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vo Ensnande a eansgred «que dominagSo masculina pode eriarna vida cordiana, a Inflicidade osoffimento profundos ¢ inesgotieis. “Mari Matsuda nos disse que “nos contam a mentra de aque na guerra nfo existe doe’ ¢ que o patriarcado comma essa dor possiel. Catharine MacKinnon nos lembra de (que “hi certas coisas que sabemos na nossa vida © cujo onhecimento nds vivemos,além de qualquer tora que tenha sido teorizada’. Fazer essa teoria €0 nosso desafio. Em sua produ ja a esperanca da nosalibertags em sua producto jaz possibilidade de darmos nome toda a nosia dor ~ de fizer toda a nossa dor ir embora. Se cri mos teria feminists e movimentos feminists que fale ‘com essa dor, nfo teremosdificuldade para construir uma ta feminist de resstncia com base nas massa. No ha ‘erdbrecha entre ateorafeminista ea prtica feminist Essencialismo e experiéncia ‘As mulheres negras individuais engajadas no movimen- to feminista, exrevendo teoria feminista, persstiram em snossos esforcos para desconstruir 2 categoria “mulher” © defenderam a ideia de que o genero nd € 0 tinico determi- nnante da identidade feminina. © sucesso desse esforco pode ser avaliado nio somente pelo quanto as extudiosas femniniseas confrontaram questées de raga e racismo, mas também pelos novos extudos que examinam o entrelagae ‘mento de raga e glnero, Muitas vezes se esquece que a es- [peranca nfo era somente que as estudiosase ativstasFemi- nistas enfocassem a raca e 0 genero, mas também que 0 fizessem de maneira a néo endossar as hierarquias opresi- ‘vas convencionais. Em particular, para construcio de um ‘movimento feminista com base nas massa, considerava-se crucial que a teoria ndo fosse escrita de modo a eliminar e cexeluir ainda mais as mulheres negras eas mulheres de cor, fou, pior ainda, a nos incluir em posigbes subordinadas. Infelizmente, boa parte dos eseudos feministas frusraessas cexperangas, sobretudo porque os criticos no chegam a ‘questionar o lugar desde onde levantam sua vor, supondo, ‘como hoje é moda fazer, que nfo hd necessidade de ques- tionar se a perspectiva a partir da qual escrevem ¢ infor- 105 ve Enanando erangredir ‘mada por um pensamento racistae sexisa,especificamente rho que se refer & maneira com que as Feministas percebem as mulheres negras eas mulheres de cor. Esse problema dos estudos feministas que enfocam a raga € 0 género me chamou particularmente a atengio ‘quando li Exentially Speaking: Feminism, Nature and Dif- _firence, de Diana Fuss. Intrigada pela discussio de Fuss a respeito dos debates arusis sobre 0 essencialismo e pelo ‘modo com que ela problematiza a questio, minha curiosi- dade intelectual despertou. Em boa parte do livro ela faz uma andlisebrilhante, permitindo que as erticos conside- rem as possibilidades positivas do essencialismo e 20 mes- ‘mo tempo levantando pertinentes critcas as suas limita- es. Em meus textos sobre o assunco (“The Politi of Radical Black Subjectivity”, "Post-Modern Blackness’ em Yearning), embora no tenha enfocado tio especificamen- eo essencialismo quanto Fuss, centro-me em como as cti- ticas do estencialismo conseguiram desconstrur proveito- samente a ideia de uma identidade © uma experiéncia negras monolitcas ¢ homogéneas. Também discuto como uma critica rotalizadora de “subjesividade, esstncia, identi- dade’ pode parecer muito ameacadora para 0 grupos mar- sinalizados, para quem a nomeacio da propria identidade ‘coma parte da [uta contra a dominacio tem sido um gesto ativo de resistinca politica. Fxentally Speaking me forne- ‘ceu uma estrusura critica que aumentou minha compreen- ‘so do essencialismo, mas quando cheguei na metade do livzo de Fuss comecei a me sentir desanimada. Esse desinimo comegou quando li “Race’ under Erasu- re? Poststructuralist Afro-American Literary ‘Theory’. (ipaeincecsancsetie Exsencismo expertaca w [Nese ensaio, Fuss fiz lagas generalizagbes sobre a critica liteririaaffo-americana sem oferecer 2 menor pista sobre ‘em qual corpo de trabalho se bascia para tirar suas conchu- s6es, Seus pronunciamentos sobre a obra de crtias femi- nistas negra sio particularmente perturbadores. Fuss sma: "Com a excesio dos trabalhos recentes de Hazel Carby ¢ Hortense Spillers, as critica Feministas negras tém rehi- tado em renunciar as posigbes critica essencialstas e 2s priticas literdrias humanists.” Curiosa para saber quais cobras se encaixam nessa avaliacfo, espantei-me ao ver que Fuss 86 citava ensaios de Bachara Christian, Joyce Joyce ¢ Barbara Smith. Embora essas pessoas facam crfticaslteré- rias vilidas, € certo que no represeneam 0 conjunto da cxltica ferinista negra, paticularmente da critica lterria. Resumindo em poucos parigrafos suas perspectivas sobre a literatura ferinista negra, Fuss se concentra em Houston Baker e Henry Louis Gates, erticos licerdsios negros do sexo masculino, ciando uma porcio significativa de seus sscritos. Parece que uma hierarquia de genero racalizada se estabelece nesse capieulo, onde os escritos de homens negros sobre “raga” so considerados mais dignos de eseu- do aprofundado que a obra das crticas negras. Quando ela reeitae desvaloriza em uma frase 0 traba- tho da maioria das critcas Feministas negras, questBes pro Dlematicas se levancam. Visto que Fuss nfo quer examinar toda a amplitude do trabalho de critica feminist feito por mulheres negras,é dificil apreender os fundamentos inte- lectuais que server de base para sua critica, Seus comenté- tos sobre as crticas eministas negras parecem acréscimos a ‘uma eritica que, quando comecou, na verdade nfo inclufa v0 Enenando a ransgredir cesses ttabalhos em sua andlise. E, na medida em que ela no explicita suas raaBes, me pergunto por que precisou rmencionar a obra das crfticasfeministas negras e por que a uusou para situar a obra de Spillers ¢ Carby como oposta. 0s excrtos de outras erticas feministas negras. Escreven~ do-desde 0 ponto de vista de uma negra inglesa de ascen- déncia caribenba, Carby no é de modo algum a primeira fou 2 tinica critica feminista negea que — como Fuss dé a ‘entender — nos leva “a questionar o essencalismo da histo- riografia feminista tradicional, que postula uma nogo tuniversaizante © hegemonizante da irmandade feminina global”. Se a obra de Carby é mais convincente para Fuss cdo que outros escritos de feminisas negras que ela leu (se 4 que de fato leu um grande niimero de obras feminiscas negras; em seus comentérios e em sua bibliografia, tudo indica 0 contrétio) ela poderia ter afirmado essa aprecia- fo sem diminuir outra erfticas ferinistas negras. Esse ‘ratamento arrogante me lembra de como a incluséo pré- -forma de mulheres negras nos estudos feminists e encon- tros profissionais assume aspectos desumanizances. AS mux Theres negras so tatadas como uma caixa de bombons dada de presente as mulheres brancas para o prazer desta, {que podem decidir para si mesmas e para as outras quais ‘bombons sio mais gostsos. Paradoxalmente, embora Fuss elogie 2 obra de Carby © de Spillers, nio € 0 trabalho delas o objeto das mais exten- sas interpretagbes cxiticas nesse capitulo. Com efeito, la trata a subjetividade das mulheres negras como uma ques- tio secundéria, Esse tipo de estudo 56 & admissivel num ‘contexro académico que regularmente marginaliza as mu- ani aid Esencaamo experience ve heres negras dedicadas & critica. Sempre me espanto com a absolura auséncia de referencias aos trabalhos de mulhe- res negras nas obras crftcas contemporineas que preten- dem tratar de modo inclusivo as questSes de rasa, género, feminismo, pés-colonalismo e assim por diante. Quando ‘eve as demais eficas negra confrontamos nossa colegas arespeito dessa auséncia, elas em geral nos dizem que sim- plesmente nfo sabiam que esse material exstia ¢ estavam trabalhando com as fontes que conheciam. Lendo Eisen- sally Speaking, supus que Diana Fuss ou no conhece 0 conjunto cada ver maior de obras de crlticasfeministas nnegras ~ particularmente no campo da critica literéria—ou cexclui esas obras porque nfo as considera importantes. Ese claro que basia sua avaliacio nas obras que conhece, fandamentando sua andlise na experiéncia, No ttimo ea pleulo do lio, Fuss critica especificamente 0 uso da expe- tncia pessoal em sala de aula como base a partir da qual verdades roralizadoras sio afirmadas. Muitas limitagbes aque ela aponca poderiam ser facilmenteaplicadas 20 modo como experiéncia informa nko s6 os temas sobre os quais escrevemos, mas também o que esrevemos Sobre esses e- sas, os juaos que fazemos. ‘Mais que qualquer outo capitulo de Exentally Speaking, «se timo ensaio é especialmente pereurbedor. Também solapa a intligentediscusao anterior de Fuss sobre oessen- dialsmo. Assim como minha experiéncia dos textos efticos cscritos por pensadoras feminist negras me levaria a fazer svaliages diferentes das de Fuss certamente mais comple- 2s, assim tambémn minha rearo 20 capitulo “Essentials in the Classroom” & em cerea medida, informada por mi- 0 Ensnando a wangredr has expergncias pedagogicas diferentss. Esse capitulo ‘proporcionou um texo com o qual pude me reaciona di lericamente; serviu como catalisador para eu clarear meus pensamentos sobre o esencialismo em sala de aula, Segundo Fuss, as questbes de “essincia,identidade eex- periénci’ irrompem na sala de aula principalmente devi- do & contribuigio crftica dos grupos marginalizados. Em todo 0 capitulo, sempre que ela oferece um exemplo dos individuos que usam pontos de vist esencialistas para do- rminar a discustio, para silenciar 0s outros invocando a “autoridade da experitncia’,esesindividuos sio membros de grupos que foram ¢ ainda si0 oprimidos ¢ explorados nesta sociedade, Fuss nfo fala de como os sistemas de do- rminacdo jé operantes na academia ena sala de aula silen- iam as vozes de individuos dos grupos marginalizados € «6 Ihes do espaco quando é preciso falar com base na ex- perigncia. Néo explica que as préprias priticasdiscursivas ue permmitem a afrmacéo da “autoridade da expernc jiforam determinadas por uma politica de dominagio ra ial, sexual e de clase social. Fuss nfo afirma agressva- :mente que os grupos dominantes ~ os homens, os brancos, (0s heterossexuais — perpetuam o essencialismo. Na sua narrativa,o essencialsta é sempre um “outeo” marginaliza- do, Mas a politica da exclusi essencialista como meio de afirmacio da presenca, da identidade, & uma prticacultu- ral que nfo nasce somente dos grupos marginalizados.E, quando esses grupos de fato empregam o essencialismo ‘como meio de dominagio em contextos instinucionais, les esto, em geral,imitando os paradigmas de afirmagio dda subjetvidade que fazem parte do mecanismo de con- Essence sipartncls w role nas exruturas de domingo, E fto que muitos ala- nos brancos, homens, eroseram & minha ala de ala ma insiseecia na autoridade da experiéncia, que hes perce sentie que vale a pena ouvieradoo que cles im a dizer, ot ‘mesmo que mia ideas emia experiéncia devem se ofoco central da discussioem sla de sua. A pliea da raga edo sexo no patrarada da sopremacia banca les dé essa "au roridade” sem que cles tenhar de dar nome a0 deseo que tm dela. Hler nunca chegam na sala de aula © dizem: “Acho que sou intlecualmente superior aos meus colegas pore so homem e branco e acho que minhas experén- clas so muito mais importantes que a de qualquer outro ripe." Mas su comporramento muita vezes proclama sxe modo de pensar @respcito de idencdade, exsncia © subjetvidae. Por que o capital de Fas ignora ax mancirasocltas © costnsivas com que esiencaismo €expressado apart de posises de privilege? Porque els erica principalmence os maus wor do extencalismo centando sia alse nos ‘grupos marginalizados® liso ofa culpados pela perturba: Go da sala de aul, por roma um lugar “insure”. NEO é esse um dos mods convencionas com que o coloniza- dor fla do colonizado, 0 opresor do oprimio? Pus afr mma: ‘Os problemas requentements comesam na sala de aula quando os que ‘esti por deni! cém conato com ‘outros que ‘sto por dent, excluindo e marginalizando ‘08 que consideram ear fora do cculo migico.” Essa ob- servaggo, que certaente poderia ser aplcada a qualquer ipo, sere de preficio&andie de um coment crtico cde Edward Said que ceforg acti fusiana dos pergos ua Enanando sangre do essencialismo, Said aparece no liv como “represen tante em exerci” do Tersiro Mundo, legitimando o ar- sgumento dela, Ecoando etiticamente © que Said aficma, Fass coment “Para Said, é perigosoeertOneo basear uma politica deidentidade em torias rigidas da exclusto, ‘uma fxclusio que esipula, por exemplo, que somente a8 mu- Theres podem compreender a experiénciafeminina, somen- te 0s judeus podem compreender o soffimento judaico, Somente os ex-olonizados podem compreender a experién- a do colonialisma.” Concordo com a extca de Said, tas reitero que, embora eu também critique 0 uso do e sencalismo eda politica de identidade como estratégias de taclusio ede dominago, ico desconfiada quando alguma teoria diz que esa priviea é danosa como forma de dar & catender que & uma extraégia empregada apenas por gri- pos marginalizads. Minha desconfianga se baseia a per- Expeio de que uma critica do essencialismo que desafic Somente os grupos margializados a questionar seu ws da politica de identidade ou de um ponto de vista essencialis- ta-como meios de exercer poder coerctivo deixa inconto- ‘ersas as prticas ciicas de outros grupos que empregam 1 mesmas estratégias de diferentes maneira ¢ cujo com portamento excludente pode ser firmemente amparado porescruturas de dominecSo insitucionalizdas que nfo 0 Critica nem o restringem. Ao mesmo tempo, no quero {que as critcas politica de identidade possam se transfor thar aum méodo novo, echique, para silenciar os akunos de grupos marginais. Fw asinala que“ onic arial ene os de den ‘wo ¢ 0s de fora necessariamente contém 0 conhecimento, | | Essenciame © experince wa cm veo de disseminé-lo". Concorde, mas me perturba 0 faro de ela nunca reconhecee que o racism, o sexsmo e 0 limo de classe moldam a eserutura das salas de aula, predeterminando uma ralidadevivida de confronto entre 108 de dentro ¢ o$ de fora que muitas vees jf etd insalada antes mesmo de qualquer dscussto comegar. Os grupos smarginalizados raramente precsam incroduzir ess oposi- ‘fo bindria na sala de aula, pois em geal ela jf es em coperaci. Podem simplemente ust-laaservgo de seus in- ‘cress. Encarada de um ponto de vista avorfvel, a firma «0 de um essrcialismo excludente por parte dos alunos de grupos margnalizados pode ser uma resposaestraégi- ch dominagio e& colonizagio, uma esuatégia de sobrevi- véncia que pode, com efeio, inibir a dscussio 20 mesmo tempo em que resgaea estes alunos de um estado de nege- lo. Fuss diz que “uz parce dali nao esrita da sala de aula ‘io confiar naqueles que nfo podem citar a experiéncia como fundamento indisputavel do seu conhecimento Tal- ‘ver ess les no ecritassejam a maior ameaga&dindmiea da sala de aula, na medida em que alimentam a descon- fanga entre 08 que estio dentro do cirelo e a culpa (s vere, arava) entze os que esto foe”. Mas ela nfo discure ‘quem faz esas leis, quem determina a dindmica da sala de aula, Ser que cla afrma sua autordade de mancira a de- sencadear inadvertidamente uma din4mica de competi- «fo, dando a entender que asala de aula pertence ao profes- sor mais que aos alunos, pertence mas alguns alunos que Como professors, reconhego que os alunos de grupos sarginalizadostém aula dentro de insiuigdes onde suas, 4 Ensnando 2 wangredr ose nfo tn sido nem ouvidas nem aolids, quer ls {scum faros ~aqules que odor nds demos conhe- cat quer deta expen pessoa: Minha pag fj fol moldada como una reports acs reaidade- Se to quer queens ncn nid expen Cid como mio de afrmar sa vor, pos contorna ext porslidade levando isa de ala css peat {he firmer a pesenga dls, seu dio de ar de male {las unis sobre demos pcos. an nati ped phic se bala no premuporto de qu odor nd enon Soa dc aula um conherimento que vem da expels ¢ gi ee osnen p S mion s cia deaprendina, Se a xpetiaia or aprsent: Siem nade ul desde ono, como um moto deco thee que course de mancin no herria com ou tro modos de conhecr, ver menot a posiidade dela ter una pr slencar Quando flo sbre The Ble, Eni Monon, eo nodutio b rs en peo aor dn que coma in ang eo Biogen ae uma lmbranga racial donk desu vida, Cala poe I seu paige cn vou ala pars a dave. © tuo de ouvir colvument un aoe ourox sia aor ¢ “nical cays Ba es ap Giasem preg as vors do alunos de um grupo quale Gece Ajuda aria conical comune ‘Tine das nonas eaperitnie proporcona uma eta orto daquels experts que podem informar 0 modo Come pensmas eo qu dzmon Vile que exe exo rufa sls dala mm espago onde a experiencia ¢ UL Essence « expertaca ns (alunos parecem menos rendentes fazer do relato da cexperigncia um lugar onde competem pela vox, se que de fato essa competigio estéacontecendo, Na nossa sala de aula, os alunos em geral ndo sentem a necessidade de com- petit, pois o conceito da vor privilegiada da autoridade & desconstrufdo pela nossa pritia critica coletiva. ‘No capitulo “Essentalism in the Classroom’, Fuss cen- tra sua discusséo na localizagéo de uma yor particular de autoridade. Aqui, essa vox é dela. Quando ela levanca a 4questio de “como devemos lidas” com os alunos, 0 uso da palavra “lidar” sugere imagens de manipulagio. E seu uso de um sujeito coletvo “nds” implica a nosio de uma pri- tica pedagSgica unificada, partlhada por outros professo- res. Nas insticuigdes onde ensinei, © modelo pedagégico prevalecence é autortévio, coerctivamente hierirquico frequentemente dominador. Nele, a voz do professor é sem divida, 2 transmissora “privilegiada’ do conhecimen- to. Em geral, esses professores desvalorizam a inclusio da cexpetiéncia pessoal na sala de aula, Fuss admite desconfiar das tentativas de censurat a natragso de histérias pessoais na sala de aula com base no fato de elas nfo tetem sido “suficientemence‘worizadas”, mas indica em todo esse ca- pftulo que, lino fundo, nfo acredita que a partlha de ex pperiéncias pessoais poss contribu sgnificaivamente com as discussdes em sala de aula. Se essa parcialidade informa a pedagogia dela, nfo surpreende que a invocagio da expe- rincia seja usada agressivamente para afirmar um modo privilegiado de conhecimento, quer contra ela, quer con- ta outros alunos. Se. pedagogia do professor nfo for li- bertadora, os estudantes provavelmente competirio pela us nsrande a eransgredie valorizagSo e pela vor em sala de aula. O fato de pontos de ‘sta essencalstas serem usados competiivamente nfo sig- hifica que seja a tomada dessas posigBes que ctie a situagio de confit. ‘As expetiéncias de Fuss na sala de aula podem refletiro ‘modo pelo qual a“competigio pela voz" se torna uma par te inseparivel de sua pritica pedagégica. A maioria dos ‘comentitios ¢ observassies que ela fiz sobre o essencialis- mo na sala de aula € baseada na sua experiéncia (¢ealver na ddos seus colegas, embora isso néo seja explicitado). Com base nessa experiéncia, clase sente 8 vontade para asseverar ‘que “permanece convicta de que os apelos & ausoridade da experiéncia raramente promoyem a discusso e frequente- ‘mente provocam confisio”. Pera sublinhat ainda mas esse ponto, ela diz: “Sempre me dou conta de que a introjero de verdades expetienciais nos debates em sala de aula leva ‘t discussio para um beco sem sada." Fuss recorre & sua cexperiéncia particular para fazer genetalizages roalizado- ‘3s, Como ela, eu também jé vi de que modo os pontos de ‘vata essencialistas podem ser usados para silenciar ou afi mar autoridade sobre a oposiglo, mas, com mais frequén- Ga vejo que a experiéncia e a narracio das experiéneias pessoais podem ser incorporadas na sala de aula de manci- ia aprofundar a discusséo, E 0 que mais me anima é ‘quando a narragio de experiéncias liga as discussbes de fa- tos ou de construtos mais abstraros com a realidade con- ccreta, Minhas experincias na sala de aula talver sejam di- ferenses das de Fuss porque flo com a voz de uma “outa” instiucionalmente marginalizada, e nfo teaho aqui a pre- ‘ensio de assumir uma posigio essencialista, Ha multas Exeenciome ¢ experénca a pros eesin ag gun indian Sp unt ssn a st om ‘nunca tiveram aula com professoras Minha pe- Ghgogia informadn ore conbecitete, oi por creas qo Bs de aan pole pete cinq son nd Al iy ct gt putt fe com sn cn gts pron vane) do guts fl uns ese Gane oupe pant fn ann or tn nce pen deg Stes too: Prin alia psa porper trie veal pelitad no dec ten eset to agra ade ale ts dan re smao ene tah e sons pata nics Arg diggs podem dcmin’ a id om qu todos Se apc ase ond ma acon wee qensarepcantio ti dacan a om a im qt os ptr ens dor mii pi mn pl pn eevee Potomac palo cn tnt pp seein rst rm spe alc une, Ox rps par a Sel pce oor pe mie ov pin eee pn ete a ‘ones de deteinado alunos, ori, odos ns eos “orem smn ils pela: Spe Govt he uta cme npete de gu ve Ensnando a eangredie ahs pcan pedagégis os enti leniando, tenho de ease caibment exe procs, Embors Fs ami homens que a nario de experi nasal de sh pode ter igus impicagie onto admisio hasan parma FE claro que vetdade nfo se identifica com a experitacia, ‘mas nfo se pode negar que é exatamente a idea iecia de {que as duss so a mesma coisa que impele muitos alunos, jue de outro modo eaves nf flaram, 2 entrar energica- mente naqueles debates qu, segundo percebem, ttm rlasio ‘irea com eles. A autoridade da experitncia, em outras pax livras, nfo funciona somente pars sllencar os alunos, mas ‘também para Foralect-los. Como devemos negociar a bre- ‘chaenteafcgio conservadora da experitncia como base de oda verdade-conhecimento © 0 imeaso poder dessa ficsio para babiltareestimula a partiipaco dos alunos? “Todos os alunos, no somente os de grupos marginali- :zados, parecem mais disposts a participa energicamente dds discusses em sala quando percebem que clas ém uma relago direta com eles (se 08 alunos nfo brancos sé falam. pa sala quando se sentem ligados a0 tema pela experiénci, case comportamento nio é aberrante). Os alunos, mesmo ‘quando versados nium determinado tema, podem ser mais tendentes 2 falar com confianca quando cle se relciona di- retamente com sua experiéncia. Devers lembrar de novo ‘que existem alunos que nfo sentem a necessdade de reco~ ‘nhecer que sa partcipacio entusiistica é deflagrada pela ligacao da discussio com sua experincia pessoal. Exsencilamo experiénca ue No parigrafo introdutério de “Essentialism in the Classroom”, Fuss pergunta: “O que € exatamente a ‘expe- ritncia? Devemos acati-la nas sicuagbes pedagégicas?” [Esse modo de formular a questio dé a impressio de que os ‘comentitios sobre a experitncia necesariamente pertur- bam a aula, envolvendo 0 professor os alunos numa lua pela autoridade que pode ser mediada mediante a aquies- céncia do professor. A mesma questo, porém, pode ser formulada de um modo que nio implica uma desvalorisa- fo condescendente da experitneia, Podemos perguncat: ‘como 0s professores ¢ alunos que quiserem partilhar suas cexperigncias pessoais em sala de aula podem faxé-lo sem promover pontos de visa essencalistas excludentes? Mui- ‘as vezes, quando os professoresafirmam a importéncia da experiéncia, os alunos sentem menos necessidade de insit- tir em que ela é um modo prvilegiado de conhecimento, Henry Giroux, escrevendo sobre a pedagogia critica, diz que “a nocio de experiéncia tem de ser situada dentro de uma teoria do aprendizado”. Giroux afirma que os profes- sores universitiios tém de aprender a respeitar nZo 36.0 modo como 0s alunos se sentem a respeito das préprias experigncias, mas também a necessidade deles de falar de- Jas na sala de aula: “Nao se pode negar que os alunos tém ‘experigncias e ampouco se pode negar que essa experién-

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