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Morre Nabi Tajima, a última supercentenária nascida no século XIX

José Eustáquio Diniz Alves


Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População,
Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE;
Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

A supercentenária Nabi Tajima (04/08/1900-21/04/2018), a última pessoa nascida no século XIX


e a terceira mulher mais longeva de todos os tempos, morreu no dia de Tiradentes (21 de abril).

Ela nasceu em agosto de 1900 (o século XX começou em 01 de janeiro de 1901) e, segundo


familiares, tinha mais de 160 descendentes. Ela viveu em Kikai, um distrito da ilha de Kyushu, ao
sul do Japão. Nos últimos meses, Tajima não mais falava e passava a maior parte dos dias
dormindo. Ela se tornou a pessoa mais idosa do mundo depois da morte da jamaicana Violet
Brown, em 15 de setembro de 2017.

O número de pessoas supercentenárias (aquelas com idade de 110 anos ou mais), tem crescido,
mas somente oito pessoas na história, comprovadamente, ultrapassaram a idade de 117 anos,
segundo o prestigioso Grupo de Pesquisas de Geriatria dos EUA (GRG, na sigla em inglês).

A tabela abaixo mostra a lista das pessoas (todas mulheres) mais longevas de todos os tempos,
segundo o GRG. O recorde absoluto pertence à francesa Jeanne Calment (1875-1997) que viveu
mais de 122 anos, seguido pela norte-americana por Sarah Knauss (1880-1999) que viveu mais
de 119 anos. Portanto, Nabi Tajima tinha se tornado a terceira mulher mais longeva, depois que
ultrapassou a também norte-americana Lucy Hannah (1878-1993).

Passar dos 110 anos e virar um supercentenário é um evento raro. Passar dos 117 anos é um
privilégio raríssimo e pouquíssimas pessoas atingiram esta marca. Na verdade, ultrapassar o
limite de 115 anos é muito difícil. Segundo a lista do GRG, somente 45 pessoas,
comprovadamente, atingiram esta marca.
Na verdade, a ideia do prolongamento indefinido da vida e de uma longevidade de 150 anos, ou
superior, não passa de uma meta que está longe de ser alcançada. Artigo publicado na
prestigiosa revista científica Nature (Dong, Milholland e Vijg, 05/10/2016), mostra que os
avanços médicos têm aumentado a esperança de vida ao nascer, mas a longevidade quase
sempre esbarra no teto ao redor dos 115 anos. Segundo os autores, para superar este limite
seria preciso mudar toda a estrutura genética da espécie humana. Porém, o processo de
envelhecimento é tão complexo que não seria possível mudar substancialmente as bases
biológicas da constituição do ser humano.

De acordo com o GRG, após a morte de Nabi Tajima, as quatro pessoas mais idosas são as
japonesas Chiyo Miyako (02/05/1901) e Kane Tanaka (30/05/1902) e as italianas Giuseppina
Projetto-Frau (30/05/1902) e Maria-Giuseppa Robucci (20/03/1903). A lista de supercentenários
tem se avolumado, mas o recorde de pessoas com longevidade superior a 118 anos continua
somente com as marcas de Jeanne Calment (122 anos) e Sarah Knauss (119 anos).

Buscar o aumento da longevidade parece ser um objetivo que continuará sendo perseguido
pelos intermináveis tempos vindouros, mas, sem dúvida, o mais importante no alongamento da
sobrevida é garantir o bem-estar e o “longeviver” saudável.

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