em virtude da legislacZo ou da prética nacional, quer se trate de: a) representantes sindicais, o que quer dizer represen- tantes nomeados ou cleitos pelos sindicatos ou por filiados destes; b) representantes livremente eleitos pelos trabalhadores da empresa, de conformidade com as disposicg&es da legislacio nacional ou dos con- tratos coletivos, e cujas fungdes ndo se estendam a atividades que sejam reconhecidas no pafs como prettogativas exclusivas dos sindicatos. A Convengiio n. 135 (1971), ratificada pelo Brasil em 1990, cobre uma lacuna, A Constituigio Federal de 1988, art. 11, dispde que, “nas empresas de mais de duzentos empregados, € assegurada a eleicao de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-Ihes 0 entendimento direto com os empregadores”. E omissa, no entanto, quanto a estabilidade do representante e a estabilidade do art. 8°, VIM, que € restrita a exercentes de cargos de direcao ou representacao sin- dical, mas nfo estende a garantia aos representantes nfo sindi Quando a representagao dos trabalhadores na empresa € nfo sindical, seus membros ficam desprotegidos. A Convengao declara que “os representantes dos trabalhadores na empresa deverdo gozar de protegio eficaz contra todo ato que possa prejudicé-los, inclufda a dispensa por motivo da sua condig&o de re- presentantes dos trabalhadores, de suas atividades como tais, de sua filiagiio ao sindicato, ou de sua participacdo na atividade sindical, sempre que esses representantes atuem conforme as leis, contratos coletivos ou outros acordos comuns em vigor”. A desprotegao da lei brasileira é suprida pela garantia conferida pela Convengio, que tem efeito integrative do nosso ordenamento juridico ¢ obriga o juiz a aplicé-la, 0 que jé tem ocorrido em alguns processos. 190 Acrescente-se que “os representantes dos trabalhadores deverio dispor, na empresa, de facilidades apropriadas para permitir o desem- penho rapido ¢ eficaz. de suas fungdes”. Essa diretriz. vem-se repetindo em cldusulas de conveng6es coletivas. E aplicdvel as categorias que ndo tenham cldusula convencional nesse sentido? Tudo indica que sim. fundamento é a Convengao. Assim, a empresa deve por & disposiga0, dos representantes dos trabalhadores facilidades apropriadas para o desempenho das suas funedes. A primeira delas € 0 local apropriado para a representagio, sindical ou nao. A segunda é o compromisso de ndo impedir a sua atuagio. A terceira, de ordem cultural, é compreen- der que a representacao dos trabalhadores na empresa é um meio de discussao e solugaio de problemas rotineiros da relagdo entre emprega- dor e empregados. uma compreensaio que contribui para a prevencao de conflitos, e a preveneio atua nao s6 no interesse do trabalho, mas, também, do capital, na medida em que a empresa, na qual os focos de desentendimento sio.reduzidos ou eliminados, cria motivagio maior para que os trabalhadores colaborem com a producio. De outro lado, “quando em uma mesma empresa existam repre- sentantes sindicais e representantes eleitos, devem ser adotadas me- didas apropriadas, se for necessério, para garantir que a existéncia de representantes eleitos nao promova diminuigao da ‘posig&o dos sindicatos interessados ou de seus representantes ¢ para estimular a colaboragio em todo assunto pertinente entre os representantes elei- tos ¢ os sindicatos interessados e seus representantes”. Em outras palavras, essas normas intenacionais declaram que quando hé repre- sentantes sindicais e néo sindicais devem ser tomadas medidas para que a presenea destes tiltimos nao se exercite de forma a debilitar a situagio dos sindicatos interessados ou de seus representantes ¢ se desenvolva de modo a incentivar a colaboragdo entre os dois tipos de representantes, ‘Assim, a OIT considera condigdo da liberdade sindical 0 reco- ahecimento, no plano da empresa, da representagio dos trabalhadores © protecio, no direito interno de cada pais, dos representantes, para que possam ter uma agdo eficaz que compreenda a dispensa sempre motivada, nD 191

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