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Play, uma preponderância do ambiente sobre os homens, com o meio criando os tipos,
até porque “não há tipos sociais fixos, e sim ambientes sociais fixos”.
A aristocracia que teria colonizado o Brasil descenderia dos ramos mais ilustres
da nobreza portuguesa. Seus hábitos, caracteristicamente urbanos, entrariam em choque
com o ambiente. Dessa forma, um segundo grupo, de origem plebéia, acabaria por
prevalecer. Isto é, o meio americano, cuja tendência seria centrífuga, absorveria o
espírito europeu, de orientação centrípeda. Conseqüentemente, por um certo período da
vida colonial, as cidades decairiam.
Ao mesmo tempo, a vida social dos colonizadores adquiriria uma fisionomia
própria, inédita. Em conformidade com o meio, ocorreria “a obra de adaptação rural, de
conformismo rural – em uma palavra, a obra de ruralização da população colonial”.
Derivaria daí a psicologia social do brasileiro, que continuaria a ser fundamentalmente
um homem do campo. No entanto, a influência do meio rural, segundo Oliveira Vianna,
varia de acordo com o predomínio da pequena ou da grande propriedade. No caso
particular do Brasil, “somos o latifúndio”. Nele, não haveria grande espaço para a
solidariedade social. Em compensação, o latifúndio, que tudo absorve, seria um mundo
em miniatura, onde prevaleceria a vida doméstica. Organizado à maneira romana, teria
o pater famílias como seu chefe supremo.
O problema principal que a aristocracia da terra teria que enfrentar seria de
conseguir braços que trabalhassem suas lavouras. Como a migração foi pequena, se teria
recorrido à escravidão. A partir daí, a estrutura da sociedade colonial se basearia na
divisão entre latifundiários e escravos. No entanto, entre os dois grupos apareceria um
terceiro, o dos homens livres pobres. Nem senhores, nem escravos, mergulhariam nas
zonas mais obscuras da sociedade colonial, vegetando como agregados-clientes dos
grandes latifundiários. Enquanto a família seria o princípio organizador dos latifúndios,
na plebe rural prevaleceria a mancebia. Resultaria também daí sua maior característica:
a instabilidade.
Quando se abre, o que Oliveira Vianna chama de IV século da história brasileira,
a aristocracia da terra se encontraria quase ausente da administração da colônia, que
seria reservada quase exclusivamente a metropolitanos. É apenas a transmigração da
família real portuguesa que mudaria esse quadro de isolamento. A nobreza nativa se
confrontaria, então, com outros dois grupos: a burguesia comercial, enriquecida pela
abertura dos portos, e os fidalgos portugueses, vindos com a família real e que exerciam
cargos burocráticos. Entre 1808 e 1822, se disputará a primazia política, a
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