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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2017.0000685894

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


0001076-25.2013.8.26.0060, da Comarca de Auriflama, em que é apelante PABLO
HENRIQUE CAVALARI, são apelados MARCOS ANTONIO DE OLIVEIRA (JUSTIÇA
GRATUITA), OSVALDO SILVA JÚNIOR (JUSTIÇA GRATUITA), MARCOS
FRANCISCO DE OLIVEIRA (JUSTIÇA GRATUITA), FABIANO BONACHINI
(JUSTIÇA GRATUITA), DIEGO RAFAEL MATTARA (JUSTIÇA GRATUITA),
SAIMON ROGÉRIO DE CARVALHO GOMES (JUSTIÇA GRATUITA), PAULO
ADRIANO CREPALDI (JUSTIÇA GRATUITA), SÉRGIO ANTONIO TIM (JUSTIÇA
GRATUITA), ILDEU PEREIRA DE MIRANDA JÚNIOR (JUSTIÇA GRATUITA),
CARLOS ALBERTO PACHECO (JUSTIÇA GRATUITA) e LUIS SERGIO DETOFOLI
(JUSTIÇA GRATUITA).

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 3ª Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento ao
recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI


(Presidente sem voto), EGIDIO GIACOIA E VIVIANI NICOLAU.

São Paulo, 12 de setembro de 2017.

Alexandre Marcondes
Relator
Assinatura Eletrônica
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Apelação nº 0001076-25.2013.8.26.0060
Comarca: Auriflama
Apelante: Pablo Henrique Cavalari
Apelados: Marcos Antonio de Oliveira, Osvaldo Silva Júnior, Marcos Francisco de
Oliveira, Fabiano Bonachini, Diego Rafael Mattara, Saimon Rogério de Carvalho,
Paulo Adriano Crepaldi, Sérgio Antonio Tim, Ildeu Pereira de Miranda Junior,
Carlos Alberto Pacheco e Luis Sérgio Detófoli
Juiz: Alexandre Yuri Kiataqui

Voto nº 12.131

Responsabilidade civil. Ação de indenização por danos morais.


Publicação em rede social contendo a opinião do apelante a
respeito da Polícia Militar da cidade de Auriflama. Não citação
dos nomes dos autores. Vítimas não identificáveis. Opinião do
réu que não configura ato ilícito. Mero exercício do direito de
opinião e crítica. Ofensa à honra e à imagem dos autores não
caracterizada. Ação improcedente. Inversão do ônus da
sucumbência. Sentença reformada. Recurso provido.

A r. sentença de fls. 81/83, de relatório adotado, julgou


procedente ação de indenização por danos morais movida por Marcos Antonio de
Oliveira, Osvaldo Silva Júnior, Marcos Francisco de Oliveira, Fabiano Bonachini,
Diego Rafael Mattara, Saimon Rogério de Carvalho, Paulo Adriano Crepaldi, Sérgio
Antonio Tim, Ildeu Pereira de Miranda Junior, Carlos Alberto Pacheco e Luis Sérgio
Detófoli em face de Pablo Henrique Cavalari, tornando definitiva a tutela antecipada
concedida a fl. 58 e condenando o réu ao pagamento de indenização por danos morais
arbitrada em R$ 7.000,00 para cada um dos autores, bem como nas custas e despesas
processuais e honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação.
Recorre o réu alegando que exerceu seu direito constitucional
de liberdade de expressão e que não citou nomes e não ofendeu diretamente a honra
objetiva ou subjetiva de ninguém. Sustenta que postou em rede social tão somente sua
opinião sobre alguns integrantes da corporação da polícia militar da cidade de Auriflama,
ressaltando que “outros são dignos de estar ocupando a função que ocupam”. Por fim,
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afirma excesso no valor fixado a título de indenização, pleiteando subsidiariamente sua


redução (fls. 86/90).
Contrarrazões a fls. 93/97.
Não há oposição ao julgamento virtual (fl. 103).

É o relatório.

Prospera o inconformismo.
Narram os autores que são policiais militares na cidade de
Auriflama e que no dia 05/04/2013 o réu teria proferido ofensas contra eles por meio de
postagem em rede social. Por isso, ajuizaram a presente ação buscando serem indenizados
em 100 salários mínimos pelos danos morais sofridos.
Já o réu sustenta que somente exerceu seu direito
constitucional de liberdade de expressão e que em momento algum citou nomes ou ofendeu
diretamente a honra objetiva ou subjetiva de ninguém.
Respeitando o entendimento do i. Magistrado a quo, a
condenação do réu deve ser afastada.
Apesar de as expressões utilizadas pelo réu na rede social
Facebook “[...] fora os abusos de autoridade q rola pq o cidadão veste akela farda cinza
de merda e se axa o cara... por isso eu digo Porcos Fardados [...]” (sic fl. 51) tenham
nítido caráter ofensivo, não foram direcionadas à pessoa dos autores, mas sim à instituição
Polícia Militar da cidade de Auriflama. Se razão lhe assiste ou não, não atingiu
especificamente a qualquer um dos autores.
A crítica lá exposta foi efetuada de modo genérico e não
dirigida a um ou alguns policiais militares previamente identificados, representando o
descontentamento do réu com os serviços prestados pela corporação. Não há em qualquer
momento menção a nomes, tampouco ofensa individual a qualquer um dos autores.
Além disso, não se pode negar que no mesmo comentário
inserido na rede social, o réu faz menção de que “[...] Sei q tem policiais dignos mas a
maioria vo te conta...” (sic), ou seja, poderia perfeitamente qualquer um ou até mesmo
todos os autores estarem inseridos no grupo dos “policiais dignos”.
Desta forma, ainda que reprovável a crítica contundente e

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ofensiva do réu à instituição Polícia Militar, inexiste dano moral causado individualmente
aos autores.
Assim, provido o recurso a ação passa a ser improcedente,
arcando os autores pelas despesas e custas processuais, atualizadas desde o desembolso,
bem como honorários advocatícios ora arbitrados, com fundamento no artigo 20, § 4º do
CPC/1973 em R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais).
Do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso.

ALEXANDRE MARCONDES
Relator

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