Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
(3 ' Ouiu .n"rgia do e"xterioi; isto p4ra ser autô-nomo. é necessário dep-eqdeJ do mundo
externo. Esabemos, pelo que podemos observar. que esta @p91dên9ra]i999i+nao e so
€, ,
informativa, poìs ser vivo extrai
-: :,-f---^^:^
informação
i^
ilõ *,,-l^
muntfo exterior a fim de
mãíÍffiUem , t Í
o
1- -:-^i^ .^-^
^!t^rt^
II. Devemos, agora, considerar uma segunda noção, que já existia mas que ga-
nhou novo destaque: ã nogq d" rryllÉdoi,.O pensamento biológico compreendeu, há
uãriot séculos, quã existeffiãElãffi-entre a espécie e o indivíduo. Havia uma maneira
de conceber essâ relação, na qual a espécie era considerada como um
oadrão' um mode-
lo g":g1,4:gygl!u,uT os indivídlos' Hauia oíÍãiããêirããe
que "xedlg:çuarUçulare-s,
consïsTíãiildida-máíilêpêcréïão existel Nunca vemos uma
ver as corsas,
espécie. Vemos indivíduos, mas jamais vemos uma espécie."Segundo as
perspectivas a
purtit dut quais se nutre, ou bem a espécie desaparece e o indivíduo ocupa todo o nosso
conceitual, ou, pelo contrário, é o indivíduo que desaparece; torna-se contingen-
"u*po
te, riortal, efêmero, e è a espécie que atravessa o tempo que tem verdadeira
realidade'
trata-se é de
il ;;;. prevalece uma viião, às vezes outra, enquanto que, no fundo, diferen-
registrar um paradoxo que, de fato, também se encontra num terreno fatalmente
I +-.-_
te: o da mlç!9!!!94.-
Nï , a ProPósito da contradição
"l* "
da observação, como um c ou sela. c
:-":ï:d:,:::ïi*::
cular. limitãdo, ou como ' Há uma contradi-
" fato,.e{nifc1lente, um e outro t" tT!:-"Ï
ìã" lógt"" ""t* esses dois terrìõï, mas, depróprio Bohr.disse: "há complementaridade
."gonão as condições da observação. E o
duas noções, não obstante, excluem-se logicamente entre Si"' Do mesmo
modo,"rru,
"rrï." ies e indivíduos
hfgqmplel4entaridade entre espp-cjggç-ildfrdUqg'r44lnulgientidq!|Igllglp-art
<Loxal.@cebera uAglfglg;e o
se
exterior. Aqui vemos simultaneamente uma analogia, e sobrefudo, uma grande diferen-
ça com a operação dos computadores a-
ãíntéìeu-mpr@rque se produz um processo muito mais
misterioso, mais mais analógico, no qual ainda não se penetìõu-ìFÍãíãÌfiTE
rença res em que a computa por conta , por si mesmae
ja, está animada por uma prutiilií
sl mesma, ou seJa, mesma para
ú-esrna,?ã cogito cartesiano upur"""
IV.ConsideremoSabaseo",,qo.ffiueàprimeiravistapare-
ce bem complexo porque não é assimilável ao princípio de identidade aristotélico. Esse
princípio necessário para o funcionamento da computação, sem o qual não seria possí-
vel a computação, não haveria computo, é um princípio de diferença, e de equivalência
que formularei assim: "Eg Squlnelhor?" "Que é "eu"?
*Err" é o ato de ocupry
posição egocêntrica,
mo" é especificamente a objetivação do eu. " nãoéexatámenteoeu. H-"3:ï::',",
permite qve o computo possa tratar objetivamente o ser sujeito. Assim, a bactéria pode
tratar suas moléculas de maneira objetiva uma vez que segue sendo um ser animado por ^tH'
sua subietividade auto-org anizadora. F, acrescentaria que o eu mesmo, que é a objetivação Y\'''.
do inÌIfrïcluo sujeito, rem#ãõsimesmo, que é a entidade corporal. No si mesmo estão \^'.1
incluídos o qu é o eu mesmo. Com efeito, na um )^'
sãõ, porïüiïeZldênÌrcos-e diferentes: eu, qu meslno, 1úesnno Certamente esiou ,ìJ
-E
e-ssã Aistì-nç-ilffinÌlãmental não é s{ gognitiva; ao
Jlg!$g11eupg.q_dilllibutiva de valor: atribui-se valo_r ao si,e não-valor
w
ao não-si. Esse
--sz
50 Dora Frfud Schnitman
t' é
^.-o.icmnnorticrrlnrf)ntrecorresnondeàmaceiióloôuènão
\\ *.r
1r
:r!
s. ' ,
:
". cosnição entramos ao mesmo tempo no mundo4o 91rò. O eÍro ocoÍre quando aparecem
\\ô
':-';
1ffiilãà oì mesmos sì-gnosfdiÍenïfdadõ molecular; é como se soldados inimigos se
partir
vestissem com nosso póprio uniforme para entrar nafortaleza e conquistá-la a
\\ do interior.
Temos, pois, um sistema baseado na 4ifele*nça en!rg"gs.i e g nã-o=sl eyl{q$:TgT-
te,nadist-ribniça-odg.v@ìië.dêleôÏaçôdenão.si.Mas'ãïrrcla
muito difeiénciado, òõmôno$"ãfiïftais superio-
"*;üüãË;i;ï;riiiã-âìúú"ológúo
,"r, o 5^". celular discerne o si do não-si e, quando absorve alimentos do exterior, tealiza
-
rl rtÁ cracking, tomando o que é assimilável è que se converterá em parte de si rechaçando
....''J
-\1rì "l o que não õ assimilável ã que se tornará resíduo, desperdício e' nos seres evoluídos,
, '.L. '{ l urina, excrementos, etc.
I
ì ,Ll A idéia do sujeito começa, pois, lentamente, a aparecer. Não tem sido fácil, posto que
tivemos que elaboú o princÍpio de ,o*puto e o princípio informático de identidade'
Há um s.ggunAÂ*p'Ueípiq.dç identigqd.e, muito..interessante, pois mantém a
invariância do ffsujeito, apesar de éxtraõr<íinárias modificações corporais, celulares,
moleculares, de transformação do si. Não se trata somente de que' a cada quatro anos,
a *aio. parte das células quê constituem meu organismo desaparecem
e são substituí-
Ju, por. óutras, ou seja, bioìogicamente já não sou o mesmo que era há quatro anos. Há
também enormes modificaçõés que fazem com que uma criança se converta em adoles-
cente, depois em adulto, depois óm ancião. E, não obstante, quando olho uma fotografia
de minhá infância, digo: "sou eu!". Sem dúvJüq*LQ"laqjgg criança, já não tenho
esse corpo e esse rosto. mas a ocupação de
*ìGãh*e *ìilqaas a"ç-ïT!õ-dif ïffi
&S - its
úoS, ìncfisive, a ilúião de possuir uma
-*-! ãsáv,et s em, daF;nosõôilïã*ãe que
sojrnos-muiQllifereqler lggundo os trgnple.s e pzr!1õ.egs.9gr*-d-o amemos e odiemos e
r,ol-aa qu;toooi iaìnos umu-áup'[a'ïmâ. ifin
urãa múltipla personalidade. O eu realiza a unida4g;.aqui temos um segundo princípio
de identidade.
v
'i
v. No entanto, há algo mais na noção elementar do sujeito, pois ainda não che- \
IT
Ë:i:""i,j:;ï'Jm
O mesmo ocorre a respeito da pátria nos momentos de perigo. prontamente
esta
ít[,(
sociedade na qual vivemos de man-eiã-egocêntrica, guiando-no^s pJo irrt"r"rr",
," uc
perigo e então, de repente, nos sentimos tomados por uma onàu "Ã
somos
"Ílós", somos irmãos, somos os filhos dapâtria, upàttiaé nossa mãe,
"o-rrnitiíria,
o estado é nosso
pai. Devemos obedecê-lo: Adiante!... Mãs alguns fogem. Dizem: .,Eu quero
salvara
minha vida"' Desertam. Aqui também há urna luta útre o princípio dó inclusão
eo
princípio de exclusão. Assim, poìs, o sujeito, e em particulai o sujeito humano,
pode
oscilar entre o egocentrismo absoluto, ou seja, o predãmínio do priniípio de exclusão, e
a abnegação, o sacrifício pessoal, de inclusão.
Também encontramos casos bastante confusos, complexos, interessantes. Há
um
livro de Jaynes, The origin of consciousness in the breakàown of the bicameral mind.
Não sei se sua tese é,verídica, mas me pÍìrece bastante ilustrativá de algo que pode
ser
veúdico'Jayaessupõequ"p ng.-urpç-q*o-qiqr!igo-s'ep-m.q ggipqio-e-o-assiuo, qo_s
-q [!ais o
n9-0..":-de -r-i e--de" s.e-tlp sacerdúes õòúpàva o topo, na ménìe oôs sujeiros hatiã-düu*
câmaras; e digo sujeito não só como sujèitos indivíduos, mas também;orno
sujèiÇão, ou seja, indivíduos que não são cidadãos. Há, então,
ú,,o, ,ú
4UAs_çâmalirr,^a_
einarn os imperativos do Estado, do poder,
oÌèclãce!". E o indivíduo obèdece, como um autômatò, a ordãm superior. Há
qu"-ffiúiirËl
outra
-9âmrylqug !gí r9ag4g-rad"aà-y-rda-doméstiça,,às çrianças,aos aferps coridianos. Temos
aqut duas câmaras que não sç colLqn_ic4m entre si. Mais tarde, em Àlèïàs
e iiãs ilhas
gregas' com a imrpção do cidadão e da demo cÍacia, as duas câmaras vão
comuni.*-r",
o que permititâ ao sujeito lançar um olhar sobre o poder, sobre o Estado,
sobre Deus.
No_1.qç:smos' em çertosenti-do, temos essas duas entre as quais, amiúde, se
produzem correntes de ar. Isto ilustra como podem"^â-arus,
combinar-se os dãis princípios de
inclusão e de exclusão.
Háum tercei{o princípio q'e i!gc--e$Tig jgregar: o de intercomurucr&4s
. çom o
semelhante, o congênere, e que de algunìõ0aaia;ivaa";p;ffio de inclusão. pode_
52 Dora Fried Scbnitman
mos vê-lo já nas bactérias. observou-se um fenômeno, que, num primeiro momento, se
considerou como uma Eerr1!ËIqçgglu r"lo4lidudq das bactérias, porque uma delas se
através do qual
p g!g:3 nabactéiiaffi dÌhe*nrp-l4nlay_au-l!ì-pgqg9_4e,D-NA,umgene.
pensar, Ìambefl{ue este presente ãe u- gene tffi ãlém dïssõìmientido utilitário.
Uma das hipóteses que foram formuladas é de que quando as bactérias são agredidas
pelos antibióticos, algumas conseguem resistir porque outras bactérias irmãs lhes inje-
tam defesas. Enfim, é um problema que vai além de meu propósito, mas queria mani-
festar minha admìração arlteg$ç-ataao-frlqlmo tempo anterior e posterior ao sexual,
que é menos e mais que o sexual, esse preseìtë-rnara'/rltÍoSõíirèïËã-bméríã6;ã
outra, de uma parte de sua substância. Nós mesmos quereríamos ser bactérias e dar um
presente assim quando amamos!
Há pouco, se descobriu que há uma comunicação entre as árvores de uma mesma
espécie. Numa experiência realizada por gíclicos (como convém que seja um
-cign!i!.!4r
cientista pesquisador, não é certo?), foram retiradas todas as folhas de uma árvore, p,ara
ver como se comportava. A árvore reagiu d ua
segregar seiva mais intensamente, pÍÌra repor, o mais rápido possível, as folhas que lhe
haviam tirado. E também segregou uma substância que a protege contra parasitar. A
árvore havia compreendido muito bem que um parasita a havia atacado, só que acredi-
.tava, coitada, que se tratasse de um inseto. Não sabia que era o maior dos predadores,
o ser humano. Mas o que é interessante é que as árvores vizinhas da mesma espécie
começaram a segregar a mesma substância anti-parasitária que a árvore agredida se-
gregava.
Assim, a intercomunicação existe, então, no mundo unicelular, no mundo vegetal
e, certamente não necessito de exemplos, no mundo animal. Entre os humanos estabele-
ce-se o paradoxo, ligado pelos demais ao jogo dialético dos princípios de inclusão e de
exclusão, de ter muita comunicação e muita incomunicabilidade. Mas, ao menos, temos
a possibilidade de comunicar-nos nossa incomunicabilidade, o que efetivamente permi-
te tornar complexo o problema da comunicação.
l.
'ria,
ã iiúal é necessária para a existên cia do comp1io. Dilo de outra maneira, Qçglqlgto
stnge dealgo quenão é computante, aisim"c-o.,mo ãüida, enqqqtg vida, surgg-de algo
quenao e.vi-vente,
Tas fislggquímjeg.Y_T lu,+qlry-naï1o determinado, a organização
físico-química adquire c#âèteres propriãnìènte viventes e, adquirirrdo esses cfffríeies,
obtérnápossibilidade da computação na primeira pessoa. Islo signlfica também,,que,
quando fãlo, ao mesmo tempo que eu, falamos "nós"; nós, a comunidade cálida da ciual
somos parte. Mas não há somente o "nós": no "eu falo" também está o "se fal4*Fãla-
se, álgõ-ãrìôiiiino, algo que é 4 coletividade fria. Em cada "eu" humano há algo do "nós"
e do "se". Pois o eu não é puro e não está só, nem é único. Se não existisse o se, o eu não
poderia falar.
{: E logo, certamente, est{o elqgue faìXDo, Es. Que é esse ele? É uma máquina
ti biológica, ãlgo organizacionaÌ,-dõffidõíma máquina, ainda mais anônimo que o
\ "se". Cada vez que "eu" falo, "se" fala e "ele" fala, o que leva alguns a pensar que "eu"
'\ I não existe. I pensamento unidimensional só vê q"Se'l q anula o "eu". Pelo contrário, os
que .ão vêgm mais õüe õ-ïeu'- i9 w9 a concepção
\ complexa-ãõìfreito nos@ente o "eu" a nós, ao "se" e a
"isto". Mas, aqui, aprçsenta-se o princípio daincerteza, porque nunca sei, exatamente,
em que momento sou eu quem fala, se não sou eu falando, se não há algo que fale por
=ì mim, mais forte que eu, no momento em que eu creio falar. E, talvez, neste momento,
seja isso o que está ocorrendo? Então, sempre temos incertezas: g1rÌgqq rn9ü9ry99
faia sou eu? É pot isso que a frase de Freud deve s
inspii@ò fundameìtal: "Onde está o ele, o eu deve devir". O que não significa que o
"ele", que o "se" devam desaparecer, mas que o "eu" deve emergir
.-[.[Lum segundo princípio de incerteza, o de que o sujeito oscila, por natureza,
entre o tudo e o nada. Para si mesmo, el-ãíüdo. Em virtude do princípio egocêntrico,
está no centro do mundo, é o centro do mundo. Mas, objetivamente, não é nada no
universo, é minúsculo, efêmero. Por um lado há uma gnrlnomia.-enlreJsscglyj&gi_o
RBFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Foerster, H.von, On self-organizing systems and their environment. Em M.C. Yovits e S. Cameron
(eds), Self organizing systems. Londres: Pergamon press, 1960.
Jaynes, J.,The originof consciousness inthe breakdownof the bicameralmrzd. Boston: Houghton
Mufflin,1976.
Morin, 8., L'Homme et la Mort. Paris: Le Seuil, 1970. [tradução para castelhano "El hombre y
la muerte", Barcelona: Kairós, 197 4.]
56 Dora Frted Schnitns
DúLOGO
Bdgar Morin, Mony Elkaïm, Félix Guattari
Félix Guattari: Sei que Edgar Morin não simpatizacom a extrapolação do con-
ceito de máquina que utilizo seguidamente. Sem dúvida, Morin acaba de dar-nos um
belo exemplo de máquina conceitual, uma máquina quase implacável em seu remontar
desde os fundamentos biológicos do sujeito. Pergunto-me se poderemos descer da altura
a que nos levou a partir da discernibilidade dos princípios construtivos da maquinação
subjetiva.
Neste modo de pensar achei interessante que a apresentação de Morin não só
culminou na problemática dos valores, mas que também começa pelo sistema de valo-
res, com sua oposição entre o lugar do si mesmo e o lugar do não si mesmo que constitui
o primeiro temor de valorização. Essa tensão entre o lugar do si e não si questiona não
só a relação do indivíduo consigo mesmo, como as relações do indivíduo com seu par,
como presa de sua espécie, com contextos agressivos (enquanto pode ser apanhado em
sistemas nos quais ele desenvolve uma resposta imunitária)...
Noaos Paradipmas. Cultura e Subiethtidade 57
dou um
Itl4ò ltrç uvu sentido
ulrr òvlrltuv diferente. rge uma
Çõõã nwa õientificidade permite coÌrìi-
ona"e umã
+.^'*
derar corsas que a antiga não consiãerava, mas as velhas concepções persistem em J
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
prigogine, I. e Stengers,I. La nouvelle alliance. Paris: Gallimard,19'19.