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EXMO. SR. DR.

JUIZ FEDERAL DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DA


CAPITAL - RJ

Processo n.º XXXXXXXXXXXXXX

N.M.L, devidamente qualificado nos autos da ação em epigrafe que lhe move
J.B.L, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., inconformada com os termos da r.
sentença de fls. 58, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro no art.
1.009 e seguintes do CPC/2015.

Requer, que seja deferido a gratuidade de justiça nos termos


insculpido no art. 5º, LXXIV da Constituição Federal e de acordo com o artigo 4º,
parágrafo 1º, da Lei n.º 1.060/50, com redação introduzida pela Lei n.º 7.510/86, por
não possuir condições financeiras para arcar com o ônus das custas processuais e
honorários advocatícios, sem prejuízo de sustento próprio e de sua família.

Assim sendo, requer que, após cumpridas as formalidades legais, V. Exa.,


se digne de remeter os autos, com as razões de apelação anexas, ao Egrégio Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2018.

ADVOGADO

OAB-RJ XXXXX
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Processo nº: XXXXXX

APELANTE: N.M.L

APELADO: J.B.L

EMÉRITOS JULGADORES

RAZÕES DO RECORRENTE

DATA MAXIMA VENIA, merece reforma a sentença prolatada pelo d. Juízo


que julgou procedente os pedidos contidos na exordial, como veremos a seguir.

DA TEMPESTIVIDADE

O presente recurso é tempestivo, pois a sentença proferida ainda não fora


publicada, tendo a Apelante tomado ciência da mesma, bem como do referido processo
no dia 27/04/2018 (sexta-feira), tendo seu termo inicial no primeiro dia útil subsequente,
qual seja, dia 02/05/2018, (quarta-feira), cujo prazo para interposição dessa apelação se
finda no dia 22/05/2018 (segunda-feira).

Sendo assim, o presente recurso está sendo interposto tempestivamente,


restando comprovada a sua tempestividade.

1. DO BREVE RELATO DOS FATOS

O Apelado ajuizou a presente demanda em face da Apelante


objetivando a exoneração da pensão alimentícia no percentual de 20% de seus
rendimentos líquidos, tendo em vista a maioridade atingida.

Contudo, em que pese a juntada de mandado de citação positiva às fls.


49, constando que a apelante teria se apresentado em cartório em 08/03/2018, isto não
procede, sendo nítida a falsa assinatura constante na presente certidão, conforme será
demonstrado adiante.

Todavia, a r. sentença ora apelada padece de triste equívoco, triste para


o Apelante e data venia, equívoco para o juiz a quo, sendo sua reforma medida salutar de
justiça, como veremos a seguir.

2. DO RECEBIMENTO DA PRESENTE APELAÇÃO NO SEU DUPLO


EFEITO

A pretensão do ora recorrente é uma espécie de inovação elencada no


Novo Código de Processo Civil, o qual se refere ao Requerimento para concessão de
efeito suspensivo à apelação antes da distribuição deste pelo juízo de primeira instância
a este Tribunal, conforme se extrai do teor do artigo 1.012 do CPC. Vejamos:

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.


§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir
efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que:
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os
embargos do executado
§ 3º- O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses
do § 1º poderá ser formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da
apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para
seu exame prevento para julgá-la
II - relator, se já distribuída a apelação.
§ 4º- Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser
suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade
de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamenta-
ção, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
(GRIFOS NOSSOS)

O pedido em apreço se adequa perfeitamente nas pressuposições


acima, visto que demonstrados nesta peça a grande probabilidade de provimento do
recurso, bem como o grande risco de dano grave ou de difícil reparação, uma vez
que a pensão alimentícia da Apelante será suspensa até posterior provimento do
presente recurso.
Ocorre que até a distribuição para o Tribunal a Apelante se
encontra em grave risco de irreversibilidade acaso não haja apreciação urgente do
efeito suspensivo requerido.

A razão de tal perigo serão melhor aduzidas nas linhas que seguem.

3. PRELIMINARMENTE

3.1. DA NULIDADE DA CITAÇÃO

Sabemos que a citação é o ato pelo qual se convida o Réu a comparecer


em juízo e defender-se.

A citação, ou seja, é o ato pelo qual o réu, o executado ou o interessado


é convocado para integrar a relação processual, conforme descrito no art.238 do CPC.

Podemos dizer que a citação é ato processual necessário e essencial


no processo, conforme determina o art. 239 do CPC:

Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação


do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferi-
mento da petição inicial ou de improcedência liminar do pe-
dido. Assim, o réu pode alegar a falta ou a nulidade da citação
em sede de preliminar.

Assim, tal ato é de vital importância para a regularização da polaridade


processual e requisito primordial para a validade do processo.

No entanto, conforme se depreende nos presentes autos, o mandado de


citação juntado aos autos em fls. 49, JAMAIS FORA ASSINADO pela Apelante,
basta uma simples análise da assinatura constante do mandado para verificar que diferem,
em muito, das assinaturas constantes em seus documentos.

Ademais, Nobres Julgadores, a Apelante atualmente reside em Vila


Velha, Espirito Santo, estando devidamente matriculada e cursando Curso Superior
de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação na Universidade Estácio de
Sá, Campus de Vila Velha – ES. (documentos anexos)

Desta forma, se mostra ainda mais duvidoso que a Apelante tenha saído
no meio do período letivo de sua cidade para tomar ciência do processo que ora se
responde nesta Capital.

Ora, a Apelante apenas teve ciência do processo em referência através


de sua genitora, que foi alertada pelo Apelado que havia entrado com uma ação de
exoneração de alimentos e que não iria mais efetuar o pagamento da pensão alimentícia.

Frente a esse panorama, resta caracterizada a nulidade do ato citatório,


acarretando à revelia decretada em flagrante cerceamento de defesa, por ofensa aos
princípios do contraditório e do devido processo legal.

Logo, há indícios suficientes para declarar a nulidade da citação,


sob pena de causar prejuízo a apelante, que terá seu direito de defesa violado.

3.2. DOS DIREITOS INDISPONIVEIS

O tema revelia deve ser apreciado com especiais cuidados. Reza o art.
320 do CPC, em seu inciso II, que à revelia não induz a aplicação da pena de confissão
quando o litígio versar direitos indisponíveis. Na mesma linha, e em complemento, prevê
o art. 351, do mesmo Código, que não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos
relativos a direitos indisponíveis.

Ensina a melhor doutrina que indisponíveis são aqueles direitos não re-
nunciáveis ou a respeito dos quais a vontade do titular só pode se manifestar, de forma
eficaz, se satisfeitos determinados requisitos, conforme versa a jurisprudência:

O DIREITO A ALIMENTOS É INDISPONÍVEL E, POR


ISSO, NÃO OCORRE À REVELIA. (TJRS - APC
70005857537 - 8ª C.CÍV. - REL. DES. RUI PORTANOVA -
J.03.04.2003)

Para Marinoni (2015, p. 187), a contestação do pedido não é um dever,


mas um ônus do réu:

Isso quer dizer que o demandado é livre para contestar ou não


o pedido. Como interessa ao Estado, porém, que o processo
se desenvolva segundo os direitos fundamentais e processuais
que compõe o direito ao processo justo (art. 5º, LIV, da CF),
o que obviamente requer a participação do demandado a fim
de que o processo seja enriquecido pelo direito ao contraditó-
rio (arts. 5º, LV, da CF, e 7º, 9º e 10), a ausência de compare-
cimento em juízo carrega consequências desfavoráveis ao de-
mandado.

Consagrando o caráter relativo dos efeitos da revelia, o CPC/2015


trouxe, em seu artigo 345, expressamente as hipóteses em que não produzirá efeitos:

Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art.


344 se:

I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a


ação;

II – O LITIGIO VERSAR SOBRE DIREITOS INDISPONI-


VEIS

III - a petição inicial não estiver acompanhada de instru-


mento que a lei considere indispensável à prova do ato;

IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inve-


rossímeis ou estiverem em contradição com prova constante
dos autos.

Os alimentos são, indubitavelmente, irrenunciáveis e personalíssimos,


de modo que, como direitos indisponíveis, não admitem a confissão, mesmo ficta, como
a presunção de veracidade.

Conforme explicita Greco Filho (2007, p. 157), tem-se que:

Se as partes não puderem dispor dos direitos discutidos no


processo, não poderão também apresentar confissão a res-
peito dos fatos que lhes servem de fundamento, porque a con-
fissão poderia, indiretamente, importar em disponibilidade. A
admissão expressa, em juízo, de fatos relativos a direitos in-
disponíveis não vale como confissão (art. 351) [...].

Tem-se, então que, a presunção de veracidade não deve ser aplicada na


ação de alimentos, pelo simples fato de esta versar sobre direitos indisponíveis e haver
dispositivo legal expresso excepcionando, neste caso, seu cabimento: art. 320, II, do CPC.

A aplicação da confissão ficta na ação de alimentos além de violar o


disposto no art. 320, II, do CPC, desrespeita os princípios constitucionais, especial-
mente da dignidade humana e da proporcionalidade, posto que inviabiliza uma de-
cisão justa e proporcional (guiada pelo binômio necessidade/possibilidade), impondo
um encargo maior que o devido ao réu.

Pelo exposto, requer seja declarada A NULIDADE DA CITAÇÃO e,


consequentemente, redesignada a audiência de conciliação, pelos motivos acima ex-
postos, sem prejuízo da apresentação de CONTESTAÇÃO, nos moldes dos artigo 335,
caput e inciso I, ambos do novo CPC.

4. DAS RAZÕES PARA O PROVIMENTO DO RECURSO

4.1. DO MÉRITO - DA VERDADE DOS FATOS E DO DIREITO

Relata o Autor que presta alimentos a Apelante, sua filha, decorrente


de acordo celebrado nos autos da ação de alimentos n.º 396/96, o qual tramitou perante a
1ª Vara Cível da Comarca de Boa Vista/RR no percentual de 20% dos seus rendimentos
líquidos.

Sustenta que a Apelante já atingiu a maioridade, tendo completo 24


(vinte e quatro) anos e não está estudando, bem como trabalha, deixando de fazer jus ao
recebimento da pensão alimentícia.

Além disso, aduz que se encontra com a saúde fragilizada, necessitando


realizar tratamento com medicamentos.

Contudo, V.Exa., o Autor falta com a verdade nos presentes autos, se-
não vejamos.

Conforme é cediço, a simples maioridade civil do filho não é causa


para a exoneração ou diminuição dos alimentos prestados aos descendentes, conforme
preceitua a Súmula 358 do Superior Tribunal de Justiça.

A maioridade civil apenas muda o fundamento da obrigação alimen-


tar, que deixa de ser o dever de sustento e passa a ter como base a solidariedade decor-
rente do parentesco.
Atualmente a obrigação alimentar encontra sua principal pilastra nos
princípios da solidariedade familiar, da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF) e
da solidariedade social (art. 3º, I, CF). No Código Civil a obrigação alimentar decorre
dos artigos 1.694 e seguintes.

Assim, o artigo 1.695 do Código Civil estabelece que “São devidos


alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo
seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem
desfalque do necessário ao seu sustento.”

No caso em tela temos que A Apelante atualmente resta


matriculada na Universidade Estácio de Sá, conforme documentos anexos,
resultando gastos com passagens, cadernos, livros, Xerox, canetas, gastos
corriqueiros para qualquer universitário.

É ponto pacífico, no que diz respeito o Código Civil/02, os


alimentos compreendem os recursos necessários para à sobrevivência, não só à
alimentação propriamente dita, como a habitação, vestuário, tratamento médico e
dentário, assim como a instrução e educação, quando se trata de menor. Em
obediência ao § 1º, do art. 1.694, do Código Civil, “ita lex dicit”:“Os alimentos
devem ser fixados na proporção das necessidades e dos recursos da pessoa
obrigada”. (Grifos nosso).

Ademais, a Apelante atualmente reside em outro estado, longe de seus


familiares, necessitando da ajuda de seus pais para concluir sua graduação e arcar com
as despesas.

Cumpre analisar o disposto nos artigos 1.694 e 1.695 do Código


Civil no que concerne a obrigação dos alimentos:

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros


pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver
de modo compatível com a sua condição social, inclusive para
atender às necessidades de sua educação.
§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessi-
dades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência,
quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os
pleiteia.

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende


não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho,
à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode for-
necê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
(grifo nosso)

0001379-30.2012.8.19.0202 - APELAÇÃO
1ª Ementa
Des (a). REINALDO PINTO ALBERTO FILHO - Julgamento:
05/04/2013 - QUARTA CÂMARA CÍVEL AÇÃO DE EXO-
NERAÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. PEDIDO JUL-
GADO IMPROCEDENTE. I - OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
QUE DEVE PERSISTIR. ALIMENTANDA OSTENTA 24
(VINTE E QUATRO) ANOS DE IDADE, CONTINUANDO
MATRICULADA EM CURSO SUPERIOR E NECESSI-
TANDO DOS ALIMENTOS PARA CUSTEAR SUA EDU-
CAÇÃO. II - O DEVER ALIMENTAR NÃO SE LASTREIA
NA NECESSIDADE DE SUSTENTO DA PROLE, MAS SIM
NA OBRIGAÇÃO DE SOLIDARIEDADE RECÍPROCA EN-
TRE PARENTES QUE PERMEIA RELAÇÕES FAMILIA-
RES. III - O DIREITO À EXISTÊNCIA É O PRIMEIRO DEN-
TRE TODOS OS DIREITOS CONGÊNITOS. EM REGRA, O
INDIVÍDUO DEVE PROCURAR ATINGIR TAL OBJE-
TIVO COM OS RECURSOS MATERIAIS OBTIDOS
COM O PRÓPRIO ESFORÇO, COM O PRÓPRIO TRA-
BALHO, PORÉM, QUANDO O ALIMENTANDO SE
ACHA EM SITUAÇÃO DE PENÚRIA, TEM CERTA-
MENTE DIREITO DE IMPETRAR ALIMENTOS. IV -
PENSIONAMENTO ORIUNDO DO JUS SANGUINIS, RE-
GIDO PELO BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE,
DOIS ELEMENTOS QUE NECESSARIAMENTE DEVEM
COEXISTIR EM SINERGIA. OCORRENDO O ESVAZIA-
MENTO OU O INCREMENTO DE QUALQUER UM DELES
HÁ, IMPERIOSAMENTE, A MUDANÇA DO QUANTUM
ALIMENTAR. V - O CONJUNTO PROBATÓRIO QUE EVI-
DENCIA AS NECESSIDADES DA APELADA, BEM COMO
A POSSIBILIDADE DO RECORRENTE, CORROBORANDO
O ENTENDIMENTO ADOTADO. VI - APELANTE AU-
FERE RENDIMENTOS SUFICIENTES E CONFORTÁ-
VEIS PARA SUA SUBSISTÊNCIA, NÃO SENDO COMPA-
TÍVEL COM OS PRINCÍPIOS DE EQUIDADE E DA RA-
ZOABILIDADE, NEM COMO O SENSO DE JUSTIÇA, A
EXONERAÇÃO DA PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA. A
SIMPLES CONSTITUIÇÃO DE NOVO NÚCLEO FAMI-
LIAR, NÃO ENSEJA A REDUÇÃO/EXONERAÇÃO DA
OBRIGAÇÃO ALIMENTAR. DIVERSOS PRECEDENTES
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DESTE CO-
LENDO SODALÍCIO, CONFORME TRANSCRITOS NA
FUNDAMENTAÇÃO. VII - RECURSO QUE SE APRE-
SENTA MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. APLICA-
ÇÃO DO CAPUT DO ART. 557 DO C.P.C. C.C. ART. 31, IN-
CISO VIII DO REGIMENTO INTERNO DESTE E. TRIBU-
NAL. NEGADO SEGUIMENTO. (Grifo nosso)

0014842-44.2015.8.19.0037 - APELAÇÃO
1ª Ementa
Des (a). MÔNICA FELDMAN DE MATTOS - Julgamento:
24/10/2017 - VIGÉSIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL APE-
LAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE EXO-
NERAÇÃO DE ALIMENTOS. SENTENÇA DE IMPROCE-
DÊNCIA. APELO AUTORAL PRETENDENDO A EXONE-
RAÇÃO DA OBRIGAÇÃO OU A REDUÇÃO DO QUAN-
TUM FIXADO. DESCABIMENTO. ALIMENTANDA QUE,
EMBORA MAIOR E CAPAZ, COMPROVA ESTAR FRE-
QUENTANDO CURSO DE NÍVEL SUPERIOR. O FATO
DA ESTUDANTE SER BENEFICIÁRIA DE PROGRAMA DE
FINANCIAMENTO ESTUDANTIL UNIVERSITÁRIO NÃO
DENOTA A AUSÊNCIA DE DESPESAS COM A GRADUA-
ÇÃO, TAMPOUCO DE QUE NÃO MAIS NECESSITA DO
AUXÍLIO MATERIAL PATERNO. INEXISTÊNCIA DE
ELEMENTOS NOS AUTOS QUE PERMITAM CON-
CLUIR QUE A CAPACIDADE FINANCEIRA DO ALI-
MENTANTE NÃO LHE PERMITE O PAGAMENTO DA
PENSÃO NOS MOLDES FIXADOS. CORRETA A SEN-
TENÇA QUE DETERMINOU A MANUTENÇÃO DA OBRI-
GAÇÃO ALIMENTAR. PRECEDENTES. RECURSO A QUE
SE NEGA PROVIMENTO. (Grifo nosso)

0456614-64.2014.8.19.0001 - APELAÇÃO
1ª Ementa
Des (a). CRISTINA TEREZA GAULIA - Julgamento:
20/06/2017 - QUINTA CÂMARA CÍVEL

Apelação cível. Ação de exoneração de alimentos. Alimentos


devidos de forma excepcional a filhos maiores de idade por re-
lação de parentesco quando provada a necessidade. Inteligência
do art. 1.694, CC. Observação do binômio necessidade versus
possibilidade. Apelada que tem mais de 24 anos e ainda cursa
universidade. Ponderação de valores. Apelante que tem outros
três filhos, embora comprove pensionar apenas uma, ainda me-
nor de idade. Apelada que está próxima de concluir o curso
superior. Alimentos que devem perdurar por mais um ano e
meio, a partir do término do semestre em curso. Exoneração
automática ao fim deste período. Apelante que não impugnou
a alegação de cancelamento indevido do plano de saúde da ape-
lada. Reinserção da mesma que se impõe. Manutenção da su-
cumbência recíproca. Recurso ao qual se dá parcial provimento.
(Grifo nosso)

0233173-38.2014.8.19.0001 - APELAÇÃO
1ª Ementa
Des (a). CLEBER GHELFENSTEIN - Julgamento: 28/06/2017
- DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL FAMÍLIA. DE-
MANDA DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. ALEGA-
ÇÃO DE ALTERAÇÃO NA FORTUNA DA PARTE AU-
TORA E DA RÉ. IMPROCEDÊNCIA. APELO AUTORAL
INSISTINDO NA SUA TESE INICIAL. AUSÊNCIA DE AL-
TERAÇÃO DAS POSSIBILIDADES DO ALIMENTANTE
OU AUTO-SUFICIÊNCIA ECONÔMICA DA ALIMEN-
TADA. NÃO PROVIMENTO. OS ALIMENTOS SÃO FIXA-
DOS COM BASE NA PRESENÇA DE TRÊS ELEMENTOS:
POSSIBILIDADE, NECESSIDADE E PROPORCIONALI-
DADE. HAVENDO MODIFICAÇÃO NA SITUAÇÃO
ECONÔMICA DE QUEM PAGA OU DE QUEM RECEBE
ALIMENTOS É POSSÍVEL A EXONERAÇÃO, REDU-
ÇÃO OU MAJORAÇÃO DO ENCARGO. INTELIGÊNCIA
DO ART. 1.699 DO CÓDIGO CIVIL. NA ESPÉCIE, OS ELE-
MENTOS TRAZIDOS AOS AUTOS NÃO DEMONS-
TRAM A REDUÇÃO DA CAPACIDADE ECONÔMICO-
FINANCEIRA DO AUTOR PARA ARCAR COM O PEN-
SIONAMENTO JÁ FIXADO, NEM TAMPOUCO A AU-
TOSUFICIÊNCIA DA RÉ. ENTENDIMENTO DESTE E.
TRIBUNAL ACERCA DO TEMA. RECURSO MANIFESTA-
MENTE IMPROCEDENTE. NÃO PROVIMENTO AO RE-
CURSO. (Grifo nosso)

A jurisprudência pátria é uníssona em reconhecer a presunção iurir


tantum dos filhos maiores de idade continuarem a receber alimentos caso estejam
matriculados em curso superior, vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


DE ALIMENTOS. CURSO SUPERIOR CONCLUÍDO.
NECESSIDADE. REALIZAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO.
POSSIBILIDADE. 1. O advento da maioridade não extingue, de
forma automática, o direito à percepção de alimentos, mas esses
deixam de ser devidos em face do Poder Familiar e passam a
ter fundamento nas relações de parentesco, em que se exige a
prova da necessidade do alimentado. 2. É presumível, no
entanto, - presunção iuris tantum -, a necessidade dos filhos de
continuarem a receber alimentos após a maioridade, quando
frequentam curso universitário ou técnico, por força do
entendimento de que a obrigação parental de cuidar dos filhos
inclui a outorga de adequada formação profissional. 3. Porém,
o estímulo à qualificação profissional dos filhos não pode ser
imposto aos pais de forma perene, sob pena de subverter o
instituto da obrigação alimentar oriunda das relações de
parentesco, que tem por objetivo, tão só, preservar as condições
mínimas de sobrevida do alimentado. 4. Em rigor, a formação
profissional se completa com a graduação, que, de regra,
permite ao bacharel o exercício da profissão para a qual se
graduou, independentemente de posterior especialização,
podendo assim, em tese, prover o próprio sustento,
circunstância que afasta, por si só, a presunção iuris tantum de
necessidade do filho estudante. 5. Persistem, a partir de então,
as relações de parentesco, que ainda possibilitam a percepção
de alimentos, tanto de descendentes quanto de ascendentes,
porém desde que haja prova de efetiva necessidade do
alimentado. 6. Recurso especial provido. (STJ - Recurso
Especial nº 1218510/SP (2010/0184661-7), 3ª Turma do STJ,
Rel. Nancy Andrighi. J. 27.09.2011, unânime, DJe 03.10.2011).

4.2. DO BINÔMIO NECESSIDADE X POSSIBILIDADE

Com base no exposto, resta demonstrada a necessidade da Alimentada


aos alimentos no quantum ora fixado de 20%, bem como a possibilidade do Alimentante
em prestá-los, razão pela qual deve reformada a sentença para julgar improcedentes os
pedidos elencados na exordial.

Segue entendimento jurisprudencial acerca do assunto:

PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE ALIMENTOS


POSSIBILIDADE E NECESSIDADE. LIMITES DA
RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE.
INCOMPATIBILIDADE ENTRE O REDIMENTO
DECLARADO E O PADRÃO DE VIDA DO ALIMENTANTE.
IMPROVIMENTO DO RECURSO. 1 - A fixação do quantum
devido a título de alimentos deve se orientar de acordo com o
binômio possibilidade/necessidade e pelos critérios da
razoabilidade e da proporcionalidade; II - Ficando demonstrado
através de documentos que o padrão de vida ostentado pelo
alimentante não se coaduna com os rendimentos por ele
declarados, deve o juiz considerar essa circunstância na fração
da pensão alimentícia; III-Recurso ao qual se nega
provimento.(TJ-RJ - APL: 01564361420028190001 RIO DE
JANEIRO CAPITAL 7 VARA FAMILIA, Relator: ADEMIR
PAULO PIMENTEL, Data de Julgamento: 21/02/2005, DÉCIMA
TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
07/03/2005)(GRIFAMOS)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS. APLICAÇÃO


DO BINÔMIO
NECESSIDADE/POSSIBILIDADE.COMPROVAÇÃO DO
ALTO PADRÃO DE VIDA DO ALIMENTANTE.
PERCENTUAL DE 30% SOBRE OS RENDIMENTOS
LÍQUIDOS DO GENITOR. RAZOABILIDADE.
DESPROVIMENTO DO APELO.(TJ-RJ - APL:
00000780920078190207 RIO DE JANEIRO ILHA DO
GOVERNADOR REGIONAL 2 VARA DE FAMILIA, Relator:
RENATO SIMONI, Data de Julgamento: 11/12/2007, NONA
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 08/01/2008)APELAÇÃO
CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS. APLICAÇÃO DO BINÔMIO
NECESSIDADE/POSSIBILIDADE. COMPROVAÇÃO DO ALTO
PADRÃO DE VIDA DO ALIMENTANTE. PERCENTUAL DE
30% SOBRE OS RENDIMENTOS LÍQUIDOS DO GENITOR.
RAZOABILIDADE. DESPROVIMENTO DO APELO.(TJ-RJ -
APL: 00000780920078190207 RIO DE JANEIRO ILHA DO
GOVERNADOR REGIONAL 2 VARA DE FAMILIA, Relator:
RENATO SIMONI, Data de Julgamento: 11/12/2007, NONA
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 08/01/2008)

A princípio os alimentos são fixados atendendo os vetores que integram


o binômio “possibilidade e necessidade”, uma vez que a obrigação alimentar é
proporcional à capacidade econômica de quem a deve e às necessidades de quem a
reclama, conforme resta devidamente comprovado nos autos, devendo-se atenderao
disposto no art. 1694 caput e ,§ 1º, do Código Civil:

“Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros


pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver
de modo compatível com a sua condição social, inclusive para
atender às necessidades de sua educação.

§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das


necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada.” (g. n.).

Nos termos do artigo 1695 do Código Civil, abaixo transcrito a


prestação de alimentos deve ser avaliado o binômio necessidade/possibilidade:
"Art. 1695. São devidos os alimentos quando quem os pretende
não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à
própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode
fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.".

Assim, com referência a tal ponto, verifica-se a total improcedência da


ação, eis que o pensionamento devido à requerida, é um imperativo dos fatos, do direito
e da própria necessidade.

5. DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a Apelante que:

1. O recebimento do presente recurso nos seus efeitos devolutivo e sus-


pensivo, nos termos do Art. 1.012 do CPC para fins de julgar proce-
dentes os pedidos interpostos na peça;
2. Seja deferido o pedido de gratuidade de justiça, nos termos do Art. 98
do CPC/15;
3. A intimação do Recorrido para se manifestar querendo, nos termos do
§1º, art. 1.010 do CPC;
4. A total procedência do recurso para se para reformar a decisão re-
corrida e determinar a NULIDADE DA CITAÇÃO, cassando a
sentença de fls.58 prolatada;
5. Requer subsidiariamente, caso não seja entendimento dos Nobres
Julgadores, a reforma da sentença para julgar improcedentes os
pedidos constantes da exordial;
6. A condenação do Apelado ao pagamento das despesas processuais e
sucumbência.

Por fim, requer sejam prequestionados todos os dispositivos legais evoca-


dos, a fim de viabilizar eventual interposição de recurso nas esferas superiores.

Nestes Termos

Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2018.

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