Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
DELACROIX, F.V.
E. A liberdade
guiando o povo.
1831. Óleo sobre
tela, 325 cm x
260 cm. Museu
do Louvre, Paris
O texto transcrito abaixo, de autoria do professor Eduardo Tasca, permitirá uma análise
detalhada dos elementos que compõem essa obra do romantismo francês, na qual fica eviden
ciada a caracterização do povo, concebido pelos românticos como “puro, honesto e humilde .
Delacroix e o romantismo
[•••] O pintor francês Eugène Delacroix é A Liberdade, única mulher do quadro,
considerado um dos mestres do Romantismo. usa uma saia bege atada à cintura por duas vol
Comovido com os acontecimentos políticos tas, um cinto vermelho folgado e uma camisa
de 1830, Delacroix pinta uma obra que se tor branca rasgada. Na sua mão esquerda traz um
nou um marco: A liberdade guiando o povo. O fuzil de infantaria com baioneta no cano. Na
cenário é montado em diversas classes sociais: mão direita carrega a bandeira nascida com a
melancólicos jovens barbudos, operários em Revolução Francesa (1789) que une as duas
cores de Paris, o azul e o vermelho, e o branco
mangas de camisa, tribunos do povo com os
da antiga monarquia, que foi convertendo-se
cabelos esvoaçantes, todos rodeando a Liber
no mundo inteiro no emblema da liberdade.
dade (representada por uma mulher) com sua
No segundo plano, uma barricada pouco ele
bandeira tricolor.
vada com um amontoado de tijolos e pedaços
Mais do que um quadro, é um panfleto
de madeira. Os personagens apresentam-se
político que exalta o idealismo democrático da
com forte realismo.
revolução. E o verdadeiro manifesto de propa As pinceladas, rápidas e precisas, fre
ganda, cujo valor enquanto pintura reside na quentemente dispostas em curva, reforçam o
habilidade do artista no manejo com as cores. aspecto sinuoso e turbulento da Liberdade. A
Delacroix nela se faz retratar: o jovem de car certa distância, a pincelada se funde no con
tola e arma na mão. Nessa obra, podemos ob junto, mas proporciona ao quadro um toque
servar inspiração patriótica (Revolução Fran que o degrade das cores não pode produzir. O
cesa) e literária (com a obra Os Miseráveis, de modelado se esfuma por trás, para reforçar o
Victor Hugo). efeito de profúndidade.f...]
(TASCA, E. A liberdade guiando o povo. Jornal Vanguarda, Urussanga, 5 mar. 2009. Disponível em: <http://www.
jvanguarda.com.br/2009/03/05/a-liberdade-guiando-o-povo>. Acesso em: 10 dez. 2012.)
1. Por que o autor afirma que, a princípio, o liberalismo foi “uma ideia subversiva ?
2. Quais são as principais críticas que os democratas faziam ao liberalismo?
1------------------------------------------ ------------------------------------------------—
As Revoluções de 1848
As Revoluções de 1848 assinalam o ponto culminante dos movimentos liberais e nacionais,
produzindo-se então não só a revolução de fevereiro na França, como também grandes surtos
revolucionários, de caráter ao mesmo tempo liberal e nacional na Itália e na Alemanha, en
quanto que, no Império austríaco, as diversas nacionalidades procuram adquirir autonomia ou
independência, destacando-se principalmente a revolução húngara, esmagada pela intervenção
russa.
O insucesso das revoluções românticas de 1848, chamadas também, como no caso alemáo,
de resolução dos intelectuais , cede lugar a uma era que se poderia denominar de “época do
realismo e do nacionalismo", caracterizada pela progressiva execução das políticas de unificação
da Itália e da Alemanha, empreendidas por governos predominantemente conservadores. Nesse
período, os ideais liberais entram parcialmente em recesso, enquanto que a exaltação naciona
lista ganha novo impulso.
Encerrando este período, pode-se colocar o episódio revolucionário constituído pela Co
muna de Paris (1871) como uma espécie de marco divisório a assinalar o fim das revoluções
burguesas e o início das resoluções predominantemente proletárias que irão caracterizar épocas
posteriores. Essa transição já é observável na própria França durante os acontecimentos de 1848,
bastando para isso compararmos as jornadas de fevereiro, predominantemente burguesas, com
as jornadas de junho, basicamente proletárias.
(FAICON, F.; MOURA, G. A formação do mundo contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1983. p. 63-5.)
i--------------------------------------------------- -----------------------------------------------------------------------1
Portanto, o ano de 1848 foi marcado nalistas - das camadas populares, como bem
pela “Primavera dos Povos”, uma vez que em assinalou o historiador Eric Hobsbawm:
vários países da Europa (França, Áustria, Po
“E ainda assim a história da dupla revolu
lônia, Prússia e Estados italianos) eclodiram ção não é meramente a história do triunfo da
movimentos revolucionários que, em nome nova sociedade burguesa. E também a histó
dos ideais liberais, nacionalistas e até mesmo
ria do aparecimento das forças que [...] viriam
socialistas questionaram a restauração conser
transformar a expansão em contração, [...] as
vadora oriunda do Congresso de Viena. forças e idéias que projetavam a substituição
A expressão “Primavera dos Povos” faz da nova sociedade triunfante já estavam apa
referência à ideia de ressurgimento (ou de re recendo. O ‘espectro do comunismo’ já assus
nascimento) dos princípios revolucionários do tava a Europa por volta de 1848.”
século XVIII e sinaliza a perspectiva da cons (HOBSBAWM, E. J. A Era das Revoluções: 1789-1848. 4.
trução de uma nova ordem na Europa, fun ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 20.)
Sabendo
UM POUCO MAIS
O socialismo: conceitos
Definir claramente o sentido de Socialis problemas sociais e visam à criação de socie
mo, hoje em dia, não constitui tarefa das mais dades futuras diversas. [...] Desde a Antigui
simples. [...] Se recorrermos ao Novo Dicioná dade, o sonho de uma sociedade onde todos
rio Aurélio, ficaremos sabendo que Socialismo os homens fossem iguais e livres persegue a
é humanidade: inicialmente chamava-se a esta
1) o conjunto de doutrinas que se propõe sociedade sonhada de sociedade comunista.
a promover o bem comum pela transformação A partir do século XIX, o termo socialista
da sociedade e da relação entre as classes, me também passou a designar este tipo de organi
diante a alteração do regime de propriedade; zação social.
Mesmo perseguindo igual objetivo, di
2) sistema político que adota estas dou
versas correntes elaboraram meios diferentes
trinas.
de tentar atingi-lo e, num processo contínuo
No interior deste conjunto que é deno
de influências mútuas e amadurecimento, fi
minado Socialismo, encontramos uma série
zeram avançar a ideia da nova sociedade e dos
de doutrinas que, ainda quando provenientes
métodos para chegar até ela.
da mesma base teórica, acabam por propor
(SPINOEL, A. 0 que é o socialismo. 6. ed. São Paulo:
soluções completamente diferentes para os Brasiliense, 1981. p. 7-9.)
L-------------------------------------------------------------------- 1
Segundo os pensadores socialistas, a produção capitalista se estabeleceu a partir da expro-
priação definitiva dos trabalhadores dos meios de produção e até mesmo do “saber técnico”, em
função da máxima divisão do trabalho.
Como consequência, impôs-se o predomínio do trabalho assalariado, entendido pelos so
cialistas como incapaz de socializar a riqueza produzida. Pelo contrário, o capitalismo tendia à
máxima concentração da renda, não apenas pelo avanço contínuo da técnica aplicada à pro
dução, mas também, e principalmente, pela expropriação constante do excedente das riquezas
produzidas pelos trabalhadores.
O projeto de implantação de uma sociedade socialista esteve presente de forma mais in
tensa em 1871, quando se organizou a Comuna de Paris, a primeira tentativa concreta, embora
frustrada e restrita ao âmbito de uma cidade, de organização de um governo proletário de cará
ter socialista.
O Socialismo Utópico
A necessidade de modificações profundas na sociedade foi expressa, inicialmente, pelos
chamados socialistas utópicos. Suas idéias, desenvolvidas na primeira metade do século XIX,
se distinguiram por propor certas mudanças desejáveis, visando alcançar uma sociedade mais
justa, igualitária e fraterna, sem, no entanto, apresentar, de maneira concreta, os meios pelos
quais essa sociedade se estabelecería, pois não foi feita uma análise crítica da evolução da própria
sociedade capitalista.
DISCUTINDO A
Os princípios básicos do Socialismo Utópico - expressão que encontra suas origens na obra
Utopia, de Thomas Morus, autor inglês do século XVI — são os seguintes:
• crítica ao liberalismo econômico, sobretudo à livre concorrência e à liberdade de merca
do;
• formação de comunidades autossuficientes, nas quais os homens, por meio da livre coo
peração, teriam suas necessidades satisfeitas;
• organização, em escala nacional, de um sistema de cooperativas de trabalhadores que
negociariam, entre si, a troca de bens e de serviços;
• atuação do Estado que, por meio da centralização da economia, evitaria os abusos típicos
do capitalismo.
Sabendo UM POUCO MAIS
Robert Owen procurou colocar em prática as suas idéias, inicialmente, na região montanhosa de New Lanark, na Escócia, onde foi fun
dada, em 1786 uma vila que mais tarde (a partir de 1800) se tornou conhecida como um “laboratório" das experiências do Socialismo
Utópico. Nesta gravura do século XIX, o artista procurou registrar a concepção de Robert Owen sobre como seriam as construções da vila
de Lanark. Nela podem ser observadas várias construções, algumas destinadas às habitações coletivas dos trabalhadores.
|------------------- _-----------------------------------------------------------------------------------
ria, porém necessária, para se alcançar a socie
O Socialismo Científico
dade comunista.
Reagindo contra as idéias consideradas Esta representaria o momento máximo
românticas, superficiais e ingênuas dos utópi da evolução histórica do homem: a sociedade
cos, Karl Marx (1818-1883) e Friedrich En- não estaria dividida em classes e não haveria
gels (1820-1895) desenvolveram uma teoria nem a propriedade privada nem o Estado,
socialista partindo da análise crítica e científi uma vez que ele era entendido como um ins
ca do próprio capitalismo. trumento da classe dominante.
Em oposição aos utópicos, Marx e Engels, Conforme Marx e Engels escreveram no
não se preocuparam em pensar como seria a so Manifesto Comunista'.
ciedade ideal. Preocuparam-se, em primeiro lu
“O poder político propriamente dito é o
gar, em compreender a dinâmica do capitalismo
poder organizado de uma classe para oprimir
e, para tal, estudaram suas origens, a acumulação
a outra. Se o proletariado em sua luta contra
prévia do capital, a consolidação da produção
a burguesia é forçado pelas circunstâncias a
capitalista e, mais importante, suas contradições.
organizar-se em classe, se toma, mediante uma
Paia eles, o capitalismo seria, inevitavel revolução, a classe dominante, destruindo vio
mente, superado e destruído, o que ocorrería lentamente as antigas relações de produção,
na medida em que, na sua dinâmica evolutiva, destrói com essas relações as condições dos
fossem gerados os elementos que levariam à antagonismos de classes e as próprias classes
sua superação. em geral e, com isso, extingue sua própria do
Pressupunham, ainda, que a classe tra minação como classe.”
balhadora, agora completamente expropriada (MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. In:
dos meios de subsistência, ao desenvolver sua LASKI, H. 3. 0 manifesto comunista de Marx e Engels.
2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. p. 113).
consciência histórica e entender-se como uma
classe revolucionária, teria um papel decisivo na Para eles, a sociedade comunista não era
destruição da ordem capitalista e burguesa. um sonho e sim uma possibilidade real, que
Marx e Engels afirmaram também que o seria alcançada a partir da organização e da
socialismo seria apenas uma etapa intermediá união da classe trabalhadora.
Históricas
• Para Marx, o ser social dos homens é que determina a sua consciência. Qual é a sua
opinião a respeito dessa afirmação? Você concorda com ela? Por quê?
A teoria marxista, expressa em dezenas de obras, foi claramente apresentada no livro Ma
nifesto Comunista, de autoria de Marx e Engels, publicado em 1848.
Posteriormente, a partir de 1867, foi publicado o primeiro volume da obra básica para o
entendimento do pensamento marxista: O Capital, de autoria de Marx. Os princípios básicos
que fundamentam o marxismo, também denominado Socialismo Científico, podem ser sinte
tizados em quatro teorias centrais:
• A teoria da mais-valia, na qual se demonstra a maneira pela qual o trabalhador é ex
plorado na produção capitalista. Esse ponto é essencial, uma vez que a apropriação da
“mais-valia” produzida pelo trabalhador, por parte do capitalista, é que explica a própria
existência do capitalismo. A “mais-valia” seria, portanto, a diferença entre o valor total
da riqueza produzida pelo trabalhador e o salário que ele recebe para produzi-la.
• A teoria do materialismo histórico, na qual se evidencia que os acontecimentos históricos
são determinados pelas condições materiais (econômicas) da sociedade e pelas relações
sociais de produção delas decorrentes.
• A teoria da luta de classes, na qual se afirma que a história da sociedade humana é a his
tória da luta de classes ou do conflito permanente entre exploradores e explorados. Logo,
as transformações econômicas ocorridas na dinâmica do capitalismo criarão as condições
objetivas para a superação deste por meio da luta de classes.
• A teoria do materialismo dialético, na qual se pode perceber o método utilizado para se
compreender a dinâmica das transformações históricas. Como a morte, por exemplo, é a
negação da vida e está contida na própria vida, toda formação social (escravismo, feuda
lismo, capitalismo) encerra em si os germes de sua própria destruição.
O Anarquismo
Ainda no século XIX, surgiu outra corrente ideológica derivada da teoria socialista; o Anarquismo,
também denominado “comunismo libertário”. Em linhas gerais, os anarquistas defendiam;
• a supressão de toda e qualquer forma de governo e do próprio Estado;
• a abolição da propriedade privada;
• a instalação de uma sociedade sem classes, na qual não existiríam desigualdades sociais,
que seria alcançada pelo “espontaneísmo revolucionário” dos trabalhadores;
• a instauração de uma sociedade na qual não existiríam nem opressores nem oprimidos;
• a superação do capitalismo e instalação imediata da sociedade comunista, sem necessida
de, ao contrário do que afirmavam Marx e Engels, de uma etapa intermediária na qual o
Estado ainda seria necessário (a chamada “ditadura do proletariado”).
Entre os principais teóricos da corrente anarquista, destacaram-se, no século XIX, o francês
Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) e o russo Mikhail Bakunin (1814-1876).
Enquanto Proudhon, em seu livro O que é a propriedade, critica o fundamento básico do
capitalismo — a propriedade privada dos meios de produção considerando-o “um roubo ,
Bakunin vai além, afirmando que a violência é a única forma para se alcançar uma sociedade
sem Estado, na qual haveria a plena igualdade e a felicidade para os trabalhadores.
A seguir, são apresentadas duas expressi na passagem do século XIX para o século XX
vas fontes documentais. Na primeira, de auto quando milhões de imigrantes europeus cru
ria do italiano Enrico Malatesta (1853-1932), zaram o Atlântico em busca de melhores con
que se destacou como um dos principais teó dições de vida.
ricos da corrente anarcossindicalista, há uma A segunda fonte documental consiste em
definição de anarquista. versos anônimos que compunham a letra de
Tanto o Anarquismo quanto o Anar uma música cantada em manifestações operá
cossindicalismo tiveram grande influência no rias ocorridas no Brasil, no princípio do sécu
movimento operário, não apenas na Europa, lo XX. Eles resumem algumas das principais
mas também na América, onde essas correntes idéias dos trabalhadores organizados daquela
do pensamento socialista foram introduzidas época.
Texto 1
O que é ser anarquista?
É anarquista, por definição, aquele que não há alternativa possível e os anarquistas são
não quer ser nem o oprimido, nem o opres voltados naturalmente - não podem deixar de
sor, aquele que quer o máximo de bem-estar, sê-lo - para a cooperação deliberada e livre.
o máximo de liberdade, o maior desenvolvi Que não venham “filosofar” e nos falar de
mento possível para todos os seres humanos. egoísmo e de outros quebra-cabeças. Estamos
Suas idéias e sua vontade têm sua origem no de acordo: somos todos egoístas, todos pro
sentimento de simpatia, de amor e de respeito curamos nossa própria satisfação. Contudo, é
por todos os humanos: sentimento que deve anarquista aquele cuja maior satisfação é lu
ser bastante forte para levá-lo a desejar o bem tar para o bem de todos, para a construção de
dos outros tanto quanto o seu próprio, e a re uma sociedade onde, irmão entre seus irmãos,
nunciar a toda vantagem pessoal cuja aquisi
ele possa viver entre homens sãos, inteligentes,
ção implicaria o sacrifício de outrem.
cultos e felizes. Em contrapartida, aquele que
Senão, por que não ser inimigo da opres
pode adaptar-se a viver contente entre escra
são e não tentar tomar a si próprio um opres
sor? [...] Ser oprimido, ser opressor, ou cooperar vos e tirar proveito do trabalho dos escravos,
voluntariamente para o maior bem de todos; este não é e não pode ser anarquista.
(MALATESTA, E. Anarquia e anarquismo. In: — _. Textos escolhidos. Porto Alegre: L&PM, 1984. p. 27-28.)
□
Texto 2
“Sem leis, sem amos, sem pátria, sem deus”
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres,
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres.
Sem leis e sem amos, virá e surgirá!
Que a liberdade na vida nos una,
Se tudo é de todos, escravos não há!
Sem leis, sem amos, sem pátria, sem deus
Rejubilando os corações plebeus
Levando aos povos terra e liberdade.
Não mais soldados, nem trincheiras.
Somos irmãos em nós unidos!
(Canção anarquista apud Vestibular UFMG.)
1. Na parte final do primeiro texto, Malatesta afirma que “aquele que pode adaptar-se a
viver contente entre escravos e tirar proveito do trabalho dos escravos, este não é e
não pode ser anarquista”. Em sua opinião, para quem são dirigidas essas palavras?
2. Identifique as idéias anarquistas contidas na letra da canção.
O Sindicalismo e a Social-democracia
O Sindicalismo, também vinculado ao pensamento socialista, se desenvolveu a partir da
segunda metade do século XDC, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Esse movimento
social apresentou críticas contundentes ao pensamento liberal e foi fundamental ao avanço das
lutas operárias.
Responsáveis por uma melhor organização, coordenação e mobilização da classe trabalhado
ra, os sindicatos multiplicaram-se na Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos e, ao contes
tarem a ordem burguesa e capitalista - inclusive por meio das greves como instrumento de avanço
do movimento operário -, possibilitaram melhores condições de vida aos trabalhadores.
Já em fins do século XDC, os trabalhadores começaram a se organizar em partidos políticos,
nos quais era bem nítida a influência do marxismo.
Nesse contexto, desenvolveu-se a Social-democracia, com a constituição de partidos sociais-
-democratas em vários países da Europa, sendo que o da Alemanha foi o de maior expressão.
No século XDC, as potências capitalistas europeias, a partir de 1875, desenvolveram uma
política imperialista que se traduziu em clara dominação econômica sobre as áreas coloniais ou
semícoloniais.
A exploração dessas áreas - e a consequente acumulação de capital nas áreas centrais do
capitalismo - possibilitou a concessão de benefícios à classe operária, como a redução da jorna-
I
EfiiíU Hivekiink.
tadura do proletariado” para se chegar ao co %
O Socialismo, no século XIX, manifes
tou-se não apenas no campo teórico. A prática munismo, os anarquistas argumentavam que
espelhou-se também na realização de congres todo Estado é opressor, acreditando que se 11 9 f
sos operários, especialmente aqueles conheci poderia passar diretamente do capitalismo ao
dos como “Internacionais”. AI Internacional, comunismo.
ou o primeiro congresso da Associação Inter Durante a realização da I Internacional,
nacional dos Trabalhadores (AIT) reuniu-se foi instalada a Comuna de Paris, após a der
em Londres, entre 1864 e 1876. rota dos exércitos franceses na Guerra Franco-
A I Internacional foi marcada pela pou -Prussiana de (1870-1871). A subserviência do
ca representatividade dos grupos operários e novo governo francês (Terceira República), con
pelas divergências entre os anarquistas (Baku- trolado pela burguesia, diante das exigências prus
nin) e os comunistas (Marx). Enquanto Marx sianas, levou à mobilização popular e à instalação
afirmava a necessidade de um período de “di de um governo proletário na capital do país.
DISDÉRI. A. A. E. Barri
cadas em frente à La
Madefeiae deraurte
a Comaaa de Paria 'í^ri.N
! 1871.1 fotografia.
V ■ " »
Na Comuna, tentou-se implementar uma ampla democracia (Funcionários eleitos por
sufrágio universal: tevogabilidadé dos cargos e mandatos a qualquer momento; extinção do
exército de criação de milícias populares; determinação de que o salário dos representantes não
poderia ser maior do que o de um operário qualificado, por exemplo), mas a oposição dos seto
res burgueses e conservadores levou a uma violenta repressão.
A partir de então, os participantes da I Internacional passaram a ser duramente persegui
dos devido à aplicação dos princípios socialistas, mesmo que em uma experiência restrita a uma
cidade e de curta duração (de março a maio de 1871).
REPUBLIQUE FRANÇAISE
N» 42 LIBERTE — ÉGAL1TÉ — FRATERNITÉ N" 12
ce
------------- :---------------
—
PARIS
La Commnne de Paris DÉCRÈTE :
1“ La conscription esl abolie;
2“ Aacnoe force railitaire, autre que la garde nationale, nc pourra èlrc crééc
ou inlroduile dans Paris;
3“ Tons les citoyens valides font parlie de la garde nationale.
H4t«M«-VUle, le 29 mais 1871.
LA COMMUNE DE PARIS.
1 IMPRIMER1S NATJOKALE. — Mm AS71.
Nesse cartaz, uma importante fonte documental, podem-se extrair informações a respeito do caráter popu
lar e revolucionário da Comuna de Paris. Nele está escrito:
"A Comuna de Paris DECRETA o alistamento obrigatório é abolido; a guarda nacional é a única força militar
permitida em Paris; todos os cidadãos válidos fazem parte da guarda nacional." (29 Março de 1871).
Catitulo
1. Quais são os principais pontos defendidos pelos pensadores iluministas?
5. Quais são as vantagens apontadas por Adam Smith para justificar a necessidade de uma
crescente especialização do trabalho?
1. (ENEM)
b) somente I, II e IV.
c) o uso obrigatório do trabalho escravo
no primeiro em oposição ao trabalho
c) somente 1, lll e IV. livre característico do segundo.
d) somente II e IV. d) 0 mercado aberto a toda concorrência
e) somente II, lll e IV. no primeiro e a restrição à entrada de
produtos estrangeiros no segundo.
5. (FUVEST-SP)
e) a defesa de uma economia baseada
O liberalismo, como ideologia própria da exclusivamente na lei da oferta e da
burguesia, está alicerçado, entre outros, nos se procura no primeiro e apenas a acu
guintes princípios fundamentais: mulação de ouro e prata no segundo.
a) propriedade privada, liberdade de pen 7. (FCC-BA)
samento, igualdade juridico-política;
A obra Riqueza das Nações (1776), de
b) igualdade de classes, liberdade de Adam Smith, fundamental na evolução do pen
pensamento, materialismo; samento econômico, defendia, entre outras, a
c) propriedade privada, corporativismo, ideia de que
liberdade de expressão;
a) o trabalho é a fonte da riqueza, base-
d) igualdade juridico-política, fraternida ando-se o valor na lei da oferta e pro
de, exaltação do misticismo; cura.
e) igualdade de classes, liberdade religio b) a grandeza de um Estado exige a pla-
sa, corporativismo. nificação e o dirigismo econômico.
6. {FUVEST-SP) c) a riqueza deve se basear, fundamen
talmente, na exploração dos recursos
A diferença fundamental entre o mercanti
da natureza.
lismo e o liberalismo econômico é
d) a socialização dos meios de produção
a) a ênfase na produção de subsistência e distribuição aumenta a eficácia da
no primeiro e a exploração das maté economia.
rias-primas no segundo.
e) a mais-valia, resultado da exploração
b) a regulamentação e proteção estatal do trabalhador, deve ser suprimida.
1
Filmes
Germinal
Gênero: Drama
Tempo: 158 minutos
Lançamento: 1993
Direção: Claude Berri
Sinopse. A narrativa gira em torno de uma família cujo chefe é um
operário, representado pelo ator Gerárd Depárdieu, e que se
encontra em condições de extrema pobreza. 0 duro cotidiano
uo trabalho nas minas de carvão na França do século XIX é ressaltado no decorrer do filme.
Ao mesmo tempo, a tomada de consciência por parte dos trabalhadores também é enfatizada
e se traduz em um movimento grevista que ameaça se prolongar por tempo indeterminado.
Dentre as reivindicações do operariado naquele contexto, destacam-se a luta por maior se
gurança no interior das minas e o aumento dos salários, fazendo com que a “questão social”
ganhe contornos ainda maiores em função do desinteresse da burguesia proprietária em aten
der aos anseios dos trabalhadores. O filme é baseado no livro Germinal, publicado em 1885,
do escritor francês Émile Zola (1840-1902). Ao descrever um acidente nas minas de Montsou,
Zola escreveu: “No fundo do poço, os miseráveis abandonados uivavam de terror. Agora,
A
chegava-lhes a água à barriga. 0 barulho da torrente atordoava-os, as últimas quedas dos
125 /
revestimentos faziam-nos pensar num desabamento supremo do mundo. [...] Foi então um
salve-se quem puder. Aquela ideia de que poderiam sair pelo velho poço vizinho, [...] levava-os
agora como um furacão. Os vinte empurravam-se em fila, de lanternas no ar, para a água não
Sites
<http://www.infoescola.com/historia/iluminismo/>
<http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u337.jhtm>
<http://www.infoescola.com/sociologia/karl-marx-e-o-marxismo/>
<http://www.suapesquisa.com/o_que_e/anarquismo.htm>
Glossário
--------------
cs '
Ostensivas: no texto, a palavra faz referência ao caráter hostil e prepotente das tentativas de restaura
Fundamentos: princípios.
Inverossímeis: inacreditáveis.
reação contra o excessivo centralismo de te o século XIX e foi estimulada pelo inte
finido pela Constituição de 1824. Tratou- resse do Estado brasileiro em fixar “con
-se, essencialmente, de conflitos entre se tingentes brancos” em áreas estratégicas,
tores das próprias elites pelo controle dos conforme indicado na alternativa (a), como
núcleos de poder. no sul do país; ao mesmo tempo, atendia
5. a. Comentário: A política oficial de “bran- aos interesses das elites cafeicultoras, cuja
queamento” esteve presente no contexto atividade econômica demandava grande
da imigração europeia para o Brasil duran- quantidade de mão de obra.
Metodologia da História
ARIÈS, P. 0 tempo da História. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989.
BOUTIER, J.; JULIA, D. Passados recompostos; campos e canteiros da História. Rio de Janeiro: Editora
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1998.
BRAUDEL, F. Escritos sobre a História. Lisboa: Dom Quixote, 1997.
--------- . História e Ciências Sociais. Lisboa: Presença, 1976.
BURKE, P. A Escola dos Annales: 1929-1989. São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1991.
---------- Sociologia e História. Porto: Afrontamento, 1980.
---- --- . (Org.). A escrita da História. São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1992.
CARDOSO, C. F. S.; VAINFAS, R. (Orgs.). Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de
Janeiro: Campus, 1997.
CERTEAU, M. A escrita da História. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1982.
DIEHL, A. A matriz da cultura histórica brasileira: do crescente progresso otimista à crise da razão
histórica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1993.
DOSSE, F. A História em migalhas. São Paulo: Ensaio, 1992.
FEBVRE, L. Combates pela História. Lisboa: Presença, 1985.
FREITAS, M. C. de (Org.). Historiografia brasileira em perspectiva. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2000.
FURET, F. A oficina da História. Lisboa: Gradiva, [s.d.].
GARDINER, P. Teorias da História. Lisboa: Fundação C. Gulbenkian, 1995.
GINZBURG, C. A micro-história e outros ensaios. Rio de Janeiro: Difel, 1991.
IGLÉSIAS, F. Historiadores do Brasil. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2000.
LE GOFF, J. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1990.
_____ . Reflexões sobre a História. Lisboa: Edições 70,1986.
LE GOFF, J.; NORA, P. (Orgs.). História: novas abordagens. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.
_____ . História: novos objetos. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.
_____ . História: novos problemas. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.
ODÁLIA, N. O saber e a História. São Paulo: Brasiliense, 1994.
PALLARES-BURKE, M. L. G. As muitas faces da História: nove entrevistas. São Paulo: Editora Universi
dade Estadual Paulista, 2000.
REIS, J. C. A História: entre a filosofia e a ciência. São Paulo: Ática, 1999.
_____ . Annales: a renovação da História. Ouro Preto: Editora da UFOP, 1996.
_____ . Nouvelle Histoire e o tempo histórico. São Paulo: Ática, 1994.
Ensino de História
Livros didáticos: concepções, críticas e análises
BEZERRA, H. G. O processo de avaliação de livros didáticos - História. In: Simpósio da Associação Na
cional de História, 20., 1999, São Paulo. Anais... São Paulo: ANPUH, 1999.
DIEHL, A. A. (Org.). Oia em transição. Passo Fundo: EDIUPF, 1999.
FERRO, M. A manipulação da História no ensino e nos meios de comunicação. São Paulo: IBRASA,
1983.
FONSECA, T. N. de L. 0 livro didático na sala de aula: possibilidades para a prática do ensino de História.
Caderno do Professor: centro de referência do professor, Belo Horizonte, n. 3, out. 1998.
MUNAKATA, K. O objeto dos livros didáticos de História. In: SCHMIDT, M. A.; CINELLI, M. R. (Orgs.). Encontro
Perspectivas do Ensino de História, 3., 1999, Curitiba. Anais... Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1999.
_____ . Histórias que os livros didáticos contam depois que acabou a ditadura no Brasil. In: FREITAS, M.
C. de (Org.). Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, 1998.
PAIVA, E. F. Texto e imagem no paradidático de História. Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v. 6, n.
36, nov./dez. 2000.
SILVA, B. N. Teoria da História. São Paulo: Cultrix, 1976.
VEYNE, P. O inventário das diferenças: História e Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1983.
VIEIRA, M. do P. de A.; PEIXOTO, M. do R. da C.; KHOURY, Y. M. A. A pesquisa em História. São Paulo: Ática,
1989.
Ensino e aprendizagem
CITRON, S. Ensinar História hoje: a memória perdida e reencontrada. Lisboa: Livros Horizonte, 1990.
CRUZ, C. H. C. Competências e habilidades: da proposta à prática. São Paulo: Edições Loyola, 2001. n.
2. (Coleção Fazer e Transformar).
FELGUEIRAS, M. L. Pensar a História: repensar seu ensino. Portugal: Porto Editora, 1994.
FIGUEIREDO, B. G. Apuros de um professor recém-formado de História no 1? grau. Revista do Departa
mento de História, Belo Horizonte, n. 1, jun. 1987.
GANDIN, A. B. Metodologia de projetos na sala de aula: relato de uma experiência. São Paulo: Edições
Loyola, 2001. n. 2. (Coleção Fazer e Transformar).
HERNANDEZ, F. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998.
LUCINI, M. A História que se conta na sala de aula. In:_____ . Org.). Tempo, narrativa e ensino de
História. Porto Alegre: Mediação, 1995.
MATTOS, I. R. (Org.). Ler e escrever para contar: documentação, historiografia e formação do historiador.
Rio de Janeiro: Access, 1998.
MEINERZ, C. B. História Viva: a História que cada aluno constrói. Porto Alegre: Mediação, 2001.
NADAI, E. A escola pública contemporânea: os currículos oficiais de História e o ensino temático. Re
vista Brasileira de História, São Paulo, v. 6, n. 11, set. 1985/fev. 1986.
PAIM, E. A. Ensino de História: buscando alternativas. In: FALA Professor(a). Chapecó: Editora da UNOESC,
1992.
PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1995.
SMOLKA, A. L. B. A prática discursiva na sala de aula: uma perspectiva teórica e um esboço de análise.
Cadernos Cedes, São Paulo, n. 24, jul. 2000.
SMOLKA, A. L. B.; GÓES, M. C. (Orgs.). A linguagem e o outro no espaço escolar: Vygotsky e a con
strução do conhecimento. 7. ed. São Paulo: Papirus, 2001.
VILLALTA, L. C. O ensino de História e a metodologia da investigação. Caderno do Professor: centro de
referência do professor, Belo Horizonte, n. 3, out. 1998.
ZAMBONI, E. et al. Sabor e dissabor do ensino de História. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.
9, n. 19, set. 1989/fev. 1990.
' ••
-v;
■r