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Semiotica e Semiologia - WN
Semiotica e Semiologia - WN
O estudo dos signos começa com as origens dos homens, pois entender e interpretar o
mundo e os homens significa estudar signos. Porém, o advento da ciência geral dos
signos é de tempos mais recentes. A Antigüidade grega tinha uma filosofia do signo,
que era uma teoria do conhecimento humano. A Idade Média desenvolveu a sua própria
“doutrina dos signos”, que culminava numa tipologia elaboradíssima dos signos. Na
Renascença foram publicadas mais obras significativas sobre os signos, sob designações
tais como scientia de signis ou tractatus de signis.
Nomes específicos para designar essa ciência geral dos signos surgiram relativamente
tarde. Entre eles, os termos semiótica e semiologia se firmaram como as designações
mais conhecidas para a ciência do signo, às vezes como sinônimos, às vezes como rivais
terminológicos. Alternativas terminológicas, tal como semasiologia, sematologia ou
semologia caíram em desuso. Também caiu em desuso um antigo sentido do conceito
de semiótica ligado à sinalização militar, embora, no Novo Dicionário Aurélio (edição de
1975), encontra-se ainda a seguinte definição de semiótica: “arte de comandar
manobras militares por meio de sinais, e não de voz”.
Tanto o termo semiótica quanto o termo semiologia têm as raízes de suas constituintes
iniciais e principiais nas palavras gregas semeîon, ‘signo’, e sema, ‘sinal’, ‘signo’. Tal
como a gramática e a aritmética ou a biologia e a filologia, que são campos de estudos
de diversas áreas de conhecimento humano, a semiótica e a semiologia, nas suas
origens, são os campos de estudo dos signos e dos sinais.
Na sua forma neo-grega, semeiotiké, o conceito aparece, pela primeira vez, no contexto
da medicina. Desde a Antiguidade, o diagnóstico médico é descrito como a “parte
semiótica” da medicina. O médico grego Galeno de Pérgamo (139-199), por exemplo,
classificou o diagnóstico médico como um processo de semêiosis. Aquilo que os antigos
designaram como semeiótica, portanto, ainda não era a teoria geral dos signos, mas
uma de suas áreas específicas, a saber, o aprendizado médico dos sintomas. Na
medicina dos séculos XVII e XVIII, a forma grega semeiotica se encontrava ao lado da
forma latina semiótica (desde 1490). Desde o início do século XVII, surgiram as
primeiras variações do conceito de semiologia, que correspondem à mais importante
alternativa terminológica para o conceito semiótica. Em um tratado latino, de 1617, C.
Timpler define o ensino dos signos fisionômicos do corpo humano como semiologica ou,
também, semeiologica.
As tradições filosóficas
Em paralelo, no mesmo século, surgiu o termo semiótica para designar a teoria geral
dos signos. A partir dessa tradição, ampliaram-se, nos séculos XVII e XVIII, os domínios
da semiótica para uma ciência geral do conhecimento da natureza humana, denominada
como semiótica moralis. Uma síntese dessa tradição da semiótica pode ser encontrada
na obra de Christian Wolff (1679–1754).
A tradição que assim se funda para estabelecer uma ciência semiótica, reconhecida
como ciência filosófica, tem sua continuidade no século IX na obra de Bernard Bolzano.
Em sua Teoria da ciência (§§ 637) de 1837, o autor desenvolve mais uma teoria original
do signo, sob o título Semiótica. No final desse século, em 1890, o filósofo e
fenomenólogo Edmund Husserl, publicou uma das suas obras principais sob o título
Sobre a lógica dos signos (semiótica).
Charles Sanders Peirce (1839-1914), que dedicou a sua vida inteira aos estudos
semióticos, nunca usou o conceito de semiologia e não se refere à semiótica com o
termo moderno inglês de semiotics. Com respeito à tradição da semeiotiké de John
Locke, Peirce prefere os termos no singular, semiotic, semeiotic ou até semeotic. No
plural, de vez em quando, Peirce usa o conceito de semeiotics, mas jamais a forma
latinizada de semiotics. O semioticista americano Charles Morris (1901-1979) preferia a
designação teoria dos signos, mas na sua obra encontra-se também a forma singular,
semiotic.
Por sugestão de Roman Jakobson e com o apoio de Roland Barthes, Emile Benveniste,
A. J. Greimas, Claude Lévi-Strauss e Thomas A. Sebeok, o comitê fundador da
Associação Internacional de Estudos Semióticos, em 1969, decidiu que, a partir de
então, o conceito semiótica seria empregado como conceito geral para definir esse
campo, anteriormente designado como semiologia ou semiótica. Essa decisão tem sido
seguida internacionalmente com o resultado de que o termo semiótica é hoje o nome
internacionalmente mais comum para designar o campo de pesquisa dos signos,
sistemas e processos sígnicos.
Resíduos de distinções