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BIOLOGIA
16 BIOLOGIA
24 QUÍMICA 40 GEOGRAFIA
A versatilidade do carbono O jogo dúbio que envolve demografia e poluição
A descoberta do grafeno constitui um rico filão Reverter o crescimento é a estratégia para um
para a física básica e novas aplicações práticas equilíbrio duradouro com o ambiente
32 FÍSICA
O refinado instrumento humano
48 MATEMÁTICA
Saudade da régua de cálculo
Como os cantores emitem sons tão impressionantes Cientistas não saíam de casa sem ela. A história
com seu reduzido sistema fonador? desse instrumento oferece boas lições
66 ENSAIO
sentido do olfato Henrietta
ac s cujas
nO colesterol está normalmente
células, 60
associado a doenças
anos após A seleção natural aplicada
cardiovasculares
sua morte, ainda servem a às linguas naturais.
nMicrorganismos para aprimorar humanidade.
culturas desafiam engenharia
13 INTERNET
genética
n O 61o Encontro de Prêmios Nobel
de Lindau, Alemanha, reuniu em Uma lista de vídeos e endereços
junho deste ano 23 laureados em para visitar, inspirar-se e explorar
Química e Medicina com os alunos.
ERRATA
Na edição no 1 não constaram os seguintes colaboradores: Carlos Zanchetta (editor, Moderna). Roteiros de leitura: Biologia – Eloci Peres Rios,
professora do Colégio ossa enhora das raças e iguel hompson doutor em ensino de oceanografia atemática adeline urgel aia
doutoranda em ensino de matemática pela UC uímica auro aro mestre em engenharia química.
Na edição no 5 não constaram os seguintes colaboradores uímica Ana ui a etillo er professora do Colégio era Cru iologia loci
eres Rios já referida atemática adeline urgel aia e Rogério ires já referida e ísica olne elo professor do Colégio toc ler.
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Países ganham
nova forma
quando são
medidos pelos
números da
alfabetização
de jovens
ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS
ilhões de pessoas alfabeti adas
Leste da Ásia
América do Norte
ac fico
América do Sul
Europa ocidental
Oriente Médio
Norte da África
Sudeste da África
Sul da Ásia
Europa oriental
ia
com idade entre
Superfície
África Central
otas técnicas
ados obtidos do Relatório de esenvolvimento umano de
do rograma de esenvolvimento das ações Unidas
Japão
plosão estelar
restos de uma
supernova, conforme
imagem composta
obtida por três
telescópios da Nasa
ASTRONOMIA
uando nosso ol chegar ao fim em bono criando mais fótons. ntretanto sa e re ne tanta inércia que mesmo o o i-
cerca de bilhões de anos vai se em estrelas com mais de massas g nio em fusão não consegue evitá lo.
desvanecer e se tornar uma tranquila solares ocorre um problema. uando os anta energia se concentra em tão pouco
anã branca. strelas maiores entretanto íons de o ig nio começam a se fundir espaço que finalmente tudo e plode sem
acabam em uma e plosão aquelas uns com os outros a reação libera fótons dei ar nenhum resíduo. sso é que é im-
com mais de dez vezes a massa do nos- tão energéticos que se transformam es- portante e empolgante avalia Avisha
so ol colapsam com força suficiente pontaneamente em pares elétron pósi- al am astr nomo do nstituto de Ci n-
para produ ir uma supernova um dos tron. em fótons não há pressão para cias ei mann em Rehovot srael cuja
eventos mais energéticos do Universo. fora e a estrela começa a colapsar. equipe alega em trabalho publicado na
urante décadas astr nomos suspeita- Em seguida podem acontecer duas Nature ter descoberto a primeira verda-
ram da e ist ncia de um tipo de e plo- coisas. colapso gera ainda mais pres- deira supernova de instabilidade de par.
são estelar ainda maior uma supernova são reacendendo o ig nio suficiente Antes da descoberta a maioria dos as-
CORTESIA DA NASA/CXC/SAO/ESA/ASU/JPL/CALTECH/UNIVERSITY OF MINNESOTA
de instabilidade de par com ve es para de agrar uma e plosão de energia tr nomos argumentava que estrelas gi-
mais energia que uma supernova co- capaz de dispersar as camadas exter- gantes das galá ias pró imas perdiam
mum. uas equipes de astr nomos final- nas da estrela mas não o suficiente para grande parte de sua massa antes de
mente a encontraram redefinindo o limi- criar uma supernova completa. u o ci- morrer inviabili ando uma supernova
te de como as coisas podem ser gran- clo se repete em pulsos os astr nomos de instabilidade de par. ssas ideias es-
diosas no Universo. dão a esse caso o nome de supernova tão sendo reconsideradas agora que es-
odas as estrelas equilibram gravida- de instabilidade de par pulsante até a sas imensas e plosões se apresentaram
de com pressão. Conforme elementos estrela perder massa suficiente para ter- de maneira espetacular.
leves como o hidrog nio se fundem no minar sua vida como uma supernova co- – Michael Moyer
centro da estrela as reações geram fó- mum. Uma equipe liderada por Robert
B A N C O D E DA D O S
tons que fa em pressão para fora con- . uimb do Caltech anunciou ter
EVIDÊNCIA EXPLOSIVA
trapondo se força da gravidade. m identificado uma desse tipo.
estrelas maiores a pressão no centro é
suficientemente alta para fundir elemen-
e a estrela é realmente massiva e
estamos falando de mais de massas
3.767
É o número de supernovas descobertas desde 2000,
mais que o dobro das identificadas até então.
tos mais pesados como oxigênio e car- solares o colapso acontece tão depres-
O heiro do som
Ruídos podem alterar nosso sentido do olfato
ambos do nstituto athan . line de e emplo pareceu não se alterar nem ao pelo fato de a atividade sensorial nem
esquisa siquiátrica em rangeburg odor nem ao som mas respondeu vigo- sempre ser equivalente a mudanças ob-
ova or decidiram investigar com rosamente combinação de ambos. serváveis eles precisam encontrar um
mais rigor esses picos provocados pelo á foram relatados indícios históricos e perimento que determine o que real-
som. Como descrevem na edição de de interação perceptiva entre odores e mente seus ratos cheiram e ouvem.
de fevereiro de Journal of Neuroscience sons em meados dos anos o per- – Lynne Peeples
TECNOLOGIA
Mais alimentos
graças a fungos?
Microrganismos para aprimorar culturas
desafiam engenharia genética
mão inha para esse recrutamento ao promoveram resistência ao calor tam- consumidores. elhorar a produção
transferir fungos de ervas-do-sal (Atri- bém no arro e no trigo processo que agrícola com os microrganismos da pró-
plex canescens) para uma grama do pode não apenas aumentar a produção, pria planta propicia sucesso em várias
gênero Bouteloua, importante para o como ajudar a combater os efeitos na frentes. Segundo Rodriguez: “Estamos
gado. Ela acredita que a grama em que lavoura da mudança climática. tentando reproduzir a forma como isso
o fungo foi introduzido cresceu mais e Analisando plantas de praias, deser- acontece na Natureza, utilizando não ge-
produziu mais sementes por ter tido uma tos e áreas poluídas Rodrigue isolou nes, mas genomas inteiros da própria co-
melhora na absorção de nutrientes e microrganismos que auxiliam plantas a munidade microbiana da planta .
água. observa que com a ajuda dos resistir à salinidade, seca e metais pesa- – Michael Tennesen
Conversas em
Lindau
O 61o ncontro de r mios obel
de indau Alemanha reuniu es-
tudantes de diversos países e lau-
reados em uímica e edicina com
pesquisadores entre doutoran-
dos e pós doutorandos de vários paí-
ses selecionados por um rigoroso pro-
cesso. o evento participaram quatro
brasileiros entre eles amuel a ashi uma ferramenta necessária para obter minha experiência como empreende-
aito e artin ablo Cammarota empregos melhores na atividade priva- dor não foi muito atraente por causa
que revelaram um pouco do que da, ou para conseguir uma vaga de pro- de entraves administrativos. Fui aceito
pensam da ci ncia no rasil e de sua fessor na faculdade, mas isso não gera para mestrado na UFRGS, e insisti num
trajetória como pesquisadores. o salto de qualidade de que a pesquisa projeto um pouco arriscado, mas que no
Com pós doutorado pela Univer- nacional está precisando. final gerou bons resultados. Minha dis-
sidade de e castle Austrália Cam- aito por sua ve é aluno de dou- sertação foi um estudo químico e ava-
marota é hoje professor e pesquisador torado da Universidade stadual an- liação da atividade antioxidante de chá-
do nstituto do Cérebro da UC R e ta Cru U C em lhéus A pelo -verde brasileiro cuja publicação foi de-
do nstituto acional de euroci ncia rograma de ós graduação em e- terminante para eu ser aceito na Uesc.
ranslacional. le comentou a bai a re- nética e iologia olecular. asceu Hoje quero estabelecer-me num grupo
presentatividade brasileira no evento em ortol ndia e terminou os es- forte de pesquisa e realizar atividade de
É óbvio que há um desequilíbrio enor- tudos em aquara R . docência. Meu sonho é que seja aberto
me entre o grau de desenvolvimento da Fiz graduação em farmácia pela na Uesc o curso de farmácia. O salário
ciência brasileira, reconhecido interna- Ulbra, em Canoas (RS), uma univer- é pouco, mas prefiro continuar fazendo
cionalmente, e o número de representan- sidade particular, e depois o mestrado o que eu gosto.
tes que temos neste meeting. Há muitos na UFRGS em ciências farmacêuticas.
jovens pesquisadores competentes no Pagava a faculdade com meu trabalho. Por Ana Luíza Gibertoni Cruz médica infecto-
logista mestre pela scola de a de blica da
Brasil, de mesmo nível daqueles que es- Na época eu tinha um negócio de venda Universidade arvard. articipou do ncontro
tão aqui, ou ainda melhores, e não estou de produtos alimentícios naturais, mas em Lindau em junho deste ano
falando unicamente do eixo RJ-SP, mas
também de centros no sul e norte do país,
onde há gente muito boa trabalhando. O Nobel Smithies compartilha tese sobre teses
O Brasil atravessa uma fase que exi- Por Steve Mirski
ge maiores investimentos nos cursos de Oliver Smithies ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina em 2007. Em Lindau, ele
pós-doutorado, ainda poucos em relação falou sobre o que aprendeu com sua tese de pesquisa, que incluía o desenvolvimento de um
aos de doutorado. novo método para medir a pressão osmótica de misturas de proteínas.
Acho que estamos na hora certa de
“Aqui está a minha medição da pressão osmótica. Eu estava bastante orgulhoso desse
mudar o foco, promovendo a qualidade método. E publiquei-o com grande prazer. Esse trabalho tem um recorde: ninguém jamais
em lugar da quantidade e revertendo
LINDAU NOBEL LAUREATE MEETING (2011) / FLICKR
o citou. E ninguém nunca utilizou o método. Nem eu o utilizei outra vez. Então, tenho de
mais recursos para bolsas de pós-dou- lhes perguntar: qual o significado dele? A resposta é que eu aprendi a fazer boa ciência.
torado. Até a conclusão do doutorado, o Mas não importa o que eu fiz quando estava aprendendo a fazer boa ciência. Logo, não
importa o que se está fazendo ao elaborar uma tese, percebem? Mas é muito importante
“jovem cientista” é na verdade um aluno
que se goste do que se está fazendo. Porque se não gostarem, não farão um bom trabalho
que está amadurecendo seu saber den- e não vão aprender ciência. Então, tudo isso leva a que, se vocês não gostarem do que
tro de uma rígida hierarquia. Depois disso estão fazendo, peçam a seus orientadores que lhes deixem fazer outra coisa. E se o seu
é que ele deveria dar o salto de qualida- orientador não fizer isso, há outra solução: troquem de orientador.”
de em sua carreira, para então assumir o
Palestras e entrevistas de Lindau podem ser acessadas em:
controle integral de uma linha de pesqui-
www.lindau-nobel.org/WebHome.AxCMS ou na busca de: s ientifi ameri an om
sa. Infelizmente, no Brasil Ph.D. é ainda
O
jornalismo é uma profissão no A VIDA IMORTAL DE
mínimo controvertida. O antigo HENRIETTA LACKS
glamour que envolveu essa ativi- Rebecca loot. Companhia das
dade, ao menos até há pouco mais de etras págs. R
uma década, cedeu espaço a uma inter-
pretação menos respeitosa. A quantida- Pensar que o material disponível hoje
de de farsantes, exploradores do sofri- possa formar um fio celular de 100 mil
mento humano que se apresentam km e pesar 60 milhões de toneladas,
como “jornalistas”, em especial em quando o corpo de Henrietta não passa-
programas populares e policialescos na va de 1 metro e meio e não pesava mais
TV, é impressionante. que uns 50 quilos, já é perturbador. Mas
Mas o jornalismo de verdade não saber que tudo isso movimentou e movi-
está morto como um triceratope extin- menta montanhas crescentes de lucros é
to pelo impacto de um asteroide. Uma tão ou mais desconfortável.
fascinante demonstração dessa verdade Diante de uma história como esta,
está no livro A vida imortal de Henriet- quem se dispõe a falar de ética na ciência?
ta Lacks, da jornalista científica ameri- Culturas celulares se prestam a uma di-
cana Rebecca Skloot. versidade quase ilimitada de pesquisas nas
O relato sensível, que exigiu dela mais ciências da vida: vacinas, reprodução in
de duas décadas de pesquisas, parece vitro, mapeamento genético são algumas
ficção científica, mas é a mais pura reali- havia chegado da zona rural do sul dos delas, além das que já foram citadas. Re-
dade. E se você estiver pensando que tem Estados Unidos. becca Skloot ouviu de pesquisadores cien-
pouco a ver com isso, deixe-me dizer que Sem que Henrietta soubesse, ou sua fa- tíficos que mais de 60 mil pesquisas já
lamentavelmente está enganado. As va- mília fosse informada, o médico George foram feitas com as células replicadas de
cinas que você tomou até agora, os me- Gey coletou células de seu tumor para Henrietta e que pelo menos 10 outras se
dicamentos – que antes de ser postos à pesquisa científica, procedimento usual fazem todo dia em todo o mundo. Mas
venda foram testados em laboratório –, na época, especialmente com negros. E as quando os descendentes da pequena agri-
a pesquisa de evolução de doenças, os células dessa mulher, mudaram os rumos cultora ficaram sabendo disso, em 1973,
efeitos orgânicos da poluição e uma da ciência por uma surpreendente capaci- as células já haviam literalmente sido leva-
quantidade enorme de pesquisas, tudo dade de reprodução. Por que elas se multi- das até a Lua, em experimentos para testar
está intimamente ligado ao corpo pe- plicam tanto? Talvez pela característica as condições do ambiente espacial sobre
queno e frágil de Henrietta Lacks. Em do tumor, é o que tem sido considerado. essas unidades básicas da vida.
vida ela foi, a maior parte do tempo, Rebecca Skloot, que ouviu falar da li- Pesquisadores científicos não se sentem
uma lavradora pobre que trabalhou nhagem de células HeLa (iniciais do à vontade pensando nas HeLas como
duro na cultura do tabaco e morreu em nome de Henrietta) pela primeira vez aos fragmentos invisíveis do corpo de uma
1951, vítima de um tumor que cresceu 16 anos, em uma aula de biologia, escu- pessoa. É mais fácil desenvolver pesquisa
no colo de seu útero. tou de alguns pesquisadores que as célu- sem associar esse material ao corpo de
A história de Henrietta pode ser con- las replicadas de Henrietta seriam sufi- onde se originaram, disse a Rebecca
tada a partir de 4 de outubro de 1951, cientes para quase três voltas em torno Skloot o médico Robert Stevenson, uma
quando, após meses de sofrimento, ela da Terra. Numa balança imaginária, pe- das fontes que ela consultou. Em parte é
morreu numa ala destinada a pacientes sariam em torno de 60 milhões de tonela- uma posição justificável, mas, no caso de
negros no hospital Johns Hopkins, em das, mais que alguns dos asteroides que Henrietta, cuja foto (na capa) mostra uma
Baltimore, na costa leste americana. Aos rondam a órbita da Terra. mulher sorridente e cativante na juventu-
31 anos ela sucumbiu à devastação do O material que Gey retirou do corpo de, isso também é perturbador.
câncer e deixou cinco filhos pequenos na de Henrietta é a primeira linhagem imor- Se essa realidade não for suficiente
companhia do marido, Day Lacks, um tal da história da ciência, replicada indefi- para sensibilizar a indústria farmacêuti-
primo em primeiro grau com quem nidamente e em quantidades ilimitadas. ca quanto ao abuso desmedido, talvez
Guias ocultos
ESTABILIZADORES
– Mark Fischetti DO NAVIO
U
desvio de mais ou menos grau por hora. s giroscópios autoridades americanas prenderam um empresário chinês
em sistemas antiderrapantes t m desvios que chegam a a quem acusaram de estar tentando comprar giroscópios
graus por hora mas são teis porque operam por apenas de fibra óptica para utili ar em bombas inteligentes . m
alguns segundos para corrigir o veículo. mergulhadores das ações Unidas encontraram
giroscópios no leito do rio igre nas pro imidades de
VOO RASANTE – uma competição aérea em aris agdá e remontaram sua origem a um instituto militar
em o filho do inventor lmer perr a rence fe soviético desativado que tinha fabricado sistemas de
a demonstração de seu estabili ador giroscópico de direção para mísseis balísticos.
ROTOR DOBRADIÇA
GIROSCÓPIO REGULADO
DINAMICAMENTE
ROLAMENTOS
Um motor mantém um rotor de ferro
girando com velocidade constante. Se um
HASTE giroscópio mecânico for rodado por uma
força externa, o rotor começa a precessar,
provocando mudanças no campo magnético
GERADOR DE SINAL de um gerador de sinal, o que indica a
direção e a velocidade da rotação. O
gerador também instrui os magnetos de
MOTOR de ímã torque a se contrapor à precessão, para que
permanente o rotor não colida com sua cápsula.
O que é uma
espécie?
Ainda hoje cientistas continuam a debater essa
questão. Uma melhor definição poderá alterar a
lista das espécies ameaçadas
S
e você visitar o Parque Provin- canadenses estudaram o DNA dos lobos
cial de Algonquin, em Ontário, e trouxeram à tona a velha questão. Eles
Canadá, poderá ouvir os uivos argumentaram que os verdadeiros lobos-
solitários dos lobos e, com um pouco cinzentos (C. lupus) seriam apenas as po-
de sorte, observará ao menos de relance pulações que habitam o oeste da América
uma alcateia correndo, ao longe, através do Norte. Os lobos do Parque Provincial
da floresta. Mas quando chegar em casa de Algonquin, de acordo com os pesquisa-
todo contente por ter avistado aqueles dores, constituiriam uma espécie diferen-
animais, qual a espécie de lobo você dirá te, que eles renomearam C. lycaon.
ter encontrado? Se for tirar a dúvida com Outros especialistas em lobos não
dois ou três cientistas, talvez ouça diferen- aceitam que haja evidências suficientes Algonquin não estão apenas misturando
tes respostas. Pode até acontecer de um para separar C. lupus em duas espécies o DNA de C. lycaon com o DNA de C.
deles ficar em dúvida e lhe dizer que se distintas. Os dois lados, porém, concor- lupus mas, também, passando adiante o
trata dessa ou daquela espécie. dam que a identidade dos lobos do Parque DNA do coiote.
No século 18 naturalistas europeus de Algonquin ficou muito mais confusa Mesmo que C. lycaon, no passado, te-
nomearam de Canis lycaon os lobos do devido ao problema do intercruzamento nha sido considerado uma espécie, pode-
Canadá e do leste dos Estados Unidos, (hibridização). Os coiotes – outra espécie ria recuperar esse status? Muitos pesquisa-
porque eles pareciam di- HIBRIDIZAÇÃO do gênero Canis – vêm se dores acreditam que a melhor maneira de
ferentes de Canis lupus, Cruzamento entre indivíduos de expandindo a leste e inter- concebermos a espécie é vê-la como uma
o lobo-cinzento da Eu- espécies diferentes resultando cruzando com C. lycaon. população cujos membros cruzam princi-
ropa e da Ásia. No início em descendentes que portam
50% do genoma de cada uma
Agora, boa parte da popu- palmente entre si, tornando aquele grupo
do século 20, naturalistas das espécies parentais. lação de coiotes do lado les- geneticamente distinto das outras espécies.
americanos decidiram que te carrega o DNA do lobo, No caso dos lobos e dos coiotes fica difícil
os lobos de Algonquin pertenciam, na ver- e vice-versa. C. lycaon, entretanto, está dizer exatamente onde termina uma espé-
dade, à mesma espécie do lobo-cinzento intercruzando com lobos-cinzentos na cie e começa a outra. “Preferimos cha-
eurasiano, ou seja, Canis lupus. Mais borda oeste da área de distribuição desses má-la de Canis soup”, diz Bradley White,
recentemente, entretanto, pesquisadores animais. Assim os animais do Parque de da Universidade de Trent, em Ontário.
DEFINIÇÕES COMPLICADAS
ALGONQUIN PARK MUSEUM (centro); RICHARD HAMILTON SMITH Corbis (direita)
Esse debate vai além da mera con- já que milhares de animais pertencentes
venção de nomear corretamente as es- à mesma espécie, C. lycaon, ainda pros- É surpreendente ver o quanto os cientistas
JUSTINE COOPER; CANIS INSETS: W. PERRY CONWAY Corbis (esquerda);
pécies. Os lobos do sudeste dos Estados peram no Canadá. vêm debatendo para chegar a um consen-
Unidos são considerados uma espécie à Como ficou demonstrado, no caso so sobre algo tão simples e decidir se esse
parte, o chamado lobo-vermelho (Ca- dos lobos do Parque de Algonquin, ou aquele grupo de organismos constitui
nis rufus). Muito se tem feito para sal- definir espécie pode ser muito impor- ou não uma espécie. Talvez isso se deva
var essa espécie da extinção, com pro- tante para as medidas de preservação ao latim, que deu nomes às espécies, car-
gramas de reprodução em cativeiro e ambiental, tanto no que diz respeito regados de uma certeza absoluta, levan-
projetos de reintrodução ao seu hábitat às espécies ameaçadas quanto em re- do o público a pensar que as regras são
natural. Cientistas canadenses, entre- lação a seus hábitats. “Podemos dizer muito simples. Ou possivelmente isso se
tanto, argumentam que o lobo-verme- que, por um lado, trata-se de assun- deva a 1,8 milhão de espécies que os cien-
lho é, na verdade, apenas uma popula- to esotérico, de outro, de problema tistas vêm nomeando de uns séculos para
ção isolada de C. lycaon do lado sul. Se prático; e, talvez, de problema legal”, cá; ou, ainda, talvez, às leis como a En-
for assim, então o governo não está, de avalia Alan Templeton, da Washing- dangered Species Act (lei que estabelece
fato, salvando uma espécie da extinção, ton University em St. Louis. as regras para as espécies ameaçadas nos
versidade biológica. a possibilidade de essas aves pertencerem espécie, graças às barreiras reprodutivas.
Templeton e outros especialistas con- a espécies diferentes de lagópode-escocês, Assim, diferentes espécies podem procriar
sideram que o debate finalmente chegou ou ser apenas variedades – subgrupos em em épocas distintas do ano; determinada
a um ponto crítico. Eles acreditam que outras palavras – de uma única espécie. espécie pode achar os sons de corte de ou-
agora será possível combinar muitas das Charles Darwin se divertia com essa tras espécies nada estimulantes; ou, ainda,
ideias concorrentes em um único con- questão. “É engraçado ver como dife- o DNA de uma espécie pode ser incompa-
ceito básico. A unificação se aplicaria a rentes ideias se manifestam nas diferen- tível com o DNA de espécies diferentes.
qualquer tipo de organismo, de sabiás a tes mentes dos naturalistas, quando eles A maneira mais promissora para as
microrganismos. Esses pesquisadores es- falam em ‘espécies’”, escreveu em 1856. barreiras evoluírem é pelo isolamento.
peram com isso chegar a um método mais “Tudo isso resulta da tentativa de definir Assim, alguns membros de uma espécie
Menos Específico
Animalia
até que a população isolada se convertes-
Organismos multicelulares móveis
se em uma espécie distinta. (em sua maioria), incapazes de
A compreensão de como as espécies sintetizar os seus próprios
nutrientes (heterotróficos)
evoluem levou a uma nova ideia do que
vem a ser uma espécie. Ernst Mayr, orni- Filo
tologista alemão, declarou corajosamente Chordata
que a espécie não era apenas mera con- Organismos com um eixo
esquelético flexível (notocorda)
venção, mas uma entidade real, como e cordões nervosos
montanhas e pessoas. Em 1942 ele definiu
espécie como um pool gênico, ou reser- Classe
vatório gêni- Anphibia
Litoria
natural. Em primeiro lugar, o conceito de Rãs com pupilas
horizontais (não
Mayr não dizia nada sobre o quanto re- arredondadas)
produtivamente isolada uma espécie deve-
Mais Específico
Alouatta
palliata
iar
rocr
emp
Pod
Espécies de pássaro 1
Alouatta
pigra
Espécies de pássaro 2
girassóis, que pertencem à mesma espécie, essência daquele significado. Um dos espécie é questão de identificar um grupo
vivem em populações extremamente iso- maiores rivais do conceito biológico de de organismos que compartilham certas
ladas por toda a América do Norte. O flu- espécie, o chamado conceito filogené- características bem definidas. Os cientis-
xo gênico raramente ocorre entre elas. As- tico de espécie, substituiu o fator sexo tas, nesse caso, não dependem de condi-
sim, poderíamos da equação pela ideia de descendência a ções menos precisas, como isolamento
FLUXO GÊNICO aplicar o concei- partir de um ancestral comum. reprodutivo. Recentemente, por exemplo,
Passagem de genes entre to de Mayr para Organismos aparentados têm caracte- a pantera-nebulosa da ilha indonésia de
populações naturais resul
tado de migração ou de cru tratar cada uma rísticas comuns porque compartilham Bornéu foi declarada espécie distinta da
zamentos entre indivíduos dessas popula- o mesmo ancestral. Humanos, girafas e pantera-nebulosa do sul do continente
de populações diferentes. ções como espé- morcegos, todos descendem de mamíferos asiático. Todas as panteras-nebulosas de
cies distintas. mais antigos e, consequentemente, todos Bornéu compartilham características que
THOMAS E PAT LEESON Photo Researchers, Inc. (A. pigra); D. TIPLING Peter Arnold, Inc. (A. palliata)
O mais problemático são as espécies apresentam pelos e glândulas mamárias. não aparecem nas panteras do continente,
que não apresentam sexo, como no caso Dentro dos mamíferos, os humanos par- como a pelagem mais escura.
dos rotíferos da ordem Bdelloidea, mi- tilham um ancestral comum com os ou- Alguns críticos avaliam que, de acor-
croscópicos animais marinhos. A maioria tros primatas, do qual herdaram outras do com esse conceito, teríamos espécies
dos rotíferos se reproduz sexualmente, características como olhos na posição em demasia. “O problema com o concei- LUCY READING-IKKANDA (ilustração); BEN STECHSHULTE (Zimmer);
mas os rotíferos bdeloideos abandonaram frontal. Dessa maneira podemos desco- to é que ele não nos diz em que nível na-
o sexo há cerca de 100 milhões de anos. brir grupos cada vez menores até che- tural devemos suspender as subdivisões”,
Todos os rotíferos dessa ordem são fêmeas garmos a uma escala em que não podem observa Georgina Mace, da Imperial Col-
e desenvolvem seus embriões sem qual- mais ser subdivididos. Estes, de acordo lege de Londres. Uma simples mutação
quer necessidade de esperma. De acordo com o conceito filogenético, são as cha- pode, ao menos teoricamente, ser o bas-
com o conceito biológico de espécie, esses madas espécies. Podemos dizer, então, tante para conferir a um pequeno grupo
rotíferos não podem ser considerados es- que esse conceito de espécie tomou o sis- de animais o status de espécie. “É boba-
pécie, por estranho que possa parecer. tema original de Lineu e o modernizou à gem querer separar espécies a esses ní-
luz do pensamento evolutivo. veis”, avalia ela. Georgina argumenta que
EQUAÇÃO EM SEXO O conceito filogenético de espécie é uma população deveria ser considerada
Essa insatisfação levou alguns cientis- adotado por pesquisadores que neces- ecologicamente distinta – tal como defi-
tas a delinear novos conceitos de espé- sitam identificar as espécies em vez de nida pela geografia, pelo clima e pelas re-
cie. Cada um elaborado para captar a apenas contemplá-las. Reconhecer uma lações predador-presa – antes que alguém
Espécie 1
interpreta W. Ford Doolittle, da Dalhou- 0,2
Espécie 2
0,7
ções indistintas, mas grupos adaptados a
nichos ecológicos particulares. A seleção 0,8
mais do Parque Nacional de Yellowstone. vem os cientistas a separar as espécies mi- Carl Zimmer frequentemente escreve sobre evo-
Cada grupo de microrganismos geneti- crobianas tradicionais em muitas outras. lução para o New York Times para a National Geo-
graphic e para outras publicações. autor de seis
camente aparentados vive em nicho pró- Para evitar confusão, Cohan não quer livros incluindo mais recentemente Microcosmo: E.
prio dessas fontes termais – a determina- mudar completamente os nomes originais coli and the new science of life. eu blog The Loom
da temperatura, por exemplo, ou neces- das bactérias. Apenas pretende adicionar .scienceblogs.com loom ganhou o cientific
Americans cience and echnolog eb A ards.
sitando de certa quantidade de luz solar. a palavra ecovar (variante ecológica) no
Para Cohan, essa evidência é o bastante final do nome de cada espécie. De acordo PARA CONHECER MAIS
para justificar o status de espécie para com Cohan, a compreensão da natureza volution the triumph o an idea Carl immer. ar
um grupo de microrganismos. Ele e seus das espécies microbianas poderá ajudar perCollins .
colaboradores estão desenvolvendo um profissionais da saúde a se preparar para Speciation. err A. Co ne e . Allen rr. inauer
conjunto de regras que, esperam, serão combater novas doenças no futuro. Clas- Associates .
utilizadas por outros pesquisadores para sificar essas espécies poderia ajudá-los a hat evolution is rnst a r. asic oo s .
nomear novas espécies. “Decidimos que antecipar o aparecimento de uma epide- nderstanding evolution our one stop sour e
for information on evolution. ágina criada pelo u
temos de ir além de persuadir as pes- mia, dando tempo suficiente para que seu de aleontologia da Universit of California http
soas”, Cohan insiste. tomem as medidas mais adequadas. n evolution.ber ele .edu evolibrar home.php
A versatilidade
do carbono
grafeno uma forma de carbono recentemente
isolada tem se mostrado um rico filão para a física
básica e novas aplicações práticas
O
bserve um lápis comum. É sur- que formam um único plano, com ape- pesquisadores tentaram descamar pe-
preendente imaginar que esse nas um átomo de espessura. lículas de grafita formada por menos
instrumento simples, que hoje Durante anos, no entanto, todas de 100 planos atômicos. Por volta de
se usa para escrever, em outras épocas as tentativas de produzir grafeno fo- 1990, os físicos alemães da Universi-
já ocupou o topo da lista de ferramentas ram infrutíferas. A abordagem inicial dade RWTH Aachen isolaram pelícu-
de alta tecnologia e absolutamente indis- mais popular consistia em inserir várias las de grafita muito finas consideradas
pensáveis. Mas o fato ainda mais ines- moléculas entre os planos atômicos da opticamente transparentes.
perado são as notícias de que, cada vez grafita para separar os planos – técni- Uma década depois, um de nós
que alguém escreve com um lápis, Nanotecnologia ca chamada de (Kim), trabalhando com Yuanbo
as marcas que ficam no papel são esenvolvimento de materiais esfoliação quí- Zhang, então aluno de graduação da
formadas por pedacinhos do mais em escala nano do grego mica. Apesar de Columbia University, refinou o método
anão. anometro nm é uma
novo e cobiçado material da física unidade de medida correspon- as camadas de da clivagem micromecânica para criar
e da nanotecnologia: o grafeno. dente a metros. grafeno se desta- uma versão high-tech do lápis – um
A palavra grafeno vem de gra- carem da grafita “nanolápis”. Escrever com o nanolá-
fita – ou grafite –, o “miolo” do lápis: em algum estágio transiente do proces- pis implicava usar fatias de grafita com
um tipo de carbono puro formado por so, elas nunca foram identificadas dessa apenas algumas dezenas de camadas
camadas de átomos empilhadas. A es- maneira. Ao contrário, o produto final atômicas de espessura (ver quadro na
trutura enfileirada da grafita foi desven- geralmente aparece como uma pasta de pág. 26). Mas o material resultante ain-
dada há séculos e por isso é natural que partículas de carbono. da era grafita fina e não grafeno.
os físicos e especialistas em ciências dos Logo depois disso, físicos e en- Em 2004, outro de nós (Geim), jun-
materiais venham tentando desde então genheiros tentaram uma abordagem tamente com um pesquisador de pós-
laminar o mineral para estudar as pro- mais direta. Separaram os cristais de -doutorado, Kostya S. Novoselov, e seu
priedades das camadas que o formam. grafita em lâminas cada vez mais finas colaborador da University of Manches-
Grafeno é a denominação dada a uma esmagando ou esfregando-os contra ter, na Inglaterra, estava analisando vá-
dessas camadas. Ele é inteiramente for- outra superfície. A técnica, conhecida rias possibilidades para conseguir amos-
mado por átomos de carbono ligados como clivagem micromecânica, fun- tras de grafita ainda mais finas. Nessa
em uma rede de sucessivos hexágonos cionava surpreendentemente bem. Os época vários laboratórios começaram a
fazer tentativas com fuligem, mas Geim e os materiais conhecidos, como também ponderante nas antigas civilizações le-
seus colegas, levados pela serendipidade, é extremamente duro. Além disso, na tradas da China e da Grécia. Foi assim
começaram a trabalhar com pedacinhos sua forma pura, conduz a eletricidade até o século 16, quando os ingleses des-
dos resíduos que sobravam quando a à temperatura ambiente melhor que cobriram um grande depósito de grafita
grafita era desgastada por força bruta. qualquer outra substância. Engenheiros pura, então chamada de plumbago (do
Eles simplesmente colaram um floco de estão analisando esse material para de- latim “minério de chumbo”). Sua uti-
pó de grafita em fita adesiva, dobraram terminar se pode ser fabricado na forma lidade como marcador logo se tornou
o lado aderente da fita sobre o floco e de subprodutos como os compostos su- evidente, e os ingleses não perderam
depois separaram as duas partes da fita, perduros, telas inteligentes, transistores tempo em torná-la um substituto para a
dividindo o floco em duas metades. À super-rápidos e até compu- caneta de pena e o tinteiro.
medida que os especialistas repetiam tadores de ponto quântico. Ponto quântico Mas foi somente em
lhas semicondutoras
esse processo, os fragmentos resultan- Enquanto isso, a natu- menores do que nanome- 1779 que o químico sueco
tes se tornavam cada vez mais finos (ver reza peculiar do grafeno tros. ão capa es de aprisio- Carl Scheele mostrou que
quadro na pág. 27). Uma vez obtidos vá- em escala atômica está nar elétrons individuais. o plumbago era carbono,
rios fragmentos finos, os pesquisadores permitindo que físicos in- e não chumbo. Uma déca-
examinavam meticulosamente as partí- vestiguem fenômenos que precisam ser da depois o geólogo alemão Abraham
culas resultantes – e ficaram atônitos ao descritos pela física quântica relativís- Gottlob Werner sugeriu que a substân-
verificar que alguns grãos tinham apenas tica. O grafeno permite que físicos ex- cia poderia ser chamada mais apropria-
um átomo de espessura. Ainda mais sur- perimentais testem as hipóteses da me- damente de grafita, derivada da palavra
preendente foi o fato de os pedacinhos cânica quântica relativística utilizando grega que significava “escrever”. En-
recém-identificados de grafeno se mos- aparelhos de bancada em laboratórios. quanto isso, os fabricantes de munição
trarem quimicamente estáveis nas condi- descobriram que o material produzia
ções normais de temperatura e pressão. A FAMÍLIA DO GRAFENO um revestimento ideal na moldagem de
A descoberta experimental do gra- Lembrando como o uso do lápis está balas de canhão. Essa aplicação tornou-
feno despertou um interesse internacio- disseminado no mundo todo é estranho -se um segredo militar mantido a sete
MATT COLLINS
nal avassalador por novas pesquisas. O que o material que se tornou conhecido chaves. Durante as Guerras Napoleô-
grafeno não só é o mais fino de todos como grafita não tenha tido papel pre- nicas, por exemplo, a Coroa britânica
Grafeno
Grafita
Nanotubos de carbono Buckyball
embargou a venda para a França tanto tância. As duas novas Fulereno nização está o próprio
O número de átomos de carbono
da grafita quanto do lápis. formas moleculares fo- numa molécula fuler nica pode grafeno, uma grande es-
Em décadas mais recentes a grafita ram classificadas como variar de a milhares. m trutura de anéis benzêni-
vem recuperando parte de seu alto sta- fulerenos – os termos o ingl s arold . roto e os cos unidos na forma de
americanos Robert . Curl e
tus tecnológico de outrora, enquanto os fulereno e buckyball Richard . malle relataram a uma lâmina de hexágo-
pesquisadores exploram as proprieda- foram cunhados em descoberta de mais uma forma nos (ver quadro acima).
des e as potenciais aplicações de várias homenagem ao arqui- alotrópica do carbono sendo a Outras formas grafíticas
primeira molecular o buc mins-
formas moleculares de carbono, antes teto e engenheiro ame- terfulereno C . são compostas por grafe-
desconhecidas, que ocorrem em mate- ricano visionário Buck- no. Pode-se imaginar as
riais grafíticos comuns. minster Fuller, que estudou essas varie- buckyballs e vários outros fulerenos
A primeira delas, uma molécula dades antes mesmo da descoberta das não tubulares como folhas de grafeno
com a forma de uma bola de futebol próprias formas do carbono. enroladas em esferas, esferoides alon-
denominada buckyball, foi descoberta gados e outras formas arredondadas
em 1985 pelos químicos americanos TELA DE GALINHEIRO MOLECULAR em escala atômica. Os nanotubos de
Robert Curl e Richard E. Smalley, jun- Os átomos que formam a grafita, o carbono são formados basicamente
tamente com seu colega inglês Harry fulereno e o grafeno têm o mesmo ar- por folhas de grafeno enroladas em ci-
Kroto. Seis anos depois, Sumio Iijima, ranjo estrutural básico. Cada estrutura lindros minúsculos. Como já foi men-
físico japonês, identificou as es- tem seis átomos cionado, a grafita é formada por uma
truturas cilíndricas de átomos Nanotubos de carbono forte- pilha grossa,
de carbono na forma de colmeias Cilindro formado por uma folha mente ligados na Anel benzeno
Cadeia carbônica for-
tridimensional,
de grafite enrolado. istem
conhecidas como nanotubos. Em- três importantes campos de forma de um he- mada por seis átomos de folhas de
bora os nanotubos tivessem sido pesquisa com nanotubos de xágono regular – de carbono. grafeno; as fo-
relatados por vários pesquisado- carbono o estudo químico das o anel de benzeno. lhas são manti-
estruturas nanométricas suas
res em décadas anteriores, não aplicações biomédicas e na No nível se- das juntas pela ação de forças de atra-
tinham recebido a devida impor- área de eletr nica. guinte de orga- ção intermoleculares chamadas forças
sim, só foram detectados há pouco tem- carbono e a regularidade dos planos dução, além de viajarem totalmente de-
po. Mas a comunidade científica tem nos quais seus átomos de carbono se simpedidos através dos planos do cristal,
dado atenção a todas essas moléculas. distribuem. Os pesquisadores não con- deslocam-se muito mais rápido, como se
As buckyballs são notáveis princi- seguiram detectar até agora um único tivessem menos massa que os elétrons
palmente como exemplo de um tipo defeito na estrutura atômica do grafe- que perambulam a esmo nos metais co-
praticamente novo de molécula, em- no – por exemplo, uma lacuna em al- muns e nos semicondutores. De fato, os
bora elas possam ter também impor- guma posição atômica no plano ou um elétrons do grafeno – talvez um termo
tantes aplicações, principalmente no átomo fora de lugar. A perfeita orga- mais apropriado seria “portadores de
transporte de fármacos no interior do nização dos cristais parece origi- Diamante carga elétrica” – são
organismo. Os nanotubos de carbono nar-se das ligações interatômicas Assim como o grafite e o entidades que vivem
combinam um conjunto de proprie- fortes, embora extremamente fulereno é uma das for- em um mundo maluco
mas alotrópicas do carbo-
dades físicas incomuns – químicas, flexíveis, que criam um material no. uito duro difícil de onde regras análogas
eletrônicas, mecânicas, ópticas e térmi- mais duro que o diamante e ain- ser riscado é usado para às da mecânica quân-
cas – que inspiraram uma grande va- da permitem que os planos do riscar e cortar materiais tica relativística de-
como o vidro e também
riedade de aplicações potencialmente cristal se curvem quando sub- na fabricação de joias. sempenham papel pre-
inovadoras. Essas inovações incluem metido à ação de forças mecâni- ponderante. Até onde
materiais que podem substituir o silí- cas. A flexibilidade possibilita que a es- se sabe, esse tipo de interação dentro de
O traço do nanolápis
Produzir amostras grafíticas que tenham aproximadamente a espessura de uma única camada de grafeno tem exigido um esforço
con iderá e . ma orma de a er i o render um microcri ta de rafita ao ra o de um canti er de um micro c io de or a at mica
e raspar a ponta do microcristal contra uma placa de silício (esquerda). E e nano á i de o ita di co fino , an ueca , de ra eno
sobre a placa (direita). A amo tra na micro rafia e etr nica e t o am iada mi e e .
Placa de silício
“Panquecas”
de grafeno
SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL AULA ABERTA 27
um sólido é típica do grafeno. Graças a dos planos do cristal, os elétrons in- dem ser descritas ou pela física clássica
esse novo material presente nos lápis, a teragem com os campos eletrostáticos de Newton ou pela mecânica quântica
mecânica quântica relativística não está por eles criados, que os puxam e em- convencional, isto é, não relativística.
mais confinada à cosmologia ou à física purram para frente e para trás, num À medida que os elétrons viajam
de partículas de alta energia; ela, agora, movimento complexo. O resultado através da teia em forma de tela de ga-
invadiu os laboratórios. final é que os elétrons em movimen- linheiro formada pelos átomos de car-
to se comportam como se tivessem bono no grafeno, eles também agem
BIG BANG NAS massa diferente da massa dos elétrons como um tipo de quase partícula. Es-
PLANURAS DO CARBONO comuns – chamada massa efetiva. Os pantosamente, no entanto, as quase
Para tentar entender o comportamen- físicos denominam esses transportado- partículas portadoras de carga do gra-
to estranho dos portadores de carga res de carga de quase partículas. feno não apresentam comportamento
elétrica no grafeno é bom compará- Essas partículas carregadas, seme- muito parecido com o do elétron. Na
-los com os elétrons que se movem lhantes a elétrons, se deslocam atra- verdade, seu análogo mais próximo é
em condutores comuns. Os elétrons vés do metal condutor com velocida- outra partícula elementar, o neutrino,
“livres” que formam a corrente elé- de muito menor que a velocidade da praticamente desprovida de massa.
trica em um metal não são realmente luz. Não há necessidade, portanto, de Naturalmente, o neutrino é eletrica-
livres, como no vácuo. Como é sabido, aplicar as correções da teoria da rela- mente neutro – em italiano, neutrino é
eles transportam carga negativa e, por tividade de Einstein aos seus movimen- o diminutivo de neutro –, enquanto as
isso, quando se deslocam através de tos; essa teoria se torna importante quase partículas do grafeno transpor-
um metal deixam um déficit de carga somente em velocidades próximas à tam a mesma carga elétrica que o elé-
nos átomos do metal onde se origina- da luz. Por essa razão, interações de tron. Mas, como o neutrino viaja com
ram. Assim, ao se deslocarem através quase partículas em um condutor po- velocidade próxima à da luz, quaisquer
mais ou menos como uma onda que se propaga pelo espaço. A onda
2 MECÂNICA QUÂNTICA
representa aproximadamente a probabilidade de o elétron se
encontrar em um determinado ponto do espaço e do tempo. Quando Elétron como Existe alguma
essa onda que se “propaga lentamente” se aproxima de uma barreira uma onda chance de o
que se elétron
de energia potencial (onda azul em 2a), ela penetra na barreira de tal “propaga
lentamente” penetrar na
forma que existe alguma probabilidade, que não seja 0 nem 100%, de barreira
que o elétron poderá ser encontrado do lado mais distante da barreira
(2b). Na verdade, o elétron “tunela” através da barreira. a b
Tunelamento parcial
locidade. Estranhamente, elas surgem gia do vácuo, desde que o tempo de vida necida pelo combustível que o motor
praticamente do nada – do vácuo. das partículas seja tão curto que o défi- consome. Partindo do topo da colina,
A razão desse comportamento é con- cit de energia seja suprido antes que elas no entanto, o caminhão pode descer a
sequência de uma das muitas versões do possam ser detectadas. encosta “na banguela”. A energia po-
princípio da incerteza de Heisenberg, O dinamismo intrigante do vácuo tencial que ele ganha ao subir a encosta
da mecânica quântica: grosseiramente na eletrodinâmica quântica leva a vá- é transformada em energia cinética de
Ilha Fonte
Sumidouro
TRANSISTORES COM UM ÚNICO ELÉTRON MATERIAIS COMPOSTOS
movimento quando o caminhão desce No tunelamento quântico não relati- radoxo de Klein poderia ser testado de
ladeira abaixo em ponto morto. vístico a probabilidade de que a partícu- fato, mesmo que em princípio. As quase
la de baixa energia “tunele” através de partículas de Dirac desprovidas de mas-
TESTANDO COISAS ESTRANHAS uma alta barreira de energia potencial sa do grafeno foram agora recuperadas.
As partículas também podem se deslo- pode variar, mas nunca chega a 100%. A No grafeno, o paradoxo de Klein torna-
car rapidamente “montanha abaixo” probabilidade de tunelamento quântico -se um efeito rotineiro com consequên-
por conta própria, indo de regiões com diminui à medida que a barreira se torna cias observáveis imediatas. Por serem
energia potencial relativamente alta mais alta e mais larga. No entanto, o pa- portadoras de carga, as quase partículas
para outras relativamente baixas. Se radoxo de Klein muda completamente as de Dirac sem massa se deslocam den-
uma “encosta” de alta energia poten- características do tunelamento quântico. tro de um cristal de grafeno através do
cial rodear uma partícula em um “vale” Ele estabelece que partículas relativísti- qual é aplicada uma diferença de tensão
O refinado
instrumento humano
A julgar pelo tamanho nosso sistema fonador não
surpreende como instrumento musical. Como então os
cantores conseguem emitir sons tão impressionantes
O
aparelho fonador humano não Por mais de meio século, cientistas ex- entendida como tom, juntamente com
seria muito aclamado se os fa- plicaram a capacidade da voz para criar frequências mais altas que definem o tim-
bricantes de instrumentos o equi- sons citando a chamada teoria linear bre (a “cor”do
Timbre
parassem a instrumentos tradicionais de acústica da palavra (discurso), em que a Característica fisiológica som); um ou
uma orquestra. Organizados por tama- fonte sonora e o ressonador (ou amplifi- do som que torna distintos mais ressonado-
nho, por exemplo, a caixa vocal (larin- cador) trabalham de forma independente. para o ouvinte sons de res que conver-
mesma altura mesma fre-
Laringe ge) – e a via aérea Fonte sonora Mas, hoje em dia, qu ncia emitidos por ins- tem a frequência
Conduto musculocarti- onde ela se en- todo material ou cor- sabe-se que as inte- trumentos diferentes mes- f u n d a m e n t a l
laginoso com revesti- contra – ficaria, po que produ refor- mo que esses sons tenham aumentando a
ça ou emite o som.
rações não lineares
mento interno mucoso a mesma intensidade.
situado imediatamente acompanhada do – aquelas em que intensidade da
acima da traqueia flautim, entre os fonte e ressonador se alimentam mutua- sua vibração; e
comunicando se na menores produ- mente – desempenham papel crucial na uma superfície ou orifício propagador
parte superior com a
faringe tem por fun- tores de música geração dos sons vocais. Essas desco- que libera os sons no ar até chegarem aos
ção entre outras inter- mecânicos. Ainda bertas possibilitaram esclarecer como os ouvidos do receptor.
vir no mecanismo da assim, cantores grandes intérpretes criam sons. Considerando um trompete, os lábios
fonação e evitar a
penetração de alimen- experientes com- de um músico vibram
to na traqueia. petem em pé de TECLAS QUE PRODUZEM MÚSICA conforme o ar inflado Trompete
igualdade com to- Aparentemente, encontramos imperfei- nos pulmões é soprado nstrumento musical de
dos os instrumentos criados pelo homem ções estruturais e operacionais em todas entre eles em um bocal sopro de metal com
embocadura e tubo
e, até mesmo, com orquestras inteiras. as partes do aparelho vocal humano. com formato cônico cilíndrico alongado que
Estudos recentes sobre como nossa Para produzir música um instrumento para criar uma frequ- termina em pavilhão
voz pode gerar uma impressio- necessita de três ência fundamental e di- c nico. á o trompete
parelho vo al humano liso que produ ape-
nante variedade de sons durante componentes bá- versas frequências mais nas a série harm nica
Corresponde a todos os meca-
o canto revelaram uma surpreen- nismos que servem para produ- sicos: uma fonte altas, conhecidas como de uma nota fundamen-
dente complexidade no comporta- ir a vo . corpo humano não geradora que vi- tal e o trompete cromá-
Frequência tico trompete de pis-
mento dos elementos do aparelho dispõe de nenhum órgão espe- bre para criar uma tons ou simplesmente
cífico para isso mas utili a um mero de oscilações ou
vocal e no modo como interagem. conjunto de órgãos chama- frequência que é de vibrações reali adas na pistom instrumento
do aparelho fonador. unidade de tempo. dotado de pistons.
e eitos não Ao pressionar uma das extremidades cordas; as cordas mantêm uma tensão
lineares em suas da corda com o dedo, um músico se- constante, entre suas extremidades. Os
vo ali aç es
para atingir a
leciona diferentes frequências. Se a ex- instrumentistas raramente conseguem
sonoridade tensão oscilatória da corda for cortada manipular a tensão e o comprimento
extrema. ao meio sem a mudança de tensão, por ao mesmo tempo.
●
2 RESSONADOR
●
2 RESSONADOR (tampo) Laringe (via aérea)
●
1 FONTE GERADORA
(pregas vocais da laringe)
●3 PROPAGADOR (orelhas ou “efes”)
Traqueia
A PEQUENA FONTE CAPAZ para obter um ganho máximo de fre- ponente é um ligamento que se parece
Em contraste, para “tocar” as pregas quência é necessário aumentar a tensão com uma corda, motivo pelo qual as
vocais humanas, os cantores precisam (isto é, o estresse tensor ou tensão por pregas são chamadas popularmente de
fazer o que nenhum instrumento de área de seção transversal) ao diminuir o “cordas”. Cientistas demonstraram em
corda é capaz: variar a extensão e a comprimento. Essa resposta exigiria um testes biomecânicos que o estresse nes-
tensão do elemento vibrante e, simul- material incomum, pois se ligamento aumenta de
taneamente, trocar de frequência. Em a maioria dos materiais Biomecânicos modo não linear quando
ão os estudos dos fundamen-
lugar de comprimir as pregas vocais aumenta a tensão (es- tos mec nicos das atividades pouco esticado; ele pode
com o dedo, o cantor reduz sua exten- tresse) somente quando biológicas em especial as virtualmente vacilar quan-
esticados. Imagine um musculares. A biomec nica do curto, mas mantém-se
WireImage/Getty Images (Tyler); ADAM QUESTELL (ilustração)
mos estender ou encurtar as pregas ser esticado. Portanto, cíficos e diversos níveis de do estendido. Por exem-
vocais, para aumentar a frequência? tensão e comprimento pesquisa nas universidades plo, esticando-o de 1 para
é também uma especialidade
Há uma argumentação para cada tipo concorrem para mudan- e uma disciplina oferecida apenas 1,6 cm, ele pode
de ajuste. Pregas vocais longas vibram ça de frequência. pelos cursos superiores de aumentar seu estresse in-
em uma frequência mais baixa, mas A Natureza resolveu educação física fisioterapia e terno à razão de 30, resul-
terapia ocupacional.
pregas mais tensas vibram em frequ- esses problemas criando tando numa mudança de
ências elevadas. as pregas vocais com um frequência média de mais
A equação física que descreve a fre- elemento de três partes que apresenta de 5 por 1 (lembre-se da relação com a
quência de uma corda sob tensão, fi- propriedades não encontradas em cor- raiz quadrada mencionada anteriormen-
xada nas extremidades, estabelece que das e instrumentos comuns. Um com- te). Contudo, o aumento de 60% no
Ar em
movimento
Coluna de ar
estacionária
ressão ressão
estíbulo em elevação em queda
laríngeo
●
1 ●
2 Fechamento ●
3 ●
4 Laringe
Pregas das pregas
vocais
Abertura
ADAM QUESTELL
ons harm ni os
uando um instrumento
emite determinada nota
diversos sons de frequên-
cias m ltiplas se superpõem
para constituir essa nota.
esses sons o de menor sam sobre um suporte, A menor frequência que pode ser resso-
frequência constitui o som a ponte ou o cavalete, nada é de cerca de 500 hertz (ciclos por
fundamental e os demais
com frequ ncias m ltiplas que separa as cordas do segundo – metade disso quando certas
são os sons ham nicos. tampo, cuidadosamen- vogais são cantadas, como u ou i). Como
te criado para vibrar o trato vocal é um tubo ressonador pra-
amigavelmente em muitas das mesmas ticamente fechado em uma das extre-
frequências naturais que as cordas po- midades, suas frequências ressonantes
dem produzir, passando a amplificá- incluem apenas os múltiplos primos
-las. A massa de ar entre a chapa do inteiros (1, 3, 5...) da menor frequência
fundo e a do tampo também consegue de ressonância. Portanto, esse pequeno
oscilar nas mesmas frequências naturais tubo pode ressonar simultaneamente
das cordas. Em muitos instrumentos de apenas os harmônicos primos de uma
sopro de latão e de madeira, a vara (com frequência original de 500 Hz (500 Hz,
suas válvulas) é concebida para coincidir 1.500 Hz, 3.500 Hz...).
com muitas das frequências originais, in- E, como o trato vocal não pode alte-
dependentemente do tom executado. rar o comprimento do tubo com válvulas
Como a lei da física determina que ou varas (senão por uns poucos centíme-
todos os sons uniformes (contínuos) são tros projetando o lábio ou baixando a la-
compostos de frequências originais espa- ringe), ao que parece, nosso ressonador
çadas em harmonia – significando que deveria estar irremediavelmente restrito
todas as frequências originais são múlti- em suas possibilidades de ação.
plos inteiros (2:1, 3:1, 4:1...) da funda-
mental –, o ressonador deve sempre ser RESSONANDO UM TUBO CURTO
IRA NOWINSKI Corbis (Sutherland); ADAM QUESTELL (ilustração)
amplo para acomodar esses grandes in- Mais uma vez, estudos recentes indicam
tervalos de frequência. Essa lei da física que os efeitos não lineares vêm em nos-
determina que a campânula do trompete so socorro. Desta vez é uma interação
tenha de 1,2 a 2 metros de comprimento, não linear entre os elementos do apa-
DAME oan utherland sabia que os tubos do trombone se estendam por relho. Em lugar de amplificar cada har-
algumas vogais não podem ser usadas
quando se cantam certos tons. A
3 a 9 metros, e os tubos da tuba desen- mônico com uma ressonância específi-
soprano australiana substituiu algumas rolados meçam de 3,7 a 5,2 metros. A ca do corpo principal do instrumento
das vogais na letra de certas óperas Natureza foi econômica com o tamanho (como ocorre, por exemplo, nos tubos
hegando a ponto de pronun iar as do ressonador. O porte total de uma via de diferentes tamanhos de um órgão,
palavras erradamente para melhor aérea humana sobre as pregas vocais tem em que cada um ressona certos harmô-
adequ las entonação desejada
apenas cerca de 17 cm de comprimento. nicos), nosso curto trato vocal propaga
E
m uma era de mudanças climá- cultiva encostas tão íngremes que corre o rodado em um mundo sem crianças)
ticas e economias naufragantes, risco de cair dos campos (a menos de seis faria alguma diferença nas mudanças
os limites malthusianos para o décimos de acre, a terra cultivável global climáticas, na escassez de água ou na
imites malthusianos crescimento es- per capita hoje é pouco mais que a me- falta de terra na próxima década. So-
economista brit nico tão de volta – e tade do que era em 1961, e mais de 900 mos 7 bilhões hoje, e mais estão a ca-
homas Robert althus nos apertando milhões de pessoas passam fome). Me- minho. Para tocar nesse problema em
afirmou que o
fenômeno da fome ocorre- de forma desa- nos capacidade atmosférica para aceitar curto prazo sem atirar ninguém para
rá se a população aumen- gradável. Embo- os gases retentores de calor, que podem fora do barco, precisamos diminuir, de
tar a uma taxa superior à ra um número fritar o planeta por séculos. Energia e forma radical, o impacto de cada um no
taxa de aumento da produ-
ção de alimentos. maior de pessoas comida mais escassas e mais caras. Se a ambiente por meio de avanços tecno-
já tenha signifi- economia mundial não voltar aos seus lógicos e possivelmente forçando uma
cado mais inventividade, mais talento e dias de glória, menos crédito e menos mudança no estilo de vida humano.
mais inovação, hoje quer dizer apenas empregos. Até que a população mundial pare
menos para cada um. Menos água para Não é surpreendente que esse tipo de de crescer, no entanto, não haverá fim
cada criador de gado no nordeste africa- dilema abra de novo uma ferida antiga: a para a necessidade de espremer o consu-
no. (A ONU prevê que haverá mais de população humana e a questão de fazer mo individual
Filhos da esperança
4 bilhões vivendo em nações com déficit ou não alguma coisa sobre o seu tama- icção científica de de combustíveis
hídrico ou com estresse hídrico até 2050, nho. Vamos concordar que nada menos produção inglesa em que a fósseis e outros
comparados a meio bilhão em 1995.) que uma queda populacional catastrófi- humanidade se v s voltas recursos natu-
com o problema de e tinção
Menos terra para cada agricultor, que já ca (pensem no filme Filhos da esperança, porque as mulheres não con- rais. Um olhar
seguem mais engravidar.
sugerem que o impacto ecológico futu- Nos Estados Unidos, essa discussão con- para desacelerar esse
ro será de uma escala tão grande que só tinua silenciosa. A preocupação da po- crescimento; e a preocupação no Reino
poderemos administrar e nos adaptar da pulação varia entre a imigração ilegal e a Unido não é somente com as pessoas “lá
forma que pudermos. mãe solteira californiana de óctuplos que longe” nos países em desenvolvimento.
O crescimento populacional cons- foi notícia recentemente. No entanto, Jonathan Porritt, presidente da Comis-
tantemente empurra as consequências mesmo quando a mídia chega a abordar são de Desenvolvimento Sustentável do
de qualquer nível de consumo para um o crescimento populacional nacional, isso governo, cutucou a onça com vara cur-
patamar mais alto, e as reduções no con- é feito por eufemismos como “expan- ta, chamando os pais de mais de duas
sumo individual podem sempre ser so- são” (o culpado, em tese, pela poluição crianças de “irresponsáveis” e acusando
RUDY SULGAN, CORBIS (FOTO); FONTE: ROBERT ENGELMAN (GRÁFICO POPULACIONAL HISTÓRICO), DANDARA PANARONI (ILUSTRAÇÃO DE GRÁFICOS)
vez mais escassas, até que o governo eli- consumo é como nos comportamos. Nes- bastantes para produzir o efeito de
mine os “bônus por filho” no imposto de te mundo desigual, o comportamento de modificar os litorais, nem se todos
renda e seja mais rígido com a imigração. uma dúzia de pessoas em um lugar às ve- nós dirigíssemos carros grandes e
Um político de Nova Gales do Sul discur- zes tem mais impacto ambiental que o de vorazes. Mas, em vez disso, conti-
sou no lançamento do livro. algumas centenas em outro lugar. nuamos a aumentar nosso número,
Com comentários como esse ga- Consideremos como esses princípios que está previsto para chegar a 9,1
nhando cada vez mais atenção – e, em estão relacionados com o aquecimento bilhões na metade do século.
alguns círculos, aprovação – será que global. Os gases do efeito estufa já lan- O comportamento de consumo
os ambientalistas e, finalmente, os po- çados na atmosfera devem nos levar para da humanidade, em consequência,
líticos irão renovar o clamor antigo por perto do aumento de 2oC em relação à importava e ainda importa, e, nes-
“controle populacional”? Será que isso média de temperatura global pré-indus- se aspecto, todas as pessoas foram
seria inteligente? trial, que muitos cientistas consideram criadas iguais. A liberação de gases
como o limite mais provável para uma do efeito estufa está ligada na maior
QUANTOS SOMOS catástrofe climática potencial. A Terra já parte, pelo menos até recentemente,
Duas grandes questões se apresentam à está sofrendo secas mais rigorosas, tem- aos altos hábitos de consumo das
medida que o crescimento populacional pestades mais intensas e níveis do mar nações industrializadas. Por isso,
emerge das sombras: será que um declí- maiores. Se os cientistas tiverem razão, em um ultraje ético maior que os
nio possível no crescimento populacional esses impactos irão piorar por décadas, outdoors, as mudanças futuras
se não uma explosão populacional, pelo ma afeta comprovadamente as tendên- que se beneficiam dos subsídios. Os go-
menos um aumento significativo. Pela pri- cias demográficas em longo prazo, e, vernos ainda podem subsidiar consumos
FONTES: PLANILHA DE DADOS POPULACIONAIS MUNDIAIS, POR C. HAUB, 2007 (gráfico do topo);
meira vez, desde a década de 70, o núme- principalmente, é provável que nenhuma baixos a partir de deduções de impostos
ro médio de crianças nascidas de mulhe- delas tenha apoio do público. Quando e créditos, mas os fundos para essas ações
res americanas passou de 2,1 – o número o governo da Índia recompensou os tra- na escala necessária provavelmente irão
no qual os pais se repõem nas populações balhadores da área de saúde por atingir se tornar cada vez mais escassos.
dos países desenvolvidos e em alguns cotas de esterilização, em 1976, o zelo de
países em desenvolvimento. Mesmo se a alguns deles em usar seus bisturis sem se O ZEN DA POPULAÇÃO
imigração líquida terminasse amanhã, a importar com os desejos dos seus pacien- Um fator ignorado nos debates ambien-
continuação dessa taxa de fertilidade iria tes contribuiu para a queda do governo tais sobre população e consumo é que
garantir um crescimento maior na popu- de Indira Gandhi em 1977. quase todas as nações do mundo con-
lação americana por décadas. Como podemos reduzir o consumo? cordaram, em uma abordagem com-
Aqueles que consideram o crescimen- Ideias como planos de limitar pletamente diferente
ireitos de emissão
to populacional um ponto-chave para o as emissões de gases do efeito aíses cuja emissão de gases para o problema do
problema normalmente dizem pouco estufa e permitir que as empre- de efeito estufa estejam abaixo crescimento, há 15
sobre quais políticas livrariam o planeta sas comprem direitos de emis- dos níveis estabelecidos pelo anos, que fundamenta
rotocolo de oto podem ven-
de alguns bilhões de pessoas. Será que são são baseadas no mesmo der seus créditos de carbono a os resultados demo-
deveríamos reestruturar a cobrança de princípio: aumentar o preço do outros com níveis excessivos gráficos positivos nas
impostos para favorecer famílias peque- que prejudica o ambiente para em troca de benfeitorias que decisões que os indi-
visem a preservação ambien-
nas? Divulgar os benefícios de famílias reduzir o seu consumo. Além tal como a construção de usi- víduos fazem visando
nas de energia solar.
Egito 2005
2,9
3.8
Os níveis de fertilidade na África estão
se estabilizando após anos de queda
Motivos para preocupação: quedas nas taxas de fertilidade não podem ser aceitas
EDUCAÇÃO E FERTILIDADE: Dados sem reservas. Em algumas partes da África, elas parecem estar se estabilizando
de todas as partes do mundo atestam uma bem acima da taxa de reposição. De forma surpreendente, os Estados Unidos e
tendência robusta: as taxas de natalidade
arte da Euro a arecem e tar o rendo um aumento e ueno ma i nificati o na
aem quando as mulheres t m mais
a esso edu ação melhora do a esso fertilidade, além dos aumentos populacionais com a imigração.
eminino edu ação e s oportunidades
que isso abre) pode ser um dos modos
mais poderosos de reduzir do crescimento fi o or mu er
populacional. Abaixo, meninas durante
aula no Quênia. Uganda
7
hade
STATISTIC AGENCIES (gráfico do meio); ORC MACRO, MEASURE DHS STACOMPLIER (www.measuredhs.com, acessado em 15 de
6
FONTES: DIVISÃO POPULACIONAL DA ONU E PESQUISAS NACIONAIS DEMOGRÁFICAS E DE SAÚDE (gráfico do topo); NATIONAL
Etiópia
julho de 2007) (gráfico embaixo); PAUL KENWARD, DANDARA PANARONI (Ilustração de gráficos), GETTY IMAGES (foto)
5
Quênia
4
Zimbábue
3
... e voltando a tender ligeiramente para cima em grande parte da
Europa e dos Estados Unidos
-2,2
Estados Unidos
-2,0
rança
-1,8
Suécia
-1,6
Itália
-1,4
-1,2
epúbli a he a
-1,0
1980 ANO 2005
muitas gestações não planejadas termi- balho, abrem um negócio, herdam bens mento populacional lento. Como todos
nam num aborto – eles ultrapassam os ou interagem de outra forma com ho- os políticos, no entanto, Obama nunca
78 milhões que aumentam a população mens de igual para igual, seu desejo por menciona o crescimento populacional,
mundial a cada ano. mais de um casal de filhos cai de forma nem o modo como ele traz problemas
Nos Estados Unidos, que são bem ainda mais dramática. na saúde e na educação e até mesmo na
informados e gastam quase US$ 0,20 É verdade que o controle populacio- alimentação, na segurança energética e
de atividade econômica em cuidados nal à moda antiga parece ter ajudado o nas mudanças climáticas.
com saúde, quase uma em cada duas crescimento populacional lento na Chi- Trazer a questão populacional de
gestações é inesperada. Essa propor- na. Os líderes do país se gabam de que volta à conversação é arriscado, mas o
ção não mudou muito por décadas. a sua política de apenas um filho evitou mundo ainda tem um longo caminho
Em cada nação, rica e pobre, na qual 300 milhões de emissores de gases do até compreender que o assunto é ape-
os contraceptivos estejam disponíveis e efeito estufa, o equivalente populacio- nas parte dos problemas de hoje e que o
sejam apoiados por abortos razoavel- nal de um país como os Estados Unidos. “controle populacional” não consegue,
mente seguros e acessíveis quando os Entretanto, a maior parte da queda na de fato, controlar a população. O que
contraceptivos falham, as mulheres têm fertilidade chinesa ocorreu antes de essa esse efeito faz é entregar o controle de
duas ou menos crianças. Além disso, a política coercitiva entrar em vigor, em sua própria vida e de seu próprio corpo
educação das meninas reduz as taxas 1979, quando o governo levou milhões às mulheres – a coisa certa a fazer por
de natalidade. Ao redor do mundo, de de mulheres às fazendas e indústrias co- diversas outras razões. Não há razão
acordo com um cálculo feito para este letivas e forneceu a elas o planejamento para temer essa discussão. n
artigo pelos demógrafos do Instituto familiar de que precisavam para perma-
Internacional de Análise de Sistemas necer no emprego. Muitos países em O AUTOR
Aplicados na Áustria, as mulheres sem desenvolvimento – da Tailândia e Co- Robert Engelman é vice presidente de programas
escolaridade têm uma média de 4,5 fi- lômbia até o Irã – passaram por quedas do nstituto orld atch e autor de More: population,
nature, and what women want sland press .
lhos, enquanto as com alguns anos de comparáveis no tamanho familiar ao
escola primária têm apenas três. fornecer serviços de planejamento fami- PARA CONHECER MAIS
Mulheres que completaram um ou liar melhores e oportunidades educacio- volution the triumph o an idea Carl immer. ar-
dois anos de escola secundária têm uma nais para mais mulheres e garotas. perCollins .
média de 1,9 criança cada – número Com o presidente Obama na Casa Speciation. err A. Co ne e . Allen rr. inauer As-
que, ao longo do tempo, leva a uma po- Branca e os democratas dominando o sociates .
pulação decrescente. Com um ou dois Congresso, há sinais de que os Estados hat evolution is rnst a r. asic oo s .
anos de escola a taxa média de concep- Unidos irão apoiar o tipo de desenvol- nderstanding evolution our one stop sour e
for information on evolution. ágina criada pelo u-
ção cai ainda mais, para 1,7. Quando vimento externo e saúde reprodutiva seu de aleontologia da Universit of California http
as mulheres ingressam na força de tra- em casa mais favoráveis a um cresci- evolution.ber ele .edu evolibrar home.php
Saudade da
régua de cálculo
Antes da calculadora eletr nica ela enchia os
bolsos de técnicos e cientistas. ale a pena lembrar
como esse engenhoso instrumento surgiu e evoluiu
N
o início dos anos 70, antes do advento da calculadora científica, as réguas
de cálculo eram tão onipresentes quanto as máquinas de escrever e os
mimeógrafos. Empurrando suas partes para lá e para cá, cientistas e en-
genheiros conseguiam multiplicar, dividir e encontrar raízes quadradas e cúbicas.
Com um pouco mais de esforço era possível computar também razões, funções
inversas, senos, cossenos e tangentes.
Fabricada com uma dúzia ou mais de escalas funcionais, a régua de cálculo
simbolizava uma classe de profissionais. A verdade, porém, é que duas escalas
realizavam a maior parte do trabalho, já que muitas tarefas técnicas se redu-
ziam à multiplicação e à divisão. Alguns engenheiros, querendo impressionar,
empunhavam elegantes réguas de cálculo feitas de mogno, buxo ou marfim. Os
BRAD DECECCO
NASCE UM SÍMBOLO coberto as três leis da mecânica celeste. ficou indignado e reuniu seus amigos,
John Napier, matemático e físico esco- Depois disso, Napier avançou para a que acusaram Delamain de “ladrão da
cês, inventou os logaritmos em 1614 invenção do ponto decimal e fundou as genialidade alheia”. A briga só acabou
para tornar ágil o cál- bases para o cálculo infinitesi- após a morte de Delamain, e não serviu
CÁLCULO
culo de multiplicações, INFINITESIMAL mal, criado por Isaac Newton. a ninguém. Oughtred escreveu mais
divisões, extrações Ramo da matemática desen- Napier havia simplificado tarde: “Esse escândalo me trouxe mui-
quadradas de números volvido de forma indepen- as tarefas de computação, mas to dano e desvantagem”.
dente por e ton e eibni .
grandes e outras ope- m sua origem investigava ainda era necessário ter pronto
rações. Mesmo sendo em uma função os efeitos acesso a livros com tabelas de CHEGA DE LOGARITMOS
hoje o pesadelo dos de variações infinitesimais logaritmos para o procedimen- Com a invenção de Oughtred à mão,
nas variáveis independen-
alunos do ensino mé- tes o que atualmente é to. Em 1620, então, o mate- ninguém precisava ter livro de logarit-
dio, eles foram criados estudado em termos de limi- mático inglês Edmund Gunter mos ou mesmo saber o que era um log.
para facilitar a nossa tes de uma função real. marcou uma régua com uma A multiplicação exigia apenas alinhar
vida. Napier descrevia escala de logaritmos, permitin- dois números e ler uma régua. Era uma
como usar os logaritmos: “Afaste do do que seus colegas encontrassem logs ideia maravilhosa, mas que ainda as-
trabalho em si mesmo aqueles números sem precisar ir à biblioteca. Gunter tra- sim levou dois séculos para se difundir.
que devem ser multiplicados, divididos çou uma linha numérica na qual a posi- A régua de cálculo foi aperfeiçoada
e reduzidos a raízes, e ponha em seu ção dos números era proporcional à de e ampliada durante a primeira metade
lugar outros números que façam tan- seus logaritmos. Na sua escala, núme- do século XIX. Em uma palestra dian-
tas operações quanto puderem, apenas ros sucessivos estavam espalhados na te da Sociedade Real em 1814, Peter
somando e subtraindo, dividindo por esquerda e espremidos na extremidade Roget descreveu uma régua de cálculo
dois e por três”. da direita. Dois números podiam agora log-log. Com essa ferramenta, ele po-
Em outras palavras, ao usar logs ser multiplicados com um par de com- dia facilmente calcular potências fra-
(logaritmos decimais) a multiplicação passos para medir a distância do início cionárias e raízes, como 30,6 elevado
é simplificada em adição, a divisão da régua até um a 2,7. A régua log-log, contudo, só
LOG-LOG
torna-se subtração, extrair uma raiz dos fatores, de- pressão usada para indi- começou a se popularizar no século
quadrada vira divisão por dois e en- pois movendo-os car que as duas escalas de XX, quando engenheiros e cientistas
contrar uma raiz cúbica transforma-se até o início do trabalho são logarítmicas. passaram a enfrentar uma matemáti-
uando apenas uma é loga-
em divisão por três. Por exemplo, para próximo fator e rítmica e a outra decimal ca cada vez mais complexa.
multiplicar 3,8 por 6,61, verificam-se lendo o núme- dizemos tratar-se de um sis- Foi preciso um oficial de artilharia
os logaritmos desses números em uma ro das distâncias tema mono log. francês de 19 anos – Amédée Man-
tabela. Lá, encontram-se 0,58 e 0,82. combinadas. nheim – para popularizar a régua de
Somados, eles dão 1,4. Agora, de volta Em 1622, William Oughtred, pas- cálculo. Em 1850 ele escolheu as quatro
à tabela, verifica-se que o número cujo tor anglicano inglês, colocou duas escalas mais úteis e acrescentou ao ins-
log é 1,4 fornece uma resposta aproxi- réguas logarítmicas de madeira lado trumento um cursor móvel (um ponteiro
mada para a resposta: 25,12. a lado e criou a primeira régua de deslizante para alinhar os números nas
A invenção de Napier revolucionou cálculo. Depois, fabricou um instru- escalas). Dentro de poucos anos o exér-
a ciência – os matemáticos adotaram mento com escala circular, mas pro- cito francês adotou o dispositivo. Quan-
na imediatamente para acelerar seus vavelmente achou que sua invenção do a infantaria prussiana está atacando,
cálculos. O alemão Johannes Kepler não valesse muito. quem tem tempo de mirar um canhão
FABER-CASTELL AG
usou logaritmos modernos para calcu- Em 1630, Richard Delamain, ex que requer extensos cálculos de balística?
lar a órbita de Marte no século XVII. aluno de Oughtred, alegou ter inventa- Depois da Primeira Guerra Mun-
Sem esse auxílio, ele jamais teria des- do a régua de cálculo circular. O pastor dial, cientistas americanos adotaram a
Right-hand index
É possível construir uma régua de INSTRUÇÕES DE MONTAGEM
x²
x
x
–
1
cos
tan
cot
lgx
sin
b Cut here
Cópias desta ilustração em papel
x³
x²
por inteiro (a). Corte ao
8 9 1
1
1
grosso rendem um instrumento de longo da linha entre as
1 .0
70 90
45
45
1
20 0
8 9 1
7 8 9 1
cálculo razoavelmente robusto. partes A e B (b) depois
9
elimine o restante (c).
7
60
30
8
50
40
2 obre a parte A nas
6
7
COMO USAR A RÉGUA
6
8
.9
5
linhas pontilhadas.
6
50
40
7
4
3 esli e a parte para
1.5
A régua de cálculo básica tem escalas e
5
55
35
7
4
3
e a com nome di erente a r ua fi a dentro da área dobrada da
40
50
6
.8
4
superior normalmente contém a escala A; parte A.
6
2
30
60
3
as escalas B e C residem na corrediça 4 ara fa er o ponteiro use
3
centra . A e ca a fica na arte in erior da as guias à esquerda para
5
2
medir dois pedaços de fita
.7
30
60
r ua fi a. indicador e uerdo fica na
5
transparente. Corte um
2
parte corrediça – é o dígito 1 mais à
65
25
7 8 9 1
pedaço do comprimento
2
esquerda na escala C. Na extrema direita da linha preta e outro do
4
desta peça, encontra-se outro número 1, comprimento da linha
.6
4
6
na escala C – este é o indicador direito. Por vermelha. unte a superfície
5
70
20
fim, o onteiro m e cont m o fi ete. adesiva dos dois.
π 3
20
70
3 π
8 9 1
Para multiplicar dois números, move-
.5
3 π
8 9 1
se a régua até que o indicador esquerdo
3
aponte para o primeiro número na escala
5 Trace uma reta no meio
7
. e oi de i a e o fi ete de modo ue
2
75
15
com uma caneta fina.
4
75
15
6
ele aponte para o segundo número na
.4
6
Filete
5
e ca a . A re o ta a arecerá o o fi ete
5
na escala D. Então, para multiplicar 2
7 8 9 1
2
5
4
vezes 4, ajusta-se a escala C até que o
.3
2
4
indicador esquerdo mostre 2 na escala D,
3π
6
com o fi ete em cima do na e ca a . A 3π
6 nrole a fita dobrada em
80
10
6
80
10
1.5
.2
4
9
fi ete na e ca a .
9
7
2
Se o cá cu o ai a m do fim da r ua, a extremidade adesiva para
3
2
completar o cursor e
8
8
encai e o na régua.
multiplicar 6 vezes 7, ajusta-se o
.1
2
7
7
1
1
6
Left-hand index
9
1
1
1
84.5
84.5
5.5
5.5
Part Part
uma casa para a direita para dar a completo
A B
D
K
A
S
T
L
réguas de cálculo que viajaram em diver- disso é que os usuários tinham intimida- as relações matemáticas, frequentemen-
sas missões Apollo, como calculadoras de com os números, cientes dos erros de te varrendo termos de alta ordem para
de reserva para astronautas a caminho arredondamento e das sistemáticas im- debaixo do tapete computacional. Dessa
da Lua. O engenheiro soviético Sergei precisões, diferentemente dos usuários forma o engenheiro de automóveis calcu-
Korolev usou uma régua Nestler quando dos atuais programas de computador. Ao lava o consumo de gasolina baseando-se
projetou o Sputnik e a nave Vostok. Ela conversar com um engenheiro dos anos principalmente na potência do motor, ig-
também era a favorita de Albert Einstein. 50, o mais provável é ouvir um lamen- norando como o atrito do ar variava com
As réguas de cálculo, porém, tinham to pelo tempo em que os cálculos eram a velocidade. Engenheiros desenvolveram
um calcanhar de aquiles; modelos-pa- feitos à mão. Em vez de atirar números atalhos e princípios básicos. No auge, es-
drão conseguiam oferecer somente três em um programa, o engenheiro entende- sas medidas levaram a insight, compreen-
dígitos de precisão. É o suficiente para ria os aspectos sutis de cargas e fadigas, são e economia de tempo. O lado ruim é
descobrir quanto concreto colocar em voltagens e correntes, ângulos e distân- que as aproximações podiam ocultar er-
um buraco, mas não é bom o bastante cias. Respostas numéricas, forjadas à ros e levar a falhas grosseiras.
para a rota de navegação de uma sonda mão, significavam solução de problemas Como os engenheiros apoiavam-se
espacial translunar. Pior ainda: é preciso por meio de conhecimento e análise, não em cálculos imperfeitos, eles naturalmente
controlar a casa decimal. Um filete mar- puro processamento de dados. faziam projetos de forma conservadora.
cando 346 pode representar também Ainda assim, como a computação es- Construíam paredes mais grossas, asas
3,46, 3.460 ou 0,00346. tava evoluindo a passos lentos e a falta de de avião mais pesadas e pontes mais re-
A casa decimal flutuante forçava precisão era uma certeza, os matemáticos sistentes que o necessário. Essa engenharia
todo engenheiro competente a checar trabalharam para simplificar problemas dos excessos beneficiava a confiabilidade
duas vezes os resultados da régua de cál- complexos. Como as equações lineares e a durabilidade, mas levava à construção
culo. Primeiro era estimada uma respos- eram mais amistosas com as réguas de dispensável, ao desempenho ruim e ao
RICK FURR
ta aproximada, que depois se comparava cálculo que as funções mais complexas, os funcionamento inadequado.
ao número sob o cursor. Um resultado cientistas esforçaram-se para padronizar A dificuldade de aprender a usar
réguas de cálculo desencorajou seu uso lá pelo início dos anos 60, a eletrônica Esser de 8 pés (2,5 metros) pendurada
entre as massas. Um ou outro gerente de começou a invadir o terreno. Em 1963, na parede. Antes usada para ensinar
mercearia calculava descontos em uma o californiano Robert Ragen desenvolveu os mistérios do cálculo analógico para
régua deslizante, mas esses instrumen- a Friden 130, uma das primeiras calcu- alunos de física, ela remonta ao tempo
tos nunca chegaram a fazer parte do dia ladoras eletrônicas transistorizadas. Com em que se esperava que todo cientis-
a dia. Não se podia fazer simples adi- quatro funções, essa máquina de mesa ta fosse letrado em réguas de cálculo.
ções e subtrações com as réguas, e era impressionou os engenheiros por fazer Agora um adorno do tamanho de uma
difícil controlar a posição da vírgula. cálculos com até 12 dígitos de precisão. prancha de surfe serve como ícone da
Elas continuaram sendo ferramentas Ragen lembra ter projetado essa mara- computação primordial. Tarde da noi-
para os técnicos. vilha eletrônica inteiramente com fer- te, quando a casa está em silêncio, ela
ramentas analógicas: “Das correntes de troca sussurros com o meu Pentium.
A QUEDA polarização dos transistores às linhas de “Tome cuidado”, diz ela ao micropro-
Durante a primeira metade do século 20, atraso da memória, criei todo o sistema cessador. “Nunca sabemos quando es-
calculadoras mecânicas de engrenagem do circuito elétrico na minha régua Keuf- tamos abrindo caminho para aqueles
foram os principais concorrentes com- fel & Esser”. A régua de cálculo, afinal, que vão nos desbancar.” n
putacionais das réguas de cálculo. Mas, ajudou a projetar as mesmas máquinas
que, mais tarde, a tornariam obsoleta. O AUTOR
No final dos anos 60 já era possível Cliff Stoll é mais conhecido por romper um
comprar uma calculadora portátil de círculo de hac ers nos primórdios da internet
quatro funções por poucas centenas de como descrito em seu livro Cuckoo’s egg
dólares. Em 1972, a Hewlett-Packard ovo do cuco . outorou se em ci ncia
planetária pela Universidade do Ari ona e hoje
construiu a primeira calculadora cientí-
é professor de física do ensino médio. á
fica de bolso, a HP-35. Ela fazia tudo
trabalhou no nstituto Científico do elescópio
que uma régua de cálculo podia fazer, spacial ubble no bservatório ijinshan
mas com mais precisão. Vários outros ian entai China e no Centro de Astrofísica
fabricantes logo seguiram a tendência: a arvard mithsonian. toll e sua mulher
Texas Instruments batizou seu produto moram em a land Califórnia o log do
de “calculadora régua de cálculo”. Na n mero de seus filhos é cerca de e eles
tentativa de cercar ambas as tecnolo- t m quase gatos.
gias, a Faber-Castell lançou uma régua
de cálculo com uma calculadora eletrô- PARA CONHECER MAIS
nica na parte posterior. lide rules their histor models and
A calculadora eletrônica acabou ma ers eter . opp. Astragal ress .
com o reinado das réguas deslizantes. histor o the logarithmi slide rule
A Keuffel & Esser lacrou suas máqui- and allied instruments. lorian Cajori.
nas em 1975, e todos os outros fabri- Astragal ress .
cantes conhecidos logo fizeram o mes- nstruç es b si as de r guas de
mo. Depois de uma prolongada mar- cálculo: .hpmuseum.org srinst.htm
cha produtiva de cerca de 40 milhões imulação interativa .tas egian.
p A CALCULADORA DE BOLSO HP-35
com R ava lide ava lide.html
anunciou a morte da régua de cálculo. de unidades, a era da régua de cálculo
ntrodu ida pela e lett a ard em o
Venda de réguas de cálculo: Slide Rule
chegou ao fim. Jogadas em gavetas
aparelho port til de ombinava Universe .sphere.bc.ca test
de escrivaninhas, as réguas de cálculo sruniverse.html
ir uitos de integração em larga es ala seis
hips no total om um mostrador de diodo
quase desapareceram, junto com os li- A ociedade ughtred .oughtred.org se
emissor de lu un ionava om tr s pilhas vros de logaritmos de cinco cifras. dedica preservação e história da régua
ou um adaptador de corrente alternada. Hoje tenho uma régua Keuffel & desli ante e de outros instrumentos de cálculo.
Biologia
Química
Física
eografia
Matemática
O que é
uma esp ie
PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PROPOSTAS DE ATIVIDADES
2
ções baseadas no senso comum ao longo do tempo ou em diferentes
culturas. Com a publicação do livro Syste-
ma naturae em o bot nico
n Área 5 – H17 Relacionar informações apresentadas em diferentes sueco Carl ineu lançou as bases da
formas de linguagem e representação usadas nas ci ncias biológicas moderna classificação biológica orga-
como te to discursivo gráficos tabelas relações matemáticas ou lin- nizando os seres vivos em categorias
guagem simbólica. ta on micas. A utili ação de certos cri-
n Área 8 – H28 Associar características adaptativas dos organismos térios permitiu que os organismos fos-
com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferen- sem agrupados por semelhanças e se-
tes ambientes. parados por diferenças. A escolha de
critérios adequados porém é o princi-
pal motivo de controvérsias entre os ta-
CONTEÚDOS onomistas pois par metros de clas-
sificação diferentes permitem que um
n volução biológica teoria sintética da evolução especiação meca-
mesmo grupo de elementos seja clas-
nismos de isolamento reprodutivo hibridi ação
sificado de forma distinta. roponha
n Classificação biológica categorias ta on micas conceito de espécie um e ercício de classificação tendo
como elementos os alunos da própria
turma. ugira que formem pe couve-de-bruxelas brócolis e emplo. roponha uma ativi
quenos grupos os quais rece dade de pesquisa para respon-
berão uma listagem com o nome de to mostarda der s seguintes perguntas ue va
dos os componentes da classe. eça riações são essas las são naturais
então que cada grupo defina entre Como são obtidas ual o resultado
e critérios que possam ser utili a provável de uma comparação entre os
dos na classificação arranjando os As dos diversos tipos de tomates
em ordem decrescente de import n beterraba rabanete ou bananas ou uvas?
5
cia. ualquer característica pode ser
utili ada por critério por e emplo p pesar de suas di erenças bvias O conceito mais difundido de es-
todas essas plantas são membros da
se o cor do olho formato do nari al pécie inclui como fator principal o
mesma espécie, B. oleracea
tura local onde mora time para o qual isolamento reprodutivo. olicite que
torce etc. riente que uma ve apli os alunos reali em uma pesquisa bi
cado o critério as separações entre os cífica e a diferenciação de espécies bliográfica para responder que é
elementos são definitivas. Após a ati erá que os lagópodes ou as aranhas um mecanismo de isolamento repro
vidade promova a comparação entre são mais distintos entre si que as di dutivo Como eles se estabelecem
os resultados obtidos e proponha uma ferentes etnias humanas? O que dizer ao longo da história evolutiva de uma
discussão sobre a import ncia de es da comparação entre um pigmeu afri espécie Como é possível atribuir re
tabelecimento de critérios adequados cano e um norte-europeu? Ou entre lações de ancestralidade entre indi
para a classificação dos seres vivos. um indígena sul americano e um es víduos cuja comprovação do isola
3
quimó ão seria o caso de repensar mento reprodutivo é impossível como
naturalista ingl s Charles ar a classificação dos seres humanos o ser humano atual e espécies de ho
4
in em seu livro A origem das es- minídeos ancestrais por e emplo
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pécies assinalou uma condição fun ser humano seleciona artificial
damental para que a seleção natural mente animais ou plantas com o á vários e emplos de hibridi
e por consequ ncia a evolução objetivo de aumentar ou melhorar o as ação tanto em condições na
biológica ocorresse a variabilidade pecto a produção ou a qualidade do turais como em condições contro
entre os indivíduos nas populações organismo. Assim há seleção para ra ladas. ulas e burros são híbridos
naturais. ndivíduos da mesma es ças de cães para plantas ornamentais resultantes do cru amento entre uma
pécie ou até filhotes de mesmos pais para aumento de produção de leite de égua (Equus caballus) e um jumento
© ISTOCKPHOTO (Couve-de-bruxelas e couve-flor ); © SHUTTERSTOCK (demais verduras)
não são iguais entre si mas apresen carne etc. s seres humanos dirigi (Equus asinus) e os denominados lí-
tam características que os distinguem ram a evolução da mostarda selvagem gers ou tigons alguns dos quais fér
dos demais de sua espécie. o que (Brassica oleracea) para produ ir plan teis são obtidos do cru amento entre
se observa na sala de aula por e em tas de colheitas diferentes como o re tigres (Panthera tigris) e leões (Pan-
plo. o entanto o conceito de espé polho a couve a couve or a beterra thera leo). roponha uma discussão
cie passa muito pela comparação ba o rabanete e o brócolis. Apesar de sobre como esses animais poderiam
morfológica entre os indivíduos como suas diferenças óbvias todas essas ser ta onomicamente classificados.
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os e emplos dos lagópodes dos bu plantas são membros da mesma es
gios das aranhas e das panteras ne pécie o eracea er figura aci a . e que forma alterações no con
bulosas citados no artigo. os supermercados ou nas feiras é ceito de espécie podem interferir
uestões para a discussão ual o li comum encontrarmos vários tipos de em políticas e estratégias de preser
mite entre a variabilidade intra espe tomates de bananas e de uvas por vação ambiental
Roteiro elaborado por aur io ar s i professor de biologia dos colégios Anchieta . . do om Conselho e do curso Anglo ré
vestibulares orto Alegre R .
U CA
A versatilidade
do carbono
PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
n Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fen menos na-
turais de processos histórico geográficos da produção tecnológica e das manifestações artísticas.
HABILIDADES
n a obtenção e produção de materiais e de insumos energéticos identificar etapas calcular rendimen-
tos ta as e índices e analisar implicações sociais econ micas e ambientais.
CONTEÚDOS
n Alotropia abela eriódica.
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SUBSTÂNCIAS
TABELA
alternativas criticar e reconstruir argu- SIMPLES E CARBONO dentifi ar o elemento
PERIÓDICA
mentos. A proposta valori a o conheci- COMPOSTAS A partir do estudo sobre as
mento prévio dos alunos e possibilita a formas alotrópicas do carbono
LIGAÇÕES
evolução de conceitos. ALOTROPIA os estudantes devem identificar
INTERATÔMICAS
1
as características do carbono de
onhe er o tema acordo com a sua locali ação
ara a leitura do artigo recomen- DIAMANTE GRAFITE FULERENO na abela eriódica e procurar
da se a divisão da turma em grupos argumentos para responder às
de até quatro participantes. e consi- seguintes questões
derarmos uma classe de alunos as NANOTUBOS NANOTECNO- ual o material utili ado na
DUREZA
atividades poderão ser divididas entre DE CARBONO LOGIA construção dos transistores ele-
os oito grupos da seguinte forma n- mentos básicos de todos os cir-
carregue quatro grupos de ler o artigo p EXEMPLO de cuitos eletr nicos
GRAFENO
e formular seis questões. Aos grupos rede temática construída ual material poderia substi-
restantes atribua a tarefa de escolher para o tema carbono tuí lo
quatro ideias que julguem principais Com a discussão dessas
no artigo.
4 Pesquisar sobre o tema questões pretende se aprofundar o
2
Forme novamente os grupos estudo sobre as características dos
Discutir o tema podem ser os mesmos das ati- elementos carbono e silício bem como
eça que cada grupo escolha um vidades anteriores e solicite que pes- suas semelhanças e diferenças.
7
representante para e por as questões quisem a respeito do emprego dos
e as ideias selecionadas orientando os nanotubos na medicina e no tratamento laborar a apresentação es rita
a registrá las no quadro para que todos de águas contaminadas. Cada grupo Após o estudo sobre o carbono
visuali em. Após a leitura de todos os deverá pesquisar pelo menos um arti- os alunos agora em trabalho individual
grupos faça com os alunos o agrupa- go em revistas ou jornais que apresente deverão elaborar um te to argumenta-
mento das ideias e questões em cate- a aplicação dos nanotubos de carbono tivo de a linhas sobre o tema
gorias. Cada categoria deverá e pres- na medicina ou no tratamento de águas anotecnologia futuro . estaque o
sar o tema que está relacionado. contaminadas por metais pesados. papel relevante do e ercício da escrita
3
ssa pesquisa será sociali ada com para organizar os argumentos construí-
Construir a rede temática os demais colegas por meio da escrita dos pelos alunos.
8
Após a seleção das categorias e leitura de uma síntese. Após a leitura
juntamente com os alunos promova das sínteses cada grupo deverá cons- laborar a apresentação
um e ercício de construção de uma truir um te to sobre a import ncia da para m dia eletr ni a
rede com os temas sugeridos e com aplicação dos nanotubos de carbono. ugira a produção de um blog so-
seus conhecimentos prévios sobre estaca se a relev ncia de conhecer a bre o carbono com te tos escritos pe-
o assunto e a na figura aci a u a aplicabilidade dos materiais bem como los alunos em que todos participem
sugestão de rede temática construída o desenvolvimento da nanotecnologia. com pelo menos um comentário sobre
5
com base na leitura do artigo). o te to do colega de forma a ampliar
Essas três primeiras atividades têm Estudar as formas sua argumentação e seus questiona-
como objetivo incentivar a discussão alotrópicas do carbono mentos sobre o tema. essa atividade
sobre o carbono e inteirar-se do que o Com os mesmos grupos após lei- pretende-se comunicar os argumentos
aluno já conhece sobre o tema proposto. tura sobre as formas alotrópicas do construídos ao longo do trabalho e e -
A visuali ação da rede temática carbono oriente os a elencar tr s ca- p los crítica o que poderá originar
permite que os alunos e o professor dis- racterísticas do diamante do grafite e novos questionamentos ao grupo e am-
cutam quais temas têm mais interesse do fulereno. Construa um quadro para pliar mais ainda o estudo.
Roteiro elaborado por Fernanda Albuquerque professora de uímica do nstituto ederal de ducação Ci ncia e ecnologia sório R
CA
O refinado
instrumento humano
PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
CONTEÚDOS
n ndas sonoras fontes e propriedades das ondas sonoras qualidades fisiológicas do som.
P 1
o
ara iniciar convém apresentar os Experimento Decibelímetro digital
conteúdos da acústica neces- e a escola dis
sários para que a turma entenda a puser de um de-
2
o
import ncia da vo e da audição no cibelímetro tente Experimento
processo da comunicação. epois fazer com os estu- Uma alternativa bastante viável
da leitura do artigo é interessante dantes uma avalia em sala é o uso de um computa
encomendar aos alunos separados ção do nível sonoro dor com cai a de som. ai e pre
em grupos uma pesquisa de vídeos do ambiente para viamente o Programa gratuito Sine
na internet que e ibam um cantor ou compará lo com os Wave Generator gerador de ondas
uma cantora acompanhados por or- níveis permitidos sonoras e mostre para a classe os
questra e solicitar que identifiquem roponha por limites audíveis ao ouvido humano.
algumas características do sistema e emplo que um Com o osciloscópio digital elsco
fonador ressaltadas no artigo por grupo converse normalmente enquan pe er figura também disponível
e emplo o megafone invertido. sse to os outros medem a intensidade na internet share are é possível
e ercício vai ajudá los a compreen sonora quantidade de decibéis d mostrar as ondas produzidas com a
der melhor os mecanismos da vo . produ ida . fereça alguns par me vo dos alunos e estudar os compri
Em seguida comente os conceitos tros para comparação mentos das ondas geradas.
envolvidos no tema ac stica altura Um conjunto de roc usando am
intensidade timbre eco reverbera plificador produ sons de apro ima
ção frequ ncia velocidade do som e damente d de intensidade já
poluição sonora entre outros. Aprovei o barulho de um avião a jato chega
te as imagens do artigo para e plicar a d e o do tráfego na cidade
como funciona nosso sistema fonador fica em torno de d . Comente que
e salientar a import ncia da vo e os uma e posição prolongada a níveis
cuidados que devemos tomar. sonoros acima de d geralmente
romova uma discussão acerca do ocasiona dano permanente às estru-
modo como os alunos conversam entre turas do ouvinte.
si e sobre o nível de volume com que fa Alguns desdobramentos podem
lam. á muitos e perimentos com a vo surgir como um debate em torno de
que podem ser feitos em classe entre quais níveis são agradáveis quais atra p Página do programa Zelscope
os quais os dois sugeridos a seguir. palham as atividades dos vi inhos etc. (osciloscópio digital)
© SHUTTERSTOCK (decibelímetro); REPRODUÇÃO (osciloscópio)
SUGESTÃO DE VÍDEOS
http://www.modernaplus.com.br – A física em nosso mundo: o som também polui.
http://www.youtube.com/watch? v=cK2-6cgqgYA&feature=related
Vídeo em inglês sobre as ondas sonoras e suas fontes
SITES
http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/uma_cantora_de_opera_pode_quebrar_uma_taca_com_a_voz__imprimir.html
Roteiro sugerido por lademir arvalho as on elos professor de física dos colégios amas e otivo e de física e perimental do
curso de engenharia de telecomunicações da aculdade aurício de assau em Recife
RA A
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
2
cussões vão partir do esclarecimento de pessoas pobres.
antes de tudo desse ponto de vista artigo de ngelman se dá num trabalho pedagógico aqui pode
1
conte to em que várias pol micas ser feito de diversas formas ou pro-
s alunos devem trabalhar o em torno do malthusianismo já ocorre- pondo ao estudante que procure iden-
conceito malthusianismo nor- ram e por isso parece incorporar ar- tificar os termos das pol micas nos
malmente e aminado em geografia gumentos dos lados oponentes. sse dois campos ou discutindo o mérito
mas não só quando o assunto é a é o motivo de agora propormos re- dessas posições como foram aqui
demografia. o ensino médio os alu- cuperar os termos da pol mica e os descritas e ou identificando no artigo
nos já conhecem essa ideia e por argumentos que se confrontaram de ngelman como ele lida com esses
isso talve seja preciso apenas re- inclusive com a aplicação do malthu- dois argumentos contraditórios ele
cuperar o tema destacando alguns sianismo na questão ambiental. toma que posição
3
aspectos do conceito e das pol mi- obre a questão da pobre a
cas que ele sempre gerou. Um primei- Argumento malthusiano: uando O autor insiste na necessidade de
ro aspecto a ser salientado a tese de o crescimento populacional ultrapas- se recuperar a visão antes pre-
homas R. althus um economista sa os limites de disponibilidade dos sente sobre o peso do crescimento
que viveu na virada do século para recursos naturais solos agrícolas populacional nas questões de degra-
o era que o crescimento popula- água etc. ele gera pobre a. dação ambiental em especial no tema
cional encontraria um limite na dispo- Argumento antimalthusiano: A po- das emissões de gases estufa. as
nibilidade de recursos naturais. que bre a é produto de várias questões ele os fa ignorando os argumentos
se esse crescimento não respeitas- ligadas e ploração do trabalho antimalthusianos ou ele os considera
se esses limites haveria como havia concentração de renda s injustiças uas questões para orientar uma bre-
muita pobre a. foi assim que nos sociais diversas etc. e não ao cresci- ve dissertação
anos essa ideia foi recuperada mento populacional aliás este não é Como ele lida com os argumentos
como uma justificativa para a e ist n- causa da pobre a e sim consequ ncia. desses dois lados abandona um dos
cia da pobre a. obre a questão ambiental lados ou associa os
Um segundo aspecto a destacar é Argumento malthusiano: O cres- ual sua opinião sobre o argumen-
que a aplicação dessa ideia na ques- cimento populacional implica sobre- to central do artigo
Atividades sugeridas por aime adeu liva geógrafo do nstituto de studos rasileiros da Universidade de ão aulo e autor de livros didáticos.
MATEMÁTICA
Saudade da
régua de cálculo
PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PROPOSTAS DE ATIVIDADES
2
tica tem mais a ver com a escolha em consideração uma e ploração
de uma boa escala de aprofunda- do assunto em escala intermediária iscuta com os alunos a lógica
mento dos temas e plorados do que de aprofundamento o que implica do sistema de logaritmos como
propriamente com a seleção dos te- di er que não se pretende e plorar recurso para transformar multiplica-
mas matemáticos. A medida certa os detalhes de funcionamento da ré- ções em adições divisões em subtra-
de aprofundamento que o professor gua de cálculo mas sim a lógica im- ção e radiciação em divisão. qua-
dará ao tema é que será decisiva no plícita no seu uso como instrumento dro uem tem medo dos logs é um
sucesso das aulas a qual depende de simplificação de cálculos. material valioso para ser desenvolvi-
do com e plicações e discussões em
aula. A e ploração desse tema pode
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES SEGUNDO A MATRIZ DE ser feita em associação com o uso da
REFERÊNCIA DO ENEM régua de cálculo ou com tabelas de
logaritmos decimais que podem ser
n i o Cognitivo . Compreender fen menos C construir e aplicar con-
bai adas da internet.
ceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fen -
menos naturais de processos histórico geográficos da produção tecno-
Usando um dos e emplos numéri-
lógica e das manifestações artísticas.
cos desse quadro é conveniente e -
n atemática e suas tecnologias compet ncia de área abilidade plorar a ideia de logaritmo como fer-
ramenta para simplificar cálculos
n Ci ncias da nature a e suas tecnologias compet ncias de área a-
porém também vale a pena utili ar
bilidade e de área abilidade
uma notação apropriada. epois de
nCi ncias uumanas e suas tecnologias compet ncia de área abili- trabalhar as propriedades básicas dos
dade logaritmos com os alunos é possível
e aminar um ou mais dos e emplos in-
n Objetos de conhecimento associados às matrizes de referência
dicados no quadro.
n Conhecimentos algébricos gráficos e funções funções algébricas
do 1o e do 2o graus polinomiais racionais e ponenciais e logarítmi- ugestão Como dividimos
cas equações e inequações relações no ciclo trigonométrico e fun- por
ções trigonométricas
Resolução:
CONTEÚDOS Chamemos de o resultado da divisão
de por
n Logaritmos n Régua de cálculo n abelas e aplicações
3
ritmos decimais de dois números que Com os valores da tabela temos que
se diferenciam apenas pela posição Apresente situações práticas em
da vírgula t m a mesma mantissa. or log log log que os logaritmos são utili ados.
malmente as tabelas de mantissas de log oa parte dos livros didáticos e plora
logaritmos decimais contidas nos li log as aplicações tradicionais tais como
vros possuem mantissas de log com cálculo do p da intensidade sonora
indo de até variando de em asta agora procurar na tabela o va e da intensidade de terremotos. inte
. egue se portanto que a mantis lor de para o qual temos uma mantis ressante enriquecer a aula com aplica
sa de log é a mesma de log sa igual ou apro imadamente igual a ções menos usuais tais como o cálcu
de log de log de log que é lo da intensidade de brilho de estrelas
etc. ara consultar a mantissa de log e do 1o dígito de um n mero dado pela
usando uma tabela de livro didá lei de e comb enford.
tico procuraremos a mantissa de log TABELA DE MANTISSAS
que é um valor tabelado. o caso 1
de log sua mantissa pode ser con SUGESTÃO DE SITES
...
sultada diretamente na tabela sem ne http://en.wikipedia.org/wiki/Benford’s_law
cessidade de nenhum ajuste de leitura. (em inglês, consultado em 3/7/11)
...
log possui característica http://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/
e mantissa .
61 ult2774u21.jhtm (artigo sobre a aplicação
log possui característica
dos logaritmos na lei de Benford)
e mantissa 62
Roteiro elaborado por osé ui astore ello professor de matemática do Colégio anta Cru em ão aulo. estre em ensino de matemática
pela U licenciado em matemática pelo U e bacharel em economia pela A U . jlpmello uol.com.br
A língua de Darwin
A seleção natural aplicada às linguas naturais
isto é, sem ela não existe nada que seja ob- português e o francês, por exemplo, após Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPT) na área de
servável ou passível de estudo no campo a queda do Império Romano e o conse- estudos linguísticos e Maria Flávia Figueiredo,
da linguística. Sem a fala não há uma lín- quente enfraquecimento do latim. doutora em linguística pela Unesp.