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LENIN, 2040, p. 23-199. — ee z Vil O IMPERIALISMO FASE PARTICULAR DO CAPITALISMO Precisamos agora tentar fazer um balango, resumir 0 que disse- ima sobre o imperialismo, O imperialismo surgiu como desen- v to © continuagsio capitalismo cm geral. Mas o capitalismo s6 se transformou em imperia- lismo capitalista quando chege determinado grau, muito elevado, do seu desenvolvimento, quando algumas das caracter tais do capitalismo comegaram a transformar-se na sua antitese, quando ganharam corpo e se manifestaram em toda a linha os tragos da época de transigo do capitalismo para uma estrutura econémica ¢ social mais clevada. O que id de fundamental neste. processo, to de vista econdmmico, € a substituigo da livre concorréncia capitalista pelos mo- nop6l istas, A livre concorréncia é a caracteristica fundamen- tal do capitalismo © da produgao mercantil em g ‘monopélio é © contritio da livre concorréndi a comegou a {tansformar-se diante dos nossos olhos em monopélio, criando a grande ando a pequena, substituindo a grande produgio pot utra ainda maior, ¢ concentrando it produgdo e o capital a tal ponto que do seu seio surgi e surge o monopélio: os-cartéis, os sindicatos, 03 ‘rusts, fandindo-se com eles, o capital de uma escassa dezena de ban- cos que manipulata bilhdes. Ao mesmo tempo, os monopél derivam da livre concorréncia, nfo a eliminam, mas existem ac Jado dela, engondrando assim contradigdes ¢ conflitos de i particularmente agudos ¢ intensos, O monopélio é a ttansi¢go do lismo para um regime superior. 87 seme Sg 2 action Y.LLENINE posse monopolista dos territétios do globo ja inteiramente repartido, Mas as definigdes excessive reves, se bem que cémodas, pois contém o principal, so if que € necessério extrait delas especialmente tragos muito importantes do que é preciso definir. Por isso, sem esquecer 0 cardter condicional e relativo de todas as d nigdes em geral, que nunca podem abranger, em todos 0s seus aspectos, eu completo desenvolvimen- ttio elevado de desenvolvimento que criow os jesempenham um papel decisivo na vida econémi Qprese capital financeiro da oligarquia financeira; 3. a exportago de diferentemente da .exportagio de mercadorias, adquire uma particularmente grande; 4. a formago de associagdes in- istas, que partitham 0 mundo entre si, € 5. 0 termo da partilha territorial do mundo entre as potéucias capi- talistas mais importantes. O imperialismo ¢ 0 capitalismo na fase de desenvolvimento em que ganhou corpo a dominago dos monopélios nanceiro, adquiriu marcada importancia a exportagio de comegou a partilha do mundo pelos ‘rusts internacionais ¢ terminou a partilha de toda a terra entre os patses cay importantes: ‘Mais adiante veremos como se pode e deve definir de outro modo © imperialismo, se tivermos em conta n&o sé os conceitos fundamentais ‘puramente econdmicos (aos quais se limita a definigdo que demos), mas também 0 lugar histérico que esta fase do capitalismo ocupa relativa- \dubitavelmente, uma fase particular de desenvolvi- 0. Para der ao leitor uma idéia o mais fundamenta- ismo, procuramos deliberadamente reproduzir 0 88 OIMPERIALISMO maior mimero do opinides de economistas burgueses que se viram obrigados a reconhecer os fatos da economia capitalista moderna, esta- belecidos de maneira particularmente incontroversa. Com 0 mesmo fim, reproduzimos dados estatisticos minuciosos que permitem ver até que ponto eresceu o capital bancétio etc, que expresso concret ‘ransformago da quantidade em qualidade, a transigo do capitalismo desenvolvido para o imperialismo, Desnecessétio & dizer, evidentemen- te, que na natureza ¢ na sociedade todos os limites so convencionais e mutaveis, que seria absurdo discutir, por exemplo, sobre 0 ano ou a década precisos em que se instaurou definitivamente o imperialismo, Mas, sobre a definigtio do imperialismo, vemo-nos obrigados a discutir sobretudo com K. Kautsky, o principal teérico marxista da época da.chamada I Intemacional, isto.¢, dos vinte e cinco anos com- preendidos entre 1889 e 1914. Kautsky pronunciou-se’ decididamente ‘em 1915, ¢ mesmo em novembro de ntra as iddias fundamen- tais expressas na nossa definigio do i imperialismo se deve entender nfo uma fase ou um grau da economia, ‘mas uma politica, ¢ uma politica determinada, a politica preferida pelo capital financeiro; que no se pode identificar 0 imperialismo com o capitalismo contempordineo, que, se a nogiio de impetialismo abarca todos os fendmenos do capitalismo contemporineo — cartéis, protecio- erialismo, declarando que por » nismo, dominagtio dos financeiros, politica colonial —, enttio 0 pro- - bblema da necessidade do imperialismo, para o capitalismo, transforma- se na tautologia mais trivial, pois nesse caso, naturalmente, o imperia- lismo 6 uma necessidade vital para o capitalismo etc. Expressaremos com a méxima exatidio 0 pensamento de Kautsky se teproduzirmos.a sua definigao do imperialismo, diametralmente oposta esséncia das idéias que nés expomos (pois as objegGes procedentes do campo dos rmarxistes alemfes que defenderam idéias semelhantes durante longos ‘anos, so conhecidas desde hé muito por Kautsky como abjegies de uma corrente determinada do marxismo), A definigtio de Kautsky 6 a seguinte: “O imperialismo é um produto do capitalismo industrial altamen desenvolvido. Consiste na tendéncia de toda nagéo capitalista industrial 89 0 VLLENINE para submeter ou anexar cada vez mais regides agrdrias (0 sublinhado 6 de Kautsky), quaisquer que sejam as nagdes que as povoam™”, Esta definigdo nao serve absolutamente para nada, visto que des- taca de um modo unilater ,arbitrdrio, apenas o problema nacio- nal (se bem que seja da mporténcia, tanto em si como na sua lacionando-o arbitréria e erradamente locando em primeiro plano, da mesma forma arbitréria e erada, a ane~ ‘xagiio das regié A para a violencia e para a reagio. Mas 0 que neste caso & 0 aspecto econdmico que 0 proprio Kautsky introduzi industrial, mas o capital financeiro. Nao é um fenédmeno casual o fato de, na Franga, precisamente o desenvolvimento particularmente rapido Inanceiro, que coincidiu com um enfraquecimento do capital er provocado, a partir da década de 80 do século passado, , dos franceses quanto & Lorena), pois, em primeiro lugar, estando jé concluida a divistio do globo, isso obriga, para fazer uma nova partitha, a estender a mio sobre todo tipo de territérios; em segundo lugar, faz parte da prépria esséicia do impe- rialismo a rivalidade de varias grandes poténcias nas suas aspiragées & hegemonia, isto é, a apoderarem-se de tertitérios ndo tanto diretamente para si, como para enfraquecer o adversirio e minar a sua hegemonia (para a Alemanha, a Bélgica tem uma importéncia especial como ponto de apoio contra a Inglaterra; para a Inglaterra, Bagdé serve como ponto de apoio contra a Alemanha etc). Kautsky remete-se patticularmente — e repetidas vezes — aos in- gleses que, diz ele, formularam a significagto puramente politica da pa- Die Neue Zeit, 1914, 2 (B. 32), pig, 909, 11 de setembro de 1914; of 1915, 2, igs, 107 e segs. 90 fa ety eT aN py OUMPERIALISMO lavra “imperiaismo”, no sentido em que ele a entende, Tomamos o in- glés Hobson ¢ lemos no seu livro O Jmperialismo, publicado em 1902: “O novo imperialismo distingue-se do velho, primeiro porque, em vez da aspirac&o de um 86 império crescente, segue a teoria e a pré- tica de impérios tivais, cada um doles guiando-se por idénticos apetites de expansio politica e de lucro comerci ses financeiros, ou relativos ao investimento de capital, predominam sobre os interesses comerciais”™, Como vemos, Kautsky nio tem de fato raz algiama ao remeter- se aos ingleses em geral (os ‘inicos a que poderia remeter-se seriam os mperialistas ingleses vilgares ou os apologistas declarados do impetia- lismo). Vemos que Kautsky, que pretende continuar a defender 0 mar- xismo, na realidade, dé um passo atrés ém relagdo ao social-liberal Hobson, o qual tem em conta, com mais acerto do que ele, as duas par- icularidades histéricas concretes (Kautsky, coma sua dafinigto, troga io imperialismo contem- porlneo: 1. concotténcia de vérios imperialismos; 2, predominio do financeiro sobre 0 comerciante, Se o essencial consiste em que um pais industrial anexa um pafs agrério, entGo atribui-se 0 papel principal a0 comerciante. A definigo de Kautsky, além de ser errada ¢ de nfo ser marxista, serve de base a todo um sistema de coneepedes que rompem em toda a linha com a teorid marxista e com a atuagtio pritica marxista de que falaremos mais adiante. Carece absolutamente de.seriedade a discussi0 de palavras promovida por Kautsky: como se deve qualificar a fase atual do capitalismo: de imperialismo ou de fase do capital financeiro? Chame-se a isso como se queira, é indiferente. O essencial é que Kautsky separa a politica do imperialismo da sua economia, felando das anexagdes como da politica preferida pelo capital financeito, e opondo 4 cla outra politica burguesa possivel, segundo ele, sobre a mesina base do capital finenceiro. Conclu-se que os monopélios, na economia, sio compatfyeis com o modo de atuar nfio-monopolista, nao-violento, nfio- anexionista, em politica. Concluicse que a partilha territorial do mundo, terminada precisamente na época do capital financeiro, e que & a base da peculiaridade das formas atuais de rivalidade entre os maiores Esta- dos capitalistas, € compativel com uma politica nfo-imperialista, Daqui Imperialism, L., 1902, pg, 324, 91 “agp © @ V.LLENINE. issimulam, se ocultam as contradigdes smo, em vez de as por a i resulta reformismo bur- resulta que, deste modo, se is fundamentais da fase atual do cay descoberto em toda a sua profundidade; gués em vez de marxismo, Kautsky discute com Cunow, apologista alemao do imperialismo e das anexagdes, que discorre de uma maneira grosseira ¢ cinica: 0 im- smo contemporaneo; o desenvolvimento do capi- ivel © progressivo; por conseguinte, o imperialismo é por conseguinte devemos prostrar-nos diante do imperia- flo! Este raciocinio parece-se, de certo modo, com a russos que 08 populistas faziam nos anos de 1894 € 1895; se os marxistas consideram que o capitalismo ¢ inevitével ivo na Russia, 08 populistas, devem dedicar-se a abrir tabemas e a fomentar o capitalism, Kautsky faz objegdo a Cunow: nio, talismo contemporineo, mas apenas uma jemos e devemos lutar contra essa p mnexagdes ete. A objego, completament caricatura dos marxi mperialismo nifo é 0 capi- formas da sua politica; pois uma luta contra a politica dos trusts e dos bancos que deixe intac- tas as bases da economia de uns e outros nifo passa de reformismo e pacifismo burgueses, nfo vai além das boas e inofensivas intengOes. ‘Voltar as costas is contradigdes existentes e esquecer as mais importan- tes, em vez. de as descobrir ém toda a sua profuundidade: é isso a teoria de Kautsky, 0 que nada tem a ver com o marxismo. E, naturalmente, semelhante teoria, nfo procura outro fim que nfo seja defender a idéia da unidade com os Cunow! “Do ponto de vista pur ante econdmico — esereve Kautsky —, ainda por uma nova eee recent a 92 x | | | _ omMPERIALISMO sob 0 capitalismo, a fase da “explorago geral do mundo pelo capital financeiro, unido internacionalmente”™*, 8 s0 que nos detenhamos mais adiante nesta teoria do ul- smo com o fim de demonstrar em pormenor até que ponto cla rompe irremediavel ¢ decididamente com o marxismo, O que aqui devemos fazer, de acordo com o plano geral do nosso trabalho, é passar ‘uma vista de olhos pelos dados econémi problema, Ser possivel o ultra-imperialismo do ponto de vista pura- ‘mente econdmico, ou seré isto um ultradisparate? Se por ponto de vista puramente econdmico se entende a pura desen- abstragio, tudo o que se pode dizer reduz-se A tese seguinte: Yolvimento vai na diregto do monopélio; portant monopélio mundial tinico, de um frust mundial 1, mas ao mesmo tempo 6 uma perfeita vacuidade, como seria:o que o desenvolvimento vai no sentido da produglo dos artigos imentares em laborat6rios. Neste sentido, a teoria do ultta- imperiatismo 6 to absurda como seria a teoria da ultra do capital financeiro como de uma época historicamente concreta, loca- lizada nos prinefpios do século XX, a melhor resposta-as abstragSes ‘mortas do ultra-imperialismo (que servem exclusivamente um propésito dos mais reacionérios: desviar a ateng3o das profundas contradig6es existentes) & contrapor-Ihes a realidade econdmica concreta da econio- mia mundial moderna. As ocas divagagdes de Kautsky sobre o ultra~ imperialismo estimulam, entre outras coisas, a idéia ‘profundamente etrada, que leva a égua a0 moinho dos apologistas do imperialismo, de que a dominagio do capital financeiro afenua a desigualdade © as contradigdes da economia mundial, quando, na realidade, o que faz'é acentud-las. R, Calwer, no opiisculo Introdugdo & Economia Mundial ®, pro- curou resumir os principais dados puramente econdmicos que permitem ter uma idéia concreta das relagGes dentro da economia mundial no final do século XIX e comego do século XX. Calwer divide o mundo em cinco regides econémicas principais: 1. a da Europa Central (toda a Europa, com excesio da Rissia ¢ da Inglaterra); 2. a britdnica; 3. a da spl. 144, 30 de abril de 1915, infthrung in die Welbwirtsshaft, 93 im, 1906, se falamos das condigées puramente econdmicas da época. : 0 precios relatos este (9) ‘ental asiética, ¢ 5. a americana, incluindo as colénias nas, tados a que pertencem e deixando de lado, alguns paises Afeganistio © a ee il a 1. da Buropa Conta ‘Vemos trés regides com um capitalismo altamente desenvolvido (alto desenvolvimento dos meios de comunicago, do comércio ¢ da indGstria): a da Europa Central, a briténica ¢ a americana. Entre elas, 2 Alemanha, a Inglater- € a luta entré esses Estados encontram-se extremamente exacerbadas em virtude de @ Ale- manha dispor de uma regito insignificante ¢ de poucas col6nias; a cria~ )) 0 de uma Europa Central é ainda coisa do futuro ¢ nasce por meio de uma luta desesperada, De momento, o trago caracteristico de toda a Europa ¢ o fracionamento politico. Nas regides britdnica e americana, pelo contririo, é muito elevada.a concentragio politica, mas hi uma desproporgio enorme entre a imensidéo das coldnias da primeira © a insignificineia das que a segunda possui, E nas col6nias 0 capitalismo apenas comega a desenvolver-se. A luta pela América do Sul vai-se exacerbando cada dia mais. w 94 OIMPERIALISMO HG duas regides nas quais 0 capitalismo esté fracamente desen- volvido: a da Riissia ¢ a asidtica oriental. Na primeira, a densidade da populagdo ¢ extremamente fraca; na segunda, é elevadissima; na pri- ‘meira, a concentrago politica é grande; na segunda nilo existe. A parti- the da China mal comegou, e a luta entre o Japlio, os Estados Unidos ete., para se apoderarem dela é cada vez mais intensa, Comparemos esta realidade — a grande variedade de condigies ccondmicas © politicas, a desproporgtio extrema na rapidez de desen/p) we volvime: dos diferentes paises etc., a Inta furiosa entre os Estados! 3 — com a ingénua fibula de Kautsky sobre.o ultra~ imperialismo pacifico. Nao seré isto a tentativa reaciondria de um filis- istado que quer esconder-se da terrivel realidade? Seré que os ternacionais, nos quais Kautsky vé os germes do ultra- 10 (do mesmo modo que a produgo de comprimidos nos 's poderia qualificar-se de embrito da ultra-agricultura), niio ‘nos mostram 0 exemplo da divistio e de uma nova partilha do mundo, a tragsig&o da partilha pacifica para a nfo-pacifica, e inversamente? Seré ue o capital financeiro americano e o de outros paises, que dividiram acificamente entre eles todo o mundo, com a participaggo da Alema- nha, por exemplo, no sindicato internacional dos carris de ferro ou no ‘rust internacional da marinha mercante, nfo redlvidem hoje em dia o mundo com base na nova correlagdo de forgas, correlagdo que se modi- fica de uma maneira que nada tem de ‘Pacifica? O capital financeiro ¢ os trusts nfo atenuam, antes acentuam, diferenga entre o ritmo de crescimento dos diferentes elementos da economia mundial. E se a correlagiio de forgas mudou, como podem resolverse as contradigdes, sob 0 capitalismo, a niio set pela forga? A estatistica das vias férreas™ proporciona dados extraordinariamente exatos sobre a diferenga de ritmo quanto ao crescimento do capitalisto ¢ do capital financeiro em toda a economia mundial. Durante as Mas ‘décadas de desenvolvimento imperialista, a extensio das vias férreas alterou-se do seguinte modo: Jbrbch fr dat Deco Rel, 1915; Arc fir Esenbahnvesen © 1890, fi prsiso detemina proximacameate aguas pe, dads sobre ditbuigo ds vn lene ent as colonia dos de, reates palses 95 @ ) V.LLENINE Vis férreas em milhares de qulémettos TOT SROs) 234 122, 268 143) @ 210 128 6 2 5/ iy = 7] =m a7 T04) * Hotados independentes ou semi-independentes ‘As vias férreas desenvolveram-se, pois, com a maior rapidez nas istados independentes (¢ semi-independentes) da Asia e is importantes ordena e manda ali de modo absoluto, i metros de novas vias férreas nas colénias e em ou- tos paises da Asia ¢ América significam mais de 40 bilhdes de marcos de novos investimentos d em condigSes particularmente vanta- de rendimento, com encomendas lucrati- patses do ultramar. Entre ele Japiio). A que 0 recebe das empresas coloniais e do ultra- > partioul vas. Na partilha deste saque, uma parte OTMPERIALISMO Portanto, cerea de 80% de todas as vias férreas encontram-se concentradas nas cinco poténcias mais importantes. Mas da propriedade das referidas vias, a concentragto do cay 6 ainda incomparavelmente maior, porque, por exemplo, ria das ages © obrigagtes das estradas de ferro americanas, russas de outros paises pertence aos miliondrios ingleses e franceses. Gragas as suas colénias, a Inglaterra aumentou a sua rede ferrovi- cia em 100,000 quilémetros, quatro vezes mais do que a Alemanhe. Contudo, todos sabem que o desenvolvimento das forgas produtivas da Alemanha neste mesmo periodo, e sobretudo 0 desenvolvimento da produgio hulheira e siderirgi comparavelmente mais rapido do que na Inglaterra, sem falar na Franga e na Riissia, Em 1892, a Alema- nha produziu 4,9 milhdes de toneladas de gusa, contra 6,8 da Inglaterra, enquanto em 1912 produzia 17,6 contra 9,0, isto é, uma superioridade sgigantesca sobre a Ingla de perguntar: no terreno do capitalismo, que outro meio poderia haver, a nfo ser a guerra, para climinar a desproporgo existente entre o desenvolvimento das forgas ® produtivas e a acumulagto de capital, por um lado, e, por outro lado, & = partilha das col6nias e das esferas de influéncia do capital financeiro? exeepcionalmente grande vai para paises que nem sempre ocupam um dos primeiros lugares do ponto de vista do ritmo de desenvolvimento das forgas produtivas, Nas poténcias mais importantes, consideradas junta meni¢ com as suas col6nias, a extensiio das vias férreas era a seguinte: Em milhares de quildmetros ° Compare-se também com Edgar Crammond, ‘and German Empires’, em Jounal of the Royal St 506s. nomic Relations of the British 1 Society, 1914, uly, pig. 777 2 96 97 2a oem vu O PARASITISMO E A DECOMPOSICAO DO CAPITALISMO Convém agora determo-nos noutro.aspecto muito importante do imperialismo; ao qual, ao fazerem-se consideragdes sobre este tema, nio se concede, na maior parte dos casos, a atengio devida, Um dos is em ter dado, neste campo, um Como vimos, a base econémica mais inda do imperialismo é © monopélio, ‘Trata-se do monopélio ca isto é que nascou do ital iente geral do capitalismo, da para a estagnagiio ¢ para a decomposigtio, Na medida em que se fixam pregos monopolistas, ainda que temporariamente, desaparecem até cer- to ponto as causas estimulantes do progresso técnico e, por conseguint de todo 0 progresso, de todo o avango, surgindo assim, além disso, a ide econémica de conter artficialmente o progresso téc nos Estados Unidos, um certo Owens inventou uma méquina que provocava uma revolugtio na fabricago de garrafas. O cartel ale- mio de fabricantes de garrafas comprou-lhe as patentes ¢ guardowas & chave, atrasando a sua aplicagiio, Naturalmente que, sob 0 capitalismo, © monopélio néio pode nunca eliminar do mercado mundial, completa- mente e por um periodo muito prolongado, a concorréneia (esta é, diga- se de passage, uma das razies pelas quais a teoria do ‘mperialismo é um absurdo). Naturalmente, a possibilidade de diminuir 08 gastos de produgo © aumentar os [ucros, implantando aperfeigoa- dientbs téonicos, atua a favor das modificagées, Mas a fendéncia para a estagnagao ¢ para a decomposigao, inerente ao monopélio, continua por 99 Ww D 7 thi V.ILLENINE, sua vez a operar ¢ om certos ramos da indistria ¢ em certos paises hé perfodos em que consegue impor-se. © monopéli ou favoravelmente tuadas atua no mesmo sentido. Continuemos. O imperiatismo é uma enorme acumulago num pequeno niimero de paises de um capital-dinheiro que, como vimos, atinge a soma de 100 a 150 bilhdes de francos em valores. Daf o incre- mento extraordindrio da classe ou, melhor dizendo, da camada dos ren- tiers, ou seja, de individuos que vivem do “corte de cupons”, que nao yam em nada em nenhuma empresa, € cuja profissdo é a ociosi- dade. A exportagiio de capitais, uma das bases econémicas mais essen- ciais do imperialismo, acentua ainda mais este divércio com, © setor dos rentiers e a produgo, imprime uma marca de parasitismo a todo pafs, que vive da exploragio do trabalho de uns quantos paises ¢ colénias do ultramar. “Em 1893 — diz Hobson —, o capital britfnico investido no ex- terior representava cetca de 15% de toda a riqueza do Reino Unido”®®, Recordemos que, no ano de 1915, esse capital tinha aumentado apro- ximadamente duas vezes e meia. “O imperialismo agressivo — acres- centa mais adiante Hobson —, que tio caro custa aos contribuintes ¢ ‘io pouca importincia tem para o industrial e para 0 comerciante..., & que procura a maneira de 'a nogdio exprime-se numa s6 pala- (uns 170 milhées 4 raziio de uns 2,5% sobre um movimento total Gri-Bretanha rece- Por maior que seja esta soma, niio chega para explicar o imperialismo agressivo da Gra- Bretanha. O que o explica sitio os 90 ou 100 milhdes de libras esterlinas que representam 0 investido, 0 rendimento da camada dos rentiers, O rendimento dos rentiers 6 cinco vezes maior que o rendimento io externo do pi is a esséncia * Hobson, Op. Cit, pig. $9 ¢ 62 100 9 rasep _ © IMPERIALISM, Por este motivo, a nogto de Estado-rentier (Rentnerstaat), ou Bs- tado usuritio, tona-se de uso geral nas publicagses econdmicas sobre 0 imperialismo. O mundo ficou dividido num punhado de Estados usuré- ios e numa maioria gigantesca de Estados devedores, “Entre o capital investido no estrangeiro — escreve Schulze-Gaevemitz — encontra-se, em primeiro lugar, 0 capital colocado nos paises politicamente depen- dentes ou aliados: a Inglaterra faz empréstimos a0 Egito, a0 Tapio, & China e 4 América do Sul. Em casos extremos, a sua esquadra desem- cias. A fotga politica da Inglaterra a a coberto da indignago dos seus. devedores””, Sartorius von ‘shausen, no seu livro O Sistema Econdmico de Investimentos de Capital no Estrangeiro, apresenta a Holanda como modelo de Estado- rentier ¢ indica que a Inglaterra e a Franga:vo tomando também esse carter", Na opinigo de Schilder, existem cinco pafses industriais que so Estados credores bem definidos: Inglaterra, Franga, Alemanha, (yeses ¢ Suiga, Se nio inclui a Holanda nesse grupo & unicamente por ser pouco industrial”, Os Estados Unidos stio credores apenas em rela do. América, 7 “A Inglaterra — diz, Schulze-Gaevemnitz — converte-se pat ‘mente de Estado industrial em Estado credor. Apesar do aumento at para toda a economia nacional das receitas procedentes dos juros e.divi= dendos, das emissées, das comissGes ¢ da especulago, Em minha opini:\ 0 6 precisamente isto que constitui a base econdmica do ascenso is solidamente ligado ao devedor do que 0 vendedor ao comprador”™, Em relago a Alemanha, A. Lansburgh, dire- tor da revista berlinense Die Bank, escrevia 0 seguinte, em 1911, no arti- g0 A Alemanha, Estado-rentier: “Na Alemanha, as pessoas riem-se facilmente da tendéncia verificada na Franga para se transformar em rentier, Mas esquecem-se que, no que se refere & burguesia, as condig6es da Alemanha parecem-se cada vez mais com as da Franga”"*!, * Schulze-Gaevernitz, Britischer Imperialismus, pags. 320 e outras. % Sartorius von Wallershausen, Dar Volkswirschafliche System ete, Be Buch. PB Schild, fg, 393, 4 Shulee-Gacverit,Brtscer Inperaliomus, pl, 122. "© Die Bank 191, 1, pigs. 10¢ 11. 1907, 101 . XN ch a RETR V-LLENINE. 0 Estado-rentier & 0 Estado do capi composigao, e esta circunstincia nfo pode deixar de se refletit, tanto em todas as condig6es politicas e sociais dos paises.respectivos em geral, como nas duas tendéncias fundamentais do movimento operétio em particular. Para o mostrar da maneira mais palpdvel possivel, demos s orientadores desta 8} mas OS mesmos especiais de operirios. Em muitas cidades, os ramos a industria dependem das encomendas do governo; o i a e da construpo naval depende em grande parte deste fato”, Circunstincias de duas ordens, na opinifio do autor, reduziram a forga dos velhos impérios: 1. o parasitismo econd- ico ¢ 2. a formagtio de exércitos com soldados dos povos dependen- stume do parasitismo econémico, pelo qual o a a5 suas provincias, coldnias e paises depen- dentes para enriquecer a sua classe dirigente e subomar as classes infe- ores para conseguir a sua aquiescéncia”. Para que esse subomo se tome economicamente possivel, seja qual for a forma pela qual se realize, é necessério — acrescentaremos or nossa conta — um elevado luero monopolist No que se refere & segunda circunstincia, Hobson diz: “Um dos ' miais estranhos da cegueira do imperialismo é a despreocupa: so com que @ Gri-Bretanha, a Franca e outras nagées impetialistas fomam este caminho. A Gri-Bretanha foi mais longe do que ninguém, ‘ior parte das batelhas com que conquistamos o ‘nosso Império foram travadas por tropas indfgenas; na india, como ultima- no Egito, grandes exércitos permanentes encontram-se sob 0 comando de briténicos; quase todas as nossas guerras de conquista na Aftica, com excegao do Sul, foram feitas para nés pelos indigenas”. 102 OIMPERIALISMO, A perspectiva da partilha da China suscita em Hobson a seguinte apreciagio econémic: maior parte da Europa ocidental poderia adquirir entio o aspecto ¢ o caréter que tém atualmente certas partes dos paises que a compdem: o Sul da Inglaterra, a Riviera ¢ as regides da Itélia ¢ da Suiga mais freqiientadas pelos turistas e que sfio residéncia de gente rica, isto é um punhado de ricos aristocratas que recebem dividendos © pens6es do Extremo Oriente, com um grupo um pouco mais numeroso de empregados profissionais ¢ comerciantes, ¢ um né- ‘mero maior de serventes ¢ de operirios ocupados nos transportes e na indistria voltada para o acabamento de artigos manufaturados. Em. contrapartida, os principais ramos da indistrin desapareceriam, e os produtos alimenticios de grande consumo ¢ os artigos semi-acabados correntes afluiriam como um tributo da Asia e da Africa. Bis as possibi- lidades que abre diante de nés uma alianga mais vasta dos Estados oci- dentais, uma federago européia das grandes poténcias: tal federago, longe de impulsionar izagtio mundial, poderia implicar um perigo gigantesco de parasitismo ocidental; formar um grupo de nagées indus ‘tiais avangadas, cujas classes superiores receberiam enormes tributos da Asia e da Aftica; isto Ihes permitiria manter grandes massas de em- pregados ¢ criados submissos, ocupados niio na produgo agricola e industrial de artigos de grande consumo, mas no servigo pessoal ou n¢ trabalho industrial secundério, sob o controle de uma nova at financeira, Que os que esto dispostos a menosprezar esta teori veria dizer-se perspectiva) “como indigna de ser examinada reflit sobre as condigGes econémicas ¢ s¢ is das regides do Sul da Inglater- a atual, que se encontram nessa io. Que pensem nas proporgées enormes que poderia adquirir esse sistema se a China fosse submetida ao controle econémico d dos 0 ia ‘grupos financeiros, que o mundo is conheceu com o fim de os consumirem na Europa, Natura te, a situagtio é excessivamente complexa, o jogo das forgas mundiais é demasiado dificil de calcular para que seja muito verossimil essa ou outra previstio do futuro numa tinica direslio, Mas as influéncias que governam o imperialismo da Europa ocidental na atualidade orientam- Se nesse sentido, e se nfo chocarem com uma resisténcia, se ni forem 103 VL LENINE das para outra direpo, avangardo precisamente para deste modo ar este proceso” O autor tem toda razio: se as forgas do imperialismo no depa- assem com resist@ncia, conduziriam inevitavel tar que também dentro do movimento dperério, os oportunistas, de ‘momento vencedores na maioria dos paises, trabalham d sistemiética e firme nesta ditegdo. O imperialismo, que Tha do mundo ¢ a explorago no apenas da China, ‘monopolistas elevados para um punhado de paises 7p Possibilidade ecoudmica de subomar as camadas superiores do proleta- © }tiado, ¢ alimenta assim 0 oportunismo, dé-lhe corpo e reforga-o. Nio se / devem, contudo, esquecer as forgas que se opdem ao imperialismo em feral © a0 oportunismo em particular, ¢ que, naturalmente, o social- liberal Hobson nao pode ver. O oportunista alemifo Gerhard Hildebrand, em tempos expulso do Partido pela sua defesa do imperialismo, e que na atualidade poderia ser chefe do chemado Partido Social-Democrata, da Alemanhe, completa ‘muito bem Hobson ao preconizat os Estados Unidos da Europa Ocidental (sem a Réssia) para empreender ages comuns... contra os negros aftica- ‘nos ¢ contra o grande movimento islami uma esquadra poderosa contra a col 0s, gera a faz do imperialism briténi- co mostra-nos os mesmos tragos de parasitismo, O rendimento nacional da Inglaterra duplicou aproximadamente entre 1865 e 1898, enquanto yas rectitas provenientes do exterior durante esse mesmo perfodo ate mentaram nove vezes, Se o mérito erialismo consiste em educar © negro para o trabalho (é impossiy. i consiste em que a Europa descarregue Principio o agricola e mineiro, depois o trabalho industrial mais rude sobre co ombros da populagio nogra e se reserve o papel de rentier, preparando talver desse modo a emancipago econdmica, e depois politics, des ragas negra e vermelha, = 104 0 IMPERIALISMO Na Inglaterra retira-se a agricultura uma parte de terra cada vez ‘maior para entregé-la ao desporto, as diversGes dos ricagos. No que se refere & Escécia — o lugar mais aristocrético para a caga ¢ outtos des- portos —, diz-se que vive do seu passado e de mister Camegie (um jondrio norte-americano). $6 nas corridas de cavalos ¢ na caga gasta anualmente a Inglaterra 14 milhOes de libras esterlinas (uns 130 mithdes de rublos). Na Inglaterra 0 mimero de rentiers apro- xima-se do milhifio, A percentagem da populagto produtora diminui: 1851 119 1901 325 * em milhtes investigador burgués do imperialismo britinico dos princfpios do séoulo XX ao falar da classe operéria inglesa, vé-se obrigado a esta- belecer sistematicamente uma diferenga entre as camadas superiores dos operirios © a camada inferior, proletéria propriamente dita. A.ca- mada superior constitui a massa dos membros das cooperativas ¢ dos sindicatos, das sociedades desportivas e das ntumerosas seitas religiosas, direito eleitoral encontra-se adaptado ao nivel dessa categoria, conti- sua a ser na Inglaterra suficientemente limitado para excluir a camada: inferior proletéria propriamente dita! Para dar uma idéia favorével da situagtio da classe operétia inglesa, fala-se em geral s6 dessa camada superior, a qual constitui a minoria do proletariado: por exemplo, 0 problema do desemprego é algo que afeta principaimente Londres ¢ a socialistas fazem pouco caso. Entre as particularidades do imperialismo relacionadas com os ‘fendmenos que descrevemos figura a redugo da emigragfio dos paises imperialistas e o aumento da imigragfo (afluéncia de operirios e migra ‘98es) para estes uiltimos; a massa humana que a eles chega vem dos paises mais atrasados, onde o nivel dos salétios & mais baixo, A emi- Brago da Inglaterra, como o faz notar Hobson, diminui a partir de 5 Schulze-Gaeverit, Brtscher Inperialismus, pig. 30). 105 Y-L-LENINE, 1884: neste ano, o nimero de emigrantes foi de 242.000, e de 169.000 em 1900, A emigragiio da Alemanha alcangou o mi 10 entre 1881 ¢ 1890: 1.453.000, descendo, nas duas décadas seguintes, para 544,000 ¢ 341.000, Em contrapartida, aumentou o niimero de operirios chegados 4 Alemanha da Austria, da Ilia, da Riissia e de outros paises. Segundo © censo de 1907, havia na Alemanha 1.342.294 estrangeiros, dos quais 440.800 eram operérios industriais e 257.329 agricolas', ‘Na Franga, uma parte considerdvel dos operdrios mineiros so estrangeiros: pola. 08, italianos, espanhdis'™. Nos Estados Unidos, os imigrados.da Euro- pa oriental ¢ meridional ocupam os lugares mais mal remunerados, enquanto os operdrios norte-americanos fornecem a maior percentagem de capatazes © de pessoal que tém um trabalho mais bem rem O imperialismo tem tendéncia para formar eategorias privil ae ibm entre os operdrios, ¢ para as divorciar das grandes massas do proletariado, & preciso notar que, na Inglaterra, a tendéncia do imperialismo para dividit os operétios e para acentuar o oportunismo entre eles, para rovocar uma decomposigio tempordria do movimento operitio, se ‘manifestou muito antes do fim do século XIX e principio do século XX. Isto explica-se porque desde meados do século passado existiam na Inglaterra dois importantes tragos distintivos do imperialismo: imensas possesses coloniais e situaglo de monopélio no Durante dezenas de anos Marx e Engels estudaram essa relago entre 0 oportunismo no movimento operirio e as particula- ridades imperialistas do capitalismo inglés. Engels esorevia, por exem- de outubro de 1858: “O proletariado inglés vai-se aburguesando de fato cada vez mais; pelo que se vé, esta nagiio, a mais burguesa de todas, aspira a ter, no fim de cont uma aristocracia burguesa e um proletariado Por parte de uma nago que explora o mundo onto, logico”. Quase um quarto de século depois, na sua carta de 11 de agosto de 1881, fala das piores :rade-unions inglesas que permitem que gente vendida & burguesia, ou, pelo menos, paga por ela, as dirja, E em 12 de setembro de 1882, numa carta a Kautsky, Engels escrevia: “Per- isto 6, até certo stk des Deutschen Reichs, Bd. 211 Hengcr, Die Kapialsanlage der Franzosen Hourwich, immigration and Labowr,N. Y., 1913. 106 913. @ Saad 0 IMPERIALISMO_ _ ios i da politica coloni- junta-me o que pensam os operdrios ingleses acerca : 0 mesma ‘que peasam da politica em geral, Aqui nfo ha um partido, hd apenas partido conservador ¢ liberal-radical ¢ os operérios im-se, juntamente com eles, com a maior tranqtilidade do i i 1892). da edigdo de 4 Situagdo da Classe Operdria na Inglaterra, haul iguram, cleraentelndicadas, ea causa 6 es conseqUo- cias, Causas: 1. exploragiio do mundo inteiro por este pais; 2, a sua nial, Consequéncias: 1. aburguesamento de uma parte do proletariado inglés; 2. uma parte dele permite que a dirjjam pessoas compradas pela bburguesia ou, pelo menos, pagas por ela. O imperialismo do inicio do século XX completou a partilha do mundo entre‘um punhado de Esta- dos, cada um dos quais explora atualmente (no sentido da obténgao de e inteiro um pouco menor do que aque- ; cada um deles ocupa uma posi ‘glo de monopélio no mercado mundial gragas aos trusts, aos cartéis, ao capital financeiro, as relagGes de credor ¢ devedor; cada um deles dis- ainda mais incompativel com os interesses gerais ¢ vitais do movimento ‘operario: o imperialismo er iario transformou-se no sistema domi- nante; os monopélios ce $ passaram para o primeiro plano na economia nacional ¢ na politica; a partilha do mundo foi levada ao seu ( termo; mas, por outro lado, em vez do monopélio in trava para participar nesse monopélio, Iuta que caracteriza todo 0 co- mego do século XX. O oportunismo nfo pode ser agora completamente ‘yitorioso,no movimento operiirio de um pais, durante dezenas de anos, hg, 290; 1V, pig, 433; K. Kauisky, g. 79. Este opisclo fi escito nos RUGRARGIRG Po hl VL LENINE, ene Como aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XIX, em alguns paises atingiu a sua plena maturidade, passou essa fase ¢ decompds-se, fundindo-se completamente, sob a forma do social- chauvinismo, com a politica burguesa'™, tavinismo russo dos senhores Potréssov, Tehkaenkdli, Méslov etc, tanto leclaads como na sua forma encoberta (os senhores Tehkheldze, Skébe- 1 Atelod, Mirtoy et), tmbém nace do pots, na vaead ras 0 108 mena rg" rt x CRITICA DO IMPERIALISMO Entendemos a critica do imperialismo, no sentido amplo da pala- ‘ra, como a atitude das diferentes classes da sociedade perante a pol cca do imperialismo, de acordo com a ideologia geral das mesmas. As proporgSes gigantescas.do capital financeiro, concentrado em poucas mios, que deu origem a uma rede extraordinariamente vasta © densa de relagbes e vineulos, e que subordinou ao seu poder nio s6 as ‘massa dos capitalistas e pequenos e médios empresérios, mas também da luta contra outros grupos nacionais-estatais de financeiros pel Iha do mundo ¢ pelo dominio sobre outros pafses, tudo »% perialismo, O sinal do nosso tempo ¢ o entusiasmo geral pelas perspec- tivas do imperialismo, a sua defesa furiosa, 0 seu embelezamento: por todos os meios. A ideologia imperialista penetta no seio'da classe ope- réria, que nfo esté separada das outras classes pot uma Muralha da China, Se os chefes daquilo a que agora chiimam Partido Social- Democrata da Alemanha foram justamente qualificados de soci i to é, de socialistas de palavra-e imperial Inglaterra, pertencentes & oportunista Sociedade Fabiana. Os cientistas ¢ os publicistas burgueses defendem geralmente 0 imperialismo de uma forma um tanto encoberta, ocultando a dominagZo absoluta do imperialismo ¢ as suas rafzes profundas, procurando colo- car em primeiro plano as particularidades ¢ os pormenores secundétios, esforgando-se por desviar a atengio do essencial por meio de projetos de reformas completamente desprovidos de seriedade, tais como 0 con- policial dos trusts ou dos bancos ete. Sto menos freqtlentes as sstapdes dos imperialistas cinicos,-declarados, que tém o mérito 109 smeEC ts VAL EENINE de reconhecer o absurdo da idéia de reformar as caracterfsticas funda- ‘mentais do imperialismo. Apresentaremos um exeiplo, Os imperialistas alemies esforgam- se por seguir de perto, em Arquivo da Economia Mundial, os movimen- tos de libertago nacional das colonias, e particularmente, como é nati- ral, das ndo-alemas, Assinalam a efervescéncia e os protestos na india, © movimento no Natal (Africa do Sul), na india Holandesa etc, Um deles, num apontamento a propésito de uma publicagdo inglesa que formava sobre a conferéncia de nagdes © ragas submetidas que se realizou de 28 a 30 de junho de 1910, e na qual participaram represen- tantes de diversos povos da Asia, Africa e Europa ‘encontram sob dominagdo estrangeira, exprime-se assim ao comentat os discurso proferidos: “Deve-se lutar contra o imperialismo, dizem- dos dominantes devem reconhecer o direito submetidos; um tribunal internacional deve velar pelo cumprimento dos tratados conclufdos entre as grandes poténcias © os povos fracos. A conferéncia nfo vai além destes votos piedosos, Nao vemos 0 menot indicio de compreensio da verdade de que o imperialismo est indisso- Invelmente ligado ao capitalismo na sua forma atual e que por isso (!!) 4 luta direta contra o imperialismo est4 condenada ao fracasso, a nio ser que se limite a protestos contra alguns excessos particularmente odio. °. Como a regulamentagiio reformista das bases do imperialismo é ‘um engano, um voto piedoso, como os elementos burgueses das nagdes oprimidas nfo avangam, os burgueses da nago opressora recuam, para © servilismo em relago ao imperialismo encoberto com pretensées cientificas, Bela l6gi na critica do imperialismo con ber se € pos- sivel modificar por n smo, se de- vese seguir adiante, intensificando e aprofundando ainda mais as contradigdes que o imperialismo gera, ou eeder, atenu- ando essas contradigbes. Como as particularida as do imperia- lismo so @ reago em toda a linha © a nacional — conseqtléncia da opressio da oligarquia financeira e da 9) supresstio da livze burguesa a0 tas no prineipi ialismo aparece em quase todos os paises imperialis- fo século XX. E a ruptura com o marxismo, por parte ts Archiv, Ba I, pig. 193. 110 spe apnwant ses stra oe an em OIMPERIALISMO de Kautsky ¢ da vasta corrente internacional do kautskismo, consiste precisamente em que Kautsky, além de nifo se preocupar, de nflo saber enfrentar essa oposigtio pequeno-burguesa, reformista, fundamental- ‘mente reacionéria do ponto de vista econdmico, se fundin praticamente m ela, so Nos Bstados Unidos, a gue imperiaista de 1898 contra a Bs- panha provocou a oposigdo dos anti-imperialistas, os tiltimos moicanos da democracia burguesa, que qualificavam essa guerra de criminosa, consideravam anticonstitucional a anexagiio de terras alheias, denunc avam como um engano dos chauviriistas a atitude para com Aguinaldo, 0 chefe dos indigenas filipinos (depois de Ihe prometerem a liberdade do sou pais, desembarcaram tropas americanas e anexaram as Filipi- ‘as palavras de Lincoln: “Quando o branco se governa a 0 & autogoverno; quando se governa a si mesmo ¢, 20 10 tempo, governa outros, isto jé nfo ¢ autogoverho, & despotis- ', Mas enquanto toda essa critica tinha medo de reconhecer 08 vinculos indissolaveis existentes entre o imperialismo ¢ os frust conseguinte entre o imperialismo © os fundamentos do capi enquanto receava unir-se 4s forgas geradas pelo grande cay pelo seu desenvolvimento, nfo era mais do que um voto piedoso. é também a posig¢fio fundamental de Hobson na sua critica:ao capacidade de consumo da populagto (sob o regime tém uma posigto pequeno-burguesa na critica do onipoténcia dos bancos, da oligarquia financeira etc.: Agahd, A. Lans- burgh ¢ L. Eschwege, que citamos repetidas vezes, e, entre os escritores franceses, Victor Bérard, autor de uma obra superficial que apareceu em 1900 com o titulo A Inglaterra e o Imperialismo. Todos eles, sem qualquer proterisdo de marxismo, op6em ao imperialismo a livre con- coréncia © a democracia, condenam a aventura da estrada de ferro de Bagdé, que conduz a conflitos ¢ guerra, manifesta 0 voto piedoso de viver em paz ete.; assim o faz A. Neymarck, cuja especialidade & a esta- das emiss6es intemnacionais, que, calculando as centenas de bi- de francos de valores internacionais, exclamava em 1912: “Como Iho "5. Patoui érlalisme Américain lu € possivel supor que a paz possa ser posta em perigo... att ‘a existéncia de niimeros t&o considerdveis, a provocar a guerra’ Nos economistas burgueses essa ingenuidade nada tem de surpre- endente; tanto mais que Ihes convém parecer to ingénuos e falar a sério da paz sob o imperialismo. Mas que resta a Kautsky de marxismo quando, em 1914, 1915 ¢ 1916, adota essa me: 10, nfo vemos mais que o desejo piedoso reformista de as ignorar. Eis aqui uma pequena amostra da critica econémica que Kautsky faz do imperialismo, Toma os dados sobre o movimento de exportagio © importago entre a Inglaterra ¢ o Egito em 1872 ¢ 1912: acontece que essa exportago e importagdo aumentaram menos do que a exportagdio e importagao gerais da Inglaterra, E Kautsky infere: “Nao temos funda- ‘mento algum para supor que, sem a ocupagdio militar do Egito, 0 co- meércio com ele teria crescido menos, sob a influéncia do s pela democracia pacifica”!, iocinio de Kautsky repetido em todos os tons pelo seu es- ncobridor russo dos sociais-chauvinistas), Sr. Spectator, kautskista do imperialismo, e por isso devemos det nos nele mais pormenorizadamente. Comecemos por citar Hilferding, is progressiva a pi cambio e da atitude hostil para com do politica econémica do capi pode ser o livre-cémbio, mas apenas 0 so: . 0 obj ca proletaria nfo pode ser atualmente a res uragao da livre concorrén- ‘rio —, mas 1X, livroT, pig. 225, | Staatonbund, Nueraberg, 1915, OIMPERIALISMO unicamente a destruigfio completa da concorréneia mediante a supres- siio do capitalismo”!"*, Kautsky rompeu com o marxismo ao defender, para a époce do capital financeiro, um ideal reacionério, a demooracia pacifica, 0 simples peso dos fatores econémicos, pois este ideal arrasta objetiva- ‘mente para tris, do capitalismo monopolista para o capitalismo no ‘monopolista, ¢ é um engano reformista, © comércio com o Egito (ou com outra colbnia ou semicolénia) rescido mais sem a ocupagdo militar, sem o imperialismo, sem 0 financeiro, Que significa isto? Que o capitalismo se desenvolve- ria mais rapidamente se a livre concorténcia nfo conhecesse a limitago que lhe impdem os monopélios em geral, as relages ou 0 jugo (isto também ¢ monopélio) do capital financeiro ¢ a posse monopolista das col6nias por parte de alguns pafses? Os raciocinios de Kautsky nfo podem ter outro sentido, ¢ este sentido é um sem-sentido, Admitamos que sim, que a livre concorrén- cia, som monopélios de nenhuma espécie, poderia desenvolver 0 capi- talismo e 0 comércio mais rapidamente, Mas quanto mais ripido é 6 desenvolvimento do comércio do capitalismo, mais intensa é a concen- tragio da produgio e do que gera 0 monopélio, E os monopélios nasceram, precisamente concorréneial lios reftearam atualmente 0 tudo, um argumento a favor da livre concorréncia, sivel depois de ter gerado os monopélios, Por mais voltas que se dé aos raciocinios de Kautsky, nifo se en- Contraré neles mais do que reacionarismo ¢ reformismo burgués. Se cortigirmos.esse raciocinio, ¢ dissermos, como o faz Specta for, que o comércio das colénias inglesas com a metrépole progride, na atualidade, mais lentamente do que com outros pafses, nem isto selva Kautsky, pois a Inglaterra é batida também pelo monopélio, também pelo imperialismo, mas de outros pafses (os Estados Unidos, a Alema. tha). Sabe-se que os cartéis conduziram ao estabelecimento de direitos aduaneiros protecionistas de um tipo novo, original: protegem-se (como ¢ fez notar-Engels no tomo III de O Capital) precisamente os produtos Suscetiveis de serem exportados. B também conhecido o sistema, pro- prlo.dos cartéis ¢ do capital financeito, de exportagto a preco infimo, o ™ 0 Capital Financeiro, pag. 567, i que se tomnow impos 113 aie yh a St sith V.LLENINE dumping, como dizem os ingleses: no interior do pafs, o cartel vende os ta elevado, ¢ no exterior coloca-os fresco, mais forte, mais bem organizado do que o pe mas n&io demon: , a superioridac tra 0 protecionismo e contra a jalismo que luta contra outro, um 10s tragos € as proprie~ ir 0 marxismo pelo re- que mesmo 0 economista bur smo de uma maneira to do que ele a ordenagéo dos h no comparou um pais toma- do ao acaso, ¢ precisamente uma 0m os paises restantes, mas as exportagdes de um pais Imperialista: 1. para os paises que dependem financeiramente dele, que receberam empréstimos, e 2. para os paises financeiramente independentes. O resultado obtido & 0 que a seguir apresentamos: Exportagdes da Alemanha em milhdes de marcos Pata os pafsesfinanceiramente dependentes da Alemanha [ Palses Roménia Portugal Turguia [ “Total 14 gare yea yn rem ace OWrERIALisMo ‘Para'ospalsesfinanceiramente independentes da Alemanha a a Gri-Bretanbe 6518 3974 Fr 202 B19) Bélgiea i372 323.8 Suga 1714 Om Avstitia 21, 4S 5 Holandosss 88,8 40,7 DERE palo Lage ya 6e A 81% ] Lansburgh nfo fez a soma, ¢ por isso, coisa estranha, nfio se deu conta de que se estes mimeros provam alguma coisa é s6 contra ele, pois a exportago para os paises financeiramente dependentes cresceu, apesar de tudo, mais rapidamente, embora nfo de marieira muito cot derdvel, do que a exportagio para os paises financeiramente indeps dentes (sublinhamos 0 nosso se porque a estatistica de Lansburgh esté muito longe de ser completa), Referindo-se rolagio entre a exportago © os empréstimos, ‘Lansburgh firmado acordo do empréstimo romeno por lemies, que nos anos anteriores adiantaram iheiro por conta do mesmo, O empréstimo serviu pri igfio de mat ferrovidrio que & exportagio alema para a Roménia foi de 35 mi 0 seguinte desceu para 39,4 e, com intervalos, até 25,4 milhées em 1900. $6 nestes iltimos anos, gragas a outros dois novos emprésti- mos, foi restabelecido o nivel de 1891. A exportagio alem# para Portugal aumentou, em conseqiéncia dos empréstimos de 1888 e 1889, para 21,1 milhées de marcos (1890); i 10s seguintes, desceu para 16,2 ¢ 7,4 milhdes, ¢ sé alcangou o seu ant 1 em 1903, Sao ainda mais expressivos os dados do comércio getmano- argentino, Em conseqtiéncia dos empréstimos de 1888 1890, a expor- tagdo alemi para a Argentina atingiu em 1889 0 montante-de 60,7 mi- Ih6es de marcos. Dois anos mais tarde era de apenas 18,6 milhdes, isto & menos de um tergo, $6 em 1901 atingido e ultrapassado o nivel de 1889, 0 qlje se deve aos novos enipréstimos do Estado & municipais, & 115 ORR le Y.LLENINE, centrega de dinheiro para a construgto de fibricas de eletricidade ¢ a outras operagGes de erédito. ‘A exportago para o Chile aumentou, em conseqléncia do em- préstimo de 1889, para 45,2 milhées de marcos (1892), descendo um ano depois para 22,5 milhdes. Apés novo empréstimo, concedido por intermédio dos bancos aleméies em 1906, a exportagdo subiu para 84,7 milhdes de marcos (1907), descendo de novo para 52,4 milhbes em 1908", Lansburgh deduz destes fatos uma divertida moral filistéia: como 6 inconsistente e designal a exportagao ligada aos emp: , como & ‘mau exportar capitais para o exterior em vez de fomentar # indistria nacional de forma natural e harménica, como ficam catas, para Krupp, bes de milhGes e milhdes que acompanham a concessto dos 108 estrangeiros etc. Mas os fatos falam com clareza: 0 au- mento da exportagaio esti relacionado precisamente com as fiaudulen- tas maquinagdes do. capital financeiro, que no se preocupa com a moral burguesa e esfola o boi duas vezes: primeio o luero do emprés- timo, e depois 0 lucro desse mesmo empréstimo investido na aquisigto de artigos da Krupp ou material ferroviério do sindicato do ago ete. Repetimos que estamos longe de considerar perfeita a estatistica de Lansburgh, mas era indispensivel reproduzi-ta, porque & mais cienti- fica do que a de Kautsky e de Spectator, j4 que Lansburgh indica uma maneira acertada de abordar o problema, Para raciocinar sobre a signi- ficagi{o do capital financeiro no que se refere & exportagio etc. a te6rica do imperiatismo que Kautsky faz nfo tem nada de comum com o marxismo; apenas serve como ponto de partida para ))preconizar a pez ¢ a unidade com os oportunistas © os sociais- )) chauvinistas, porque deixa de lado ¢ oculta precisamente as contradi- 7 Bes mais profindas e fundaréntas do mmpecilismo: as contredigbes "S Die Bank, 1909, 2, pdg. 819 ¢ segs. 116 OIMPERIALISMO entre os monopélios ¢ concorréncia que existe paralelamente a cles, entre as operagdes gigantescas (¢ os Iucros gigantescos) do capital financeiro ¢ o comércio honesto no mercado livre, entre os cartéis e ‘trusts, por um lado, ¢ a indistria nfo cartelizada por outro etc. Tem absolutamente o mesmo cariiter reaciondrio a famosa teoria do ultra-imperialismo inventada por Kautsky. Comparemos os scus taciocinios sobre este tema em 1915 com os de Hobson em 1902: Kautsky: “... Ndo poderé a politica imperialista atual ser su tada por outra nova, ultra-imperi financeiros entre si estabelecesse a explorag%io comum de todo o mundo pelo capital financeiro unido intemacionalmente? Tal nova fase do grandes impérios federais, cada um deles com col6nias nf © paises dependentes, parece a muitos a evol tendéneias atuais, uma evolugio que, além disso, permit as maiores esperangas numa paz permanente sobre a base interimperialismo”, Kaiutsky qualifica de ultra-imperialisto ou superimperialisino aquilo que Hobson qualificava, treze anos antes, de interimperialismo, Se excetuarmos a formago de uma nova e sapientissima palavra medi- ante a substituiggo de um prefixo latino por outro, 0 progresso do pei- * samento cientifico em Kautsky reduz-se & pretensiio de fazer passat por marxismo aquilo que Hobson descreve, em esséncia, como manifesta- fo hipécrita dos padres ingleses. Depois da guerra anglo-boer era natu- ral que esta respeitivel casta dedicasse os seus maiores esforgos a consolar os filisteus ¢ operérios ingleses, que tinham softido um grande niiniero de baixas nas batalhas sul-africanas ¢ tiveram de pagar impos- tos elevados para garantirem maiores lucros aos financeiros ingleses. E que melhor poderia consoli-los do que a idéia de que 0 imperialismo nfo era assim tio mau, que se encontrava muito proximo do inter ow ultra-imperialismo, capaz de assegurar a paz permanente? Quaisquer gue. fossem; as boas intengBes dos padres ingleses ou do melifluo Kat ‘sentido objetivo, isto é, 0 verdadeiro sentido social da sua ‘unre s6.um: a consolago arqui-reacionéria das massas com a "Heue Zeit, 30 4 abril de 1915, pg, 144 7 na possibilidade de uma paz permanente sob 0 capitalismo, las agudas contradigdes € dos agudos problemas igit para as falsas perspectivas de um pretenso -futuro, Para além do engano das massas, a , basta comparar com clareza os fatos notérios, cutiveis, para nos conyencermos até que ponto so falsas as persp vas que Kautsky se esforga por inculcar nos operétios alemies (e nos de todos os paises). Tomemos o exemplo da india, da Indochina e da Chi- na. E sabido que cssas trés coldnias ¢ semicoldnias, com uma pc de 600 a 700 milhdes de habitantes, se encontram submetidas 4 so, por exemplo, E sera concebi- vel, perguntamos, pressupondo a manutengtio do capitalismo (e é preci- samente esta condigilo que Kautsky apresenta), que as referidas aliangas no sejam efémeras, que excluam os conflitos ¢ a luta em todas as for- mas imagindveis? Basta formular claramente a pergunta para que seja impossivel dar-the uma resposta que néfo seja negativa, pois sob o capitalismo ndo se concebe outro fundamento para a partilha das-esferas de influéncia, dos interesses, das col6ni além da forca de quem participa na divisio, a forga econémica geral, financeita, militar etc. E a forga dos que participam na divisdo nfo se modifica de forma idéntica, visto que sob o capitalismo é impossivel o desenvolvimento igual das diferentes empresas, trusts, ramos industriais e paises. Hé meio século, a Alema- ‘ha era uma absoluta insignifiedncia comparando a sua forga capitalista com a da Inglaterra de entio; 0 mesmo se pode dizer do Japto se. compararmos com a Riissia, Serd concebivel que dentro de dez.ou vinte 118 OIMPERIALISMO ‘anos permanega invaridvel a correlagio de forgas entre as poténcias i tas? B absol i amente, gerando uma sucesstio de formas de luta pacifica e nao-pacffica, sobre uma mesma base de vinculos imperialistas e de relagdes recfpro- cas entre a economia ¢ a politica mundiais, E 0 sapientissimo Kautsky, para tranqdilizar os operirios e os reconciliar com os sociais. chauvinistas que se passaram para a burguesia, separa os elos de uma ‘inica e mesma cadeia, separa a atua imperialista e mesmo ultra-ultra-imperialista) de todas as poténcias, criada para a pacificagtio da China (recordem o esmagamento da insur. Soper boxers), do conflito nao-pacffico de aman’, que prepararé para depois de amanhé outra alianga pacifica geral i - ee i¢a pacifica geral para a partilha, su- dos de paz impé ita e de guerras imperial operarios uma abstragdio morta, a fim de os reconciliar.com os ‘seus chefes mortos, © americano Hill indica no preficio & sua Histéria da Diploma cia no Desenvolvimento Internacional da Europa os seguintes periodos da histéria contempordnea da diplomacia: 1. era da revolugaio; 2, mo- vimento constitucional; 3. era do imperialismo comercial'"” dos nossos dias, Outro escritor divide a hist6ria da politica mundial da Gri- Bretanba a partir de 1870 em quatro perfodos: 1, primeiro periodo asié~ » (Juta contra 0 movimento da Ruissia na Asia Central.em diregao a ia); 2. periodo afticano (de 1885 a 1902 aproximadamente) contra a Franga pela partilha da Africa (incidente de Fachoda em 4 ponto de dar origem a guerra com a Franga); 3. segundo perfodo a tico (tratado com o Japio contra a Russia); 4, periodo europeu, dirigido Ly Ww 92 eis hie SR V.LLENINE, Imente contra a Alemanha'”*, “As escaramugas p¢ amentos de vanguarda travam-se no terreno financeiro”, escrevia set, personalidade do mundo bancétio, indicando como o iro francés preparou, com as suas operagdes na Itilia, a ianga politica desses paises, como se desenvolvia a luta entre a Ale- manha e a Inglaterra pela Pérsia, a luta entre todos os capitais europeus para ficarem com empréstimos chineses etc. Tal é a realidade viva das aliangas fficas, ligadas indissoluvelmente aos conflitos simplesmente imperialistas. ‘A atenuago que Kautsky faz das contradigbes mais profundas do imperialismo, ¢ que se transforma inevitavelmente num embelezamento do imper xa.também marcas na critica que este escritor faz a tendéncia para a dominagdo, e ni a linha, seja qual for o regime pol tal 6 0 resultado gio). Hilferding faz notar acertadamen € a intensificagio da opressto nacion recentemente descobertos — diz —, 0 capital importado intensifica as ¥es e provoca contra os intrusos uma crescente resisténcia dos ppoves, cuja conseiéncia nacional desperta; esta resisténcia pode trans- formar-se facilmente em medidas perigosas contra o capital estrangeiro. Revolucionam-se completamente as velhas relagSes s0« 6 isolamento agrério milenar das nagSes & margem da histori ‘véem arrastadas para o torvelinho capitalista. O préprio capitalismo proporeiona pouco a pouco, aos submetidos, meios e processos adequa- dos de emancipagiio. E as referidas nagdes formulam o objetivo que em ‘outros tempos foi o mais elevado entre as nagGes européias: a criagiio de um Estado nacional (nico como instrumento de liberdade econdmica ¢ cultural, Este movimento pela independéncia ameaga o capital euro- peu nas suas zonas de exploragiio mais preciosas, que promelem as * Schuilder, Op. Cit, pg, ¥78, 120 Fer oe cee ee eed © IMPERIALISMO perspectivas mais brilhantes, e o capital europeu s6 pode manter a do- minago aumentando continuamente as suas forgas ‘A isto deve-se acrescentar que, nifo s6 nos paises recentemente descobertos mas também nos velhos, 0 imperialismo conduz is anexa~ 962s, & intensificagdo da opress¥io nacional, ¢, por conseguint. fica também a resisténcia. Ao negar que o imperialism intensi reago politica, Kautsky deixa na sombra 0 que se refere & impos dade da unidade com os oportunistas na época do impetialismo, questio que adquiriu particular importincia vi opor-se as anexagdes, dé 40s seus argumeintos a forma mais inofensiva e mais aceitével para os oportunistas. Kautsky dirige-se diretamente ao leitor alemfo, e, con- tudo, oculta precisamente o mais essencial e mais atual, por exemplo que a Alsécia-Lorena é uma anexagio da Alemanha: Para apreciat esta aberragié mental de Kautsky tomemos um exemplo, Suponhamos que um japonés condena a anexagio das pelos americanos, Pode-se perguntar: settio muitos os que atribuem isto & iré. que a luta do japonés contra as anexagoés 36 pode ser sincera, ¢ politicamente honesta, no caso de, se erguer tam- bém contra a anexagio da Coréia pelo Japéio, de reivindicar a liberdade da Coréia de se separar do Japtio? Tanto a andlise tedrica como a critica econémica e'politica que Kautsky faz: do imperialismo encontram-se totalmente impregnadas de um espirito absolutamente incompativel com o marxismo, de um espiti- to que oculta ¢ lima as contradigdes mais essenciais, impregnadas da tendéncia para manter a todo custo a unidade em desintegragio com o oportunismo no movimento operdrio europeu. "9 0 Capital Financetro, pi. 487. 121 ‘20 desejo do Japtio de anexar ele proprio as Ue n w x O LUGAR DO IMPERIALISMO NA HISTORIA Como vimos, o imperialismo é, pela sua esséncia econdmica, 0 capitalismo monopolista. Isto determina o lugar histérico do imperia- lismo, pois o monopélio, que nasce iinica e precisamente da livre con- 6a transigdo do capitalismo para uma estrutura econdmica e levada. Deve-se assinalar particularmente quatro v: do monopélio, ou manifestagdes principais do capitalis- ccaracteristicas do perfodo que nos ocupa, Primeiro: o monopélio é um produto da concentragdo-da produ- ao num grau muito elevado do seu desenvolvimento. Ei formado pelas associagBes mondpolistas dos capitalists, os cartéis, os sindicatos e os rusts, Vimos 0 seu enorme papel na vida eccnémica contemporanea, ‘No comego do século XX atingiram completo predominio nos paises avangados, ¢ se 0s primeiros passos no sentido da cartelizacio foram dados anteriormente pelos paises de tarifas alfandegérias protecionistas elevadas (a Alemanha, os Estados. Unidos), a Inglaterra, com o seu sistema de livre-cdmbio, mostrou, embora um pouco mais tarde, esse mesmo fato fundamental: 0 nascimentp do monopélio como conse- iiéncia da concentragao da produgfo. ‘Segundo: os monopélios vieram intensificar a luta pela conquista das mais importantes fontes de matérias-primas, particularmente para a indistria fundamental e mais cartelizada da sociedade capitalista: a hulheira ¢ a siderirgica, A posse monopolista das fontes mais importan- tes de matérias-primas aumentou enormemente o poderio do grande capital e intensificou as contradigdes entre a indiistria cartelizada e a no-cartelizada. ‘Tereeito: 0 monopélio surgiu dos bancos, os quais, de modestas empresas intermedisrias que etam antes, se transformaram em monopo: listas do capital financeiro. Trés ou cinco grandes bancos de cada uma das nagdes vapitalistas mais avangadas realizaram a unitio pessoal do 123 @) EN |__o a ») 7 vein uta pelas fontes de matérias-primas, pela exportagtio esferas de influéncia, isto é, as esferas de transagées I cessbes, de luctos monop , Finalmente, ps némico em geral, Quando as colnias das poténcias européias: na Africa, por exemplo, representavam a décima parte desse continente, ‘como acontecia ainda em 1876, a politica colonial podia desenvolver-se de uma forma nilo-monopolista, pela livre conquista, poderia-se dizer, de territérios. Mas quando °/ip da Africa ja estavam ocupados (por volta todas as contradigées do capitalismo. Basta indicar a carestia da vida a opressiio dos cartéis. Esta intensificagio das contradigdes & a forga motriz mais poderosa do periodo hist6rico de transigio iniciado com a vitéria definitiva do capital financeiro mu ‘Os monopélios, a oligarquia, a tendéncia para a dominagiio em ‘vez da tendéneia para a liberdade, a explorago de um niimero cada vez maior de nagdes pequenas ou fracas por um punhado de nagdes riquis- simas ou muito fortes: tudo isto originou os tragos distintivos do impe- rialismo, que obrigam a qualificd-lo de capitalismo parasitério, ou em estado de decomposigio, Cada vez se manifesta com maior relevo, come uma das tendéncias do imperialismo, a formagtio de Estados- rrentiers, de Estados usurétios, euja burguesia vive cada vez mais & cus- ta da exportagdo de capitais e do corte de cupons. Seria um erro pensar que esta tendéncia para a decomposi¢&o exclui o ripido crescimento do smo. Néo; certos ramos industriais, certos setores da burguesia, mises, manifestam, na época do imperialismo, com maior ou menor intensidade, quer uma quer outra dessas tendéncias, No seu con- 124 © IMPERIALISMO junto, 0 capitalismo cresce com uma rapidez incomparavelmente maior do que antes, mas este crescimento nfo s6 & cada vez mais desigual como a desigualdade se manifesta também, de modo particular, na de- composigo dos paises mais ricos em capital (Inglaterra), ‘No que se refere & rapidez do desenvolvimento econdmico da Alemanha, Riesser, autor de uma investigagdo sobre os grandes bancos alemies, diz: “O progresso, ntlo demasiado lento, da época precedente (1848 a 1870) est, relativamente ao répido desenvolvimento de toda a economia na Alemanha, e particularmente dos seus bancos na época atual (1870 a 1905), na mesma. proporgiio aproximadamente que as diligncias dos bons velhos tempos relativamente ao automével moder- no, o qual se desloca a tal velocidade que representa um perigo para o ‘ransounte despreocupado e para as proprias pessoas que vo no auto- Por sus vez, esse capital financeiro que cresce com uma rapi- dez to extraordinéria, precisamente porque oresceu desse modo, nfo tem qualquer inconveniente em passar a uma posse mais trang colénias, as quais devem ser conquistadas, no s6 por meios pacificos; as nagies mais ricas. B nos Estados Unidos, o desenvolvimento econd= mico tem sido, nestas tiltimas décadas, ainda mais rapido do que na ‘Alemanha, ¢ é precisamente gragas a esta citcunstincia que os tragos parasitérios do capitalismo americano contempordneo ress particular relevo. Por outro lado, a comy burguesia republicana americana e a burg monérquica japonesa 0 alema, mostra que as maiores diferengas politicas se atenuam ao méxi- mo na época do imperialismo; e nfio porque essa diferenga no seja importante em geral, mas porque em todos esses casos se trata de uma ‘burguesia com tragos definidos de parasitismo, ‘A obtengio de elevados ueros monopolistas pelos capitalistas de ‘um entre muitos ramos da indistria, de um entre muitos paises etc., oferece-lhes a possibilidade econémica de subomarem certos setores operdtios e, temporariamente, uma minoria bastante considerével destes ‘iltimos, atraindo-os para o lado da burguesia desse ramo ou dessa na- 40, contra todos os outros. O acentuado antagonismo das nagtes impe- rialistas pela partilha do mundo aprofunda essa tendéncia. Assim se cria 4 Jigagda entre o imperialismo e o oportunismo, ligagio que se manifes- tou; antés que em qualquer outro lado ¢ de uma forma mais clara, na Iiiglaterra; devido ao fato de virios dos tragos imperialistas de desen- 125 das , Itam..com., do, por exemplo, entre a. __V.LLeNINE igago entre o imperialismo © o oportunismo no movi vides Huysmans) do género do seguinte: a lismo seria uma causa perdida se o capi ‘mostrassem inelinagio para 0 oportunismo etc, Nao nos deixemos en- ganar quanto a significagio desse otimismo; é um otimismo em relagtio ‘20 oportunismo, é um otimismo que serve de capa ao oportunismo. Na realidade, a particular rapidez € o cariter singularmente repulsive do desenvolvimento do oportunismo néo Ihe garantem-de modo nenhum do mesmo modo que a rapidez de desenvolvimento maior perigo, neste sentido, sto as pessoas que niio querem compreen- der que a Inta contra o imperialismo & uma frase ova ¢ falsa se no for indissoluvelmente ligada a luta contra o oportunismo. De tudo o que dissemos sobre a esséncia econdmica do imperia- DYismo deduz-se que se deve qualificé-lo de “mais propriamente, de capitalismo agonizante. Neste mamente instrutiva a cireunstineia de os termos economistas burgueses empregam ao descrever 0 trelagamento, auséncia de isolamento presas cariter de economia privada pura, mas cada vez esfera da regulagto da economia puramente privada”, E esse mesmo Riesser, a quem pertencem estas tiltimas palavras, declara, com @ maior setiedade do mundo, que as profecias dos marxistas a respeito da socia- mente 0 trago que mais salta aos othos do processo que se esté desen- yolvendo diante de nés; mostra que o observador conta as arvores e niio ‘v6 0 bosque, que copia servilmente 0 extetior, o acidental, 0 caético; ¢ 0 observador é um homem esmagado pelos materiais em oe que nilo compreende nada do seu sentido e significago, Entre- 126 OIMPERIALISMO lagam-se acidéntalmente a posse de agdes, as relagdes entre os proprie- titios particulares. Mas o que constitui o fundo desse entrelagamento, 0 que se encontra por detras dele, sfio as relagSes sociais de produstio que rmiudam coritinuamente, Quando umia grande empresa se transforma em empresa gigante e organiza sistematicamente, apoiando-se num céleulo exato de uma grande massa de dados, o abastecimento de %/; ou */, das ‘matérias-primas necessérias a uma populaglo de varias dezenas de mi- hes; quando se organiza sistematicamente o transporte dessas maté- rias-primas para os pontos de produgio mais cémodos, que se encontram por vezes separados por centenas ¢ milhares de quilémetros; quando, a partir de um centro, se dirige a transformagio sucessiva do material, em todas as suas diversas fases, até obter as numerosas espé- cies de produtos manufaturados; quando a distribuigdo desses produtos se efetua segundo um plano ‘inico.a dezenas e centenas de milhdes de consumidores (vetida de petréleo na América e na Alemanha pelo trust do petrdleo americano), entio percebe-se com evidéncia que nos enc lizagdo de produgo, e ndo perante um simples. entrelagamento, percebe-se que as relagdes de economia e de proprie+ dade privadas constituem um invélucro que niio corresponde ao conte- ‘ido, que esse invélucro deve inevitavelmente decompor-se se-a sua supressio for adiada artficialments, que pode permanecer em estado de decomposigdo durante um perfodo relativamente longo:(nno pior’ dos: casos, se a cura do tumor oportunista se prolongar demasiado), mas + que, de qualquer modo, sera inelutavelmente suprimida. en ilze-Gaevernitz, admirador entusiasta do imperialismo ale~ lama: se, no fim de contas, a diregiio dos bancos alemfies se encontra nas miios de uma diizia de pessoas, a sua atividade 6, atualmente ‘importante para o bem piblico do que a atividade da maioria dos ros” (neste caso € mais vantajoso esquecer entrelagamento existente entre banqueiros, ministros, industriis, renters etc). Se refletirmos até (ae) © fim sobre o desenvolvimento das tendéncias que apontamos, chega- \“>/ mos a seguinte conclusio: o capital-dinheiro da nag&o esti unido nos ‘bancos; os bancos esto unidos entre si no cartel; 0 capital da nagto, gue procuia a maneira de ser aplicado, tomou a forma de titulos de ‘yalor. Enttio cumprem-se as palavras geniais-de Saint-Simon: A anar- quia atual da produgao, conseqiéncia do fato de as relagSes econdmicas mio, 127 VD “\ m VeLLENINE, se desenvolverem sem uma regulagio uniformie, deve dar lugar & orga- nizagio da produgfo. A produgio no sera dirigida por empresétios isolados, independentes uns dos outros, que ignoram as necessidades econdmicas dos homens; a produgio se encontraré nas mios de uma determinada. O comité central de administragzo, que de vista mais elevado, a regularé da-maneira mais itil para jedade, entregard os meios de produgio nas mios apropriadas ante entre a produgio e 0 consumo. Existem instituigées que ym entre os seus fins uma determinada organizago da atividade econOmica: os bancos. Estamos ainda longe do cumprimento destas palavras de Saint-Simon, mas estamos préximos de 0 conseguir: seri iferente do que Marx imaginava, mas diferente apenas diivida: excelente refutagdo de Marx, que dé um passo rocede da andlise cientifica exata de Marx para a conjectu- ra— genial, mas mesmo assim conjectura — de Saint-Simon, "Grund der Sovaltonomi pe, 6. 128

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