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PADRÃO OURO HISTÓRIA 3ª Série

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O padrão-ouro foi o sistema monetário vigorante desde o século XIX até a Primeira Guerra Mundial
e, basicamente, consistia na adoção, por parte das instituições financeiras de cada país que aderisse
ao arranjo, de um preço fixo de sua moeda em relação ao ouro. Desse modo, as autoridades
deveriam exigir dos bancos e demais instituições monetárias que negociassem seus passivos
respeitando esse preço fixo em relação ao ouro, como forma de estabilizar a economia.

Em termos internacionais, o padrão-ouro significou a adoção de um regime cambial fixo por parte
de praticamente todos os grandes países comerciais de sua época. Cada país se comprometeu em
fixar o valor de sua moeda em relação a uma quantidade específica de ouro, e a realizar políticas
monetárias, de compra e venda de ouro, de modo a preservar tal paridade definida.

Operando no regime de padrão-ouro, o banco central de cada país mantém grande parte de seus
ativos de reserva internacional sob a forma de ouro. As diferenças entre as reservas de ouro sob a
propriedade de cada país refletia, portanto, as suas necessidades comerciais. Pois, nesse padrão, os
fluxos de ouro financiavam os desequilíbrios nas balanças de pagamentos de cada país. Se um país
fosse deficitário em sua balança de pagamentos, isto é, se a soma de bens e serviços importados do
exterior fosse superior à soma de bens e serviços exportados ao mesmo, o país deveria corrigir o
déficit exportando ouro. Os países superavitários, por sua vez, tornavam-se importadores de ouro.

As “regras do jogo” prevalecentes no sistema de padrão-ouro eram simples: a quantidade de


reservas de ouro do país determinava, portanto, a sua oferta monetária. Se um país fosse
superavitário em sua balança de pagamentos, deveria importar ouro dos países deficitários. Isso
elevaria sua oferta interna de moeda, levando a uma expansão da base monetária, o que provocaria
um aumento de preços que, no final das contas, tiraria competitividade de seus produtos nos
mercados internacionais, freando assim, novos superávits. Já se o país fosse deficitário na balança
comercial, exportaria ouro, sofreria contração monetária, seus preços internos baixariam e, no final
das contas, aumentaria a competitividade de seus produtos no exterior..

Em resumo, o padrão-ouro visava uma situação de equilíbrio na economia internacional de modo


que cada país mantivesse uma base monetária consistente com a paridade cambial, mantendo assim
uma balança comercial equilibrada.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a maioria dos países abandonou o padrão-ouro, principalmente
devido às expansões monetárias e fiscais realizadas por eles durante a guerra, as quais
desequilibraram enormemente o comércio internacional.

X – X – X –X -X

No período entre-guerras houve uma tentativa de retorno ao padrão ouro, mais precisamente na
segunda metade da década de 1920, embora não funcionando tão bem quanto no período que
antecedeu a Primeira Guerra Mundial. Com a perda da flexibilidade nos mercados de trabalho,
devido ao aumento da sindicalização, e também no de commodities, em função das intervenções dos
governos visando manter a competitividade de suas pautas de exportações, o padrão ouro restaurado
não conseguia absorver impactos com facilidade, sendo que o aumento das pressões sociais por
crescimento e emprego tornava nula a credibilidade do novo regime. O próprio capital financeiro,
que antes atuava como fator estabilizador, agora fugia em massa gerando fortes crises econômicas e
políticas, culminando em 1929 na Grande Depressão e no colapso definitivo do próprio padrão
ouro.

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Diferentemente de sua primeira fase, nas décadas de 20 e 30 do séc. XX os governos não hesitavam
em utilizar ativamente suas políticas monetárias com o intuito de atingir uma gama de objetivos
econômicos nacionais, tais como aumentar a produção e o nível de emprego, transformando em
“coisa obsoleta” a política do período 1870-1913 que visava defender inflexivelmente a estabilidade
das taxas de câmbio.

As novas prioridades assumidas pelos governos resultaram em perda de credibilidade de suas


políticas monetária e cambial, implicando em movimentos desestabilizadores nos fluxos de capital
internacionais que ampliavam as pressões sobre os bancos centrais. Além disso, como já dissemos,
os Estados Unidos assumiram a liderança em âmbito comercial e financeiro, mas, segundo
Eichengreen, suas relações financeiras e comerciais com o resto do mundo ainda não se ajustavam
de modo a produzir um sistema internacional harmônico, tornando a solução do problema
extremamente complexa para os planejadores de política econômica, que estavam agora diante de
um novo cenário internacional cuja reconstrução do padrão ouro como sistema monetário teria
obrigatoriamente que se acomodar às mudanças políticas e econômicas que se operavam no mundo
nos anos posteriores à I Guerra Mundial. (Eichengreen, p.130).

Carlos Alberto Rodrigues, JAN. DE 2002.

http://www.ocaixa.com.br/artigos/rodrigues2.htm

EICHENGREEN, B. A globalização do capital. Uma história do sistema monetário internacional.


Trad. Sérgio Blum. São Paulo, 34, 2000. 288p.

FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 23.ed. São Paulo, Nacional,


1989. 248p.

KRUGMAN, P.R., OBSTFELD, M. Economia Internacional. Teoria e política.


4.ed. São Paulo, Makron Books, 1999. 809p.

LOPES, J do C., ROSSETTI, J. P. Economia monetária. 7.ed. São Paulo, Atlas,


1998. 479p.

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